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FACULDADE DE CIÊNCIAS DE SAÚDE

CURSO DE LICENCIATURA EM NUTRIÇÃO

CONHECIMENTO, ATITUDES E PRÁTICAS SOBRE O CONSUMO DE ÁLCOOL


DURANTE A LACTAÇÃO NO CENTRO DE SAÚDE 25 DE SETEMBRO,
NAMPULA, 2022.

RITA FÉLIX CAJOMBA

NAMPULA, JANEIRO DE 2023


FACULDADE DE CIÊNCIA DE SAÚDE

CURSO DE LICENCIATURA EM NUTRIÇÃO

CONHECIMENTO, ATITUDES E PRÁTICAS SOBRE O CONSUMO DE ÁLCOOL


DURANTE A LACTAÇÃO NO CENTRO DE SAÚDE 25 DE SETEMBRO, NAMPULA,
2022.

RITA FÉLIX CAJOMBA

Trabalho de conclusão de curso apresentado na Faculdade


de Ciências de Saúde como requisito parcial para obtenção
do grau de licenciatura em nutrição

Orientadora: MSc. Cecília João Boaventura

Assinatura:______________________________

NAMPULA, JANEIRO DE 2023

ii
DECLARAÇÃO DA ORIENTADORA

Cecília João Boaventura, de nacionalidade moçambicana com o B.I. número:


030100926175N, Nutricionista e Mestre em Saúde Publica, docente na Universidade Lúrio,
Faculdade de Ciências de Saúde, vem por este meio atestar que o trabalho de culminação da
estudante Rita Félix Cajomba, com o BI número 030100596273P, com o número de estudante
20170100402, com o tema conhecimento, atitudes e práticas sobre o consumo de álcool
durante a lactação no Centro de Saúde 25 de Setembro, Nampula, 2022. Se encontra estrutural
e metodologicamente capaz para ser apresentado em provas públicas

Nampula, 18 de Janeiro de 2023

A orientadora
_____________________________________

(Cecília João Boaventura)

iii
DEDICATÓRIA
Aos meus pais Félix Cajomba e Inês Abudrasse,
aos meus filhos Chison Luís Victor Chiveve e
Bilvânia da Rita Luís, aos meus irmãos
Felisberto, Tonecas e Arteth. Dedico!

iv
AGRADECIMENTOS
O Trabalho de Conclusão de Curso representa a conquista árdua de quatro anos de
dedicação, e significa que nada foi em vão. Por isso, agradeço.

A Deus em primeiro lugar pelo dom da vida e por me acompanhar em todos


momentos da minha vida, dando-me, força e sabedoria.

Não deixo em nenhum momento de agradecer aos meus pais, Félix Cajomba e Inês
Abudrasse pelo apoio, confiança e pelo amor incondicional que depositaram em mim e por
estarem sempre presente quando precisei. Obrigado mãe e obrigado pai por acreditarem em
meu potencial, sempre me encorajando a crescer e avançar. Agradeço todo o amor e cuidado
de vocês. Sempre vos amarei, onde quer que vocês estejam!

Agradeço também aos meus irmãos filhos Chison Luís Victor Chiveve e Bilvânia da
Rita Luís Victor, pelo apoio incansável durante a minha trajectória na Faculdade e na vida
desde o primeiro dia que vieram ao mundo, me dando força e motivos de lutar.

É imprescindível também agradecer à minha orientadora MSc. Cecília Boaventura,


pelos ensinamentos e paciência que teve durante a minha vida académica e teve uma grande
importância na elaboração deste estudo.

Agradecer aos meus colegas e amigos Otília, Prisca, Faquir Muacigarro e José Opete,
que estiveram comigo e testemunharam nessa batalha académica que tive durante a vida na
faculdade.

Agradeço a todas as pessoas que de alguma forma contribuíram para que esse sonho se
concretizasse e que estiveram ao meu lado me ajudando e me dando forças.

Á Universidade Lúrio, em especial a coordenação do curso de nutrição por me


proporcionar educação gratuita e de qualidade nesses 4 anos.

Se me esqueço de citar alguém, perdão, mas lembrem que todos estão guardados no
lugar mais bonito e importante do meu coração, amo vocês.

v
RESUMO
Introdução: O consumo de álcool é uma prática generalizada na sociedade actual, sendo um
fenómeno transversal entre culturas e ao longo de toda a história. Durante a lactação, a passagem de
drogas do sangue para o leite materno ocorre através de mecanismos que envolvem membranas
biológicas formadas por fosfolipídeos e proteínas. Objectivo: Analisar o conhecimento, atitudes e
práticas sobre o consumo de álcool durante a lactação no Centro de Saúde 25 de Setembro.
Metodologia: Trata-se de um estudo observacional, descritivo, transversal e com abordagem
qualitativa. A recolha de dados ocorreu no mês de Julho de 2022, no Centro de Saúde 25 de Setembro,
cidade de Nampula. Participaram do estudo, 46 lactantes, seleccionadas a partir da amostragem não
probabilística por conveniência, por método de saturação. No tratamento de dados usou-se análise de
conteúdos, que consistiu em pré-análise, exploração do material e a inferência e interpretação.
Resultados: a maioria afirmou não ser consumidora de álcool, para algumas lactantes o consumo não
ultrapassa 2 copos de álcool por dia. A razão de consumo de álcool que mais se destaca entre as
participantes é a diversão, entretanto, as lactantes referiram que o consumo do álcool tem
consequências tanto para a mãe assim como para a criança. Estas por sua vez têm recebido
informações sobre o aleitamento e o consumo de álcool nas unidades sanitárias. Conclusão: as
lactantes confirmaram estar a consumir álcool enquanto amamentam. Muitas têm conhecimento sobre
as consequências que o consumo de álcool traz para as mães e suas crianças, durante a lactação, sendo
que muitas referiram que o álcool vicia. Estas mães por sua vez têm tido informações sobre a
amamentação de crianças com o leite materno e que consequências o consumo do álcool pode trazer
durante esta fase muito importante.

Palavras-chave: consumo de álcool, lactante, efeitos do álcool, lactente, alcoolismo.

vi
ABSTRACT
Introduction: Alcohol consumption is a widespread practice in today's society, being a cross-cutting
phenomenon between cultures and throughout history. During lactation, the passage of drugs from
blood to breast milk occurs through mechanisms involving biological membranes formed by
phospholipids and proteins. Objective: To evaluate knowledge, attitudes and practices about alcohol
consumption during lactation at the Health Center 25 September. Methodology: This is an
observational, descriptive, cross-sectional study with a qualitative approach. Data collection took
place in July 2022, at the 25 de Setembro Health Center, in the city of Nampula. The study included 46
lactating women, selected from non-probabilistic convenience sampling, using the saturation method.
Content analysis was used for data processing, which consisted of pre-analysis, material exploration
and inference and interpretation. Results: the majority claimed not to consume alcohol, for some
lactating women consumption does not exceed 2 glasses of alcohol per day. The reason for alcohol
consumption that stands out the most among the participants is fun, however, the lactating women
reported that alcohol consumption has consequences for both the mother and the child. These, in turn,
have received information about breastfeeding and alcohol consumption in health units. Conclusion:
the lactating women confirmed to be consuming alcohol while breastfeeding. Many are aware of the
consequences that alcohol consumption brings to mothers and their children during lactation, and
many reported that alcohol is addictive. These mothers, in turn, have had information about
breastfeeding their children with breast milk and what consequences alcohol consumption can have
during this very important phase.
Keywords: alcohol consumption, breastfeeding, effects of alcohol, infant, alcoholism.

vii
LISTA DE ILUSTRAÇÕES/FIGURAS
Figura 1:Fases da análise de conteúdo ........................................................................... 19

viii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ADH Álcool-Desidrogenase

BA Bebidas Alcoólicas

BS Banco de Socorro

CCD Consultas de crianças doentes

CCR Consultas de crianças em risco

CCS Consultas de Crianças Sadias

CPN Consulta Pré-Natal

CPP Consulta de Pós-Parto

E Entrevista

FPLM Forças Populares de Libertação de Moçambique

LM Leite Materno

OMS Organização Mundial da Saúde

PAV Programa alargado de vacinação

PNCT Programa Nacional de Combate a Tuberculose

REM Rapideyemovement

SAAJ Serviços Amigos de Adolescentes e Jovens

STARV Serviços de Tratamento Anti-Retroviral

TCLI Termo de Consentimento Livre e Informado

UATS Unidade de Aconselhamento e Testagem em Saúde

VET Valor Energético Total

ix
LISTA DE SÍMBOLOS
% Percentagem

g Grama

L Litros

ml Mililitro

x
Índice
DECLARAÇÃO DA ORIENTADORA ...................................................................................iii

DEDICATÓRIA ........................................................................................................................ iv

AGRADECIMENTOS ............................................................................................................... v

RESUMO .................................................................................................................................. vi

ABSTRACT ...............................................................................................................................vii

LISTA DE ILUSTRAÇÕES/FIGURAS .................................................................................viii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ............................................................................... ix

LISTA DE SÍMBOLOS ............................................................................................................. x

1.INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 1

2.OBJECTIVOS ....................................................................................................................... 14

2.1.Geral ................................................................................................................................ 14

