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1 INTRODUÇÃO..................................................................................... 3
7 BIBLIOGRAFIA ..................................................................................... 59
1 INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
Bons estudos!
2 SAÚDE MENTAL
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O vínculo constituído pela mãe com o feto durante a gestação tem sido
considerado um importante preditor da qualidade da relação que os dois que se
estabelecerá nos primeiros meses de vida (SHIN, PARK, & KIM, 2006 apud
AVARENGA, 2012).
Fatores psicológicos, fisiológicos, e sociais, além do próprio comportamento
do feto nos últimos meses da gravidez, interferem na formação do vínculo, e a saúde
mental da mulher tem relevantes repercussões sobre esse aspecto específico da
maternidade (DIPIETRO, 2010; HART & MCMAHON, 2006 apud AVARENGA,
2012).).
O conceito de apego materno-fetal tem sido usado na literatura para
descrever a qualidade da relação da gestante com o feto. Foi definido por Cranley
(1981) como o grau com o qual as mães se engajam em comportamentos
indicadores de interação e afiliação com o seu bebê durante a gravidez. O apego
materno-fetal pode ser avaliado com base na assiduidade de comportamentos que
demonstram cuidado e comprometimento com o feto, como, por exemplo, evitar
substâncias nocivas, alimentar-se bem, conversar com o bebê e acariciar a barriga
(SALISBURY, LAW, LAGASSE, & LESTER, 2003 apud AVARENGA, 2012).
Além dos comportamentos que demonstram envolvimento e preocupação
com a criança, o apego materno-fetal pode ser detectado através de expectativas,
sentimentos e pensamentos da gestante, como a tentar imaginar o rosto e a
personalidade do bebê, e o desejo por segurá-lo no colo ou amamentá-lo
(CRANLEY, 1981 apud AVARENGA, 2012).
Segundo Shieh, Kravitz e Wang (2001) apud Avarenga (2012) vários autores
identificaram os atributos críticos do apego materno-fetal. Desta forma, os distintos
tipos de indicadores do apego materno-fetal podem agrupa-se em três dimensões
que compõem esse construto: a cognitiva, a afetiva e a altruística:
O apego cognitivo relaciona-se ao anseio de entender, conhecer ou definir
o feto corresponde à imagem psicológica do feto produzida pela mulher grávida, sua
concepção dele como pessoa e sua atribuição às características ou intenções ao
feto. Quando as mulheres grávidas podem ver o feto como uma existência
autônoma e real, essa dimensão do apego pode ser observada, e esse processo é
especialmente favorecido devido à sua sensibilidade ao movimento fetal
(AVARENGA, 2012).
O apego afetivo corresponde ao prazer associado a fantasia e pensamentos
que envolvem o bebê, no contato indireto e interação com o feto. O fato da gestante
demonstrar entusiasmo e prazer com comportamentos como acariciar a barriga e
falar com o bebê comprova essa dimensão do apego materno fetal AVARENGA,
2012).
O apego altruístico refere-se ao fato de a mãe proteger o feto e de preparar-
se para a chegada do filho. Os comportamentos relacionados a essa dimensão são:
evitar substâncias nocivas para a saúde e o desenvolvimento do feto, preocupar-se
com a sua saúde, evitar níveis excessivos de estresse mental e físico e fazer o
acompanhamento pré-natal (CONDON, 1985 apud AVARENGA, 2012).
Alguns estudos fornecem evidências de que os indicadores do apego
materno-fetal vão aumentando ao longo da gestação, e especialmente nos últimos
meses, devido aos movimentos do feto (DIPIETRO, 2010; SHIEH et al., 2001 apud
AVARENGA, 2012).
Com base nesse conceito, alguns estudos procuram identificar os preditores
do apego materno-fetal. Características sociodemográficas da família como menor
número de filhos e maior nível de instrução, favorecem o apego materno-fetal
(Alhusen, 2008; Cannela, 2005). Além do mais, fica evidente o papel do apoio social
à gestante, de fatores fisiológicos característicos da própria gravidez como a saúde
da gestante e do bebê, e dos exames realizados no período prénatal, com destaque
para a ultrassonografia (Yarcheski et al., 2009). A literatura mostra ainda o impacto
da preocupação com a imagem corporal da gravida e os movimentos do feto
(Alhusen, 2008; Di Pietro, 2010; Huang, Wang, & Chen, 2004). Também, variáveis
psicológicas como níveis de depressão e ansiedade (Hart & McMahon, 2006;
Lindgren, 2001; Seymir, Sjögren, Welles-Nyström, & Nissen, 2009), a personalidade
e a autoestima materna têm sido associadas à formação do apego materno-fetal (DI
PIETRO, 2010; YARCHESKI, MAHON, YARCHESKI, HANKS, & CANNELLA, 2009
apud AVARENGA, 2012).
