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Conhecimento no
Setor Público
Módulo
1 A Gestão do conhecimento
na era do conhecimento
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Presidente
Diogo Godinho Ramos Costa
Conteudista
Elaine Lucia da Silva, (conteudista, 2021)
Equipe responsável:
Iara da Paixão Corrêa Teixeira (coordenadora, 2021)
Paula Alves Tavares (coordenadora, 2021)
Cindy Nagel Moura de Souza (revisão textual, 2021)
Israel Silvino Batista Neto (diagramação e produção gráfica, 2021)
Fernando Gianelli Constancio (desenho instrucional e implementação Articulate, 2021)
Danielle Alves de Oliveira Tabosa (implementação Moodle, 2021)
Enap, 2021
Referências ..................................................................................... 20
Este curso tem o objetivo de fornecer subsídios teóricos e boas práticas aos servidores públicos
para a implementação da gestão do conhecimento e consolidação dos processos nas instituições
públicas.
Neste primeiro módulo serão abordados conceitos importantes para a compreensão da gestão
do conhecimento, bem como os objetivos, os benefícios e os desafios para o setor público no
contexto da gestão do conhecimento. Além disso, na última unidade, você assistirá a um vídeo
em que será explicada a relação entre o conhecimento e a era do conhecimento.
Apresentação e boas-vindas
Apresentação e boas-vindas
Assista ao vídeo de apresentação do curso.
CLIQUE PARA ASSISTIR >
No período compreendido entre o século XVIII e meados do século XIX, a sociedade passou por
ciclos teóricos econômicos distintos, destacando-se a era agrícola, a revolução industrial, a era
fordista e, atualmente, a era do conhecimento.
Veja a figura 1 que representa a evolução dos ciclos econômicos ao longo do tempo.
Castells (1999), autor do livro A era da informação: economia, sociedade e cultura, apresenta um
novo modo de desenvolvimento caracterizado como informacionalismo. Para o autor, esse modo
de desenvolvimento faz com que a informação e o conhecimento sejam, simultaneamente, a
fonte de produtividade e do produto gerado. Castells (1999) ressalta que o desenvolvimento, a
incorporação de inovações tecnológicas e o conhecimento vão continuar mudando radicalmente
o mundo, moldando a economia e a indústria dos próximos anos.
Tivemos ao longo do tempo algumas mudanças no modelo gestão e com isso a transformação
no foco do modo de gerir uma organização. Em um primeiro momento, as empresas obtinham
vantagem sobre as outras, por meio de mão de obra barata, padronização de processos e
produção em massa. Atualmente, temos um cenário diferente, em que o foco está na qualidade
da informação, na infraestrutura dos dados e na customização de produtos e serviços.
Para compreender esse contexto de transformações, veja o infográfico que apresenta a evolução
da gestão do conhecimento, um ativo intangível.
1959
Peter Drucker utilizou o termo trabalhador do conhecimento.
1962
Marshall McLuhan antecipou o conceito da internet ao dizer que as tecnologias da informação
iriam interligar os povos como uma aldeia global.
1966
Michael Polanyi estabeleceu o princípio fundamental do conhecimento tácito, ou seja, a dimensão
tácita do conhecimento, afirmando que: “Sabemos mais do que podemos dizer”.
1980
Alvin Toffler enfatizou que tínhamos entrado na era da informação e do conhecimento, a terceira
onda.
1989 - 1990
Peter Senge lança o livro A quinta disciplina que trata das organizações que aprendem.
1990 - 1991
Nonaka e Takeuchi discorrem sobre a criação do conhecimento nas empresas e a espiral do
conhecimento.
1991
Karl Wiig, um dos pioneiros na gestão do conhecimento, escreve sobre os fundamentos da gestão
do conhecimento.
1992
Peter Drucker considera o conhecimento como principal fator de produção.
1996
Manuel Castells aborda a sociedade em rede.
1998
Karls Sveiby com a utilização do termo ativos intangíveis e Thomas Stewart com o termo capital
intelectual, autor que aborda a identificação e o gerenciamento do ativo mais importante da
empresa: o conhecimento.
2000
Padrões de certificação de conhecimento e inovação.
2001
Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento – criação de um grande fórum de discussão e
estímulo à gestão do conhecimento no Brasil.
2002
Fabio Batista descreve um modelo de gestão do conhecimento em organizações públicas
brasileiras.
2008
A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), após ter lançado o primeiro programa de
pós-graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento do Brasil, cria o Departamento de
Engenharia e Gestão do Conhecimento (dEGC).
2019
A Norma n.o 17025 estabeleceu critérios para implementar o Sistema de Gestão do Conhecimento
(GC).
Estamos a todo tempo falando em gestão do conhecimento, então, vamos agora, verificar como
alguns renomados autores definem conhecimento.
Diante disso, a gestão do conhecimento (GC) pode ser compreendida como um processo cada
vez mais comum nas instituições. Algumas organizações têm visão clara de como incorporá-la
e transformá-la em vantagem competitiva. No entanto, apesar do reconhecimento, nas últimas
décadas, de bibliografia relacionada ao tema, há poucos estudos que relacionam especificamente
como a GC maximiza o desempenho organizacional público.
Atualmente, algumas práticas governamentais têm buscado conferir maior foco em ampliar
o potencial de algumas organizações na atuação dos processos de geração, aquisição e
compartilhamento de conhecimentos desenvolvidos.
