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SUMÁRIO
1. Introdução...........................................................................................................3
3. Consulta do adolescente.....................................................................................7
Anamnese...................................................................................................................... 7
Exame físico................................................................................................................ 11
Acompanhamento....................................................................................................... 13
4. Aspectos éticos.................................................................................................15
5. Promoção à saúde.............................................................................................17
Referências.........................................................................................................................20
1. INTRODUÇÃO
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), adolescência compreende o
período de vida entre 10 e 20 anos incompletos, caracterizado por importantes trans-
formações físicas – crescimento como um todo e surgimento da puberdade, eviden-
ciada pelos caracteres sexuais secundários – reorganização psíquica, peculiaridades
afetivo-sexuais, comportamentais, socioculturais, espirituais, com busca de projetos
de vida e outra percepção do mundo. Já de acordo com o Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA), a adolescência engloba jovens entre 12 e 18 anos.
Mesmo reconhecendo que na adolescência o critério cronológico perde importân-
cia, para que se possa compreender a evolução do processo, é interessante analisar
o desenvolvimento dividido por idade: adolescência inicial – dos 10 aos 13 anos;
adolescência média – dos 14 aos 16 anos; adolescência final – dos 17 aos 20 anos.
A adolescência inicial é um período marcado pelo rápido crescimento e pela en-
trada na puberdade; a adolescência média caracteriza-se pelo desenvolvimento in-
telectual e pela maior valorização do grupo, e na adolescência tardia consolidam-se
as etapas anteriores e o adolescente se prepara para assumir o mundo adulto. Na
última fase, se todas as transformações tiverem ocorrido conforme previsto nas fa-
ses inicial e média, incluindo a presença de suporte familiar e do grupo de iguais, o
adolescente estará pronto para as responsabilidades da idade adulta.
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Desenvolvimento psicossocial do adolescente
Preocupação com as
Aceitação do corpo;
Imagem mudanças puberais; Aceitação das mudanças
Preocupação em torná-lo
corporal Insegurança com a puberais
mais atraente
aparência
Vocação realística e
Desenvolvimento da
prática;
inteligência; Desenvolvimento da
Refinamento dos valores
Aumento do mundo da habilidade intelectual;
sexuais, religiosos e
Identidade fantasia; Onipotência;
morais;
Vocação idealizada; Comportamentos de
Habilidade para assumir
Privacidade; risco
compromissos e para
Impulsividade
aceitar limites
Adolescência inicial
Adolescência média
• 10 – 13 anos
• Crescimento rápido • 14 – 16 anos Adolescência tardia
• Entrada na puberdade • Desenvolvimento
intelectual • 17 – 20 anos
• Maior valorização • Consolidação das
de grupo etapas anteriores
• Preparação para
assumir mundo adulto
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2. PRINCIPAIS AGRAVOS À SAÚDE
Para atender adolescentes, é preciso também conhecer as causas prevalentes de
morbidade e mortalidade entre jovens, para que o profissional de saúde esteja preparado
para lidar com situações e agravos evitáveis, com uma perspectiva de curso de vida.
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Figura 2: As dez principais causas de anos de vida perdidos ajustados para deficiência entre
adolescentes.
Fonte: Autoria Própria
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MAPA MENTAL: PRINCIPAIS QUEIXAS NA CONSULTA DO ADOLESCENTE
Crescimento e
desenvolvimento
Alterações metabólicas
Saúde mental
e alimentares
Dificuldades de
Queixas Cefaleia e outras dores
relacionamento
3. CONSULTA DO ADOLESCENTE
A consulta é um momento privilegiado de comunicação com o adolescente e deve
acontecer em um clima que inspire confiança, respeito e sigilo. O adolescente tam-
bém precisa ser receptivo ao processo. É essencial deixar bem claro desde o início
que o paciente é a figura central, dirigindo-se sempre a ele.
Anamnese
Esse momento da consulta consiste na coleta de informações sobre o paciente,
familiares e o ambiente onde vive. É importante que seja ampla e aborde os aspec-
tos físicos, psíquicos, sociais, culturais, sexuais e espirituais do adolescente. Do
ponto de vista didático, pode-se dividir a anamnese em três ou mais momentos: en-
trevista com paciente e familiares juntos, entrevista com o paciente a sós e retorno
para paciente e pais/responsáveis.
