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Definições de Termos e Conceitos

Não se pode falar de Processo de ensino-aprendizagem sem antes falar do termo


Ensino e Aprendizagem

Aprendizagem

É definida por “Jean Piaget” como aquela cujo o resultado é adquirido em função
do raciocínio físico (inteligência proveniente da nossa maneira de agir), lógico-
matemático (inteligência que não provém das eventualidades da sociedade adulta,
mas de uma reconstrução racional acessível a toda inteligência sem defeito) ou dos
dois. (PIAGET, 1969)
A palavra Aprendizagem ou Aprendizado vem do Latim APPREHENDERE, “agarrar,
tomar posse de”, de AD-, “a”, mais PREHENDERE, “pegar, agarrar”. O sentido
metafórico é “agarrar com o conhecimento, com a mente”.

Os objetivos da aprendizagem são classificados em: domínio cognitivo (ligados a


conhecimentos, informações ou capacidades intelectuais); domínio afetivo,
(relacionados a sentimentos, emoções, gostos ou atitudes); domínio psicomotor
(que ressaltam o uso e a coordenação dos músculos).

No domínio Cognitivo temos as habilidades de memorização, compreensão,


aplicação, análise, síntese e a avaliação.

No domínio Afetivo temos habilidades de recetividade, resposta, valorização,


organização e caracterização.

No domínio Psicomotor apresentamos habilidades relacionadas a movimentos


básicos fundamentais, movimentos reflexos, habilidades preceptivas e físicas e a
comunicação não discursiva.

Ensino

Israel scheffer caracteriza o ensino como uma atividade cujo propósito é a


realização da aprendizagem, sendo praticado de maneira a respeitar a integridade
intelectual do aluno e sua capacidade de fazer juízos independentes. (SCHEFFLER,
1971)
Ensinar significa dar lições, educar. A palavra vem do Latim INSIGNARE, aonde IN
quer dizer “com” e SIGNARE quer dizer “marcar, apontar, indicar assinalar”
O Processo de Ensino-Aprendizagem

Segundo Fátima Addine Fernandez, o processo de ensino-aprendizagem é uma


integração dialética entre o instrutivo e o educativo que tem como propósito
essencial contribuir para a formação integral da personalidade do indivíduo.
(fernández, 1998)
O instrutivo é um processo de formar homens capazes e inteligentes. Entendendo
por homem inteligente quando, diante de uma situação ele seja capaz de enfrentar e
resolver os problemas, de buscar soluções para resolver as situações. Ele tem que
desenvolver sua inteligência e isso só será possível se ele for formado mediante a
utilização de atividades lógicas
O educativo se logra com a formação de valores, sentimentos que identificam o
homem como ser social, compreendendo o desenvolvimento de convicções, vontade
e outros elementos da esfera volitiva e afetiva que junto com a cognitiva permitem
falar de um processo de ensino-aprendizagem que tem por fim a formação
multilateral da personalidade do homem.
É no processo da educativo aonde ensina-se o indivíduo a saber ser perante a
sociedade. Nesta fase forma-se uma personalidade, por isso deve começa muito
cedo.
Freud sustentava que as primeiras experiências na infância moldavam a
personalidade, por isso o mesmo acreditava que as três primeiras fases (estádio
oral, estádio anal e estádio fálico), as relacionadas aos primeiros 5 anos de vida
cruciais para o desenvolvimento da personalidade.
Já no processo da instrução é aonde consequentemente ensina-se o indivíduo a
saber fazer. Nesta fase (estádio de latência e estádio genital) segundo Freud, já não
existe nenhum conflito de maturidade no plano afetivo, por e simplesmente o
individuo centra a sua capacidade no mundo físico e social.

