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DECO PROTESTE DIGITAL


INSTRUÇÕES DE NAVEGAÇÃO

ÍNDICE GERAL

A ÍNDICE REMISSIVO

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ANTERIOR SEGUINTE
GASTAR MENOS, VIVER MELHOR

Título do original belga: Vivez mieux en dépensant moins!


Revisão técnica: Alexandre Marvão, Antonieta Duarte, Dulce Ricardo,
Ernesto Pinto, Fábio Aparício, Fátima Martins, João Miguens, José Almeida,
Margarida Zacarias, Nuno Rico, Pedro Mendes, Pedro Silva, Ricardo Pereira,
Rui Marques, Sandra Justino, Sofia Costa, Sofia Lima, Sofia Mendonça,
Susana Costa Nunes, Susana Pereira, Susana Santos e Teresa Belchior.
Projeto gráfico: Alexandra Lemos
Capa: Alexandra Lemos e Nuno Semedo
Ilustrações da capa: iStock
Paginação: José Domingues
Formato digital: Isabel Espírito Santo e Paula Sofia Silva
Coordenação editorial e redação: Paula Sofia Silva

Diretora e editora de publicações: Cláudia Maia


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© 2011-2020 deco proteste, Lda.
Todos os direitos reservados por:
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Av. Eng. Arantes e Oliveira, 13
1900-221 lisboa Tel. 218 410 800
Correio eletrónico: guias@deco.proteste.pt

1.ª edição: julho de 2011


3.ª edição: dezembro de 2020
Esta edição não contempla alterações
posteriores a outubro de 2020.
Versão digital: janeiro 2021

Depósito legal n.º 475852/20


ISBN 978-989-737-138-7

Impressão: Agir
Rua Particular, Edifício Agir
Quinta de Santa Rosa
2680-­458 camarate

Esta edição respeita as normas


do Acordo Ortográfico de 1990.

Esta publicação, no seu todo ou em parte,


não pode ser reproduzida nem transmitida
por qualquer forma ou processo, eletrónico,
mecânico ou fotográfico, incluindo fotocópia,
xerocópia ou gravação, sem autorização prévia
e escrita da editora.

deco.proteste.pt/guiaspraticos
A

Prefácio
Escolher aquilo de que realmente precisa, comprá-lo ao melhor preço
e evitar os desperdícios. É isso que queremos ajudá-lo a fazer. Neste guia
prático vai descobrir muitas medidas de poupança no dia-a-dia, que poderá
pôr em prática sem reduzir o seu bem-estar.

• Começamos pelos princípios da poupança e a importância de elaborar um


orçamento, para perceber para onde vai o seu dinheiro, por um lado, e qual
a sua margem de manobra para poupar ou efetuar despesas adicionais, por
outro (capítulo 1).

• O capítulo 2 aborda as oportunidades de comprar em condições vantajosas


ou através de canais competitivos (outlets ou leilões, por exemplo) e fornece
indicações úteis para negociar descontos.

• Quase todo o terceiro capítulo é centrado na alimentação. Poupar nas com-


pras diárias, evitar os desperdícios, cozinhar e lavar a loiça são algumas das
questões contempladas.

• No capítulo 4 vai saber como gastar menos com a habitação, quer opte por
arrendar ou comprar. Isto inclui, entre outros, os encargos na manutenção,
os equipamentos e os impostos.

• Abordamos a energia (eletricidade e gás) e a água que consumimos no capí-


tulo 5. Vai ficar a saber quais são os equipamentos mais vorazes e como
reduzir as suas faturas.

• O automóvel é responsável por um forte rombo no orçamento. O capítulo 6


ajuda-o a fazer uma compra acertada e uma manutenção regular, para reduzir
o desgaste dos componentes, mas também a adotar um estilo de condução
mais económico. Encontra, ainda, algumas alternativas ao transporte próprio.

• O capítulo 7 trata das questões de dinheiro: a rentabilização das poupanças,


os créditos, os seguros e os impostos.

• Finalmente, o capítulo 8 debruça-se sobre o lazer e o bem‑estar, a começar


pelas férias. Seja no alojamento ou no transporte, pode usufruir em pleno
fazendo opções económicas. O mesmo acontece na atividade física, na com-
pra de medicamentos e na aquisição e uso do equipamento informático e de
telecomunicações.

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A

REFLEXO DECO PROTESTE


Vai comprar um eletrodoméstico, contratar um crédito ou entregar a declaração de
rendimentos? Quer poupar na fatura da eletricidade e do gás ou na substituição dos pneus
do seu automóvel? Habitue-se a consultar as publicações, as aplicações móveis e o sítio
na internet da deco proteste (www.deco.proteste.pt), onde encontra diversos conselhos,
informações e ferramentas úteis para encontrar as melhores ofertas.
• Os testes comparativos indicam-lhe quais são as melhores compras ou como fazer boas
escolhas na altura de adquirir um bem, abrir uma conta bancária ou contratar um
empréstimo.
• Os simuladores e os comparadores online permitem-lhe determinar qual é a opção mais
interessante para si em diferentes domínios da vida quotidiana: alimentação, telecomuni-
cações, automóveis, aplicações financeiras, crédito e seguros, entre muitos outros. Além
disso, fica a saber onde encontrar os preços mais baixos.
• Graças às vantagens negociadas, os nossos associados podem beneficiar de poupanças
adicionais em diversas áreas (combustíveis, alojamento de férias, saúde, seguros, etc.).

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A

Índice
CAPÍTULO 1 CAPÍTULO 3
Orçamentar e poupar A alimentação

Elaborar um orçamento 10 As compras 40


Anotar as receitas 12 Faça uma lista 40
Anotar as despesas 12 Comprar em grandes quantidades? 41
Mais dicas para compras inteligentes 41
Economizar 13
Despesas inevitáveis e opcionais 14 Acabar com o desperdício 43
Poupar quase sem dar por isso 15 Comprar à medida 43
Pequenos extras que fazem a diferença 15 As provisões 43

Preparar as refeições 44
CAPÍTULO 2 Conselhos gerais para cozinhar 45
Comprar a bom preço Cozinhar a gás 46
Cozinhar a eletricidade 46
Procurar os bons negócios 18 Cozinhar no forno 48
Promoções 18 Usar o micro-ondas 48
Saldos 18
Modelos antigos 19 A loiça 48
Modelos de exposição ou ligeiramente Poupar na lavagem na máquina 50
danificados 19 Poupar na lavagem à mão 50
Modelos devolvidos 20
Compras em segunda mão 21 Conservação dos alimentos 51
Conservar à temperatura ambiente 51
Os descontos 23 Refrigerar 52
Porquê um desconto? 24 Congelar 55
Condições relativas aos descontos 25 Os restos 59
Como obter um desconto? 25

O cartão de cliente 29 CAPÍTULO 4


A habitação
Canais de venda vantajosos 30
Outlets 30 Comprar ou arrendar 62
Internet 30 Uma questão de custos 62
Feiras e salões 34 Mobilidade 63
Vendas por correspondência 35 Outros prós e contras 64

6
A

Escolher a casa 64 Investimentos que compensam 95


Localização 65 Outras medidas gerais
Nova ou usada 65 de poupança 95
Negociar o preço 67 Aquecedores elétricos 95
Crédito à habitação 68 Ar condicionado 96
Quanto pedir? 68
Simular e poupar 68 Alternativas à climatização 98

Equipar e decorar a casa 70 Água potável 98


Cozinha 70 O autoclismo 99
Casa de banho 71 Duche e banho 100
Móveis 72 Cozinha 101
Chão 72 As perdas de água 101
Produtos de linha branca e castanha 74 Jardim 102
Utilizar a água da chuva 103
Faça você mesmo 75 Reutilizar a água 103

CAPÍTULO 5 CAPÍTULO 6
A energia e a água O automóvel

Eletrodomésticos e outros aparelhos 79 Despesas bem medidas 106


Ajuste os consumos 80
Caça às pequenas luzes 86 Comprar um automóvel 107
Uma questão de combustível 108
Iluminação 89 Pequeno, médio ou grande? 109
Opte por lâmpadas economizadoras 89 Novo ou usado? 112
As lâmpadas de halogéneo 89 Negociar bem 112
Iluminação exterior 90
Potência e luminosidade 90 O financiamento 115
Crédito pessoal e automóvel 116
Aquecimento da água 91 Locação financeira (leasing e ALD) 117
Poupar energia gastando menos água 92 Custos comparados 117
Reduzir as perdas de calor 92
Uma boa utilização dos equipamentos 92 Seguro automóvel 118
Pagar e poupar 118
Aquecimento do ar ambiente 93 Apenas as coberturas essenciais 119
Aquecer apenas o necessário 94 Informação suplementar 120

7
A

Manutenção e condução 120 CAPÍTULO 8


Assuma um novo estilo 120 Lazer e bem-estar
Equipamentos de bordo 121
Atestar 123 Férias 140
Onde ficar alojado? 140
Alternativas à compra 123 Transportes 144
Partilhar boleias 123 Viagens organizadas 146
Carsharing 124 Seguro de viagem 146
Rent-a-car colaborativo 124
Exercício físico 147
Alternativas ao automóvel 125 Programa completo 148
Transportes públicos 125 Prato equilibrado 149
Bicicleta 125
Medicamentos genéricos 149
Efeito terapêutico igual 150
CAPÍTULO 7 Preços mais baixos 150
Questões de dinheiro Direito de opção 151
Na farmácia 151
Poupar ou pedir crédito 128
Rentabilizar as suas poupanças 128 Equipamento informático 152
O crédito ao consumo 130 Poupar num computador 152
Evitar e lidar com o sobre-endividamento 131 Poupar na compra
de uma impressora 154
Os seguros 133 Poupar na utilização 156
São realmente necessários? 133
Compare, vale a pena! 134 Telecomunicações 159
Preço e indemnização adequados 134 Telemóveis 160
Telefonar 160
Impostos na justa medida 135
Poupar no IRS 135
Poupar nos impostos sobre imóveis 137 Índice remissivo 163

8
A

Capítulo 1

Orçamentar
e poupar
A Gastar menos, viver melhor

Se pretende poupar, fazer uma lista das suas despesas habituais vai facilitar-
‑lhe a vida. Neste capítulo, indicamos‑lhe como contabilizar as receitas e as
despesas, para fazer o seu orçamento familiar e identificar mais facilmente
as poupanças possíveis.

Elaborar um orçamento
Anotar sistematicamente as suas despesas permite‑lhe ganhar consciência
de quanto gasta e em quê, chamando de imediato a atenção para eventuais
custos desnecessários. Ou seja, o simples facto de as registar pode, desde
logo, ajudar a reduzi‑las. Crie categorias, como, por exemplo, habitação,
eletricidade, gás, vestuário, automóvel, educação, etc., e anote os mon-
tantes correspondentes. Esta visão de conjunto será muito útil para iden-
tificar quais são as despesas mais importantes e onde é possível poupar.
Em seguida, elabore um orçamento, ou seja, um plano geral de todos os seus
ganhos e despesas durante um determinado período. Este permite identifi-
car como o agregado familiar gasta aquilo que ganha. De facto, não há orça-
mentos iguais: cada família faz as suas próprias escolhas, determina as suas
prioridades em matéria de despesas e, como tal, emprega os seus recursos
de maneira específica.

Fazer um orçamento mensal proporciona-lhe a perspetiva mais clara, já que


a maioria das receitas e, também, uma boa parte das despesas têm esta perio-
dicidade. Contudo, estabelecer um orçamento com base num mês espe-
cífico, escolhido aleatoriamente, não reflete a realidade da melhor forma:
os rendimentos e as despesas não são iguais todos os meses. Pode receber
o salário ou a pensão mensalmente, mas eventuais prémios pagos pela enti-
dade patronal ou juros de aplicações financeiras serão bastante mais espo-
rádicos. Enquanto, por exemplo, a prestação do crédito à habitação é paga
mensalmente, a fatura da eletricidade pode ser enviada de dois em dois
meses. Certos prémios de seguro são pagos anualmente, tal como algumas
taxas e impostos. Tenha em atenção que até a prestação do crédito à habi-
tação pode variar, dependendo da indexação da taxa utilizada (três, seis ou
12 meses). Por isso, contabilize todas as receitas e despesas ao longo de um
ano e calcule médias mensais.

Na página seguinte encontra um mapa que engloba as fontes de receita e as


categorias de despesas mais comuns. Preencha a coluna “Montante mensal”

10
A Orçamentar e poupar

MAPA DAS RECEITAS E DESPESAS MENSAIS

Receitas Montante
mensal
Salário líquido ___________
Subsídio de férias * ___________
Subsídio de Natal * ___________
Prémios * ___________
Rendas a receber ___________
Juros de aplicações financeiras * ___________
Outras receitas * ___________

Total ___________

Despesas Montante
mensal
Renda ou prestação de crédito hipotecário ___________
Outras prestações de crédito ___________
Água, eletricidade e gás ___________
Taxas e impostos * ___________
Telecomunicações ___________
Seguros * ___________
Quotizações ___________
Assinaturas e subscrições ___________
Transportes e/ou combustíveis ___________
Alimentação ___________
Férias * ___________
Vestuário * ___________
Equipamentos vários * ___________
Outras despesas ___________

Total ___________

* Sabe qual é o montante anual? Então divida­‑o por 12 para obter um valor mensal.

11
A Gastar menos, viver melhor

com os valores de que se recorda: salário líquido mensal, renda, prestação


de um crédito, etc. De seguida, recorra aos extratos bancários, aos recibos
dos seguros, etc.; por fim, muna‑se de uma calculadora e complete os espa-
ços em branco. Por vezes, terá de converter os montantes anuais em valores
mensais. A forma como classifica os seus rendimentos e despesas não tem de
ser rígida: o essencial é que fique com uma panorâmica geral. Se outro tipo
de classificação se adaptar melhor à sua situação, adote‑o.

Anotar as receitas
Para a maioria das pessoas, o salário constitui a fonte de rendimentos mais
importante. Anote os montantes líquidos, pois o que importa é o dinheiro
que pode gastar. O salário líquido é o montante que o seu empregador
deposita mensalmente na sua conta, depois de retirados os descontos para
a Segurança Social e a retenção na fonte do IRS. Conte ainda com o subsí-
dio de férias e o de Natal, eventuais prémios ou participação nos lucros da
empresa. Os montantes que são concedidos apenas uma vez por ano têm de
ser convertidos em valores mensais. Se for trabalhador independente, con-
verta o seu rendimento anual líquido (subtraídos os custos com a atividade,
a Segurança Social e os impostos) num valor mensal. Pode basear-se nos
montantes do ano anterior ou fazer uma projeção global.

Pense também noutras fontes de receitas eventuais, como juros, dividendos


ou rendas. Tratando-se de valores anuais, divida-os por 12.

Anotar as despesas
Uma grande parte dos rendimentos mensais é imediatamente absorvida
pelos pagamentos correntes: renda ou prestação do crédito à habitação,
faturas da eletricidade e do gás, mensalidades diversas. São os encargos fixos,
que pouco ou nada variam de um mês para outro. Encontra-os facilmente
no extrato bancário.
Quanto aos custos variáveis, dependem muito dos seus hábitos ao longo
de um determinado período. Por exemplo, a frequência com que vai ao
restaurante ou dos passeios de fim de semana. Geralmente, é mais difí-
cil fazer o apanhado de todas estas despesas e ter uma panorâmica geral.
Desde logo, esforce-se por seguir-lhes o rasto e quantificá-las. Muitas vezes,
terá de fazer uma estimativa e converter este montante anual num valor
mensal.

12
A Orçamentar e poupar

Para ter uma referência de controlo, calcule as suas despesas comparando


o rendimento total com o dinheiro que lhe resta — ou falta — no fim do mês.
Este montante permite-lhe estimar mais facilmente os custos variáveis, pois
já sabe qual é o valor que deve obter no final. Se quiser controlar as despe-
sas variáveis de forma mais rigorosa, faça um registo diário de quanto gasta
e em quê. Inclua tudo, do jornal e dos cafés que toma ao longo do dia até
aos artigos mais dispendiosos. Fazer um registo das despesas é um método
bastante eficaz para mudar os hábitos de consumo, mas exige uma disci-
plina considerável. Depois de fazer este registo ao longo de alguns meses,
analise os totais e pergunte a si próprio se está satisfeito com o destino que
tem dado ao seu dinheiro.

BANCA ONLINE
O acesso à conta bancária através da internet (homebanking) facilita o levantamento das
receitas e despesas. Com efeito, a generalidade dos bancos oferece aos seus clientes a
possibilidade de consultar separadamente os créditos e os débitos. Alguns até já fazem
o trabalho por si, agregando as receitas e as despesas por categorias, apresentando-as
de forma sistematizada e mostrando a sua evolução ao longo dos últimos meses. É uma
ajuda preciosa para seguir o rasto ao seu dinheiro.

Economizar
Até as pessoas mais poupadas podem desperdiçar centenas de euros
por ano sem darem por isso. Por exemplo, em casa gasta-se demasiada
energia. Se utilizar apenas lâmpadas de baixo consumo, apagar as luzes
quando não são necessárias, baixar alguns graus a temperatura do aque-
cimento e moderar o uso do ar condicionado estará a poupar dinheiro
sem grande esforço e, ainda, a contribuir para reduzir a emissão de
contaminantes.

Como veremos ao longo deste livro, há muitas outras áreas onde é possível
poupar ou reduzir as despesas. Instalar dispositivos de poupança de água
no chuveiro e no autoclismo, reduzir a utilização do carro e manter sempre
a pressão adequada nos pneus, para evitar o desperdício de combustível,
gerir de forma mais atenta as compras de supermercado e guardá-las em
boas condições de conservação... Contas feitas, muito dinheiro que pode-
mos facilmente poupar.

13
A Gastar menos, viver melhor

Despesas inevitáveis e opcionais


Algumas poupanças são mais fáceis de concretizar do que outras. Se é ver-
dade que terá sempre de pagar a renda e a fatura da água, já em relação às
despesas com as férias, os presentes, as idas a restaurantes, bares e discote-
cas ou o tabaco, cabe-lhe decidir se gasta ou não esse dinheiro ou estipular
um limite. É nestas despesas opcionais que pode mais facilmente poupar.
Questione-se sobre o que é realmente importante para si. Este ano não seria
preferível fazer férias mais perto de casa? Precisa mesmo de comprar uma
televisão ou um telemóvel de última geração? Quanto conseguirá poupar se
andar mais a pé e de transportes públicos, deixando o carro em casa? Reduza
os gastos supérfluos e a sua carteira notará imediatamente a diferença.

Cortar em despesas importantes, como as relativas à manutenção da casa e


dos aparelhos domésticos, é uma falsa poupança. De facto, no imediato fica
com mais dinheiro disponível, mas, a longo prazo, poderá ter de substituir
equipamentos ou fazer obras de monta devido a danos que poderiam ter sido
evitados. E é importante ter reservas para uma nova máquina de lavar ou
para uma reparação doméstica indispensável. Se tiver de pedir um emprés-
timo para fazer face a este tipo de imprevistos, irá acabar por sair-lhe mais
caro, pois terá de pagar juros sobre o montante emprestado. Além disso, fica
com o encargo adicional de pagar a dívida. Reservar menos dinheiro para o
vestuário ou para mudar a mobília da sala comporta menos riscos.

De uma maneira geral, as reservas para fazer face a imprevistos onerosos


fazem parte das despesas inevitáveis, em relação às quais há pouca margem
de manobra. É mais fácil reduzir nos consumos domésticos. Lembre-se, tam-
bém, de que o esforço de poupança terá mais hipóteses de sucesso se todos
os membros da família o perceberem e aceitarem. Uma despesa que parece
supérflua a uma pessoa pode ser muito importante para outra. Poupar é
também uma questão de concertação e de escolhas conjuntas.

SUGESTÕES PARA OS MAIS GASTADORES


• Fixe um limite máximo para os gastos ao longo da semana. Levante esse montante na
segunda‑feira de manhã e faça‑o durar até domingo.
• Se tiver um cartão de crédito, procure efetuar sempre o pagamento dos extratos, na totali-
dade, durante o período em que não está sujeito a juros (20 a 50 dias após cada compra).
Se ainda não tem um, mas está a pensar adquiri‑lo, procure um cartão sem anuidade.
• Deposite, numa conta à parte, o dinheiro que deseja reservar para despesas importantes
(férias, por exemplo). Desta forma, reduz o risco de o gastar em compras por impulso
desnecessárias.

14
A Orçamentar e poupar

Poupar quase sem dar por isso


Analise os seus extratos bancários. É possível que, no final de cada mês, lhe
sobre regularmente uma determinada quantia. Se for o caso, habitue-se a
transferir esse montante para uma conta a prazo, ou outra aplicação finan-
ceira, logo que o seu salário ou outros rendimentos estejam disponíveis na
sua conta bancária. Se os seus rendimentos forem variáveis, e não dispu-
ser sempre do mesmo montante, também poderá definir uma percentagem
para transferir de imediato para a poupança. Outras soluções passam por
pôr automaticamente de lado o montante mensal de um aumento salarial,
eventuais reembolsos de impostos, as receitas de um trabalho suplemen-
tar ou o equivalente às prestações de um empréstimo, quando acabar de o
amortizar. Provavelmente este dinheiro não irá fazer-lhe falta no dia-a-dia e,
ao pô-lo de lado, evita a tentação de o gastar.

Se, durante 30 anos, conseguir economizar 1200 euros por ano (100 euros/
mês), tendo em conta um rendimento anual de 2%, terá constituído uma
poupança de quase 50 mil euros.

Pequenos extras que fazem a diferença


Uma poupança modesta, mas regular, pode render bastante a longo prazo.
Considere os exemplos seguintes e adapte-os à sua situação pessoal. Calcu-
lámos a poupança ao fim de 10 anos (última coluna) em resultado da pou-
pança anual acumulada e do rendimento obtido.

Poupança Poupança
anual (€)1 10 anos (€)2

Renunciar aos jogos de azar (euromilhões, …) 260 2904


Cortar nas idas ao restaurante 800 8935
Reduzir o consumo de tabaco 1000 11 169
Usar os transportes públicos (em vez do carro) 1000 11 169
Não fazer compras por impulso 1200 13 402
Reduzir ou eliminar gastos com férias 1500 16 753
_______ + _______ +

Total 5760 64 332


1 Estimativa global, em função da sua situação.
2 Considerando que as quantias economizadas são investidas em aplicações com um rendimento líquido médio

anual de 2%.

15
A
A

Capítulo 2

Comprar
a bom preço
A Gastar menos, viver melhor

Existem muitas formas de poupar numa aquisição dispendiosa, nomea-


damente aproveitando uma redução de preço. Aqui ficam diversas
possibilidades.

Procurar os bons negócios


Muitas pessoas pensam que um grande desconto significa sempre um bom
negócio. Mas uma redução do preço não garante que este seja o mais baixo
do mercado. Aliás, é frequente as superpromoções e os megadescontos
parecerem mais interessantes do que realmente são. Por isso, não se deixe
iludir pelas ofertas promocionais e mantenha os olhos bem abertos para as
muitas possibilidades de comprar a um bom preço.

Promoções
Todas as semanas, a sua caixa de correio é inundada de folhetos promo-
cionais. Sobretudo nos setores muito concorrenciais, como o dos eletro-
domésticos, as ofertas sucedem-se e os preços são constantemente ajusta-
dos para atrair a clientela. É uma boa razão para estar atento a este tipo de
promoções.
A maior parte destas ofertas é temporária ou apresenta-se como tal. A men-
sagem subjacente é evidente: aproveite já ou a promoção vai passar-lhe ao
lado! Pressionado a tomar uma decisão rapidamente, terá pouco tempo para
refletir e há o risco de fazer uma compra precipitada. Não se deixe influen-
ciar demasiado. O caráter temporário das promoções é mais flexível do que
parece. Por vezes, os preços promocionais são mantidos depois de a campa-
nha já ter terminado.

Saldos
Os saldos podem realizar‑se em qualquer época, desde que, no total, não
durem mais de 124 dias por ano. É nestes períodos que os comerciantes,
sobretudo os que vendem vestuário e calçado, aproveitam para escoar os
restos das coleções. As reduções de preços praticadas, nalguns casos muito

18
A Comprar a um bom preço

significativas (podem ultrapassar os 50%), permitem poupar dinheiro. Mas é


preciso estar atento.

Para ter a certeza de que faz uma boa compra, compare o preço de saldo
com o anterior. A lei obriga a indicar a informação necessária para que esta
comparação seja possível. Por exemplo, poderá ter ambos os preços ou um
deles e a percentagem de redução. A referência para calcular a redução
apresentada terá de ser o valor mais baixo a que o produto foi vendido nos
90 dias que antecederam o início dos saldos ou promoções (exceto preços
de outros saldos ou promoções que tenham ocorrido nesse período).

Compre apenas artigos que realmente lhe interessem. A troca ou devolução


de um produto sem defeito, ou em que esteja assinalado que o tem, não é
obrigatória por lei.

Modelos antigos
Quando surgem novos modelos de determinados bens, os antigos são
vendidos a um preço inferior. É uma oportunidade a aproveitar, já que a
diferença pode ser substancial. Se as novas características e funcionalida-
des não tornarem o modelo anterior obsoleto, ou, ainda que tal aconteça,
mantiver o interesse em adquiri-lo, não hesite em perguntar ao comer-
ciante se ainda o tem.
Saber qual é o ritmo de rotação habitual do produto permite-lhe avaliar
melhor a sua margem de manobra e antecipar a negociação. Pergunte
quando é que o artigo que lhe interessa começou a ser vendido e qual a perio-
dicidade com que chegam os novos modelos. O vendedor estará mais pre-
disposto a conceder-lhe um desconto quando o período de comercialização
se aproximar do final, pois não poderá dar‑se ao luxo de manter os modelos
antigos na loja por muito tempo.

Modelos de exposição ou ligeiramente danificados


Os produtos que estiveram em exposição ou têm pequenos danos cos-
tumam ser vendidos a um preço mais baixo. Contudo, algumas pessoas
receiam fazer esta opção e vir a ter problemas com a garantia ou com even-
tuais trocas. Tal receio não é infundado, pois, em muitos casos, não será
possível trocar os produtos adquiridos. Verifique previamente as condições
de venda.

19
A Gastar menos, viver melhor

Já em matéria de garantias, os direitos do consumidor mantêm-se intactos.


Só não pode reclamar de defeitos que tenham sido assinalados pelo vende-
dor antes da compra. Se, por exemplo, comprar uma máquina de lavar loiça
sabendo que tem a porta riscada, não poderá depois exigir que esse defeito
seja corrigido. Em relação a qualquer outro problema que surja no prazo de
dois anos, a contar da entrega do bem, mantém o direito a que seja resol-
vido, sem despesas adicionais, através de reparação ou substituição, as quais
devem ser efetuadas num prazo máximo de 30 dias. Outras possibilidades
previstas na lei são uma redução adequada do preço ou a devolução, com o
respetivo reembolso.

PEQUENOS OU GRANDES DANOS?


Antes de aproveitar uma redução de preço devida à existência de defeitos, analise bem
o impacto que estes poderão ter na utilização e duração do bem. Por exemplo, a promo-
ção de uma arca congeladora que esteve em exposição é uma possibilidade interessante.
De facto, muitas pessoas colocam a arca num local onde a existência de alguns riscos
pouco importa. Normalmente, a função de congelação estará a funcionar bem, até por-
que, na loja, o aparelho não está ligado.
Tratando-se de um fogão, o cenário poderá ser diferente. De facto, os manípulos de
comando de um fogão são frágeis. Se, durante seis meses, os clientes os rodaram em
todos os sentidos, podem estar danificados. Neste caso, talvez o fogão não funcione
devidamente.

Modelos devolvidos
Outra opção para comprar mais barato são os artigos devolvidos, por con-
sumidores insatisfeitos, e postos à venda a um preço mais baixo. Poderão
ser uma alternativa interessante, desde que o comprador saiba que se trata
de modelos devolvidos. O que nem sempre é o caso. Irá aperceber-se facil-
mente destas situações se estiver atento aos seguintes pontos:
— a embalagem é a original e encontra-se intacta?
— a embalagem interior apresenta uma fita adesiva suspeita?
— há dedadas nos botões ou no comando à distância?

Nas lojas que propõem uma garantia de reembolso, caso não fique satisfeito,
o risco de adquirir um modelo devolvido é mais elevado do que nas restan-
tes. Da mesma forma, haverá maior probabilidade de comprar um modelo
de exposição ou demonstração nas lojas muito pequenas, onde, para evita-
rem custos suplementares, os comerciantes não compram modelos exclusi-
vamente destinados a demonstração.

20
A Comprar a um bom preço

Compras em segunda mão


Todos os produtos têm um impacto ambiental, devido às matérias-primas
e aos processos necessários ao seu fabrico, distribuição, eventual consumo
energético e, finalmente, aos resíduos que permanecem quando deixam de
ser utilizados. Evitando o reflexo de deitar para o lixo aquilo que já não quer,
permite a sua reutilização, a preços muito razoáveis, e melhora também o
impacto ambiental.

Pode encontrar-se de tudo em segunda mão: pequenos e grandes eletrodo-


mésticos, móveis, computadores, material eletrónico, roupa, livros, jogos
para computadores e consolas e, obviamente, automóveis. O ideal é encon-
trar uma boa loja ou um vendedor de confiança. De outra forma, as compras
em segunda mão podem reservar surpresas menos agradáveis.

Esteja atento a aparelhos como os frigoríficos, as arcas congeladoras, os for-


nos, as máquinas de lavar, etc., já que os modelos antigos consomem muito
mais energia e água do que os atuais. Neste caso, comprar em segunda mão

COMPARAR PREÇOS
Uma boa forma de poupar é comparar os preços. Se o fizer através da internet, irá também
ganhar muito tempo. Para garantir bons negócios e saber se os descontos valem mesmo a
pena, recorra às ferramentas que disponibilizamos no nosso site.

Já fez a sua escolha?


Com a ferramenta Comparar Preços da deco proteste (www.deco.proteste.pt/comparar-
-precos) qualquer pessoa pode introduzir o endereço url para o produto que lhe interessa,
na loja onde está a pensar comprá-lo, ou pesquisar por loja e produto. Apresentamos-lhe
a variação do preço desse produto e nessa loja em três horizontes temporais (nos últimos
sete dias, um mês e três meses) e avaliamos o interesse do negócio. Se for pouco ou nada
interessante, mostramos-lhe também a que preços está a ser vendido noutras lojas.
Aqui encontrará os preços de centenas de milhares de produtos, de eletrodomésticos a
telemóveis, passando por equipamentos de informática, imagem e som e artigos de pue-
ricultura, entre outros.

Quer escolher o produto mais adequado às suas necessidades, ao melhor preço?


Os subscritores da deco proteste que pretendam informações sobre a qualidade dos pro-
dutos e os preços nas lojas tradicionais e online podem utilizar os comparadores que dis-
ponibilizamos em www.deco.proteste.pt e que permitem, de uma forma fácil e rápida,
encontrar produtos à medida das suas necessidades. É o caso dos telemóveis, televisores,
tablets e aspiradores, mas também dos frigoríficos, máquinas de lavar roupa e máquinas
fotográficas, entre muitos outros. Compare as características e os resultados dos testes a
vários modelos e descubra a loja com os preços mais baixos.

21
A Gastar menos, viver melhor

não é um bom negócio para o ambiente nem para a sua carteira. Mais vale
investir num eletrodoméstico recente e com uma boa classificação de efi-
ciência energética. Para outros produtos, poderá poupar muito dinheiro.
Procure os anúncios em jornais e em publicações especializadas. Ou então
dirija‑se a lojas de artigos em segunda mão e às feiras que os comercializam.
A internet é uma plataforma de eleição para adquirir bens em segunda mão
a preços baixos. Eis alguns sítios que pode visitar: www.olx.pt, www.custo-
justo.pt, www.coisas.com, www.segunda-mao.net ou www.facebook.com/
marketplace/.

EVITAR AS BURLAS COM MB WAY


As burlas com MB Way têm visado pessoas que não são utilizadoras da app, desconhecem
o seu modo de funcionamento e seguem as instruções de alguém que apenas pretende
ter acesso à conta bancária da vítima. Algumas recomendações para evitar que isto lhe
aconteça:
— recuse pagamentos por esta via, sempre que desconheça o modo de funcionamento
da aplicação;
— nunca siga as instruções de desconhecidos para fazer ou receber pagamentos por
MB Way;
— em caso de dúvida, antes de utilizar a aplicação, solicite informação ao banco sobre o
seu funcionamento. Nas vendas online, sempre que possível, é preferível que os paga-
mentos sejam efetuados presencialmente ou por transferência bancária;
— para aderir ao MB Way, nunca use o número de telefone de outra pessoa. Qualquer
número que introduza na adesão fica associado ao seu cartão e à sua conta bancária,
o que permitirá movimentá-la. Leia com atenção as mensagens que lhe aparecem no
ecrã das caixas automáticas da rede Multibanco antes de confirmar o que quer que seja
nas várias etapas do processo de adesão.

Imagem cedida pela SIBS.

22
A Comprar a um bom preço

Se recorrer a sítios de classificados para comprar bens usados a particulares,


tome algumas precauções:
— peça informações detalhadas sobre o produto e as condições de entrega,
assim como fotografias com boa resolução, que permitam ver o produto
com nitidez;
— verifique se o vendedor tem mais produtos à venda. Assim, poderá
perceber que tipo de vendedor é. Desconfie se, por exemplo, tiver
vários anúncios com produtos a preços extremamente baixos: poderá
ser alguém que quer vender gato por lebre. Muitos destes sítios têm
também informação sobre os vendedores, deixada por clientes ante-
riores. Confirme desde quando o vendedor está registado e qual o seu
historial;
— não envie dinheiro pelo correio e nunca transfira antecipadamente gran-
des importâncias para um vendedor que não conheça. Se não estiver
familiarizado com o modo de pagamento solicitado, peça auxílio a alguém
da sua confiança ou, se isso não for viável, recuse pagar por essa via (veja
também a caixa Evitar as burlas com MB Way, na página anterior);
— se possível, faça negócios presencialmente. Saberá com quem está a
lidar e o que compra e pode pagar no momento em que lhe entregam o
produto;
— procure assegurar-se de que o produto a comprar não foi roubado.
Sempre que possível e aplicável, solicite o recibo original de compra e,
em caso de dúvida, confirme a identidade do vendedor. Pode, ainda,
tentar confirmar junto das autoridades policiais se o artigo foi roubado.
Se for caso disso, confirme se os números de série não foram manipula-
dos. Solicite o título de propriedade em compras de carros ou imóveis.

Se for enganado, participe às autoridades. Informe também os responsáveis


pelo sítio onde foi anunciada a venda, para que atuem no sentido de contro-
lar e minimizar ações e utilizadores fraudulentos.

Os descontos
A lei portuguesa proíbe a fixação dos preços. Regra geral, o fabricante ou o
importador indicam um preço recomendado e, em seguida, o comerciante
é livre de aumentar ou reduzir esse valor. Quanto ao consumidor final, cada
vez mais fatores facilitam a tarefa de negociar um desconto na loja. Explica-
mos como fazê-lo.

23
A Gastar menos, viver melhor

Porquê um desconto?
Conhecer as motivações do comerciante melhora a posição negocial do
cliente. Vejamos, então, algumas das razões para lhe fazerem um desconto:
— para os comerciantes, é essencial vencer a concorrência e convencer os
clientes a comprar na sua loja e não na do lado. Um preço competitivo
pode, nesta perspetiva, ser o argumento que faz a diferença;
— para escoarem a sua produção, muitas marcas pressionam os comercian-
tes e, por exemplo, só fazem entregas aos que adquirem determinadas
quantidades. Assim, os que comprarem menos poderão não ter acesso
à rede de distribuidores e, em consequência, ficam impossibilitados de
vender os produtos dessa marca. Os distribuidores também não fogem à
regra: muitos têm de vender uma quantidade mínima para distribuírem a
marca. Se não atingirem a quota fixada, o preço de compra poderá subir.
Alguns fabricantes não hesitam em retirar-lhes a licença de distribuição.
Face a estas pressões, é natural que os comerciantes tentem escoar os
seus produtos a preços reduzidos;
— as lojas online conseguem vender mais barato do que as tradicionais
porque chegam diretamente ao consumidor e não têm encargos dis-
pendiosos com stocks, atendimento e espaços de exposição. Isso signi-
fica, também, que o comprador não terá oportunidade de ver os pro-
dutos antes de os comprar e pode ter mais dificuldade em esclarecer
dúvidas ou pedir informações adicionais. Os setores em que a internet
desempenha um papel importante, como o do equipamento informá-
tico, apresentam sempre mais descontos. Para não perderem clientes,
os lojistas estão por vezes dispostos a ajustar os seus preços com os da
internet;
— ao fazer descontos, o comerciante espera que o cliente se lembre que a
loja tem bons preços, se sinta tentado a comprar alguns extras e… volte
sempre.

VALES DE DESCONTO
Com o seu vale de desconto na carteira, vai fazer compras a uma determinada loja e,
ao efetuar o pagamento, é-lhe descontado o montante ou a percentagem indicados no
vale apresentado. Os vales de desconto atraem clientes que, de outra forma, provavelmente
nunca entrariam na loja. São distribuídos de várias formas, incluindo as caixas do correio,
os jornais e as revistas e a própria embalagem de produtos adquiridos. A internet não é
exceção: basta inserir os termos “vales de desconto” num motor de busca para os encontrar.
Certifique-se de que os vales de desconto não o levam a fazer compras inúteis. Além disso,
mesmo a preço reduzido, muitos artigos de marca continuam a ser mais caros do que os
das marcas concorrentes menos conhecidas.

24
A Comprar a um bom preço

Condições relativas aos descontos


Um comerciante pode ter muitas razões para lhe fazer um desconto, mas
não de forma automática. Regra geral, os descontos só são concedidos
quando estão reunidas algumas condições.

A oferta e a procura
Quando a procura de um determinado produto é superior à oferta, a proba-
bilidade de conseguir um desconto é mais reduzida. De facto, quanto mais
interessados houver, menos o comerciante terá de se esforçar para vender o
seu produto. A regra aplica‑se, muitas vezes, aos produtos bem classificados
nos testes comparativos da deco proteste.
Na situação inversa, ou seja, quando a oferta é muito superior à procura,
é mais fácil obter descontos. Contudo, as diferenças de preço nos vários
locais de venda serão mais reduzidas e é provável que os descontos não
sejam muito significativos. É o que acontece nos segmentos sujeitos a uma
forte concorrência há já alguns anos (a oferta de televisores é um bom
exemplo).

Os distribuidores exclusivos
Tratando‑se de uma marca comercializada por distribuidores exclusi-
vos, a probabilidade de obter um desconto é muito reduzida. Algumas
marcas dão muita importância à imagem de exclusividade e esforçam-se
por controlar os seus preços em todos os locais de venda. Desta forma,
os consumidores não devem esperar que um produto vendido numa loja
a um determinado preço esteja disponível noutro local por um valor mais
baixo.
Embora contrarie a lei da concorrência, este tipo de cenário é frequente.
Algumas marcas ameaçam mesmo retirar a licença de distribuidor autori-
zado aos revendedores que praticam descontos. Se a marca for muito con-
ceituada, o comerciante irá pensar duas vezes antes de se arriscar a perder
a respetiva licença.

Como obter um desconto?


Já vimos que, em muitos casos, é possível negociar os preços. Mas como
fazê-lo? A seguir propomos alguns truques para negociar de forma eficaz.

25
A Gastar menos, viver melhor

Agir rapidamente
Multiplica as hipóteses de obter um desconto quando, para utilizar uma
imagem expressiva, o seu automóvel está à porta da loja, pronto a carregar.
Dar a entender, claramente, que quer comprar o produto, reforça a sua
posição negocial. Regra geral, os comerciantes estão mais predispostos a
conceder bons descontos se for para venderem de imediato. Este “fenó-
meno” é sobejamente conhecido na psicologia dos processos de decisão.

Diversos estudos revelam que os potenciais clientes são mais ousados nas
escolhas a curto prazo do que a longo prazo. Se o vendedor perceber que
o cliente ainda vai pensar, irá fazer o mesmo. E não há dúvidas de que irá
tomar uma decisão muito mais racional: optar por uma margem de lucro
confortável.

Procurar a pessoa certa


É inútil perder tempo a negociar com alguém que não pode tomar a deci-
são de reduzir o preço de venda. Verifique, desde logo, se o seu interlo-
cutor está em posição de lhe conceder um desconto. Nas grandes superfí-
cies e nas cadeias de lojas, o funcionário que vem atendê-lo não tem esse
poder. Antes de encetar negociações, pergunte quem é o responsável pelo
assunto.