Nesse caso, o conceito adaptado de Batista (2012) e Terra (2005) é bastante pertinente. Esses
autores reforçam que uma instituição pública com foco em inovação deve ter objetivos específicos
ao adotar a GC. Veja o que eles dizem:
h,
Destaque,h
Gestão do conhecimento significa o compromisso com a transparência; foco
nos processos em vez da hierarquia; uso e reuso eficaz de informações,
conhecimentos, boas práticas de gestão; visão integradora; uso eficaz de
novas tecnologias de informação e comunicação; e foco nas necessidades
dos cidadãos, por meio do uso e combinação de diferentes fontes e tipos
de conhecimento visando ao desenvolvimento de novas competências para
alavancar a capacidade de inovar.
Afinal, nesta nova era, o conhecimento torna-se protagonista nas organizações, e esse
protagonismo é formado por uma mistura constante de experiências contextualizadas a partir dos
elementos supracitados que, quando misturados à interpretação e à criatividade do profissional,
proporcionam mudanças.
Com o intuito de reforçar esse conceito, é importante compreender que a natureza do dado
permite que ele seja facilmente estruturado, quantificado, transferível e tratado por máquinas.
Quando o dado está fora de contexto, pode não ter um significado, mas quando ele tem um
sentido ou propósito, ele vira uma informação. Logo, a informação necessita de uma análise.
Para tornar-se conhecimento, tal análise requer uma reflexão mais profunda, uma apropriação
da informação que necessita da mente humana para que seja interpretada.
Ao final desta unidade, você irá compreender os objetivos, benefícios e desafios da gestão
do conhecimento no setor público.
O setor público passa por grandes desafios para cumprir a missão de articular e integrar áreas
que atendam às novas demandas voltadas para a capacidade de operar as políticas do país e de
fortalecer seu papel estratégico para a sociedade brasileira.
Tendo como base esse estudo e o resultado de pesquisa realizada em uma organização pública
em Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde apresentamos uma relação que aponta para nove
(9) fatores críticos de sucesso, que listamos a seguir:
A seguir, destacamos alguns fatores críticos de sucesso (FCS) que devem ser observados no
processo de implementação da GC no setor público brasileiro.
Porque entende-se que uma instituição pública de alta complexidade não daria conta
de implementar a GC sem a definição de um escopo.
À medida que avançamos no assunto você deve estar percebendo que a implementação da GC
traz inúmeros benefícios para o setor público. E é isso que abordaremos no próximo tópico.
De acordo com Silva (2019), os principais desafios referem-se a aspectos que foram encontrados
na revisão de literatura em organizações que apoiam a necessidade de implementação de um
modelo de gestão baseado no conhecimento. No entanto, deve se estar atento aos desafios que
poderão ser limitantes nesse processo de implementação, tais como:
Outro exemplo que podemos destacar como um grande desafio para o setor público é a
morosidade da transformação digital nas organizações. Tal processo ainda é feito de forma lenta
e gradual, apesar da necessidade de adaptações devido ao advento da pandemia enfrentada e
dos esforços governamentais para a implantação da política de transformação digital.
No desafio sobre dados abertos x propriedade intelectual, em especial no setor público, verifica-
se que existem aspectos antagônicos, decorrentes de particularidades da administração pública
e do fato de ainda ser um contexto recente. O caráter burocrático da administração pública
remete a um modelo que ainda não contribui para a esperada evolução nos serviços oferecidos.
Sendo assim, entende-se a preocupação na adoção de uma política de ciência aberta que não
afete a complexidade da cadeia de inovação até se tornar uma patente e atenda às expectativas
da sociedade, principalmente no sentido de ampliar a transparência. Ainda há o desafio de
como implementar uma política de dados abertos com pouca gestão dos dados e dos registros,
realidade da maioria das instituições públicas brasileiras.
Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer as relações entre conhecimento e
a era do conhecimento.
No vídeo que você acabou de assistir foi falado acerca do mundo VUCA. Para
saber mais sobre esse assunto, assista ao vídeo Vuca Oficial, que aborda o
conceito VUCA de forma objetiva e criativa.
Referências
ALVARENGA NETO, Rivadávia Correa Drummond. Gestão do conhecimento em organizações:
proposta de mapeamento conceitual integrativo. 2008. Tese (Doutorado em Ciência da
Informação) – Escola de Ciência da Informação, Universidade Federal de Minas Gerais, Minas
Gerais, 2008.
CASTELLS, Manuel. A era da informação: economia, sociedade e cultura. São Paulo: Editora Paz
e Terra, 1999.
CHOO, Chun Wei. Organização do conhecimento: como as organizações usam a informação para
criar significado, construir conhecimento e tomar decisões. São Paulo: Editora Senac São Paulo,
2003.
GARVIN, David A. Building a learning organization. Harvard Business Review, v. 71, n. 4, p. 78-91,
1993.
SENGE, Peter. A quinta disciplina: arte, teoria e prática da organização de aprendizagem. São
Paulo: Best Seller, 1990.
SVEIBY, Karl Erik. A nova riqueza das nações: gerenciando e avaliando patrimônios de
conhecimento. Rio de Janeiro: Campus, 1998.
TERRA, José Cláudio C. Gestão do conhecimento: o grande desafio empresarial. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2005.