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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS

DEPARTAMENTO DE QUÍMICA

Ana Luiza Fernandes Maia


Ashe da Fonseca Dias
Victor Eduardo Almeida Pereira Silva

Experimentos 09, 10 e 11
Cromatografia Plana, em Coluna e Espectroscopia no UV-vis

Belo Horizonte
16 de Maio de 2023
1. Introdução
A Cromatografia (do grego χρώμα (chroma), cor, e γραφειν (graphein),
escrever) é um método físico-químico de separação de misturas baseado na
migração diferencial dos componentes por meio de uma fase estacionária que
compete com uma fase líquida (eluente) pelo analito.
Esta técnica foi idealizada pelo botânico russo Mikhail Semenovich Tswett
(1872 - 1919) no ano de 1906, quando Tswett almejava separar os pigmentos de
uma folha. Desde então, esta técnica teve diversas alterações, desdobrando-se em
várias variações de si mesma, classificadas quanto ao suporte, quanto à fase
estacionária e quanto ao eluente, conforme ilustrado pela Figura 01.1

Figura 01. Variações da Cromatografia

Fonte: DEGANI, et al., 1998 (Adaptado).

Na Cromatografia Plana, como o nome sugere, o suporte é uma superfície


plana, que pode ser de papel de filtro ou uma lâmina de vidro; enquanto na
Cromatografia em Coluna, o suporte é, necessariamente, não-plano, geralmente
consistindo numa coluna propriamente dita.
Na cromatografia em Papel, utiliza-se o papel de filtro, que é um polímero de
celulose que contém água adsorvida em sua superfície, água esta que consiste na
fase estacionária do processo cromatográfico. O eluente, por sua vez, pode ser
qualquer solvente ou mistura de solventes.1
Na cromatografia em Camada Delgada, geralmente utiliza-se um material
sólido adsorvente pulverizado numa superfície plana, como alumina (Al2O3•nH2O) ou
sílica gel (SiO2•nH2O). Como na Cromatografia em Papel, o eluente pode ser
qualquer solvente ou mistura de solventes.1
A Cromatografia em Coluna trata-se de uma técnica cromatográfica baseada
na capacidade de adsorção e na solubilidade de uma mistura nas fases estacionária
e móvel respectivamente. Ela possui um equilíbrio de distribuição dinâmico
(Figura 02), em que as moléculas do analito estão sendo constantemente
adsorvidas pela fase estacionária e sendo dessorvidas de volta à fase móvel.2

Figura 02. Equilíbrio de Distribuição Dinâmico

Fonte: PAVIA, et. al., 2012.

Este equilíbrio é o que permite a separação de misturas, pois depende das


moléculas do analito (representadas como RX na Figura 02) e da capacidade de
dissolução da fase móvel, geralmente definida pela sua polaridade em relação à
polaridade do analito: as moléculas mais polares do analito serão eluídas mais
rapidamente com o emprego de eluentes polares, e moléculas mais apolares serão
eluídas mais rapidamente com o emprego de eluentes apolares.2 A Figura 03 ilustra
esse processo.
Em alguns casos, após o processo cromatográfico em coluna, que é um
processo preliminar de análise, pode-se submeter as amostras coletadas à
Espectroscopia no UV-vis (abreviação de Ultravioleta-Visível).
Esta é uma técnica não-determinativa de identificação de compostos,
também usada como análise preliminar, que se baseia na leitura da absorção de
energia de uma molécula através da sua irradiação com radiação ultravioleta,
causando a excitação e transição eletrônica HOMO-LUMO, em que HOMO (Highest
Energy Occupied Molecular Orbital) é o orbital molecular ocupado de maior energia,
e LUMO (Lowest Energy Unoccupied Molecular Orbital) é o orbital molecular
desocupado de menor energia.3
Figura 03. Etapas da Separação Cromatográfica

Fonte: PAVIA, et. al., 2012.