• Motivo da consulta – nem sempre é uma patologia, mas uma situação ou agra-
vo, (ex: queda no rendimento escolar, “timidez excessiva”);
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• Histórico da situação atual e pregressa do paciente, incluindo agravos e
doenças;
• Estado vacinal (verificar o cartão de imunizações);
• Dados da gestação, parto e condições de nascimento, e peso ao nascer;
• Hábitos alimentares (horário das refeições, quantidade e qualidade dos nutrien-
tes, hábitos de guloseimas);
• Condições de habitação, ambiente e rendimento escolar, exposição a ambien-
tes violentos, uso de tecnologia da informática (tempo em celular, games,
computador);
• História familiar – refere-se à configuração, dinâmica e funcionalidade: com
quem o(a) adolescente mora, situação conjugal dos pais e consanguinida-
de, outros agregados na residência, harmonia ou situações conflituosas no
ambiente.
• Não se esquecer de obter dados sobre o sono, lazer, atividades culturais, exercí-
cios físicos e religião.
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• Tempo de exposição às telas digitais – celulares, notebooks, televisão e
videogames.
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Exemplo de abordagem pelo protocolo HEEADSSS conforme a sigla,
significado e indagações sugeridas
Já fez dieta?
E (Eating Disorders): Distúrbios
Gosta de seu corpo?
alimentares
Está contente com seu peso e altura?
Já “ficou”?
Está apaixonado/a?
S (Sexuality): Sexualidade Divide sua intimidade corporal com alguém?
Já teve relações sexuais? Com pessoas de sexo oposto, mesmo sexo, ou
tanto faz?
Fonte: Consulta do adolescente: abordagem clínica, orientações éticas e legais como instrumentos ao
pediatra, 2019
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Exame físico
O exame clínico completo é um dos pilares do processo de diagnóstico e trata-
mento, e uma forma de avaliar objetivamente as queixas do adolescente. Exige abso-
luta privacidade, local adequado, se possível em sala próxima à da anamnese. Deve
ser realizado preferencialmente no sentido craniocaudal, de forma segmentada, sem-
pre cobrindo a região que não está sendo examinada. Torna-se prudente, e recomen-
dável, a presença de uma terceira pessoa, que pode ser alguém da área da saúde ou,
se o adolescente preferir, alguém de sua estrita confiança.
O exame deve ser realizado com a máxima discrição e a sua explicação prévia do
passo a passo é importante para tranquilizar e diminuir temores. Além da ansieda-
de frente ao manuseio do corpo, não raro o adolescente encontra-se ansioso ante a
perspectiva de achados anormais. Assim, é desejável que o profissional responda a
essa expectativa, revelando o que está normal durante a avaliação.
O exame físico também funciona como boa oportunidade de o profissional
abordar temas educativos com o paciente, como por exemplo, a orientação do au-
toexame das mamas, avaliação do genitais e pilificação. No caso de adolescentes
masculinos, orientar quanto à importância de avaliar a consistência e tamanho de
seus testículos, como também a eventual presença de ginecomastia.
Roteiro do exame físico:
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Estadiamento puberal
Estadiamento puberal
M2 – Broto mamário. Forma-se uma saliência pela elevação da aréola e da papila. O diâmetro da aréola au-
menta e há modificação na sua textura. Há pequeno desenvolvimento glandular subareolar.
M3 – Maior aumento da mama e da aréola, sem separação dos seus contornos. O tecido mamário extrapola
os limites da aréola.
M4 – Maior crescimento da mama e da aréola, está formando uma segunda saliência acima do contorno da
mama (duplo contorno).
M5 – Mama de aspecto adulto, em que o contorno areolar novamente é incorporado ao contorno da mama.
G2 – Aumento inicial do volume testicular (3 a 4 mL). Pele do escroto muda de textura e torna-se avermelha-
da. Aumento do pênis pequeno ou ausente.
P1 – Ausência de pelos púbicos. Pode haver uma leve penugem, semelhante à observada na parede
abdominal.