2.2.Específicos ...................................................................................................................... 14

3.METODOLOGIA .................................................................................................................. 15

3.1.Período e local de estudo ................................................................................................ 15

3.2.Tipo de estudo ................................................................................................................. 15

3.3.Participantes .................................................................................................................... 16

3.4.Critérios de elegibilidade ................................................................................................ 16

3.4.1.Critérios de inclusão ................................................................................................. 16

3.4.2.Critérios de exclusão ................................................................................................ 16

3.5.Instrumentos de recolha de dados ................................................................................... 17

3.6.Teste piloto ..................................................................................................................... 17

3.8.Procedimentos de recolha de dados ................................................................................ 17

3.9.Aspectos éticos ............................................................................................................... 17

3.10.Tratamento dos dados ................................................................................................... 18

4.APRESENTAÇÃO, ANALISE, E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................. 21

4.1.Consumo do álcool na lactação ...................................................................................... 21

xi
4.2.Razões para o consumo o álcool na lactação .................................................................. 22

4.3.Quantidade do álcool consumido .................................................................................... 23

4.4.Vantagens do consumo de álcool .................................................................................... 24

4.5.Consequências do consumo de álcool para a lactante .................................................... 25

4.6.Consequências do consumo de álcool para o lactente .................................................... 26

4.7. Informações transmitidas para as lactantes, sobre o consumo do álcool ....................... 27

4.8.Situações em que são transmitidas as informações sobre consumo de álcool ................ 27

4.9.Sugestão sobre o consumo de álcool .............................................................................. 28

5.CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 30

6.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 31

APÊNDICES ............................................................................................................................ 36

Apêndice A: Termo de Consentimento Livre e Informado .................................................. 37

Apêndice B: Guião de entrevista .......................................................................................... 38

ANEXOS .................................................................................................................................. 40

Anexo I: Credencial .............................................................................................................. 41

xii
1.INTRODUÇÃO
A história social do álcool surge desde a fabricação da cerveja no Egipto Antigo e a
produção de vinho no Império Greco-Romano durante a Antiguidade Clássica, até o consumo.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), nas últimas décadas o etanol se
tornou a droga mais consumida no mundo1.
O consumo de álcool é uma prática generalizada na sociedade actual, sendo um
fenómeno transversal entre culturas e ao longo de toda a história2.

O estudo feito em lactantes, pela Universidade de Oxford, afirma que a nível mundial
não existem, ainda, muitos estudos sobre esta temática. Os estudos existentes revelam uma
prevalência de consumo de álcool durante o aleitamento materno que varia entre 20% e 80%3.

Em países como a Austrália, bebidas alcoólicas são aceitas como parte da cultura e,
por isso, são amplamente consumidas. As mulheres australianas habitualmente consomem
álcool, constituindo 6% de calorias da dieta básica diária; 35% consomem semanalmente,
estando a maioria delas em período de amamentação4.

Estudo realizado na França afirma que o consumo diário foi relatado por apenas 0,4%
das mulheres que amamentavam. Nesse grupo, o consumo excessivo de álcool foi estimado
em 6,8%. A ingestão moderada durante a gravidez e a amamentação foi associada com maior
nível de escolaridade3.

Já um estudo norueguês com 1.873 mulheres encontrou uso de álcool por 80% das
mulheres amamentando bebés até 6 meses de vida5.

O consumo excessivo de bebidas alcoólicas é considerado um problema mundial.


Dados mais recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que os brasileiros
consomem 18,5L de álcool puro por ano. No continente americano, o valor é menor apenas
que o do Equador (29,9L), México (27,2L) e Nicarágua (20,5L). O Relatório Global sobre
Saúde e Consumo de Álcool da OMS, de 2011, com dados referentes até o ano de 2005,
mostrou que, entre as mulheres, o consumo é de 10,6L por ano6.

Estudos realizados em alguns países africanos em 2013 chamam a atenção para a


necessidade de se dar uma maior atenção sobre a problemática do consumo de álcool nas
gestantes e lactantes. Um estudo realizado no distrito de Bosomtwe, no Gana, encontrou uma
prevalência de 20.4% de mulheres grávidas que consomem álcool7.

1
Estudos de prevalência realizados em algumas regiões da África do Sul (país com o
qual Moçambique faz fronteira), sinalizadas como sendo de alto risco, evidenciam que
algumas delas têm as taxas mais elevadas de SAF (Síndroma Alcoólico Fetal) do mundo. Na
Província de Cabo Ocidental foi encontrada uma prevalência de 39.2 a 46.4 em 1000
nascimentos, 18 a 141 vezes acima dos valores encontrados nos Estados Unidos e em algumas
áreas do país com uma prevalência de 119/1000 nascimentos8,9.

O tipo de bebida alcoólica consumida varia também de país para país. Mundialmente o
primeiro lugar é ocupado pelas bebidas espirituosas com 55,1%, em segundo lugar surge a
cerveja com 34,8%, em terceiro lugar o vinho com 8,0% e por último outras bebidas com
7,1%2.

As bebidas alcoólicas são fonte de prazer em muitas sociedades, mas o impacto do uso
e abuso do álcool é uma importante preocupação na saúde pública1,2.

O álcool ocupa o primeiro lugar mundial em consumo dentre substâncias psicoactivas.


Nesse contexto, pode entender tal conotação por ser legalizada e acatada pela sociedade, além
de ser incentivada através de propaganda, o que pode ocasionar em um consumo abusivo e
desencadear problematizações biológicos e sociais10.

A disponibilidade mundial de etanol per capita (indivíduos com 15 ou mais anos) era
de 6,4 litros de etanol puro por ano, sendo na Região Africana de 6,3 litros). É de notar que,
apesar das bebidas tradicionais assumirem maior relevância nos países africanos (cerca de ⅓
do consumo, como o vinho da palma e a cacharamba em São Tomé e Príncipe (STP), estas
não são contabilizadas no cálculo do consumo de etanol11.

Dentre vários posicionamentos que explicam o consumo de bebidas alcoólicas


destacam-se dois importantes pertencentes a Organização Mundial da Saúde (OMS). O
primeiro defende que existe uma forma de consumo de bebidas alcoólicas que é normal e o
segundo posicionamento é oposto a este por defender a existência de uma forma de consumo
que é excessiva ou exagerada12.

Segundo um comunicado de imprensa da OMS no ano de 2011, em Moçambique o


consumo excessivo de álcool é um padrão de consumo de bebidas alcoólicas que excede três
bebidas numa ocasião, ou cinco bebidas por dia em pelo menos uma vez por semana11.

O consumo de baixo risco ou normal é definido como o consumo de não mais de um


copo de bebida durante cinco dias por semana. Na visão determinista, o consumo excessivo

2
de bebidas alcoólicas é definido como sendo a ingestão de mais de 30 gramas/dia, e a ingestão
além desta quantidade tem consequências negativas para a saúde e qualidade de vida dos
indivíduos, por que do álcool resultam vários problemas sociais12.

Portanto, o consumo exagerado de álcool é atribuído ao indivíduo que apresentar no


sangue uma taxa de álcool igual ou superior a 0,5g/l. A avaliação do álcool no organismo do
indivíduo é feito mediante o uso de etilômetro que é um instrumento usado para medir a
quantidade do álcool presente no sangue12.

Há que referir que, o álcool danifica alguns órgãos vitais do corpo humano alterando
funções. É uma substância que pode causar agravos, estes podem se desenvolver de três
formas diferentes10:

 Toxicidade indirecta e directa sobre diversos sistemas do ser humano;


 Intoxicação aguda; e
 Dependência.

Estes danos podem ser agudos ou crónicos e estão na dependência do padrão de


consumo de cada pessoa, que se caracteriza não somente pela frequência e pela quantidade
por episódio, mas também o período entre um episódio e outro do consumo10.

O processo de desintoxicação e eliminação do álcool ocorre significativamente no


fígado, por meio de diversas alterações metabólicas as quais envolvem reacções oxidativas.
Em condições fisiológicas, a primeira reacção é catalisada pela acção da enzima álcool
desidrogenase (ADH), localizada no citosol do hepatócito. A enzima ADH e a sua coenzima
nicotinamida adenina dinucleotídeo (NAD) realizam uma reacção de oxidação da molécula de
Etanol em Acetaldeído e, consequentemente, a redução de NAD em NADH12.

A utilização do NAD como cofactor dessas reacções se mostra um factor limitante que
acarreta em alterações metabólicas na presença de etanol, uma vez que o NAD é uma
molécula necessária no metabolismo de diversos outros nutrientes – como aminoácidos,
carboidratos e lipídios – e sua restauração pelo fígado é limitada13,14,15.

Os principais mecanismos de dano hepático secundários ao consumo de etanol são:


alterações de Membrana, aumento da relação NADH/NAD, formação de Aldeído Acético,
proliferação microssomal no hepatócito, estresse Oxidativo, retenção de proteínas e água no
hepatócito, estado hipermetabólico, aumento da deposição de Gorduras, alterações

3
imunológicas, formação de fibrose, efeitos das citocinas, desnutrição, e poptose de
hepatócitos e células mononucleares do sangue 13.