Escolher o momento
Negociar um desconto pode ser um processo demorado. E nenhum vende-
dor vai querer perder tempo quando a loja está cheia de gente. É do seu inte-
resse entrar na loja ao final do dia. É uma altura mais calma e o comerciante
vai querer terminar o dia com uma boa venda.

Ousar
Muitas pessoas sentem-se desconfortáveis com a ideia de “pedinchar” numa
loja e nunca irão fazê‑lo. Outras temem ficar mal vistas em caso de recusa.
É necessária audácia para negociar um desconto. Mas talvez descubra em si
próprio aquela pequena dose de coragem suplementar para avançar se tiver
em conta que:
— para a maioria dos comerciantes, os descontos são uma coisa normal e
que negoceiam de boa vontade;

26
A Comprar a um bom preço

— pedir um desconto pode ser visto como pedinchice, mas também como
negociação inteligente.

Avaliar a situação
O tato e a psicologia nunca estarão a mais numa negociação. Reavalie em
permanência a sua posição negocial. E não se esqueça de que a simpatia é
sempre melhor conselheira do que o mau humor. De facto, o comerciante
não é obrigado a conceder‑lhe um desconto e, para todos os efeitos, fazê-lo
é sempre um favor.

Ajuste a sua técnica de negociação ao tipo de loja onde se encontra. Se se tra-


tar de uma loja que frequenta há já alguns anos, é provável que se dirija aos
funcionários de uma maneira totalmente diferente da que utilizaria na filial
de uma grande cadeia de lojas. Da mesma forma, a abordagem mais ade-
quada não será a mesma numa loja de móveis de marca e numa loja de ele-
trodomésticos. No primeiro caso, tente informar-se sobre as possibilidades
de desconto de uma forma extremamente polida e cautelosa; no segundo,
ninguém ficará chocado se perguntar, de forma direta e simpática, se é pos-
sível fazerem uma “atençãozinha” comercial. Também existem grandes dife-
renças em função dos setores. Ou seja, onde a luta pelos melhores preços é a
regra, pode permitir-se ser mais direto do que num setor em que os descon-
tos não são frequentes. Pode acontecer que, nas lojas de artigos de design,
suscite indignação ao revelar que comparou os preços nos vários locais de
venda. Pelo contrário, os vendedores de material informático ficarão sur-
preendidos se souberem que não o fez.

Ser realista
A frequência com que são anunciadas descidas de preços radicais leva algu-
mas pessoas a pensar que isso é possível em todos os produtos. Na prática,
os descontos superiores a 30% são raros e há poucos produtos em que o
comerciante disponha de uma margem de lucro tão significativa. Avalie a
margem do comerciante antes de iniciar as negociações, para que estas
sejam realistas. Pedir um desconto excessivo não lhe servirá de nada e pode
inviabilizar as negociações.

Uma forma de estimar a margem dos comerciantes, num determinado setor,


consiste em analisar as diferenças de preço entre as ofertas promocionais e
os preços correntes. Se forem propostas, habitualmente, promoções de 10%,
saberá que não pode contar com um grande desconto.

27
A Gastar menos, viver melhor

Outros conselhos
— Comece por comparar os preços, para avaliar melhor as suas possibilida-
des de negociação;
— reflita previamente sobre as suas necessidades reais: as negociações serão
mais direcionadas;
— defina o montante máximo que está disposto a pagar. Por estranho que
pareça, é muitas vezes quando estão mais determinadas em negociar
que as pessoas acabam por pagar mais do que tinham previsto. De facto,
o comerciante pode tornar uma proposta mais atrativa, oferecendo-lhe,
por exemplo, diversos acessórios. Mas se, no final, o preço do produto se
mantiver inalterado, terá pago mais do que desejava;
— peça o máximo de informações sobre os produtos que escolheu e deixe
bem claro que também se informou noutros sítios e que está a par do
mercado. Mantenha-se tranquilo e não se mostre demasiado solícito ou
apressado, dando trunfos ao comerciante;
— tenha em conta a época do ano. Em princípio, será mais fácil negociar o
preço de uma manta de lã ou de equipamento de esqui em pleno verão,
já que a procura será reduzida;
— sendo viável e adequado à situação, compre em grandes quantidades e
negoceie um desconto invocando essa razão. Mas não encha a casa de
produtos de que não necessita ou a que não conseguirá dar uso em tempo
útil, antes de se estragarem;

PREÇO E SERVIÇO
É útil conhecer e pôr em prática as melhores estratégias para obter descontos, mas tam-
bém convém ter em mente que, no final, o preço não é a única variável que conta. E que o
desconto pode sair caro se a qualidade do serviço pós-venda não estiver à altura. Portanto,
pode ser interessante pagar um pouco mais por esse serviço.
• Quanto mais curta for a margem do comerciante, menos disposto ele estará a apoiá-lo no
pós-venda. De um ponto de vista formal, mantêm-se os mesmos direitos em matéria de
serviços e garantias, mas, na prática, nem sempre é o caso.
• As lojas especializadas são muitas vezes mais caras do que os outros canais de venda, mas
fornecem, frequentemente, explicações mais detalhadas e serviços suplementares. Se tiver
de mandar reparar a sua televisão, ficará mais satisfeito se lhe emprestarem outra durante
a reparação. E, se ocorrer uma avaria, uma boa assistência do vendedor será muito valiosa
para resolver a situação com a máxima eficácia.
• É provável que os funcionários das lojas especializadas conheçam bem os produtos que
vendem, o que tem muitas vantagens, já que poderão ajudá-lo a identificar o produto que
melhor corresponde às suas necessidades e à sua carteira. Assim, avalie bem a importân-
cia que atribui ao serviço e o montante que está disposto a consagrar-lhe.

28
A Comprar a um bom preço

— tratando-se de artigos sujeitos a uma rápida evolução tecnológica, como


as câmaras digitais, compre um modelo que acabou de ser substituído
por outro mais recente, mas negoceie uma grande redução no preço;
— peça um desconto se puder transportar o artigo pelos seus próprios
meios: a diferença de custo pode ser significativa;
— quanto maior for o seu investimento, mais força terá na negociação.
Se lhe propuserem facilidades de pagamento, peça antes um desconto.
Pague em dinheiro ou recorrendo ao seu cartão de débito;
— não hesite em “regatear” também em matéria de serviços. Profissionais
como os mediadores imobiliários estão, muitas vezes, dispostos a reduzir
a sua comissão para fecharem uma boa transação.

O cartão de cliente
É muito provável que tenha vários cartões deste tipo na sua carteira, já que
são muito comuns. Os cartões de cliente prometem descontos interessan-
tes. Mas será que cumprem as promessas e satisfazem as suas expectativas?
O objetivo declarado destes cartões é fidelizar o cliente a uma marca ou loja,
recompensando-o com vantagens ou ofertas. Na maioria das vezes, o cartão
serve também para registar os montantes gastos na loja durante um deter-
minado período. Uma vez atingida a quantia definida, o cliente é recom-
pensado. Outros cartões permitem acumular os descontos dos produtos em
promoção e rebater o saldo no pagamento de compras.

Qualquer que seja a modalidade, encontramos cartões de cliente, por exem-


plo, na maioria das grandes superfícies, lojas de vestuário e em alguns res-
taurantes ou livrarias. Os programas de passageiro frequente criados por
algumas companhias aéreas funcionam segundo o mesmo princípio: quando
o total das milhas percorridas atinge um determinado valor, o passageiro
recebe bilhetes grátis ou um upgrade para a classe executiva.

Os cartões permitem às empresas identificar melhor o perfil de consumo


dos seus clientes e, com base nessa análise, elaborar novas estratégias
comerciais. Razão pela qual muitas pessoas os recusam. Pode questionar-
-se, também, se os preços mais elevados praticados por algumas dessas
lojas não serão outra forma de pagar a oferta concedida.
Como pode constatar, os cartões de cliente também têm inconvenientes.
E não é garantido que lhe permitam comprar mais pelo mesmo dinheiro.

29
A Gastar menos, viver melhor

Pelo contrário, poderá ser mais interessante fazer as suas compras em lojas
mais baratas.

Canais de venda vantajosos


Além das lojas tradicionais, multiplicam-se os canais de venda com especi-
ficidades que, muitas vezes, tornam os preços mais interessantes. Mas que
também podem ter inconvenientes.

Outlets
Outlet é um anglicismo que designa um ponto de venda com um conceito
específico: vender artigos de marca a preços mais baixos. E os preços são
reduzidos porque os artigos são o que resta de coleções antigas, têm peque-
nos defeitos, estiveram em exposição ou vêm diretamente da fábrica e são
vendidos sem intermediários. Apesar de, por vezes, terem pequenos defei-
tos estéticos, os produtos são novos e mantêm a garantia. Os outlets são par-
ticularmente interessantes para comprar, por exemplo, vestuário, acessó-
rios de moda ou eletrodomésticos. Mas, apesar dos descontos anunciados,
os preços de venda podem não ficar muito abaixo dos que são praticados
noutros locais. Para o saber ao certo, terá de fazer uma ronda por outras
lojas e comparar os preços com os que são praticados no outlet.

A par da eventual vantagem nos preços, há o inconveniente da distância:


regra geral, os outlets têm uma localização periférica. Se tiver em conta os
custos de deslocação, e não sabendo, à partida, se vai lá encontrar o que
procura e a um preço que justifique a deslocação, poderá não compensar.
A distância também será um obstáculo se precisar de trocar o produto
adquirido, já que o mais provável é que não volte de propósito para o fazer.

Internet
As lojas online têm menos encargos e, por isso, podem vender a preços mais
baixos. Tudo se vende na internet. Os livros são muitas vezes mais baratos e

30
A Comprar a um bom preço

o mesmo acontece com as reservas de alojamento para as férias. Encomen-


dar um computador ou um periférico pode também revelar-se uma opção
interessante, sobretudo se já souber exatamente o que pretende. Ao fazer a
sua escolha, não se esqueça de contabilizar os custos de envio e eventuais
taxas alfandegárias. Antes de encomendar artigos pesados e volumosos,
como grandes eletrodomésticos, informe-se sobre as condições de entrega:
é frequente que os deixem à entrada do prédio ou que cobrem mais para
entregar em pisos acima ou abaixo do rés-do-chão.

A internet também lhe permite fazer boas compras de artigos em segunda


mão, como vimos no título respetivo, a partir da página 21. Outra vantagem
é que torna os mercados mais transparentes. A comparação de preços é
mais fácil e significativamente mais rápida, até porque deixa de ser neces-
sário visitar os vários pontos de venda. Além disso, a sua área de pesquisa
é bastante mais vasta: em princípio, o mundo inteiro está à distância de
um clique. Tem, assim, a oportunidade de tirar partido das diferenças de
preço a uma escala internacional. Da mesma forma, pode encomendar,
a partir de Portugal, produtos que (ainda) não se encontram à venda no
mercado português.

Leilões
Muitos produtos são vendidos desta forma, tanto por profissionais como por
particulares. De obras de arte a viaturas, casas e móveis, novos ou usados,
nada escapa. A popularidade dos leilões eletrónicos explica-se, em parte,
pela sua vertente lúdica: licitar num leilão parece um jogo e envolve alguma
adrenalina. Além disso, o licitador amador tem a sensação de que o artigo
em que está interessado lhe é praticamente dado.

Na internet, os leilões garantem mais anonimato e não é possível observar os


outros licitadores (ao vivo, algum nervosismo ou um olhar obstinado dizem
muito sobre as suas intenções). O que, contribuindo para a excitação, parece
incitar muitos amadores a fazer licitações demasiado elevadas. Os leilões
também não permitem avaliar o estado de conservação dos bens, o que
poderá ser relevante, por exemplo, nos artigos em segunda mão.

Em geral, para entrarem nesta “comunidade”, vendedores e compradores


têm de fazer um registo gratuito e fornecer dados pessoais, como nome,
morada, idade e número de telefone. Poderão ter ainda de indicar o número
de cartão de crédito, para efetuarem eventuais pagamentos. Se lho pedirem,
assegure-se antes de o dar de que a ligação é segura (veja o título Compras
seguras na rede, na página 33).

31
A Gastar menos, viver melhor

Ao registo ficam associados um nome de utilizador e uma palavra-passe, que


permitem o acesso. Os utilizadores conhecem-se uns aos outros apenas por
este nome, nada sabendo sobre quem se esconde por detrás dele.

O bem leiloado é atribuído à licitação mais elevada. Alguns sistemas não per-
mitem licitar mais do que uma vez. Tal como nos leilões vulgares, ao apre-
sentar a melhor licitação está a assumir um compromisso de compra. Aten-
ção a eventuais erros de digitação…
Os leilões através da internet proporcionam bons negócios, mas também
podem esconder fraudes e burlas. Acontece, por vezes, que quem vende
tenta fugir à entrega do bem, sobretudo quando o valor alcançado fica
aquém das expectativas. Por outro lado, o anonimato permite aos organi-
zadores licitarem eles próprios ou pedirem a terceiros que façam subir as
licitações. Claro que os leilões vulgares não estão isentos deste risco, mas
o esquema é mais fácil de detetar. Última questão: deve ter algum grau de
conhecimento do produto para saber se está a fazer, realmente, um bom
negócio. Para muitos dos produtos com maior procura, os preços são infla-
cionados. Pouco antes do fecho do leilão, outros licitadores fazem ofertas
elevadas e as quantias propostas sobem rapidamente.

É habitual os sítios de leilões na internet pedirem uma classificação a ven-


dedores e compradores sobre o comportamento da outra parte (o vendedor
avalia quem lhe comprou e o comprador avalia quem lhe vendeu), a que cha-
mam feedback. Este pode ser negativo, positivo ou neutro e, muitas vezes,
inclui a justificação da classificação. Nunca entre num negócio sem consultar
esta informação. Um vendedor com uma avaliação globalmente negativa é
um forte motivo para evitar a transação.

Compras em grupo
As compras coletivas ou em grupo proporcionam a aquisição de produtos e
serviços com descontos consideráveis. Automóveis, bicicletas, refeições, via-
gens, estadias, massagens, bilhetes para espetáculos e tratamentos de beleza
são apenas alguns exemplos do que é possível adquirir desta forma.
Por norma, os sítios dedicados a esta atividade publicam diariamente as
ofertas promocionais dos seus parceiros, válidas por um período limitado.
Os consumidores interessados compram diretamente ao sítio e recebem um
cupão que será trocado pelo produto ou serviço junto do respetivo forne-
cedor. Algumas ofertas só são válidas se existir um número mínimo de ade-
sões; noutras, quanto mais consumidores aderirem maior será o desconto.
Existem também outras modalidades de compras coletivas que não funcio-
nam com cupões.

32
A Comprar a um bom preço

As compras coletivas podem ser um bom negócio, mas nem sempre estão
isentas de problemas: produtos que tardam em chegar ou que não corres-
pondem ao encomendado, reembolsos em crédito para gastar em novas
compras, em vez de dinheiro, ou serviços para os quais não se consegue
fazer marcação são apenas alguns exemplos. Além disso, muitas vezes as
empresas que gerem estes sítios procuram afastar responsabilidades quando
algo corre mal, culpando o fornecedor.
Por muito apetecível que pareça a compra, compare o preço noutros locais,
para se certificar de que o negócio é vantajoso. Procure também saber junto
do fornecedor do bem ou serviço quais são as condições de utilização do
cupão.

Compras seguras na rede


Deseja adquirir um artigo pela internet em apenas alguns cliques? O pri-
meiro e melhor conselho: fuja das ofertas boas de mais para serem verdade.
Mas há ainda uma série de outros cuidados a ter:
— confirme se o sítio não é puramente virtual, procurando o nome, a morada
e o número de telefone da empresa. Não faça compras se encontrar apenas
um apartado postal. A morada completa é essencial para localizar o vende-
dor se houver problemas. Em caso de dúvida, antes de comprar, envie um
e­-mail a pedir esclarecimentos. Se não obtiver resposta, escolha outro sítio;
— compre, de preferência, em sítios conhecidos;
— não se fique pela primeira loja virtual que encontrar. Informe-se e compare
as condições. Compre só depois de ter toda a informação de que necessita
para fazer a sua opção. Quando possível, compare também com lojas físicas;
— verifique os prazos de entrega e as condições do serviço pós-venda, assim
como as garantias oferecidas. Leia integralmente as condições gerais;
— se a empresa se situar fora da União Europeia, antes de encomendar
informe-se sobre os seus direitos e sobre como poderá desistir da compra.
Um sítio estrangeiro, mas dirigido ao mercado nacional (por exemplo,
com texto em português), não pode apresentar prazos diferentes dos pre-
vistos na lei portuguesa. Veja se o preço inclui todos os impostos, os por-
tes de envio e eventuais custos alfandegários;
— compare os preços depois de calcular o valor total a pagar;
— guarde as condições do contrato e, em caso de dúvida, contacte a loja
antes de encomendar;
— guarde uma cópia da encomenda e os e‑mails trocados com a empresa.
Se não receber qualquer confirmação de receção, contacte o vendedor
para garantir que a encomenda foi recebida e processada;
— pense duas vezes antes de fornecer os seus dados bancários. Verifique
se está numa página segura (com um cadeado na barra inferior do ecrã

33
A Gastar menos, viver melhor

e endereço a começar por https://). Se não o for, evite usar o cartão de


crédito e opte por outra modalidade de pagamento, como, por exemplo, à
cobrança ou através do MB Way (www.mbway.pt), que permite fazer paga-
mentos e criar cartões virtuais temporários MB Net, evitando a partilha dos
dados do cartão usado para efetuar o pagamento (veja também a caixa Evi-
tar as burlas com MB Way, na página 22). Nunca envie dinheiro pelo correio;
— se pagar com cartão de crédito, verifique os extratos da conta. Caso detete
a cobrança de quantias erradas, duplo pagamento ou transações que não
efetuou, contacte de imediato a entidade emissora;
— ignore os e‑mails que lhe pedem para aceder a um link. Em geral, são men-
sagens de phishing: simulam ser provenientes de um banco ou de outra enti-
dade credível, mas visam apenas aceder a dados confidenciais e levantar
dinheiro da sua conta. Em caso de dúvida sobre a sua autenticidade, contacte
diretamente a entidade em causa e confirme se lhe enviaram esse e‑mail;
— quando receber o produto, certifique-se de que a embalagem está em bom
estado (se não estiver, verifique também se o produto não tem danos visí-
veis) e de que corresponde à sua encomenda. Não sendo o caso, o vende-
dor terá de substituí-lo ou devolver-lhe o dinheiro. Faça-o antes de assinar o
aviso de receção, se este existir, para que todo o processo seja mais célere.
Mas saiba que a aceitação não é irreversível, já que, se houver danos, visí-
veis ou não, o consumidor tem dois meses para os denunciar. A garantia
de dois anos é válida para todos os bens móveis e, no caso das compras
na internet, existe período de reflexão (veja o título da página seguinte);
— para evitar problemas, se não encontrar indicações claras sobre a política
de resolução do contrato e de reembolso, peça esclarecimentos por cor-
reio eletrónico e, se não obtiver resposta ou os seus direitos não forem
respeitados, procure outro sítio.

Feiras e salões
Se vai fazer uma aquisição importante, os eventos do setor são um bom
manancial de informação. De facto, a presença simultânea de um número
significativo de empresas, no mesmo espaço, permite-lhe comparar facil-
mente as diferentes marcas e os respetivos preços. E ficará com uma visão
global do que o mercado tem para lhe oferecer.

As feiras e os salões proporcionam a oportunidade de avaliar de perto as


diferenças na relação qualidade-preço e obter todo o tipo de informações.
E não se sentirá constrangido ou pressionado a comprar.
Regra geral, os produtos não são mais baratos. Mas, além de ficar bem pre-
parado para quando, posteriormente, entrar numa loja, talvez seja possível

34
A Comprar a um bom preço

negociar o preço na própria feira. De facto, todos os expositores estão cons-


cientes de que você conhece a concorrência. E talvez não tenham uma loja
na sua zona. Assim, sabem que o risco de não voltarem a ter qualquer con-
tacto seu é elevado. Na medida em que o evento poderá ser a única hipótese
de lhe venderem alguma coisa, deverão estar dispostos a conceder-lhe um
desconto suplementar.

Outra vantagem das feiras e salões é que apresentam as mais recentes ten-
dências e tecnologias. Se não estiver à procura da última novidade, e preferir
um modelo mais antigo a preço reduzido, aproveite para pedir informações
sobre a coleção anterior e saber para quando se prevê a sua liquidação.
De facto, com a comercialização dos novos modelos, os preços dos antigos
são revistos em baixa. Os novos modelos apresentados na feira permitem-lhe
identificar facilmente os antigos modelos ainda expostos nas lojas.

Vendas por correspondência


Muitas pessoas pensam que os artigos são mais baratos na venda por
correspondência do que nas lojas. Os catálogos, repletos de ofertas do
tipo “disponível a partir de…” fazem de tudo para transmitir essa ideia.
De facto, as empresas de venda por correspondência têm muito menos
encargos do que as lojas tradicionais, mesmo contando com os custos
de impressão e distribuição dos catálogos. Tal como as lojas online, não
necessitam de instalações dispendiosas para expor os produtos nem de
stocks ou muitos funcionários. No entanto, os bens podem estar a ser
vendidos ao preço habitual ou com uma diferença mínima. Além disso,
normalmente os custos de envio são adicionados ao total da encomenda
e pagos pelo cliente. Ainda que estes montantes sejam baixos, podem tor-
nar o preço final menos interessante.

Saiba ainda que, tal como lhe explicamos já a seguir, se as compras efetua-
das não lhe agradarem, terá alguns dias para as devolver.

Quando se aplica o período de reflexão


Considera-se que, ao tomar a iniciativa de comprar, o consumidor age com
conhecimento de causa e, portanto, não pode mudar de opinião. No entanto,
em certos casos, a legislação permite-lhe renunciar à compra. É assim nas
compras à distância (por exemplo, através da internet, telefone ou por cor-
respondência) ou fora do estabelecimento comercial (por exemplo, em casa

35
A Gastar menos, viver melhor

do consumidor, no seu local de trabalho ou em eventos promovidos pelo


vendedor), em que existe um risco acrescido de agir por impulso e sem a
informação necessária. A legislação também o protege nos setores conhe-
cidos pelos seus abusos e práticas comerciais agressivas, como o time-sha-
ring. Trata‑se do direito de livre resolução do contrato, também conhecido por
período de reflexão.

As exceções
O direito de resolução do contrato não se aplica aos negócios com um ven-
dedor particular. Salvo acordo em contrário, também não se aplica, entre
outros, a:
— serviços integralmente prestados no prazo legal para o exercício do
direito de resolução, após o prévio consentimento expresso do consumi-
dor, reconhecendo este que perde esse direito;
— bens ou serviços cujo preço dependa de flutuações de taxas do mercado
financeiro que o fornecedor não possa controlar e que ocorram durante
o prazo de livre resolução;
— bens elaborados de acordo com especificações do consumidor, personali-
zados ou que, por natureza, não possam ser reenviados ou sejam suscetí-
veis de deteriorar‑se ou ficar rapidamente fora de prazo;
— bens selados que não possam ser devolvidos depois de abertos, por
razões de higiene e saúde;
— gravações áudio ou vídeo, bem como programas informáticos a que o
consumidor tenha retirado o selo de garantia de inviolabilidade;
— contratos celebrados em hasta pública e contratos de alojamento para fins
não residenciais, transporte de bens, aluguer de automóveis, restauração
ou serviços relacionados com atividades de lazer que prevejam uma data
ou período de execução específicos;
— conteúdos digitais encomendados pelo consumidor e não fornecidos em
suporte material (um CD ou um DVD, por exemplo), a partir do momento
em que o consumidor lhes aceda;
— serviços de reparação ou de manutenção a executar em casa do consumi-
dor e a seu pedido;
— aquisição de jornais ou revistas, com exceção dos contratos de assinatura;
— serviços de apostas e lotarias.

Os prazos legais
Existem prazos legais para o consumidor exercer o direito de livre resolução
do contrato, os quais não podem ser reduzidos, mas podem ser prolongados:

36
A Comprar a um bom preço

— nas compras à distância e fora do estabelecimento comercial, tem 14 dias,


após a receção do bem ou a celebração do contrato (no caso dos servi-
ços), para desistir da compra sem ter de pagar nada ou de justificar-se.
Este prazo é alargado para 12 meses, a contar do termo do prazo inicial,
se o vendedor não cumprir, antes de celebrado o contrato, o dever de
informação sobre a existência do direito de livre resolução, o respetivo
prazo e o procedimento para exercê-lo, com entrega do formulário pró-
prio. Se, durante este prazo, o vendedor cumprir o dever de informação
pré-contratual, o consumidor tem 14 dias para resolver o contrato a partir
da data em que é informado;
— o consumidor pode exercer o seu direito preenchendo o formulário entre-
gue pelo vendedor, através de carta, de preferência registada e com aviso
de receção, por contacto telefónico (pode ser mais difícil provar que o
fez e em que termos), pela mera devolução do bem ou por outro meio
suscetível de prova e que não seja proibido por lei;
— se o vendedor não se disponibilizar para recolher o bem, o consumidor
tem 14 dias, após a data em que comunicou a decisão de pôr fim ao con-
trato, para lho devolver ou entregar. Mas terá de o conservar e restituir
em boas condições. Cabe-lhe ainda suportar os custos da devolução,
exceto se o vendedor aceitar fazê-lo ou não o tiver informado, previa-
mente, desse dever;
— quando o bem entregue no domicílio do comprador, no momento em
que é celebrado o contrato, não puder, pela sua natureza ou dimensão,
ser devolvido por correio, cabe ao vendedor recolher o bem e pagar essa
despesa.

37
A
A

Capítulo 3

A alimentação
A Gastar menos, viver melhor

Precisamos de nos alimentar todos os dias, uma necessidade que absorve


uma fatia avultada do orçamento familiar. Mas é possível economizar nas
compras diárias sem comer menos. Este capítulo é dedicado às poupanças
relacionadas com a alimentação. Começamos pelas compras e analisamos
também as opções mais económicas para cozinhar e lavar a loiça. Por fim,
veremos como evitar desperdícios com uma boa conservação dos alimentos.

As compras
Para reduzir as despesas, há que fazer as compras em pontos de venda com
uma localização acessível e preços vantajosos. No entanto, as diferenças
de preços entre os supermercados nem sempre são fáceis de avaliar. Esteja
atento e, sobretudo com os produtos mais caros ou que compra mais fre-
quentemente, compare os preços nos sites dos supermercados, antes de ir
às compras, ou guarde os talões de caixa para comparar depois e ter essa
informação em conta na vez seguinte.

Pode ainda poupar aproveitando as promoções (mas certifique-se de que


a poupança é real e não apenas aparente) e optando por produtos econó-
micos em vez de marcas mais dispendiosas. Temos verificado, nos nossos
testes comparativos, que os produtos de marca própria reúnem muitas vezes
os títulos de escolha acertada, pela boa relação qualidade/preço. Por fim,
a quantidade de coisas que coloca no carrinho de compras também faz a
diferença.

Faça uma lista


Um conselho eficaz e já bem conhecido, que merece ser recordado: faça uma
lista de compras e seja-lhe fiel! Dessa forma, evitará comprar por impulso
produtos de que não precisa. Ao elaborar a sua lista, verifique o que tem
e o que falta no frigorífico, na despensa e nos armários. Assim, pode gerir
melhor as reservas e evitar desperdícios.

Além de levar a lista, não vá às compras de estômago vazio. Esta precaução


também reduz consideravelmente o risco de voltar para casa com mais pro-
dutos do que o necessário.

40
A A alimentação

Comprar em grandes quantidades?


Pode tornar-se interessante comprar em grandes quantidades, pelo menos no
que respeita aos produtos mais duráveis. Mas compare sempre o preço por
unidade de medida, já que este pode variar consoante o tamanho da embala-
gem e nem sempre são as maiores que permitem poupar. Ainda que estas indi-
quem "poupança", não deixe de confirmar se isso corresponde à realidade.

O custo unitário encontra-se na prateleira, na etiqueta relativa ao produto.


Nela deverão constar, de forma visível e legível, o preço de venda da emba-
lagem e o preço por unidade de medida (quilo, litro ou unidade). Algumas
cadeias de supermercado também têm essa informação na loja online.

Se optar por uma embalagem grande, assegure-se de que consegue gastá-la


antes de terminar o prazo de validade, se este existir, para evitar desperdí-
cios. E se algum artigo que utiliza com frequência e não coloca problemas de
conservação estiver em promoção, considere pô-lo em maior quantidade no
carrinho de compras (veja a caixa que se segue).

COM O OLHO NAS PROMOÇÕES


• Avalie as promoções com espírito crítico. Precisa realmente do artigo em questão? Verifi-
que se o preço compensa e se o valor registado na caixa corresponde ao anunciado.
• Algumas promoções têm por finalidade escoar produtos perto do final do prazo de vali-
dade. Pode ser uma oportunidade de poupança, e contribui para evitar o desperdício, mas
certifique-se de que consegue consumi-los antes de terminado o prazo.
• Se a promoção for vantajosa, avalie a quantidade a comprar de acordo com o seu con-
sumo e o prazo de validade dos produtos, para não comprar mais do que necessita.

Mais dicas para compras inteligentes


— Comparar preços é uma das melhores formas de poupar, mas dá traba-
lho e requer tempo. O que irá seguramente compensar. Tenha em conta
que os produtos à altura dos olhos são os que o supermercado tem mais
interesse em vender, pelo que convém também prestar atenção aos que
se encontram nas prateleiras de cima e nas de baixo;
— se a validade dos produtos o permitir, compre provisões para vários dias.
Quanto mais vezes for ao supermercado, maior será a tentação de fazer
compras supérfluas. E também outros custos, como o transporte, irão
aumentar;

41
A Gastar menos, viver melhor

— se possível, vá às compras sozinho. O seu carrinho ficará mais leve. Lem-


bre-se que as crianças exercem uma influência significativa nas decisões
de compra e, em certas lojas, os produtos que mais lhes chamam a aten-
ção estão estrategicamente colocados ao nível dos seus olhos e mãos!;
— não se esqueça de levar sacos, incluindo os isotérmicos (para transportar
os congelados). Desta forma, não terá de os comprar de cada vez que vai
ao supermercado. Reciclar os sacos para trazer produtos a granel não
terá grande impacto na sua carteira, mas o ambiente agradece. Mesmo
com os sacos adequados, deixe os congelados para o final, quando já tiver
todas as outras compras no carrinho, para não quebrar a cadeia de frio e
reduzir o risco de se deteriorarem devido às alterações de temperatura;
— os frutos e os legumes da época são mais baratos. No nosso calendário
Fruta e legumes na época ideal, poderá verificar quais são os melhores
meses do ano para consumir cada um destes produtos e, em cada mês,
quais os frutos e legumes que se destacam. Abaixo encontra também as
estações ideais para consumir alguns frutos.

FRUTOS NA ÉPOCA IDEAL

VERÃO
PRIMAVERA
Ameixa, Amora, Cereja,
Ameixa, Amora, Figo, Framboesa,
Cereja, Groselha, Melancia, Melão, Meloa,
Laranja, Morango, Morango, Nectarina,
Nectarina Pêssego, Uva
TODO O ANO
Ananás
Banana
Limão
Maçã
OUTONO INVERNO
Anona, Castanha, Anona, Abacate,
Dióspiro, Laranja, Laranja, Quivi,
Saiba mais sobre o Romã, Uva Tangerina
calendário de fruta e
legumes em www.deco.
proteste.pt/calendario-fruta
e www.deco.proteste.pt/
calendario-legumes.

42
A A alimentação

Acabar com o desperdício


Deitamos demasiada comida para o lixo. Comprar e gerir os produ-
tos alimentares de forma adequada reduz bastante o desperdício e gera
poupanças.

Comprar à medida
Se comprar apenas a quantidade suficiente, não terá de deitar nada fora.
Para que não lhe falte comida em casa, mas também não tenha de ir dema-
siadas vezes ao supermercado, tente avaliar quais são os alimentos e as
quantidades de que realmente precisa. Ao longo de algumas semanas,
compare as quantidades que compra com as que utiliza. Terminado esse
período, já conseguirá ter uma noção bastante aproximada do que a sua
família consome e, dessa forma, estará em condições de fazer os ajustes
necessários.

Ao fazer as suas compras, convém também ter em mente o espaço dis-


ponível no frigorífico, no congelador e na despensa, por um lado, e as
quantidades recomendadas por pessoa e por dia (veja o quadro da página
seguinte).

As provisões
Gosta de ter uma grande quantidade de provisões em casa? Compre pro-
dutos que se conservem durante muito tempo, nomeadamente conservas,
arroz, esparguete, entre outros. Recorra igualmente aos congelados, não
esquecendo que também estes têm prazo de validade e que o tipo de conge-
lador onde estão guardados determina a sua duração (veja o título Congelar,
na página 55). Leia atentamente a informação relativa à conservação dos
produtos alimentares que consta nos respetivos rótulos.

Acondicione bem os alimentos que comprar, para que não se estraguem no


caminho para casa. Por exemplo, não coloque os legumes frescos no fundo
dos sacos. Transporte os produtos refrigerados e congelados em sacos iso-
térmicos e, ao chegar a casa, guarde-os de imediato no frigorífico ou no
congelador.

43
A Gastar menos, viver melhor

QUANTIDADES DIÁRIAS
PARA UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL(1)
Quantidade diária
Tipo de (em função da idade,
Exemplos de uma porção
alimentos sexo e constituição
física)
– 1 carcaça (50 g)
– 1 fatia fina de broa (70 g)
– 5 colheres de sopa de cereais de pequeno-
Cereais e -almoço (35 g)
derivados, 4 a 11 porções – 6 bolachas tipo Maria ou de água e sal (35 g)
tubérculos – 1 batata e ½ média (125 g)
– 2 colheres de sopa de arroz/massa crus (35 g)
– 4 colheres de sopa de arroz/massa cozinhados
(110 g)
– 2 chávenas de legumes crus (180 g)
Hortícolas 3 a 5 porções
– 1 chávena de legumes cozinhados (140 g)
Fruta 3 a 5 porções – 1 peça de fruta de tamanho médio (160 g)
– 1 copo de leite (250 ml)
– 1 iogurte líquido ou 1 e ½ sólido (200 g)
Produtos lácteos 2 a 3 porções – 2 fatias finas de queijo (40 g)
– ¼ de queijo fresco (50 g)
– ½ requeijão (100 g)
– 30 g de carne ou de peixe cru
Carne, peixe
1,5 a 4,5 porções – 25 g de carne ou de peixe cozinhado
e ovos
– 1 ovo médio
– 1 colher de sopa (25 g) de leguminosas secas
cruas (feijão, grão ou lentilhas)
– 3 colheres de sopa (80 g) de leguminosas
Leguminosas 1 a 2 porções
frescas cruas (ervilhas ou favas)
– 3 colheres de sopa (80 g) de qualquer tipo de
leguminosas cozinhadas
– 4 colheres de sopa de natas (30 ml)
– 1 colher de sopa de azeite ou óleo (10 g)
Gorduras e óleos 1 a 3 porções
– 1 colher de sobremesa de manteiga ou
margarina (15 g)
(1) Adaptado a partir da Roda dos alimentos, Direção-geral do Consumidor, FCNAUP e Programa
Operacional Saúde XXI. Os limites mínimos e máximos das porções recomendadas foram calculados para
valores energéticos de 1300 kcal e 3000 kcal, sendo a quantidade intermédia correspondente a um plano
alimentar de 2200 kcal. A alimentação das crianças de 1 a 3 anos deve guiar­‑se pelos limites inferiores e
a dos homens ativos e dos rapazes adolescentes pelos superiores. A restante população deve orientar­‑se
pelos valores intermédios.

Preparar as refeições
Pode cozinhar a gás ou a eletricidade, em vários tipos de equipamentos. Nas
próximas páginas ficará a saber, nomeadamente, que recorrer ao gás natural

44
A A alimentação

A ARTE DE LIMITAR OS PREJUÍZOS


• Confirme regularmente a data de validade dos produtos que tem em casa e tente organi-
zar as refeições de forma a consumi-los antes que expire.
• Tenha cuidado com as promoções e outros aliciantes ao consumo. Irá realmente comer os
3 x 4 iogurtes propostos ao preço de 2 x 4 antes de terminar o prazo de validade? Ou um
volume mais pequeno é suficiente para as suas necessidades habituais?
• Acondicione cuidadosamente os alimentos. Por exemplo, não deixe o cesto da fruta
ao sol ou os chocolates ao pé do forno. Tenha em atenção as características dos
produtos. A banana, a maçã, o melão e o pêssego aceleram o amadurecimento dos
outros frutos, devido à libertação de etileno. Assim, se não quiser que isto aconteça,
guarde-os noutra fruteira. Mantenha as especiarias em frascos hermeticamente
fechados, para não perderem as suas características aromáticas nem alterarem as
de outros alimentos.
• Aproveite as sobras e os ingredientes de refeições anteriores (veja também Os restos,
na página 59). Por exemplo, se sobrar carne faça um empadão ou croquetes. O pão duro
pode ser transformado em torradas, pão ralado e tostas e os batidos e sumos são uma boa
opção para aproveitar fruta madura.
• Existe também uma forma adequada de arrumar os alimentos no frigorífico. Coloque os
que estão perto do final do prazo de validade mais à vista, para serem consumidos em pri-
meiro lugar. Os que se deterioram mais facilmente, como o peixe, o marisco, a carne crua
e os bolos com creme devem estar na parte mais fria (normalmente em cima, nos modelos
de uma porta, ou em baixo, nos combinados de duas portas). Na porta poderá guardar
ovos, produtos para barrar (margarina ou manteiga, por exemplo) e bebidas, incluindo
o leite. Guarde a fruta e os legumes na gaveta que lhes é destinada. Na zona menos fria
poderá guardar alimentos já cozinhados, queijo, compotas, maionese. Embora esta distri-
buição seja a mais habitual, verifique o manual de instruções do seu aparelho, porque não
são todos iguais.

é uma das opções mais económicas. No que respeita aos equipamentos, des-
tacam-se, pela eficiência, as placas de indução. Já a seguir, propomos-lhe
alguns truques para poupar na preparação das refeições.

Conselhos gerais para cozinhar


— Evite tachos demasiado grandes: irá poupar energia se usar um tamanho
adaptado ao volume de comida a preparar;
— para aproveitar ao máximo o calor produzido, use recipientes com uma
base de diâmetro idêntico ou superior ao da placa ou da chama. Verifique
também se o fundo é adequado ao equipamento utilizado, já que nem todos
os tachos se adaptam, por exemplo, às placas de indução;
— sempre que possível, tape os tachos enquanto estão ao lume;

45
A Gastar menos, viver melhor

DESCONGELAR A CARNE
Está com pressa e não tem tempo para deixar a carne a descongelar no frigorífico? Colo-
que-a num recipiente com água, mas dentro da embalagem ou de um saco de plástico
bem fechado. Outra opção, menos económica mas ainda mais rápida, é pô-la no micro-
-ondas e usar a função de descongelação. Nunca descongele à temperatura ambiente,
pois isso favorece a proliferação de bactérias. E não se esqueça, não volte a congelar o que
já descongelou: os alimentos perdem o valor nutricional.

— para os cozinhados mais demorados, recorra à panela de pressão. Uma


terrina em cerâmica refratária, bem fechada, requer menos energia do
que um tacho em aço inoxidável ou alumínio, mas convém colocar um
difusor de calor por baixo;
— cobrir o fundo do tacho com água é suficiente para cozinhar batatas e a
maior parte dos legumes, usando o vapor gerado no processo. No entanto,
assegure-se de que o tacho fica bem tapado, para que os alimentos não
acabem de cozer a seco. Desta forma, poupa no tempo dedicado a prepa-
rar a refeição e na fatura energética;
— na véspera de os cozinhar, coloque os alimentos congelados no frigorífico.
Assim, será necessária menos energia para prepará-los ou aquecê-los. Por
outro lado, como os produtos congelados libertam frio, o sistema de refri-
geração do frigorífico irá consumir menos energia.

Cozinhar a gás
Note que, do ponto de vista financeiro, cozinhar a gás natural é mais van-
tajoso do que usar a eletricidade, exceto se tiver placas de indução. Estas
têm um custo energético muito semelhante ao do gás natural. O mesmo não
acontece com o gás engarrafado (propano ou butano), que atualmente fica
mais caro do que a eletricidade (veja o gráfico da página seguinte).