Este tipo de excitação acontece nos Sistemas Insaturados Conjugados,


também conhecidos como Grupos Cromóforos, ou seja, os grupos que fazem com
que determinadas moléculas tenham cor. O Espectrofotômetro UV-vis, que é o
equipamento utilizado nesta prática, é capaz de fazer a leitura desta absorção e
plotar um gráfico de Comprimento de Onda (𝜆, nm) versus Absortividade Molar (A),
que constituem o Espectro de UV-vis.1 A Figura 04 é o Espectro de UV-vis da
Propanona (acetona), um composto incolor, ao lado do espectro de luz visível
(Figura 05)

Figura 04. Espectro de Uv-vis da Propanona


Figura 05. Espectro de Luz Visível

Fonte: sobiologia.com.br (Adaptado)

Fonte: Barboza e Serra, 2020


2. Objetivos
● Introduzir os princípios fundamentais da cromatografia;
● Conhecer as técnicas de cromatografia plana;
● Demonstrar as diversas aplicações da cromatografia (plana e em coluna) em
Química Orgânica.
● Conhecer a cromatografia em coluna.
● Introduzir os princípios fundamentais da espectroscopia na região do UV-Vis.
● Demonstrar as diversas aplicações da espectroscopia na região do UV-Vis
em Química Orgânica.
● Conhecer a metodologia para a realização de análises qualitativas de
substâncias orgânicas utilizando a técnica de espectroscopia na região do
UV-Vis.
● Obter os espectros na região do visível de amostras comerciais de corantes
alimentícios.
● Analisar a composição de amostras por meio de seus espectros no UV-Vis.

3. Metodologia
3.1. Materiais
3.1.1. Algodão
3.1.2. Béqueres
3.1.3. Bastão de vidro
3.1.4. Cubas
3.1.5. Coluna cromatográfica
3.1.6. Folha de Alumínio
3.1.7. Graal e Pistilo
3.1.8. Lâminas de Vidro com Sílica Gel
3.1.9. Lâmpada de Luz UV
3.1.10. Micropipetas
3.1.11. Papel de Filtro
3.1.12. Pinça de Metal
3.1.13. Pipeta de Pasteur
3.1.14. Proveta
3.2. Reagentes
3.2.1. Acetato de Etila (CH3COOCH2CH3) P.A. — SAL®;
3.2.2. Amostra Comercial de Açafrão em Pó;
3.2.3. Amostra Comercial de Cafeína;
3.2.4. Amostra Comercial de Eugenol;
3.2.5. Amostra de Cafeína extraída em práticas anteriores;
3.2.6. Amostra de Eugenol extraída em práticas anteriores;
3.2.7. Diclorometano (CH2Cl2) — Honeywell;
3.2.8. Etanol (CH3CH2OH) 96º — Santa Cruz;
3.2.9. Folhas de Roseira;
3.2.10. Hexano (CH3(CH2)4CH3) P.A. — NEON;
3.2.11. Corante Alimentício Verde.

3.3. Procedimentos
Cromatografia em Papel
Num primeiro momento, as folhas de roseira foram maceradas,
adicionando-se gotas de etanol e recolhendo o extrato etanólico com uma
micropipeta. Simultaneamente, a amostra de açafrão em pó foi posta numa
superfície côncava de vidro e gotejada com etanol, recolhendo-se a solução
formada com uma outra micropipeta. Este processo foi realizado duas vezes.
Na primeira vez, as soluções coletadas nas micropipetas foram depositadas
num retângulo de papel de filtro (Figura 06), que depois foi colocado numa cuba
contendo uma solução 2:1 de acetato de etila e hexano. O papel de filtro foi retirado
da cuba ao fim do processo cromatográfico e submetido a um revelador físico, no
caso a luz ultravioleta (Figura 07).