Nesse contexto, temos as principais hepatopatias relacionadas ao etanol, que são:

 Álcool e Hepatites B e C

Não há estudos que comprovem a relação directa entre o consumo de etanol e a


activação do vírus B. Entretanto, estabeleceu-se uma relação entre prognósticos piores de
Hepatite B em pacientes etilistas, muito correlacionados aos danos prévios sobre os quais o
tecido hepático foi submetido14.

Estudos demonstram um aumento dos casos de Hepatites B e C em dependentes de


álcool e de outras drogas, sendo mais um alerta para a seriedade do problema, pois, além de
um pior quadro de prognósticos de hepatites nesses pacientes, as hepatites B e C têm
prevalência cada vez maior entre eles15.

 Esteatose

É caracterizada pela deposição da gordura de maneira excessiva nas células hepáticas.


Apresenta origem multifatorial, tendo como uma das formas mais comuns a esteatose
induzida pelo consumo de etanol. Foi encontrada uma alta prevalência de esteatose hepática
em obesos, e alguns pacientes, ainda, apresentavam alcoolismo e obesidade visceral
associados à esteatose. A esteatose é capaz de evoluir para um quadro de Hepatite Alcoólica
ou de Cirrose16.

 Hepatite Alcoólica

Trata-se de uma complicação do alcoolismo cuja prevalência ainda não é bem


delimitada. Pode ser diagnosticada por meio de análise histológica, em que os factores
essenciais são a degeneração e a necrose dos hepatócitos, a presença de infiltrado
inflamatório (predominantemente de neutrófilos) e a identificação de fibrose peri celular e
peri venular. Ademais, é uma das principais causas de morte prematura por consumo de
álcool no Brasil17.

 Cirrose Hepática

É caracterizada pela presença de nódulos no tecido hepático, que variam de micro até
macro nódulos (dependendo do período de ingestão de etanol). A formação desses nódulos é
secundária à inibição da regeneração hepática pelo álcool15.

4
Além disso, deve-se ressaltar que os pacientes cirróticos apresentam maiores riscos
para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, como a aterosclerose18.

Findando a gravidez, inicia-se uma nova fase em que a mulher poderá estar a
amamentar o seu filho. E nesta fase, as recomendações para o consumo de álcool, já não são
tão claras como durante a gravidez17.

Pelo contrário, durante a amamentação, em vários países havia a crença de que o


álcool era benéfico, sendo as mulheres encorajadas a beber álcool com o intuito de relaxarem,
de aumentarem a lactação, e de melhorarem o sono da criança19.

Esta crença levou a que surgissem bebidas alcoólicas, apenas indicadas para mães que
amamentassem, como a cerveja Malt-Nutrine, que surgiu em 1895 e apenas era vendida em
drogarias17.

A escassez de estudos existentes sobre o consumo de álcool durante a amamentação,


tem vindo a ser mencionada ao longo do trabalho. Por comparação, dentro da mesma área de
investigação, o consumo de álcool durante a gravidez, possui extensa literatura. Como tal, os
estudos que investigaram a ingestão de bebidas alcoólicas durante o aleitamento materno,
exploraram as mesmas características que surgiram associadas ao consumo de álcool na
gravidez. Estes factores, que surgiram associados ao consumo de álcool, são então: mulheres
mais velhas, casadas, com filhos anteriores, com elevada escolaridade, com um rendimento
económico superior, com consumos de tabaco ou substâncias ilícitas concomitantemente, com
consumo de álcool prévio durante a gestação 20,21.

As mulheres são metabolicamente intoleráveis ao álcool devido ao menor peso e a


menor quantidade de água corporal em detrimento da quantidade de gordura associada a
menor quantidade de enzima metabolizadoras de álcool. Isso faz com que a intoxicação por
álcool seja maior em mulheres10.

A visão da sociedade frente ao consumo de álcool por mulheres é bastante agressiva, a


mulher é considerada mais imoral e com comportamento inadequado comparativamente ao
homem que também ingere bebidas alcoólicas11.

Um fato que tem merecido atenção é a alta incidência do consumo de álcool entre
mulheres, principalmente em países em ascensão económica, em que o sexo feminino está
conquistando sua independência financeira12.

5
A maternidade envolve inúmeras alterações na vida de uma mulher, sendo uma das
mais significativas a amamentação. Na perspectiva da OMS, o leite materno é o alimento
ideal para recém-nascidos e crianças, devendo estas ser alimentadas pelo leite materno em
exclusividade até aos seis meses. Este é um processo que nem sempre é fácil para a mãe, no
entanto, são inúmeros os benefícios quer para a criança, quer para a própria mulher22.

A amamentação está associada a diversos benefícios para a mãe e para a criança,


principalmente quando praticada de forma exclusiva até o sexto mês e continuada até o
segundo ano de vida da criança. Porém, algumas práticas vivenciadas pela nutriz podem
dificultar a amamentação e limitar o tempo de aleitamento materno; dentre elas, está a
utilização de drogas como o álcool 21,22.

Por todas as vantagens já mencionadas, tem sido feito um esforço por várias
instituições, no âmbito da saúde a nível mundial e nacional, no sentido de se incentivar a
amamentação20.

Parentes, amigos e até profissionais de saúde recomendam que nutrizes façam uso de
bebida alcoólica com intuito de promover relaxamento, aumentar a produção e até a qualidade
do leite20,21.

Contudo, existem evidências científicas mostrando efeitos danosos do álcool sobre a


produção láctea e sobre o lactente20.

No entanto, não basta só incentivar o aleitamento materno, também é necessário


educar as mães para a forma correta de o fazer, assim como ensinar de que forma é que
determinadas substâncias podem surgir na sua composição, como neste caso o álcool21.

Ao nível da saúde da criança, o aleitamento materno confere imunidade contra várias


infecções durante a infância (gastrointestinais, respiratórias e urinárias), protegendo também
contra o desenvolvimento de algumas alergias, como as específicas das proteínas do leite de
vaca22,23. Para além dos benefícios a curto prazo, tem sido muito investigados os seus efeitos a
longo prazo, nomeadamente a influência protectora no desenvolvimento de doenças como a
diabetes tipo 2, a hipertensão arterial, a dislipidemia e a obesidade24.

Outro dos efeitos muito estudado é a relação entre a amamentação e a inteligência,


começando a surgir evidência científica que relaciona o aleitamento materno com um melhor
desempenho em testes de inteligência na infância e adolescência22,23.

6
Estudos comprovam o efeito protector do aleitamento materno frente a doenças, tais
como anemia ferropriva, sarampo, diarreia, enterocolitenecrotizante, doença celíaca, doença
de Crohn, colite ulcerativa, alergias e infecções respiratórias agudas, parasitoses, otite,
meningite, alergias, diabetes mellitus, infecções do trato urinário, displasia broncopulmonar,
linfomas, leucemias, retinopatia e falência respiratória, entre outras, principalmente em
crianças que apresentam sintomas de desnutrição e menores de um ano de idade. Verifica-se
ainda, melhor24:

 Padrão cardiorrespiratório durante a alimentação;


 Acuidade visual;
 Desenvolvimento neuromotor e cognitivo;
 Resposta às imunizações; e
 Não instalação de hábitos bucais viciosos.

Assim, para ser transferido para o leite, o álcool precisa alcançar o tecido alveolar da
glândula mamária. O factor determinante da quantidade de álcool que aparece no leite é sua
concentração no sangue materno. Durante a lactação, a passagem de drogas do sangue para o
leite materno (LM) ocorre através de mecanismos que envolvem membranas biológicas
formadas por fosfolipídeos e proteínas22.

O baixo peso molecular do álcool permite que ele atinja facilmente o leite materno,
atravessando o capilar endotelial materno e a célula alveolar por difusão passiva. Assim, a
composição da membrana exerce influência na velocidade da passagem e na concentração do
álcool no leite humano24.

A mãe também é beneficiada pela amamentação. A ciência tem demonstrado que a


chance de desenvolver câncer de mama é menor entre as mulheres que têm mais filhos e
amamentam por mais tempo23.

Além disso, a amamentação é um excelente aliado da mãe na recuperação do seu peso


normal, pois produzir leite demanda muita energia. É ainda importante lembrar que, sobretudo
nas camadas populacionais de baixa renda com condições sociais e higiénicas deficientes, o
leite humano, além de sua acção fundamental de transferir os anticorpos e células
imunocompetentes, também actua diminuindo o risco de contaminação que existe com a
mamadeira, através de água contaminada, limpeza inadequada de bicos, falta de geleira e
aproveitamento de restos de mamadas anteriores25.

7
Assim, deve-se atentar para a practicidade que a amamentação oferece: o leite está
sempre ali, na temperatura correta, esterilizado para o bebé, além de ser gratuito. É uma fonte
natural e renovável de alimentação, não há desperdício, não polui o meio ambiente e não
devasta a natureza26,27.

Pois, quando as mulheres que estão amamentando consomem álcool, de forma geral,
cerca de 2% deste é transferido para o sangue e LM. Apesar de não ser estocado nas glândulas
mamárias, o nível de álcool encontrado no leite é proporcional ao encontrado no sangue da
mãe e, desta forma, o leite apresentará quantidades consideráveis de álcool enquanto os níveis
no sangue forem mensuráveis. Uma vez que é uma substância de rápida absorção, o álcool
passa rapidamente do plasma para o LM25.

