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12.

º ano: Síntese dos conteúdos de Educação Literária


Fernando Pessoa: Contextualização histórico-literária
1. Qual é a contextualização histórica da poesia pessoana?
Fernando Pessoa vive no início do século XX, uma época conturbada sob o ponto de vista
político e social. A sua poesia integra-se no designado Primeiro Modernismo português.

2. Quais foram os acontecimentos sociais e políticos mais marcantes do início do século


XX?
O início do século XX é um tempo marcado pela Primeira Guerra Mundial e pela
crise geral dos sistemas liberais e democráticos, pela industrialização e pelo êxodo do
campo para a cidade.

3. Quais são os traços fundamentais do Modernismo?


O Modernismo é um período artístico que abrange os anos 10 aos anos 40 do século
XX e que constitui um movimento de rutura contra a massificação burguesa. É um
movimento marcado pela polémica, pela rutura com a tradição, pela entrega às sensações
e pela tendência para a dispersão e multiplicidade do eu.

4. Qual é o marco do Primeiro Modernismo português?


O Primeiro Modernismo Português está periodologicamente marcado pela
publicação do primeiro número da revista Orpheu, em 1915.

5. Quais são os principais traços da literatura no Modernismo?


Nesta época, fruto das várias transformações políticas e sociais, o sujeito encontra-se
desenraizado numa sociedade em que a cultura do material impera. Neste mundo
empobrecido, o eu literário desmultiplica-se em outros eus, assume máscaras, interrogase,
duvida e recorre a formas de provocação e rutura, valorizando o fragmento e a dispersão.
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A questão da heteronímia

1. Fernando Pessoa inventou a heteronímia?


Não foi Fernando Pessoa quem inventou o termo “heteronímia”, mas foi ele quem lhe
conferiu o significado atual.

2. Em que consiste a heteronímia pessoana?


A heteronímia constitui um espaço ficcional que se desdobra na obra dos diversos
heterónimos e que resulta do fingimento poético. Todas as obras de Fernando Pessoa,
independentemente de quem as assina, são formas artísticas da heteronímia.

3. Podemos considerar a existência individual e isolada de cada heterónimo?


Não podemos considerar cada um dos heterónimos como poetas autónomos. São criações
fictícias que Fernando Pessoa designou como “drama em gente”. Existem como
consequência do fingimento artístico e são formas através das quais se procura atingir a
perfeição.
Poesia do ortónimo

O fingimento artístico

1. Em que consiste o fingimento artístico?


O fingimento artístico é a forma como Fernando Pessoa concebe a sua arte poética. O
sujeito concebe a sua poesia como a intelectualização de uma emoção. O poema é, assim,
o resultado da racionalização de um sentimento. O fingimento poético é a transfiguração
da emoção pela razão. Os poemas “Autopsicografia” e “Isto” são considerados poemas
de teorização poética ou de doutrinação estética, em que se apresenta a teoria do
fingimento poético.

2. O que significa intelectualizar ou racionalizar uma emoção, no contexto da poesia de


Fernando Pessoa?
Intelectualizar uma emoção ou sentimento significa pensar a partir daquilo que se sentiu.

3. Qual é o fundamento da teoria do fingimento poético explicitado no poema


“Autopsicografia”?
No processo de criação poética, o sujeito intelectualiza a “dor sentida”, registando, no
poema, a “dor fingida”. Por sua vez, os leitores não têm acesso nem à “dor sentida” nem
à “dor fingida”, apenas à “dor lida”. Esta tese é o fundamento da teoria do fingimento
poético.

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A dor de pensar

1. Em que consiste a dor de pensar presente em poemas ortónimos?


O sujeito tem a consciência de que existe um enorme fosso entre aquilo que sente e o que
pensa que sente. Dito de outro modo, o eu, no fazer poético, está consciente do facto
de não conseguir exprimir o que efetivamente sente. Tal situação é concebida como
uma incapacidade que origina angústia. Esta constatação leva o sujeito a desejar não
pensar.

2. O que origina a dor de pensar?


A dor de pensar resulta da obsessão do sujeito pela racionalização, pela análise, pela
abstração.

3. Como tenta o sujeito ultrapassar a dor de pensar?


O sujeito tenta ultrapassar a dor de pensar desejando ser inconsciente e apenas sentir.

4. Que características do sujeito podemos inferir perante a aspiração expressa em alguns


poemas de desejar ser inconsciente?
A partir da manifestação do desejo do sujeito de ser inconsciente podemos inferir que o
eu se debate entre a inconsciência e a consciência, entre o sentir e o pensar, numa tentativa
de ultrapassar a infelicidade e angústia originadas pelo pensar.