4.1 Estresse
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A gestação na adolescência é responsável por um número de mortalidade
materna e perinatal. No Brasil, esses números estão relacionados a complicações
da própria gravidez, parto e puerpério. As complicações e lesões mais frequentes
são: toxemia gravídica, disfunção uterina, maior índice de parto cesárea,
desproporção céfalo-pélvica, síndromes hemorrágicas, lacerações perineais,
amniorrexe prematura, prematuridade, anemia materna, trabalho de parto
prolongado, infecções urogenitais, abortamento, baixo peso ao nascer
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1993; FIGUEIREDO et. al., 2005 apud CORREIA et al.
2011).
Desse modo,
O quadro clínico de uma pessoa pode ser avaliado pelos: sinais (evidências
objetivas do estado mórbido); sintomas (fenômenos ou mudanças referidas pela
pessoa no momento do exame, que facilitam a obtenção do diagnóstico). A
gestação é um período em que o corpo da mulher sofre várias transformações e
adaptações provocando sinais e sintomas considerados comuns a este período.
Todavia, quando os mesmos ultrapassam os níveis da normalidade aceitos, ou
surgem outros não comuns ao período, podem surgir intercorrências que resultem
em complicações, podendo trazer riscos a mulher e ao feto (CORREIA et al. 2011).
Esses temas têm sido mais pesquisados nas últimas décadas e ainda não há
especificação para essas patologias na Classificação Internacional de Doenças
(CID-10), a não ser como diagnóstico de exclusão, no caso dos transtornos
relacionados ao puerpério (CAMACHO et al., 2006).
O Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais, na sua quarta
edição e com texto revisado (DSM-IV-TR), não distingue os transtornos do humor
do pós-parto daqueles que ocorrem em outros períodos, exceto como especificador
"com início no pós-parto", que é usado quando o surgimento dos sintomas acontece
no período de quatro semanas após o parto (CANTILINO, 2003 apud CAMACHO et
al., 2006).
6.2 Epidemiologia
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Um estudo com 1.558 mulheres detectou 17% das gestantes com sintomas
significativos para depressão na gestação tardia, 18% no puerpério imediato e 13%
entre a sexta e a oitava semanas do puerpério. O mesmo valor (13%) foi encontrado
no sexto mês do puerpério (JOSEFSSON et al., 2001 apud CAMACHO et al., 2006).
Um outro estudo verificou valores oscilando entre 8,6% e 10,1% para o
diagnóstico de depressão entre a 6ª e a 24ª semanas do puerpério (BOYCE;
HICKEY, 2005 CAMACHO et al., 2006)
Uma metanálise de 59 estudos evidenciou uma estimativa de prevalência de
depressão pós-parto da ordem de 13% (O’HARA; SWAIN, 1996 apud CAMACHO
et al., 2006).
A psicose puerperal é um quadro bem mais raro, e casos encontrados foi
entre 1,1 e 4 para cada 1.000 nascimentos (BLOCH et al., 2003 apud CAMACHO
et al., 2006).
6.4 Etiologia
Fonte: https://www.vix.com
A psicose puerperal costuma ter início mais abrupto. Estudos verificaram que
2/3 das mulheres que apresentaram psicose puerperal iniciaram sintomatologia nas
duas primeiras semanas após o nascimento de seus filhos. Descreve-se um quadro
com presença de delírios, alucinações e estado confusional que parece ser peculiar
aos quadros de psicose puerperal. Pode haver sintomas depressivos, maníacos ou
mistos associados. Não foi estabelecida nenhuma apresentação típica. No entanto,
essas mulheres costumam apresentar comportamento desorganizado e delírios que
envolvem seus filhos, com pensamentos de lhes provocar algum tipo de dano.
Apesar de o suicídio ser raro no período puerperal em geral, a incidência deste nas
pacientes com transtornos psicóticos nesse período é alta, necessitando muitas
vezes de intervenção hospitalar por esse motivo, bem como pelo risco de
infanticídio. Sintomas depressivos, mais do que maníacos, em geral estão
associados aos quadros em que ocorrem infanticídio ou suicídio (CHAUDRON;
PIES, 2003 apud CAMACHO et al., 2006).
Estudos neurocientíficos atuais amparam a hipótese de que a mulher
portadora de psicose puerperal que comete infanticídio precisa mais de tratamento
e reabilitação do que de punição legal, a fim de se impedirem outros casos
decorrentes da gravidade do quadro; hoje em dia, alguns países já defendem essa
hipótese. A educação familiar também estaria presente nesse tipo de intervenção
(SPINELLI, 2004 apud CAMACHO et al., 2006).