O pico da quantidade de álcool presente no sangue coincide com o do LM, sendo


menor neste, e gira em torno de 30 minutos a 1 hora após o seu consumo, podendo ser
retardado até 90 minutos quando ingerido com alimentos, com uma diferença individual
considerável entre as mulheres24.

O cérebro de um recém-nascido apresenta um desenvolvimento muito rápido, talvez


por isso seja extremamente sensível ao álcool, mesmo em quantidades muito pequenas22.

No entanto, a proporção de uma determinada dose de álcool que chega à criança


durante a amamentação, é muito inferior à proporção que atinge o feto no final da gestação24.

Este facto sucede porque durante a gestação ocorre uma difusão passiva do álcool
entre o sangue materno e o sangue fetal, enquanto na amamentação o álcool difunde-se
passivamente para o leite materno, chegando assim em menor proporção à criança. A difusão
do álcool para o leite materno ocorre cerca de 30 a 60 minutos após a ingestão28.

Salienta-se, ainda, que os recéns nascidos metabolizam mais lentamente o álcool,


estimando-se que será cerca de metade da taxa de metabolização de um adulto, logo o álcool
permanece mais tempo no seu organismo25.

Entretanto, pode-se citar alguns exemplos, como: sonolência, perspiração, atraso no


crescimento, diaforese, ganho de peso anormal (devido ao sabor mais adocicado que o leite
adquire e a maior quantidade de sugadas totais, que estão directamente relacionadas ao
número de doses consumidas)25.

8
Todavia, não foi demonstrada correlação significativa entre o consumo de etanol na
lactação e o alcoolismo na vida adulta12.

É importante ressaltar a baixa actividade da enzima álcool-desidrogenase (ADH) no


lactente. Nas mães lactantes, a referida enzima também tem menor actividade, repercutindo na
sua concentração plasmática24.

Sabe-se que o leite materno está sujeito a mudanças na sua composição. Dependendo
da fase da lactação (colostro ou leite maduro) ou até mesmo na fase da mamada (leite anterior
ou leite posterior), existem alterações quanto a concentração de lipídeos e proteínas. Tais
alterações influenciam na extensão da transferência do álcool do plasma para o leite, causando
variação na sua concentração no leite materno. É sabido também que o leite de mães de bebés
pré-termo tem baixo teor de gordura e alto teor de proteínas, o que implica em diferentes
níveis do álcool no leite materno24.

Outros factores relacionados a nutriz também influenciam na concentração de álcool


no LM: sua função hepática, a composição e volume do leite, seu fluxo sanguíneo para a
mama e seu peso23,24.

Durante os primeiros dias de lactação, quando é produzido o colostro, as células


alveolares são pequenas e o espaço intracelular é largo, o que faz com que o álcool transfira-
se mais facilmente para o leite materno. Porém, como o volume de colostro ingerido pelo
bebé é pequeno, a dose absoluta de álcool também é baixa10, 24.

Já com a redução dos níveis de progesterona, há crescimento das células alveolares e


estreitamento dos espaços intracelulares com redução da transferência do álcool. Contudo, a
quantidade ingerida pelo bebé é maior22, 23.

Sabe-se que as experiências sensoriais do bebé durante os dois primeiros meses de


vida têm um efeito residual, mesmo que para um indivíduo não seja possível encontrar na sua
memória consciente as lembranças deste período de vida23.

O leite materno representa para o bebé um veículo potencial de experiências ricas e


complexas, sendo um reflexo da cultura e dos hábitos alimentares de seus pais29.

Logo após a exposição ao álcool, o nível da prolactina aumenta enquanto a oxitocina


diminui, tanto durante quanto depois da estimulação do seio da mãe30.

9
Em relação ao lactente, é importante observar suas funções absortivas e hepáticas.
Assim, quanto mais imaturo ele for, menor sua capacidade de metabolização e eliminação do
álcool. Esses efeitos podem ser ainda maiores em bebés pré-termo, cuja imaturidade pode
prolongar a meia vida do álcool, causando acúmulo de doses repetidas. Sabe-se que nas
primeiras semanas de vida dos bebés, sua capacidade de metabolizar o álcool é metade da
capacidade dos adultos24.

As calorias fornecidas pelo álcool podem alterar o perfil dietético e o valor energético
total (VET) diário da mãe que amamenta. A intensidade com que estas alterações ocorrem e
se manifestam está directamente relacionada com a quantidade e constância da ingestão
alcoólica10,24.

Sabe-se que o álcool supre o alimento na dieta de dependentes graves, portanto o


alcoolista é descrito normalmente como um paciente desnutrido, uma vez que a ingestão
alcoólica não substitui calorias e nutrientes adequados. Já no consumo mais moderado, a
ingestão alcoólica é usualmente uma fonte adicional de energia, sendo somada à dieta habitual
da paciente10.

Esse tipo de fonte calórica é conhecido como “calorias vazias”, uma vez que apesar de
seu alto valor energético, faltam nutrientes essenciais como proteínas, vitaminas e elementos
traços. Paralelamente, não podemos deixar de atentar à baixa absorção de nutrientes em
indivíduos alcoolistas, causada pela insuficiência pancreática e deficiência de enzimas que
actuam na borda em escova do intestino24.

No entanto, o uso de substâncias nocivas à saúde no período gravídico-puerperal,


como drogas lícitas e ilícitas, deve ser investigado e desestimulado, pois crescimento fetal
restrito, aborto, parto prematuro, deficiências cognitivas no concepto, entre outros, podem
estar associados ao uso e abuso dessas substâncias31.

Os efeitos decorrentes do uso de substâncias como etanol, cafeína, nicotina entre


outras, permitido socialmente, vêm sendo pesquisados por vários autores, com evidências de
que o álcool passa ao leite materno em grandes proporções, alterando a produção, volume,
composição e excreção láctea, provocando efeitos deletéricos nos recém-nascidos lactantes32.

No entanto, embora se saiba que a maioria das gestantes tem conhecimento de que não
deve consumir álcool neste período, entretanto, o mesmo não ocorre na lactação, vez que a

10
cerveja tradicionalmente e em menor grau o vinho, são recomendados como lactogôgos,
fontes de vitaminas do complexo B e capazes de provocar o relaxamento mãe/filho31,32.

Todavia, partindo do ponto de vista neurológico, o sistema imunológico parece ser


afectado pela ingestão alcoólica na lactação, sendo observado deficit, a longo prazo, na
imunidade celular e no sistema nervoso, indicando sensibilidade ao álcool em etapas precoces
do desenvolvimento32.

Existem, portanto, algumas das principais complicações no SNC que envolvem a


utilização do álcool:

 Intoxicação Alcoólica

À medida que a concentração de etanol no sangue aumenta, o SNC começa a ter o


seu funcionamento comprometido, o que pode culminar em um quadro de coma, além de
apresentar uma depressão respiratória associada a uma hipotensão arterial33.

 Síndrome de Abstinência

O paciente dependente da bebida alcoólica possui uma grande chance de


desenvolver essa síndrome, e os sintomas podem começar a se desenvolverem logo depois de
realizado e cessado o consumo do álcool. O sinal mais precoce é o tremor generalizado, que
se torna marcante após 24 horas da ingestão da última dose. Esse tremor pode ser
acompanhado pela taquicardia, pelo rubor facial e pela hiperreflexia (reflexos muito activos)
33.

É importante ressaltar que a abstinência alcoólica pode acontecer em pacientes que


foram submetidos a transplantes hepáticos também34.

Evidências apontam que o consumo moderado de álcool desorganiza a produção dos


dois harmónios principais responsáveis pela lactação a prolactina e a oxitocina, responsáveis
respectivamente pela indução da secreção e pela ejecção do leite. Logo após a exposição ao
álcool, o nível da prolactina aumenta enquanto a oxitocina diminui, tanto durante quanto
depois da estimulação do seio da mãe24.

Portanto, esses resultados sugerem que, ao contrário do que se acreditava antigamente,


o consumo de álcool a curto prazo desregula a liberação dos harmónios responsáveis pela
lactação. Além disso só, a diminuição da oxitocina relaciona-se com a redução no rendimento
e na ejecção do leite e, consequentemente, na diminuição da ingestão de até 20% do leite24.
11
Ao contrário da sabedoria popular, crianças expostas ao álcool durante as mamadas
têm uma redução do tempo de sono REM (rapideyemovement), o que faria com que
dormissem por períodos mais curtos de tempo durante as horas após o aleitamento. No que
diz respeito ao desenvolvimento do bebé, ainda é desconhecido o efeito da exposição ao
álcool24.

Segundo alguns autores, o sistema imunológico é afectado pela ingestão alcoólica na


lactação, sendo observado deficit, a longo prazo, na imunidade celular e no sistema nervoso,
indicando sensibilidade ao álcool em etapas precoces do desenvolvimento35.

