Especialização em Normas Brasileiras de

Contabilidade e IFRS
Disciplina: Normas de Aplicação Geral
(De 22/11 a 15/12/2022)
Profª Me. Cíntia do Nascimento
IFRS 16 / CPC 06 (R2) / NBC TG 06
Agenda Aula 2
• Resgate da introdução: histórico e motivações para a
mudança
• Tratativas anteriores à IFRS 16 no Brasil
• IFRS 16 / CPC 06 (R2) / NBC TG 06
✓ Conceitos Fundamentais

✓ A perspectiva do Arrendatário: Reconhecimento e

Mensuração inicial e subsequente
✓ Exercício- Arrendatário
Histórico https://cfc.org.br/tecnica/normas-brasileiras-de-contabilidade/normas-completas/

▪ 1982: Origem - IAS 17 emitida pelo ainda IASC (hoje IASB), inspirada na SFAS 13 (norma
estadunidense) de 1976
▪ 2007: Brasil começa processo de convergência com a Lei 11.638 que alterava a Lei das
S/As 6.404/76
▪ 2008: CPC 06 correlato à IAS 17 é editado
▪ 2010: Primeira alteração no CPC 06 R1 (IAS 17)
▪ 2016: IASB emite a IFRS 16 Leases, substituindo a IAS 17, com aplicação a partir de
01/01/2019
▪ 2017: CPC 06 R2 é emitido em correlação à IFRS 16, também com aplicação a partir de
01/01/2019.
Motivações para a última alteração
Eliminar operações fora do Balanço
● Segundo a IAS 17 (CPC 06), os arrendatários necessitavam classificar o arrendamento como financeiro ou operacional.

● Se o contrato de arrendamento fosse classificado como operacional, os arrendatários não mostravam nem ativo, nem
passivo em seus balanços - apenas os pagamentos de leasing como despesa no resultado.

● Mas, alguns arrendamentos operacionais eram não-canceláveis e, portanto, representavam um passivo (e um ativo)
para os arrendatários.
● Esse passivo não aparecia aos leitores das demonstrações financeiras, uma vez que não era apresentado em lugar
nenhum.

● Notas explicativas:
Algumas informações desse tipo eram de divulgação obrigatória nas notas explicativas. Problemas:
❖ Nível de disclosure
❖ Atenção a essa informação
A IFRS 16 remove esta discrepância e coloca os contratos de arrendamento no balanço.
IFRS 16 / CPC 06 (R2) / NBC TG 06
ARRENDATÁRIO
Tratativas anteriores à IFRS 16 no Brasil
Antes da Convergência às IFRS
Arrendamentos Mercantis (Leasings)
Prevalência do Contrato
Despesas de Locação (Resultado)
Disponibilidades (Ativo) ou
Contas a Pagar (Passivo)
Arrendatário
Depois da Convergência: IAS 17
Depois da Convergência: IAS 17 Atualmente, com
Atualmente, com a
a IFRS
IFRS 16
16
Arrendamentos Mercantis (Leasings)
Arrendamentos Mercantis (Leasings) Contrato que
Contrato que transmite
transmite o o direito
direito de
de controlar
controlar o
o
Essência Econômica prevalesce ao contrato uso de ativo identificado por um período
uso de ativo identificado por um período de de
Essência Econômica prevalesce ao contrato tempo em
tempo em troca
troca de
de contraprestação
contraprestação
Leasing Operacional
Despesas de Locação (Resultado)
Disponibilidades (Ativo) ou
Contas a Pagar (Passivo)
Qual a
Leasing Financeiro Reconhecimento inicial principal
Reconhecimento inicial Direito de Uso (Ativo) mudança
Imobilizado (Ativo) aqui?
Arrendamento (Passivo)
Financiamento (Passivo)
Reconhecimento subsequente Reconhecimento subsequente
Depreciação Depreciação
Desp/Custo Depreciação (Resultado) Depreciação (Despesa)
Depreciação Acumulada (Ativo) Depreciação Acumulada (Ativo)
Juros Juros
Despesa Financeira (Resultado) Despesa Financeira (Resultado)
Financiamento (Passivo) Arrendamento (Passivo)
Pagamento da Parcela Pagamento da Parcela
Financiamento (Passivo) Arrendamento (Passivo)
Disponibilidades (Ativo) Disponibilidades (Ativo)
Arrendatário
Arrendatário
 Arrendatário
O que mudou?
“O nome do Pronunciamento Técnico CPC 06 (R2) é Arrendamentos, mas ele cuida de muito
mais do que isso. Trata-se da contabilização de determinadas operações que,
independentemente do nome e da forma jurídica, transferem o direito de uso de um ativo para
uma empresa sob determinadas condições.” (Santos, Iudícibus, Matins et al., 2022).