Cozinhar a eletricidade
— Utilize apenas tachos com fundo plano e sem deformações, que assentem
totalmente na placa. Caso contrário, o consumo de energia aumenta em
flecha;
— as placas elétricas continuam quentes ainda durante algum tempo depois
de terem sido desligadas. Nos cozinhados mais demorados, desligue-as

46
A A alimentação

O CUSTO ENERGÉTICO DOS EQUIPAMENTOS PARA COZINHAR (1)


Cêntimos
17,58

12,30

10,53
10,42 10,43

8,35
7,67

5,84
Bico a gás
butano

vitrocerâmica
Placa
elétrica

Placa
radiante
Bico a gás
natural

vitrocerâmica
a gás butano

vitrocerâmica

vitrocerâmica
Placa

Placa
a gás natural

Placa
de indução

Placa de
halogéneo +
+ radiante
Equipamentos

(1) Custo de aquecer 4 litros de água até à fervura, de acordo com os preços em vigor em julho de 2020.

cinco minutos antes de estarem prontos. O calor residual é suficiente para


terminar a tarefa;
— se mudar de um fogão a gás para uma placa elétrica (de indução ou vitro-
cerâmica), talvez seja melhor adaptar a sua instalação elétrica, aumen-
tando a potência contratada;
— o disco de aquecimento rápido das placas de vitrocerâmica, identificá-
vel por um ponto vermelho ou por designações como powerful ou rapid,
é tão rápido quanto voraz a consumir eletricidade. Se não tiver muita
pressa, utilize os discos normais.

VIVA O JARRO ELÉTRICO!


Do ponto de vista energético, o jarro elétrico é a opção mais económica para ferver água:
o seu rendimento é de quase 90%. No extremo oposto, os bicos de gás do fogão só utili-
zam 27% da energia consumida para aquecer a água. Já o micro-ondas utiliza 38% e as
placas de indução 78%.

47
A Gastar menos, viver melhor

Cozinhar no forno
— Mantenha a porta do forno fechada, para evitar perdas de calor e, conse-
quentemente, de energia;
— nos modelos que permitem desligá-la, não deixe a lâmpada do forno
acesa inutilmente;
— evite o pré-aquecimento. Os fornos com ventilação têm normalmente um
aquecimento mais rápido, o que dispensa esta etapa;
— apague o forno um pouco antes de o cozinhado estar pronto, aproveitando
o calor que ainda permanece no interior para o terminar. Para cozinhados
que demorem mais de 45 minutos, desligue o forno cinco a dez minutos
antes do final;
— reserve o grill do forno elétrico apenas para os casos estritamente neces-
sários. Esta função utiliza quase o dobro da energia que o funcionamento
normal do forno;
— não coloque o forno (produção de calor) mesmo ao lado do frigorífico ou
da arca congeladora (fontes de frio). Ou então instale uma placa isoladora
entre os diferentes aparelhos.

Usar o micro-ondas
Embora seja muito prático, se quiser poupar evite utilizar o micro-
-ondas para descongelar alimentos. Planeie as refeições com antece-
dência e retire-os do congelador a tempo de os deixar a descongelar no
frigorífico. Desta forma, não irá consumir energia para a descongelação.
Cozinhar no micro-ondas para se despachar mais depressa? Apenas para
as pequenas quantidades. Para três ou quatro pessoas, ganhará tempo e
dinheiro se cozinhar no fogão. Pelo contrário, aquecer pequenas porções
de comida num fogão a gás consome duas a três vezes mais energia do que
no micro-ondas.

A loiça
Qual a diferença de custo e impacto ambiental entre lavar a loiça na
máquina ou à mão? Sem dúvida, a máquina de lavar tem vindo a tornar-se
menos dispendiosa e poluente. Os equipamentos mais modernos utilizam

48
A A alimentação

menos detergente, água e eletricidade que os antigos. E em relação à lava-


gem à mão?

O custo total da lavagem depende do consumo de água e de energia,


da quantidade de detergente utilizada e do preço do equipamento. No que
respeita ao consumo de água, as máquinas recentes são preferíveis à lava-
gem à mão. Uma máquina de lavar loiça comum consome, em média,
13 litros de água por lavagem no programa principal e cerca de 10 litros no
programa económico. Além disso, muitas pessoas passam a loiça por água
antes de a porem na máquina ou lavam os tachos e os utensílios de cozi-
nha à parte, operações que requerem, pelo menos, mais 10 litros de água.
No total, cada lavagem na máquina pode consumir mais de 25 litros de
água. Lavar a loiça de uma refeição à mão, enxaguamento prévio incluído,
consome, em média, cerca de 60 litros de água. À mão ou na máquina,
o enxaguamento prévio é dispensável se houver o cuidado de raspar bem
os pratos com os talheres ou, melhor ainda, com os guardanapos de papel
usados na refeição.

Também o consumo elétrico das máquinas de lavar loiça foi revisto em


baixa, por terem programas com temperaturas cada vez mais reduzidas.
Verifique no manual de instruções da sua máquina qual o programa reco-
mendado, tendo em conta o tipo e o grau de sujidade. Por norma, para a
loiça do dia-a-dia, incluindo alguns tachos e panelas, pode utilizar o pro-
grama normal (cerca de 57ºC, em média) ou o programa ECO (ronda os 51ºC
na fase de lavagem). Se possível, utilize este último programa: apesar de
demorado, é aquele onde se encontra o melhor equilíbrio entre a eficácia
da lavagem e a poupança de energia e de água. Se, para lavar a loiça à mão,
utilizar água aquecida por uma caldeira elétrica, o consumo energético das
duas opções de lavagem será equivalente.

Graças, sobretudo, à evolução dos detergentes, a lavagem na máquina tor-


nou-se menos poluente. Os produtos são mais eficazes e concentrados,
assegurando a limpeza a temperaturas mais baixas. Não são mais poluentes,
caros ou agressivos para o ambiente do que os usados na lavagem à mão.
No entanto, o bom funcionamento da máquina depende também da adição

ATENÇÃO!
• Não ponha sal de cozinha na máquina de lavar loiça. Todos os supermercados vendem sal
especial para estes aparelhos.
• Cuidado com os palitos e outros objetos ou detritos pequenos, pois podem passar através
do filtro e provocar uma avaria da máquina.

49
A Gastar menos, viver melhor

de líquido abrilhantador e — se a água for dura — de sal regenerador, para


evitar a formação de depósitos calcários no equipamento e na loiça.

Por fim, convém não esquecer o preço do aparelho, bem como das esponjas e
escovas, dos panos e dos escorredores de loiça. Na prática, mesmo que tenha
uma máquina de lavar loiça, dificilmente consegue passar sem estes acessórios.

Poupar na lavagem na máquina


Faça uma utilização mais económica da máquina de lavar loiça seguindo
estes conselhos:
— elimine os restos de comida com os talheres ou os guardanapos de papel
usados e evite o enxaguamento prévio;
— ponha a máquina a funcionar apenas quando estiver cheia. Se for preciso
esperar mais um pouco, e para evitar que a sujidade seque, faça o pro-
grama de pré-lavagem a frio;
— algumas máquinas estão equipadas com uma função de meia carga. Evi-
te-a. Com efeito, os consumos de água e eletricidade não são reduzidos
para metade;
— sempre que a sujidade da loiça o permita, opte pelo programa econó-
mico (ECO);
— se tiver contratado a tarifa bi-horária ou tri-horária, ponha a máquina a
lavar durante as horas de vazio (regra geral à noite e/ou ao fim de semana),
em que a eletricidade é mais barata;
— doseie o detergente respeitando as indicações do fabricante, impressas na
embalagem do produto;
— respeite as recomendações do fabricante no que respeita à limpeza do
filtro e à colocação da loiça, do detergente, do líquido abrilhantador e do
sal regenerador, de forma a melhorar o funcionamento da máquina e a
sua duração;
— utilize produtos separados ao invés de “3 em 1”. Os primeiros são mais
baratos e, além disso, pode determinar a sua dosagem. E isso é prático,
dado que as quantidades de sal e de abrilhantador dependem muito das
características da água.

Poupar na lavagem à mão


— Aproveite a água de lavar os legumes para fazer um enxaguamento prévio
da loiça suja;

50
A A alimentação

— deite um pouco de água nos tachos e frigideiras enquanto ainda estão


quentes: terá o efeito de uma pré-lavagem;
— a espuma não é um indicador da eficácia do detergente para lavar a
loiça. Juntar mais detergente à água porque esta tem pouca espuma é um
desperdício.

Conservação dos alimentos


Conservar os alimentos nas melhores condições e durante o máximo
de tempo possível é essencial tanto para a saúde como para a carteira.
Mal acondicionados, estragam-se rapidamente. E, se deitar comida fora
é um desperdício, mais vale não correr o risco de consumi-la estragada
e dar cabo da saúde. Alguns produtos conservam-se bem à temperatura
ambiente. Outros precisam de ir para o frigorífico ou para o congelador.
Quando comprar produtos embalados, respeite as recomendações que
constam dos rótulos.

Conservar à temperatura ambiente


— Guarde os alimentos que podem ser conservados à temperatura ambiente,
de preferência, nos armários da cozinha ou na despensa;
— faça uma gestão eficiente das provisões: coloque os produtos mais recen-
tes, cuja validade está ainda longe de expirar, atrás dos mais antigos e

A DESPENSA
• Guarde os alimentos em recipientes e armários adequados e limpos. Desta forma, ficam
ao abrigo da sujidade, das bactérias e dos insetos, entre outros contaminantes. Habitue-se
a lavar os recipientes sempre que os utilizar para acondicionar outro género alimentício.
• Se vir resíduos suspeitos na despensa ou nos armários, limpe primeiro a seco (varrendo ou
aspirando) e, de seguida, com água bem quente e detergente, enxaguando por fim com
água limpa. Deixe secar antes de voltar a guardar os alimentos. Proteja os alimentos da luz
e afaste-os das fontes de calor e do contacto com o chão.
• Também arruma os produtos de limpeza na despensa? Mantenha-os longe dos géneros
alimentícios. Opte por embalagens com tampa de segurança e não retire os produtos da
embalagem original, para evitar enganos e usos indevidos.

51
A Gastar menos, viver melhor

controle as datas de validade. Lembre-se que uma embalagem aberta não


irá conservar-se tanto tempo como se estivesse fechada e verifique no
rótulo as indicações de conservação após abertura (no frigorífico, por
exemplo);
— proteja os alimentos de temperaturas superiores a 20ºC, para não ace-
lerar a sua deterioração. Alguns géneros alimentícios, como a farinha,
as nozes e as especiarias devem ser conservados num local seco e fresco,
para evitar a formação de bolores prejudiciais à saúde.

Refrigerar
— Cumpra as instruções “conservar no frigorífico” ou “conservar no frio
após abertura”, quando constarem na embalagem. Desta forma aumenta
a probabilidade de o produto chegar ao final do prazo de validade em
boas condições;
— quanto aos produtos não embalados, pergunte ao vendedor ou aplique
a regra de ouro: se, na loja, o produto estiver arrumado num exposi-
tor refrigerado, em casa coloque-o no frigorífico. A carne crua, o fiam-
bre, os bolos com creme, o queijo fresco e os legumes cortados são
alguns dos alimentos que devem, impreterivelmente, ser colocados no
frigorífico;
— embora os alimentos durem mais tempo no frigorífico, a sua conserva-
ção não é ilimitada (veja a caixa seguinte). Arrume os artigos mais recen-
tes (ou com maior prazo de validade) atrás dos mais antigos e controle
regularmente as datas. Se tiver dúvidas acerca do estado de um alimento,
rejeite-o. Não se fie no aspeto, sobrepondo este fator ao prazo de vali-
dade. De facto, um alimento pode ter um aspeto normal e estar contami-
nado com bactérias prejudiciais à saúde.

RESPEITAR OS PRAZOS DE VALIDADE


A data-limite de consumo (“Consumir até...”) deve ser respeitada, mesmo que os alimen-
tos não apresentem sinais de degradação visíveis, para evitar o risco de intoxicação ali-
mentar. Irá encontrá-la, por exemplo, nos iogurtes e nos queijos frescos. Já os alimentos
com data de durabilidade mínima (“Consumir de preferência antes de...” ou “Consumir
de preferência antes do fim de …”), de que são exemplo as bolachas e o arroz, podem ser
ingeridos depois desta data com maior segurança. Mas não deixe de verificar previamente
a sua textura, aroma e sabor.

52
A A alimentação

Temperatura
A temperatura no interior do frigorífico é um fator essencial para a boa con-
servação dos alimentos. Deve situar-se entre os 4ºC e os 7ºC, variando de
umas zonas para outras consoante a proximidade do sistema de refrigera-
ção. Consulte o manual de instruções do seu aparelho para saber quais são
as zonas mais frias.

Certifique-se de que a zona menos fria não ultrapassa os 7ºC. Por cerca de
3 euros pode comprar um termómetro especial, à venda em qualquer loja
de artigos para a casa, que lhe permite verificar a temperatura no interior
do frigorífico. Faça-o em diversas zonas e, em caso de dúvida, controle
novamente passadas 24 horas. Se colocar simplesmente o termómetro no
interior do frigorífico irá medir a temperatura do ar, que pode variar bas-
tante devido à abertura e fecho da porta. Para verificar a temperatura de
conservação dos alimentos, coloque o termómetro num recipiente com
água dentro do frigorífico. Certifique-se de que o termómetro é comple-
tamente estanque.

QUANTO TEMPO DURAM OS ALIMENTOS?


NO FRIGORÍFICO (dias)
Carne picada 1
Refeições preparadas 1a2
Carne, peixe e marisco, cozinhados ou crus 1a3
Fruta e legumes cozinhados 2a3
Leite (pacote aberto) 3
Fruta e legumes crus 3 a 20
NO CONGELADOR (meses)
Hambúrgueres, carne picada e carne de porco gorda 1
Marisco e peixe gordo (atum, salmão, sardinhas) 3
Sopas e sobras de pratos cozinhados (lasanha, bacalhau com natas) 3
Peixe magro ou meio gordo (pescada, raia) 6
Carne de porco pouco gorda, coelho ou caça 6
Pão, massa folhada ou quebrada 6
Carnes brancas (frango, peru) 10
Bifes de vaca sem gordura e salsichas frescas 10
Fruta e legumes cozinhados 12

53
A Gastar menos, viver melhor

É importante que o calor libertado pelo frigorífico seja evacuado e, para


isso, é necessário deixar espaço suficiente em torno do aparelho. Caso con-
trário, a capacidade de refrigeração diminui, aumentando a temperatura no
interior.

Quando o frigorífico está cheio, a refrigeração adequada dos alimentos con-


some muita energia, sobretudo se se introduzirem, em simultâneo, muitos
produtos não refrigerados. Assim, quando guardar as compras do supermer-
cado, regule provisoriamente o termóstato para uma temperatura inferior.
Alguns aparelhos fazem-no de forma automática, quando detetam a subida
de temperatura no interior. Quanto aos alimentos quentes (restos de comida,
por exemplo), deixe-os arrefecer antes de os colocar no frigorífico, para não
aumentar a temperatura interior e contribuir para a deterioração dos outros
alimentos. Pelo mesmo motivo, é importante fechar rapidamente a porta
do frigorífico quando retirar produtos e guardá-los assim que já não preci-
sar deles. Por exemplo, se quiser beber um copo de leite, volte a colocar o
pacote no frigorífico depois de se servir, em vez de o deixar em cima da mesa.

Evitar o contacto entre os alimentos


Guardamos no frigorífico todos os tipos de alimentos: legumes crus, carne
crua, queijos e sobras de comida. Mas, se estes produtos entrarem em con-
tacto uns com os outros, podem ocorrer contaminações. Assim, certifique-se
de que os alimentos estão bem acondicionados e as embalagens ou recipien-
tes devidamente fechados (com a respetiva tampa ou película transparente,
por exemplo). Tal evitará, também, que os alimentos sequem.

O BOM FRIGORÍFICO
Ao fazer a sua escolha, tenha em conta o consumo elétrico do equipamento. Compare
os desempenhos dos diferentes modelos e marcas, bem como os preços praticados pelos
distribuidores. Mas não olhe apenas para a classe energética: verifique os valores de con-
sumo anunciados na etiqueta para comparar modelos da mesma classe (veja também o
título Frigorífico, a partir da página 80).

Conselhos suplementares para a utilização do frigorífico


— Limpe de imediato qualquer sujidade visível;
— descongele e limpe o frigorífico, pelo menos, uma vez por trimestre e
sempre que estiver sujo. Use água quente e detergente da loiça, sem

54
A A alimentação

ATENÇÃO!
• Guarde as sobras de conservas em recipientes próprios para alimentos, bem fechados.
• Quando esvaziar o frigorífico para o limpar, aproveite para verificar as datas de validade
dos alimentos.

esquecer o enxaguamento com água quente limpa e um pouco de vina-


gre diluído;
— é muito importante que o congelador não tenha gelo. O sistema No frost
impede a acumulação de gelo na zona de congelação e evita a necessidade
de descongelação frequente do equipamento;
— abra o frigorífico o mínimo possível, para evitar que a temperatura no
interior aumente. Tente tirar de uma só vez todas as coisas de que irá
precisar para cozinhar uma refeição, por exemplo;
— não deixe os produtos fora do frigorífico demasiado tempo, mas,
depois de cozinhados ou aquecidos, não os coloque lá dentro antes de
arrefecerem.

Congelar
O congelador conserva os alimentos durante muito mais tempo que o frigo-
rífico, mas, ainda assim, não indefinidamente. De facto, embora a tempera-
tura de congelação impeça a proliferação de bactérias, as enzimas, respon-
sáveis por certas transformações nos alimentos, permanecem ativas no frio.
É por isso que os alimentos gordos vão ficando rançosos, mesmo no conge-
lador, e têm um período de conservação inferior aos magros. A temperatura
do congelador deve ser inferior ou igual a -18ºC.

UMA BOA ARCA CONGELADORA


• Precisa realmente de uma arca congeladora? Esta é a primeira questão a colocar. Regra
geral, estes aparelhos são úteis para famílias numerosas e/ou que fazem muitas refeições
em casa e se desloquem poucas vezes às compras. Precisam, assim, de mais espaço para
guardar alimentos em boas condições de conservação. Conte com 20 a 30 litros por pessoa
e escolha um equipamento com dimensões adequadas à sua cozinha.
• O consumo energético pode variar substancialmente de um modelo para outro. Ao esco-
lher o aparelho tenha em conta o preço, mas também este fator (veja o título Arca Conge‑
ladora, na página 82).

55
A Gastar menos, viver melhor

O número de estrelas dá-lhe informações preciosas acerca do aparelho.


Por exemplo, os que têm duas estrelas não são adequados para conservar
alimentos congelados por muito tempo. Apenas os congeladores com três
estrelas permitem conservá-los por períodos entre um e três meses. E só
deve congelar os alimentos frescos em aparelhos de quatro estrelas.

Onze regras de ouro


Para congelar os alimentos, respeite algumas regras:
— cumpra os procedimentos de higiene, ou seja, lave bem as mãos,
os utensílios e a bancada da cozinha, antes e depois de preparar cada
alimento; se tiver uma ferida, proteja-a; para evitar contaminações,
destine um pano ou esponja para cada tipo de utilização e substitua-os
com frequência, ainda antes de terem sinais evidentes de sujidade ou
deterioração;
— utilize produtos frescos de boa qualidade;
— branqueie os legumes antes de os congelar (veja a caixa Branquear os
legumes);
— congele pequenas quantidades de cada vez, tendo o cuidado de retirar o
ar da embalagem;
— se o seu aparelho não for No frost, descongele regularmente o congelador:
três milímetros de gelo nas paredes do aparelho provocam um aumento
do consumo de energia na ordem dos 30%;

BRANQUEAR OS LEGUMES
• As transformações químicas que intervêm na degradação dos alimentos são causadas
pelas enzimas. Apesar de o frio não impedir a sua atividade, as enzimas são sensíveis ao
calor, sendo destruídas pela cozedura. Por isso, antes da congelação é útil mergulhar certos
alimentos (principalmente os legumes) em água a ferver durante cerca de dois minutos.
Esta operação é denominada branqueamento ou escaldão. Além de prolongar o tempo
de conservação, mantém a cor dos legumes a congelar e reduz o volume dos alimentos,
permitindo ganhar espaço no congelador.
• Os legumes devem ser previamente preparados (descascados, lavados e cortados).
• Para preservar a brancura de legumes como a couve-flor ou os espargos, junte um fio de
sumo de limão à água de branqueamento.
• Não branqueie demasiados alimentos de cada vez, já que a água arrefece mais
rapidamente.
• Terminado o escaldão, utilize um pequeno cesto, um escorredor, um passador ou uma
peneira para mergulhar os ingredientes num recipiente com água fria ou água com gelo
antes de os guardar, escorridos, em sacos etiquetados que identifiquem o conteúdo e a
data em que foram congelados.

56
A A alimentação

— utilize embalagens apropriadas para levar ao congelador, ou seja, imper-


meáveis e resistentes a baixas temperaturas. É o caso das que têm, por
exemplo, os símbolos:
ou ou

— a função de congelação rápida deve ser usada apenas até o aviso (luz ou
som) desligar;
— indique, em cada pacote, o conteúdo, peso ou número de porções ou
unidades, bem como a data de congelação;
— deixe arrefecer os alimentos antes de os colocar no congelador;
— nunca volte a congelar um produto depois de este ter começado a
descongelar;
— não encha completamente os recipientes, porque, com a congelação,
há um aumento de volume e o conteúdo pode transbordar.

Uma questão de quantidade


Congele pequenas quantidades de cada vez. As instruções de utilização do
aparelho devem indicar a sua capacidade de congelação. Ou seja, o volume
de alimentos frescos que atingem uma temperatura de -18ºC num período de
24 horas, com uma ocupação de 1/4 da capacidade total do aparelho e uma
temperatura ambiente de 25ºC. Não encontra esta informação no manual
de instruções? Saiba que a capacidade de congelação equivale, no máximo,
a 10% do volume interior do congelador. Assim, num congelador de 200 litros,
a capacidade de congelação em 24 horas será de cerca de 15-20 quilos.

Muitos aparelhos estão equipados com uma função de congelação rápida e


alguns têm um compartimento separado, no qual a temperatura pode bai-
xar até aos -24ºC. A vantagem deste compartimento é que os alimentos a
congelar não entram em contacto com os que já estão congelados, evitando
oscilações da temperatura. Se o seu aparelho não tiver um compartimento
separado para este efeito, coloque as embalagens de alimentos frescos na
zona mais fria, ou seja, ao fundo ou ao longo das paredes. Para evitar subi-
das de temperatura indesejadas, não as coloque em contacto com os alimen-
tos já congelados.

Embalar e etiquetar
Acondicionar os alimentos a congelar de maneira adequada contribui para
preservar a sua qualidade. Se usar sacos, assegure-se de que contêm o
mínimo de ar possível (o ar atrasa o processo de congelação).

57
A Gastar menos, viver melhor

CONGELAR CARNE
Não junte sal, especiarias ou qualquer outro ingrediente à carne que vai congelar. O sal
pode rançar a carne e há o risco de as ervas aromáticas produzirem um odor desagradável.
Separe as costeletas, as febras e os hambúrgueres, com película aderente, para evitar que
se colem durante a congelação.

A película aderente e a folha de alumínio são demasiado frágeis. Se a emba-


lagem não for hermética, o produto fica coberto de gelo e seca mais facil-
mente. Opte por embalagens próprias para congelação e mantenha-as bem
fechadas.

Existem etiquetas específicas para os congelados. Com efeito, muitas etique-


tas comuns descolam-se sob o efeito da humidade e são de pouca utilidade.
Escreva com uma esferográfica ou uma caneta de tinta indelével. Se quiser
também pode anotar num caderno ou no computador tudo o que tem no
congelador, bem como a respetiva duração. Desta forma, saberá, de ime-
diato e sem ter de abrir a porta do congelador, o que tem à disposição para
cozinhar.

Nem tudo se pode congelar


Nem todos os alimentos se prestam à congelação. Eis alguns produtos que
dão problemas:
— quando descongelam, as natas, os molhos, a maionese e outros alimentos
com elevados teores de gordura podem sofrer uma separação de fases.
Ou seja, os líquidos e os sólidos deixam de estar ligados;
— os cremes ou pudins com farinhas têm tendência a ficar liquefeitos. É tam-
bém o caso das sobremesas à base de gelatina;
— as batatas cozidas ficam impróprias para consumo; os ovos podem
rebentar;
— os queijos curados e magros secam e ficam granulosos. Quanto aos quei-
jos frescos, a descongelação modifica a sua estrutura;
— os pratos muito aromatizados, a cebola e o alho podem transmitir o
seu odor e sabor a outros alimentos. Guarde-os em embalagens bem
fechadas;
— os molhos e as sopas que contêm um ligante (fécula de batata, por exem-
plo) podem tornar-se mais líquidos ou granulosos, pois, quando conge-
lado, este perde parte da sua capacidade de ligar os líquidos. Pode ser
necessário ferver a sopa depois de descongelada, para lhe devolver a tex-
tura devida;

58
A A alimentação

— os pepinos, os rabanetes e a alface são exemplos de legumes que são


comidos crus e que não devem ser congelados, dado que ficam murchos
depois de descongelados;
— o maçapão congelado torna-se pastoso e quebradiço.

Os restos
Nem sempre comemos tudo o que cozinhamos e os restos são o “prato
do dia” em muitos lares. As sobras dão jeito quando não temos tempo ou
vontade de cozinhar, mas, se não forem bem preparadas ou conservadas,
podem causar distúrbios digestivos.

Arrefecer e acondicionar
Quando tiver sobras para guardar, arrefeça-as rapidamente: coloque o reci-
piente em água e gelo, por exemplo dentro do lava-loiça, e vá mexendo
para acelerar o processo. Não tape completamente as porções a arrefecer,
já que o ar irá formar uma camada isolante que atrasa o arrefecimento e,
além disso, forma-se condensação. Os alimentos arrefecem mais rapida-
mente se os dividir em pequenas porções.

Se cozinhar grandes quantidades, reduza o risco de contaminação servindo


apenas a parte que irá ser consumida de imediato. Para guardar o restante,
utilize utensílios limpos e lave bem as mãos. Arrefeça as sobras e ponha-as
no frigorífico ou no congelador.

Coloque os restos num recipiente hermeticamente fechado antes de os colo-


car no frigorífico, para evitar que sejam contaminados por bactérias prove-
nientes de outros produtos que aí estejam guardados. Nunca misture sobras
recentes com outras mais antigas.

Voltar a aquecer
O reaquecimento também deve ser rápido e total; certifique-se de que a
comida está quente, mesmo ao centro, e consuma-a de imediato.
Se aquecer as sobras numa frigideira, com um pouco de gordura, há o risco
de as queimar e escurecer, produzindo substâncias químicas nocivas (por
exemplo, os cancerígenos benzopirenos). Para aquecer os restos depressa
e bem, divida-os em pequenas porções, aqueça-os tomando atenção para

59
A Gastar menos, viver melhor

que não atinjam temperaturas demasiado elevadas e mexa constantemente.


Também pode utilizar o micro-ondas, mexendo regularmente para evitar
zonas frias.

Uma questão de duração


Um conselho óbvio, mas essencial: não conserve as sobras durante muito
tempo. Congele-as se vir que não vai consumi-las no prazo de um a três
dias. De uma maneira geral, as saladas frescas ou à base de maionese,
as sopas e o arroz estragam-se mais rapidamente que as batatas, os legumes
cozidos, a carne e as massas. O peixe deteriora-se muito rapidamente. Evite
conservar restos de peixe fresco ou cozinhado durante mais de dois dias.
Certifique-se de que as sobras guardadas no frigorífico são mantidas a uma
temperatura máxima de 4ºC ou 5ºC.

60
A

Capítulo 4

A habitação
A Gastar menos, viver melhor

As despesas com a habitação absorvem uma grande parte do orçamento


familiar. Onde é possível poupar? Arrendar ou comprar, qual a melhor
opção? Como economizar na aquisição e manutenção de equipamentos?
Encontrará neste capítulo algumas respostas.

Comprar ou arrendar
Escolha difícil. Há muitos fatores de incerteza, como a evolução do mercado
imobiliário (veja a caixa na página seguinte), as taxas de juro, a inflação e
as condições de crédito praticadas pelos bancos. Sem esquecer a sua vida
pessoal e os planos para o futuro. Por exemplo, quanto tempo pensa residir
nessa habitação, quão estável é a sua situação profissional e quais os rendi-
mentos e as poupanças com que poderá contar para fazer face aos custos
iniciais?

Regra geral, a aquisição de casa é financiada através de crédito bancário.


Sendo este pago em mensalidades, a comparação entre as duas opções é
comummente feita pelos valores de prestação ou renda. Algo que pode
variar no tempo, em função das dinâmicas do mercado. Tratando-se da
mesma habitação, ou equivalente, mesmo com uma prestação um pouco
mais elevada do que a renda, somos levados a pensar que a melhor opção
será comprar. O que nem sempre é verdade, já que esse tipo de compara-
ção negligencia outros valores a pagar quando se opta por comprar casa.
Por outro lado, uma renda superior à prestação a pagar ao banco poderá
compensar se a estadia for curta e não permitir diluir os custos associados
à compra.

Uma questão de custos


Enquanto inquilino, terá apenas de pagar as rendas e as obras que resul-
tarem de danos que tenha causado no imóvel. Isto torna o arrendamento
mais acessível para quem tem pouco dinheiro disponível. As obras de vulto
estão, geralmente, a cargo do proprietário, a menos que outra coisa fique
combinada no contrato. Ainda assim, logo no início, terá de pagar a caução
(regra geral, o correspondente a um mês de renda), juntamente com os dois
primeiros meses de renda.

62
A A habitação

Comprar exige alguma folga financeira, já que, além do preço da casa, terá
de contar com as seguintes despesas:
— a pronto: os custos de formalização do contrato (registos e escritura ou
documento particular), os impostos devidos pela transação e pela pro-
priedade e, depois da aquisição, o Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI)
e as taxas camarárias, o seguro de incêndio ou o multirriscos-habitação,
as quotas de condomínio e as obras de conservação do imóvel;
— com recurso ao crédito: além das indicadas na alínea anterior, as comissões
bancárias, o seguro de vida e os juros do crédito.

O MERCADO IMOBILIÁRIO
Os portugueses optam, tradicionalmente, pela compra. Isso deve-se, entre outras
razões, à grande valorização dos imóveis que se observou até 2007 e ao valor das novas
rendas, muitas vezes idêntico ao das prestações a pagar ao banco. Neste cenário, a com-
pra de casa parece ser um bom investimento. No entanto, com as alterações no mercado
imobiliário desde então, tornou-se mais difícil avaliar qual é a melhor solução de um
ponto de vista estritamente financeiro. De facto, a valorização dos imóveis deixou de
ser uma constante e as (des)vantagens do investimento dependem, em grande parte,
da conjuntura económica. Por exemplo, após a crise de 2011, a subida das taxas de juro
e as restrições no acesso ao crédito à habitação, com comissões mais altas, diminuição
dos montantes atribuídos e dos valores de avaliação bancária, obrigaram a ponderar
bem a compra com recurso ao crédito. Nos últimos anos, a melhoria da situação eco-
nómica das famílias e a maior facilidade na concessão de crédito, acompanhando a
descida das taxas de juro, voltou a incentivar a compra. Mas os impactos económicos das
medidas tomadas no contexto da pandemia, em 2020, voltaram a baralhar as contas.
De qualquer forma, a maioria dos bancos não concede empréstimos pelo valor total de
compra ou da avaliação. Por isso, se pensar em comprar, contabilize primeiro o capital
disponível.

Mobilidade
Ao arrendar, está a escolher a flexibilidade. Se, a qualquer momento, pensar
em mudar-se, basta respeitar o pré-aviso e sair. De acordo com a lei, o inqui-
lino pode denunciar o contrato decorrido 1/3 do prazo de duração inicial ou
da sua renovação, desde que respeite o pré-aviso de 120 dias, se o mesmo for
igual ou superior a 1 ano, ou de 60 dias, se for inferior. Não respeitando estes
prazos, o contrato termina na mesma, mas só não terá de pagar ao senhorio
as rendas correspondentes ao período de pré-aviso em falta se estiver numa
situação de desemprego involuntário, incapacidade permanente para o tra-
balho ou, obviamente, em caso de morte do próprio ou de outra pessoa com

63
A Gastar menos, viver melhor

quem vivesse em economia comum há mais de um ano. Em contrapartida,


vender a sua habitação até pode ser um processo rápido, mas também pode
demorar mais tempo e ter outros custos (comissão cobrada pela imobiliária,
se for o caso, e eventuais mais-valias não reinvestidas).

Outros prós e contras


Em início de vida ou numa fase transitória, quando a situação em termos
profissionais não é segura — o que pode ter implicações a nível financeiro
e até geográfico — ou os rendimentos não permitem comprar casa, a opção
pelo arrendamento é, provavelmente, a mais adequada. Além de ter menos
encargos (não paga impostos sobre o imóvel e pode reduzir no IRS uma
percentagem das rendas pagas até um determinado limite), proporciona a
liberdade de mudar de casa sem ser necessário esperar pela venda.

Se, para comprar, tiver de pedir crédito, no final do prazo contratado deixa
de pagar as prestações mensais e a casa será sua. Pelo contrário, ao optar
pelo arrendamento terá sempre de pagar a renda (indexada à inflação), não
constitui património e, terminado o contrato, tem de procurar outro local
para morar. Dependendo do valor da renda, poderá acabar por pagar tanto
ou mais do que se comprasse a casa. Convém não esquecer que, num con-
trato de arrendamento, ainda que dentro de determinadas regras, o inqui-
lino fica à mercê do senhorio: se este decidir não renovar o contrato e optar
por fazer um novo, com uma renda superior, o inquilino terá de pagar ou ir
embora.

Escolher a casa
Além dos custos diretamente associados ao imóvel, outros fatores podem
afetar o orçamento familiar, no imediato, a médio ou a longo prazo. Esco-
lher uma localização que não obrigue a muitas despesas com deslocações,
identificar as obras necessárias e negociar o preço são algumas ideias-chave
para fazer uma boa opção. Por outro lado, não assine o contrato-promessa
de compra e venda nem avance com montantes a título de sinal se ainda não
tiver a certeza de que irá concluir o negócio (por exemplo, porque ainda
não tem a confirmação de financiamento do banco). Em alternativa, se o

64
A A habitação

fizer certifique-se de que o contrato-promessa contempla uma cláusula que


obrigue o vendedor a devolver o sinal caso o empréstimo bancário não seja
aprovado.

Localização
Existe um bom sistema de transportes que lhe permita prescindir do carro
nas deslocações diárias? E, se tiver mesmo de usar o carro, os trajetos são
suficientemente curtos (e sem grandes engarrafamentos) para não pesa-
rem demasiado no orçamento familiar? Os serviços disponíveis na zona
permitem satisfazer as necessidades mais imediatas sem deslocações?
São fatores a ter em conta na escolha da casa, pelo impacto financeiro,
a médio e a longo prazo, e na qualidade de vida. A situação ideal, por
exemplo, para um casal com filhos, é morar numa zona onde existam
boas escolas públicas, serviços e comércio acessíveis a pé e uma boa rede
de transportes públicos que evite a duplicação de carros e gastos mensais
avultados com combustível, portagens, estacionamento e manutenções
regulares.

Outro fator relacionado com a localização e que nem sempre é tido em conta
são os impostos sobre os imóveis, em caso de aquisição. De facto, algumas
autarquias cobram uma taxa de Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) mais
elevada do que outras e, na mesma autarquia, podem existir variações no
imposto a pagar consoante a localização do imóvel. Assim, a menos que
esteja isento de IMI, terá todo o interesse em conhecer estes valores antes de
tomar uma decisão (veja também o título Impostos na justa medida, a partir
da página 135). Por outro lado, cada vez mais autarquias atribuem um des-
conto no IMI e no IRS aos munícipes que aí têm a sua residência fiscal, pelo
que este pode ser mais um fator a ponderar.

Nova ou usada
Normalmente, uma habitação usada tem um preço mais baixo do que uma
nova com características idênticas. Por outro lado, um imóvel novo tem uma
garantia de cinco anos, o que reduz a probabilidade de vir a ter despesas de
manutenção e reparação importantes durante este período: cabe ao cons-
trutor reparar todos os problemas de construção que surjam nos primeiros
cinco anos. Ao comprar um imóvel usado, vale a pena identificar com o rigor
possível o estado de conservação do edifício, para que a poupança inicial

65
A Gastar menos, viver melhor

não se transforme rapidamente em prejuízo. Tenha em conta que um imóvel


usado poderá ainda ter garantia, desde que a compra ocorra durante o prazo
de cinco anos assegurado pelo construtor (o vendedor comprou novo e está
a vender passados três anos, por exemplo). Ou seja, o novo comprador bene-
ficia da garantia original até ao seu termo.

Tratando-se de um imóvel em regime de propriedade horizontal, confirme


junto da administração do condomínio se estão previstas ou já foram apro-
vadas obras de monta que possam vir a sobrecarregar o seu orçamento.

Por dentro e por fora


Visite várias vezes a casa que está interessado em adquirir, de preferência
em horas diferenciadas, para, por exemplo, avaliar melhor o isolamento
térmico e o ruído. Observe com atenção o exterior do prédio e a qua-
lidade da porta e das janelas, o estado de conservação da fachada e da
pintura exterior. No interior, procure manchas de humidade e fissuras nas
paredes, sobretudo nas divisões viradas a Norte. Desconfie das superfícies
acabadas de pintar, já que a tinta poderá esconder, sem resolver, alguns
dos problemas das paredes. Abra as torneiras, para tentar aperceber-se
do estado das canalizações: pouca pressão, ruído ou água muito escura
são sinais de problemas. Verifique o estado das janelas, tanto do ponto de
vista da segurança como da calafetagem. Informe-se ainda sobre a data de
construção, quanto tempo aí residiu o proprietário atual, qual a razão da
venda, se foram feitas obras e, nesse caso, quando e por quem. Fale com
os vizinhos e/ou com a administração do condomínio, para tentar perce-
ber se existem conflitos de vizinhança ou outros problemas que possam
vir a afetá-lo.

As partes comuns
Se, além da fração individual, existirem espaços comuns a diversos pro-
prietários, verifique quais são as respetivas condições de manutenção e
conservação.

Elevadores
São uma parcela importante do orçamento dos condomínios e, com as ins-
peções obrigatórias, muitos edifícios têm de efetuar reparações de grande
monta. Verifique se foi feita a inspeção e a respetiva validade, que deve estar
afixada dentro do elevador. Se não for o caso ou não ficar esclarecido, tente
obter mais informações junto da administração do condomínio.

66
A A habitação

Coluna de abastecimento geral (eletricidade, água, esgotos, gás)


Nos edifícios mais antigos, pode ser imprescindível reparar ou substituir
as colunas de abastecimento. Pergunte se foram feitas obras e há quanto
tempo.

Telhado
Todas as infiltrações da cobertura, seja terraço ou telha, têm de ser pagas
pelo condomínio, pelo que não afetam, pelo menos financeiramente, só os
últimos pisos.

Fachada
Verifique o estado geral das fachadas e se existem fissuras ou fendas que
possam originar infiltrações.

Mais vale prevenir


Em caso de dúvida, marque nova visita e leve consigo alguém da sua con-
fiança e que perceba de construção (um construtor ou engenheiro civil,
por exemplo). Uma alternativa é contratar os serviços de um avaliador
profissional. Isto será particularmente útil antes de avançar para a compra
ou, depois de ter comprado uma casa nova, perto do termo da garantia
de cinco anos, para tentar assegurar que todos os problemas de constru-
ção existentes até à data sejam resolvidos, gratuitamente, pelo construtor.
Entre outros parâmetros, poderá avaliar os defeitos visíveis da habitação,
o isolamento térmico e acústico e o estado da rede de águas, esgotos e
eletricidade.

Negociar o preço
Geralmente, os preços de venda dos imóveis incluem alguma margem de
negociação. Em princípio, quanto mais elevada for a entrada que der, maior
será a sua capacidade negocial. Esta atingirá o seu máximo se pagar a casa a
pronto. Não divulgue, desde logo, qual o valor máximo que está disposto a
pagar e nunca diga que a casa é magnífica! Para negociar, convém conhecer
os preços habitualmente praticados na zona.