P2 – Aparecimento de pelos longos e finos, levemente pigmentados, lisos ou pouco encaracolados, ao longo
dos grandes lábios e na base do pênis.
P3 – Maior quantidade de pelos, agora mais grossos, escuros e encaracolados, espalhando-se esparsamente
na região púbica.
P4 – Pelos do tipo adulto, cobrindo mais densamente a região púbica, mas sem atingir a face interna das
coxas.
P5 – Pilosidade púbica igual à do adulto, em quantidade e distribuição, invadindo a face interna da coxa.
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Figura 3: Estadiamento sexual masculino: genitais (G) e pelos (P) e
estadiamento sexual feminino: mamas (M) e pelos (P).
Fonte: Autoria Própria.
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Acompanhamento
Quanto ao acompanhamento do crescimento e desenvolvimento puberal, sugere-
-se realizar consultas em intervalos de acordo com a fase em que se encontra o/a
paciente, como descritos na tabela a seguir. No caso de alterações (estatura baixa
ou elevada, maturação tardia ou antecipada), os intervalos de retorno serão definidos
pelo profissional, conforme a necessidade do caso.
Aceleração De 4 em 4 meses
• Exame completo
• Presença de terceira pessoa
Exame físico
• Abordagem de temas
educativos
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4. ASPECTOS ÉTICOS
A consulta do adolescente deve ocorrer em clima de confiança, respeito, sigilo
e autonomia. Com a evolução dos tempos, a nova ética reconhece que o jovem rei-
vindique sua posição de indivíduo autônomo responsável e capaz de avaliar seus
problemas e optar sobre procedimentos médicos – diagnósticos terapêuticos e pro-
filáticos – assumindo sua responsabilidade sobre o tratamento proposto.
O princípio da autonomia sugere que, em determinadas circunstâncias, a única
pessoa que tem direito de escolher o que for mais conveniente para si mesma é o
próprio adolescente. Foi assim que surgiu, após muitos conflitos, o conceito do me-
nor maduro, isto é, o indivíduo que tem desenvolvimento cognitivo, intelectual e emo-
cional suficiente para compreender os benefícios e os riscos do tratamento proposto
e as condutas a serem tomadas e discutidas durante a consulta. É evidente que esse
conceito é critério subjetivo.
O médico deve, portanto, decidir se seu paciente é ou não menor maduro; se ele
for julgado como tal, o adolescente terá autonomia para dar seu assentimento à as-
sistência ou recusá-la, mesmo à revelia dos pais, devendo constar no prontuário. A
decisão do médico sempre prevalecerá; assim, sua preocupação será maior ainda.
O termo de assentimento é dado por adolescentes ainda não totalmente capazes
para tomar decisões sobre sua vida futura. O termo de consentimento é fornecido
por pessoas adultas já totalmente capazes para tomar decisões.
A participação da família no processo de atendimento do adolescente é desejável,
mas os limites desse envolvimento precisam ficar claros para a família e para o jo-
vem. O adolescente deve ser incentivado a envolver sua família na solução de seus
problemas, entretanto, a ausência dos pais ou responsáveis não deve impedir seu
atendimento médico em consulta inicial ou nos retornos.
O adolescente mais jovem, de 10 a 14 anos, frequentemente ainda não tem ca-
pacidade de assumir todas as responsabilidades, de modo que não poderá ser visto
sozinho durante toda a consulta. Deve-se perguntar-lhe se a mãe ou outro responsá-
vel poderia entrar, e geralmente a resposta é positiva. Ele pode, se desejar, entrar no
início da consulta com o responsável e, depois, ficar sozinho.
É preciso que fique claro ao jovem que nada será tratado com seus pais/respon-
sáveis sem que ele seja informado previamente, mesmo quando é preciso romper
o sigilo, conscientizando-o da importância de informar determinadas situações.
Segredos íntimos próprios da adolescência não requerem quebra de sigilo, havendo
necessidade de informar se houver riscos à saúde ou integridade de vida do cliente
ou de terceiros.
