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Universidade Federal de Pernambuco

Centro de Ciências Exatas e Natureza


Departamento de Química Fundamental - dQF

EXPERIMENTO Nº 03:

CROMATOGRAFIA.

Autores:
Pedro Henrique de Melo Albuquerque

Química Experimental 1, Turma E3.


Professor Orientador: Marcos Vinicius Foguel

Recife, 23 de Dezembro de 2022.


1. Introdução

O termo cromatografia foi primeiramente empregado em 1906 e sua utilização é


atribuída a um botânico russo ao descrever suas experiências na separação dos componentes
de extratos de folhas. Neste estudo, a passagem do éter de petróleo (fase móvel) através de
uma coluna de vidro preenchida por carbonato de cálcio(fase estacionária), a qual se
adicionou extrato levou à separação dos componentes em faixas coloridas provavelmente o
motivo pelo qual a técnica é conhecida como cromatografia (chrom = cor e graphie =
escrita), podendo levar errônea a ideia de que o processo seja dependente da cor. A
cromatografia pode ser utilizada para identificação, purificação e separação de compostos,
deste modo separando-se as substâncias indesejáveis e os componentes de uma mistura. A
separação, por sua vez, depende da diferença de afinidade entre o analítico da fase móvel e a
fase estacionária. Por sua vez, a afinidade entre diferentes compostos da mistura e do eluente,
depende das forças intermoleculares, incluindo iônica, bipolar, apolar entre outros. Segundo
SCHULER, A.(2010,p1).”A fase móvel transporta a amostra através da fase estacionária. A
velocidade média das partículas da amostra depende da sua natureza. Deste modo, cada
componente atinge ao final da coluna em um instante diferente”.
A cromatografia de papel mais conhecida como CCPD ou cromatografia de camada
delgada é uma técnica de partição, ou seja, o processo é baseado na diferença de solubilidade
da fase estacionária líquida na fase estacionária, também líquida. O eluente é uma mistura de
dois ou mais líquidos que percorre a fase estacionária suportada no papel absorvente. Ocorre
a retenção das moléculas devido a diferença de solubilidade e/ou afinidade eletrostática
existente entre elas. BRENELLI, E.C.S. “Uma ordem aproximada para as forças desta as
interações seguintes: formações de sais > coordenação > ligação de hidrogênio >
dipolo-dipolo> Van der waals”.
Grande variabilidade de combinações entre a fase móvel e estacionária faz com que a
cromatografia tenha uma série de técnicas diferenciadas. A maioria das substâncias separadas
são incolores utilizando um revelador. As manchas podem ser reveladas por meio de luz UV,
vapores de iodo, solução de cloreto férrico e tiocianoferrato de potássio, fluorescência,
radioatividade, etc.
Como objetivo, adquirir conhecimentos prévios sobre o processo de cromatografia em
papel e saber interpretar experimentalmente as análises realizadas.

2. Parte Experimental

2.1. Materiais/Reagentes:

1. Amostra B desconhecida;
2. Solução aquosa de Cloreto de níquel(II);

Sal anidro; Nicl2; 129,5994g.mol-¹; Densidade= 3,55g/cm³; P.F.=


1001ºC;Solubilidade em água= 254 g/100 mL (20 °C) Solubilidade em etanol =
Solúvel (hexahidrato).
Reatividade: ×; Toxicidade: ×; Controle de Exposição: ×; Riscos Ambientais: ×.
Diagrama de Hommel, a seguir:

Dados: FISPQ, Alphatec, Norma ABNT NBR 14725-4:2014.


3. Solução aquosa de Sulfato de cobre(II);
Sulfato cúprico; CuSo4; 159,609g.mol-¹; Densidade= 3,60g/cm³; P.F.= 110ºC; P.Fg.=
Não inflamável;Solubilidade em água= 1,055 molal (10 °C) 1,26 molal (20 °C)
1,502 molal (30 °C) insolúvel em etanol.
Reatividade: ×; Toxicidade: ×; Controle de Exposição: ×; Riscos Ambientais: ×.
Diagrama de Hommel, a seguir:

Dados: FISPQ, Alphatec, Norma ABNT NBR 14725-4:2014.


4. Solução aquosa de Cloreto de ferro(III);
Tricloreto de ferro; FeCl3; 162,2 g.mol-¹; Densidade= 2,898g/cm³; P.F.= 306ºC;
P.E.= 280ºC; P.Fg.= Não inflamável;Solubilidade em água= 74,4g/100mL (0ºC).
Reatividade: ×; Toxicidade: ×; Controle de Exposição: ×; Riscos Ambientais: ×.
Diagrama de Hommel, a seguir:

Dados: FISPQ, Alphatec, Norma ABNT NBR 14725-4:2014.