Além de visitar outras casas na mesma zona, consulte os valores de refe-


rência por metro quadrado, mas não se esqueça que são dados médios e
indicativos, já que cada habitação tem particularidades que poderão afe-
tar o preço. Por exemplo, se a casa tiver alguns problemas, mas, mesmo

67
A Gastar menos, viver melhor

assim, estiver interessado em comprá-la, será mais fácil obter uma redução
do preço.

Crédito à habitação
Contratar um crédito à habitação é uma decisão financeira importante,
pelos montantes envolvidos e pelo prazo ao longo do qual terão de ser pagas
as prestações. De facto, os valores médios apontam para créditos superiores
a 100 mil euros e prazos de cerca de 30 anos. Neste contexto, procurar as
melhores condições pode revelar-se particularmente rentável, por permitir
reduzir a dívida ao mínimo.

Quanto pedir?
A generalidade dos bancos define as taxas de juro dos empréstimos
­consoante a relação entre o montante solicitado e o valor de avaliação
da casa. Ou seja, quanto menos pedir, em percentagem do valor da casa,
melhor taxa de juro conseguirá. Por exemplo, numa casa avaliada em
150 mil euros, a taxa para um empréstimo de 100 mil euros será prova-
velmente mais baixa do que para um de 125 mil euros. Se puder, espere
até ter, pelo menos, 30% do valor da casa, e peça o crédito para os restan-
tes 70%. Deste modo, conseguirá taxas de juro mais razoáveis e maiores
poupanças.

Outra referência a não esquecer, sobretudo se tiver mais contratos de crédito


em vigor, é a chamada taxa de esforço: para não correr o risco de sobre-endi-
vidamento e manter uma margem de manobra para outras despesas, o con-
junto das prestações a pagar não deve ultrapassar, em caso algum, 35% do
seu rendimento mensal.

Simular e poupar
Para escolher o melhor crédito, peça informações detalhadas e solicite
uma simulação para o cenário escolhido, pelo menos, em quatro ou cinco

68
A A habitação

bancos, incluindo aquele(s) de que é cliente. Embora isso exija algum


tempo e esforço, no final pode representar uma poupança de milhares
de euros que não deve negligenciar. Os bancos têm de fornecer a simu-
lação seguindo regras bem definidas e através de uma Ficha de Informa-
ção Normalizada Europeia (FINE), na qual são indicados o montante do
empréstimo, o prazo, a taxa de juro, as comissões bancárias, os impostos,
as prestações, os seguros e a data até à qual as condições propostas são
válidas.

A importância da TAEG
Certifique-se de que as simulações incluem a totalidade das despesas e
compare a Taxa Anual de Encargos Efetiva Global (TAEG). Este é o prin-
cipal critério para escolher o crédito mais barato: quanto mais baixa for a
TAEG, menos irá pagar, no total, pelo empréstimo. De facto, nem sempre o
spread mais baixo (grosso modo, a margem de lucro do banco) corresponde
ao melhor crédito, pois a estrutura de comissões ou seguros pode ser mais
elevada e, por conseguinte, torná-lo mais caro.

Negociar o spread
Para reduzir os spreads, os bancos propõem a contratação de outros servi-
ços, como um cartão de crédito, seguros ou a domiciliação do ordenado.
Se, por um lado, obtém a redução da taxa de juro do crédito, por outro
poderá ter de suportar custos adicionais: compare a poupança obtida
na prestação com o custo adicional a suportar pelo produto sugerido,
para avaliar, desde logo, se a nova proposta do banco lhe permite ou não
­poupar. Se a TAEG subir com a subscrição de produtos adicionais, isso sig-
nifica que os custos adicionais anulam a vantagem da redução do spread.
E, claramente, nesses casos não compensará aceitar a proposta de contra-
tação de novos serviços.

Mais informação para negociar bem


Em www.deco.proteste.pt > dinheiro > comprar e vender casa encontra o
simulador Crédito à habitação: qual o melhor?, com as condições e taxas de
juro em vigor. Basta indicar o valor do imóvel, o montante de que necessita
e o prazo do empréstimo. Use os resultados obtidos para negociar um con-
trato mais vantajoso com o seu banco ou opte pela melhor proposta para o
seu perfil.

69
A Gastar menos, viver melhor

Equipar e decorar a casa


Equipar uma casa é um processo dispendioso, ao longo do qual terá de
tomar várias decisões de consumo. Eis algumas sugestões para poupar.

Cozinha
O preço de uma cozinha inclui diversas parcelas. É preciso ter em conta os
diferentes aparelhos e a energia utilizada para cozinhar (gás, eletricidade,
etc.), bem como os materiais para os armários e a bancada, por exemplo.
Ao comprar os eletrodomésticos, tenha em conta que cozinhar a gás natural
ainda é a opção mais vantajosa, tanto a nível do consumo energético como
do custo dos aparelhos (veja também o próximo capítulo). Para os restantes
elementos, existem várias categorias de preços e de qualidade.

Informar-se sobre os preços de forma detalhada e exaustiva, e compará-


-los, requer tempo e paciência, mas compensa. Regra geral, as margens de
lucro aplicadas são grandes e, se ao comprar uma cozinha incluir também
os eletrodomésticos, por exemplo, deverá conseguir um bom desconto.

A bancada é um elemento dispendioso, ainda que os materiais dispo-


níveis sejam muitos e variados. Geralmente, as bancadas mais baratas
são as de aglomerado revestido a melamina e as de madeira maciça.
O problema destes materiais é serem pouco resistentes. Seguem-se as
bancadas de aço inoxidável com acabamentos normalizados. Entre os
materiais mais caros estão a pedra natural, o granito e os mármores.
Uma opção mais recente e de custo intermédio são as bancadas de resina
sintética misturada com matérias minerais. Este material é resistente ao
calor, aos riscos e aos produtos de limpeza agressivos, além de ser de
fácil manutenção.

NEGOCIAR OS PREÇOS
É possível que os vendedores lhe perguntem qual o montante de que dispõe para equipar
a sua cozinha, fazendo-lhe propostas exatamente para esse valor e nem um cêntimo a
menos. Por isso, não adiante valores. Explique ao vendedor aquilo que pretende e peça-lhe
um orçamento. Depois de analisar todas as propostas, e caso a qualidade dos materiais
aplicados seja comparável, muna-se da mais interessante e mostre-a nos restantes locais
de venda, tentando negociar ainda melhores condições.

70
A A habitação

O setor das cozinhas baseia-se muito nas marcas, pelo que pode ser difícil
comparar os produtos e os respetivos preços. Para pedir orçamentos compa-
ráveis, escolha materiais de qualidade equivalente e tente definir com rigor
o número de armários e as medidas do espaço a equipar. Compare o valor
total, incluindo os equipamentos, o transporte e a montagem.

Casa de banho
Neste setor, as margens de lucro são significativas e facilitam as negociações.
Visite várias lojas, para comparar produtos e preços, e aproveite para pedir
informações sobre as possibilidades de desconto. Utilize a percentagem de
desconto que conseguiu numa determinada loja para negociar uma redução
noutra. Se comprar todos os equipamentos no mesmo local, o comerciante
poderá ser mais generoso na “atenção”.

Alguns conselhos úteis quanto aos equipamentos:


— as banheiras podem ser de aço esmaltado ou de material sintético (acrí-
lico). Em termos de qualidade quase não existe diferença entre os dois
materiais, mas o acrílico é mais barato;
— o espaço sobre a banheira ou a base do duche deve ser fechado, para que
a casa de banho não fique inundada de cada vez que os utiliza. Uma cor-
tina de duche é a solução mais simples e barata. Regra geral, estas cortinas
são de um material hidrófugo, poliéster/algodão, poliéster ou poliamida.
As cortinas de tecido são mais caras do que as de plástico e os resguardos
de duche constituem uma alternativa ainda mais dispendiosa. Existem
modelos com portas de correr ou de batente, em vidro ou acrílico;
— as torneiras misturadoras termoestáticas permitem fixar a temperatura da
água e efetuam automaticamente a mistura necessária entre água quente
e fria para se obter a temperatura selecionada;
— os catálogos de quase todas as marcas indicam os preços recomendados
pelo fabricante, sem IVA. Lembre-se sempre deste “detalhe”, até porque
o preço de venda ao público pode ser superior ou inferior;

2 EM 1
Se vai contratar o seu pedreiro ou canalizador habituais para instalar as loiças da casa de
banho, consulte-os antes de comprar os equipamentos. Estes profissionais ganham uma
percentagem sobre a venda dos produtos com os quais trabalham e a obra pode tornar-se
menos interessante para eles se lhes apresentar os equipamentos já comprados. Apro-
veite, também, para negociar um desconto.

71
A Gastar menos, viver melhor

— atenção aos custos de entrega, que podem ser elevados, dado estes equi-
pamentos serem, geralmente, muito volumosos e pesados. Verifique se a
instalação e a montagem estão incluídas no preço total.

POUPAR ÁGUA E ENERGIA


Os chuveiros economizadores, com redutor de caudal, permitem reduzir substancialmente
o fluxo de água. Com a vantagem de, no caso da água quente, haver também uma pou-
pança energética (veja o capítulo 5).

Móveis
Nas grandes superfícies será difícil obter descontos neste setor. Quando
muito, encontra campanhas promocionais ou modelos de exposição em sal-
dos. Se optar por contactar diretamente o fabricante, através da sua rede de
lojas, ou visitar o pequeno retalho, já é possível negociar o preço ou conse-
guir a oferta de algumas peças no total da compra. A probabilidade de obter
um desconto também aumenta se comprar vários móveis.

Os cadeirões e os sofás em tecido, que, por vezes, têm um aspeto desbotado


após uma longa exposição na loja, prestam-se particularmente a este tipo de
descontos. Por outro lado, alguns sítios na internet vendem móveis de design a
baixos preços. Também pode utilizar esta ferramenta para fazer uma primeira
pesquisa do que existe no mercado. Quando escolher um sofá novo, tenha em
atenção o revestimento. Geralmente, a pele natural é muito mais cara do que o
tecido. Mas alguns tecidos exclusivos também o farão abrir os cordões à bolsa.

Chão
A escolha dos revestimentos para o chão é determinada pelo orçamento dis-
ponível, mas também pelo seu gosto pessoal. Encontrará aqui alguns conse-
lhos gerais baseados no preço.

Tipos de revestimento
Além dos materiais, tenha também em conta a eventual complexidade, e o
custo, da instalação, bem como os cuidados de manutenção necessários.

72
A A habitação

Pavimento flutuante e soalho


A enorme vantagem do pavimento flutuante em relação a outros reves-
timentos em madeira é o custo reduzido. Outra das suas características
é que não é fixado com pregos, colas ou argamassas, mas simplesmente
assente sobre o chão, o que facilita a montagem. Os preços são mais baixos
nas grandes superfícies de materiais de construção, embora não incluam
a instalação. No que respeita aos soalhos, o preço depende muito do tipo
de madeira: o pinho e o abeto são mais baratos do que o carvalho, por
exemplo.

O pavimento flutuante pode ter um acabamento lacado, encerado ou enver-


nizado. As ripas são um pouco mais estreitas do que as do soalho, o que as
torna mais baratas. Existe pavimento flutuante com acabamento sintético
ou em madeira natural. O primeiro apresenta, normalmente, um nível de
resistência e durabilidade muito superior. Os pavimentos são classificados,
quanto à sua resistência à abrasão e ao impacto, com as letras “AC”, segui-
das de um número. E em classe de aplicação, doméstica ou empresarial,
através de dois números. Em princípio, quanto maior for o número, maior
é a resistência.

Escolha uma marca com sistema de encaixe do tipo clique, fácil de ins-
talar, e siga as instruções do fabricante, incluindo no que respeita às fer-
ramentas a utilizar, para assegurar que não perde a garantia. Pequenos
desvios dificultam o encaixe e criam falhas onde se acumulam sujidades.
Por isso, assegure-se de que as ripas são retas, planas e têm todas a mesma
dimensão.

Alcatifas
As alcatifas costumam ser mais económicas do que um soalho em madeira.
As de fibras naturais (em lã, por exemplo) são, no entanto, muito mais caras
do que as sintéticas. O preço das alcatifas é calculado ao metro. Tenha em
conta a largura da peça, que nem sempre é a mesma, para saber de quantos
metros vai precisar e calcular o preço total. Apesar dos custos reduzidos,
a limpeza e a higiene tornam-se mais difíceis com as alcatifas do que com o
soalho em madeira.

Pedra
Regra geral, os revestimentos em pedra são os mais caros. Conte ainda com
os custos da colocação, que requer uma mão-de-obra especializada e dis-
pendiosa. Quanto à pedra natural, os ladrilhos fabricados a partir de placas
são, habitualmente, mais baratos do que os retirados de blocos. O granito
tem um preço inferior ao do mármore, pois trata-se de uma variedade de
pedra mais comum.

73
A Gastar menos, viver melhor

Contabilizar todos os custos


Verifique se o orçamento inclui todos os custos. Por exemplo, pode ser neces-
sário realizar alguns trabalhos de preparação da superfície a cobrir, o que
implica custos adicionais. Todos os materiais necessários à fixação devem
estar previstos. Muitas vezes, os rodapés são esquecidos. Tenha também
em conta o material necessário para o tratamento do revestimento após a
colocação.

Os extras revelam-se, frequentemente, muito dispendiosos. Os comercian-


tes sabem que a maioria dos consumidores considera apenas o preço por
metro quadrado. Ainda que este possa ser interessante, tal não significa
que a proposta global o seja. Não esqueça, também, os custos de manuten-
ção. Alguns revestimentos devem ser tratados com produtos de limpeza
e conservação específicos, que podem facilmente custar o dobro de um
detergente normal.

Produtos de linha branca e castanha


A linha branca agrupa os frigoríficos, as máquinas de lavar roupa e loiça,
os secadores de roupa, etc. Este setor está sujeito a uma forte concorrência
de preços, o que pode jogar a seu favor: basta compará-los em diversos pon-
tos de venda e negociar. Os modelos sucedem-se rapidamente para a maio-
ria dos eletrodomésticos, embora não tanto como no setor dos produtos
de linha castanha, que abrangem os aparelhos de televisão, vídeo e áudio.
Os consumidores bem informados tentarão adquirir um modelo um pouco
mais antigo, com características não muito diferentes dos modelos novos,
mas com um preço mais vantajoso.

De uma forma geral, os preços médios dos produtos de linha castanha têm
tendência a diminuir, embora de forma variável consoante o tipo de pro-
duto. Os preços de um equipamento podem descer consideravelmente ao
longo do seu ciclo de vida, pelo que o consumidor pode beneficiar de des-
contos interessantes ao adquirir um produto que esteja em vias de ser subs-
tituído. Nos televisores isto acontece frequentemente.

Se vai comprar um equipamento de linha castanha, escolha os períodos de


renovação de gamas (normalmente entre março e maio) para verificar o
que se encontra à venda e comparar os preços entre os modelos antigos e
os novos. Ao contrário da linha branca, as renovações destas gamas apre-
sentam, frequentemente, novidades tecnológicas, mas que podem não ser

74
A A habitação

ÁUDIO
No segmento áudio, as barras de som, as colunas bluetooth e as dockstation são muito
populares. Estes sistemas permitem ligar o telemóvel a colunas e usufruir de música e
outras aplicações através de streaming e de outras tecnologias ou suportes modernos que
substituíram os CD. Mas não vale a pena estar a pagar pelo que não usa ou usa raramente.
Compare os preços e verifique se o equipamento tem as funcionalidades que mais utiliza.
Se tiver oportunidade, experimente-o na loja antes de o adquirir.

prioritárias para si. Se não estiver à procura do “último grito” em tecno-


logia, aproveite a oportunidade. As tecnologias mais recentes têm sempre
preços mais elevados, que se vão esbatendo ao longo do tempo quando
surgem outras novidades ou passam a ser englobadas na generalidade dos
aparelhos. Esteja atento às campanhas que vão surgindo em diversos tipos
de loja.

Faça você mesmo


Irá poupar bastante dinheiro executando uma série de pequenos traba-
lhos em casa. Com efeito, o preço da mão-de-obra pode representar dois
terços do orçamento. Limpar, pintar, colocar certos revestimentos de
chão ou novas maçanetas nas portas, pendurar espelhos ou cuidar do
jardim são trabalhos ao alcance de (quase) todos. Mesmo que não seja
um grande adepto da bricolagem, previna-se com um kit de ferramentas
básicas para pequenas reparações. Escolha-as em função do tipo e da fre-
quência de utilização. Por exemplo, pode valer a pena investir num artigo
mais resistente para uma utilização intensiva, mas tal já não compensar
para um uso esporádico.

As grandes superfícies de venda de artigos de bricolagem têm, regra geral,


as suas próprias marcas, cujo preço varia de uma loja para outra. Só terá
a ganhar em comparar os preços. Estas superfícies propõem uma diver-
sidade de produtos muito superior à que encontramos nas lojas mais
pequenas. E, como compram em condições mais vantajosos, conseguem
vender a preços mais baixos, sobretudo nas promoções. Os horários de
funcionamento são mais alargados, o que dá sempre jeito quando se está
a “bricolar”.

75
A Gastar menos, viver melhor

Geralmente, as pequenas lojas especializadas são mais caras, mas também


encontra aí um atendimento mais personalizado, bem como conselhos mais
generosos e sensatos. Outra vantagem das lojas especializadas é que lhe per-
mitem comprar quantidades mais pequenas. Faltam-lhe alguns parafusos
para um trabalho? Não é necessário comprar uma embalagem.

Em grandes superfícies ou em pequenas lojas, quanto maior for a quan-


tidade adquirida maior será a probabilidade de conseguir um desconto.
Se souber de outras pessoas que também precisem de adquirir os mesmos
materiais, proponha a elaboração de uma lista de compras conjunta e vai
ver como é diferente, por exemplo, comprar 15 m2 ou 30 m2 de pavimento
flutuante.

EQUIPAMENTOS DE BRICOLAGEM
É possível alugar alguns destes equipamentos (uma afagadora ou um martelo pneumá-
tico, por exemplo) nas grandes superfícies. Os preços praticados são muito semelhantes
e calculados ao dia, fim de semana ou semana; por vezes, também aos meios-dias. Para
poupar, tente organizar os trabalhos de forma a precisar dos equipamentos durante o
mínimo de tempo possível.
Quando alugar um equipamento deste tipo, verifique desde logo se está em bom estado.
Controle o funcionamento dos comandos, a presença de eventuais acessórios e a correta
regulação das diversas funções. Tratando-se de um aparelho a gasolina ou gasóleo, certi-
fique-se de que lhe entregam combustível suficiente (no depósito ou à parte) e pergunte
qual o tipo utilizado, para a eventualidade de precisar de mais. Peça para colocarem a
máquina a funcionar na sua presença. A responsabilidade pelos riscos ligados à utilização
é exclusivamente sua. Por isso, assegure-se de que lhe entregam o manual de utilização e
as instruções de segurança. Leia-os e certifique-se de que compreende tudo. Peça também
os acessórios de segurança complementares, como o capacete, a máscara de proteção ou
os tampões auriculares. Se detetar algum defeito aquando da utilização da máquina, volte
à loja sem demora e peça outra.

76
A

Capítulo 5

A energia e a água
A Gastar menos, viver melhor

Sabia que pode poupar mais de 250 euros por ano se adaptar os com-
portamentos que têm impacto no consumo energético? E que isso não
implica, forçosamente, perda de conforto? Neste capítulo encontra infor-
mações sobre a utilização das várias fontes de energia, os equipamentos
mais eficientes e as possibilidades de poupança. Também lhe explicamos
os critérios a ter em conta na compra dos eletrodomésticos mais vorazes
e os cuidados a ter na sua manutenção e utilização.

Usufruir de um certo conforto em casa implica gastar energia, água… e


dinheiro. Cada descarga de autoclismo consome, por vezes inutilmente,
muitos litros de água potável. Assim que se liga um candeeiro, o consumo
de eletricidade começa a subir. Na maioria dos lares, tomar um banho rela-
xante equivale a consumir, em simultâneo, água, eletricidade e gás. Ao utili-
zar de forma responsável estas fontes de energia, está a proteger o ambiente
e a reduzir o valor das suas faturas.

MUDAR DE TARIFÁRIO
• Desde a liberalização do mercado energético, multiplicaram-se os fornecedores e os tari-
fários de eletricidade e gás. Comparar e escolher o mais adequado ao seu perfil pode
representar uma poupança bastante razoável no orçamento doméstico. Por isso, consulte
o nosso simulador Eletricidade e gás, em www.deco.proteste.pt/casa-energia/eletricidade-
-gas, e veja qual é a alternativa que melhor se adapta às suas necessidades. Verifique,
ainda, se é possível reduzir a fatura mudando a potência contratada.
• Para beneficiar da tarifa social, destinada aos clientes economicamente mais vulneráveis,
é necessário que:
— o contrato se destine exclusivamente à habitação própria e permanente;
— a potência contratada não ultrapasse os 6,9 kVA, no caso da eletricidade;
— o consumo anual de gás seja igual ou inferior a 500 m3;
— o titular receba o complemento solidário para idosos, o rendimento social de inserção,
o subsídio social de desemprego, o 1.º escalão do abono de família, a pensão social de
viuvez ou a pensão social de velhice;
— o agregado familiar tenha um rendimento igual ou inferior ao rendimento anual
máximo, ou seja, 5808 euros, acrescidos de 50% por cada membro do agregado fami-
liar sem qualquer rendimento, até ao máximo de 10.
• A tarifa social é atribuída automaticamente. Se tem direito a ela e não foi abrangido,
apresente junto do comercializador de eletricidade e/ou gás um documento emitido
pela autoridade competente (por exemplo, a Segurança Social ou a Autoridade tributá-
ria) a comprovar o requisito que lhe confere este direito.

78
A A energia e a água

Eletrodomésticos
e outros aparelhos
Os eletrodomésticos consomem muita energia, ainda que, graças à evo-
lução tecnológica, haja uma diminuição progressiva do consumo numa
grande parte dos modelos. Por outro lado, temos cada vez mais equipa-
mentos eletrónicos (televisões, descodificadores/boxes de TV, routers, dis-
cos rígidos, consolas de jogos), que, todos juntos, já representam uma fatia
significativa da fatura energética. Ou seja, os aparelhos são cada vez mais
eficazes e consomem cada vez menos energia (e água, quando é o caso),

CONSUMO ANUAL DE ENERGIA


Aparelho (utilização) Consumo (em kWh)
Leitor de DVD (2 horas/semana) 3
Escova de dentes elétrica (2 vezes/dia) 5
Rádio despertador (contínuo) 15
Torradeira elétrica (4 minutos/dia) 20
Secador de cabelo (5 minutos/dia) 25
Telefone sem fio (contínuo) 25
Micro-ondas (1 hora/semana) 40
Aspirador (1 hora/semana) 43
Lâmpada LED 10 watts (3 x 5 horas/dia) 52
Consola de videojogos (7 horas/semana) 70
Descodificador TV (contínuo) 90
Lâmpada de halogéneo 35 watts (2 x 4 horas/dia) 97
TV LCD 40” (5 horas/dia) 120
Ferro de engomar (2 horas/semana) 140
Forno elétrico (2 vezes/semana) 180
Computador (14 horas/semana) 188
Secador de roupa (3 vezes/semana) 250
Máquina de lavar loiça (4 máquinas/semana) 250
Arca congeladora de 200 litros (24 horas/dia) 250
Máquina de lavar roupa (4 máquinas/semana) 266
Frigorífico de 300 litros com congelador (contínuo) 350
Aquecedor elétrico portátil (4 horas/dia, 4 meses/ano) 500
Quer calcular o custo anual de utilização de um aparelho? Multiplique o consumo (potência
do aparelho x horas de funcionamento por ano) pelo preço do kWh que figura na fatura de eletricidade.

79
A Gastar menos, viver melhor

mas a variedade e a quantidade de equipamentos que possuímos é cada


vez maior.

Lâmpadas, computador, máquina de lavar roupa… Quais os equipamentos


que consomem mais energia em casa? A resposta depende da potência
dos aparelhos e da utilização que se faz deles. Alguns eletrodomésticos
são extremamente energívoros: os termoacumuladores, os fornos elétri-
cos, as máquinas de lavar e secar roupa, as arcas congeladoras, etc. Uma
utilização um pouco mais racional destes equipamentos permite boas pou-
panças. Além deste fator, também é de considerar a redução das fontes
de consumo escondidas (aparelhos sempre em modo de pausa, o famoso
standby).

Ajuste os consumos
Temos cada vez mais aparelhos elétricos em casa. Por vezes, até vários do
mesmo tipo (televisores, computadores, frigoríficos, etc.). Além disso, o con-
sumo em modo standby é agora possível em aparelhos que antes não o tinham,
como as máquinas de lavar loiça e roupa. A disseminação dos descodificado-
res de TV (satélite e/ou cabo) também aumentou os consumos: uma box ligada
em permanência pode consumir, ao fim de um ano, o equivalente a cerca de
metade do consumo de um frigorífico.

Está a pensar comprar um aparelho novo? Entre dois modelos equivalen-


tes, opte por aquele que consumir menos. Consulte as etiquetas energéti-
cas e, para comparar dois modelos da mesma classe energética, verifique
a estimativa de consumo apresentada. A deco proteste realiza regular-
mente testes comparativos que apresentam informação ainda mais com-
pleta e podem guiá-lo na sua escolha. Veja os resultados dos testes na revista
proteste ou recorra aos nossos comparadores em www.deco.proteste.pt/
eletrodomesticos.

Frigorífico
Os novos modelos consomem cada vez menos energia. Substituir um frigorí-
fico com mais de 15 anos por um novo traduz-se numa poupança energética
que pode atingir os 60% e permitir recuperar rapidamente o investimento
efetuado.

80
A A energia e a água

Critérios de compra
— Existem várias categorias de frigoríficos. Por norma, quanto mais estrelas
tiver o aparelho, maior a capacidade de refrigeração e congelação, mas
maior será o consumo energético. O consumo também aumenta em fun-
ção da capacidade, medida em litros;
— não compare apenas os preços, mas também os desempenhos por marca
e modelo: as diferenças podem ser significativas. A classe energética, indi-
cada pelas letras A a G, dá-lhe uma referência, mas, dentro da mesma
categoria, o consumo pode variar de um aparelho para outro. Antes de
fazer a sua escolha, verifique as etiquetas energéticas dos modelos que lhe
interessam e compare os valores de consumo;
— opte por um frigorífico adaptado às suas necessidades. Uma pessoa que
vive sozinha não precisa de um combinado de grande capacidade. Evite
manter o frigorífico demasiado cheio ou, pelo contrário, meio vazio
(sinónimo de consumo inútil de energia). Como referência, conte com
uma capacidade de cerca de 60 litros (40 de refrigeração + 20 de con-
gelação) por pessoa. Tenha em conta a dimensão do agregado familiar,
a quantidade de refeições preparadas em casa e a frequência das idas ao
supermercado. Se já tem arca congeladora, não vale a pena comprar um
frigorífico com um congelador grande.

EFICIÊNCIA ROTULADA
A rotulagem energética é obrigatória, entre outros aparelhos, para frigoríficos, congela-
dores, máquinas de lavar loiça, máquinas de lavar roupa, secadores de roupa, fornos elé-
tricos, lâmpadas, aparelhos de ar condicionado e televisores. O uso destas etiquetas tem
vindo a ser alargado e também já se encontram em equipamentos de produção de águas
quentes, como esquentadores, caldeiras ou termoacumuladores.
O desempenho energético é indicado por uma letra e uma escala de cores que
variam entre o A/verde-escuro, representando uma maior eficiência, e o G/vermelho,
no extremo oposto, o da menor eficiência. Há ainda que ter em conta que a capacidade
(volume em litros, por exemplo) tem um papel preponderante nesta matéria: um frigo-
rífico grande consome necessariamente mais do que um pequeno frigorífico da mesma
classe energética.

Cuidados a ter em casa


— Não instale o frigorífico perto de uma fonte de calor (radiador, forno,
fogão, etc.) ou num local com muita exposição solar. O frigorífico irá con-
sumir mais energia para manter uma temperatura adequada;
— não regule o termóstato para uma temperatura muito baixa: entre 3ºC e 5ºC
é o suficiente para conservar a maior parte dos alimentos. Alguns modelos

81
A Gastar menos, viver melhor

apresentam regulações ECO, que gerem a temperatura interior de forma


automática, de modo a otimizar o consumo energético;
— certifique-se de que a circulação de ar em torno do aparelho é suficiente.
Não encoste o frigorífico à parede e deixe um espaço livre de alguns cen-
tímetros. Aspire regularmente por detrás do frigorífico, para assegurar
uma boa circulação de ar;
— na medida do possível, mantenha a porta do frigorífico fechada. A tempe-
ratura interior sobe a cada abertura da porta e repô-la ao nível desejado
consome energia;
— descongele o frigorífico sempre que detetar a formação de uma camada
de gelo nas paredes interiores. Uma cobertura de dois milímetros
aumenta o consumo de energia em 10%; cinco milímetros representam
um aumento de 30%. Ao fim de 15 anos, essa diferença custa-lhe, respeti-
vamente, 100 euros e 300 euros. Em caso de dúvida, consulte o manual e
siga as instruções do fabricante;
— quando se ausentar de casa por mais de uma ou duas semanas, aproveite
para esvaziar o aparelho e desligá-lo ou, pelo menos, colocar o termóstato
no mínimo. Alguns modelos dispõem de um modo “férias” que pode ser
ativado nestas ocasiões.

Arca congeladora
— A diferença no consumo energético entre modelos verticais e horizontais
é quase impercetível. Contudo, pode haver diferenças significativas entre
marcas e modelos. Compare sempre as informações disponíveis;
— não limite a sua escolha ao modelo mais barato, tenha em conta também
a classe energética e o consumo;
— opte por uma arca adaptada às suas necessidades, ou seja, cerca de
20 litros por membro do agregado familiar;
— instale o aparelho num local que permaneça fresco no verão (numa cave,
por exemplo) e que não fique exposto ao calor (sol, caldeira, etc.);
— descongele a arca regularmente ou sempre que detetar formação de gelo
nas paredes interiores: um centímetro de gelo reduz o rendimento do
aparelho em 75%; uma camada de apenas dois milímetros origina um
acréscimo de consumo de 10% e, caso atinja os cinco milímetros, o apare-
lho consumirá mais 30% de eletricidade;
— se não tiver muitos alimentos congelados, aproveite para esvaziar a arca
ou até mesmo desligá-la antes de uma ausência prolongada (quando vai
de férias, por exemplo);
— organize o interior da sua arca. Desta forma, encontrará rapidamente
aquilo de que precisa. Ao deixar a porta aberta enquanto procura,
a humidade do ar entra no aparelho e provoca condensação nas paredes,

82
A A energia e a água

SEM FUGAS DE FRIO


Verifique com regularidade se a porta dos aparelhos de frio fecha hermeticamente. Colo-
que uma folha de papel entre as juntas de borracha e o aparelho e feche a porta. Se sentir
resistência ao retirar o papel, a porta está a fechar bem. Faça o teste em todo o contorno
da porta.
Para manter as juntas em bom estado, limpe-as regularmente e, em seguida, polvilhe
com pó de talco. Juntas em mau estado deixam escapar o frio, obrigando o aparelho a
consumir mais para manter uma temperatura apropriada no interior. Além disso, facilitam
a formação de gelo no interior.

acabando por transformar-se em gelo. Se mantiver uma lista atualizada


do que tem na arca, nem precisará de a abrir para procurar algo que lá
não está;
— coloque na arca apenas alimentos frios. Se ainda estiverem quentes,
o aparelho terá de consumir mais energia para congelá-los.

Máquina de lavar roupa


— O consumo elétrico de uma máquina de lavar roupa depende muito da
temperatura selecionada. Tendo em conta o bom desempenho dos novos
aparelhos, a tendência para lavar a roupa com maior frequência e a efi-
cácia crescente dos detergentes, os programas de 60-90ºC já raramente
são utilizados. No entanto, se alguém em sua casa tiver uma doença trans-
missível, convém lavar a roupa que utiliza, pelo menos, a 60ºC ou, tra-
tando-se de roupa branca que o suporte, colocar um pouco de lixívia no
compartimento do detergente, antes de a pôr a lavar;
— o aquecimento da água é o que consome mais energia. Na maioria dos
casos, um programa a 30ºC será suficiente; se houver nódoas, faça o
pré-tratamento com detergente líquido ou com um auxiliar de lavagem.
Ao reduzir a temperatura de lavagem de 60ºC para 30ºC, a sua máquina
consome menos de metade da energia;
— separe a roupa de acordo com o tipo de tecido e o grau de sujidade,
para fazer programas diferenciados e selecionar, em cada um, a tempe-
ratura apropriada mais baixa. A roupa pouco suja não necessita de um
ciclo de lavagem longo e, escolhendo um mais curto, poupa energia e
água;
— espere até ter roupa suficiente para uma máquina completa, em vez de
fazer duas meias cargas;
— aproveite ao máximo as horas de vazio, mais baratas se tiver contratado a
tarifa bi-horária ou tri-horária.

83
A Gastar menos, viver melhor

Secador de roupa
— O consumo de um secador depende, em grande parte, do peso da roupa
e do tipo de têxtil. A secagem completa do algodão consome mais energia
do que a das fibras sintéticas, as quais absorvem menos água e, por isso,
secam mais depressa;
— o estendal ainda é a forma mais económica e ecológica de secar a roupa:
basta uma corda para pendurar a roupa ou um estendal portátil, que pode
colocar-se em qualquer divisão da casa. Já com um secador de roupa,
além do preço do aparelho gastará, no mínimo, 85 quilowatts-hora por
ano. Se secar a roupa dentro de casa, areje bem a divisão, para que a
humidade dos tecidos se evapore para o exterior, evitando a condensação
nas paredes ou tetos;
— se tiver um secador de roupa, saiba que basta selecionar uma centrifu-
gação mais rápida, na máquina de lavar, para reduzir a humidade nos
têxteis e o tempo de secagem. Mas não é necessário selecionar mais de
mil rotações por minuto, já que, a partir desse valor, a quantidade de água
retirada da roupa não aumenta de forma notória;
— não vale a pena secar completamente a roupa… se vai ter de a humedecer
para a engomar! É preferível interromper a secagem dez minutos antes do
final (alguns programas têm esta funcionalidade), deixando a roupa ligei-
ramente húmida: poupa-se energia na utilização da máquina de secar e
também na do ferro de engomar, já que, com a roupa um pouco húmida,
passar a ferro é muito mais rápido;
— tal como na máquina de lavar, encha bem o tambor e não faça meias
cargas;
— após cada utilização, limpe bem os filtros do secador. Isto tem um impacto
direto no desempenho e no consumo de energia do aparelho: quanto
mais sujos estão os filtros, mais eletricidade consome;
— entre os diversos tipos de secador, os que têm bomba de calor são os mais
eficientes e têm os consumos de energia mais baixos. Constituem, por
isso, a melhor opção para quem necessita de recorrer frequentemente a
um secador de roupa.

Forno
— Os fornos antigos consomem bastante mais do que os seus homólogos da
nova geração, equipados com um sistema de ar forçado que cozinha os
alimentos de forma mais rápida e homogénea;
— evite o pré-aquecimento. Os fornos modernos normalmente aquecem
depressa, o que torna o pré-aquecimento desnecessário. Também poderá
desligar o forno um pouco antes de os alimentos estarem completamente

84
A A energia e a água

cozinhados, já que a temperatura interior se mantém durante alguns ins-


tantes e, desta forma, aproveita-se o calor residual. Para cozinhados de
duração igual ou superior a 45 minutos, desligue o forno cinco ou dez
minutos antes do final;
— não utilize a função grill do seu forno elétrico se não for mesmo necessá-
ria. Um prato gratinado pode ter melhor apresentação, mas a resistência
consome até duas vezes mais;
— evite instalar o forno, fonte de calor intenso, ao lado de um frigorífico ou
de uma arca congeladora. Se tiver mesmo de o fazer, coloque uma placa
isolante entre os dois aparelhos;
— o micro-ondas é útil para descongelar rapidamente os alimentos ou aque-
cer as refeições individuais. Mas, para cozinhar, depende muito da quan-
tidade: se vai preparar uma refeição para toda a família, o micro-ondas
consome tanta ou mais energia do que um forno normal;
— não utilize o forno para descongelar alimentos ou aquecer uma refeição
para uma pessoa: é um desperdício de energia. Um micro-ondas consome
muito menos para estas tarefas mais simples. E é possível descongelar
sem consumir energia, bastando, para isso, retirar os alimentos do con-
gelador a tempo. Colocar os produtos congelados no frigorífico é ainda
melhor, já que o frio emanado pelos produtos reduz a energia necessária
para manter o frigorífico à temperatura adequada.

Fogão
— O gás natural é a fonte de energia mais barata para cozinhar. Já o gás
engarrafado (propano e butano) pode ser tão ou mais caro do que a ele-
tricidade. Se não houver gás natural na sua zona, e apenas tiver acesso ao
butano ou propano, será mais vantajoso optar por um fogão com placas
de indução ou, se possível, por um fogão misto, com forno a gás e placas
de indução;
— para cozinhar recorrendo à eletricidade, use panelas com fundo apro-
priado, plano e sem qualquer deformação. Caso contrário, o consumo
pode aumentar até 50%. O diâmetro das panelas deve ser idêntico ao das
placas do fogão ou, no máximo, ultrapassá-lo em dois centímetros;
— desligue as placas elétricas cerca de cinco minutos antes de as refeições
mais demoradas estarem terminadas, dado que ainda se mantêm quentes
durante algum tempo. Certas placas vitrocerâmicas indicam o calor resi-
dual, o que é prático quando se quer poupar energia;
— sempre que possível, tape as panelas e as frigideiras. Se não o fizer, irá
consumir o triplo da energia ou mesmo mais! A título de exemplo, aque-
cer um litro e meio de água até cerca de 100ºC exige 190 Wh (watt-hora),
com tampa, e 720 Wh, sem tampa;

85
A Gastar menos, viver melhor

— não exagere na quantidade de água. Para cozer alimentos, é suficiente


que estejam cobertos de água;
— não deixe a água ferver mais do que o necessário, por exemplo, quando
está a fazer chá. Evite, também, ferver água a mais;
— uma panela de pressão permite consumir menos água e menos energia;
— na medida do possível, retire os ingredientes do frigorífico uma hora
antes de preparar as refeições: irá precisar de menos energia para os
cozinhar.

Máquina de lavar loiça


— Utilizar o programa económico (50ºC a 55ºC), ao invés do normal (65ºC),
reduz o consumo de energia até 25%. No entanto, este programa nem
sempre é adequado para lavar a loiça mais suja;
— utilize o programa de lavagem intensiva (a 70ºC) apenas se a loiça estiver
muito suja, com muitos resíduos secos;
— deite um pouco de água nos tachos e nas panelas enquanto ainda estão
quentes, em jeito de pré-lavagem. Em vez de passar os pratos por água
antes de os pôr na máquina, remova os resíduos com um guardanapo
usado;
— o programa de meia carga não é uma opção interessante. Para uma
mesma quantidade de loiça, tem de pôr a máquina a funcionar duas
vezes, o que consome mais água e energia do que quando faz uma carga
completa;
— limpe o filtro regularmente. Esta precaução prolonga a vida da máquina
e melhora a lavagem;
— utilize as quantidades de sal e abrilhantador recomendadas para a
máquina, de acordo com as características da água na sua zona. Algumas
máquinas prolongam o programa de secagem se não existir abrilhantador
no depósito;
— utilize apenas a quantidade de detergente recomendada. Usar mais deter-
gente não lava melhor e é um desperdício de produto: irá agradar ao
fabricante, mas não à loiça, à sua carteira e ao ambiente.

Caça às pequenas luzes


Fala-se em modo standby quando um aparelho não está em funciona-
mento, mas continua a consumir eletricidade. É o que acontece com os
aparelhos eletrónicos que estão sempre ligados à corrente (televisor, leitor
de DVD, aparelhagem, etc.) e com relógios ou mostradores digitais. E há

86
A A energia e a água

que contar, também, com o consumo dos aparelhos portáteis que ficam
a carregar mais tempo do que o necessário (por exemplo, os telemóveis)
e o de alguns periféricos do computador (impressoras, scanners, etc.) que
ficam ligados em permanência.

No total, numa casa, estes consumos dos aparelhos elétricos podem equi-
valer ao de uma lâmpada incandescente de 60 watts acesa, continua-
mente, durante um ano inteiro. Por isso, evite comprar demasiados dis-
positivos eletrónicos e deixar em standby os que já possui. Redescubra o
botão off da aparelhagem, do televisor, do micro-ondas e da impressora e
desligue-os no interruptor respetivo ou, sempre que possível, na tomada.

