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tando pequenos
as aspiraçdes
do povo.
não representam
sociais que
m a i s o teatro
c o m o deneca o fazia, cho
encara
Ninguém hoje ha mais funesto para o s ons h
atirmar: " N a d a
gando ao ponto de Os seculos passaram
teatrais .
as representaçoes
costumes que dilatou para novos horizo
a cultura se
as idades se sucederam,
como a r t e e literatura, está mais
teatro cresceu,
se impos
tes e o
ouso dizer ate que se nao atingiu ainda o
nas festas
pags dedicadas a Dionísio e pela sua finalidade. -
loda a arte
"representativa" não pode prescindir do povo,
vendo ate uma frase
"Não se pode
muito comum em crítica dramática, queu diz:
considerar bom teatro a peça
para ser que nao e co
representada". O
funçao do povo, é uma arte teatro feito para o povo,
é em
as
popular, a mais democrática de das
24 DIALOGO DO
ENCENADOR, TEATRO DO POvo,
MISE-EN-SCÉNE E A DONZELA JOANA
Hermilo Borba Filho
seu movimen.
massa, n o ento,
dessa grande
coordenação o que represent
balho de finalmente, para nta
Atente-se,
atitudes. ao povo em um esne
nas suas
iniciativa: a fusao compieta E integraca
essa magnífica nome de teatral. a
ção
dar o
hesito em
táculo ao qual anseios espontaneos
desse povo. RBelo
os
da arte com
absoluta monstros.
devem ser OS espetáculos
harmonia
exemplo de torre-de-marfim, na qual pre-
estamos na epOca da
Jánão mais não pode ficar
arte. O artista
da arte pela
valecia a concepção sofrimento
da
às
humanidade, lutas,
ao
indiferente às aspirações burilando palavras e
fechado em sua arte,
Não pode ficar apático, A função do
sem finalidade.
coisas apenas eruditas,
publicando nacionalidades, lutar pelos
passa, é despertar
artista, na hora que sem subterfúgios para
expondo-o
oprimidos, amenizar o sofrimento,
os remédios.
que mais tacilmente sejam encontrados
dó nazitascismo, a passoS de gigan-
Marchamos, com a derrota
no hesita mais entre a
te, para um mundo melhor. A nossa época
u m a peça como
arte de um Cocteau que lança togos de artitício em
um Ibsen que produ-
Les Chevaliers de la Table Ronde e a arte de
fraude e a mistiti-
ziu Um Inimigo do Povo, protestando contra a
cação: "Mas claro. Tudo me apareceu entao
acabei por ver
nitidamente. E tão fácil de expor. Eis o motivo pelo qual estou hoje
diante dos senhores. Sim, tenho revelações a fazer-lhes. Tenho de
revelar-lhes uma descoberta de muito mais alcance do que o enve
nenamento dos nossos encanamentos de água e do que o estado
um filho
natural (quando na verdade ele é, em literatura, tao im
portante quanto a
poesia, o ensaio, o romance), já estao S
u
26 DIALOGO DO
FNCENADOR, TEATRO DO POVO, MISE
EN-SCÈNE E A
DONZELA JOANA
Hermilo Borba Filho
mãos de
ele andava bem anemico nas
sados em fortalecê-lo, pois Sen-
de segunda categoria.
protissionáis inescrupulosos e atores se
um e n o r m e
interesse e que
teatro está despertando
te-se que o
falar de cabeça
continuar, brevemente poderemos
este interesse
tínhamos produzido de literatura teatral pouco
erguida. O que
valia: u m a s peçazinhas
bem pensadas, outras ape-
Qu quase nada
nos desse mesmo a sensaçao
nas bem escritas, mas nenhuma que
Os Comediantes, no Sul,
e o
da "eternidade do teatro". Surgiram
Os profissionais bem intenciona-
Teatro de Amadores, no Norte.
vontade de emendar a mão,
lançaram-
dos, que sempre tiveram as boas
aventura e veriticaram que
se no que pensavam ser uma
um saldo a fa-
dinheiro quanto as ruins, com
peças davam tanto
vor o engrandecimento da arte.
arte e
O que se quando o teatro como
podia desejar agora,
descober-
representado para o grosso
do público e aceito, seria a
isto é, de assuntos exclusi-
ta do teatro genuinamente brasileiro,
tornar-se-iam universais.
vamente nacionais que, bem tratados,
é arte essencial-
O campo é vasto e inexplorado. O teatro uma
ser construido em
termos de acei-
mente popular e como tal deve
tirados daquilo que o
tação popular. Os seus temas devem ser
entende perfeita-
compreende e é capaz de discutir. A elite
povo
mente.o pensamento de um Strindberg, de um Pirandello, de um
alcance,
nao somente art
de grande
turgo, que
faria obra
Nordeste e um drama de Drins.
também. Todo o
social escravidão do açúcar e o
escravidá
mas
das secas, a
como a tragédia explorado
grandeza,
sotrendo, c o povo sendo éo
cangaceirismo. E o povo
a ele interessam,
dramas do povo, que
qe
ele
São
povo
lutando.
viva, é poesia explodindo pela boca d
compreende. E poesia heróoicas do sertão, das figurac
das figuras
cantadores de ABC
de Zumbi dos Palmares, de Iam.
lendárias de Manuel Izidoro,
no interior, nos acostumamos a ver
nascemos
pião. Nós, os que
cantando Os teitos lendários.
nas feiras dos domingos, os cegos
desses homens que lutam, que amam, que sofrem, que morrem
História do valente
brasileiro precisa ter o seu sertanejo Zé Garcia? O teatro
Eu disse outro João Martins de Ataíde.
dia a um desses
rIga cheia
que estava escrevendo reacionáriós que vivem de Dr
uma Trilogia do
homenzinho arregalou os Nordeste.