5. Misturas de acetona/HCl 3 mol L-1
6. Solução de Acetona;
7. Solução de Amônia;
8. Solução de dimetilglioximato;

2.2. Equipamentos:
1. Tesoura;
2. Fita crepe;
3. Régua;
4. Béquer [200 mL];
5. Papel filtro;
6. Lápis grafite;
7. Placa petri;
8. Capilar;
9. Algodão;

2.3. Procedimentos:
O experimento é composto pela análise da corrida cromatográfica no papel filtro,
iniciou-se recebendo as 3 soluções (FeCl3, CuSO4 e NiCl2) e também uma solução
desconhecida e feita a análise visualmente. A partir disso foi cortado três vezes o papel de
filtro em forma de retângulo para caber no béquer de 200mL e ainda revestido para facilitar a
visualização e ainda desmarcações nas extremidades do papel com as devidas margens
inferior de ± 1 cm e superior de ± 2 cm. Em seguida foi preparada a solução 19:1, 4:1, 3:2 de
acetona e ácido clorídrico (fase móvel) em capela com um auxílio de uma proveta pegou-se
19 mL de acetona e 1 mL de ácido; 16 mL de acetona e 4 mL de ácido; 12 mL de acetona e 8
de ácido. Assim foi posto as soluções e a amostra alinhadas e devidamente espaçadas sobre a
linha inferior compactadas através de um capilar e esperou a secagem somado a um pedaço
de fita crepe colocado na ponta superior do papel de filtro no vidro de relógio para que a fase
estacionária entrem em contato com com a fase móvel, tampou-se com o vidro de relógio e
deixou-se a câmara saturar por um tempo.
Com todo o processo formado, iniciou-se a cromatografia para cada concentração de
fase móvel terminando cada uma nos seus respectivos tempos até a linha superior. Após o fim
esperou o papel de filtro secar seguidamente para etapa de revelação da cor com uma solução
de amônia e para aquela cor que não ficou visivelmente foi pintado um algodão com
dimetilglioxima na faixa cromatográfica. Desse modo foi possível anotar observações e
calcular o fator de retenção para cada concentração, medindo-se as distâncias entre o ponto
inicial da aplicação de cada solução e da posição de suas manchas já separadas. Mediu-se,
também, a distância entre o ponto inicial de aplicação e a frente do solvente

3. Resultados e Discussões

Após o papel permanecer no recipiente e o solvente chegar até a marca de fim do


papel de filtro, o papel foi removido para proceder com as medidas requeridas para o cálculo
do Fator de retenção e passado pelo processo de revelação. A imagem 1 apresenta as
amostras aplicadas (cores diferentes) nas respectivas concentrações 3:2, 4:1 e 19:1. O fator de
retenção (Rf), também chamado na literatura de constance de corrimento, é a distância
percorrida por cada composto em uma amostra, dividido pela distância percorrida pelo
solvente. Visto que apenas a substância com ferro era visível para ver o CuSo4 foi passado a
solução de amônia que fez com que formasse um complexo visível com um dos íons, no qual
revelado pela amônia foi o Sulfato de cobre(II) numa coloração azul provocada através da
reação de complexação formando o sulfato de tetraaminocobre(II):

CuSO4(aq)+ 4 NH3(g) → Cu(NH3)4SO4(aq)


Equação 03 - Reação entre o íon de cobre com a amônia.
Já para o NiCl2 a solução de dimetilglioximato para revelar o terceiro ion. A reação
que ocorre entre o metal e o agente complexante é representada por:
Ni 2+ (aq) + 2HDMG(s) ↔ [ Ni(DMG) 2] 2+ (s) + 2H+ (aq)
Equação 03 - Reação entre o íon Ni2+ e o agente complexante dimetilglioxima formando o
complexo dimetilglioximato de níquel (II).
Imagem 1: Substâncias arrastadas pelo solvente.

fonte: o Autor.

Tabela 1: Distância do ponto inicial ao deslocado da solução acetona/sol HCl 19:1


COMPOSTO DISTÂNCIA (cm)

Nicl2 0

FeCl3 4

CuSo4 3

Amostra B 0e3

Tabela 2: Distância do ponto inicial ao deslocado da solução acetona/sol HCl 4:1


COMPOSTO DISTÂNCIA (cm)

Nicl2 0

FeCl3 5

CuSo4 3,2

Amostra B 0 e 2,8

Tabela 3: Distância do ponto inicial ao deslocado da solução acetona/sol HCl 3:2


COMPOSTO DISTÂNCIA (cm)

Nicl2 4

FeCl3 5,3

CuSo4 4,5
Amostra B 4 e 4,5

Realizando os cálculos do fator de retenção temos:


𝑣
𝑅𝑓 = 𝑎
Equação 1: cálculo rf
Onde: Rf = Fator de Retenção; a = dist. Percorrida pelo composto; v = dist. Percorrida pelo
solvente.

a = 6 cm.