Figura 06. Papel de Filtro com Amostras Figura 07. Papel de Filtro com Amostras
Antes do Processo Cromatográfico Submetido à Luz UV

Fonte: Próprios Autores


Fonte: Próprios Autores
Na segunda vez, as amostras coletadas foram depositadas no Folha de
Alumínio, mais especificamente na camada de sílica gel que compõe o verso da
folha (Figura 08), e foi posto na cuba contendo a solução 2:1 de acetato de etila e
hexano e deixado até o fim do processo cromatográfico (Figura 09). Por fim, este foi
submetido ao revelador físico que é a luz ultravioleta (Figura 10).
Foram colocadas uma ponta de espátula da amostra comercial de cafeína
numa superfície côncava de vidro, solubilizado em etanol e, depois, a solução foi
recolhida numa micropipeta. Depois, o processo foi repetido com a amostra de
cafeína extraída nas práticas anteriores, e a solução formada foi recolhida em uma
segunda micropipeta.

Figura 08. Folha de Alumínio com Amostra Figura 09. Folha de Alumínio com Amostra
Antes do Processo Cromatográfico Depois do Processo Cromatográfico

Fonte: Próprios Autores

Fonte: Próprios Autores

Figura 10. Folha de Alumínio com Amostra Submetido à Luz UV

Fonte: Próprios Autores

As amostras de cafeína comercial e extraída foram então depositadas na


camada de sílica-gel que recobria o verso da folha de alumínio, que foi posto dentro
de uma cuba com diclorometano, e deixada até o fim do processo cromatográfico.
Depois, a folha de alumínio foi posta dentro de uma outra cuba, contendo vapor de
iodo ressublimado (Figura 11).

Figura 11. Folha de Alumínio com Amostras de Cafeína Após Revelação Química.
Amostra Comercial (Abaixo) e Amostra Extraída (Acima)

Fonte: Próprios Autores

Usando uma micropipeta, coletou-se uma fração de uma amostra comercial


de eugenol, e, com outra micropipeta, coletou-se uma fração da amostra de eugenol
extraída em práticas anteriores. As duas amostras foram postas na camada de sílica
gel que recobria o verso de uma folha alumínio, que então foi posta numa cuba
contendo uma solução 2:1 de acetato de etila e hexano e deixado até o fim do
processo cromatográfico. Depois, a folha de alumínio foi posta dentro de uma outra
cuba, contendo vapor de iodo ressublimado.

Cromatografia em Camada Delgada


Numa superfície côncava, colocou-se uma ponta de espátula da amostra
comercial de cafeína, então gotejada com etanol e a solução formada foi coletada
com o auxílio de uma micropipeta. O mesmo processo foi empregado com a
amostra de cafeína extraída em práticas anteriores.
As amostras foram depositadas na camada de sílica gel que recobria a face
de uma lâmina de vidro, que foi colocada dentro da cuba contendo diclorometano e,
ao fim do processo cromatográfico, foi posta dentro de uma outra cuba contendo o
um revelador físico-quìmico: o vapor de iodo ressublimado. Este processo foi
repetido três vezes
Com o auxílio de uma micropipeta, foi coletada uma fração da amostra
comercial de eugenol e, com outra micropipeta, coletou-se uma fração da amostra
de eugenol extraída em práticas anteriores. As amostras foram depositadas na
camada de sílica gel que recobria a face de uma lâmina de vidro, e posta dentro de
uma cuba contendo uma solução 2:1 de acetato de etila e hexano. Ao fim do
processo cromatográfico, a lâmina foi posta dentro de uma cuba contendo vapor de
iodo ressublimado (Figura 12).

Figura 12. Lâmina de Vidro com Amostras de Eugenol Após a Revelação Físico-Química
Amostra Comercial (Esquerda) e Amostra Extraída (Direita)