O International Institute of Human Lactation afirma que um número significativo de


mulheres entre 14 e 39 anos, nutrizes em potencial, fazem uso regular de pelo menos um
drink por semana em muitos países, sendo que um drink-padrão corresponde à quantidade
aproximada de 14 g (17,7 ml) de álcool36.
A abordagem epidemiológica, refere que o consumo de álcool é marcado pela
diferença dos sexos pois os homens bebem mais do que as mulheres. Entretanto, o álcool tem
mais efeitos desgastantes no corpo da mulher do que em homens devido a composição
biológica do seu corpo. Este posicionamento é negado por Vieira citado por Em 2009,
Corradi-Webster, ao defender que a Biologia tem sido usada para o controlo do corpo
feminino e educação das mulheres para se tornarem boas reprodutoras, boas mães, garantindo
a sobrevivência e saúde das crianças27.

Um estudo feito por Nhazilo, na cidade de Maputo, concretamente na avenida das


Forças Populares da Libertação de Moçambique (FPLM), em 2014, com o tema
Representações identitárias construídas entre mulheres consumidoras de bebidas alcoólicas na
cidade de Maputo: uma análise a partir da avenida das FPLM afirmou que apesar das
mulheres que julgavam as outras de consumidoras excessivas de álcool serem também
consumidoras de álcool, assumiam-se como mulheres que bebem de forma normal devido ao
local onde elas ingeriam o álcool que tinha sido na casa da vizinha ou na sua própria casa o
que é sinónimo de ser mulher de família e de respeito25.

Embora os efeitos deletérios do consumo do álcool já estejam bem estabelecidos,


pressupõe-se que ainda pouco se reconhece sobre os efeitos da ingestão do álcool durante a
lactação no desenvolvimento do recém-nascido e os factores que levam as mães a consumir o
álcool. De forma geral, sabe-se que a ingestão de álcool durante a lactação interfere
negativamente no processo de produção e secreção do leite materno induzindo alterações na
12
composição e odor do leite que promovem redução significativa do consumo de leite pelo
lactente12.

O tema abordado tem sido alvo de alguns estudos a nível internacional, no entanto, em
Moçambique, a bibliografia publicada sobre o assunto é escassa. Este estudo traz, assim,
algum conhecimento a uma área ainda pouco estudada, e quiçá talvez até instigue a realização
de mais estudos dentro deste tema no país.

O ambiente social e cultural é provavelmente, a mais importante influência sobre o


acto de beber, pois condiciona o tipo de bebida a ser consumida, como se bebe, onde beber e
com quem beber. O ambiente inclui o que e como as pessoas pensam e crêem sobre o álcool,
as regras locais e, além disso quanto beber, como conseguir e utilizar a bebida.

Face a esta problemática, tornou-se imperativo estudar os factores que levam ao


consumo do álcool durante a lactação e sua consequência para os latentes. Em última
instância, tais conhecimentos permitem vislumbrar as principais áreas de intervenção,
constituindo a base para delinear programas e estratégias que minimizem o consumo de álcool
e as suas consequências.

Importa aqui referir que, a primeira motivação deste estudo perpassa o facto de que
várias mulheres são influenciadas por diferentes factores durante a lactação e este assunto
ainda é um campo de estudo pouco explorado na literatura académica Moçambicana.

Outrora, a segunda motivação do estudo foi o interesse em perceber como as lactantes


do Centro de Saúde 25 de Setembro lidam com o álcool na fase de amamentação dos seus
bebés.

Por isso, surge então a seguinte questão de partida para a elaboração deste estudo:
quais os conhecimentos, atitudes e práticas sobre o consumo de álcool durante a lactação
no Centro de Saúde 25 de Setembro, Nampula, 2022?

13
2.OBJECTIVOS

2.1.Geral
 Analisar o conhecimento, atitudes e práticas sobre o consumo de álcool durante a
lactação no Centro de Saúde 25 de Setembro, Nampula, 2022.

2.2.Específicos

 Caracterizar sociodemograficamente lactantes atendidas no Centro de Saúde 25 de


Setembro;

 Identificar os factores que influenciam no consumo de álcool nas lactantes atendidas


no Centro de Saúde 25 de Setembro;

 Identificar as consequências para as lactantes e lactentes atendidos no Centro de Saúde


25 de Setembro.

14
3.METODOLOGIA

3.1.Período e local de estudo


O estudo foi realizado no mês de Julho de 2022, no Centro de Saúde 25 de Setembro,
concretamente nas consultas de criança sadia (CCS). O referido Centro de Saúde está
localizado no bairro de Mutauanha, na avenida do trabalho, cidade de Nampula.

O Centro de Saúde 25 de Setembro é caracterizado como um Centro de Saúde Urbano


tipo B do nível primário possui uma capacidade de atendimento básico geral, situações de
pronto atendimento e especialidade como a saúde da mulher, da criança e várias outras. Este
centro de saúde dispõe dos seguintes serviços: banco de socorro (BS), consultas de crianças
em risco (CCR), consultas de crianças sadias (CCS), consultas de crianças doentes (CCD),
Consulta Pré-Natal (CPN), Consulta de Pós-Parto (CPP), triagem de adultos, maternidade,
laboratório de análises clínicas, estomatologia, fisioterapia, oftalmologia, farmácia, pediatria,
Programa alargado de vacinação (PAV), Serviços de Tratamento Anti-Retroviral (STARV),
Serviços Amigos de Adolescentes e Jovens (SAAJ), Unidade de Aconselhamento e Testagem
em Saúde (UATS), Secretaria e Programa Nacional de Combate a Tuberculose (PNCT).

3.2.Tipo de estudo
Fez-se um estudo observacional, descritivo, transversal e com abordagem qualitativa.
Quanto a natureza de estudo, foi do tipo observacional, pois durante o percurso do estudo não
houve intervenção, apenas medição das variáveis.

No estudo observacional o investigador actua meramente como espectador de


fenómenos ou fatos, sem, no entanto, realizar qualquer intervenção que possa interferir no
curso natural e/ou no desfecho dos mesmos, embora possa, neste meio tempo, realizar
medições, análises e outros procedimentos para colecta de dados37.

Quanto aos objectivos, o estudo foi descritivo, pois o estudo descreveu os


acontecimentos, neste caso os factores que levam uma lactante a consumir o álcool durante a
amamentação do bebé. Portanto, no estudo os dados colectados são predominantemente
descritivos referentes a um estudo qualitativo. O material obtido nesse tipo pesquisas é rico
em descrições de pessoas, situações, acontecimentos, fotografias, desenhos, documentos,
entre outros37.

Quanto à delimitação temporal, o estudo classificou-se em transversal, por este colher


dados sobre a realidade em um momento específico. Os estudos transversais medem a

15
prevalência da doença e, por essa razão em um estudo transversal, as medidas de exposição e
efeito (doença) são realizadas ao mesmo tempo38.

E por último, quanto à abordagem, tratou-se de um estudo qualitativo, pois a


abordagem de cunho qualitativo trabalha os dados buscando seu significado, tendo como base
a percepção do fenómeno dentro do seu contexto. O uso da descrição qualitativa procura
captar não só a aparência do fenómeno como também suas essências, procurando explicar sua
origem, relações e mudanças, e tentando intuir as consequências37, 39, 40.

3.3.Participantes
Fizeram parte do estudo 46 mães lactantes que tinham filhos lactentes atendidos na
CCS. Para a determinação do número de participantes, baseou-se amostragem não
probabilística por conveniência, que é aquela em que a selecção dos elementos da população
para compor a amostra depende ao menos em parte do julgamento do pesquisador ou do
entrevistador no campo41.

O número das participantes foi determinado pelo método de saturação teórica, que
foram no total 46, tal como foi referido anteriormente no parágrafo anterior. Por meio deste
método de amostragem, após as informações colectadas com certo número de participantes,
novas entrevistas passaram a apresentar uma quantidade de repetições em seu conteúdo,
determinando o fechamento da coleta42.

3.4.Critérios de elegibilidade

3.4.1.Critérios de inclusão
 Todas as lactantes maiores de 18 anos atendidas no sector das CCS do Centro de
Saúde 25 de Setembro e que assinarem o termo de consentimento livre e informado
(TCLI).

3.4.2.Critérios de exclusão
 As lactantes que no dia de colecta de dados apresentaram uma criança com
complicações clínicas ou com urgência;

16
 Lactantes que no momento da colecta de dados estiveram sob o efeito do álcool;
 Lactantes que apresentaram alterações psicológicas no momento de colecta de dados.

3.5.Instrumentos de recolha de dados


Para recolha de dados deste estudo, foi usado um guião entrevista estruturado
(Apêndice B), elaborado pela autora. Este guião é composto por questões sociodemográficas e
questões para responder o conhecimento, atitude e práticas.

3.6.Teste piloto
O estudo piloto, também citado como projecto-piloto, é definido como um instrumento
em pequena escala capaz de reproduzir os meios e métodos planeados para um dado estudo
que serão encontrados na colecta de dados definitiva43.

Neste estudo, foi aplicado um teste piloto a 5 mães que frequentavam a CCS no centro
de saúde 1◦ de Maio, para verificar a compreensão das perguntas e rectificar possíveis
alterações no guião de entrevista. O mesmo também tinha o intuito de verificar qual é em
média do tempo que cada entrevista pode levar.

3.8.Procedimentos de recolha de dados


As entrevistas foram realizadas na primeira e segunda semanas do mês de Julho no
período da manhã nos dias úteis da semana (segunda a sexta-feira), uma e única vez para cada
participante, no recinto do centro de saúde, enquanto as mães aguardavam pela pesagem das
suas crianças.