Abordagem do Direito de Uso: O CPC 06 (R2) abandona para o arrendatário o modelo duplo de
contabilização. Adota o modelo único, similar ao leasing financeiro.
Portanto, serão contabilizados os ativos e sua depreciação, e os passivos e sua despesa financeira
(oriunda do passivo financeiro).

Arrendador = Cedente do Direito de Uso Ativos envolvidos

Arrendatário = Adquirente do Direito de Uso

Ativo Direito de
Subjacente uso
Arrendamento = Contrato de Direito de Uso
Operações de Arrendamento
O que é um arrendamento,
segundo a norma?
É o contrato, ou parte do contrato,
Arrendador Arrendatário
que transfere o direito de usar um A entidade que fornece A entidade que obtém
ativo (ativo subjacente) por um o direito de usar o ativo o direito de usar o ativo
subjacente por um subjacente por um
período de tempo em troca de período de tempo em período de tempo em
contraprestação. troca de troca de
contraprestação. contraprestação.

Apêndice A CPC 06 R2 – Grifo meu

Operações de Arrendamento
O que é um arrendamento?
É o contrato, ou parte do
contrato, que transfere o
direito de usar um ativo
(ativo subjacente) por um
período de tempo em troca de
contraprestação.
Apêndice A CPC 06 R2 – Grifo meu
Exemplo: os caminhões da frota
Arrendador Arrendatário
Ativo de direito de uso é o ativo que representa o
direito do arrendatário de usar o ativo subjacente
durante o prazo do arrendamento.
Exemplo: Direito de usar uma frota de
caminhão por 5 anos
Ativo subjacente é o ativo que é o objeto de
arrendamento, para o qual o direito de usar esse ativo
foi fornecido pelo arrendador ao arrendatário.
Operações de Arrendamento
Ativos
Arrendamento/Contrato Subdjacente Direito de Uso

Leasing de Equipamento Equipamento Direito de usar o equipamento

Leasing de um Conjunto de
Máquinas Máquinas Direito de usar as máquinas
Locação de Imóvel O imóvel/ o prédio/ a casa,Direito de usar o imóvel
Aluguel de um galpão Galpão Direito de usar o galpão
Locação de avião Avião Direito de usar o avião
Locação de andaimes Andaimes Direito de usá-los
Locação de Bombas de comb Bombas de comb Direito de usá-las
Alcance
Isenção de reconhecimento
Aspectos de reconhecimento, mensuração e
apresentação empregados pelo Arrendatário

Arrendamento de curto prazo é o arrendamento que, na data de início, possui o prazo de arrendamento de
12 meses ou menos.
Atenção:
• O arrendamento que contém opção de compra não é arrendamento de curto prazo.
• Contratos com prazo menor, mas com alta probabilidade de prorrogação ficam de fora da isenção.
Baixo Valor: avaliação em relação ao valor do ativo subjacente e realizada em base absoluta e
considerando o valor do ativo quando este é novo.
Isso significa que a avaliação não é afetada pelo porte, natureza ou circunstâncias do arrendatário.
Exemplos: computadores pessoais, tablets, pequenos itens de mobiliário de escritório e telefones
Tal escolha deve ser feita:
Arrendamento de curto prazo (a) : por classe de ativo subjacente
Ativo adjacente de baixo valor (b) : por contrato
Identificação de arrendamento
9. Na celebração de contrato, a entidade deve avaliar se o contrato é, ou
contém, um arrendamento. O contrato é, ou contém, um arrendamento se ele
transmite o direito de controlar o uso de ativo identificado por um período de
tempo em troca de contraprestação. (grifo meu)
Identificação de
arrendamento
Fluxograma apresentado no
item B31 do CPC 06 R2
Exemplo
Sua empresa quer alugar algum espaço em um armazém para
depositar suas mercadorias por um período de 3 anos. O proprietário
do armazém oferece 2 opções para você:

A. Ocupar uma determinada área de 400 m², mas o lugar específico será
determinado pelo proprietário do armazém, com base no uso real do
local, ou seja, a depender da ocupação do momento.

B. Ocupar a unidade X de 400 m² no setor de A do mesmo armazém.

Este lugar é atribuído à empresa e sem alteração durante o período do
contrato.
Exemplo
Que tratamento contábil deve ser aplicado em cada opção?

A. não contém qualquer arrendamento (para fins contábeis),

pois nenhum ativo pode ser identificado. Os pagamentos
serão reconhecidos como despesas.

B. contém um arrendamento, porque um ativo pode ser

identificado. Portanto, serão reconhecidos um ativo e um
passivo.
Identificação de arrendamento
9. Na celebração de contrato, a entidade deve avaliar se o contrato é, ou
contém, um arrendamento. O contrato é, ou contém, um arrendamento se ele
transmite o direito de controlar o uso de ativo identificado por um período de
tempo em troca de contraprestação. (grifo meu)

10. O período de tempo pode ser descrito em termos da quantidade de uso do ativo
identificado (por exemplo, o número de unidades de produção que o item do equipamento
será utilizado para produzir).