Fonte: Próprios Autores

Cromatografia em Coluna:
Inicialmente, a coluna cromatográfica foi presa no suporte universal e foi
introduzido algodão na base da coluna, juntamente de um papel de filtro para a
formação de uma base plana.
A partir da base plana, com o auxílio de uma régua, foram medidos 10 cm e
foi feita uma marcação na coluna para a orientação da quantidade de sílica em gel
que deveria ser posta dentro da coluna.
Em seguida, com o auxílio de um um funil, a coluna foi completada com sílica
até que se alcançasse a marcação feita e, novamente, foi introduzido algodão junto
com papel de filtro dentro da coluna (Figura 13) para evitar que a sílica subisse
durante o empacotamento.
Após isso, foi feito o empacotamento para a transformar a sílica em gel e,
logo depois, o eluente (água) foi introduzido no sistema para passar pela fase
estacionária (sílica em gel). Ao longo de todo esse processo, houve adição
constante de eluente para que a sílica não se secasse e que não aparecessem
“rachaduras” na coluna. Além disso, durante o processo de empacotamento, foi-se
retirando as bolhas de ar da fase estacionária com um bastão de vidro para
homogeneizar a passagem da amostra pela coluna.
Mais adiante, foi-se adicionada uma ponta de uma espátula da corante
alimentício verde em sílica à coluna com o auxílio de um funil, sendo logo em
seguida fixada com algodão e papel de filtro (Figura 14).

Figura 13. Coluna Cromatográfica com Sílica Figura 14. Coluna Cromatográfica com a
em Gel Amostra

Fonte: Próprios Autores


Fonte: Próprios Autores

Em seguida, foi iniciado o processo de separação da amostra (Figura 15) e


de coleta do corante amarelo (Figura 16).

Figura 15. Processo de Separação da amostra Figura 16. Corante Amarelo

Fonte: Próprios Autores Fonte: Próprios Autores

Após a coleta do corante amarelo, foi iniciada a coleta do corante azul (Figura
17) e o eluente foi trocado de água para Etanol 96°.
Figura 17. Corante Azul

Fonte: Próprios Autores

Por fim, os corantes foram analisados no UV-vis através do espectrômetro


Cary 50 Conc UV-Visible Spectrophotometer e seus espectros de absorção foram
analisados.

4. Resultados e Discussões
Cromatografia em papel
Para a realização da cromatografia em papel, uma amostra líquida flui por um
pedaço de papel adsorvente colocado verticalmente. Sabe-se que o papel é
composto por um polímero de celulose, que possuem forte afinidade com a água
presente no ar, que formaria a fase estacionária deste processo cromatográfico.
Conforme o eluente flui através do papel por capilaridade, uma parte do
analito miga, sendo arrastado pelo eluente orgânico, que é pouco polar, através
fase estacionária aquosa.
Logo, uma parte do analito é arrastado da fase estacionária pela fase móvel e
quando a fase móvel alcança uma seção do papel que não contém analito, o
fenômeno de partição ocorre novamente, cessando o arraste.4
Após o fluxo contínuo de solvente, o efeito de distribuição entre a fase móvel
e estacionária permite a transferência do soluto do seu ponto de aplicação no
papel, para um outro ponto localizado a alguma distância do local de aplicação no
sentido do fluxo de solvente, onde os compostos da mistura se separam a partir
da diferença de afinidade com o solvente da fase estacionária e móvel sob a ação
capilar dos poros no papel. Como o eluente percorre por capilaridade, esse
processo é chamado de Cromatografia Ascendente.
Um parâmetro frequentemente usado em cromatografia é o fator de retenção,
abreviado como Rf, onde é a função da fase estacionária utilizada e do eluente,
sendo definido como a razão entre a distância percorrida pela mancha do
componente e a distância percorrida pelo eluente.

● Amostra de Folha de Roseira e Açafrão em pó:


Ao colocar as amostras de Folha de Roseira macerada e Açafrão em pó,
ambas em solução etanólica, no pedaço de papel de filtro e, posteriormente, na
cuba cromatográfica contendo solução 2:1 de Acetato de Etila e Hexano, foi
observado que ambos os analitos migraram do ponto onde foram depositados para
outro ponto da fase estacionária, evidenciando uma maior afinidade com o eluente,
ou seja,os analitos em questão tinham uma baixa polaridade e, portanto, uma maior
afinidade com o eluente, que também apresentava um caráter de baixa polaridade.
(Figura 06). O Rf do açafrão foi de 0,6 e o Rf da Folha de Roseira não foi possível
identificar.
Contudo, ainda houveram pequenas quantidades do analito que se
mantiveram inertes, que não migraram. Estas possuem um caráter mais polar,
portanto apresentando uma maior afinidade para com a fase estacionária.
A luz UV foi utilizada como revelador físico, uma vez que alguns compostos
orgânicos se tornam fluorescentes quando expostos a ela, podendo assim observar
com mais clareza a distância percorrida pelo analito (Figuras 07).
Foi repetido o processo na folha de alumínio, aplicando as amostras no verso
da folha onde é composto por Sílica gel. Esse tipo de papel permite uma maior
resolução na visualização do processo cromatográfico (Figuras 08 a 10).