As entrevistas foram realizadas individualmente com cada mãe, após o consentimento


prévio, sendo registadas em aparelho gravador e transcritas respeitando a fala das
entrevistadas. Este instrumento electrónico facilitou a autora deste estudo a retornar às
gravações feitas, para verificar os dados registados, obter novas conclusões e reestudar a
análise de informações dadas. No entanto, a duração de cada entrevista foi em média de 15
minutos cada, foi conduzida somente pela autora principal deste estudo.

3.9.Aspectos éticos
Antes da realização de estudo, foi feito o pedido de autorização a direcção do Centro
de Saúde de 25 de Setembro, por meio de uma credencial que foi emitida pela Universidade
Lúrio. Antes das entrevistas, as mães foram explicadas sobre os objectivos e depois de
aceitarem participar no estudo assinaram o TCLI.

17
Foi garantido o anonimato das participantes, e para o efeito ao invés dos nomes, as
entrevistas organizavam-se em número. As mulheres sujeitas dessa pesquisa, foram
esclarecidas repetidas vezes e sempre que se fazia necessário, de que eram livres para
participar do estudo, estando cientes do direito de desistir da participação, a qualquer
momento.

No que diz respeito aos custos, não existiu nenhum custo aplicado as mães das
crianças na participação do estudo. E como forma de preservar a saúde das participantes do
estudo, a autora sugeria o uso de mascaras e álcool-gel, durante as entrevistas, como forma de
prevenir uma possível contaminação por coronavírus.

Fez-se duas cópias do TCLI, onde uma cópia ficou com as mães que fizeram parte do
estudo, e a outra cópia para a autora do estudo.

Os guiões de entrevista foram preservados de forma sigilosa pela autora em sua


residência, no entanto as gravações, após o seu uso, foram deletadas do aparelho gravador.

No acto da recolha dos dados, usou-se a língua portuguesa. Para as mães com
dificuldades de se expressar em língua portuguesa, a autora do estudo recorria a uso da língua
Emákua.

3.10.Tratamento dos dados


Os dados foram processados através da análise do conteúdo que é definida como um
conjunto de técnicas e instrumentos empregados na fase de análise e interpretação de dados de
uma pesquisa, aplicando-se, de modo especial, ao exame de documentos escritos, discursos,
dados de comunicação e semelhantes, com a finalidade de uma leitura crítica e aprofundada
levando à descrição e interpretação destes materiais, assim como a inferências sobre suas
condições de produção e receção40.

Além disso, a utilização da análise de conteúdo prevê três fases fundamentais,


conforme o esquema apresentado na Figura I: pré-análise, exploração do material e tratamento
dos resultados a inferência e a interpretação44.

18
ANÁLISE DE CONTEÚDO

Tratamento dos resultados:


Pré-análise Exploração do material
inferência e interpretação

Figura 1:Fases da análise de conteúdo


Fonte: Adaptado de Bardin23
A primeira fase, a pré-análise, pode ser identificada como uma fase de organização.
Nela estabelece-se um esquema de trabalho que deve ser preciso, com procedimentos bem
definidos, embora flexíveis. Envolve a leitura “flutuante”, ou seja, um primeiro contacto com
os documentos que serão submetidos à análise, a escolha deles, a formulação das hipóteses e
objectivos, a elaboração dos indicadores que orientarão a interpretação e a preparação formal
do material44.
Exploração do material é a segunda etapa, diz respeito a codificação do material e na
definição de categorias de análise (rubricas ou classes, as quais reúnem um grupo de
elementos, sob um título genérico, agrupamento esse efectuado em razão dos caracteres
comuns destes elementos) e a identificação das unidades de registo (corresponde ao segmento
de conteúdo, temas, palavras ou frases) e das unidades de contexto nos documentos (unidade
de compreensão para codificar a unidade de registo que corresponde ao segmento da
mensagem) 45.
Portanto neste estudo surgiram as categorias seguintes:
 Consumo de álcool na lactação;

 Razões para o consumo o álcool na lactação;

 Quantidade de álcool consumido;

 Vantagens do consumo de álcool;

 Consequências para o consumo de álcool para a lactante;

 Consequências para o consumo de álcool para o lactente;

 Informações transmitidas para as lactantes, sobre o consumo do álcool;

19
 Situações em que são transmitidas as informações sobre consumo de álcool;

 Sugestão sobre o consumo de álcool.

A terceira e última fase consistiu no tratamento dos resultados, inferência e


interpretação. Nesta etapa ocorreu a condensação e o destaque das informações para análise,
culminando nas interpretações inferenciais, este é o momento da intuição, da análise reflexiva
e crítica45.

20
4.APRESENTAÇÃO, ANALISE, E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
As entrevistadas realizadas neste estudo foram identificadas conforme a ordem de
realização da pesquisa, denominadas de E1 até E46.

Das 46 participantes, todas do sexo feminino, a maioria da religião muçulmana, com


idades compreendidas entre os 16 aos 46 anos de idade, a maior parte das participantes tinha
concluído a 7a classe, nesse caso o nível primário, e tinham uma renda mensal de entre 1 e 2
salários mínimos, sendo que de acordo com um comunicado feito pelo então Ministro da
Economia e Finanças de Moçambique, o salário mínimo em vigor no país até mês de recolha
de dados (Julho) era de 5 200,00MT.

4.1.Consumo do álcool na lactação


Dentre as entrevistadas observou-se, que quase todas referiram não consumir álcool,
contra poucas que assumiram consumir álcool, 6 participantes apenas.

“Sim, consumo álcool” (E1, E28, E33, E34, E41, E45).

Das participantes que referiram não consumir álcool, muitas delas apenas davam uma
resposta fechada, dizendo apenas que não, tal como pode-se observar em algumas respostas
que se seguem:

“Não” (E2,E3, E24, E23, E6)

Resultados semelhantes foram encontrados no estudo sobre Consumo de álcool


durante a amamentação, feito em 2014, em Lisboa, relativamente à caracterização do
consumo de álcool, e outros consumos, na mãe durante a amamentação e a gestação salienta-
se que das 316 participantes, apenas algumas mães responderam que consumiam álcool
durante a amamentação46.

Resultados diferentes foram encontrados no estudo descritivo, sobre a Influência da


ingestão de álcool durante a lactação na origem do alcoolismo, feito por Sanches, em 33
lactantes, no Paraná, cerca de 60,6% iniciaram ou continuaram o uso regular do álcool até o
sexto mês de lactação47.
No Brasil, foi realizado um estudo na Cidade de São Paulo, sobre a prevalência de
tabagismo e consumo de bebidas alcoólicas em mães de lactentes de 6 meses de idade, onde
foram entrevistadas 504 mulheres e, destas, apenas a minoria estavam amamentando e
ingerindo bebidas alcoólicas48.

21
Apesar da evolução social havida nos últimos anos, o preconceito relacionado a
mulher que bebe continua ainda muito forte. Falhas no cumprimento do papel familiar,
tendência à promiscuidade e estereótipo de maior agressividade são alguns dos estigmas
listados, que influenciam negativamente na busca de tratamento do alcoolismo durante a
lactação.
Assim, estudos apontam o quanto o consumo de álcool e o diagnóstico de alcoolismo
são ignorados em serviços médicos em geral, que geralmente não possuem equipe treinada
para diagnosticar o problema e responder as perguntas mais frequentes. Apesar de mulheres
que amamentam demostrarem usar menos drogas, seu padrão de consumo parece não
diminuir neste periodo49.
Diante destes resultados, há que admitir que muitas mulheres se sentem
envergonhadas ao tratar sobre o assunto e podem omitir informações, o que representa um
viés nesses estudos50.
Há que referir que as bebidas alcoólicas, como já mencionado, estão fortemente
enraizadas na cultura de muitas sociedades, estando tradicionalmente presentes às refeições,
em datas comemorativas, ou em convívios entre amigos.

Portanto, há que referir que, não é, assim, fácil para uma mulher que bebia antes de
engravidar, evitar consumir álcool durante o período de tempo em que se encontra a
amamentar o seu filho.

4.2.Razões para o consumo o álcool na lactação


Das lactantes que referiram consumir o álcool, apresentavam diferentes razões para
esta prática, tal como pode-se observar as falas a seguir:

”Consumo bebida porque não me sinto bem quando fico muito tempo sem beber” (E28)

“Bebo porque é bom” (E33)

“Eu bebo para me divertir com os amigos” (E34, E45)

“Me falaram que leite sai bem” (E41)

Uma das participantes que referiu consumir o álcool, apresentou uma resposta
diferente das outras quando questionada sobre qual era a razão que fazia com que ela
consumisse o álcool durante a lactação, dizendo o seguinte: “Porque me disseram com amigas
que aumenta leite e aproveito-me divertir” (E1)

22
Pressupõe-se que o factor diversão seja o que mais influencia no consumo de álcool
em lactantes jovens entrevistadas neste estudo, uma vez que de acordo com os dados
sociodemográficos, a faixa etária mais predominante do estudo foi a juvenil.

