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CURSO DE REDAÇÃO, ATUALIDADES E REPERTÓRIO CULTURAL (R.A.C.

)
Prof. Zé Augusto de Aguiar

Nome: _____________________________________________ Data: _____/_____/_____

Tema – Violência na sociedade e escolas


A partir das ideias emitidas nos dois textos abaixo, e utilizando também o seu próprio
repertório sociocultural e conhecimentos atuais, escreva uma dissertação sobre o seguinte
tema: “O PAPEL DA ESCOLA PARA COMBATER A VIOLÊNCIA DA SOCIEDADE.”

1
A escola é para a nova geração o tubo de ensaio das relações sociais. Cada aluno que
entra nela representa uma certa parte da sociedade, com suas crenças, raça, hábitos, gênero,
condições financeiras, opiniões, preconceitos. O encontro entre alunos, professores, pais e
funcionários da escola é o encontro dessas diferenças, nunca isentas de choque. Na escola se
reproduzem os atritos dos espaços sociais mais amplos, portanto não há como sonhar com uma
escola livre de bullying, misoginia ou racismo, pois ela é palco do que ocorre fora de seus
muros.
Mas com uma diferença fundamental. A escola tem por prerrogativa criar espaços de
reflexão sobre a realidade, mediar conflitos e questionar o que se transmite. Longe de
reproduzir o discurso social sem pensar, a comunidade de ensino se pretende um ponto de
inflexão, um espaço de questionamento.
Sendo um espaço tão especial, ele é depositário de grandes expectativas. Quem não se
emocionou ao levar o filho à escola pela primeira vez? Quem não se lembra das amizades, dos
professores, da autonomia adquirida? Ao mesmo tempo, cada vez mais crianças têm dirigido ao
ambiente escolar os gestos mais violentos... São fatos epidêmicos nos Estados Unidos que o
Brasil parece querer mimetizar por influência das redes sociais, somados ao recente incentivo
ao uso de armas para resolver conflitos em nosso país.
(...) A escola não tem como resolver uma sociedade desmantelada pelas redes sociais,
violentamente polarizada, que ruma sem pudores para a autodestruição. Seus limites são tão
claros quanto sua potência. A escola é espaço de transmissão e de escuta, de observação e de
intervenção junto ao aluno... Alunos, professores, funcionários e pais precisam se orientar pelo
bem comum, na contramão de tudo o que a sociedade tem pregado atualmente.
(...) A escola continuará sendo o lugar no qual a sociedade revela sua melhor e sua pior
faceta, não há como ser diferente. Mas ela é um dos últimos lugares que se propõem a lidar
com isso da maneira mais democrática e humana possível. Precisamos garantir que ela
continue a ter condições de fazê-lo com nosso apoio.
Agora é o momento de parar e escutar o que não foi possível escutar de outra forma.
Recuperar o que falta sempre que se passa ao ato tresloucado: o diálogo. Competência cada
vez mais rara diante do apelo às armas, o diálogo é matéria-prima que sustenta a escola.
Vera Iaconelli, psicóloga - Folha de S. Paulo (FSP) – 28.03.23
2
(...) Temos a tendência de procurar e apontar culpados quando a escola é atacada. Não
há culpados: há responsáveis. E, cada um de nós, tem a sua parcela de responsabilidade nessa
questão.
As relações dos adultos nos espaços públicos não têm sido amigáveis, não é verdade?
Parece que nossa sociedade está constituída por cidadãos com os nervos à flor da pele:
pequenas bobagens têm gerado grandes e até graves reações. Uma fechada no trânsito e uma
arma sacada: há alguma proporção nessa equação? E, claro, a escola é um espaço público em
que os mais novos ecoam as observações que fazem do mundo social, real ou virtual.
Nós, pais, continuamos compromissados com as quantidades de conteúdo escolar a ser
aprendido pelos filhos; deveríamos ter maior compromisso com a formação humanista que a
escola deve oferecer aos alunos. Ensinar virtudes, por exemplo, é missão da escola!
E tem mais: quem escuta os alunos? Quem facilita e tutela a convivência entre eles? Há
sala de alunos nas escolas? Há rodas de conversa? Há mediação de conflitos? Há incentivo para
a construção de grêmio estudantil? Os professores têm apoio para seu trabalho com os alunos?
E em família? Os mais novos são ouvidos por seus pais ou precisam ouvir mais do que
conseguem falar?
Vale lembrar sempre que serão eles que assumirão os rumos de nossa sociedade. É
deles, portanto, a chance de mudar nosso tecido social, de aumentar nosso capital social.
Temos muitas perguntas a nos fazer porque não há um ou alguns motivos que explicam
o fenômeno da violência na escola: é uma rede de motivos que se ligam de modo complexo.
(...) Insisto em um conceito: precisamos ser boa companhia aos mais novos, o que não
temos sido, de um modo geral.
Rosely Sayão – Psicóloga – Estadão – 02.04.23

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