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Fichamento do texto: “Para Entender Uma Fotografia”

Luiza de Oliveira Silva — Artes Visuais (Licenciatura) — Metodologia de


Pesquisa

John Berger, o autor, começa o texto comentando sobre a tentativa de


reivindicação da fotografia como uma das belas-artes, afirmando que antigamente
seguia esse pensamento mas que agora acredita que fotografia não merece ser
considerada uma das belas-artes. Após isto, ele escreve que, caso uma obra de
arte não receba o devido valor, ela “morre”/não sobrevive, comparando as obras
com propriedade privada e afirmando que uma fotografia não possui nenhum valor
como propriedade pois não é rara (não possui o valor de ser única e pode ser
infinitamente reproduzida). Seguindo esse raciocínio, Berger segue comparando
obras de arte com propriedades e dizendo que ser uma propriedade é a função
social dada às obras, assim nem tudo o que o homem faria seria considerado arte
(já que temos mania de associar o processo de criação com arte) e isso tiraria a
fotografia (principalmente no contexto do século XX) da categoria de arte.
O autor conta sobre o ato de fotografar, que se basearia em tirar fotos apenas
daquilo que vale a pena fotografar (ou então as fotografias não teriam um
significado), comparando isto a mensagem sendo passada pela fotografia. Para
concluir o raciocínio e seguir com o texto, Berger faz a seguinte afirmação: “A
fotografia é o processo de tornar a observação consciente de si mesma”.
Em seguida, para distanciar ainda mais a fotografia das belas-artes, Berger
afirma que a composição em si, em seu puro sentido, não pode ser aplicada à
fotografia — diferentemente da pintura, por exemplo. De acordo com ele, o que
define se uma fotografia pode ser explicável ou não é o conhecimento prévio do
espectador, tirando ainda mais o valor da composição como algo explicativo (?) na
fotografia. E então, o autor joga o questionamento sobre como o fotógrafo contribui,
então, para o significado da fotografia a qual decidiu registrar.
A resposta para a questão acima é dada no decorrer do texto, quando o autor
explica que o significado/conteúdo de uma fotografia não vem de sua forma mas do
entendimento daquele que a vê; quando ele compara com a pintura, que possui
referências internas à ela, como uma interpretação do mundo em sua própria
linguagem, enquanto que a fotografia não possui linguagem própria e todas as suas
referências são externas (Berger usa o termo continuum para se referir a isso).
Berger aponta o fator temporal das pinturas, o qual não pode ser manipulado, e diz
que a eficácia de uma fotografia se dá quando esta revela tanto aquilo que está
presente nela quanto aquilo que não está, além de revelar a importância de levar
em conta o espectador.
Com as próprias palavras de Berger: “A medida com a qual eu acredito que
valha a pena olhar para isto pode ser aquilatada por tudo que eu intencionalmente
não estou mostrando, porque já está contido nisto”. E o texto é então concluído com
o entendimento de que, de fato, a fotografia não se encaixa entre as belas-artes
(ressaltando a importância da luta ideológica), e que esta pode ser usada como uma
arma (arma esta que pode até mesmo ser usada contra nós).

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