Portanto podemos dizer que o processo de ensino-aprendizagem começa desde


tenra idade, até aos níveis mais altos do saber.
Cultura

Este é um termo complexo. Ou seja, é um termo com muitas definições quanto as


pessoas que o definem.
Mas o que significa cultura?
Em primeiro lugar, cultura pode ser entendida num sentido bem amplo como o
conjunto de práticas pelas quais homens e mulheres agem sobre e transformam o
que está na natureza, tornando-se corresponsáveis com a natureza pelo mundo
humano e pela humanidade que constroem
Segundo, quer dizer que cultura é a forma de viver dos humanos em grupos sociais
e, ao mesmo tempo, a forma de viver em grupos sociais específicos.
Assim, no primeiro caso, você pode pensar em cultura no singular, como aquilo
que diferencia homens e mulheres de outros seres, como os animais, por exemplo.
Já no segundo caso, você pode pensar em culturas, no plural, como o que
diferencia grupos sociais entre si. Mas, não pode deixar de notar que esses
conceitos e diferenciações são criados pelos próprios homens que aprenderam a
pensar numa dada cultura!
Marilena Chaui, define Cultura como a criação coletiva de ideias, símbolos e
valores pelos quais uma sociedade define para si mesma o bom e mau, o belo e o
feio, o justo e o injusto, o verdadeiro e o falso, o puro e o impuro, o possível e o
impossível, o inevitável e o casual, o sagrado e o profano, o espaço e o tempo.
(CHAUI, 2000).
Com esses três significados podemos perceber que cada um de nós, homens e
mulheres, fazemo-nos humanos quando produzimos e adquirimos cultura; quando
aprendemos e construímos nosso modo de viver socialmente. Por isso, o tornar-se
humano é, ao mesmo tempo, tornar-se natural e cultural. Tem a ver com
transformações biológicas do nosso corpo como, por exemplo, as funções psíquicas
(pensar e significar, que se desenvolvem na espécie humana e em cada homem e
mulher) que nos tornam capazes de criar, de conservar e de transformar nosso jeito
de viver. E tem a ver, também, com as transformações no próprio jeito de viver, que
contribuem com a transformação das condições biológicas (naturais) de existência.
Isso se dá quando, por exemplo, inventamos máquinas para trabalhar e pensar por
nós.
Um povo com cultura é um povo dependente, seguro emocionalmente, socialmente
e espiritualmente.
Identidade

É termo de origem latina, formado a partir do adjetivo “idem” (com o significado de “o


mesmo”) e do sufixo “-dade” (indicador de um estado ou qualidade). Como tal, a
etimologia desta palavra conduz à sua aplicação como qualificadora daquilo que é
idêntico ou o mesmo, sendo, portanto, identificadora de algo que permanece.
(DICIONÁRIO DE LÍNGUA PORTUGUESA).
Também pode ser definida como o conjunto de caracteres particulares, que
identificam uma pessoa, como nome, data de nascimento, sexo, filiação, impressão
digital etc.
1. Conceito histórico da influência portuguesa no sistema
educacional angolano.

Em 1482 quando os portugueses atravessaram pela primeira vez o rio Zaire,


depararam-se com grandes estados dominantes da região completamente
estruturados e organizados. Isto mostrou aos portugueses que os territórios
africanos, propriamente o atual território angolano já havia uma educação formal,
tanto mais que depois de se infiltrarem em M’Banza Congo, levaram alguns dos
mestres para ministrar aulas de Humanidades* na metrópole.
Outros, infelizmente caíram na emboscada de Diogo Cão, autorizado pelo rei
Nzinga Nkuwu (João I do Congo, nome atribuído após o batismo cristão) e foram
levados para Portugal para serem educados (como se não fossem), instruídos e
consequentemente batizados pela fé cristã.
Depois de destruírem todas evidências, quer sejam culturais e/ou sociais os
portugueses tomaram as rédeas de Angola. Cada vez mais chegavam cidadãos
oriundos de Portugal com o objetivo de dominar. Vinham missionários, padres e
navegadores de todos os Cantos de Portugal.
A colónia portuguesa teve inicio entre o século XV-XVI, aonde em 1845 foi
instituída no atual território Angolano uma estrutura oficial de ensino português. Daí
criou-se o primeiro liceu angolano, o liceu Central de Luanda (atual Magistério Mutu-
ya-kevela), em 22 de fevereiro de 1919.
as escolas inicialmente eram apenas para filhos dos Europeus Porém, Houve
a necessidade de se educar mais homens para melhorarem a suas produções.
É quando se criou também escolas de influência europeia para um número ínfimo de
crianças africanas, mas tudo baseado nos critérios Católico-Português.

Figura 1
Estas escolas eram compostas por missionários, padres e mestres africanos
transformados em Portugal para o mesmo fim-desestruturar espiritualmente o
africano com o fim de lhe tornar um escravo para sempre.