5. Quais são os poemas que constituem uma reflexão sobre a dor de pensar?
Os poemas “Ela canta, pobre ceifeira” e “Gato que brincas na rua” são textos que
apresentam o desejo do sujeito de ser inconsciente para poder atingir a felicidade.
Sonho e realidade

1. Como se concretiza a oposição sonho / realidade na poesia ortónima?


Para o sujeito a presentificação da realidade através do sonho torna-a possível de alcançar
e permite ao eu aspirar a atingir a felicidade.

2. Viver uma experiência sonhada é sempre um momento de felicidade para o sujeito? As


imagens sonhadas são uma forma de experienciar a ilusão de felicidade muito diferente
da amargura da realidade. Esta consciência da oposição entre sonho e realidade torna, no
entanto, esse momento de felicidade numa ocasião de insatisfação. O sonho é sempre
uma ilusão e a felicidade procurada é quase sempre desilusão.

3. Qual é o poema que constitui uma reflexão sobre a oposição entre o sonho e a realidade?
O poema “Não sei se é sonho se realidade” constitui um momento de reflexão sobre a
oposição entre a ilusão do sonho e a amargura da realidade.
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A nostalgia da infância

1. Em que consiste a nostalgia da infância na poesia ortónima?


O sujeito refugia-se inúmeras vezes numa infância mítica, símbolo da inocência, de
uma idade em que ainda não pensa e que lhe permite experienciar a felicidade inicial.

2. Por que razão o sujeito se refugia na infância?


O sujeito refugia-se na infância para experimentar a felicidade da inocência que a
inconsciência possibilita. A infância surge como um paraíso perdido que contrasta com a
infelicidade vivida no presente pelo sujeito.

3. Os poemas em que surge uma reflexão sobre a nostalgia da infância são realidade ou
ficção?
Quando lemos um poema ou qualquer outra obra, entramos sempre num universo mais
ou menos ficcionado. Não se pode esquecer que, aquando da apresentação do seu fazer
poético, o sujeito referiu que o “poeta é um fingidor”.

4. A infância evocada pelo poeta apresenta traços autobiográficos?


A infância evocada pelo poeta nos seus poemas é ficcionada, não apresentando traços de
caráter biográfico. A infância na poesia pessoana é um símbolo, fruto, mais uma vez, da
intelectualização do poeta. Assim, a infância é um símbolo de inocência, de pureza, de
sonho, de uma felicidade longínqua.

5. Em que poemas encontramos uma reflexão sobre a infância perdida?


Nos poemas “Quando as crianças brincam”, “Não sei, ama, onde era” e “Olha-me rindo
uma criança” encontramos uma reflexão que denota a nostalgia da infância.
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Linguagem, estilo e estrutura: recursos expressivos – a anáfora, a antítese, a apóstrofe, a
enumeração, a gradação, a metáfora e a personificação

1. Por que razão se considera que a poesia ortónima está próxima da poesia tradicional? A
poesia ortónima versa temas complexos em poemas formalmente muito simples,
recorrendo a estruturas rítmicas tradicionais como a quadra ou a quintilha e o verso de
redondilha.

2. Qual é recurso expressivo presente quando dois versos são iniciados pela mesma
expressão?
O recurso expressivo presente quando dois versos são iniciados pela mesma expressão
designa-se anáfora.

3. Qual é o recurso expressivo utilizado quando está presente uma oposição semântica? O
recurso expressivo utilizado quando está presente uma oposição semântica designa-se
antítese.

4. Quando o sujeito interpela um destinatário real ou fictício, a que recurso expressivo


recorre?
O sujeito recorre a uma apóstrofe quando interpela um destinatário real ou fictício.

5. Em que consiste uma enumeração?


A enumeração é um recurso expressivo que consiste na designação sucessiva de
elementos que mantêm uma correlação lógica ou semântica.

6. Em que consiste uma gradação?


A gradação é um recurso expressivo em que um grupo de palavras, pela sua intensidade
semântica, amplifica ou diminui o significado de um elemento textual, assumindo uma
direção ascendente (progressiva) ou descendente (regressiva).

7. Qual é o recurso expressivo que consiste na fusão de duas realidades diferentes que são
assemelhadas, atribuindo-se à primeira uma qualidade pertencente à segunda?
O recurso expressivo que consiste na fusão de duas realidades diferentes que são
assemelhadas, atribuindo-se à primeira uma qualidade pertencente à segunda designa-
se metáfora.

8. Em que consiste uma personificação?


A personificação é um recurso expressivo que se caracteriza pela atribuição de
propriedades humanas a uma coisa, a um ser vivo ou a uma entidade abstrata.
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