Com as informações da Tabela 1, Tabela 2 e Tabela 3 foi possível calcular o Rf:


Tabela 4: Fator de retenção para solução 19:1
COMPOSTO FATOR DE RETENÇÃO

Nicl2 0

FeCl3 0,66

CuSo4 0,5

Amostra B 0 e 0,5

Tabela 5: Fator de retenção para solução 4:1


COMPOSTO FATOR DE RETENÇÃO

Nicl2 0

FeCl3 0,83

CuSo4 0,53

Amostra B 0 e 0,53

Tabela 6: Fator de retenção para solução 3:2


COMPOSTO FATOR DE RETENÇÃO

Nicl2 0,66

FeCl3 0,88

CuSo4 0,75

Amostra B 0,66 e 0,75

Assim foi perceptível a análise dos Rf para a mudança do tempo de separação em


relação a concentração da fase móvel visto que para o 19:1 foi mais rápido, visto na tabela 4.
Porém o NiCl2 não teve tempo para se parar ficando retido logo no início do papel de filtro,
como também na amostra esse efeito pode ter relação com a afinidade com a solução de
acetona que está em maior quantidade sobre o ácido. Para o FeCl3 se mostrou com bastante
afinidade e se parando rapidamente porém não apareceu na amostra, já o CuSo4 foi separado
logo atrás da solução de ferro provando sua afinidade com a fase móvel e contido também na
amostra.
Para a fase móvel de concentração 4:1 foi feita em um tempo médio favorecendo a
separação porém com maior quantidade de acetona na solução teve valores de Rf próximos a
solução 19:1 visto na Tabela 5. A solução 3:2 foi mais lenta o que facilitou a separação do
NiCl2 visto que não tinha separado para as outras concentrações de fase móvel assim com as
quantidades de acetona e ácido clorídrico próximas foi observado a afinidade do NiCl2 com o
ácido clorídrico assim como na amostra visto na Tabela 6. Ainda analisou os valores do Rf
todos maiores que 0,5 com valor ideal. Em contrapartida esses valores estão muito próximos
o que poderia vim a dificultar caso fosse feita uma cromatografia em coluna, diferenciando
apenas pela cor.
Os resultados obtidos no procedimento, foram utilizadas para identificar os composto
presentes na amostra, com isso em primeira análise foi observado que o processo de
seletividade do Nicl2 e o CuSo4 acompanharam na amostra, ou seja, param na mesma
distância . Assim é possível suspeitar que na Amostra B contém esses componentes e
descobrir como seria a ordem de retenção caso feita a cromatografia em coluna.

3. Questões

1) O íon onde estava a solução aquosa de Cloreto de ferro(III) era visível a olho nu já os
outros dois quase não eram visíveis.

2) O íon revelado pela amônia foi o Sulfato de cobre(II) numa coloração azul provocada
através da reação de complexação formando o sulfato de tetraaminocobre(II):
CuSO4(aq)+ 4 NH3(g) → Cu(NH3)4SO4(aq)

3) O dimetilglioxima revela o Cloreto de níquel(II) levando a uma coloração rosa forte


A reação que ocorre entre o metal e o agente complexante é representada por:
Ni 2+ (aq) + 2HDMG(s) ↔ [ Ni(DMG) 2] 2+ (s) + 2H+ (aq)

4) Na Tabela 4, Tabela 5 e Tabela 6 é visto os fatores de retenção com as proporções relativas


de acetona e solução de HCl, sendo a solução de HCl responsável pela separação devido a
quanto aumentou a quantidade dele fez com que a facilitasse a separação assim visto nas
tabelas assim sua afinidade com as substâncias.

4. Conclusão
Em primeira parte, conclui-se que é importante a escolha do solvente mais adequado
para cada tipo de amostra, quanto a polaridade dos mesmos para o experimento da
cromatografia. Há também outros tipos de papel para realizar o procedimento. Assim como
as concentrações influenciam na separação de cada composto, separação que pode ser
causada pela afinidade ou polarização como no experimento mostrado.
Destarte, o experimento do dQf prepara o analista ao conhecimento da cromatografia
para separação e conhecimento de compostos em uma mistura e ainda prever as saídas das
substâncias caso fosse feito uma cromatografia em coluna.

5. Referências Bibliográficas

BRENELLI, E.C.S Guia de laboratório-Química Orgânica Experimental I. 2006.16p.


Departamento de Química Orgânica, Universidade Federal Fluminense.

SCHULER, A. Cromatografia a Gás e Líquido. 2009. 01p. Departamento de Engenharia


Química, Universidade Federal de Pernambuco.

FOGACA, J. Experimento de Cromatografia em Papel. Disponível em:


<https://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/experimento-cromatografia-pape
l.htm>. Acesso em: 24 de fev. 2023
.
Silva, R. R., Bocchi, N. e Rocha Filho, R. C., Introdução à Química Experimental, São Paulo,
Mc Graw-Hill. 1990

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