Algo que a população africana nunca deve esquecer é que o colonialismo


europeu nunca esteve tão preocupado na população africana, como esteve com os
nossos territórios e as nossas riquezas. E caso um individuo africano fosse de seu
interesse, era apenas como um produtor ou mão-de-obra.
E até a data em que apresento este trabalho o sistema de ensino dado aos
nossos irmãos, aos nossos filhos, a mim e a si é influenciado nos critérios greco-
romanos, com o mesmo fim de antes.
O sistema educacional criado pelos portugueses exclusivamente para Angola não
nos ensina a pensar fora da caixa, nos ensina a ser excelentes trabalhadores e
dependentes de uma remuneração sólida e permanente. Nos tornamos tão
dependentes que hoje maior parte da juventude, empregada ou não, quer ingressar
no estado porque sempre ouviu que só aí existe segurança.

Segundo o relatório sobre Emprego 2015/2016, divulgado pelo INE e realizado com
a participação do MINSA e do atual MEP, 46% dos jovens com idades entre os 15 e
os 19 anos estão desempregados, percentagem que "mostra a situação de carência
dos jovens, sem existir grandes diferenças entre homens e mulheres".
O estudo, citado pela agência Lusa, refere também que, no período em análise,
apenas 33% dos desempregados procuravam emprego - 18% um novo emprego e
16% o primeiro emprego.
Os dados apresentados pelo INE indicam ainda que 36% da população
desempregada entre 15 e 24 anos não estava a frequentar a escola.
A análise do fenómeno do desemprego a nível provincial revela que a Lunda-Sul é a
província com a taxa mais elevada (40%), seguida de perto por Cabinda (37%).
Seguem-se o Moxico (31), Luanda (25%)e o Cuando Cubango (23%).
No extremo oposto estão as províncias do Cuanza-Sul e Bié, com 8% de taxa de
desemprego cada. (JORNAL, 2017)

As informações são antigas e podiam muito bem ser recentes, mas se antigamente
era assim, imagina os dias de hoje?
As coisas continuam pior e se houve mudanças, elas não refletem aos olhos dos
angolanos.
1.1 A cultura como reentrante identitário no processo de
ensino-aprendizagem.

“Hoje de tanto nos separarem do leite da nossa Mãe (cultura), nos


acostumamos com o peito da Madrasta e achamos que fez um favor em
amamentar-nos”. (Hardware Milonga)
A cultura africana, embora tenha Deus como sustentáculo, assenta na
comunicação com os espíritos. Em resultado dessa ação cada povo tem a sua
identidade, mas semelhantes nas suas manifestações.
Cada cultura inventa seu modo de relacionar-se com o tempo, de criar sua
linguagem, de elaborar seus mitos e suas crenças, de organizar o trabalho e as suas
relações sociais, de criar as obras de arte e de pensamento. Cada uma, em
decorrência das condições históricas, geográficas e políticas em que se forma, tem
seu modo próprio de organizar o poder e a autoridade, de produzir seus valores. É a
única forma de nos comunicarmos com os nossos ancestrais, os nossos
antepassados. É a chave para o regresso às nossas origens, aos nossos hábitos e
costumes, as nossas decisões e a nossa espiritualidade.
Segundo o Professor Cheikh Anta Diop (citado por Felipe A. Vidal) a
identidade de um povo se vê em três aspetos:
Identidade histórica (um povo tem que ter uma história comum);

Identidade psicológica (um povo tem que ter uma psique coletiva com hábitos e
costumes comuns).
Identidade linguística (um povo tem que ter uma língua comum que lhes conecta
com o seu meio).
Voltando a realidade angolana, os aspetos citados se fazem sentir neste povo?
A reposta é não. Por este motivo apresento algumas formas de como a arte pode
influenciar no retorno à nossa cultura.

Vou falar propriamente de três manifestações artísticas: a Musica, o Teatro e a


Pintura.
Música,
A música é algo que está sempre associada à cultura e às tradições de um povo e
de sua época. Além de ser facilitadora do processo ensino-aprendizagem, pode
também favorecer a ampliação e transmissão da cultura de forma descontraída. A
musicalidade sempre esteve presente em todos os momentos da vida, mesmo até
na morte. Ela atua como um elo entre as gerações de uma mesma família e entre
membros da comunidade.
A música além de ser um importante recurso didático, contribui de várias formas
para tornar o ambiente mais agradável, colaborando com a socialização do grupo, o
desenvolvimento da audição, a sensação, o sentimento, a fala e a motricidade,
considerando que o individuo já tem contato com a música antes mesmo do seu
nascimento.