Com o olhos e
estranhou
fenómeno do que me preocup 1SSe
lembrando das cangaceirismo em função da arte. me
DIALOGODO NCFNADOR,
TEATR0 DO POV0,
MISE-EN-SCENE EA DONZELA
JOANA
Hermilo Borba Filho
9
DIALOGO DO ENCENADOR, TEATRO DO POVvo, MISE-EN-SCÈNE E A DONZELA JOANA
Hermilo Borba Filho
conseguiu
sacudi-lo a: da
nao
ainda
dramática
alheio. A arte
historias heroicas, passionais, liric líricas,
interessá-lo. E as
apresentá-laas
e
não pôde o poeta va desperta-las
tro, na certeza de
em geral meino
que Ihe estão oferecendo sua àrte
sua arte
adequada. Organizam espetáculos nas
a
plot
no
campo, a porta das igrejas. Fazem praças públicas
pal
excursões, improvisa
S0 DIALOGO DO
ENCENADOR, TEATRO DO POVO,
MISE-EN-SCÈNE E A DONZELA JOANA
Hermilo Borba Filho
na c a r r o c e r i a de
mais à mão: em uma estr1baria,
COs nos lugares
muitas vezes sem cenariOS pro-
um caminhão, em qualquer parte,
sentado na grama, nas calça-
prios. Epovo ouve atento, em pé,
o
amadores e pelos
das. Todo esse movimento é impulsionado pelos
a certeza
estudantes, que tudo dão, recebendo como pagamento
de que estão trabalhandopela educação artística da massa, sen-
do notáveis na América do Norte os " teatros de verão, que saem
honesto e convincente.
das cidades apresentando um repertório
brasileiro vivido fechado nas casas de espetácu-
Oteatro tem
ingenuos a
ponto de pensar que arte. Nao
van 1am
os gregos de séculos atras
32 DIALOGO DO
ENCENADOR, TEATRO Do POVO,
MISE-EN-SCÈNE E A DONZELA JOANA
Hermilo Borba Filho
abar-
de hoje. Entretanto,
os brasileiros
mais compreensão do que
ver as tragédias
de Esquilo, de Sófocles,
r o t a v a m os teatros para
para
Keller quando apresenta sugestões
de Eurípides. Tem razão não saibam
"Não é verdade que eles
do teatro do povo:
-
a propria subsiste
montagem e para
custear as despesas da
para se Ine de, em troca,
uma peca de
do ator, mas não é justo.que
cia e preCiso, antes d
Deve-se partir do principio de que
mau teatro.
provocar um melhor pedido
valorizar uma mercadoria para
tudo, teatro um negocio, segundo
uma arte e o
E lógico que o drama é de queo
mas esta expresso,
uma definição de Clayton Hamilton,
não autoriza os profissiomais mal intenciona-
teatro é um negócio,
"mercadoria". Que diríamOs de um professor
dos a falsificarem a
convence. No sentido
artificialismo que na0
revolucionário de uma nova
russos se
avantajaram. interpretaçao, 0
A montagem das peças é muito pessoal, des
truindo de uma vez
os ambientes burgueses e
tamos habituados a ver. Criaram o aristocráticos quC
cenarios pintados com o costrutivismo que substitulu
teraçoes e o espetáculo tomou
construtivismo o próprio texto sofreu a
nova forma artística. O
se
deseja é a quebra do objetivo qu
res artificiais. mise-en-scène
Os russos, afinal burguesa, a quebra dos vaalo-
de contas,
porque teatro é arte e como podem estar coOm a iaazao,
tal deve Criar os
sãoe não todas as vezes imitar seus meios de
expie
ou
reproduzir a e vida, o que
a
34 DIÁLOGO DO
ENCENADOR, TEATRO DO POvO,
MISE-EN SCÈNE E A DONZELA JOANA
Hermilo Borba Filho
n a r e n t e de tudo estáa
enxergar quue
tem olhos para compreenda, sen-
que não em
melhor o
os
que
precisando de arte, de gente e com honestidada
embustes
povo sem
sinceridade,
e com
demagogia martime que nao o engane com os
S
torre de
não seja
de gente que artistica burguesa.
concepção
truques já gastos da em u m ato
-
O segredo
de estréia -duas peças
Aíestão as peças
o fascismo; e
O rso, de Tchekoy,
contra
de Ramón Sender, um grito nao podemos
usamos cenarios, quase
de amor. Não
uma comédia
mas como acreditamos no
falar em palco, tudo aqui é improvisado,
está ele. Atrás
elemento da arte dramática, ai
principal
ator como
mas ajudamo
dos atores estão os outros que no representam
-
os
Conferência lida na
do Estudante
de
Faculdade de Direito do
Pernambuco. Recife, em 13 de abril de 1946, Teatro
na estreld u
36 DIÁLOGO DO
ENCENADOR, TEATRO NO N u o
Dados Institucionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Filhó, Hermilo Borba.
Diálogo do encenador, Teatro do Povo, Mis-en-
scéne e A donzela Joana l Hermilo Borba Filho. - Recife:
ISBN: 85-7409-436-8