Situações consideradas de risco, como gravidez, abuso de drogas, não adesão
a tratamentos recomendados, doenças graves, risco à vida ou à saúde de tercei-
ros, e na realização de procedimentos de alguma complexidade ou risco, como
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intervenções cirúrgicas e uso de anestésicos, tornam-se necessários a participação
e o consentimento dos pais ou responsáveis.
Em todos esses casos que caracterizam a necessidade de quebra de sigilo médi-
co, o adolescente deve ser informado anteriormente, justificando-se os motivos para
essa atitude.
Saiba mais! O Código de Ética Médica, art. 74, reforça o art. 103
dos códigos de ética anteriores, e diz que é vedado ao médico:
“Revelar sigilo profissional relacionado a paciente menor de idade, inclusive a
seus pais ou representantes legais, desde que o menor tenha capacidade de
discernimento, salvo quando a não revelação possa acarretar dano ao pacien-
te.”
Fonte: Conselho Federal de Medicina. Código de Ética Médica: Resolução CFM
nº 2.217, de 27 de setembro de 2018, modificada pelas Resoluções CFM nº
2.222/2018 e 2.226/2019. Brasília: 2019.
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MAPA MENTAL: ASPECTOS ÉTICOS
!
Menor maduro: indivíduo que tem
desenvolvimento cognitivo, intelectual e
emocional suficiente para compreender os
benefícios e os riscos do tratamento proposto
e as condutas a serem tomadas e discutidas
durante a consulta.
Termo de assentimento x
Termo de consentimento
!
! Sigilo médico
5. PROMOÇÃO À SAÚDE
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socialização. No entanto, deve-se alertar quanto à necessidade do adequado condi-
cionamento físico antes de exercícios ou práticas esportivas, bem como do uso de
equipamentos de proteção no caso da prática de esportes radicais.
Os adolescentes deverão receber esclarecimentos sobre cuidados com a saúde
oral e sobre hábitos nutricionais adequados, incluindo os benefícios de uma alimen-
tação saudável e da manutenção do peso ideal.
As consultas são momentos privilegiados para o aconselhamento de práticas se-
xuais responsáveis e seguras. O uso de preservativo deve ser enfatizado como práti-
ca indispensável na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e de infecção
pelo HIV. Essa é também uma oportunidade de esclarecimento de dúvidas, de con-
versar sobre a importância do afeto e do prazer nas relações amorosas e para alertar
sobre situações de risco para violência e/ou exploração sexual.
Outros assuntos importantes são as dificuldades escolares e no trabalho. Essa
abordagem deverá ser desenvolvida de forma criativa, não se revestindo de um cará-
ter inquisitivo.
A utilização de materiais educativos é de grande ajuda no desenvolvimento de
ações preventivas. Cabe ressaltar, entretanto, a importância da prévia adequação
destes às realidades locais para que se alcancem os objetivos propostos.
A Caderneta de Saúde de Adolescentes, nas versões masculina e feminina, foi de-
senvolvida pelo Ministério da Saúde para ser um instrumento de apoio aos profissio-
nais, adolescentes e famílias, objetivando a promoção da saúde e do autocuidado,
devendo ser utilizada desde o início da adolescência, a partir dos 10 anos.
Contém gráficos das curvas de crescimento, espaço para registro das medidas an-
tropométricas e dos estágios de maturação sexual, das intervenções odontológicas,
calendário vacinal, períodos menstruais. Possui ainda informações em linguagem
prática sobre questões comuns: acne, amizades e afeto, alimentação, colocação do
preservativo masculino, calendário para registro dos ciclos menstruais, ente outros.
Imunização
Saúde oral
Hábitos nutricionais
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MAPA MENTAL – ADOLESCÊNCIA
Paciente + familiares
DEFINIÇÃO
Retorno: Paciente +
ÉTICA CONSULTA
familiares
PROMOÇÃO À SAÚDE
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REFERÊNCIAS
Sociedade Brasileira de Pediatria. Tratado de pediatria. 4. ed. Barueri: Manole, 2017.
Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento Científico de Adolescência.
Consulta do adolescente: abordagem clínica, orientações éticas e legais como ins-
trumentos ao pediatra. N. 10, jan. 2019.
Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações
Programáticas e Estratégicas. Proteger e cuidar da saúde de adolescentes na aten-
ção básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2017.
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