Consumo permanente?
Para detetar se um determinado aparelho continua a consumir eletricidade,
mesmo estando desligado, esteja atento aos seguintes sinais:
— existência de relógio, mostrador digital ou luz de aviso;
— superfície quente e libertação de calor: quanto mais quente estiver, mais
consome.

Desligar é fácil
Certos aparelhos podem perfeitamente ser desligados quando não estão
a ser utilizados, sem que tal tenha implicações no seu conforto. Pense no
micro-ondas, nos periféricos do computador, no televisor ou no leitor de
DVD, etc. Se os equipamentos consumirem energia enquanto estiverem liga-
dos à eletricidade ou o botão para desligar corresponder a um modo stan-
dby, tem duas opções:
— desligar sempre a ficha da tomada de eletricidade;
— ligar os aparelhos a uma extensão múltipla munida de um interrup-
tor, para desligar todos ao mesmo tempo. Também existem extensões
inteligentes que desligam os periféricos quando o aparelho principal é
desligado.

Desligue os aparelhos portáteis da corrente assim que estiverem recarrega-


dos (aspirador portátil, escova de dentes elétrica, etc.). Mantenha a carga da
bateria no nível recomendado pelo fabricante.
Não deixe o computador ligado quando não estiver a utilizá-lo (durante as
refeições ou quando fizer uma pausa, por exemplo). Não se esqueça de desli-
gar o monitor, se tiver um interruptor próprio. Caso contrário, fica em modo
standby e, portanto, a consumir energia.

87
A Gastar menos, viver melhor

CONSUMO EM STANDBY
Os nossos testes mostram que o consumo em modo standby de um televisor, computador,
leitor de DVD ou telefone podem custar, anualmente e em média, cerca de cinco euros por
aparelho. Os equipamentos indicados no quadro abaixo totalizam um consumo global
em standby de 489 quilowatts-hora por ano e um gasto superior a 87 euros… quando não
estão a ser utilizados! Para ter uma ideia do custo correspondente de outros equipamen-
tos, multiplique o consumo em quilowatts-hora por 0,1456 euros (+IVA).

Equipamento kWh/ano Custo/ano (em euros)


TRIPLE PLAY e TELECOMUNICAÇÕES
Box HDD 90,10 16,14
Box sem HDD 59,40 10,64
Emissor wireless 19,50 3,49
Terminal fibra ótica (ONT) 45,80 8,20
Router 44,40 7,95
Telefone 14,90 2,67
INFORMÁTICA E PERIFÉRICOS
Disco rígido 1,60 0,29
Monitor 4,80 0,86
Impressora multifunções 4,20 0,75
PC 39,10 7,00
Portátil 5,60 1,00
UPS 33,70 6,04
OUTROS EQUIPAMENTOS
Ar condicionado 38,30 6,86
Aparelhagem 19,30 3,46
Consola 7,80 1,40
Leitor de DVD 13,90 2,49
Leitor Multimédia 3,70 0,66
Leitor video 38,60 6,91
Som surround 2,50 0,45
Televisão 1,30 0,23
TOTAIS 488,50 87,50

88
A A energia e a água

Iluminação
Sempre que possível, prefira a iluminação natural. Reduza os obstácu-
los como as cortinas, os cortinados e estores. A luz do dia é ecológica e
gratuita! Se as paredes e tetos da sua casa precisarem de uma pintura,
lembre-se que as cores claras refletem melhor a luz e que, pelo contrário,
os interiores escuros necessitam de duas ou três vezes mais iluminação
artificial.

Opte por lâmpadas economizadoras


As lâmpadas LED (Light Emmiting Diodes) ainda são a solução de ilumina-
ção menos energívora. Embora sejam mais caras, são muito mais rentáveis
que as lâmpadas de halogéneo e vencem mesmo as lâmpadas fluorescentes
compactas. Enquanto uma lâmpada de halogéneo emite 13 lúmens por cada
watt de eletricidade, as melhores lâmpadas LED rondam os 100 lúmens,
proporcionando mais luminosidade com menos consumo. Por outro lado,
a sua longevidade é claramente superior: uma lâmpada de halogéneo dura
cerca de duas mil horas, enquanto as LED podem ultrapassar as 25 mil.
Feitas as contas, usar uma lâmpada LED de 8 watts pode representar uma
despesa anual de cerca de 3 euros (tendo em conta o consumo de energia e
o custo de aquisição diluído no período total de utilização), enquanto uma
de halogéneo custa cerca de 10 euros/ano.

As lâmpadas fluorescentes compactas são uma opção cada vez menos inte-
ressante. Além de a sua eficiência não ter aumentado muito nos últimos
anos (emitem cerca de 60 lúmens por watt), demoram a atingir a intensi-
dade de luz desejada e duram menos quando são ligadas e desligadas com
frequência. Assim, ainda que sejam ligeiramente mais baratas que as LED,
não aconselhamos a sua compra.

As lâmpadas de halogéneo
Consomem muita energia, apenas um pouco menos do que as velhas lâm-
padas incandescentes tradicionais. As que têm potências superiores a
300 watts representam um consumo anual de cerca de 165 quilowatts-hora
(30 euros) para uma utilização média de uma hora e meia por dia!

89
A Gastar menos, viver melhor

Limite o uso das lâmpadas de halogéneo aos focos com potências de 20 a


50 watts nos locais onde se dedica a atividades mais fatigantes para a vista
e sempre que seja necessário ver bem as cores reais dos objetos. É o caso,
por exemplo, da leitura, do desenho ou da costura. De facto, as lâmpadas de
halogéneo são as que proporcionam a melhor reprodução das cores, pelo
que são as mais recomendáveis para estes usos.

Se costuma sentar-se sempre no mesmo local (para ler, por exemplo), privi-
legie uma iluminação focalizada em vez de inundar a divisão de luz. E, claro,
não se esqueça de desligar a luz quando sair da divisão. Tenha em conta,
ainda, que quatro focos de halogéneo podem representar uma potência de
200 watts e uma despesa anual de cerca de 14 euros, se ficarem acesos uma
hora por dia.

Iluminação exterior
Iluminar o jardim e os acessos à casa também gasta muita energia. Uma lâm-
pada de 300 watts que funcione uma hora por dia consome 110 quilowatts-
-hora (20 euros) por ano. Não deixe a iluminação exterior acesa toda a noite.
E, se não puder evitar uma iluminação noturna prolongada, por exemplo,
por razões de segurança, utilize lâmpadas economizadoras adaptadas ao
uso exterior. A iluminação LED pode ser uma boa opção: proporciona uma
boa luminosidade com um consumo reduzido e o fluxo luminoso não é afe-
tado pelas condições climatéricas (por exemplo, pelas baixas temperaturas).
Estrategicamente colocados, um sensor de movimento ou um temporiza-
dor também podem ser úteis para manter as luzes acesas apenas durante o
tempo estritamente necessário.

Potência e luminosidade
As lâmpadas com menor intensidade (e menor potência) são menos eficien-
tes do que as de elevada intensidade. Assim, são de evitar os candeeiros
com muitas lâmpadas de baixa potência: uma lâmpada de potência superior
proporciona a mesma luz, mas o consumo de energia é menor.

Não subestime o efeito do pó e das dedadas nas lâmpadas: a intensidade


luminosa pode diminuir 30%! Substitua as lâmpadas de vez em quando,
já que, em fim de vida, perdem intensidade, mas continuam a consumir o
mesmo.

90
A A energia e a água

Aquecimento da água
Vai comprar um sistema de aquecimento da água? Saiba que um termoa-
cumulador elétrico não é um bom investimento em casas onde se consome
muita água quente (leia-se, onde vivam três ou mais pessoas). Em regra,
o consumo de eletricidade é proporcional ao volume de água quente arma-
zenado e utilizado. Por isso, nestes casos, é muito elevado. Além disso,
o volume de água quente está limitado à capacidade do depósito.

Com um esquentador a gás (de preferência, gás natural) terá a quanti-


dade de água quente que desejar e sem limite de tempo de utilização.
No entanto, tenha em atenção estes três fatores: a potência e a capaci-
dade do esquentador, o caudal disponível na instalação e o número de
torneiras abertas em simultâneo. Os mais comuns são os modelos com
uma potência até 20 kW, com capacidade para aquecer cerca de 11 litros
de água por minuto. Mas se, por exemplo, quiser assegurar que em sua
casa é possível tomar dois duches em simultâneo, irá precisar de uma
potência de 20-24 kW para aquecer cerca de 14 litros de água por minuto.
Para ter a possibilidade de abrir uma torneira de água quente enquanto
decorrem os dois duches, opte por um esquentador com uma potência
superior a 24 kW, com capacidade para aquecer mais de 18 litros de água
por minuto.

Quanto aos custos globais (equipamento + energia), as opções mais bara-


tas são o esquentador a gás natural e o termoacumulador, quando usado
nas horas de vazio (tarifa bi-horária ou tri-horária). Sem esta tarifa ou fora
do horário de vazio, o termoacumulador é uma das alternativas mais caras.
A utilização de um esquentador com recurso ao gás butano ou propano tam-
bém faz disparar os custos.

Há outras soluções para a produção de água quente sanitária que apre-


sentam custos de utilização muito reduzidos, por aproveitarem fontes de
energia renovável. Mas os equipamentos são substancialmente mais caros.
Os sistemas solares térmicos — obrigatórios nas habitações novas ou em
grandes remodelações — utilizam a energia solar para cobrir cerca de 70%
das necessidades anuais. O sistema de apoio, para fornecer os restantes
30%, pode ser um esquentador ou um termoacumulador. Já as bombas de
calor utilizam a energia do ar para aquecer a água. Muito eficientes, funcio-
nam a eletricidade, pelo que os custos energéticos anuais são muito baixos.
As caldeiras a pellets são igualmente muito atrativas, sobretudo devido ao
muito baixo custo do combustível.

91
A Gastar menos, viver melhor

Poupar energia gastando menos água


A melhor forma de poupar energia no aquecimento da água é… reduzir o
volume de água a aquecer. Assim, esteja atento aos seus hábitos e, por exem-
plo, feche a torneira no duche enquanto se ensaboa. Além disso, instale
redutores de caudal nos chuveiros e nas torneiras. Estes redutores permitem
arejar o fluxo de água, diminuindo o caudal, mas mantendo a sensação de
pressão e o conforto de utilização. A redução do consumo pode ser superior
a 40%, o que equivale a uma poupança anual de mais de 200 euros.
Outro cuidado a ter é regular o aparelho que utiliza para aquecer a água de
forma a que, ao abrir a torneira de água quente, esta saia já com a tempera-
tura desejada ou, pelo menos, próxima disso.

Reduzir as perdas de calor


Evite instalar os termoacumuladores numa divisão não aquecida ou mal iso-
lada e, se pensar em substituir a canalização da sua casa, isole os tubos que
saem do esquentador ou do termoacumulador. Desta forma, evita as perdas
de calor e poupa cerca de 10% da energia consumida no aquecimento da
água.
Todas as lojas de bricolagem vendem diversos materiais de isolamento de
tubagem, por exemplo em poliuretano. Conseguirá uma poupança significa-
tiva de energia com um investimento inferior a um euro por metro.

Uma boa utilização dos equipamentos


— Se tiver um esquentador antigo, quando não estiver a usá-lo apague a
chama-piloto. Isso permite uma poupança anual de 50 euros, se a fonte
de energia for o gás natural, e de 105 euros, se for o gás butano;
— regule a temperatura de funcionamento dos esquentadores a gás em
função da estação do ano, baixando a potência durante o verão (veja,
no manual de instruções, como fazê-lo). Procure regular o esquentador
de forma a que a água aqueça apenas até à temperatura de consumo.
Desta forma, evita ter de misturar água fria no chuveiro e gastar água e
energia até atingir a temperatura desejada;
— opte pela regulação de temperatura ECO nos termoacumuladores. Se esta
opção não existir, aproxime ao máximo os valores das temperaturas de
armazenamento e de utilização. Caso o termóstato do termoacumu-
lador não apresente nenhuma indicação de temperatura, tente várias

92
A A energia e a água

regulações até que a água saia da torneira à temperatura desejada. Siga as


instruções do fabricante para mitigar a proliferação de bactérias;
— restrinja o funcionamento do termoacumulador elétrico às horas de vazio
da tarifa bi-horária ou tri-horária, se tiver contratado este tarifário. A sua
carteira fica a ganhar;
— siga as instruções do fabricante no que respeita à manutenção progra-
mada e regular do aparelho;
— se puder instalar um sistema solar térmico para produção de água
quente, não hesite: este sistema pode proporcionar-lhe cerca de 70% da
água quente de que necessita, anualmente, recorrendo à energia solar
que, além de ecológica, é gratuita.

Aquecimento do ar ambiente
O aquecimento absorve cerca de 25% da fatura energética doméstica. Com
uma construção mais cuidada, materiais mais adequados e, sobretudo, bons
níveis de isolamento, as habitações dispensariam a maioria dos aparelhos
de climatização. Para ter uma ideia do consumo anual para aquecimento
e arrefecimento da habitação, consulte o respetivo certificado energético,
onde constam os valores estimados (veja também a caixa abaixo).

Existem muitas soluções para aquecer a casa, desde o uso de aparelhos por-
táteis, como os termoventiladores, ao ar condicionado ou a sistemas cen-
tralizados, alimentados, por exemplo, por uma salamandra a pellets ou por
um recuperador de calor. Quando o aquecimento é necessário por períodos
relativamente longos e em toda a casa, o ideal é que estas soluções estejam
integradas com os sistemas de produção de água quente sanitária.

CERTIFICAÇÃO ENERGÉTICA DAS HABITAÇÕES


O certificado energético é um documento obrigatório quando as casas são vendidas ou
arrendadas. Caso ainda não tenha o certificado energético da sua habitação, consulte
a Bolsa de peritos qualificados da Agência para a Energia em www.adene.pt. Peça orça-
mento a mais do que um, já que as diferenças no valor cobrado podem ser significativas.
O certificado também indica as intervenções a efetuar para reduzir o consumo de energia
e a estimativa de retorno destes investimentos. Mas, muitas vezes, não é necessário subs-
tituir equipamentos nem fazer obras: pode poupar muita energia – e dinheiro – mudando
alguns comportamentos, independentemente do tipo de casa que possui.

93
A Gastar menos, viver melhor

Aquecer apenas o necessário


Não aquecer demasiado a sua habitação permite economizar energia. Por
exemplo, regule o termóstato para 20ºC, em vez de 22ºC, e o seu consumo
em aquecimento diminuirá cerca de 14%. Desligar ou reduzir o aquecimento
durante a noite (e meia hora antes de se ir deitar) permite fazer poupanças
importantes. Além disso, o corpo descansa melhor se houver uma dimi-
nuição da temperatura enquanto dorme. Também deve desligar o aqueci-
mento sempre que a casa se encontra vazia ou em divisões que não estejam
ocupadas.

Alguns equipamentos permitem programar o aquecimento para uma deter-


minada hora. Use esta possibilidade para iniciar o aquecimento algum
tempo antes de chegar a casa (uma hora antes, por exemplo). Os equipa-
mentos com termóstato permitem, também, controlar a temperatura de
funcionamento: por exemplo, reduzir a temperatura nos períodos em que
a habitação está vazia e ir aumentando progressivamente até ao período em
que a habitação está ocupada.

Não aqueça demasiado as divisões que beneficiam de outra fonte de calor


(sol, calor de uma parede contígua, etc.). Sempre que as divisões recebem
sol direto, aproveite essa energia gratuita: afaste as cortinas e abra os estores
nesses períodos.

ISOLAMENTO
Uma casa bem isolada gasta menos energia para manter uma temperatura agradável.
Isolar as paredes, pelo exterior, de uma moradia com um piso e cerca de 120 m2 permite
uma poupança de 30%, o que pode equivaler a mais de 1500 quilowatts-hora por ano
(cerca de 270 euros), se o aquecimento for elétrico. Substituir janelas simples por modelos
com vidro duplo e caixilharia em PVC ou em alumínio de corte térmico pode significar um
acréscimo de 20% na poupança. Coloque juntas de isolamento no fundo das portas e nas
janelas que fecham mal. Um bom isolamento é benéfico para o ambiente e para a sua
carteira, mas contribui também para o seu conforto térmico e isola-­o do ruído exterior.
Antes de mais, isole o telhado e o sótão; esta intervenção é a mais eficaz. Considere depois
todas as superfícies que estão em contacto com o exterior (paredes exteriores, janelas,
portas, soalhos, etc.).
Não se esqueça de que as habitações devem ser arejadas, mesmo no inverno. O ar
interior deve ser renovado regularmente: os ambientes demasiado húmidos ofere-
cem um terreno ideal ao desenvolvimento de bactérias que podem provocar alergias
respiratórias.

94
A A energia e a água

Investimentos que compensam


— Se dispõe de aquecimento central e da sua própria caldeira, não hesite
em investir num termóstato para regular o sistema. Este acessório pode
proporcionar poupanças superiores a 15% do seu consumo de energia
para aquecimento;
— colocar uma válvula termostática em cada radiador, controlando a quanti-
dade de água que o alimenta em função da temperatura definida, permite
regular individualmente a temperatura de cada divisão;
— outro pequeno investimento útil é colocar um termómetro em cada divi-
são da casa, para verificar a temperatura real. Pode ficar surpreendido e
tentado a regular o termóstato para uma temperatura mais baixa, man-
tendo o conforto térmico!

Outras medidas gerais de poupança


— À noite e durante o inverno, feche os cortinados e baixe as persianas.
Desta forma, limita as perdas de calor através das janelas. Não deixe
cortinados e estores pendurados à frente ou por cima dos radiadores;
só estará a aquecer as janelas! Nunca cubra os radiadores (com panos
ou toalhas, por exemplo) nem lhes ponha móveis à frente; isso irá
reduzir a superfície de aquecimento e, em consequência, a eficácia do
radiador;
— reduza a humidade. Assegure-se, sobretudo, de que o frio, a humidade
e as correntes de ar não conseguem entrar em sua casa pelas janelas e
pelas frinchas debaixo das portas. Coloque juntas em borracha ou outras
soluções de calafetagem;
— não deixe as portas das divisões aquecidas abertas, para evitar a disper-
são do calor;
— purgue regularmente os radiadores, quando notar que estão quentes por
baixo, mas frios por cima, para que recuperem a sua plena potência de
aquecimento.

Aquecedores elétricos
Muito comuns em Portugal, são baratos e aquecem apenas as divisões onde
são necessários. No entanto, podem fazer disparar a fatura de eletricidade
e são muito limitados no que respeita à distribuição e ao controlo da tempe-
ratura numa divisão. Sem os devidos cuidados, podem colocar problemas

95
A Gastar menos, viver melhor

de segurança elétrica. Por exemplo, tapar as grelhas de arrefecimento dos


circuitos ou as grelhas de circulação de ar pode pôr os utilizadores em risco.
Não use estes equipamentos para secar roupa nem coloque os cabos elétri-
cos por baixo dos tapetes ou do mobiliário.

Os termoventiladores ou radiadores elétricos munidos com termóstato digi-


tal são mais precisos na regulação da temperatura. Por recorrerem a uma
ventoinha para movimentar o ar quente, estes aparelhos são ruidosos e pro-
vocam um efeito que se assemelha a uma corrente de ar, podendo tornar-se
incomodativos. Se for o caso, opte por convectores elétricos.

Os radiadores a óleo, igualmente silenciosos, demoram muito tempo a


aquecer uma divisão, apresentando consumos de eletricidade proibiti-
vos. Estes equipamentos são muito limitados no controlo de temperatura
da divisão onde estão instalados: nem sempre aquecem a divisão à tem-
peratura definida e podem mesmo sobreaquecê-la caso existam fontes
externas de calor (por exemplo, o sol a entrar pela janela). Tudo isto com
impactos negativos no conforto e nos consumos de eletricidade.

Ar condicionado
Os aparelhos de ar condicionado são cada vez mais eficientes e gastam,
no máximo, cinco vezes menos energia a aquecer uma divisão do que uma
caldeira a gás. Apesar de a eletricidade ser mais cara do que o gás natural,
o balanço é favorável ao ar condicionado. O principal inconveniente é tra-
tar-se de unidades individuais. Mas, com modelos multi-split, VRF ou instala-
ções individuais com condutas de ar, podem aquecer-se várias divisões com
o mesmo aparelho exterior.

Alguns hábitos de manutenção e utilização dos aparelhos de ar condicio-


nado melhoram a sua eficiência e têm um enorme impacto na fatura mensal
de energia.

Manutenção regular
Limpar o filtro é um dos procedimentos mais simples. Além de melhorar
a qualidade do ar interior da habitação, o aparelho fará menos esforço a
circular o ar, o que reduz o consumo de energia. Uma limpeza regular, res-
peitando a periodicidade indicada pelo fabricante, também evita que o pó e
a sujidade entrem em contacto com o condensador e o evaporador. Se estes

96
A A energia e a água

ficarem sujos, a transferência de calor e de frio para o ar ficará comprome-


tida e a eficiência irá baixar. É importante manter as serpentinas limpas,
o que deverá ser feito por um técnico, pelo menos, uma vez por ano.

É importante mandar verificar o nível de gás refrigerante com regularidade


(verifique o manual de instruções). Qualquer alteração na pressão de funcio-
namento, fugas ou defeitos no isolamento irão afetar a eficiência do apare-
lho. Esta verificação deve ser feita por um profissional.
Se a unidade exterior estiver instalada num suporte específico, a sua posição
deve ser estável, para que o aparelho não fique inclinado. Verifique regular-
mente a estabilidade da fixação.

Uso adequado
Arrefecer ou aquecer uma divisão da casa com ar condicionado não é um
processo demorado. Por isso, não vale a pena deixar os aparelhos ligados
quando não estiver ninguém na divisão. Se quiser chegar a casa já com uma
temperatura confortável, programe o aparelho para começar a funcionar
meia hora antes. Não se esqueça de o desligar ou ajustar o nível de tempera-
tura depois de a divisão ficar vazia. Saiba ainda que já existem sistemas que
podem ser controlados à distância, através de aplicações móveis (tablets,
smartphones, etc.), via internet.

Regulado para uma temperatura muito diferente da temperatura exterior,


o aparelho terá de fazer um esforço de funcionamento maior. Desta forma,
um grau centígrado a mais (no inverno) ou a menos (no verão) conduzirá a
um maior esforço do compressor e, consequentemente, a um maior con-
sumo de energia (veja a caixa).

TEMPERATURA DE CONFORTO
Dentro de casa, a maioria das pessoas sente-se confortável com uma temperatura de 22ºC
no inverno e de 25ºC no verão. E, idealmente, é para essas temperaturas que o apare-
lho deve ser regulado. Contudo, muitas pessoas regulam os aparelhos para temperaturas
inferiores a 19ºC no verão. Um desperdício de energia (alguns fabricantes alegam que
cada grau centígrado abaixo dos 25ºC aumenta o consumo de energia em cerca de 8%),
mas também um perigo para a saúde, devido à grande diferença de temperaturas entre a
divisão arrefecida e outros ambientes. Também é importante lembrar que estes aparelhos
funcionam por convecção, ou seja, o calor (ou o frio) é transmitido pela passagem de um
fluxo de ar através de serpentinas. Não é saudável expor-se a um fluxo de ar muito frio;
direcione a saída do ar para uma área onde não estejam em permanência pessoas, plan-
tas ou animais.

97
A Gastar menos, viver melhor

Alternativas à climatização
Os aparelhos de ar condicionado são cada vez mais utilizados. Ainda assim,
durante o verão, existem várias estratégias alternativas que permitem redu-
zir o consumo:
— sempre que possível, privilegie a ventilação natural. Abra as janelas se
estiver mais calor dentro da habitação do que no exterior. Mesmo no
pino do verão, as noites são, geralmente, mais frescas, sobretudo de
madrugada. Se aproveitar para abrir as janelas, o interior da casa irá
refrescar. Nesta matéria, as janelas basculantes são muito práticas;
— evite que o sol entre diretamente nas divisões. Equipar as janelas
expostas ao sol, pelo exterior, com portadas, toldos ou persianas é
mais eficaz do que fechar as cortinas no interior. Feche estes dispositi-
vos durante o dia e reabra-os apenas quando o sol já não incidir nesse
lado da casa;
— um bom isolamento também é útil contra os calores estivais. Se colocar
uma camada de material isolante, com 15 a 20 centímetros de espessura,
no telhado, verá que o investimento compensa;
— a vegetação nas fachadas ou no telhado (trepadeiras, cobertura vegetal,
etc.) contribui para regular naturalmente a temperatura;
— se não estiver demasiado calor no exterior, recorra a ventoinhas. Elas não
refrescam como um sistema de climatização, mas atenuam a sensação
de calor por um custo sensivelmente inferior, já que são mais baratas e
consomem menos energia. As ventoinhas de teto são mais eficazes, pois
asseguram uma melhor circulação do ar.

Água potável
Em Portugal, os preços da água da rede pública nos vários municípios são
tão díspares como os critérios usados pelos fornecedores. Apesar disso,
há um princípio transversal: quanto mais consome, mais paga.
Trata-se de um bem precioso. O tratamento da água para consumo humano
é cada vez mais dispendioso. Por outro lado, aumentam as dificuldades no
acesso a água com características adequadas e, no verão, as reservas dimi-
nuem drasticamente em certas regiões do país. Por todas estas razões, con-
vém consumir a água potável com moderação. Concretamente, há uma série

98
A A energia e a água

de medidas que permitem consumir menos água potável. E outras tantas em


que seria possível usar água não potável.

O autoclismo
Só para o autoclismo, utilizamos tanta água como os habitantes de certos
países em desenvolvimento para cobrir todas as suas necessidades diárias,
ou seja, higiene, beber e cozinhar. Para reduzir este consumo, tenha em
conta as seguintes recomendações:
— a capacidade dos autoclismos tradicionais oscila entre seis e dez litros.
Se ajustar o mecanismo interior de forma a baixar o volume total de
enchimento, poderá poupar quatro litros em cada descarga. Numa
família de quatro pessoas, isto traduz-se numa poupança anual de cerca
de 23 m3;
— opte por um autoclismo munido de um botão de dupla descarga (total ou
parcial) ou de interruptor de caudal. Deste modo, poderá fazer descargas
de três a quatro litros para a maioria dos usos, o que significa um acrés-
cimo de 13 m3 à poupança anual mencionada. Ponha no caixote do lixo,
e não na sanita, resíduos sólidos como pensos higiénicos ou cotonetes.
Desta forma, evitará descargas de água desnecessárias e problemas nas
estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR).

DEMASIADO DESPERDÍCIO
• Em 2018 foram captados em Portugal cerca de 802 milhões de m3 de água para produção
de água potável. A rede de distribuição não favorece um uso racional e ponderado deste
bem essencial: 172 milhões de m3 desta água tratada e pronta a consumir perderam-se ao
longo da rede (por fugas nas condutas, por exemplo). As perdas rondam uma média de
30%, mas há municípios onde ultrapassam os 50%.
• De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), cada indivíduo precisa de
110 litros de água para satisfazer as suas necessidades diárias. No entanto, os dados da
Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) indicam que, em 2018,
o consumo doméstico de cada português atingiu os 122 litros de água potável por dia.
• A título de exemplo, 59% da água potável consumida por cada pessoa é usada no duche
ou banho e nas descargas de autoclismo. O desperdício é enorme, na medida em que
consumimos apenas uma pequena parte da água canalizada para beber ou cozinhar.
No essencial, utilizamos esta água para fins que não requerem forçosamente água potá-
vel. Por exemplo, nas descargas de autoclismo poderiam utilizar-se as chamadas águas
cinzentas provenientes do duche, do lavatório ou da máquina de lavar roupa. Isso represen-
taria uma poupança diária, por pessoa, de 25 a 35 litros de água potável.

99
A Gastar menos, viver melhor

Duche e banho
— Prefira o duche ao banho de imersão. Com efeito, enquanto para o banho
são necessários, no mínimo, 80 litros de água, um duche de cinco minu-
tos não consome mais de 30 litros;
— instale uma torneira misturadora termostática, para evitar desperdiçar
água enquanto procura a temperatura certa. Uma torneira monoco-
mando, isto é, com um só manípulo, também é uma boa solução e, geral-
mente, é mais barata;
— opte por um chuveiro económico, com um caudal de seis a nove litros
por minuto ou com limitador de caudal. Um chuveiro normal gasta 10 a
15 litros de água por minuto, o que, em duches de 10 minutos, ultra-
passa o consumo de um banho de imersão. Se instalar um adaptador no
chuveiro, economiza vários litros de água por dia. Em alternativa, opte
por um chuveiro com botão eco stop. Este botão permite fechar a saída
de água, sem mexer na torneira, e manter a temperatura na utilização
seguinte;
— ao limitar a duração do duche a cinco minutos e não deixar a água a cor-
rer enquanto está a ensaboar-se, pode economizar num ano várias deze-
nas de milhares de litros de água. Para uma família de quatro pessoas, isso
pode representar uma poupança anual superior a 100 m3, isto é, 100 mil
litros de água!
— quando o banho de imersão for necessário, tente não encher mais do que
um quarto da banheira. Duas crianças com idades aproximadas podem
tomar banho ou duche juntas;
— antes de instalar um redutor de caudal, informe-se junto da entidade ges-
tora da água sobre a pressão existente na rede (se necessário, verifique o
contacto na fatura da água). Esta informação é importante para instalar
um dispositivo adequado. Convém também assegurar que a pressão da
água não fica demasiado baixa (por exemplo 1,5 bar), para não compro-
meter o funcionamento do esquentador;
— não deixe a água a correr enquanto lava as mãos ou faz a barba e utilize
um copo para lavar os dentes.

MEDIR O CAUDAL DE TORNEIRAS E CHUVEIROS


Coloque um recipiente de um litro por baixo da saída de água e abra-a, completamente,
contando os segundos que demora a encher. Feche a torneira e faça as contas, dividindo
60 pelos segundos cronometrados. Se o caudal for superior a seis litros por minuto (por
exemplo, 60 ÷ 8 = 7,5 litros/minuto), opte por instalar um redutor de caudal ou de
pressão.

100
A A energia e a água

BEBER ÁGUA DA TORNEIRA


Os estudos efetuados pela deco proteste mostram que a qualidade da água da rede
pública de abastecimento tem vindo a melhorar substancialmente. Segundo os últimos
dados oficiais, mais de 99% das análises efetuadas anualmente revelam que esta água é
boa para a saúde e cumpre todas as normas exigidas. Para quê continuar a comprar água
engarrafada, que custa 150 a 600 vezes mais do que a água da torneira?
Se não aprecia o ligeiro sabor a cloro da água da rede pública, encha um jarro e coloque-o
no frigorífico durante uma hora. Desta forma, o cloro desaparece totalmente.

Cozinha
— Não deixe a água a correr enquanto lava a loiça à mão. Vale mais encher
a cuba do lava-loiças ou uma bacia, seja para lavar a loiça, a fruta ou os
legumes. Se tiver de esperar que a água aqueça, recolha a água fria num
balde. Esta poderá servir, por exemplo, para regar as plantas;
— não lave cada peça de loiça que suja sob água corrente. Espere até ter a
quantidade suficiente para encher uma bacia;
— o melhor será usar a máquina de lavar loiça: os aparelhos mais recentes
consomem apenas 13 litros de água por lavagem. Opte por uma máquina
económica e ponha-a a funcionar apenas quando estiver cheia. Sempre
que a loiça não esteja muito suja, utilize o programa económico.

As perdas de água
Assegure-se de que as torneiras não perdem água. Uma fuga provoca um
desperdício considerável: dez gotas por minuto equivalem a um copo de
água por hora ou cinco litros por dia, um duche completo por semana e
qualquer coisa como 1800 litros de consumo suplementar e inútil por ano.
Ou seja, o seu consumo individual durante 14 dias. Se a torneira gotejar inin-
terruptamente, o desperdício pode chegar a 50 litros por dia ou 1500 litros
por mês! Em suma, mesmo considerando apenas os motivos financeiros,
tem todo o interesse em reparar a torneira sem demora. Feche bem as tor-
neiras após cada utilização: ainda que esteja em perfeito estado, uma tor-
neira mal fechada pode perder água!

Se o autoclismo tiver uma fuga que não consegue reparar, chame um cana-
lizador. Um autoclismo sempre a correr pode sair-lhe mais caro, em termos
de consumo de água, do que a intervenção de um especialista.

101
A Gastar menos, viver melhor

As pequenas fugas nem sempre são percetíveis. Para verificar se uma tor-
neira tem fugas, coloque, por exemplo, uma folha de papel higiénico no
lavatório ou no lava-loiças (bem secos) e deixe-a aí toda a noite. De manhã,
verifique se continua seca ou está molhada. Outra opção é fazer a leitura
do contador de água antes de se deitar e verificar, na manhã seguinte, se o
consumo permaneceu inalterado.

Jardim
— É mesmo necessário regar? Escolher plantas adaptadas às características
do jardim permite-lhe reduzir a frequência da rega e o volume de água
despendido;
— só as plantas em vaso e os rebentos ou as sementeiras precisam de água.
De preferência, regue à noite, para evitar que a maior parte da água se
evapore rapidamente com o calor;
— regar o jardim com um dispositivo de rega por aspersão consome cerca de
500 litros de água por hora! Se utilizar este sistema durante duas horas,
duas vezes por semana, de junho a setembro (ou seja, 16 semanas), terá
um consumo ruinoso de 32 mil litros de água numa só estação! Um sis-
tema “gota a gota” consome menos;
— caso tenha um sistema de rega automático, instale sensores de humidade
no solo. Estes sensores detetam quando é necessário ativar a rega automá-
tica, evitando o desperdício de água em dias de chuva;
— para regar as plantas, aproveite a água de lavagem da fruta e dos legumes
e a que corre na banheira ou no duche enquanto espera que atinja a tem-
peratura desejada;

ÁGUA ESSENCIAL PARA TODOS OS USOS


Em princípio, um ser humano não sobrevive mais de três dias sem água. A água é um
elemento indispensável ao nosso organismo, mas também intervém na produção de pra-
ticamente todos os bens de consumo. Por exemplo, são necessários:
— 4100 litros para fazer uma t-shirt de algodão (tamanho médio);
— 2400 litros para um hambúrguer (150 g);
— 200 litros para 1 copo de leite (200 ml) e 135 litros para 1 ovo (40 g);
— 70 litros para uma maçã (100 g) e 13 litros para 1 tomate (70 g);
— 10 litros para uma folha de papel A4 (80 g/m2).

Quando consideramos a quantidade de água necessária diariamente, torna-se imperativo


utilizá-la com parcimónia.

102
A A energia e a água

— coloque um balde ou um alguidar no exterior quando chove. A quanti-


dade recolhida é mínima, mas ainda assim suficiente para regar algumas
plantas;
— não regue em demasia, mesmo no verão. As plantas ficam mais resisten-
tes se as raízes tiverem de enterrar-se mais profundamente para encon-
trarem alimento;
— elimine as ervas daninhas. Estas plantas indesejadas absorvem a água des-
tinada às plantas e, assim, aumentam as necessidades de rega.

Utilizar a água da chuva


Se puder, não hesite em instalar um circuito para recuperação da água da
chuva, com a respetiva cisterna. A captação da água pode ser efetuada em
edifícios de habitação, na cobertura das casas e das garagens, em terraços
e em varandas. Um investimento que lhe permitirá ter sempre à disposição
água de qualidade suficiente para lavar os pavimentos, regar as plantas, dei-
tar na sanita, etc. Mas não a utilize para beber ou tomar banho.

Este circuito de água é instalado paralelamente ao circuito da rede pública.


Desta forma, dispõe de água não tratada, é certo, mas gratuita e de quali-
dade perfeitamente adequada aos usos menos nobres. Esta instalação per-
mite-lhe economizar até 50% do seu consumo de água canalizada. Os dois
circuitos devem estar devidamente separados, para evitar qualquer confu-
são, refluxo ou outros incidentes técnicos. Para todos os efeitos, a água da
chuva não é potável.

Reutilizar a água
Outra possibilidade é um circuito para recuperar a água dos lavatórios,
dos duches e das máquinas de lavar, embora o uso destas águas cinzentas
deva ser reservado apenas às descargas do autoclismo. Num cenário de dois
moradores, numa moradia, estima-se que um sistema para encaminhar as
águas do banho para o autoclismo represente um custo adicional de 70 a
100 euros em relação ao esquema tradicional e permita poupar 34 m3 por
ano. Isso pode traduzir-se numa amortização do investimento em apenas
sete meses.

103
A Gastar menos, viver melhor

Poderá ainda existir um sistema híbrido, que misture a água da chuva reco-
lhida com as águas cinzentas. Desta forma reduz-se a carga poluente, o que
permite que esta água seja usada, não só no autoclismo, mas também na
rega de plantas, em lavagens exteriores e de automóveis, dispensando o
recurso à rede pública para estas utilizações.

SISTEMA HÍBRIDO PARA REUTILIZAR A ÁGUA EM CASA

Lavatório
Autoclismo
Águas
Rede Chuveiro cinzentas
pública
+
(água
Lava-loiças Água
potável) Depósito e
da chuva
tratamento
Máquinas da água

Esgoto
(água negra)
Rega e limpeza
do exterior

HABITAÇÕES COM MAIOR EFICIÊNCIA HÍDRICA


Mudar comportamentos e instalar alguns pequenos dispositivos são os primeiros passos
para um melhor aproveitamento da água potável. Mas, se quiser e puder ir mais longe,
comece por pedir uma avaliação do desempenho hídrico da sua casa. Embora possa fazê-
-lo em qualquer momento, o ideal é ainda na fase de construção ou quando considerar
fazer obras de reabilitação, para poder, desde logo, prever as melhorias necessárias. Tal
como na certificação energética (veja a caixa da página 93), o processo é regulado pela
Agência para a Energia (ADENE), mas, neste caso, é sempre voluntário (mesmo quando a
casa é vendida ou arrendada).

104
A

Capítulo 6

O automóvel
A Gastar menos, viver melhor

O uso do carro absorve, em média, cerca de 16% do nosso rendimento.


Neste capítulo, analisamos as poupanças possíveis: por exemplo, cerca de
100 euros por ano só por deixar de percorrer quilómetros inúteis e ter o
cuidado de controlar a pressão dos pneus. Apresentamos-lhe os vários cus-
tos associados à utilização, mas também os fatores a equacionar antes de
avançar para a compra. Em seguida, explicamos como poupar ao nível da
condução, da manutenção e das reparações e abordamos o financiamento
e os seguros. Por fim, propomos-lhe as alternativas, como a partilha do veí-
culo, os transportes públicos ou o uso da bicicleta.

ACABAR COM OS TRAJETOS CURTOS


Muitas deslocações de automóvel não ultrapassam os dois quilómetros. Um percurso infe-
rior a cinco minutos! Esta utilização da viatura é totalmente desaconselhada porque:
— consome muito combustível. Enquanto está frio, o motor consome mais 50% no pri-
meiro quilómetro e mais 25% no segundo;
— são necessários, pelo menos, cinco minutos para o motor atingir a temperatura
adequada;
— contribui para a saturação das estradas e o nível de poluição quase quadruplica.

Despesas bem medidas


Mesmo que compre um usado a bom preço e o utilize raramente, um auto-
móvel implica sempre uma série de despesas. Desde logo os custos fixos:
seguro obrigatório de responsabilidade civil (e eventualmente de danos
próprios ou outros), Imposto Único de Circulação (IUC), inspeções periódi-
cas obrigatórias e a desvalorização do automóvel. Se, para o comprar, con-
traiu um empréstimo, some ainda os juros vencidos. Já os gastos variáveis
dependem dos quilómetros percorridos e dos trajetos efetuados. Incluem o
combustível, a manutenção (incluindo eventual mudança de pneus e peças),
as portagens e o estacionamento.

O preço de aquisição e o tipo de combustível são duas variáveis determinan-


tes. Por exemplo, os veículos a gasolina consomem o combustível mais caro,
mas os que funcionam a gasóleo gastam mais na manutenção. Nos elétricos,
o preço de aquisição pesa na fatura do veículo, mas a eletricidade é muito
mais barata do que a gasolina e o gasóleo. Esta opção já compensa para
vários cenários de utilização do carro: grosso modo, permite poupanças a

106
A O automóvel

quem faz mais de oito mil quilómetros por ano ou fica com o carro durante
mais de cinco anos. No entanto, esta avaliação pode variar significativa-
mente com o modelo considerado. Por isso, se está a pensar comprar carro
e já tem alguns modelos debaixo de olho, consulte o simulador que pre-
parámos para si (veja a caixa Contas feitas num clique, na página seguinte).
A própria categoria e a dimensão afetam não só o preço do veículo, mas
também o consumo de combustível, o prémio do seguro e as portagens.
E, claro, quanto mais equipamentos adquirir (ar condicionado, sistemas de
segurança, etc.), maior será o valor do carro.