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"A decisão sobre o tratamento tem que ser bem informada, para que mãe
e médico cheguem à alternativa considerada mais adequada."
A psicoterapia também pode ser uma aliada no que diz respeito a medidas
de descontinuação ou redução de dose no tratamento farmacológico, diminuindo o
risco de recaídas ou os sintomas depressivos na gestação. No entanto, é importante
ressaltar que não é adequado descontinuar a farmacoterapia em casos mais graves
ou recorrentes. Episódios depressivos leves ou depressão menor podem ter boa
resposta ao tratamento psicoterápico, sendo benéfico às pacientes e ao feto tentar
inicialmente o tratamento não farmacológico nesses casos (CAMACHO et al., 2006).
Newport et al. (2002) realizaram um estudo com 576 mulheres no pós-parto.
Foram estudadas as abordagens psicoterápicas mais significativas na redução da
sintomatologia nesses casos e verificaram-se duas modalidades mais efetivas: a
psicoterapia interpessoal, que foca o seu trabalho nos sintomas depressivos da
paciente e no seu relacionamento com o mundo, assim como o rompimento da
barreira interpessoal; e a terapia cognitivo-comportamental (TCC), que tem como
objetivo ajudar o paciente a solucionar seus comportamentos e cognições
disfuncionais por meio da aprendizagem e da reestruturação cognitiva (CAMACHO
et al., 2006).
A TCC tem como base medir quais são os pensamentos, as ideias, e as
emoções que a pessoa tem sobre si mesma e que se encontram distorcidos,
provocando uma cadeia de reações comportamentais disfuncionais (CAMACHO et
al., 2006).
Em pacientes deprimidos, é corriqueiro surgirem relatos de ideias,
pensamentos e sentimentos que deixam o paciente com humor alterado, refletindo-
se assim diretamente na vida dele e dos que o cercam. Esses pensamentos
denominados automáticos são o coração da teoria cognitivo-comportamental. A
mudança desses pensamentos, várias vezes distantes da realidade, faz com que o
paciente com depressão passe a reavaliar sua condição e reestruturar seu dia-a-
dia (CAMACHO et al., 2006).
No caso das mulheres que apresentam depressão pós-parto, é
extremamente comum apresentarem pensamentos e sentimentos relacionados a
questões referentes aos cuidados do bebê e à sua situação atual. Dessa maneira,
a atuação da TCC visa avaliar e reestruturar tais cognições que refletem em seu
comportamento (CAMACHO et al., 2006).
Foi detectado evolução significativa em grávidas e puérperas que foram
submetidas à TCC em grupos de terapia, fundamentando-se nas escalas de
Edinburgh, no Inventário de Beck para Depressão e no Profile of Mood States
(MEAGER,1996 apud CAMACHO et al., 2006).).
Um estudo com gestantes comparando dois grupos diferentes: o primeiro foi
submetido a técnicas de educação familiar e o segundo, à psicoterapia interpessoal.
As mulheres do segundo grupo foram submetidas a sessões semanais de 45
minutos, durante 16 semanas. Obtiveram-se os seguintes resultados: baseando-se
na escala de Edinburgh, notou-se melhora em 11,8% das pacientes submetidas a
técnicas de educação familiar e em 33,3% das mulheres submetidas à psicoterapia
interpessoal. Em relação à escala de Hamilton, notou-se melhora em 29,4% no
primeiro e 52,4% no segundo grupo, respectivamente. Tendo-se como base o
Inventário de Depressão de Beck, houve melhora em 23,5% das pacientes do
primeiro grupo, enquanto 52,4% das pacientes submetidas à psicoterapia
interpessoal melhoraram (SPINELLI; ENDICOTT, 2003 apud CAMACHO et al.,
2006).).
Os transtornos psiquiátricos na gravidez e no puerpério são bem mais
comuns do que se imagina, e vários casos ainda são subdiagnosticados. Tem-se
dado relevância crescente ao tema, e pesquisas atuais têm focado também o dano
que essas patologias podem acarretar não só à saúde da mãe, mas também ao
desenvolvimento do feto, ao trabalho de parto e à saúde do bebê. Múltiplos fatores
de risco estão enredados, mas a etiologia exata ainda não foi constituída. Esses
transtornos costumam acometer pacientes que já tenham história de patologia
psiquiátrica antecedente, logo, uma boa medida de prevenção é o tratamento
apropriado desses episódios. As medidas de tratamento ainda são largamente
debatidas, devendo-se levar em consideração a relação risco–benefício, sendo,
assim, o bom senso do médico é um aliado importante quanto à escolha do
tratamento nesses casos (CAMACHO et al., 2006).
7 BIBLIOGRAFIA