Estes resultados se assemelham aos de um estudo observacional, descritivo,


qualitativo, realizado em Maputo, com objectivo de identificar o consumo de bebidas
alcoólicas entre um grupo de mulheres lactantes e ainda descrever o contexto social do
consumo de bebidas alcoólicas em que as mulheres diziam: “Eu bebo para me divertir porque
quando fico sem beber sinto-me muito calma. Bebo quando eu quiser e posso parar quando quiser
mas acho que quando bebo fico mais animada, eu bebo para me divertir…” 18.

As razões que levam as mulheres lactantes a ingerirem bebidas alcoólicas são várias e
extrapolam o campo biológico e da saúde. Por exemplo, o estudo etnográfico realizado em
2007, na cidade de Maputo por Chiziane questionou o posicionamento segundo o qual as
mulheres lactantes que consomem bebidas alcoólicas o fazem porque estão biologicamente
pré-determinados a consumir. Em oposição a este estudo, Chiziane concluiu que as mulheres
jovens são motivadas a consumir bebidas alcoólicas devido a necessidade de satisfazer
determinados objectivos. Os mesmos podem de alguma forma ser satisfeitos na interacção
entre indivíduos no consumo de bebidas alcoólicas51.

4.3.Quantidade do álcool consumido


Quando se perguntou às mulheres sobre a quantidade de álcool consumido, as que
afirmaram que consomem álcool, tiveram as seguintes respostas:

“Bebo só dois copos por semana”(E1)

“Depende dos dias, ora 2 garrafas de cerveja ou 3 por semana” (E28, E45)

“1 Garrafa de cerveja por semana, porque me falaram para não exagerar por causa da criança”
(E41)

“As vezes 1 garrafa por dia, mas tem semanas que bebo 3 garrafas por dia” (E33)

“No hospital me falaram para diminuir e por isso bebo uma cerveja por semana e tem semana que
não bebo” (E34)

O estudo feito em 2010, sobre álcool e lactação, constatou que, a maior parte das
mulheres consumia bebidas alcoólicas, apresentando uma mediana de ingestão de 21g de
álcool puro por dia52.

23
O International Institute of Human Lactation afirma que um número significativo de
mulheres entre 14 e 39 anos, nutrizes em potencial, fazem uso regular de pelo menos um
drink por semana em muitos países, sendo que um drink-padrão corresponde à quantidade
aproximada de 14 g (17,7 ml) de álcool36.

4.4.Vantagens do consumo de álcool


Em relação as vantagens do consumo de álcool na lactação, as participantes deste
estudo que afirmaram não consumir o álcool tiveram as mesmas respostas, dizendo que o
consumo de álcool não apresenta alguma vantagem, diferente das que referiram ser
consumidoras do álcool que apresentaram opiniões diferentes.

“Diminui estresse” (E28)

“Aumenta leite na mama e a criança fica forte” (E1, E41)

“O leite fica mais doce, a criança gosta mais” (E34)

“Faz o leite da mama não acabar” (E45)

“Protege o bebe de doenças, espíritos e outras coisas” (E33)

Existiram outras participantes do estudo que apenas disseram que o consumo de álcool
durante a lactação não traz vantagens, muito pelo contrário, apenas apresenta desvantagens,
como pode-se observar nas falas seguintes:

“Beber enquanto se amamenta não tem nenhuma vantagem” (E20, E2, E15, E19, E46)

Outras participantes, querendo dizer que o consumo de álcool não traz vantagem
nenhuma, apenas disseram que não conhecer vantagens referentes ao consumo de álcool
durante a lactação:

“Não conheço nenhuma vantagem quando alguém bebe enquanto está a dar mama criança” (E5,
E11, E25, E27)

Alguns dos resultados deste estudo se assemelham aos de um estudo observacional,


transversal, feito em 2019, em 138 lactantes, com o objectivo de conhecer as percepções sobre
bebidas alcoólicas (BA) e caracterizar e relacionar o seu consumo em lactantes, de acordo
com características sociodemográficas, onde no que diz respeito aos conhecimentos das
vantagens do consumo de BA, os resultados mostraram que algumas participantes
acreditavam que a BA faz bem à subida do leite da mama. Porém outras referiram que o
álcool dá sangue ao bebé53.

24
Em contrapartida, resultados diferentes foram encontrados no estudo feito em Lisboa,
sobre o consumo de álcool durante a amamentação, onde quase toas mães referiam que o
álcool não aumenta a quantidade de leite que é produzido pela mãe46.

4.5.Consequências do consumo de álcool para a lactante


Quando questionadas sobre as consequências que o consumo de álcool pode trazer
para a lactante após o consumo do álcool, as participantes tiveram as seguintes respostas:

“Não conheço” (E1)

“Posso ficar viciada e ter problemas de saúde” (E2)

“Posso ficar bêbada e sofrer acidentes, posso ser violada com estranhos” (E3)

Algumas das participantes disseram que o consumo do álcool durante a lactação pode
torna-las viciadas em álcool, tal como observa-se nas respostas a seguir:

“A pessoa fica viciada” (E9)

“Posso ser bêbada” (E4)

Outras participantes se referiam ao consumo do álcool como sinónimo de destruição


de lares, e que após o consumo do álcool elas poderiam mudar de comportamento e
desrespeitar os seus parceiros, como podemos ver a seguir:

“Bebida faz a mulher não respeitar o seu marido, cria violência e pode fazer estragar o meu
casamento com meu marido” (E10)

A ideia de que as mulheres que consomem álcool de forma excessiva têm história de
violência doméstica, pode ser problemática porque exclui a possibilidade de as mulheres
consumirem álcool por vontade própria se não por coerção da violência25.

“Uma pessoa que bebe estraga sua vida, faz coisas sem sentido, até pode causar divórcio” (E15, E14,
E16, E36)

Todavia existiram participantes que não tinham certeza ou não conseguiram dizer
quais eram as consequências do consumo de álcool para uma lactante, como é o caso do relato
de uma das participantes a seguir:

“Não sei quais são essas consequências, não sei explicar bem” (E5)

O estudo sobre os efeitos de bebidas alcoólicas em mães lactantes e suas repercussões


na prole, feito em 2014, em Recife, afirma que os processos nutricionais e actividades
comportamentais são afectados significativamente em lactantes que consomem álcool, apesar
25
da ingestão de dietas líquidas com teores proteicos recomendados para o modelo experimental
durante a lactação35.

4.6.Consequências do consumo de álcool para o lactente


Por outro lado, quanto as consequências do consumo do álcool nos lactentes, algumas
respostas foram:

“A criança não vai bater bem de cabeça quando crescer”(20)

Algumas mães, quando dadas essas questão se referiram que, o que a mãe consome
quando amamenta, passa para o filho, assim sendo, essas mães presumem que o álcool
consumido pela mãe para a criança através do leite materno, fazendo com que esta criança se
torne um adulto viciado em álcool. A seguir estão as falas de algumas participantes:

“Se uma mãe beber, o filho também vai estar a beber na barriga e quando nascer vai acostumar
bebida” (E5, E19, E15, E44)

Esses resultados podem ser influenciados pelo factor nível académico, nos resultados
sobre os dados sociodemográficos, mostrou que a maioria das participantes tinha concluído
apenas a 7a.

No entanto, apesar de existirem ideias que defendem que o leite materno de uma
lactante consumidora de álcool pode tornar o latente dependente do álcool, até o momento,
não há evidências que comprovem que a ingestão de álcool durante a lactação pode induzir o
vício pelo álcool no adulto12.

Alguns estudos afirmam que, Menos de 2% do álcool consumido pela mulher que
amamenta é transferido para o seu leite, embora não seja nele armazenado. Essa passagem
não ocorre logo após a ingestão da bebida, mas a quantidade de álcool encontrada no leite
correlaciona-se, constantemente, com a alcoolemia materna54.

Pesquisas realizadas em humanos, direccionadas ao entendimento dos efeitos do


consumo de álcool durante a lactação no desenvolvimento do lactente são escassas, e até o
momento nenhuma foi publicada no intuito de correlacionar a origem do vício pelo álcool
com o consumo de álcool durante o aleitamento12.

Porém, pesquisas em animais sugerem que o consumo de álcool durante o aleitamento


materno tem um impacto negativo na coordenação motora55.

26
Estudo feito por Little em 1989,realizado em 400 crianças de 1 ano de idade, em que
foi medido o seu desenvolvimento mental e motor e a ingestão de bebidas alcoólicas pelas
mães durante a amamentação.

Uma das conclusões mais importantes a que chegou foi que o desenvolvimento motor,
medido pelo Índice de Desenvolvimento Psicomotor, era significativamente inferior em
crianças regularmente expostas a álcool no leitematerno56.

No entanto, estudos revelam que em relação as consequências do álcool para o


lactente, já são mais difíceis de medir, havendo ainda poucos estudos que consigam
estabelecer estas relações46.

4.7. Informações transmitidas para as lactantes, sobre o consumo do álcool


Quanto a questão sobre que informações as lactantes já receberam sobre o consumo
álcool, as participantes deste estudo mostraram que tem recebido algumas informações sobre
o consumo de álcool na lactação, como mostram os relatos seguintes:

“Me falaram no hospital que álcool faz mal a mulher, assim como para a criança” (E11, E6, E18,
E22, E25, E26, E27, E31)

“Bebidas fazem a criança ser bêbada quando crescem, a crianças pode ter muitas doenças se a mãe
beber enquanto ela estiver a mamar ” (E15)

“Quando uma mulher ter uma criança que está a mamar, deve parar de beber para não prejudicar os
bebes” (E16)

Trabalho realizado com 40 mulheres lactantes mostrou que 45% delas receberam
aconselhamento de seus médicos e/ou enfermeiras para consumir álcool durante a lactação e
35% delas receberam o mesmo conselho de familiares e amigos57.