11. A entidade deve reavaliar se o contrato é, ou contém, um arrendamento somente se os

termos e condições do contrato forem alterados.
Separação de componentes do contrato
12. (...) a entidade deve contabilizar cada componente do arrendamento dentro do contrato como
arrendamento separadamente de componentes de não arrendamento do contrato

Contratos “combinados”

Separar

Elementos do Elementos fora do escopo

arrendamento do arrendamento
CPC 06 R2 CPCs apropriados ao caso
Exemplo

Retomando o exemplo anterior

Suponha que foi escolhida opção B: locação unidade X de 400 m² no setor de A

Supondo um pagamento de $ 10.000 pelo contrato global e valores separados de $

9.000 pelo espaço alugado e $ 1.000 pelo serviço de limpeza.

A alocação se dará de que forma?

$ 9.000 pelo contrato de locação → ativo e passivo
$ 1.000 pelo serviço de limpeza → despesa
Reconhecimento inicial Arrendatário

➢ Ativo de direito de uso que representa o direito do

arrendatário de usar o ativo subjacente durante o prazo do
arrendamento

➢ Passivo de arrendamento representa a obrigação do

arrendatário de pagar as prestações ao arrendador durante
o prazo do arrendamento.
Mensuração inicial Arrendatário

➢ Ativo de direito de uso: ao custo, incluindo

➢ Passivo: valor presente dos pagamentos do arrendamento.

Cálculo: fluxos de caixa futuros e uma taxa de desconto.
Qual taxa? A taxa de juros implícita no arrendamento, caso não esteja disponível, taxa
incremental
Mensuração inicial Arrendatário

● Taxa incremental sobre empréstimo do arrendatário é a taxa de juros que o arrendatário teria que
pagar ao pedir emprestado, por prazo semelhante e com garantia semelhante, os recursos necessários
para obter o ativo com valor similar ao ativo de direito de uso em ambiente econômico similar.
Reconhecimento e Mensuração Subsequentes

Reavaliações ou modificações do arrendamento

Reconhecimento e Mensuração Subsequentes
Reconhecimento e Mensuração Subsequentes
Segue-se os requisitos de depreciação do CPC 27 – Ativo Imobilizado

Se o arrendamento transferir a propriedade do ativo subjacente ao

arrendatário ao fim do prazo do arrendamento, ou se o custo do ativo de
direito de uso refletir que o arrendatário exercerá a opção de compra, o
arrendatário deve depreciar o ativo de direito de uso desde a data de início
até o fim da vida útil do ativo subjacente.

De outro modo, o arrendatário deve depreciar o ativo de direito de uso

desde a data de início até o que ocorrer primeiro:
○ o fim da vida útil do ativo de direito de uso, ou
○ o fim do prazo de arrendamento
Deve-se aplicar o CPC 01 – Redução ao Valor Recuperável (Teste de
Impairment)
Exercício
Assuma que a empresa XPTO tenha contratado o arrendamento de uma máquina. As características do
contrato são as seguintes:
• valor da contraprestação anual, vencível no final de cada ano = $ 10.000
• prazo do arrendamento = 5 anos
• valor residual a ser pago no final do 5º ano para adquirir o ativo = $ 2.000
• taxa de juros implícita no contrato = 12% ao ano

Além disso, a empresa pretende ficar com a máquina ao final do contrato e gastou $800 para instalar o
equipamento e deixá-lo pronto para o uso.

A vida útil econômica da Máquina é de 8 anos e o valor residual é de R$1.500

a) Realize os lançamentos contábeis de reconhecimento inicial e construa o Balanço Patrimonial:

b) Realize os lançamentos contábeis ao final do primeiro ano e atualize o Balanço Patrimonial:
c) Realize os lançamentos contábeis de depreciação do primeiro ano, atualize o Balanço Patrimonial e
construa a DRE:
d) Agora, considere a situação em que a empresa XPTO não tem intenção de ficar/adquirir a máquina
ao final do contrato. Muda algo? Se sim, apresente o quê.
Obrigada e até o próximo encontro, quando iremos:

● Aspectos da Apresentação e Divulgação do Arrendamento na

perspectiva Arrendatário.
● CPC 06 (R2) na ótica do Arrendador

Até breve!
Referências
CPC 06 (R2) - Arrendamentos ou CFC. NBC TG 06 (R3) Operações de Arrendamento
Mercantil. Diário Oficial da União, 22 de dezembro de 2017.
http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTG06(R3).pdf

Santos, A. D., Iudícibus, S. D., & Matins, E. et al. (2022). Manual de Contabilidade Societária:
Aplicável a Todas as Sociedades (4th ed.). Grupo GEN.
https://grupogen.vitalsource.com/books/9786559772735