● Amostra de Cafeína comercial e extraída em práticas anteriores:


A Cafeína é um composto incolor, não sendo possível sua visualização num
processo cromatográfico sem o uso de reveladores.
Após o eluente percorrer todo o papel, o mesmo é colocado em outra cuba,
contendo vapor de iodo ressublimado, fazendo com que a cafeína “lavada”
apresente uma coloração amarelada. Isso acontece pois o Iodo ressublimado
interage com as ligações 𝝅 da cafeína, fazendo com que ela obtenha uma coloração
temporária, que desaparece pouco depois de interromper sua exposição aos
vapores de Iodo. Após a realização desse processo, foi possível observar o
processo cromatográfico da cafeína comercial e extraída (Figura 11).

● Amostra do Eugenol comercial e extraído de práticas anteriores:


Ao realizar a prática com o Eugenol, foi feito o mesmo procedimento da
Cafeína, uma vez que ele também é um composto incolor e precisa de um revelador
para que a leitura do processo cromatográfico seja possível.
Após o processo cromatográfico, o papel é colocado na cuba com vapor de
iodo ressublimado e adquire uma coloração temporária, sendo possível assim, a
visualização da transferência do soluto no papel.

Cromatografia em Camada Delgada


Para a realização da cromatografia em camada delgada, uma amostra é
colocada sobre uma camada fina de adsorvente contido em um suporte plano e
posta em uma cuba contendo o eluente.
À medida que o eluente sobe pela placa, o analito é “compartilhado” entre a
fase móvel e a fase sólida, que competem entre si, fazendo com que os
componentes do analito sejam separados.
Essa separação ocorre, geralmente, devido a diferença de polaridade entre
as substâncias, em que as substâncias que têm polaridade mais semelhante à fase
móvel mantêm-se inertes e, caso tenham polaridade semelhante ao eluente, migram
pela placa.5
Quando há várias substâncias, cada uma se comporta de um jeito,
dependendo das suas propriedades de adsorção e solubilidade, variando com o
grupo funcional presente em sua estrutura. Nesse processo, cada mancha presente
corresponde a um componente presente na mistura original.

● Amostra da Cafeína comercial e extraída em práticas anteriores:


Após o processo cromatográfico, foi necessário colocar a placa em uma cuba
contendo vapor de iodo ressublimado, que interage com as ligações π da mesma,
fazendo com que adquira uma coloração amarelada.
A amostra de cafeína extraída apresentou manchas amorfas através de seu
lado da placa, que foram consideradas como um sinal de contaminação. Supõe-se
que esta contaminação tenha sido proveniente do processo de extração da cafeína,
feita em práticas anteriores. A cafeína comercial, por sua vez, apresentou um
“comportamento” satisfatório, sem aparecimento de nenhuma impureza ou
contaminação. O Rf calculado ao observar a distância do soluto foi de 0,4 nas duas
amostras.

● Amostra do Eugenol comercial e extraído em práticas anteriores:


Para realizar a cromatografia com o Eugenol, foi utilizado o mesmo
procedimento da cafeína. Já que também é um composto incolor, precisou de um
revelador físico-químico, que foi o vapor de iodo ressublimado.
Após o processo de revelação, foi possível observar que o Eugenol extraído
nas práticas possui manchas que o Eugenol comercial não possui, evidenciando
que o Eugenol extraído não é puro, contendo outras substâncias em sua
composição. Esta visualização pode ser feita com mais facilidade na Figura 12,
apresentada anteriormente. Após observar a distância percorrida do soluto, foi
calculado o Rf, obtendo um valor de 0,23, evidenciando que o Eugenol é o
composto de menor mistura em sua estrutura.