Com base nas dimensões e utilização típica, os veículos são classificados nas
seguintes categorias: citadinos, utilitários, pequenos familiares, familiares,
MPV e SUV. Regra geral, as viaturas maiores têm uma cilindrada e um preço
mais elevados, o que aumenta o consumo e o prémio do seguro.

A fiabilidade das marcas e dos modelos influencia as despesas com a manu-


tenção e as idas à oficina para reparar avarias. A revista proteste publica,
regularmente, estudos estatísticos sobre o tema. Também pode consultar
os resultados dos nossos inquéritos de fiabilidade dos carros usados em
www.deco.proteste.pt > Auto > Automóveis > Automóveis usados: o inqué-
rito. Conhecer a experiência e a opinião de outros utilizadores pode ajudá-lo
a fazer uma escolha acertada. Para consultar a classificação das marcas e
modelos que ainda são vendidos novos vá a www.deco.proteste.pt > Auto >
Automóveis: o teste.

É MESMO NECESSÁRIO?
Antes de avançar para a aquisição, avalie se precisa mesmo do carro ou se vai utilizá-
-lo apenas de vez em quando. Em média, uma viatura permanece imóvel 23 em cada
24 horas e, nestas circunstâncias, os custos fixos poderão não compensar. Considere outras
possibilidades, como os transportes públicos, a bicicleta, o táxi e até a partilha de automó-
veis (veja o final deste capítulo).

Comprar um automóvel
Está decidido a comprar e a poupar nesta compra? Tenha em conta o com-
bustível, o tipo de veículo e a opção por um modelo novo ou usado. Por fim,
não deixe de negociar o preço.

107
A Gastar menos, viver melhor

Uma questão de combustível


É um fator determinante nos custos e que convém ter com conta antes de
fazer a sua escolha.

Gasolina, gasóleo, gás, híbrido ou eletricidade?


A eletricidade e o GPL são os combustíveis mais baratos, o que é uma van-
tagem para quem faz muitos quilómetros por ano. Mas será que o preço do
combustível e os consumos anuais compensam um valor de aquisição mais
elevado? Depende. De todas as versões, a elétrica é sempre a mais cara na
aquisição, mas a eletricidade também é, de longe, a fonte de energia mais
barata. Quanto aos híbridos, na generalidade utilizam gasolina (o combustí-
vel mais caro) na componente não elétrica, o que não favorece a poupança.

O impacto ambiental também é um critério de escolha. De facto, a grande


velocidade os veículos a gasóleo emitem cerca de três vezes mais óxidos
de azoto e quase 30 vezes mais partículas do que os movidos a gasolina.

CONTAS FEITAS NUM CLIQUE


Se vai comprar um carro, recorra ao nosso simulador (www.deco.proteste.pt/mobilidade/
simulador-por-km) para saber, de entre as opções que está a considerar, qual é o modelo
mais económico, globalmente, tendo em conta a utilização prevista. Nas nossas contas,
começamos por subtrair ao custo de aquisição o valor futuro de venda expectável. Assim,
obtemos o valor referente ao custo financeiro com a aquisição. De seguida, somamos
todos os custos fixos por ano, e multiplicamos pelo número de anos de posse do veículo.
Os gastos com combustível têm em conta a média de preços.
Para as mudanças de óleo e fil-
tros e as operações que seguem
o plano de manutenção do fabri-
cante, tivemos em conta a pre-
visão de quilometragem anual.
Juntamos a substituição dos
pneus a cada 50 mil quilómetros.
Obtidos estes valores, é feita a
soma, e o resultado é depois divi-
dido pelo número médio de qui-
lómetros ao longo dos anos de
posse (multiplicados pelos quiló-
metros anuais), de onde resulta
o valor final.

108
A O automóvel

Estas podem ser reduzidas drasticamente quando o veículo está equipado


com filtro de partículas. Nestas condições, o gasóleo torna-se uma solução
mais ecológica que a gasolina. De uma maneira geral, também o gás o é.
Quanto aos veículos elétricos, não existem emissões diretas, mas é preciso
ter em conta que a produção de eletricidade tem algum impacto ambiental.
Ainda assim, pelos valores atualmente conhecidos será a alternativa mais
ecológica.

Características do veículo
O consumo de combustível depende, em parte, de três fatores:
— o peso do veículo, muito idêntico nos modelos do mesmo segmento;
— a resistência ao rolamento, muito influenciada pelos pneus;
— a aerodinâmica, que varia consoante o tipo e a forma exterior do veí-
culo. Os mais aerodinâmicos gastam menos, porque a resistência ao ar é
menor. Mas é mais importante não transportar carga fora do automóvel e
conduzir com as janelas fechadas. Quem percorre grandes distâncias com
frequência tem interesse em escolher uma viatura maior e com linhas
aerodinâmicas. Fica um pouco prejudicado em cidade, mas economiza
a grande velocidade, o que, aliás, deverá representar a maior parcela de
consumo.

Por fim, é necessária uma determinada quantidade de energia — e, como tal,


de combustível — para pôr o veículo a andar. Quanto mais pesada for a via-
tura, de mais energia precisa. Em consequência disto, na cidade, as viaturas
grandes são mais esbanjadoras do que as pequenas. Se circula essencial-
mente em meio urbano, privilegie um modelo pequeno e leve. Ao aliar peso
e altura elevados, como acontece nos monovolumes (veículos de múltiplas
utilizações), prepare-se para desembolsar mais nas cidades ou em velocida-
des superiores a 80 km/h. Exceto se transportar seis a sete pessoas, porque
dilui o valor de consumo por utilizador.

Pequeno, médio ou grande?


Avalie bem se a viatura que prefere se adequa, de facto, às suas necessi-
dades. Cada segmento tenta responder a exigências específicas e isso tem
um impacto nos gastos. De seguida, apresentamos-lhe a segmentação usual.
De fora ficam os descapotáveis e os desportivos de luxo, cuja escolha não
depende tanto de critérios de utilidade. Vejamos, caso a caso, as vantagens
e desvantagens.

109
A Gastar menos, viver melhor

Citadinos
São pequenos e adequados para os percursos curtos, dentro da cidade. É o
caso, por exemplo, do Renault Twingo, do Hyundai i10, do Kia Picanto e dos
vários modelos da Smart. Normalmente também são os mais económicos,
tanto na compra como na utilização. Os elétricos são a solução mais ecoló-
gica para a cidade e, dada a autonomia mais limitada deste tipo de viaturas,
também é a esta utilização que melhor se adaptam. Se optar pelo GPL ficará
sem espaço na bagageira, já de si reduzido, por causa do reservatório de gás.
E, como estes automóveis consomem pouco e são mais utilizados em peque-
nos percursos, a instalação do sistema pode não se traduzir numa poupança
significativa. Além disso, não poderá estacionar na maioria dos parques sub-
terrâneos, comuns na cidade.

Se repartir a potência do motor com o sistema de ar condicionado, vai notar


uma diminuição do desempenho nas subidas. Fora da cidade ou em longas
viagens, a pequena motorização pode dificultar as ultrapassagens e compro-
meter o conforto e a segurança.

Utilitários
Aventuram-se bem fora da cidade porque são mais potentes, espaçosos e
confortáveis do que os citadinos. Alimentam o sistema de ar condicionado
sem quebras significativas de desempenho, principalmente se tiverem uma
cilindrada acima dos 1200 cc (a gasolina) ou 1400 cc (a gasóleo). Não trans-
portam muita bagagem, mas dão conta do recado na altura de trazer as com-
pras, as mochilas das crianças ou as malas de fim de semana. As versões
elétricas dos utilitários têm uma autonomia razoável e tornaram-se uma boa
opção. O preço ainda é um problema, que pode ser compensado se a utili-
zação for frequente.

Nesta categoria estão o Ford Fiesta, o Citroën C3, o Fiat Punto, o Renault Clio
e o Renault ZOE, entre outros. Existem versões a gasolina, a gasóleo, GPL e
elétricos. Se optar pelo GPL, o espaço da bagageira ficará muito reduzido
devido à instalação do reservatório do gás.

Pequenos familiares
O Ford Focus, o Peugeot 308, o Volkswagen Golf, o Renault Megane e o
Hyundai Leaf pertencem a esta categoria. São vocacionados para as famí-
lias com crianças ou para o transporte regular de adultos no banco de trás.

110
A O automóvel

Adaptam-se ao trânsito citadino, embora o tamanho coloque alguns proble-


mas na hora de estacionar ou de executar manobras apertadas.

Estão disponíveis a gasolina e a gasóleo. O GPL também é uma alternativa,


sobretudo se não necessitar de muito espaço na bagageira. Alguns pequenos
familiares são movidos a eletricidade, já com autonomia suficiente para via-
gens que percorram até 400 quilómetros.

Familiares
Interessam às famílias que têm até cinco membros e a quem necessita, fre-
quentemente, de transportar adultos no banco de trás ou de fazer viagens
longas. Na cidade não se movimentam bem, pois são bastante compridos.
Basta pensar em modelos como o BMW Série 3, o Ford Mondeo, o Mercedes
classe C, o Opel Insígnia, o Tesla Model 3 e o Renault Laguna. Normalmente,
o equipamento de origem é superior ao dos pequenos familiares.

As dimensões exteriores, o habitáculo, o conforto e a potência são maio-


res nesta gama, mas o mesmo acontece ao consumo de combustível e ao
preço. Por isso, o GPL e os elétricos são soluções muito interessantes e que
permitem fazer algumas poupanças. No primeiro caso não falta espaço na
bagageira para instalar o sistema e, no segundo, a diferença de preço na
aquisição não é tão elevada como noutros segmentos. É também neste seg-
mento que a oferta de elétricos é maior.

A desvalorização comercial dos familiares é mais rápida do que nas gamas


mais baixas, pelo que a compra de um carro em segunda mão, com poucos
anos, pode compensar. Mas não se esqueça que a manutenção, o prémio do
seguro e o Imposto Único de Circulação se mantêm.

MPV (Multi Purpose Vehicles)


Traduzindo à letra, são os veículos multifunções. Combinam o conforto
de um familiar para cinco a sete pessoas com a versatilidade dos veículos
de mercadorias. Apesar da variedade de dimensões, em regra dispõem de
muito espaço interior e permitem o transporte de objetos volumosos. Têm
grandes superfícies envidraçadas que deixam entrar o calor, uma caracterís-
tica que torna o ar condicionado quase indispensável.

Os MPV podem ser grandes, como o Volkswagen Sharan, ou médios, como


o Opel Zafira ou o Renault Scenic. Estão disponíveis a gasolina e a gasóleo.

111
A Gastar menos, viver melhor

O GPL nem sempre é uma opção, pois, apesar da dimensão da bagageira,


o formato pode não permitir a colocação de um reservatório de gás.

SUV (Sport Utility Vehicles)


O ideal para quem tem uma casa no campo, rodeada de caminhos de terra
batida ou de estradas em mau estado. Como são pesados, consomem bas-
tante combustível, ainda que a maioria das versões seja a gasóleo. Nas
autoestradas pagam a categoria 2.

Esta gama pode ser dividida em puros todo‑o‑terreno, como o Land


Rover Defender; os todo-o-terreno, como o Jeep Grand Cherokee;
as pick-up, como a Mitsubishi Strakar, outros veículos ligeiros, como o
Honda CR-V, o Nissan Qashqai e, nos elétricos, o Tesla Model X ou o
Hyundai Kauai.

Novo ou usado?
Um modelo novo é significativamente mais caro do que um usado, ainda que
este tenha poucos quilómetros. De facto, a desvalorização é muito acentuada
nos primeiros três anos: decorrido o primeiro ano após a venda, um veículo
de passageiros já perdeu cerca de 20% a 30% do seu valor.

Em contrapartida, os usados com mais de três anos e/ou 40 mil quilómetros


exigem mais atenção. Quanto mais velha for a viatura, maior a probabilidade
de surgirem avarias. Assim, poderá ter de gastar mais em manutenção e
reparações, mas estes valores suplementares, normalmente, são inferiores
ao da desvalorização nos primeiros anos. Por exemplo, comprar um auto-
móvel familiar com dois anos e meio e utilizá-lo durante um período idên-
tico custa-lhe, no total, menos 20% do que comprar um novo. A poupança
é de 10% para um citadino, 13% para um utilitário e 19% para um pequeno
familiar. Se optar por um usado, escolha um que tenha, no máximo, dois ou
três anos.

Negociar bem
Os conselhos para negociar o preço variam consoante se trate de um auto-
móvel novo ou de um usado.

112
A O automóvel

Veículos novos
O vendedor de automóveis trabalha à comissão, o que significa que parte do
seu ordenado depende do número de viaturas vendidas e dos descontos feitos
em cada uma. Normalmente, quanto mais viaturas vender e menos descontos
fizer, mais ganha, mas o primeiro fator pesa mais do que o segundo. Por isso,
vale sempre a pena tentar negociar o preço de venda. Quando abordar o ven-
dedor, diga-lhe que pretende sondar outros concessionários e que optará
pela proposta mais aliciante.

Trocar de carro
Se estiver interessado em entregar o seu carro atual para troca, introduza o
assunto na conversa depois de lhe darem o preço já com os descontos. Refira
que só nesta condição comprará o novo. O valor oferecido pelo seu carro
antigo, na compra de um novo, pode variar muito. Pergunte se está prevista
alguma promoção para breve e, em caso afirmativo, se pode beneficiar dela
antecipadamente. Além disso, consulte vários standes.

É quase certo que os compradores particulares farão melhores ofertas pelo


seu usado. Mas, para isso, terá de anunciar nos jornais, na internet ou na
própria viatura e estar disponível para mostrá-la aos interessados.

O momento e o local certos


O fim do mês é uma boa altura para comprar carro, pois os vendedores
têm de cumprir os objetivos de vendas. O mesmo acontece no final do ano.
Setembro vem no seguimento de um período de férias e, portanto, de pouca
procura, pelo que também é uma hipótese a considerar. Nalgumas épocas,
como o Natal e o verão, é possível adquirir uma viatura melhor equipada
pelo mesmo preço, graças às campanhas promocionais de acessórios. Outra
possibilidade é optar por modelos em fase final de comercialização, porque
são mais baratos.

Algumas marcas praticam preços diferentes nas várias zonas de concessão.


Por outro lado, certos concessionários do interior de Portugal oferecem des-
contos significativos, na tentativa de aumentarem as vendas. Os preços de
retoma nessas zonas também costumam ser mais aliciantes.

Veículos usados
Para estimar o valor comercial de referência do carro que pretende
comprar, faça uma pesquisa na internet em sítios de usados e/ou visite
vários standes que os comercializem. Num caso como noutro, tenha em

113
A Gastar menos, viver melhor

conta que se trata, na maioria das vezes, de um valor ainda sujeito a


negociação.

Pergunte qual é a quilometragem. Valores elevados são sinónimo de uso


intensivo e de possível desgaste de componentes. Por isso, pode vir a ter
despesas avultadas, consoante a idade da viatura. Valores baixos indicam
pouco uso. Tente descobrir o motivo. Isso poderá ser uma vantagem, mas só
se o carro não tiver estado parado durante muito tempo.

Tenha em conta a idade da viatura. Se o carro tiver mais de quatro anos,


convém pedir informação sobre as inspeções obrigatórias, nomeadamente
o relatório do centro de inspeção e o respetivo dístico para afixar no para-
-brisas. Tudo para saber se foi devidamente aprovado. Caso não seja possível
confirmar estes dados, desista da compra.

Peça os documentos do carro e o livro de revisões. Se estiver a negociar


com um particular, verifique se o nome dele corresponde ao do proprietário
designado no certificado de matrícula. Caso a viatura tenha sido comprada
com recurso a leasing ou ALD, confira se o nome do locatário consta no
campo “Menções e outros registos em vigor”.

O certificado de matrícula, seja no


formato mais antigo ou no mais
recente, é um documento essencial
para confirmar que o vendedor tem
legitimidade para efetuar o negócio.

114
A O automóvel

No livro de revisões, verifique se estas foram efetuadas e em que oficina. Nas


da marca respetiva, há menos probabilidade de existirem anomalias graves
“escondidas” e é sinal de cuidado extra na manutenção. Se for necessário,
desloque-se com o vendedor ao concessionário e consulte o historial da via-
tura. Convém, igualmente, comparar a quilometragem da última revisão
com a do conta-quilómetros. Se possível, confirme-a na oficina. Um “truque”
dos comerciantes consiste em alterar os valores, apesar de ser um crime
punido por lei.

Antes de decidir, faça uma inspeção visual e conduza o veículo. Registe


todos os aspetos insatisfatórios ou eventuais reparações necessárias. Pro-
cure saber quanto poderá ter ainda de pagar e confronte o vendedor, para
que essas despesas lhe sejam descontadas no preço.

O financiamento
Escolhido o automóvel, é preciso pagá-lo. O ideal é fazê-lo a pronto, mas isso
nem sempre é possível e o recurso ao financiamento é frequente. No con-
cessionário podem apresentar-lhe propostas de crédito ou locação. Estes
produtos estão associados a um banco ou a uma Instituição Financeira de
Crédito Especializado (IFIC). Apesar da comodidade e eventual rapidez
desta solução, antes de decidir consulte o seu banco e outras instituições de
crédito, para escolher a melhor proposta. Tem de despender algum tempo,
mas a poupança pode ser significativa.

As principais diferenças entre as modalidades de crédito e a locação estão


relacionadas com a propriedade do veículo e os seguros exigidos para o
financiamento. Se quiser ser o proprietário desde o início, opte pelo crédito.
Se isso não for importante para si, a locação financeira será, provavelmente,
a melhor solução. Tratando-se de um veículo usado, torna-se ainda mais
importante comparar os custos associados aos seguros.

Quer escolha o crédito ou a locação, negoceie. Por exemplo, no seu banco


faça valer o estatuto de cliente. E se, para reduzir a taxa de juro deste cré-
dito, lhe propuserem outros serviços que não impliquem custos, como a
domiciliação do ordenado ou de pagamentos domésticos (água, luz, entre
outros), pondere aceitar.

115
A Gastar menos, viver melhor

Deixamos-lhe, a seguir, mais algumas informações sobre estas modalidades


de financiamento.

Crédito pessoal e automóvel


Os bancos emprestam o montante solicitado, durante o prazo acordado,
mediante o pagamento de prestações que cobrem o montante da dívida e os
devidos juros. No crédito pessoal, a principal garantia é a responsabilidade
da pessoa, habitualmente através de uma livrança assinada. Já no crédito
automóvel, à livrança acresce ainda a reserva de propriedade do veículo em
nome do banco. Assim, enquanto não acabar de pagar o empréstimo, não
pode vender o carro sem a autorização desta instituição. Por causa disso,
as taxas de juro costumam ser mais baixas.

Embora possam exigir-lhe a subscrição de outros seguros, como o de vida ou


o de proteção ao crédito, a generalidade das instituições não o faz. Em rela-
ção aos seguros do automóvel só é exigida a responsabilidade civil, obriga-
tória por lei, sendo facultativa a contratação da cobertura de danos próprios
e a de responsabilidade civil acima do mínimo obrigatório. No entanto, con-
vém ter em conta que, se houver um acidente de que resulte uma perda
total da viatura e a responsabilidade não puder ser imputada a terceiros,
o proprietário terá de continuar a pagar as prestações do crédito até ao seu
termo… mesmo sem ter carro. Para evitar esta situação, recomendamos que
contrate o seguro de danos próprios.

AS MODALIDADES DE FINANCIAMENTO AUTOMÓVEL


Crédito Locação
Tipo de automóvel Novos e usados. Novos e usados, mas só com IVA
discriminado.
Tipo de contrato De mútuo: o banco empresta um Locação financeira: a empresa de
determinado montante ao cliente. leasing ou ALD cede um carro ao
A dívida é paga em prestações, cliente, por um prazo determinado,
durante o prazo acordado, mediante o pagamento de uma
e acrescida de uma taxa de juro. renda.
Proprietário do Cliente, com ou sem reserva de Locadora. O cliente tem opção
veículo propriedade a favor do banco. de compra no final do contrato,
pagando, para isso, o valor
inicialmente definido.
Seguros Responsabilidade civil obrigatória. Responsabilidade civil facultativa
obrigatórios de 50 milhões de euros e danos
próprios ressalvados à locadora.

116
A O automóvel

Locação financeira (leasing e ALD)


Na locação financeira, em vez de prestações, pagam-se rendas. O veículo é
propriedade da locadora e o direito de utilização é cedido ao cliente durante
o período definido no contrato.

Na prática, o leasing e o ALD (Aluguer de Longa Duração) são muito seme-


lhantes. Mas algumas instituições de crédito cobram encargos um pouco
mais elevados para o ALD e, nesta modalidade, é exigida a assinatura de um
contrato-promessa de compra e venda em que o locatário se compromete a
adquirir o veículo no final do contrato. Já no leasing, terminado o contrato,
poderá devolver o carro à locadora ou optar por adquiri-lo pagando o custo
previamente acordado. É o valor residual e, regra geral, varia entre 2% e 30%
do preço do automóvel.

Quanto ao renting, é um conceito algo diferente, em que, mediante o paga-


mento de uma renda, se ganha o direito a utilizar o automóvel por um
determinado período. Na subscrição, pode optar-se por incluir no valor da
renda todas as despesas associadas ao automóvel, como as de manutenção,
os seguros e até mesmo o serviço de pagamento de impostos ou portagens.
Não está previsto que o cliente adquira o automóvel no final do contrato e,
embora isso seja possível, a norma é que inicie um novo contrato de renting
sobre outro veículo.

Dada a insuficiência dos dados fornecidos pelas locadoras, é difícil comparar


os custos desta modalidade com os das restantes formas de financiamento.

Custos comparados
As taxas de juro são mais baixas no crédito automóvel do que no pessoal.
Mas as mais vantajosas, habitualmente, são as da locação financeira. Antes
de decidir, compare as propostas de diversas instituições de crédito através
da Taxa Anual de Encargos efetiva Global (TAEG). Este indicador engloba
todos os custos associados ao financiamento, o que dá uma perceção real
do valor total a pagar e torna a comparação mais rigorosa (saiba mais em
A importância da TAEG, na página 130).

Se comprar a viatura através de um contrato de locação financeira, terá


de contratar o seguro de responsabilidade civil facultativa de 50 milhões
de euros e o de danos próprios. Pelo contrário, os créditos não costumam
impor mais do que o seguro de responsabilidade civil obrigatório por lei

117
A Gastar menos, viver melhor

(veja o próximo título). Este aspeto pode tornar o leasing e o ALD mais caros
do que os créditos. No entanto, é recomendável contratar a cobertura de
danos próprios quando o carro é novo (até aos cinco anos e/ou enquanto
não estiver pago), mesmo que opte pelo crédito.

Seguro automóvel
O seguro de responsabilidade civil é obrigatório para todos os veículos
automóveis. Se não o contratar, o proprietário sujeita-se a uma coima até
2500 euros, a ficar inibido de conduzir por um período mínimo de um mês
e a que o veículo seja apreendido. Pelo contrário, com o seguro em dia terá
assegurado o pagamento das indemnizações pelos danos que causar a ter-
ceiros até ao limite de sete milhões e 290 mil euros por sinistro, dos quais
um milhão e 220 mil euros para danos materiais e seis milhões e 70 mil
euros para os corporais.

Além do seguro obrigatório, também é possível contratar coberturas facul-


tativas, para cobrir, total ou parcialmente:
— os danos causados a terceiros que ultrapassem o limite de sete milhões e
290 mil euros;
— os danos causados ao próprio veículo que sejam da sua responsabilidade,
quando não exista um terceiro responsável ou este não seja identificado
(choque, tempestades, inundações, furto e vandalismo).

Pagar e poupar
Embora permitam uma poupança significativa quando ocorrem danos
cobertos pela apólice, por transferirem a responsabilidade de os reparar
para a seguradora, estes seguros têm um custo. Os prémios do seguro de
responsabilidade civil e das coberturas facultativas são determinados em
função de vários parâmetros, entre os quais se destacam:
— o capital seguro;
— a idade e a experiência do condutor;
— a residência, sendo aplicadas tarifas diferentes em função do índice de
sinistralidade associado a cada zona;
— as características do veículo, como a cilindrada e o ano de matrícula;

118
A O automóvel

PROTOCOLO PARA O SEGURO AUTOMÓVEL


• Há muito que a Deco Proteste faz estudos comparativos a estes seguros e aponta um
conjunto de problemas relacionados, nomeadamente, com as exclusões. Mas também
negociou um protocolo com a Ok! teleseguros que disponibiliza diversas modalidades aos
seus subscritores (por exemplo, apenas o seguro de responsabilidade civil ou abrangendo
também os danos próprios), com apólices simplificadas, coberturas mais abrangentes e
um desconto de 6% no prémio a pagar.
• O protocolo estende-se ao seguro automóvel para motas, também com um desconto de 6%
sobre o tarifário geral da Ok! Teleseguros, e ao produto família, que proporciona um desconto
mínimo de 3% se o segurado incluir outros carros do agregado familiar na mesma apólice.
• Se a seguradora tiver em curso campanhas com prémios mais reduzidos, os associados
podem optar entre o benefício do protocolo e a adesão à campanha.
• Apesar das vantagens, nem sempre o protocolo celebrado com a Ok! teleseguros apresenta
a melhor relação entre qualidade e preço para a sua situação específica. Para podermos
dar-lhe uma resposta mais personalizada, estabelecemos uma parceria com o maior cor-
retor de seguros nacional, a MDS. Preencha o nosso simulador em www.deco.proteste.pt/
seguro-auto e receba as várias opções de contratação e as nossas recomendações. Se con-
cluir que faz sentido mudar o seu seguro automóvel para uma das soluções propostas,
poderá prosseguir diretamente para a contratação através do nosso portal, sendo-lhe
disponibilizada toda a informação e o acompanhamento necessário por um call center
devidamente formado e certificado.

— o nível de bónus-malus, ou seja, as bonificações ou penalizações aplicadas


ao prémio em função do histórico de sinistralidade do condutor.

Apenas as coberturas essenciais


Como vimos, a responsabilidade civil é a única cobertura de contratação obri-
gatória. Com uma apólice definida por lei, é comercializada pelas segurado-
ras com cláusulas idênticas, podendo algumas oferecer serviços adicionais.
Mas a escolha baseia-se, fundamentalmente, no preço. Por isso, compare as
várias ofertas e escolha a mais económica.

A assistência em viagem tem um custo anual reduzido e proporciona um


leque muito abrangente de garantias em caso de acidente ou avaria do veí-
culo e, no estrangeiro, também por doença do titular do seguro e de quem
com ele viajar. Recomendamos sempre a sua contratação (veja também
Seguro de viagem, na página 146).

Se o veículo tiver até cinco anos ou, ainda que tenha mais, mantiver um valor
comercial significativo ou não estiver totalmente pago, opte por contratar

119
A Gastar menos, viver melhor

também a cobertura de danos próprios. Esta abrange os danos sofridos por


colisão, roubo ou incêndio quando não exista um terceiro responsável e,
mediante o pagamento de um prémio adicional, pode ainda contratar as
coberturas de ocupantes, fenómenos da natureza e atos de vandalismo,
entre outras. Deixamos-lhe um conselho para reduzir os custos: tente ava-
liar quais são as coberturas mais adequadas para si e prescinda das restan-
tes. Por exemplo, se tiver garagem, a cobertura de atos de vandalismo será
menos importante do que se deixar habitualmente o carro na rua. Pelo con-
trário, a generalidade dos veículos com mais de cinco anos tem um valor
comercial tão baixo que não se justifica pagar por este tipo de coberturas.

Informação suplementar
Encontra na revista dinheiro & direitos e no nosso sítio na internet
(www.deco.proteste.pt/seguro-auto) informação regularmente atualizada
sobre os seguros para o automóvel e as apólices disponíveis no mercado,
bem como os procedimentos adequados em caso de acidente ou de conflito
com a seguradora, entre muitas outras questões que poderão ser-lhe úteis.

Manutenção e condução
Não descure a manutenção regular do veículo, pois o aumento do consumo
e da poluição podem atingir os 50%. Basta que as velas estejam deteriora-
das ou o filtro do ar sujo para o carro consumir mais. Se cumprir o plano
estipulado pelo fabricante, evita o desgaste prematuro de alguns compo-
nentes e ter de efetuar grandes reparações. A poupança anual pode atingir
várias centenas de euros! Da mesma forma, o tipo de condução tem impli-
cações nos custos.

Assuma um novo estilo


Com um estilo de condução apropriado, pode poupar 10% nas despesas
de combustível. O equivalente a uma redução do preço da gasolina entre
10 e 15 cêntimos por litro! Além disso, os custos de manutenção diminuem,

120
A O automóvel

pois os componentes do automóvel sofrem menos desgaste e não têm de ser


substituídos com tanta frequência. Siga as nossas sugestões:
— não arranque com acelerações bruscas ou a alta velocidade;
— evite as pequenas acelerações quando liga o motor e/ou antes de o desligar;
— enquanto está frio, o motor não deve trabalhar com rotações elevadas
(seja em ponto morto ou com uma mudança engrenada);
— passe rapidamente para a mudança seguinte quando atingir o intervalo
entre as 2000 e 2500 rotações/minuto, num motor a gasolina, e as 1500 e
2000 rotações/minuto, se for a gasóleo;
— tente circular a uma velocidade constante, com o mínimo de rotações
para a mudança mais elevada. Vá tirando o pé do acelerador, sem pres-
sionar a embraiagem, para cortar o consumo de combustível e manter a
velocidade durante alguns minutos;
— conduza de forma constante e tranquila. Uma condução “desportiva”
implica um aumento de consumo entre 10% e 40%;
— tente antecipar as alterações de circulação do trânsito e minimizar as alte-
rações bruscas de velocidade;
— se tiver de reduzir a velocidade ou parar, tire o pé do acelerador com
tempo e deixe a viatura desacelerar por si só com a mudança engrenada;
— desligue o motor nas paragens de curta duração (num semáforo mais
demorado, por exemplo). Muitos veículos já o fazem de forma automática;
— controle mensalmente a pressão dos pneus, pois a má regulação leva,
em média, a um aumento de 6% do consumo de combustível. Além disso,
o desgaste dos pneus é maior;
— avalie no computador de bordo, no indicador de consumo instantâneo,
o efeito de cada uma destas medidas.

MODERAR A VELOCIDADE
A velocidade influencia o consumo de combustível. E é entre os 70 km/h e os 90 km/h
que consegue reduzi-lo ao mínimo. Se circular a uma velocidade constante de 120 km/h
consome cerca de mais 20% do que a 100 km/h. Numa viatura pequena, basta um acrés-
cimo de 10 km/h em autoestrada para consumir mais um litro de combustível aos 100 km.

Equipamentos de bordo
O controlo automático de velocidade (cruise control) ajuda-o a circular
a uma velocidade constante, o que lhe permite poupar, em média, 5% de
combustível. Caso tenha um sistema de sinalização de condução ecológica,
utilize-o para controlar a velocidade — e o consumo — de forma mais eficaz.

121
A Gastar menos, viver melhor

Um computador de bordo também lhe fornece informações sobre o con-


sumo instantâneo e total, a distância percorrida, a duração do trajeto e o
número de quilómetros feitos por litro de combustível. Estas informações
permitem-lhe adotar um estilo de condução mais ecológico e económico e
diminuir a despesa em cerca de 5%.

Por outro lado, ter as janelas ou o teto abertos durante um trajeto em estrada
aumenta a resistência ao ar. Em consequência disso, o motor consome mais
combustível para manter a velocidade desejada. Utilize preferencialmente a
ventilação (não confundir com o ar condicionado) para renovar o ar interior
e desligue-a assim que deixar de ser necessária. Tenha ainda o cuidado de
usar o ar condicionado apenas quando for realmente necessário e com uma
temperatura moderada. Desta forma, também evita o choque térmico ao
sair do veículo.

Outra medida relevante: desligue o ar condicionado alguns minutos antes


de chegar ao seu destino. Lembre-se que este equipamento aumenta o con-
sumo de energia até 30%, em cidade, e 17%, em autoestrada. Finalmente,
evite transportar excesso de carga. Um automóvel demasiado carregado,
inclusivamente no tejadilho, tem um gasto suplementar de combustível que
pode atingir os 40%.

GASOLINA MAIS BARATA!


Para comprar combustível mais barato tem duas possibilidades:
— utilizar apenas bombas low-cost, normalmente de hipermercados, onde o preço é cerca
de 10 cêntimos mais baixo;
— abastecer nas bombas de marca através de um sistema de promoção. De facto, estas
costumam ter parcerias com outras entidades e cobram um preço mais baixo mediante
a apresentação de um talão de desconto ou de um cartão de sócio aderente. Em certos
casos, após o abastecimento recebe novos talões de desconto para gastar nas lojas dos
parceiros da bomba de gasolina em causa. São as promoções cruzadas, muito comuns
entre as cadeias de super e hipermercados e as distribuidoras de combustível;
— recorrer à parceria da deco proteste, que permite aos detentores do cartão deco+ bene-
ficiar de descontos no combustível (consulte o nosso sítio www.decomais.pt).

122
A O automóvel

Atestar
Compare os preços nos diversos pontos de venda. Muitas vezes, as reduções
anunciadas estão sobrestimadas, pois são calculadas a partir dos preços pra-
ticados nas autoestradas. Ora, estas tarifas são mais elevadas que no resto
do território.
Se vai de carro para o estrangeiro, informe-se sobre qual o país onde é mais
vantajoso atestar o depósito. As diferenças de preço podem ser significati-
vas, sobretudo, na gasolina sem chumbo, mas são reduzidas no GPL. A este
respeito, existem alguns sítios interessantes na internet. Em Portugal recorra
a www.maisgasolina.com e www.precoscombustiveis.dgeg.pt; para a Europa
use o endereço www.iru.org e procure a rubrica “Fuel prices”.

Alternativas à compra
Como vimos, um carro dá muitas despesas e nem sempre as necessidades
justificam a sua aquisição. Analise as alternativas que lhe permitem poupar
dinheiro nas suas deslocações e reduzir o impacto ambiental.

Partilhar boleias
O princípio do carpooling é o da partilha de veículos, e respetivas despe-
sas, no percurso casa-trabalho e noutros trajetos habituais. Se está interes-
sado nesta modalidade, pergunte diretamente aos seus colegas, vizinhos,
amigos e conhecidos se também alinham ou então consulte os sítios na inter-
net e as aplicações para dispositivos móveis como o www.blablacar.pt ou o
www.boleia.net.

No dia-a-dia
Para organizar uma partilha, é necessário definir as regras quanto ao reem-
bolso das despesas. Tratando-se de algo regular, ou até mesmo diário,
há ainda que prever os horários de ida e vinda e as férias. A partilha de
despesas depende do sistema escolhido. Quando é usado apenas o carro de
um interveniente, os passageiros contribuem em partes iguais para os custos

123
A Gastar menos, viver melhor

fixos e variáveis. Ou seja, sobretudo, o combustível, as portagens, o estacio-


namento e o seguro. Se cada um levar o seu, alternadamente, não haverá
lugar a pagamentos. O facto de todos os utilizadores disponibilizarem, à vez,
o carro, salda os custos.

Recurso esporádico
A partilha de boleias também é utilizada para fazer um único trajeto, comum
a condutor e passageiro(s). Nesse caso, basta chegar a acordo quanto ao
horário e às despesas partilhadas. Em qualquer dos casos, ambas as partes
terão de estar registadas na plataforma. É possível pesquisar propostas de
boleias para o trajeto pretendido, consultar os preços e as avaliações e per-
fis dos utilizadores. Verifique também o número de lugares disponíveis e a
bagagem que é possível levar. Comece por ler os termos e as condições do
serviço, incluindo eventuais penalizações em caso de cancelamento ou não
comparência e os meios de pagamento.

Carsharing
Os veículos têm múltiplos utilizadores, mas não em simultâneo. Esta opção
é vantajosa para quem necessita de um veículo por um curto período de
tempo (alguns minutos ou horas). As plataformas de partilha de carro
(e também as de scooters, bicicletas e trotinetes) permitem localizar, reser-
var, pagar e utilizar as viaturas através de uma aplicação móvel. Pode ace-
der ao veículo numa zona da cidade e deixá-la noutra. Mas terá de estar
registado na app para obter o PIN e a chave que permitem abrir a porta
e iniciar a viagem. No final, fecha o veículo através da app e o pagamento
é automaticamente processado, através dos meios disponíveis (cartão de
débito e de crédito). Acesso à internet e telemóvel com bateria no máximo
são condições essenciais para tudo correr bem. Alguns exemplos de
empresas com este tipo de frotas são a Emov (www.emov.eco/lisboa) e a
24/7 City (www.hertz247city.pt).

Rent-a-car colaborativo
Sabia que pode alugar um carro de rent-a-car, durante 24 horas, por ape-
nas 1 euro? A plataforma www.driiveme.pt visa facilitar o transporte de car-
ros das empresas rent-a-car de uma localidade para outra, o que é feito por

124
A O automóvel

particulares que necessitem de carro para o trajeto definido. O ponto de par-


tida e o de chegada são os que estão definidos na plataforma, o que implica,
muitas vezes, começar ou terminar a viagem num aeroporto. Este serviço
permite uma redução substancial dos custos da empresa de rent-a-car, que
necessita de colocar a viatura noutra localidade, e do utilizador que neces-
sita do carro. O valor simbólico de 1 euro por 24 horas funciona como um
aluguer de viatura. Inclui seguro contra terceiros, mas é aconselhável optar
por um seguro contra todos os riscos para essas 24 horas de utilização. Terá
ainda de deixar o depósito de combustível como o encontrou e pagar as
portagens que utilizar.

Alternativas ao automóvel
A melhor forma de poupar nos custos variáveis do veículo é usá-lo o mínimo
possível. As alternativas? Andar a pé é económico e faz bem à saúde. Quando
a distância e o tempo disponível não o permitem, opte pelos transportes
públicos ou pela bicicleta.

Transportes públicos
Nem sempre demora mais a chegar ao seu destino de transportes públi-
cos. Além disso, durante a viagem pode aproveitar para descansar ou fazer
outras coisas, como ler, escrever, jogar. Até é possível terminar um trabalho
que não conseguiu fazer durante o horário de serviço.

Se utiliza diariamente o metropolitano, o elétrico, o autocarro ou o comboio,


tem interesse em adquirir um passe social. Informe-se sobre os preços e
descontos junto da empresa prestadora do serviço ou nos sítios na internet
dos serviços municipalizados da sua zona.

Bicicleta
Para as distâncias curtas, a bicicleta, aliada da sua carteira e da sua saúde,
é a solução ideal. Além disso, quando comparadas com as de um carro,

125
A Gastar menos, viver melhor

as despesas de aquisição e manutenção são residuais. O custo total varia


bastante em função do modelo e dos equipamentos, da existência de
seguro, etc. Tenha em conta que o uso intensivo exige uma bicicleta de boa
qualidade. Os modelos novos podem custar entre 400 e 750 euros.

126
A

Capítulo 7

Questões
de dinheiro
A Gastar menos, viver melhor

Também poderá poupar montantes significativos se fizer as melhores


opções no plano financeiro. Neste capítulo encontra informação sobre a
rentabilização das suas poupanças, os contratos de crédito, os seguros e os
impostos. Se quiser saber mais, as publicações e o sítio da deco proteste na
internet colocam diversas ferramentas à sua disposição: simuladores, dados
atualizados sobre as diversas aplicações financeiras e artigos especializados.
Consulte as revistas dinheiro & direitos e proteste investe ou procure em
www.deco.proteste.pt e www.deco.proteste.pt/investe.

Poupar ou pedir crédito


A decisão de recorrer ao crédito deve ser bem ponderada. Se, por um lado,
permite satisfazer mais depressa algumas necessidades de consumo, por
outro torna os bens mais caros, já que, além do preço de aquisição, há que
suportar os juros e outros encargos. E isso impõe aos devedores um sacrifício
financeiro por períodos de tempo mais ou menos longos. O recurso ao crédito
é quase inevitável para alguns bens, como a habitação, já que a maioria das
famílias dificilmente poderia comprar casa de outra forma. O automóvel é
outro bem para o qual o recurso ao crédito é comum e razoável. Para outros
bens, sempre que possível evite endividar-se.