Podemos destacar que estudos comprovam que a música exerce grande influência
no desenvolvimento humano: físico, mental, social, emocional e espiritual, podendo
ser considerada um agente facilitador do processo educacional.
A utilização da música no ensino, envolve diretamente o trabalho com o corpo, a
mente e mobiliza as emoções de diferentes maneiras, mas para que haja um
trabalho efetivo relacionado à musicalização é necessário que o artista busque
meios para compreender a sua importância e oportunize os ouvintes um encontro
interativo com os diferentes sons.

Por isso é de extrema responsabilidade dos artistas apostar nas músicas infantis
em línguas nacionais, uma vez que é por meio da língua que a cultura se constitui
e é difundida e é também por meio dela que ocorrem os processos de identificação.
A linguagem segundo CHAUÍ é nossa via de acesso ao mundo e ao pensamento,
ela nos envolve e nos habita, assim como a envolvemos e a habitamos .
Mas é impressionante ser angolano e nunca ter ouvido o hino nacional em uma
língua nacional. Parece que existe uma certa vergonha dos nossos conceituados
artistas em fazê-lo. Isto remete a seguinte questão, porque será que um país
independente continua dependente d’um hino nacional em português?
Nós ainda continuamos presos na exploração do homem pelo homem, no
colonialismo europeu porque inconscientemente aprendemos a ser obedientes,
dependentes e domináveis. Fomos e continuamos a ser enfraquecidos por práticas
hipnóticas bem elaboradas em livros usados em instituições de ensino.
Hoje já nem conseguimos ver as raízes desse mal, achamos normal não saber a
nossa origem.
Por isso os músicos devem ao máximo divulgar as nossas línguas de origem
para inconscientemente nos trazerem à nossa memória de DNA (memória dos teus
antepassados, de onde você vem).

Teatro
É uma forma de arte na qual um ou vários atores apresentam uma determinada
história que desperta na plateia sentimentos variados.

As contribuições dos jogos teatrais e do teatro na aprendizagem de alunos na


Educação Infantil têm sido observadas no sentido que cada jogo além da função
recreativa tem uma intenção educativa auxiliando no processo de ensino e
aprendizagem dos alunos no seu desenvolvimento. Assim, o teatro e os jogos
teatrais são entendidos como recursos que proporcionam para as crianças o prazer
quando está brincado como também ensinam e educam quando são instigadas
propositalmente por seus educadores no auxilio do desenvolvimento de certas
habilidades em salas de aula.

Dr. Cheikh Anta Diop no seu livro “A ORIGEM AFRICANA DA


CIVILIZAÇÃO” mostra alguns traços de como o homem negro atualmente
desacredita no seu potencial, mostra como a colonização afetou profundamente a
personalidade do africano, especialmente o educado que teve a oportunidade de
tornar-se consciente da opinião pública mundial sobre ele e seu povo.
Muitas vezes acontece que o intelectual africano perde a confiança em suas
próprias possibilidades e nas de sua raça, de tal forma que, apesar da validade das
provas apresentadas no livro, não será surpreendente se alguns de nós ainda
formos incapazes de acreditar que os africanos realmente desempenharam o mais
antigo papel civilizador no mundo.
Isto tudo porquê?
Porque a tal dita educação que recebemos no sistema de ensino africano e
propriamente angolano é espiritualmente voltada a uma realidade já vivida, as
relações de “senhor e escravo” entre Europeus e Africanos no nível social.
A escola no contexto Angolano tem um papel de extrema relevância! Ela
praticamente preenche a nossa trajetória de vida. Entramos na escola a partir dos 5
anos de idade e nunca mais saímos, simplesmente vamos mudando de áreas,
tarefas e cargos. Mas o objetivo continua a ser o mesmo que os que nossos pais
sempre insinuavam quando nos mandavam para a escola - estudem para serem
alguém nesta sociedade.
Mas, no entanto, o Africano jamais precisou da educação Europeia, até
porque sempre fomos educados e bem civilizados, isto muito antes sequer de
Portugal existir como País.
Sabendo deste pormenor o Europeu teve a maléfica ideia de construir -
apesar de toda a verdade histórica - uma lenda de que o Africano havia sempre sido
reduzido à escravidão pela superior raça Branca com a qual ele viveu, onde quer
que possa ter sido. Isto permite aos Europeus facilmente justificar a presença de
Africanos no Egito ou na Mesopotâmia ou Arábia, decretando que eles eram
escravizados. Embora tal afirmação nada mais seja do que dogma concebido para
falsificar a história - aqueles que o avançam estão plenamente conscientes de que é
errôneo -, apesar disso, contribui para alienar a consciência Africana.

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