4.8.Situações em que são transmitidas as informações sobre consumo de álcool


Em relação em que situações lhes foram transmitidas informações sobre o consumo de
álcool durante a lactação, muitas delas afirmaram que essa informação lhes foi dada no
hospital, como podemos ver os seguintes relatos:

“Ouvi falar sobre bebidas quando estava nas consultas antes de nascer meu filho” (E11)

Algumas participantes referiram que as informações, sobre o consumo de álcool e seus


malefícios obtiveram, nas suas famílias, com seus parentes e familiares, como pode-se ver no
relato a seguir:

27
“Me falaram sobre álcool com minha mãe, quando eu bebia na juventude” (E18).

O estudo sobre Amamentação e uso de drogas, feito em São Paulo, em 2011, refere
que as unidades sanitárias têm divulgado informações sobre o uso de drogas durante o
aleitamento materno, no entanto, as mães tem negligenciado e consumido principalmente o
álcool mesmo durante o período de aleitamento materno57.

No mesmo estudo, as mães referem que tem recebido as informações nas unidades
sanitárias e mesmo com essas informações não conseguem se abster do álcool. Esses
resultados se assemelham com os resultados deste estudo, no que se refere as informações
dadas e o local onde são dadas as respectivas informações sobre o uso do álcool pelas
lactantes 57.

4.9.Sugestão sobre o consumo de álcool


As participantes deram várias sugestões em relação ao consumo do álcool durante a
lactação, dentre as quais são apresentados neste estudo como é o caso das seguintes falas:

“Eu não aconselho uma mãe a beber quando estiver a dar mama, deve esperar a criança deixar de
mamar primeiro” (E3, E5, E16, E35, E36, E42)

“Se a mãe quer beber, não beber muito ou dar de mamar e depois beber…minha amiga enfermeira é
que me falou” (E7)

Estes resultados se assemelham a de um estudo feito em 2018, em São Tomé e


Príncipe, cujo objectivo foi de conhecer o consumo de álcoois e factores associados em
mulheres em idade fértil, grávidas e lactantes no distrito de Cantagalo, 75 mulheres, das quais
13 lactantes, recomendavam que, mulheres que decidam manter a ingestão de bebidas
alcoólicas durante a amamentação bebam após dar de mamar, devendo esperar pelo menos
duas horas depois de ingerir uma qualquer bebida, de forma a limitar a quantidade de etanol a
que o lactente é exposto48.

Outras mães lactantes sugeriram que as lactantes deveriam, simplesmente, parar de


beber álcool e procurar uma ajuda profissional, como é o caso da seguinte fala:

“Por mim a mulher que amamenta devia parar de beber de vez, e nunca mais voltar a beber…uma
mulher não lhe merece beber…deve procurar ajuda” (E7, E26, E32, E40)

O nível máximo de álcool no sangue materno e no seu leite ocorre, aproximadamente,


meia a uma hora após a sua ingestão, com queda posterior. A duração dos picos da alcoolemia

28
e o ritmo da eliminação do álcool no sangue e no leite são individuais. Assim, após algumas
horas do consumo de álcool, as mulheres não devem amamentar58.

29
5.CONCLUSÃO
Este trabalho teve como objectivo principal analisar o conhecimento, atitudes e
práticas sobre o consumo de álcool durante a lactação no Centro de Saúde 25 de Setembro,
Nampula. Portanto, das 46 participantes, a maioria da religião muçulmana, com idades
compreendidas entre os 16 aos 46 anos de idade, onde a faixa etária predominante era de 25 –
35 anos, a maior parte das participantes tinha concluído a 7a classe, neste caso o nível
primário, e tinham uma renda mensal de entre 1 e 2 salários mínimos.

As lactantes entrevistadas neste estudo, mostraram ter algum conhecimento sobre o


consumo de álcool na lactação. Contudo, algumas lactantes confirmaram estar a consumir
álcool enquanto amamentam, que constituíram a menor parte do total das participantes. Os
factores que influenciam no consumo de álcool na lactação, referidos pelas participantes
foram o convívio familiar e o convívio com os amigos.

O consumo de álcool por estas lactantes não é notório, isto pode ser pelo facto de este
comportamento ainda ser um tabu em Moçambique. E segundo as participantes, na sua
maioria não concorda que o consumo de álcool durante a lactação tenha alguma desvantagem
para o bebé, assim como para a lactante.

Porém, a consequência que o consumo de álcool traz para as mães e suas crianças,
durante a lactação, é o vício e este vício acarreta outras consequências futuras para a lactante,
assim como para o lactente, como é o caso cirrose hepática e o atraso psicomotor.

Apesar de algumas mães afirmarem terem consumido o álcool, enquanto


amamentavam, estas não sugerem o consumo desta droga, uma vez que, estas mães por sua
vez têm tido informações sobre a amamentação de crianças com o leite materno e que
consequências o consumo do álcool pode trazer durante esta fase muito importante, sendo
que, segundo estas participantes, essas informações têm recebido nas unidades sanitárias e
levam consigo, como forma de colocar em prática e salvar a sua vida e da sua criança que se
encontra numa fase muito vulnerável da vida.

30
6.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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35
APÊNDICES

36
Apêndice A: Termo de Consentimento Livre e Informado

UNIVERSIDADE LÚRIO
FACULDADE DE CIÊNCIAS DE SAÚDE
LICENCIATURA EM NUTRIÇÃO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E INFORMADO

Autora do estudo: Rita Félix Cajomba, estudante do Curso de Nutrição Endereço: Bairro de
Namutequeliua, Contacto: 844530233: correio electrónico: RitaCajomba@gmail.com
Este estudo foi elaborado com vista a obtenção do grau de licenciatura em Nutrição na
Universidade Lúrio, tendo como tema: conhecimento, atitudes e práticas sobre o consumo
de álcool durante a lactação no Centro de Saúde 25 de Setembro, Nampula, 2022.

Deste modo gostaria de convidá-la a participar do estudo, que vai consistir no preenchimento
de uma ficha com dados pessoais e posteriormente realização de uma entrevista.

Ao participar do estudo a senhora não terá nenhum custo ou vantagem financeira, o mesmo
não proporciona nenhum risco para ti, apenas será pedido um pouco do seu tempo e paciência
para fornecer a informação solicitada agradecendo se desde já que responda com máximo
rigor e honestidade. Será esclarecida sobre o estudo em qualquer aspecto que desejar e está
livre para participar ou recusar-se a participar. Poderá retirar seu consentimento ou
interromper a participação a qualquer momento. Não serão mencionados os nomes das
participantes no estudo.

Entrevistada Entrevistadora
_________________________ __________________________

37
Apêndice B: Guião de entrevista

UNIVERSIDADE LÚRIO
FACULDADE DE CIÊNCIAS DE SAÚDE
LICENCIATURA EM NUTRIÇÃO

GUIAO DE ENTREVISTA

TEMA: CONHECIMENTO, ATITUDES E PRÁTICAS SOBRE O CONSUMO DE


ÁLCOOL DURANTE A LACTAÇÃO NO CENTRO DE SAÚDE 25 DE SETEMBRO,
NAMPULA, 2022

Numeração da entrevista (ex. E1, E2, E3…): Data:____/________/2022

PARTE I: DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS


1.Idade:_____(Anos)
2.Escolaridade (a última classe que concluiu):_____________
3. Religião:_____________________
4.Estado civil: Solteira ( ) Casada ( )União marital ( ) Viúva ( )
5.Renda mensal: a) <5 200,00 Mts (salário mínimo)

b) 5 200,00 – 10 400,00 Mts () (entre 1 e 2 salários mínimos)

c) 10 400,00 – 15 600,00 Mts (entre 2 e 3 salários mínimos)

d) >15 600,00 (acima de 3saláriosmínimos)

PARTE II: CONHECIMENTO, ATITUDES E PRÁTICAS SOBRE O CONSUMO DE


ÁLCOOL DURANTE A LACTAÇÃO

1.A senhora consome álcool? Sim__ Não___

38
Se sim, porque?______________________________________
• Quais são os motivos ou razões que te levam a consumir álcool?
R: _____________
• O que sente após o consumo de bebidas alcoólicas?
R: _______________________
2.Qual é a quantidade de álcool que consome?
R: __________________________________________
3.Quais são as vantagens do consumo de álcool?
R:_________________________
4. Quais são as consequências do consumo do álcool para si?
R: ______________________________________________________
5.Quais são as consequências do consumo do álcool para o bebe?
R: ___________________________________________________________________
6.Desde o início da lactação, que informações lhe foram transmitidas sobre o consumo de
álcool na mulher que amamenta?
R:___________________________________________________________________
7. Em que situação recebeu informações relacionada com o consumo de álcool na lactação?
_____________________________________________
.Tem alguma sugestão para o consumo de álcool?
R: ________________________________

39
ANEXOS

40
Anexo I: Credencial

41

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