Se está a pensar adquirir um bem e não tem dinheiro para o fazer, tente adiar a
compra até juntar o montante necessário. Além de evitar pagar juros, ainda pode
ir aplicando essas poupanças e obter um rendimento adicional. Não havendo
mesmo alternativa ao crédito, procure o banco que lhe oferece as melhores
condições ao nível da taxa de juro e dos encargos associados ao empréstimo.

Em caso de dúvida, e para evitar situações de incumprimento, experimente


pôr de lado, durante alguns meses, o montante que pagaria de prestação.
Se nem sempre for possível fazê-lo, provavelmente também não irá conse-
guir pagar as prestações e o melhor é não contratar o crédito.

Rentabilizar as suas poupanças


Se puser algum dinheiro de lado, irá querer a melhor rentabilidade possível.
O rendimento é determinado, essencialmente, pela taxa de juro aplicada,

128
A Questões de dinheiro

e esta, por sua vez, depende do prazo durante o qual irá manter o investi-
mento e do grau de risco que aceitar correr, além de variar de um banco
para outro e estar sujeita a flutuações. Ou seja, em regra, uma aplicação
a longo prazo rende mais, enquanto as que permitem levantar dinheiro a
qualquer momento estão associadas a taxas de juro mais baixas. Quando
a expectativa de rentabilidade é mais elevada, também aumenta o risco de
perder parte ou a totalidade do dinheiro. Se privilegia a garantia de capital,
opte por um depósito a prazo, por uma conta poupança ou pelos Certifica-
dos de Aforro ou do Tesouro.

Uma questão de taxas


No que respeita aos depósitos bancários, há muitas opções e nem sempre é
fácil avaliar quais são as mais interessantes. Um depósito tem sempre o capi-
tal garantido. Contudo, há outros aspetos a ter em conta, como a liquidez
e a segurança. Verifique se pode mobilizar o depósito em qualquer altura e
se isso implica perda de juros. Em relação à segurança, certifique-se de que
está ao abrigo do Fundo de Garantia de Depósitos (FGD) nacional e que o
montante está totalmente abrangido por esse fundo (até 100 mil euros por
titular e por banco). Por fim, compare as condições propostas por vários
bancos e siga as seguintes recomendações:
— desconfie das campanhas promocionais. As taxas podem ser atrativas, mas
destinam-se, sobretudo, a captar novos clientes ou novos capitais, vigo-
rando apenas por períodos curtos. Por outras palavras, podem não ser um
bom negócio a longo prazo;
— os depósitos de taxa crescente geralmente publicitam a taxa mais elevada,
em vigor no final do período, mas convém analisar a taxa média e com-
parar as alternativas para o mesmo prazo. Tenha em conta que, nestes
depósitos, se precisar do dinheiro antes de decorrido o prazo contratado
nunca chegará a atingir a taxa máxima;
— preste atenção redobrada às propostas de depósitos indexados, cujo ren-
dimento depende de outras variáveis, como ações, taxas diretoras e até
indicadores macroeconómicos. O rendimento potencial máximo rara-
mente se verifica e os resultados ficam quase sempre aquém das expecta-
tivas. Além disso, a maioria destes depósitos não permite a mobilização
antecipada.

Alternativas para o longo prazo


Um depósito bancário destina-se, sobretudo, a amealhar as suas poupanças.
Como vimos, apresenta como vantagens a flexibilidade e a ausência de risco.

129
A Gastar menos, viver melhor

Mas, se puder deixar o seu dinheiro de lado durante, pelo menos, cinco
anos, e tiver outras economias a que possa recorrer em caso de necessidade,
vale a pena pensar noutros investimentos potencialmente mais rentáveis,
como as ações e os fundos de investimento.

O crédito ao consumo
Existem diferentes tipos de crédito:
— os empréstimos com prazo definido são um crédito a termo, pelo qual são
pagas prestações mensais fixas ou variáveis (indexadas), calculadas a uma
determinada taxa de juro;
— na venda a prestações, o valor de aquisição é pago ao longo de um deter-
minado período, seja com entrada inicial ou não, com ou sem juros;
— os cartões de crédito permitem adiar o pagamento por um período de
20 a 50 dias, sem pagamento de juros, ou fracionar os pagamentos,
mediante a aplicação de uma taxa de juro ao montante em dívida;
— a locação financeira pode ser em leasing ou Aluguer de Longa Duração
(ALD). É um contrato em que a empresa financeira adquire o bem e per-
mite o seu uso ao locatário, mediante o pagamento de rendas calculadas
a uma taxa de juro. Habitualmente fica acordada a compra no final do
prazo da locação (veja também a página 117);
— as linhas de crédito são contratos em que a instituição financeira dispo-
nibiliza um determinado montante, que pode ser usado total ou parcial-
mente e é reposto à medida que são efetuados pagamentos. Normalmente
é aplicada uma taxa de juro ao período em que se usa a linha.

A importância da TAEG
Para comparar as diferentes propostas use a Taxa Anual de Encargos Efe-
tiva Global (TAEG), que engloba todos os encargos associados e traduz
o custo real do crédito. Esta taxa é calculada tendo em conta o mon-
tante, o prazo, a taxa de juro, as comissões, os impostos associados e os
seguros obrigatórios. Para propostas semelhantes, aquela que apresentar
a TAEG mais baixa é a mais barata. De facto, pode acontecer que uma
taxa de juro mais baixa esteja associada a um contrato globalmente mais
caro, por ter mais comissões ou os seguros exigidos terem um custo mais
elevado.

Todas as propostas de crédito ao consumo estão obrigadas, por lei, a apre-


sentar a TAEG. Desde janeiro de 2010 que o Banco de Portugal publica,

130
A Questões de dinheiro

trimestralmente, as taxas de juro máximas a que podem ser contratados


os diferentes tipos de crédito. No total são sete subtipos, que incluem
o crédito pessoal, o crédito automóvel e os cartões de crédito, cada um
com o seu limite específico. Esteja atento e, antes de assinar o contrato
do empréstimo, confirme qual é o limite para o trimestre e o tipo de cré-
dito em causa no sítio do Banco de Portugal (www.bportugal.pt) ou no
Portal do Cliente Bancário (http://clientebancario.bportugal.pt). Caso lhe
seja proposto um valor acima do estipulado, reclame usando o livro de
reclamações.

Informações suplementares
Para o ajudar a escolher o crédito pessoal mais barato, o sítio da deco pro-
teste tem o simulador Crédito pessoal: qual o melhor banco?, que é atuali-
zado quinzenalmente. Se pretender escolher o melhor cartão de crédito,
poderá também aceder à tabela com as taxas praticadas.

Descubra qual o cartão de crédito que recomendamos


para o seu perfil em www.deco.proteste.pt > Dinheiro > Cartões de crédito.

Evitar e lidar com o sobre-endividamento


Recorrer ao crédito acarreta o risco de sobre-endividamento, sobretudo
quando as condições financeiras são frágeis (emprego precário, desem-
prego ou rendimentos baixos, por exemplo). Fala-se em sobre-endivida-
mento quando o devedor deixa de ter capacidade para pagar uma ou mais
dívidas. E também podem incluir-se nesta designação as situações em que o

131
A Gastar menos, viver melhor

devedor, apesar de continuar a cumprir os seus compromissos financeiros,


o faz com sérias dificuldades.

A designação sobre-endividamento passivo aplica-se aos casos em que o


incumprimento resulta de circunstâncias imprevistas como o divórcio,
o desemprego, a morte ou uma doença (os chamados “acidentes de vida”),
que determinam um aumento de despesas excecional ou uma quebra do
rendimento habitual. Já o sobre-endividamento ativo surge quando o deve-
dor contribui ativamente para o incumprimento porque, por exemplo, não
planeia os compromissos assumidos.

Regra geral, as famílias sobre-endividadas têm um crédito à habitação,


um crédito automóvel e um ou mais créditos pessoais. Para evitar dese-
quilíbrios financeiros, a soma de todas as prestações de crédito não deve
ultrapassar 35% do rendimento mensal. Ou seja, uma família com um
rendimento mensal de mil euros não deve acumular mais de 350 euros
em prestações de crédito. No entanto, essa percentagem, também
conhecida por taxa de esforço, poderá ser maior ou menor, em função
do valor total das despesas anuais e do nível de rendimentos do agre-
gado familiar.

É muito importante analisar a sua capacidade financeira antes de contrair


um empréstimo. Tenha em conta todas as despesas mensais e anuais, bem
como a totalidade dos rendimentos obtidos. Para quem já está numa situa-
ção fragilizada, a consolidação de créditos poderá ser uma solução. Isso sig-
nifica agregar, num único contrato, os diversos empréstimos contraídos e,
com isso, obter uma redução dos encargos mensais. A renegociação dos con-
tratos existentes poderá passar, por exemplo, por uma redução de spreads
e/ou prorrogação dos prazos. No entanto, tenha em conta que um prazo
superior implica o pagamento de juros durante mais tempo e, portanto,
torna o crédito ainda mais caro.

OS GABINETES DE APOIO AO SOBRE-ENDIVIDADO (GAS)


O principal objetivo destes gabinetes criados pela DECO é acompanhar os consumidores
que se encontram em situação de sobre-endividamento passivo, ajudando a renegociar os
créditos e tentando instituir mecanismos de autocontrolo dos seus gastos diários.
Os Gabinetes de Apoio ao Sobre-endividado funcionam em Lisboa e nas Delegações Regio-
nais da DECO de Coimbra, Évora, Faro, Porto, Santarém e Viana do Castelo, mas também,
uma vez por mês, em algumas câmaras municipais. Consulte o Portal gasdeco.net para
esclarecer as suas dúvidas ou apresentar um pedido de intervenção.

132
A Questões de dinheiro

Os seguros
Obrigatórios por lei ou de contratação facultativa, os seguros permitem-
-lhe salvaguardar o valor dos seus bens ou garantir que, se lhe acontecer
alguma coisa, os seus familiares não ficarão numa situação financeira
precária. Em troca desta segurança, as seguradoras cobram um determi-
nado prémio.
Se seguir alguns conselhos simples, poderá obter poupanças significativas
sem ter de prescindir das apólices nem contratar as que, apesar de serem
mais baratas, não proporcionam as coberturas necessárias.

São realmente necessários?


Em primeiro lugar, determine o que é realmente importante segurar. Nem
todos os seguros são essenciais, longe disso! Um seguro deverá servir
para cobrir despesas que lhe seria difícil, ou mesmo impossível, suportar
sozinho.

O seguro de incêndio e o de responsabilidade civil automóvel (sobre este,


veja também a página 118) serão incontornáveis se for proprietário, respeti-
vamente, de um imóvel ou de uma viatura motorizada para cuja condução
seja necessária licença. Mas o seguro de incêndio é frequentemente substi-
tuído, com vantagem, pelo multirriscos-habitação: por mais alguns euros o
seu imóvel ficará também coberto contra uma série de outros riscos (tem-
pestades e inundações, por exemplo).

Em relação à maioria dos seguros, a escolha depende da sua situação pes-


soal. Por exemplo, poderá ser interessante subscrever um PPR ou um fundo
de pensões, para complementar a sua reforma, ou um seguro de viagem,
se estiver prestes a partir de férias para um destino exótico. Por outro lado,
que interesse poderão ter a cobertura de quebra de painéis solares e a de
destruição de jardins, no seguro multirriscos-habitação, se não possuir nem
uns nem outros? E o que dizer de um seguro automóvel de danos próprios,
se o seu velho carro não valer sequer mil euros?

Para a generalidade das pessoas, aconselhamos a contratação de um seguro


de saúde, um multirriscos-habitação que inclua também os danos no recheio
e um seguro de responsabilidade civil familiar. Se tem filhos pequenos e
contribui significativamente para o rendimento do agregado, então também

133
A Gastar menos, viver melhor

será aconselhável a contratação de um seguro de vida que, em caso de sinis-


tro, garanta um suporte financeiro complementar até que, por exemplo, eles
terminem os estudos.

Faça um levantamento dos seguros que já tem, para evitar contratar duas
vezes a mesma cobertura. A maioria das pessoas tem mais seguros do que
os contratados por iniciativa própria. De facto, cada vez mais as empresas
contratam seguros para os seus funcionários. Por outro lado, aos cartões de
débito e crédito e a determinados produtos ou serviços estão geralmente
associados alguns seguros, como os de assistência em viagem, responsabili-
dade civil, acidentes pessoais ou assistência médica.

Compare, vale a pena!


Procura o seguro de saúde mais vantajoso ou o seguro de vida mais barato
para garantir o crédito à habitação? Saiba que pode conseguir poupanças
significativas se comparar os prémios e as condições propostas por diversas
seguradoras (solicite simulações a quatro ou cinco companhias diferentes).
O recurso a um mediador que trabalhe com várias companhias também é
uma alternativa a considerar. Um bom profissional analisa as necessidades
do cliente, aconselha-o sobre o tipo de seguro e os capitais a contratar, com-
para as diversas ofertas e propõe a mais vantajosa.

Consultar o sítio da deco proteste é um auxílio precioso para poupar


dinheiro. No caso do seguro automóvel, por exemplo, encontrará infor-
mações úteis para contratar uma boa apólice a um preço mais reduzido,
em função do seu perfil. Poderá ainda solicitar uma cotação personalizada
e prosseguir diretamente para a contratação da apólice selecionada. Tam-
bém para os outros seguros, como o de vida, saúde e multirriscos-habitação
encontra informações úteis para fazer as suas escolhas.

Preço e indemnização adequados


É muito importante determinar corretamente o valor do capital seguro.
Se, por exemplo, o recheio da sua casa estiver seguro abaixo do valor real,
a indemnização a receber em caso de sinistro não será suficiente para subs-
tituir todos os bens danificados. Por outro lado, se contratar um capital
demasiado elevado, estará a pagar um prémio superior ao devido sem que
daí advenha qualquer vantagem: em caso de sinistro, a seguradora só paga

134
A Questões de dinheiro

até ao valor dos bens. Portanto, antes de contratar o seguro e, depois disso,
periodicamente, muna-se das ferramentas necessárias para fazer ou atua-
lizar a lista dos objetos que possui e dos valores que teria de gastar para
os substituir. Adicione ainda 10% desse montante, para prever eventuais
aumentos de preços até à ocorrência do sinistro. Sempre que necessário,
reveja a sua apólice multirriscos e atualize o capital seguro.

Em caso de sinistro, algumas apólices reduzem o valor da indemnização em


função da antiguidade dos objetos, de modo a refletir a depreciação pelo
uso. Sempre que possível, opte pelas que pagam a indemnização por inteiro,
independentemente da antiguidade dos bens.

A revista dinheiro & direitos publica regularmente estudos comparativos


sobre diversos tipos de seguros. Além da análise das apólices e dos preços
cobrados pelas diversas companhias, poderá encontrar conselhos práticos
sobre a melhor forma de gerir a sua carteira de seguros. Consulte também os
nossos comparadores em www.deco.proteste.pt > Dinheiro > Seguros.

Impostos na justa medida


Para evitar pagar mais do que é devido, o contribuinte deve estar bem infor-
mado acerca das questões fiscais. O que nem sempre é fácil, até porque as
alterações são frequentes. E é por isso que o tema é um dos que suscita mais
pedidos de informação junto dos nossos serviços.
Em www.deco.proteste.pt > Dinheiro > Impostos encontra informação e
simuladores que esclarecem as suas dúvidas sobre IRS, mas também sobre
outros impostos. Por exemplo, poderá simular o valor dos impostos a pagar
pela aquisição da sua casa, calcular a mais-valia do imóvel que vendeu e
saber se pagará imposto sobre essa venda.

Poupar no IRS
Peça sempre os comprovativos de pagamento com número de contribuinte
(o seu ou o dos seus dependentes, consoante as despesas sejam suas ou
deles) e vá verificando e validando as despesas no e-fatura. Se algum dos
membros do seu agregado familiar ainda não tiver senha de acesso, solicite-a

135
A Gastar menos, viver melhor

no Portal das Finanças. Por fim, mesmo com as despesas validadas no por-
tal, guarde os comprovativos durante algum tempo (aconselhamos que o
faça durante, pelo menos, quatro anos).

Despesas com a habitação


As despesas com o arrendamento, na qualidade de proprietário ou de inqui-
lino, só podem ser declaradas no IRS se o contrato tiver sido comunicado
às Finanças. Quanto aos encargos com o crédito à habitação, só é deduzida
parte dos juros pagos se o crédito for anterior a 2011 e a habitação for pró-
pria e permanente. Ou seja, deve ser esse o seu domicílio fiscal.

Se, no ano a que se referem os rendimentos, tiver vendido a sua casa, não
se esqueça de declarar os encargos que teve na compra e na venda, bem
como as obras que efetuou nos 12 anos que antecederam a venda. Lembre-se
que tudo deve estar documentado. Os encargos com imobiliárias, o Imposto
Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT) da casa ven-
dida e o pedido de certificação energética são dedutíveis, não deixe de os
mencionar.

Questões familiares
É obrigatório indicar o número fiscal de todos os dependentes na declaração
de IRS. Se paga uma pensão de alimentos, só poderá deduzi-la no IRS se tiver
sido aprovada por um juiz (quando há comum acordo) ou decretada por um
tribunal.

Entregar uma declaração conjunta ou individual pode significar uma dife-


rença de centenas de euros no IRS para quem é casado ou vive em união de
facto. Antes de proceder à entrega, simule as duas situações no Portal das
Finanças. Tenha em conta que só quando vivem juntos há mais de dois anos
é que os unidos de facto podem entregar a declaração conjunta.

Penalizações? Não obrigado


Cumpra os prazos de entrega das declarações. Se não o fizer, fica sujeito
ao pagamento de coimas. No mínimo, pagará 25 euros e, quanto maior for
o atraso, mais paga. Se usar indevidamente o saldo de uma aplicação que
tenha gerado benefícios fiscais (planos de poupança-reforma e educação,
planos de poupança em ações e seguros de capitalização), terá de devolver

136
A Questões de dinheiro

os benefícios usufruídos e pagar uma penalização de 10%, por ano, sobre


esses montantes. Evite essa situação.

Poupar nos impostos sobre imóveis


O Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT) é
devido por quem compra uma casa nova ou usada, um terreno ou, em caso
de permuta, pelo novo proprietário do bem de maior valor. Na altura de
assinar o contrato de compra e venda, o notário irá pedir-lhe um compro-
vativo do pagamento do imposto. Para não correr o risco de pagar mais do
que o devido, certifique-se de que o valor patrimonial está bem calculado.
Poderá fazer uma simulação em www.paguemenosimi.pt ou no sítio da
Direção-Geral dos Impostos.

O Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) incide sobre o valor patrimonial


tributário e deve ser pago, anualmente, por quem adquire imóveis com valor
patrimonial tributável superior a 125 mil euros. Abaixo deste valor, e tratan-
do-se de habitação própria e permanente do contribuinte (o seu domicílio
fiscal), terá isenção de três anos. Além disso, o rendimento anual sujeito a
imposto do agregado familiar não pode ultrapassar os 153 300 euros.

As famílias com rendimento anual bruto até 15 295 euros e com imóveis
(rústicos e urbanos) de valor total até 66 500 euros também não pagam
IMI. Já não é necessário requererem a isenção às Finanças, mas é impres-
cindível que a declaração de IRS seja entregue dentro do prazo — os atrasos
têm como consequência a perda de isenção e o pagamento de uma coima
mínima de 25 euros.

137
A
A

Capítulo 8

Lazer e bem-estar
A Gastar menos, viver melhor

O lazer e as férias são essenciais para relaxar e recarregar as baterias antes


de voltar a mergulhar na vida quotidiana. Trata-se, por isso, de uma neces-
sidade, onde também pode poupar se seguir as nossas sugestões no que res-
peita ao alojamento, aos transportes, viagens organizadas e seguros. Neste
capítulo abordamos ainda outros tópicos, como a atividade física gratuita
para se manter saudável e em boa forma, mas também os medicamentos
genéricos, para gastar menos pelo mesmo produto. Para finalizar, explica-
mos-lhe como poupar na compra e na utilização de equipamentos informá-
ticos e nas telecomunicações.

Férias
Para economizar no orçamento das férias, anote algumas informações e con-
selhos úteis:
— ao reservar com antecedência, pode conseguir reduções entre 10% e 20%
sobre os preços indicados nas brochuras;
— certos operadores turísticos fazem regularmente ofertas promocionais,
através das agências de viagens ou na internet;
— os preços variam bastante, de acordo com a lei da oferta e da procura.
Por exemplo, irá seguramente pagar muito mais em época alta do que em
época baixa. Se puder, vá de férias quando a maioria das pessoas está a
trabalhar;
— quando fizer a reserva, confirme se os valores apresentados são fixos ou
ainda poderão variar, por exemplo, devido às flutuações cambiais. Cer-
tifique-se de que todos os custos estão incluídos e não terá acréscimos
substanciais de última hora.

Onde ficar alojado?


Há cada vez mais opções de alojamento. Quer esteja à procura de algo mais
tradicional, como um hotel, ou queira experimentar as alternativas que lhe
permitem ficar alojado gratuitamente em casa de residentes locais, a inter-
net será uma ferramenta essencial para encontrar soluções à medida dos
seus desejos… e da sua carteira.

140
A Questões de dinheiro

Troca de casas
Quer viajar sem gastar um cêntimo em alojamento? É possível ficar gra­
tuitamente em casa de outras pessoas desde que, em contrapartida,
­disponibilize a sua habitação a outros utilizadores. Para isso, pode inscre-
ver-se numa plataforma internacional de troca de casas. As trocas não têm
de ser diretas nem simultâneas. Ou seja, um proprietário pode ceder a
sua casa a um visitante e, mais tarde, usufruir da estadia em casa de outro
utilizador. Algumas plataformas cobram uma taxa de adesão ao serviço
ou uma anuidade, noutras a inscrição é gratuita. Há várias organizações
online de intercâmbio de casas, basta abrir o seu motor de busca, digitar
“troca casas” e navegar pelos resultados. Ainda assim, deixamos-lhe aqui
algumas possibilidades: www.trocacasa.com/pt, www.troquedecasa.com,
www.homeexchange.com/pt, www.lovehomeswap.com e homelink.org.

Dormir em sofá alheio


Para os mais aventureiros, existe o couchsurfing. Nesta modalidade de alo-
jamento também não há dinheiro envolvido. Há apenas um sofá (couch,
em inglês) e boa vontade. O sítio www.couchsurfing.com permite-lhe con-
tactar os habitantes da região a visitar que estão inscritos e dispostos a ofe-
recer-lhe gratuitamente o sofá ou uma cama para passar a noite.

Arrendar casas de férias


Não é adepto da troca de casas, mas aprecia a liberdade de um alojamento
só para si? Arrende uma casa. A oferta é abundante, difícil é escolher. Mais
uma vez, a internet é uma ferramenta muito útil para comparar diversas
opções e escolher a mais adequada. Eis algumas das plataformas mais
populares: www.airbnb.pt, www.vrbo.com/pt-pt, www.housetrip.com,
www.booking.com, www.iha.pt e pt.rentalia.com. Não esqueça que pode
ter de somar à renda os gastos suplementares de reserva, limpeza, água,
eletricidade e/ou gás. Estes valores dependem das condições acordadas.
Além disso, poderá ser-lhe exigida uma caução. Se tiver um animal de esti-
mação, confirme se pode levá-lo consigo e se isso exige algum pagamento
suplementar.

Acautele-se contra as burlas. Todos os anos, sobretudo no verão, há notí-


cias de consumidores burlados no arrendamento de casas particulares para

141
A Gastar menos, viver melhor

férias. Atraídos por anúncios a casas com preços convidativos, nos jornais e
na internet, muitos acabam por reservar o alojamento através do pagamento
de um sinal. Quando chegam ao local, não há ninguém para os receber, nem
casa para arrendar. Para evitar riscos desnecessários, informe-se sobre os
alojamentos locais autorizados, na câmara municipal ou no posto de turismo
da zona onde vai passar férias. Algumas câmaras divulgam a lista na internet.

Arrendar quartos
Em Portugal, é frequente, sobretudo em algumas zonas balneares, os habi-
tantes arrendarem quartos a turistas. Se for esta a sua escolha, confirme
todas as condições, como, por exemplo, se inclui ou não acesso à cozinha.

Parque de campismo
É uma opção barata e agradável, sobretudo se viajar com crianças. Para
aliar conforto e diversão, uma tenda familiar, uma caravana residen-
cial ou um bungalow são a solução ideal. Comparar várias ofertas per-
mite-lhe poupar algumas centenas de euros. Pesquise, por exemplo,
em www.roteiro-campista.pt ou www.camping.info/pt.

Pousadas de juventude e hostels


As Pousadas de juventude e os hostels acolhem todas as faixas etá-
rias e são, por regra, opções económicas. Explore possibilidades em
www.hihostels.com, www.portuguese.hostelworld.com, pt.hostelbookers.com,
e www.hosteis.com.

Hotéis
Se preferir um hotel, informe-se sobre os preços e eventuais promoções
e/ou reduções sazonais. Muitos oferecem condições especiais fora da época
alta. Os portais www.trivago.pt, www.booking.com, www.momondo.pt,
pt.hoteis.com e www.agoda.com são algumas das muitas possibilidades para
pesquisar. Não se fique pela primeira oferta que surgir, por mais atrativa que
pareça. É muito provável que consiga um preço mais baixo se procurar em
vários portais ou até junto do próprio hotel. Um telefonema ou um e-mail
podem revelar-se bastante vantajosos, tanto ao nível do preço como das con-
dições da tarifa.

142
A Questões de dinheiro

COMPARAR, COMPARAR, COMPARAR


Graças à internet, consegue marcar um quarto de hotel no mundo inteiro, diretamente no
estabelecimento, mas também através de sítios especializados e das agências de viagens
ou operadores turísticos virtuais. Muitas vezes, estes anunciam reduções de 50% ou mais,
mas esteja atento à tipologia do quarto e às condições da tarifa. À semelhança do setor
aéreo, o mercado hoteleiro pratica uma política de preços muito flexível, mais ou menos
acentuada ao longo do ano, pois depende da oferta e da procura.
Assim, é essencial comparar e informar-se bem antes de decidir. Verifique se o pequeno-
-almoço e as taxas estão incluídos e quais são as condições de cancelamento. Confirme
o tipo de quarto e se a localização é conveniente para si. Por fim, certifique-se de que o
valor anunciado contempla os impostos. Embora seja a prática comum em Portugal, nem
sempre o é noutros países.

Descontos para seniores


Muitas empresas do ramo turístico apostam no mercado sénior, criando
condições e promoções específicas para este segmento. As ofertas envol-
vem, por vezes, algumas restrições. Por exemplo, uma cadeia hoteleira
pode limitar o número de quartos disponíveis ao abrigo da redução e/ou
excluir certos períodos. O desconto pode ser válido apenas em dias úteis
ou em época baixa. A Fundação INATEL promove programas de aloja-
mento e atividades de lazer diversificadas dirigidos a quem tem 55 anos
ou mais. O pagamento depende do rendimento mensal dos participantes.
Encontra informações sobre os programas em vigor e as respetivas condi-
ções em www.inatel.pt.

Em alguns locais, os mais velhos podem pagar tarifas reduzidas, mediante


a apresentação do cartão do cidadão ou bilhete de identidade. É o caso de
certos museus, monumentos, transportes públicos, cinemas e teatros.

É ASSOCIADO DA DECO?
Entre outras vantagens, os nossos associados têm acesso a um desconto de 14% em alo-
jamento, serviços, SPAs e Clubes de Saúde em todos os hotéis do grupo Vila Galé. Nos
alojamentos da rede Solares de Portugal (que inclui casas antigas e rústicas, quintas e
herdades) beneficiam de um desconto de 15%. Os não associados que sejam titulares do
cartão DECO+ têm direito a 10% de desconto. Conheça as condições destes protocolos em
www.deco.proteste.pt/cartao-deco-mais.

143
A Gastar menos, viver melhor

Transportes
Independentemente de viajar de avião ou de comboio, é sempre possível
fazer algumas poupanças. Se optar por ir de automóvel, consulte o capítulo 6.

Voar a baixo custo


Para poupar nas passagens aéreas, convém ser flexível com as datas: um ou
dois dias antes ou depois da data inicialmente prevista podem significar uma
diferença de preço de centenas de euros. Reserve cedo para os destinos pro-
postos em campanhas promocionais ou pelas companhias low-cost, porque
os preços são válidos apenas para um número limitado de lugares. Contudo,
tenha em conta os inconvenientes desta opção: os dias e as horas de partida
e regresso são limitados e poderão não ser os que mais lhe interessam. Pode
também não ser possível alterar ou anular a sua reserva e, se o for, terá de
pagar mais por isso.

Regra geral, o preço apresentado pelas companhias low-cost não inclui


alguns serviços. É o caso das refeições. Despachar a bagagem é outro extra
frequente e é possível que seja obrigado a contratar um seguro de anulação.
Pode ter de pagar pelo uso do cartão de crédito (mesmo quando é a única
forma de pagamento autorizada), pelo check-in ao balcão e pela prioridade
no embarque.

O baixo custo pode também implicar que as partidas e chegadas ocorrem


em aeroportos secundários. Informe-se sobre a localização do aeroporto e
eventuais despesas adicionais de deslocação. Por exemplo, se pretende ir
para Barcelona, mas aterrar em Girona, estará a mais de 100 quilómetros do
seu destino, ou seja, a cerca de uma hora de caminho.

PLANEIE COM ANTECEDÊNCIA


Comece as suas pesquisas quando os horários da época seguinte surgem na internet.
A grelha de verão (todos os voos de abril a outubro) está disponível em janeiro. Pode
consultar a de inverno (até março, inclusive) a partir de julho. Se não tiver mesmo de
viajar num determinado dia, verifique também as possibilidades noutras datas: por um
dia, a diferença de preços pode ser surpreendente. As horas de partida e regresso também
podem influenciar o valor final. Por vezes, torna-se vantajoso marcar o voo de ida com uma
companhia low-cost e o de regresso com outra.

144
A Questões de dinheiro

Reservar através das páginas na internet das companhias aéreas pode ficar-
-lhe mais barato do que recorrer a uma agência de viagens. Não só econo-
miza as taxas de reserva como as promoções online são, regra geral, mais
generosas. Comparar é fundamental e alguns sítios possibilitam isso. É o
caso, entre outros, dos seguintes: www.momondo.pt, www.edreams.pt,
www.rumbo.pt, www.jetcost.pt, www.kayak.pt e www.skyscanner.pt.

Comboios
Se quer conhecer Portugal viajando de comboio e tem entre 12 e 30 anos,
considere o Intra_Rail. Trata-se de um cartão que permite viajar livremente
em território nacional nos comboios Intercidades (2.ª Classe), regionais,
inter-regionais e urbanos, e também dá descontos nos serviços ferroviários
da Fertagus. Incluído está ainda o alojamento nas Pousadas de Juventude,
com pequeno-almoço. Existem duas modalidades, o Intra_Rail XCape, para
utilizar durante três dias e com duas noites de alojamento, e o Intra_Rail
XPlore, para usar durante sete dias e com seis noites de alojamento. Os car-
tões podem ser adquiridos online (em venda.cp.pt/bilheteira/vouchers) e
em algumas estações da CP. Também é possível reservá-los através do e-mail
GRUPOSLC-RG@cp.pt e indicar outra estação para efetuar o levantamento.
Saiba mais em www.cp.pt ou em pousadasjuventude.pt.

Quem pretende viajar livremente em mais de 30 países europeus, sem


limite de viagens, nos comboios das companhias aderentes, tem o Inter-
rail. Há dois tipos de passe. O Interrail Global Pass, válido para todos os
países participantes, exceto o de residência, e o One Country Pass, para um
só país. O passe Interrail Portugal não pode ser adquirido por residentes
nacionais.

No Interrail a tarifa varia em função da idade: as crianças até aos 11 anos não
pagam, os jovens dos 12 aos 27 anos têm descontos e os seniores (a partir
dos 60 anos) também. Existem várias modalidades de passes, conforme o
número de dias de viagem e se são seguidos ou não. O custo do One Country
Pass depende ainda do escalão a que pertence o país de destino. O Interrail
também proporciona descontos, ou até mesmo o acesso gratuito, a certos
museus e empresas marítimas e fluviais, entre outros.

Em Portugal, os passes são adquiridos nas estações de venda inter-


nacional da CP, no máximo, três meses antes do início da validade.
Conheça todas as condições em www.cp.pt ou no sítio oficial do Interrail
(www.interrail.eu).

145
A Gastar menos, viver melhor

Viagens organizadas
Comparar os preços das viagens organizadas pelos operadores turísticos não
é fácil, tendo em conta os numerosos suplementos, os diferentes tipos de
alojamento, as épocas do ano, entre outros aspetos. Aliás, os pacotes para os
destinos mais populares multiplicam-se na internet e fora dela.

Para simplificar a tarefa, recorra a uma agência de viagens onde, com a


ajuda de um profissional, será mais fácil encontrar algo à sua medida. Peça
o máximo de detalhes sobre os pacotes e destinos que mais lhe interessam e
tente perceber se as diferenças de preço realmente se justificam.

Caso vá viajar com crianças, tem todo o interesse em comparar as redu-


ções de preço para os mais pequenos, pois estas mudam muito em função
dos operadores, do destino e do período da viagem. Esteja particularmente
atento. Pode fazer bons negócios ao comprar em cima da hora, embora não
haja garantias de que isso aconteça. Para encontrar estas ofertas na internet,
bastará digitar “last minute” no seu motor de pesquisa habitual e ter alguma
dose de sorte!

Seguro de viagem
Este seguro garante assistência médica, por acidente ou doença ocorridos
no decurso da viagem, além de pagar indemnizações por morte ou inva-
lidez e as despesas de funeral. Também as bagagens e a responsabilidade
por danos a terceiros estão cobertas. Mas pode ser um gasto desnecessá-
rio se viajar só pela Europa (basta levar o cartão europeu de seguro de
doença) ou adquirir um pacote turístico numa agência de viagens (que já
deverá incluir o seguro). Confirme se as coberturas e os respetivos capitais
são suficientes.

De facto, pode não ser necessário contratar o seguro de viagem se já tiver as


mesmas coberturas por outras vias. Para evitar a duplicação de coberturas e
reduzir as despesas, antes de contratar verifique se tem:
— cartão europeu de seguro de doença (CESD): na União Europeia, Islândia,
Liechtenstein, Noruega e Suíça, basta levar este documento para aceder
aos serviços públicos de saúde. Peça-o, com antecedência, na Segurança
Social ou no seu subsistema de saúde;
— assistência em viagem automóvel: pode recorrer às coberturas de assistên-
cia às pessoas, em qualquer parte do mundo, mesmo que o carro tenha
ficado em casa. Por isso, se tiver contratado a cobertura de assistência em

146
A Questões de dinheiro

viagem juntamente com o seguro automóvel, ou viajar com alguém que o


tenha feito, bastará acioná-la;
— seguro de acidentes pessoais: tem as mesmas coberturas que o seguro de
viagem, em caso de acidente;
— seguro de vida: cobre as indemnizações por morte ou invalidez resultantes
de doença ou acidente;
— seguro de saúde: a maioria das apólices cobre as despesas médicas no
estrangeiro, em caso de doença súbita durante viagens de duração até
30 ou 60 dias. Por precaução, comunique à seguradora que vai viajar.
Desta forma, ficará também a saber quais são as despesas cobertas e os
procedimentos necessários para obter o reembolso (pedir recibos, relató-
rio médico que justifique o tratamento, etc.);
— seguros associados ao cartão de crédito: muitos cartões de crédito têm um
pacote de seguros associado que inclui a cobertura de acidentes pessoais
e, por vezes, também de responsabilidade civil e bagagens. Ao pagar a
viagem com o cartão poderá ativar estes seguros, em caso de necessidade.
Consulte as condições do seu cartão.

Contrate o seguro de viagem com a cobertura de acidentes pessoais só


quando viajar para destinos exóticos por sua própria conta, sem um
pacote turístico de uma agência de viagens. Todas as apólices pagam des-
pesas de tratamento e indemnizam por morte e invalidez permanente,
em caso de acidente. Se não tiver um seguro automóvel com assistência
em viagem nem viajar com alguém que o tenha, contrate também esta
cobertura.

Exercício físico
Estar em forma e de boa saúde é um desejo comum a todas as pessoas.
Para alcançá-lo, pode fazer exercício em casa, ao ar livre ou no ginásio…
a par de um regime alimentar adequado. Antes de optar, pense nas suas
preferências, motivações e orçamento. A relação entre o custo e o benefí-
cio não depende apenas de eventuais mensalidades a pagar. Para muitas
pessoas é difícil manter uma rotina de atividade desportiva, pelo que fre-
quentar um ginásio ou treinar com outras pessoas pode ajudar a manter a
disciplina. Juntar-se a um grupo de caminhadas ou corrida, por exemplo,
também é uma alternativa. Gostar da modalidade é um incentivo forte para
não desistir.

147
A Gastar menos, viver melhor

VOLTAR AO ATIVO
Não pratica exercício físico há muito tempo, mas está deci-
dido a retomar? Em primeiro lugar, considere submeter-se a
uma avaliação médica. Comece devagar e aumente o ritmo
gradualmente, para evitar lesões e um esforço excessivo. Ins-
pire-se no nosso livro 100 exercícios para ficar em forma para
escolher os mais adequados à sua condição física e executá-
-los corretamente. Dependendo dos seus objetivos, pode ser
necessário adaptar a alimentação.

Fixe como objetivo diário 30 minutos de atividade física moderada. Para


o atingir não necessita de inscrever-se num ginásio ou de praticar um des-
porto. De facto, o seu dia-a-dia oferece-lhe muitas situações que convi-
dam ao movimento: andar a pé ou de bicicleta, subir as escadas em vez
de usar o elevador, não estacionar o carro à porta, mas a uma distância
que lhe permita terminar o percurso a pé são apenas alguns exemplos.
Em alternativa, agende três sessões semanais de exercício com cerca de
uma hora.

Programa completo
Aposte num programa pessoal completo para desenvolver todos os grupos
musculares sem gastar um cêntimo. Este deve incluir três tipos de exercí-
cio: treino de resistência e força muscular (levantamento de pesos, flexões
e abdominais, entre outros), atividade aeróbica cardiovascular (caminhar a
um ritmo apressado, correr, etc.) e, por fim, alongamentos. Irá encontrar
boas sugestões para todos os tipos de exercícios, com vários graus de dificul-
dade, no nosso guia 100 exercícios para ficar em forma.

Para se exercitar no conforto do lar e obter bons resultados, não tem de


adquirir aparelhos caros. Se, para si, o exercício sem equipamentos é pouco
variado, compre acessórios como uma corda de saltar ou dois pequenos hal-
teres de discos amovíveis, por exemplo. Quem prefere o ar livre tem muitas
alternativas, como, entre outras, andar de bicicleta, correr, caminhar ou até
ginásios ao ar livre. A lista de atividades gratuitas é extensa. Procure locais

148
A Questões de dinheiro

de treino gratuitos e ao ar livre, na sua zona, em www.fitmap.pt. Mesmo


que tenha pouco tempo ou não se sinta talhado para o desporto, aumentar
a atividade física está ao seu alcance. Por exemplo, opte por fazer a pé todos
os pequenos trajetos.

Em casa, na rua ou no ginásio, faça exercícios de aquecimento antes de


iniciar a atividade escolhida. O objetivo é preparar os músculos, tendões e
articulações mais solicitados (por exemplo, pernas e tornozelos na corrida,
pulsos no ténis). Por vezes, basta uma simples caminhada ou repetir diver-
sas vezes alguns dos movimentos que irá fazer.

Prato equilibrado
Os cuidados com a alimentação melhoram a sua saúde e ajudam a perder os
quilos a mais. O investimento em refeições dietéticas caras, a longo prazo,
não tem qualquer retorno, mas um menu diário equilibrado sim. Para isso,
faça cinco refeições ao dia, três principais e duas intercalares. Procure
comer produtos de todos os grupos da roda dos alimentos: cereais e deriva-
dos, legumes e fruta, carne, peixe, ovos, laticínios e gorduras. Mas não nas
mesmas quantidades: nas refeições principais, preencha metade do prato
com vegetais; o restante deve ser repartido entre proteínas (peixe, carne
ou ovo) e hidratos de carbono (arroz, massa ou batata). Limite a ingestão de
alimentos ricos em gorduras, como manteiga, natas, batatas fritas e algumas
bolachas. Os doces são para comer de vez em quando. Modere o uso de sal
e eleja o azeite para temperar. Beba pelo menos 1,5 litro de água por dia e
reduza o consumo de álcool.