Cromatografia em Coluna
Os diferentes componentes da mistura vão se mover com velocidades
diferentes dependendo da sua maior afinidade com a fase móvel ou a fase
estacionária.6 Dessa forma, conclui-se que o corante amarelo possui mais afinidade
com a água, portanto é mais polar; pois ele dissolve primeiro em água e é coletado
primeiro (Figura 15). Já o corante azul não possui mais afinidade com a fase
estacionária e assim sendo usado outro tipo eluente, no caso o Etanol 96°, assim
sendo coletado após o corante amarelo. Assim concluindo-se que o corante
alimentício verde era feito de uma mistura de dois corantes, amarelo e azul.
Figura 15. Processo de Separação da amostra

Fonte: Próprios Autores

Acerca da espectroscopia na região do UV-Vis, o corante amarelo apresentou


um pico específico em 424 nm (Figura 18) , que corresponde com a absorção de luz
azul no espectro visível (Figura 05, presente na introdução deste relatório),
refletindo a luz amarela.
Já o corante azul apresentou um pico específico em 630 nm (Figura 19) , que
corresponde com a luz azul no espectro visível, pois absorve a cor laranja no
espectro visível e reflete a cor azul.

Figura 18. Espectro do Corante Amarelo Figura 19. Espectro do Corante Azul

Fonte: Próprios Autores


Fonte: Próprios Autores

5. Conclusão
As técnicas cromatográficas são métodos relativamente simples de
separação de misturas que também podem ser usados como análises preliminares
não determinativas de substâncias químicas, no caso da cromatografia plana, ao
analisar-se a Razão de Fluxo (Rf) da substância e/ou ao comparar o cromatograma
de uma substância qualquer com seu padrão.
Similarmente, a espectroscopia no UV-vis, ou espectrofotometría do UV-vis,
também constitui numa análise preliminar não determinativa de uma substância,
analisando sua absorção de energia no espectro do Ultravioleta-Visível,
evidenciando apenas a presença de grupos cromóforos (grupos insaturados
conjugados), que são responsáveis pela absorção/emissão de radiação
eletromagnética, provendo cor a uma molécula.7
Por fim, conclui-se que a prática desenvolvida e descrita neste relatório
apresenta satisfatoriamente estas técnicas, empregando diferentes analitos para
melhor ilustrar as propriedades de cada tipo de cada de Cromatografia e para
simplificar o entendimento seu entendimento juntamente com a espectroscopia no
UV-vis.

6. Questionário
1. Apresente um desenho do cromatograma obtido e descreva o resultado
observado.
A amostra da direita é a mais impura por causa das manchas (Figura 12),
portanto ela é a amostra extraída. Enquanto, a amostra da esquerda é a amostra
comercial por possuir menos manchas.

Figura 12. Lâmina de Vidro com Amostras de Eugenol Após a Revelação Físico-Química
Amostra Comercial (Esquerda) e Amostra Extraída (Direita)

Fonte: Próprios Autores

2. Determine os valores de Rf para cada componente detectado.


Cromatografia em Papel:
5,3
Açafrão: 𝑅𝑓 = 8,9
= 0, 6

Folha de Rosas: não foi possível identificar.

Cromatografia em Camada Delgada:


2,5
Cafeína comercial e extraída: 𝑅𝑓 = 6,5
= 0, 4
2,3
Eugenol comercial e extraído: 𝑅𝑓 = 10
= 0, 23