Medicamentos genéricos
Têm a mesma substância ativa, forma farmacêutica, apresentação e dosa-
gem que os medicamentos originais de referência, mas são 25% mais bara-
tos, quando o preço de venda ao armazenista, em todas as apresentações,
seja igual ou inferior a dez euros, ou, no mínimo, 50%, nos restantes casos.
Por isso, constituem uma poupança importante para os doentes e para o
Serviço Nacional de Saúde. A embalagem tem a sigla MG, o nome do labora-
tório e o da substância ativa, mas não apresenta marca.

149
A Gastar menos, viver melhor

Efeito terapêutico igual


Os genéricos cumprem as mesmas exigências de qualidade e segurança
que os medicamentos de marca e têm de demonstrar efeito terapêutico
idêntico, ou seja, igual eficácia no tratamento. Contêm a mesma substância
ativa, em doses iguais, e respeitam a forma de apresentação do fármaco
de marca de referência: comprimidos, cápsulas, xaropes, entre outros.
No entanto, podem ter excipientes diferentes. Os excipientes são substân-
cias sem atividade terapêutica que servem, por exemplo, para dar consis-
tência, cor ou sabor (é o caso da lactose e do amido, entre outros). Estas
diferenças de composição não são perigosas para a saúde, mas explicam o
motivo por que algumas pessoas desenvolvem reações adversas à versão
original e não ao genérico ou vice-versa: qualquer ingrediente pode causar
alergia a certos indivíduos.

Ainda não existem genéricos para todos os princípios ativos. Uns estão pro-
tegidos pela patente, outros contam com uma margem terapêutica muito
estreita, em que uma pequena variação na dosagem pode reduzir os efeitos
ou aumentar a toxicidade. Alguns medicamentos usados há muito tempo
não têm genérico por serem muito baratos e terem pouco interesse econó-
mico para a indústria.

Preços mais baixos


Os genéricos são mais baratos porque o fabricante não investiu na investi-
gação: a eficácia e a segurança dos princípios ativos foram desenvolvidas e
testadas por outros laboratórios. Ainda assim, a qualidade está garantida
porque o efeito terapêutico idêntico tem de ser comprovado às autoridades
competentes, através de provas específicas de bioequivalência.

O valor a pagar pelos genéricos depende ainda do Sistema de Preços de Refe-


rência. A taxa de comparticipação é aplicada a um preço de referência, que
corresponde à média dos cinco medicamentos mais baratos de um grupo
homogéneo (com o mesmo princípio ativo, forma farmacêutica e dosagem)
que contenha, pelo menos, um genérico. Se este preço médio for superior
ao do medicamento genérico que integra o grupo homogéneo (ou ao do
genérico mais caro, se for mais do que um), o preço de referência será o
deste último. Os preços são revistos periodicamente, o que pode implicar
alterações no custo real para o utente.

150
A Questões de dinheiro

Direito de opção
A legislação em vigor garante ao doente o direito de optar pelo produto mais
barato, desde que tenha o mesmo princípio ativo, idêntica forma farmacêu-
tica, dosagem e quantidade. O médico tem de indicar na receita a Denomina-
ção Comum Internacional (DCI), ou seja, o princípio ativo dos medicamentos,
e só pode prescrever pelo nome comercial, indicando o fundamento, quando:
— o medicamento constar da lista do Infarmed que identifica os que
têm uma margem ou um índice terapêuticos estreitos. É o caso, atual-
mente, apenas de três substâncias: Ciclosporina, Levotiroxina sódica e
Tacrolimus;
— o doente sofrer de intolerância ou reações adversas a alguma substân-
cia que possa entrar na composição de outras versões do medicamento.
De facto, como vimos no título Efeito terapêutico igual, na página anterior,
embora a substância ativa dos genéricos seja a mesma, existem outros
componentes que podem variar;
— a duração do tratamento for superior a 28 dias. Ainda assim, neste caso
é permitido ao utente optar por medicamentos com a mesma DCI, forma
farmacêutica, dosagem e tamanho de embalagem similares ao prescrito,
desde que sejam mais baratos.

Na farmácia
O farmacêutico deve dispor, no mínimo, de três dos cinco medicamen-
tos equivalentes mais baratos que estão na origem do cálculo do preço de
referência e indicar o que tem o custo mais baixo. Em alternativa, o utente
poderá obter esta informação através da linha 800 222 444 ou da app
“Poupe na receita”, ambas disponibilizadas gratuitamente pelo Infarmed,
ou no nosso sítio na internet (veja a caixa).

MEDICAMENTOS MAIS BARATOS NUM CLIQUE


A deco proteste dispõe, no seu sítio na internet, de uma base de dados com todos os
medicamentos comparticipados que pertencem a grupos homogéneos, ou seja, os que
incluem, pelo menos, um genérico. Pode aqui comparar os preços por princípio ativo ou
por nome comercial. Atualizamos regularmente o custo de mais de sete mil medicamen-
tos para o ajudar a reduzir a fatura da farmácia. Vá a www.deco.proteste.pt > saúde >
medicamentos e faça a sua pesquisa no simulador Medicamentos de marca ou genéricos:
quais os mais baratos?, para verificar quais são as alternativas mais económicas para os
medicamentos que tem de tomar. Se tiver receita, peça o mais barato na farmácia ou fale
com o médico sobre as várias opções.

151
A Gastar menos, viver melhor

Equipamento informático
Em muitas casas, o computador já faz parte dos equipamentos indispen-
sáveis. Por isso, deixamos-lhe algumas dicas para poupar na compra e uti-
lização de equipamentos informáticos, do computador à impressora, sem
esquecer os programas a instalar. Consulte também o sítio da deco proteste
na internet, onde encontrará os resultados dos nossos estudos e testes, além
da informação sobre as principais características de diversos aparelhos
(impressoras, máquinas fotográficas, tablets, telemóveis, etc.).

Poupar num computador


O computador oferece múltiplas possibilidades de lazer: enviar mensagens,
fazer pesquisas sobre um tema, descarregar ficheiros, ouvir música, ver
vídeos, aceder às redes sociais, editar as fotografias e os vídeos das férias,
etc. Por seu turno, a oferta de aparelhos renova-se a uma velocidade eston-
teante, e cada vez têm melhor desempenho e maior capacidade de proces-
samento e armazenamento. Se for um utilizador médio, não precisa, forço-
samente, do modelo mais recente, mais rápido e com melhor desempenho.
Avalie o tipo de utilização que irá fazer e não gaste mais num aparelho com
características de que não necessita.

Para ter acesso ao Facebook ou ao correio eletrónico, por exemplo, não


precisa do elevado desempenho de uma placa gráfica dedicada. Mas já pre-
cisará dela se for adepto dos jogos ou quiser editar vídeo. Se utilizar o com-
putador, sobretudo, para escrever textos, usar uma folha de cálculo e enviar
e-mails, pode dispensar um processador de última geração ou um disco de
estado sólido (SSD), mais rápidos, mas também mais caros. Caso recorra ao
aparelho apenas para consumir conteúdos, considere optar por um tablet
em vez de um computador. Além de ser mais barato, é mais compacto e fácil
de transportar… e ainda consome menos energia.

Um PC à medida
Os principais componentes do computador são o processador, a memória
RAM, o disco e a placa gráfica. Têm características diferenciadas e o seu
preço pode variar substancialmente. Para públicos mais específicos, exis-
tem marcas locais de computadores especializadas em máquinas concebidas

152
A Questões de dinheiro

“à medida”: o consumidor escolhe os componentes compatíveis com a sua


utilização e a sua carteira. Os adeptos dos jogos de computadores, por exem-
plo, precisam de máquinas com processadores potentes e placas gráficas de
alto desempenho. Já quem faz edição de vídeo quer rapidez e uma grande
capacidade de armazenamento.

Se vai trocar o seu computador fixo e não precisa de um portátil, verifique


na loja se alguns dos componentes do aparelho antigo podem ser reutiliza-
dos no novo, ou noutro computador secundário que tenha, permitindo-lhe
poupar algum dinheiro. Poderá ser o caso, por exemplo, da caixa, do disco
rígido, do leitor de DVD, da placa gráfica ou da fonte de alimentação. Isso
só será possível se se tratar de dois computadores de secretária. Além desta
opção, quem tem conhecimentos de informática e não receia fazer a subs-
tituição pode construir o seu próprio computador a partir de componentes
comprados em lojas da especialidade ou na internet.

Conselhos de compra
A maior parte das pessoas pretende um computador rápido, com um sis-
tema operativo recente, adequado à utilização que irá dar-lhe e, sobretudo,
a bom preço. De uma forma geral, o valor do equipamento informático dimi-
nui ao longo do tempo. Deixamos-lhe algumas informações úteis para adqui-
rir o equipamento de que precisa gastando menos:
— o espaço disponível em casa, os trabalhos que vai realizar e a necessidade
de transportar o computador são os principais aspetos a analisar. Em fun-
ção das conclusões a que chegar poderá escolher entre um computador
de secretária, um portátil ou um tablet;
— evite as compras por impulso. Uma oferta aparentemente fantástica
pode esconder detalhes importantes de que só irá aperceber-se mais
tarde, como, por exemplo, uma capacidade de bateria limitada ou uma
mudança iminente de sistema operativo;
— apesar de os portáteis serem atualmente os computadores mais vendidos,
os modelos de secretária podem ser a melhor solução para uma utilização
mais intensiva e, para características equivalentes, são mais baratos. Além
disso, permitem atualizações de hardware, pelo que a sua duração, antes
de se tornarem obsoletos, é superior;
— opte por uma máquina equilibrada ao nível do processador e da memória
RAM, mas tenha também em atenção a placa gráfica se quiser utilizar o
computador para jogar ou para editar fotografia e vídeo. Os fabricantes
tentam equilibrar os componentes, mas um portátil com um processador
de núcleo quádruplo, mais potente, pode ter a mesma memória RAM que
outro com um processador de duplo núcleo. Para uma utilização normal,

153
A Gastar menos, viver melhor

o mínimo recomendado nos portáteis é de 4 GB. Confirme se o equipa-


mento tem possibilidade de expansão para, pelo menos, 8 GB de memó-
ria RAM;
— para uma utilização básica e claramente nómada, um tablet pc (conver-
sível) ou mesmo um tablet podem ser um bom compromisso entre preço
e portabilidade. Saiba, no entanto, que estes equipamentos têm algumas
limitações quando se utilizam programas de edição de fotografia e vídeo,
bem como jogos exigentes ao nível da placa gráfica. Existem modelos com
diferentes diagonais de ecrã, que tendem a aumentar proporcionalmente
com o preço;
— para uma utilização frequente e sem grandes limitações, um portátil de
14” ou 15” é o mais adequado. Existem modelos com processadores poten-
tes, que desempenham facilmente qualquer tarefa. O seu volume penaliza
a portabilidade, mas o ecrã tem um tamanho suficientemente confortável
para uma utilização mais intensiva;
— se o seu computador não for demasiado velho, talvez possa atualizá-lo
(fazer um upgrade) ao invés de comprar um novo. Tal significa substituir
os componentes para que esteja apto a desempenhar tarefas mais pesa-
das ou a aceitar software mais recente. O mais frequente será aumentar a
memória RAM e a capacidade do disco rígido. Estes upgrades são feitos,
normalmente, depois de a garantia terminar. Há que ter em atenção a
compatibilidade dos componentes e, também, o custo da intervenção.
Informe-se sobre as possibilidades de atualização do sistema e o respetivo
custo.

Poupar na compra de uma impressora


Também a escolha de uma impressora deve basear-se no tipo de utilização.
Há bons modelos multifunções (imprimem, digitalizam e copiam) por apenas
60 euros, mas, para quem imprime muitas páginas, geralmente os modelos
mais baratos acabam por sair mais caros, devido ao custo da tinta: só com-
pensa adquirir um destes aparelhos se imprimir de forma esporádica. Caso
imprima com alguma frequência ou em quantidade, não compre uma impres-
sora sem verificar também o custo da tinta. Para reduzir os custos de impres-
são, normalmente terá de adquirir uma impressora um pouco mais cara.

Menos de 500 páginas por ano


Se normalmente não gasta mais de uma resma de papel (500 páginas) por
ano, o tipo de aparelho mais adequado é a multifunções a jato de tinta.

154
A Questões de dinheiro

Mesmo que não necessite de copiar e digitalizar, as multifunções não são


mais caras do que as impressoras simples a jato de tinta e o leque de escolha
é maior.

500 a 1000 páginas por ano


Para uma utilização frequente, até duas resmas (1000 páginas) por ano,
as multifunções a jato de tinta continuam a ser as mais indicadas. Consi-
dere a possibilidade de comprar uma com tanques para a tinta, em vez dos
tradicionais cartuchos. O preço de aquisição é superior, mas encher os tan-
ques com a tinta sai muito mais barato do que comprar os cartuchos: feitas
as contas, os custos de impressão são cerca de 20 vezes mais baixos. Além
disso, reduz o impacto ambiental.

Mais de 1000 páginas por ano


Para uma utilização mais intensiva e profissional, a tecnologia laser é quase
sempre a melhor opção: as impressoras são muito mais rápidas do que as de
jato de tinta e a qualidade de impressão de texto é superior. Para este nível
de utilização, considere adquirir um aparelho a jato de tinta apenas se lhe
interessa, sobretudo, a qualidade de impressão de fotos ou outras imagens.
Apesar de as impressoras laser serem caras (sobretudo as multifunções a
cores, a partir 270 euros), os custos de impressão são baixos e poderão com-
pensar para quem imprime mais de duas resmas por ano.

Evitar o desperdício de tinta


Tenha em conta que alguns modelos a jato de tinta desperdiçam quanti-
dades significativas de tinta, mesmo sem imprimir. Isto acontece quando a

ATENÇÃO AOS CARTUCHOS COMPATÍVEIS!


Usar cartuchos compatíveis pode ser uma alternativa mais barata, mas tenha em conta
que a qualidade de impressão é normalmente inferior e existe uma probabilidade elevada
de falhas de impressão. Ainda assim, algumas marcas produzem resultados comparáveis
aos cartuchos originais em algumas impressoras. Para escolher cartuchos compatíveis,
verifique a referência dos cartuchos originais ou do modelo da sua impressora. Compare
os resultados e veja se vale a pena. Em alternativa, também pode usar os cartuchos origi-
nais para os trabalhos que exigem maior qualidade e mudar para os compatíveis quando
imprimir rascunhos ou outros documentos de menor importância.

155
A Gastar menos, viver melhor

utilização mais habitual é imprimirem poucas páginas de cada vez: os apa-


relhos acabam por executar muitas limpezas automáticas das cabeças de
impressão, com grande desperdício de tinta. Para escolher um apare-
lho com boa qualidade, baixos custos de impressão e pouco desperdício
em tarefas de manutenção, aceda aos nossos testes de impressoras em
www.deco.proteste.pt > tecnologia > impressoras.

Poupar na utilização
Também é possível economizar na utilização do computador.

Descarregar programas gratuitos


Para as tarefas mais frequentes, é possível encontrar programas gratuitos alter-
nativos aos programas pagos das principais empresas de software. As alternati-
vas ao pacote Office da Microsoft (que inclui, entre outros, os programas Word
e Excel) passam por produtos como o OpenOffice. Tenha o cuidado de des-
carregar e instalar programas apenas de sítios seguros, como o do fabricante.

Para salvaguardar a integridade do seu computador, também existem anti-


vírus gratuitos, como o Avira, o Avast, o AVG e o Bitdefender, alguns de boa
qualidade (saiba mais sobre antivírus em www.deco.proteste.pt > tecnologia
> Antivírus). Os pacotes de segurança, normalmente pagos, têm duas mis-
sões: detetar e eliminar qualquer programa malicioso que se tenha infiltrado
no computador ou tente fazê-lo (função antimalware) e impedir o roubo
de dados através de pontos de saída (função assegurada pela firewall). Já a
maioria dos antivírus só incluem a função antimalware e anti-phishing. É por
isso que devem ser complementados com uma firewall. Nesta caso, poderá
ativar a do Windows ou descarregar uma firewall gratuita na web.

Os serviços de armazenamento na nuvem (cloud) colocam toda a informação


online e o utilizador pode recuperá-la com meia dúzia de cliques. De cada

APROVEITE OS DESCONTOS
As marcas de alguns programas oferecem condições especiais para as atualizações e para
públicos específicos, como estudantes ou professores. Verifique sempre, antes de comprar
um programa, se reúne as condições para beneficiar destas reduções de preço, que costu-
mam ser muito interessantes.

156
A Questões de dinheiro

vez que faz uma alteração, o sistema atualiza o ficheiro em tempo real e
armazena a versão mais recente.

Navegar a baixo preço


Os estudos comparativos realizados regularmente pela deco proteste
demonstram que os custos de ligação à internet dependem essencialmente
da velocidade anunciada e do fornecedor de acesso. Ambos dependem dos
seus hábitos de navegação. Compare as diferentes propostas.

Os serviços multiplay 4P ou 5P podem ser uma solução interessante para


as famílias que querem televisão, telefone fixo, telemóvel e internet fixa e
móvel. Têm a vantagem da simplificação, por reunirem todos os serviços
num único operador e numa única fatura, mas não deixe de verificar se é,
realmente, a alternativa mais interessante para si (veja a caixa Ligação inte-
ressante!). Em muitos casos ainda fica mais barato manter o telemóvel fora
do pacote de serviços e isso dá-lhe mais liberdade se precisar de mudar de
operador.

Tenha em conta que, apesar do tráfego ilimitado na internet fixa, os dados


móveis estão, quase sempre, sujeitos a um limite. Para evitar surpresas
na fatura, verifique qual é e consulte as condições e preços cobrados
depois de ultrapassar o limite. Logo após o aviso de que excedeu esse

LIGAÇÃO INTERESSANTE!
• Navegar na internet está longe de ser um serviço gratuito. O preço depende, por um lado,
do tipo de ligação escolhida (fibra, ADSL, 4G/5G, por exemplo) e, por outro, do operador e
do tarifário adotado. No sítio da deco proteste, o simulador Tarifários de telecomunicações:
quais os mais baratos? ajuda-o a escolher melhor. Indique o seu perfil de utilização ou opte
pela personalização e identifique as características da ligação que pretende, como a velo-
cidade de download ou o volume aproximado de dados de que necessita mensalmente
(no caso das ligações móveis), e a ferramenta indica-lhe o operador e o tarifário mais
vantajosos para si.
• Verifique os custos associados à utilização de serviços de banda larga fora do país.
Embora na União Europeia vigore o princípio Roam-like-at-home, podem ser aplicados
limites à quantidade de dados usados no serviço de internet móvel e os valores cobrados
em roaming, fora da União Europeia, ainda são elevados. Caso esteja disponível no local
um serviço WiFi, é provável que seja mais económico do que utilizar o seu serviço de
banda larga móvel no estrangeiro. Veja os preços e compare.
• Alguns serviços de banda larga fixa proporcionam o acesso a hotspots em diversos
locais, mesmo no estrangeiro. Antes de viajar confirme esta disponibilidade junto da sua
operadora, pois poderá ter acesso a serviços de qualidade a baixo custo.

157
A Gastar menos, viver melhor

limite, a maioria dos operadores aplica custos diários associados a um


volume muito reduzido de dados. Os pacotes extra de dados também são
caros para o volume de dados adicionais a que dão acesso. Procure res-
peitar o limite e desligue os dados móveis no seu smartphone antes de
ultrapassá-lo.

Impressão cara!
Para reduzir o dispêndio de papel e de tinta, sempre que possível condense
o texto e imprima frente e verso, em modo de rascunho. É um aficionado da
fotografia digital? Saiba que, regra geral, a impressão das suas fotos fica mais
barata numa loja ou via internet do que em casa.

Gestão da alimentação
O modo de espera das impressoras, computadores e outros equipamentos
de escritório, como os monitores, é responsável por uma parte importante
do consumo energético. Pense em desligar os aparelhos quando não estiver
a utilizá-los.

Nas impressoras laser, o consumo em modo de espera equivale a 75% do


total, tendo como base um volume médio de impressões. Em causa está a
energia necessária para manter o toner à temperatura indicada para que a
impressão possa iniciar-se de imediato. O aparelho também pode ficar em
modo de repouso. Neste caso, precisa de fazer um breve pré-aquecimento.
Uma impressora a jato de tinta consome menos energia (25 watts, em média)
do que uma a laser (média de 500 watts), embora já existam modelos a laser
menos energívoros.

Do ponto de vista energético, poderá poupar bastante se os aparelhos esti-


verem dotados de alguns automatismos. É o que se designa por power mana-
gement ou gestão da alimentação.

Níveis de consumo de energia


Quando não estão em funcionamento, os aparelhos podem ter diferentes
níveis de consumo:
— nulo: o aparelho é desligado através do botão de alimentação (on/off).
Certos aparelhos, nomeadamente as impressoras, continuam a consumir
se ficarem ligados à eletricidade;
— modo de repouso (sleep mode): o aparelho está praticamente parado e
todas as funções estão desativadas. Reduza ao mínimo o tempo de espera,

158
A Questões de dinheiro

para que o aparelho passe automaticamente ao modo de repouso quando


está inativo;
— modo de pausa (standby): quando faz uma pausa na utilização do apare-
lho, o utilizador pode acionar o modo de espera e desativar apenas algu-
mas funções. Esta opção só faz sentido para permitir reativar automati-
camente as diferentes funções após um curto espaço de tempo: deixar
sempre um aparelho em modo de espera é um desperdício de energia,
já que o consumo pode ser elevado.

Poupar nos consumos


Um aparelho dotado de um sistema de gestão da alimentação consome
menos energia, limita as perdas de calor e reduz o ruído e a radiação eletro-
magnética. Por vezes, num computador ou numa impressora providos de
uma etiqueta de qualidade energética, o sistema de gestão da alimentação
tem de ser instalado em separado.

Sempre que possível, desligue os aparelhos da corrente elétrica quando


não estiverem a ser utilizados. Muitas vezes, os diferentes módulos do
computador têm um botão de alimentação próprio e é fácil esquecê-lo.
Para seu conforto, ligue todas as fichas a uma extensão múltipla com corte
de corrente.
Ligar ou desligar com frequência um computador ou uma impressora
não só não provoca qualquer desgaste suplementar, como economiza
energia.

CARREGAR E DESLIGAR
Não deixe os carregadores dos portáteis e dos telemóveis permanentemente ligados à cor-
rente. Ligue-os apenas quando estiverem a carregar as respetivas baterias e retire a ficha
da tomada quando o processo estiver concluído.

Telecomunicações
Existe uma oferta enorme de marcas de telemóveis e outros equipamen-
tos que permitem a comunicação à distância. Os produtos são cada vez
mais complexos e abundam os smartphones, com ecrãs cada vez maiores,
os tablets e os relógios inteligentes, entre outros equipamentos com cartões
SIM ou e-SIM (como os dispositivos iOT de localização de crianças, animais
e objetos).

159
A Gastar menos, viver melhor

Telemóveis
Por norma, quanto mais básico for o aparelho, mais barato será. No seg-
mento smartphones, o mais comum, os preços variam em função das carac-
terísticas do equipamento. Ou seja, os aparelhos mais baratos terão prova-
velmente menor definição de ecrã, menor capacidade de processamento
e de armazenamento e câmaras fotográficas mais básicas do que os mais
dispendiosos. Não deixe de consultar o comparador da deco proteste, em
www.deco.proteste.pt > tecnologia > telemóveis, onde encontrará os preços
e os resultados dos testes dos modelos mais vendidos. Verifique, ainda, junto
da sua operadora, se existem equipamentos em condições mais vantajosas.
Antes de serem substituídos por novas versões os aparelhos são, geralmente,
vendidos a preços mais baixos.

Tenha em conta que, mais do que ter um telemóvel com muitas funcionali-
dades, importa ter um equipamento que seja muito bom nas tarefas diárias
mais relevantes para si. Se apenas faz e recebe chamadas, envia SMS ou ouve
música, não precisa de gastar mais de 120 euros num aparelho simples com
bom desempenho nestas tarefas. Evita assim pagar por funcionalidades que
provavelmente não vai utilizar. Caso pretenda tirar fotografias com alguma
qualidade, navegar na internet, consultar o correio eletrónico, aceder à sua
conta de Facebook ou Twitter e utilizar muitas aplicações, então opte por um
smartphone mais avançado. Não precisa de comprar um aparelho demasiado
caro: alguns não ultrapassam os 200 euros. Mas os aparelhos mais dispendio-
sos apresentam vantagens para alguns utilizadores. Se fotografar ou filmar com
o telemóvel é muito importante para si e gostaria de obter bons resultados,
também terá que optar por um smartphone mais caro, dado que os aparelhos
mais em conta estão, geralmente, equipados com câmaras de pior qualidade.

Se já usa intensivamente as funcionalidades do seu aparelho, a sua satisfação


pode aumentar significativamente se optar por uma gama superior, mas os
preços poderão ser proibitivos (muitos já ultrapassam os 700 euros). Estes
aparelhos disponibilizam processadores mais rápidos e de maior capacidade
gráfica, mais memória RAM e armazenamento interno superior, além de
ecrãs com maior qualidade de imagem. As câmaras apresentam uma resolu-
ção mais elevada e a melhor qualidade fotográfica e de vídeo.

Telefonar
Ainda existem cartões pré-pagos, sem mensalidade obrigatória, mas o mais
comum é que o cartão do telemóvel esteja integrado em pacotes completos

160
A Questões de dinheiro

com TV, internet, telefone ou, ainda que de forma autónoma, esteja sujeito
ao pagamento de uma mensalidade. Para fazer a melhor opção, analise
os seus hábitos de utilização (volume de dados para aceder à internet e
número de minutos que consome, por exemplo) e depois compare os pre-
ços das diversas modalidades. A forma mais fácil de o fazer é consultar o
nosso sítio (www.deco.proteste.pt) e utilizar o simulador Tarifários de tele-
comunicações: quais os mais baratos? Poderá assim comparar os tarifários
de acordo com o seu perfil. Uma das maiores vantagens deste simulador é
dar-lhe a possibilidade de verificar se é mais vantajoso contratar um pacote
de serviços fixos com os tarifários de telemóvel à parte ou integrar tudo
num só pacote.

Outros conselhos para economizar nas suas chamadas:


— utilizar o seu cartão de telemóvel noutros países da União Europeia não
implica pagar taxas adicionais. As suas chamadas e mensagens de texto
são pagas como se estivesse em território nacional e nada paga para as
receber. No caso dos dados, pode existir uma política de uso responsável
e ser aplicado um limite inferior ao volume de dados a que tem direito em
Portugal. Mas o cliente tem de ser informado. Assim, quando atravessar
uma fronteira na União Europeia recebe um SMS a indicar que está em
roaming e a descrever as regras aplicáveis. Também será alertado quando
atingir o limite estabelecido. Fora da União Europeia, continuam a apli-
car-se as taxas adicionais de roaming. Verifique junto da sua operadora ou
na respetiva página na internet quais são os custos associados ao roaming
no país para o qual se dirige;
— o custo dos serviços de valor acrescentado pode ser muito elevado e estes
nem sempre estão devidamente identificados. Se quiser evitar esta des-
pesa, solicite à operadora que bloqueie estes serviços. Algumas operado-
ras já o fazem, por defeito, para novas subscrições;
— caso tenha filhos menores de 25 anos que façam um uso intensivo de apli-
cações de envio de mensagens, redes sociais, música e vídeo, verifique
os tarifários específicos para essa faixa etária. Estes tarifários incluem
um plafond maior para essas aplicações. Tenha atenção às penalizações
por atraso no pagamento da mensalidade: alguns restringem o uso, impe-
dindo as comunicações, mas permitem retomar as condições assim que
voltar a carregar o valor da mensalidade; outros obrigam ao pagamento
das mensalidades em atraso para retomar as condições iniciais;
— não esqueça as alternativas ao telemóvel. Por exemplo, aproveite os tari-
fários de chamadas ilimitadas para números fixos para ter as conversas
mais longas a partir do seu telefone fixo. O uso de serviços através de
redes WiFi, via telemóvel, tablet ou computador, pode também reduzir
significativamente o custo das telecomunicações, sobretudo em grandes
distâncias;

161
A Gastar menos, viver melhor

— não pense nos seus serviços de telecomunicações de forma isolada: se usa


mais do que um serviço e paga os diversos telemóveis do agregado fami-
liar, faça as contas para o conjunto dos serviços e aparelhos. Há vários
tarifários onde adicionar mais do que um cartão se torna mais barato,
mas isso não significa que o preço total do pacote seja mais baixo, por
exemplo, do que manter o tarifário TV + internet + telefone e os tarifários
de telemóvel separados;
— não compare apenas o preço dos serviços que tem com o que lhe estão
a propor. Todos os tarifários mudam com alguma frequência. Ter conse-
guido um bom negócio não significa que, algum tempo depois, não exis-
tam já melhores propostas no mercado. Consulte o nosso simulador antes
de tomar uma decisão.

162
Índice remissivo
A C
Água ������������������������������������������ 72, 92, 98-104 Caldeiras������������������������������������������������� 81, 91
Alcatifa �����������������������������������������������������������73 Carpooling��������������������������������������������������� 123
Alimentação����������������������������������� 40-60, 149 Carsharing��������������������������������������������������� 124
Alojamento para férias������������������������ 140-143 Cartão
Aluguer de Longa Duração (ALD)� 116, 117, 130 de cliente���������������������������������������������������29
Aplicações financeiras�������������������������� 128-130 de crédito��������������������������� 130, 131, 134, 147
Aquecedores elétricos�����������������������������������95 de telemóvel������������������������������������ 160-162
Aquecer europeu de seguro de doença ��������������� 146
água ����������������������������������������������������91-93 Cartuchos para impressoras����������������������� 155
ar ambiente����������������������������������������� 93-98 Casa
Aquecimento central�������������������������������������95 de banho����������������������������������������������������71
Ar condicionado para férias������������������������������������������������141
em casa�����������������������������������������81, 93, 96 para habitação ������������������������������29, 62-76
no automóvel ����������������������������������������� 122 Certificado
Arca congeladora ���������������������������������� 55, 82 de matrícula ��������������������������������������������114
Arrendar energético����������������������������������������� 93, 136
casa para férias����������������������������������������141 Chama-piloto �����������������������������������������������92
casa para habitação������������������� 62-64, 136 Chamadas telefónicas������������������� 157, 160-162
quartos ��������������������������������������������������� 142 Chão �������������������������������������������������������� 72-74
Assistência em viagem������������������������ 119, 146 Chuveiro �����������������������������������������������72, 100
Atividade física . . . . . . . . (veja Exercício físico) Classes energéticas��������������������������������������� 81
Áudio������������������������������������������������������������� 75 Comboios ��������������������������������������������������� 145
Autoclismo�������������������������������������������� 99, 101 Comida . . . . . . . . . . . . . . . . (veja Alimentação)
Automóvel�������������������������������������������� 106-125 Comparar preços������������������������������21, 41, 143
Avião����������������������������������������������������������� 144 Compras
à distância�������������������������������������������������35
B em grupo���������������������������������������������������32
em segunda mão �������������������������������� 21-23
Bancada de cozinha �������������������������������������70
na internet������������������������������������ 30, 33, 35
Bancos����������������������������������������������������������� 13
Computadores���������������������������������������152-154
Banheiras ������������������������������������������������������71
Condução automóvel�������������������������� 120-123
Banho de imersão���������������������������������������100
Congelador��������������������������������������������� 55, 81
Bicicleta������������������������������������������������������� 125
Congelados���������������������������������������������������46
Bilhetes de avião����������������������������������������� 144
Congelar������������������������������������������������� 55-59
Bombas de calor������������������������������������������� 91
Conservação dos alimentos �������������������� 51-59
Branquear legumes���������������������������������������56
Consolidação de créditos ��������������������������� 132
Bricolagem ��������������������������������������������������� 75
Cortinas de duche������������������������������������������71
Burlas
Couchsurfing������������������������������������������������141
casas de férias������������������������������������������141
Cozinha���������������������������������������������������������70
leilões �������������������������������������������������������32
Cozinhar��������������������������������������������������� 44-48
MB Way�����������������������������������������������������22

163
Gastar menos, viver melhor

Crédito bancário���������������������������������� 128, 131


à habitação���������������������������������������68, 136
G
Gabinetes de apoio
ao consumo��������������������������������������������� 130
ao sobre-endividado (GAS)��������������������� 132
automóvel������������������������������������������������116
Garantias������������������������������������������������ 20, 28
pessoal������������������������������������������������������116
Gás���������������������������������������������� 46, 70, 78, 85
D Gasóleo��������������������������������������� 108, 120, 122
Gasolina�������������������������������������� 108, 120, 122
Data de validade . . . (veja Prazos de validade)
Genéricos . . . . (veja Medicamentos genéricos)
Depósitos bancários����������������������������������� 129
Ginásio��������������������������������������������������������� 147
Descongelar �������������������������������������������������46
GPL������������������������������������������������108, 110, 120
Descontos������������������������������������������18, 23-29
Despensa������������������������������������������������������� 51
Desperdício alimentar�����������������������������������43
H
Habitação���������������������������������������� 62-76, 136
Desporto . . . . . . . . . . . . . (veja Exercício físico)
Híbridos�������������������������������������������������������108
Detergentes da loiça������������������ 49, 50, 51, 86
Homebanking����������������������������������������������� 13
Devolução�����������������������������������������������������20
Hostels��������������������������������������������������������� 142
Distribuidores exclusivos�������������������������������25
Hotéis ����������������������������������������� 140, 142, 143
Duche ��������������������������������������������������� 71, 100

E I
Eficiência Iluminação ���������������������������������������������������89
energética������������������������������ 44, 81, 89, 96 Impostos����������������������������������������������������� 135
hídrica����������������������������������������������������� 104 IMI����������������������������������������������������� 65, 137
Eletricidade���������������������������������������������46, 78 IMT����������������������������������������������������136, 137
Eletrodomésticos������������������������� 70, 74, 79-88 IRS����������������������������������������������������� 135-137
Equipamento informático���������������������152-159 Impressoras�����������������������������������154-156, 158
Especiarias�����������������������������������������������������45 Informática�������������������������������������������152-159
Esquentador ������������������������������������� 81, 91, 92 Intercâmbio de casas ����������������������������������141
Estendal���������������������������������������������������������84 Internet . . . . . . . . . . . (veja Ligação à internet)
Etiquetas energéticas����������������������������������� 81 Isolamento da
Exercício físico��������������������������������������� 147-149 canalização�����������������������������������������������92
habitação ������������������������������������������ 94, 98
F
Farmácia������������������������������������������������������151 J
Feiras�������������������������������������������������������������34 Jardim���������������������������������������������������90, 102
Férias�����������������������������������������������������140-147 Jarro elétrico������������������������������������������������� 47
Ficha de Informação Normalizada (FIN)�������69
Financiamento automóvel��������������������115-118
Fiscalidade . . . . . . . . . . . . . . . (veja Impostos)
L
Lâmpadas�����������������������������������������������81, 89
Fixação de preços�����������������������������������������23
Lavar
Fogão �����������������������������������������������47, 48, 84
loiça���������������������������������� 48-51, 81, 86, 101
Forno������������������������������������������������ 48, 81, 84
roupa���������������������������������������������������81, 83
Frigorífico ����������������������������� 45, 52-55, 80-82
Lazer ���������������������������������������������������� 140-149
Fruta ������������������������������������������������������ 42, 45
Leasing������������������������������������������� 116, 117, 130
Fundo de
Legumes ������������������������������������������������ 42, 56
Garantia de Depósitos (FGD)������������������� 129
Leilões����������������������������������������������������������� 31
pensões��������������������������������������������������� 133

164
Índice remissivo

Ligação à internet����������������������������������������157 Planos de poupança����������������������������133, 136


Lista de compras������������������������������������������ 40 Pneus������������������������������������������������������������121
Locação financeira ���������������� 115, 116, 117, 130 Pousadas da juventude����������������������� 142, 145
Lojas virtuais������������������������������������ 24, 30, 33 Prazos de validade ���������������������������������45, 52
Preços (comparar)����������������������������21, 41, 143
M Programas informáticos����������������������������� 156
Manutenção Promoções ��������������������������������������������� 18, 45
ar condicionado�����������������������������������������96
automóvel���������������������������������������� 120-123 Q
casa����������������������������������������������������������� 75 Quilometragem�������������������������������������114, 115
Mapa das receitas e despesas������������������������11
Máquina de lavar
loiça�����������������������������������������������������81, 86
R
Radiadores
roupa���������������������������������������������������81, 83
a óleo���������������������������������������������������������96
Mediadores imobiliários����������������������� 29, 136
elétricos�����������������������������������������������������96
Medicamentos genéricos��������������������� 149-151
Redutores de caudal���������������������� 72, 92, 100
Mercado imobiliário�������������������������������������63
Refrigeração ��������������������������������������52-55, 81
Micro-ondas �������������������������������������������������48
Rega ����������������������������������������������������������� 102
Mobiliário����������������������������������������������������� 72
Rendimentos������������������������������������������������� 12
Modelos
Rent-a-car colaborativo������������������������������� 124
antigos������������������������������������������������������� 19
Renting �������������������������������������������������������� 117
com defeito����������������������������������������� 19, 20
Restos de refeições �������������������������������� 45, 59
de exposição��������������������������������������������� 19
Reutilização de água����������������������������������� 103
devolvidos�������������������������������������������������20
Roaming �����������������������������������������������157, 161
Multirriscos-habitação��������������������������133, 134
Rotulagem energética����������������������������������� 81
O
Orçamento familiar�����������������������������������10-15 S
Outlets�����������������������������������������������������������30 Saldos����������������������������������������������������������� 18
Salões�����������������������������������������������������������34
P Secador de roupa�����������������������������������81, 84
Panela de pressão���������������������������������� 46, 86 Seguros�������������������������������������������������133-135
Parques de campismo��������������������������������� 142 assistência em viagem ������������ 119, 134, 146
Partilha de automóvel ������������������������123, 124 automóvel������������ 116, 117, 118-120, 133, 146
Passagens aéreas��������������������������������������� 144 de acidentes pessoais����������������������������� 147
Pavimento flutuante������������������������������������� 73 de capitalização��������������������������������������� 136
Pedra������������������������������������������������������������� 73 de incêndio��������������������������������������������� 133
Pensão de alimentos����������������������������������� 136 de responsabilidade civil familiar����������� 133
Perdas de de saúde������������������������������������������133, 147
água ������������������������������������������������� 99, 101 de viagem�������������������������������� 133, 146, 147
calor���������������������������������������������������� 92, 95 de vida����������������������������������������������134, 147
Período de reflexão����������������������������������35-37 multirriscos-habitação����������������������133, 134
Phishing���������������������������������������������������������34 Seniors��������������������������������������������������������� 143
Placas Serviço pós-venda�����������������������������������������28
elétricas���������������������������������������������� 46, 85 Sistemas solares térmicos�����������������������91, 93
de indução������������������������������������������ 46, 85 Soalho����������������������������������������������������������� 73
de vitrocerâmica��������������������������������� 47, 85 Sobre-endividamento����������������������������68, 131

165
Gastar menos, viver melhor

Sofás������������������������������������������������������������� 72
Software . . . . . . (veja Programas informáticos)
Solares de Portugal������������������������������������� 143
Standby�������������������������������������80, 86-88, 159
Supermercados��������������������������������������� 40-44

T
Taxa de esforço������������������������������������� 68, 132
Taxas de juro�������������������69, 117, 128, 129, 130
Tecnologia���������������������������������������74, 152-159
Telecomunicações������������������������� 157, 159-162
Telefonar . . . . . . . (veja Chamadas telefónicas)
Telemóveis��������������������������������������������������� 160
Televisões������������������������������������������������� 74, 81
Temperatura
de conforto����������������������������������������������� 97
no frigorífico���������������������������������������53, 55
Termoacumulador����������������������������� 81, 91, 92
Termoventiladores���������������������������������� 93, 96
Time-sharing�������������������������������������������������36
Torneiras���������������������������������������� 71, 100, 101
Transportes públicos��������������������������� 125, 144
Trocar de carro ��������������������������������������������113

V
Vales de desconto�����������������������������������������24
Vendas
a prestações ������������������������������������������� 130
por correspondência���������������������������������35
Ventilação natural�����������������������������������������98
Ventoinhas ���������������������������������������������������98
Viagens organizadas����������������������������������� 146

166
Índice remissivo

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167

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