3. Pesquise sobre os componentes analisados e faça a relação entre


estrutura e Rf em cada caso.
O eugenol possui fórmula molecular C10H12O2, sendo um fenilpropeno, um
guaiacol com uma cadeia lateral alílica, membro dos fenilpropanóides.
A cafeína possui fórmula molecular C8H10N4O2, pertencendo a família dos
alcalóides, onde são aminas cíclicas que apresentam anéis heterocíclicos contendo
nitrogênio, além de pertencerem também ao grupo amida.
O açafrão possui fórmula molecular C21H20O6, contendo em sua composição
amido, proteínas, fibras e cinzas, pigmentos curcuminóides e óleos essenciais.
A folha de Roseira é composta por várias substâncias químicas e pigmentos,
fazendo com que sua estrutura seja grande e diversa.
A partir das estruturas dos compostos, é possível compreender que, quanto
maior e diverso for a composição química do composto, maior vai ser a distância
percorrida pelo soluto,e consequentemente maior vai ser o Rf. Logo, a Folha de
Roseira possui maior Rf, seguido do Açafrão, Cafeína e Eugenol.

4. Apresente um desenho esquemático da separação na coluna


cromatográfica.

Figura 20. Desenho Esquemático da Separação na Coluna Cromatográfica


Fonte: https://www2.ufjf.br/quimica/files/2018/08/Cromatografia.pdf

5. O processo de separação pode ser acompanhado por CCD. Explique.


Ao recolher frações a cada certa quantidade de volume, submete-se a fração
recolhida à Cromatografia em Camada Delgada, lado a lado de um padrão puro,
para verificar a efetividade da separação por Cromatografia em Coluna.
Quanto mais próximo do resultado do padrão puro estiver o analito, maior a
eficácia da separação e, portanto, maior o sucesso da mesma.

6. No caso de componentes incolores, como é feita a identificação?


Pode-se submetê-los à reveladores físicos, como Luz Ultravioleta;
físico-químicos, como o vapor de iodo ressublimado, que interage com as ligações 𝜋
de um composto, fazendo-o adquirir uma coloração temporária; ou um revelador
químico, que reage com o analito (incolor) para formar uma outra substância
colorida.
7. Bibliografia

1
OKUMA, A. A.; LUCAS, E. M. F.; SANTOS, M, S.. Apostila de Laboratório de
Química Orgânica. Departamento de Química (DEQUI), Centro Federal de
Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG). Belo Horizonte, 2019. 42 p.
Acesso em: 25 maio 2023.

2
PAVIA, L. D.; et al. Química Orgânica Experimental: Técnicas de Escala
Pequena. 3 ed. CENGAGE Learning. São Paulo (SP), 2012. p. 229-251. Acesso
em: 25 maio 2023.

3
MARTINHO, J. M. G.. Espectroscopia de Absorção no Ultravioleta Visível.
Boletim da Sociedade Portuguesa de Química. n 52. 1994. Disponível em:
https://d1wqtxts1xzle7.cloudfront.net/50349247/3000622-libre.pdf?1479301390=&
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4
PERES, B.T. Noções Básicas de Cromatografia. Biológico, São Paulo, v.64,
n.2, p.227-229, jul./dez., 2002. Disponível em:
http://www.biologico.agricultura.sp.gov.br/uploads/docs/bio/v64_2/peres.pdf.
Acesso em: 05 junho 2023.

5
Aula 5 Laboratório de Fundamentos de Química. https://www2.ufjf.br/,
março., 2018. Disponível em:
https://www2.ufjf.br/quimica/files/2018/03/Aula-5-Laborat%c3%b3rio-de-Fundame
ntos-de-Qu%c3%admica.pdf. Acesso em: 06 junho 2023.
6
Separação de Substâncias Cromatografia. https://www2.ufjf.br/, agosto.,
2018. Disponível em: https://www2.ufjf.br/quimica/files/2018/08/Cromatografia.pdf.
Acesso em: 06 junho 2023.

7
BARBOZA, D. A. P.; MERLO, A. A.; PAZINATO, M. S.. Plano Orientador:
“Grupos Cromóforos e sua Relação com a Cor”: Produto Educacional para
uma Abordagem Experimental Investigativa da Química Orgânica no Ensino
Médio. Rio Grande do Sul, Brasil. 2021. 11 p. Disponível em:
https://s3.sa-east-1.amazonaws.com/static.sites.sbq.org.br/rvq.sbq.org.br/pdf/v13
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