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APG: Malária

• A malária é uma doença infecciosa febril aguda. Pode ser causada por 4
protozoários do gênero Plasmodium: plasmodium vivax, plasmodium
falciparum, plasmodium malariae e o plasmodium ovale.
• No Brasil, somente os 3 primeiros estão presentes, sendo o vivax e o
falciparum as espécies predominantes.

• É transmitida pela picada de mosquitos do gênero Anopheles (mosquito prego)


infectados com o Plasmodium.
• Esses mosquitos possuem metamorfose completa, ou seja, passam pelos
estágios de ovo, larva, pupa e adulto. Os 3 primeiros estágios são aquáticos, e
o adulto é terrestre. O mosquito necessita, para o seu desenvolvimento, de
criadouros de porte pequeno a médio, água limpa, fria e corrente com sombra.
• Os ovos são elípticos e cada fêmea põe de 50 a 500 ovos individualmente.
Quando adultas, as fêmeas são hematófagas e precisam do repasto sanguíneo
completo para o amadurecimento dos ovos.
• O Plasmodium tem um ciclo de vida que necessita de 2 hospedeiros diferentes
para viver, sendo um vertebrado e um invertebrado. Assim, ele se classifica
como heteroxênico.
• No homem, o ciclo assexuado é também chamado de esquizogônico. Ele se
inicia logo após a picada do mosquito anofelino que realiza a inoculação dos
esporozoítos no homem. Assim, esses esporozoítos infectantes circulam pelo
sangue até encontrar e penetrar nos hepatócitos, iniciando o que se chama de
esquizogônica tecidual ou ciclo pré-eritrocítica. A duração varia de acordo com
a espécie:
-P. falciparum: 6 dias
-P. vivax: 8 dias
-P. malariae: 12 a 15 dias.
-P. vivax e P. ovale: desenvolvimento lento de alguns dos seus esporozoítos,
formando os hipnozoítos
• Ao final do ciclo tecidual, os esquizontes rompem o hepatócito, liberando
milhares de elementos-filhos na corrente sanguínea, chamados merozoítos.
Cada espécie vai liberar uma quantidade diferente de merozoítos:
-P. falciparum: 40mil
-P. vivax: 10mil
-P. malariae: 2mil
• Os merozoítos vão invadir as hemácias, dando início ao segundo ciclo de
reprodução assexuada dos plasmódios: o ciclo sanguíneo ou eritrocítico.
• O parasito dentro da hemácia se desenvolve por um período de 48 a 72 horas.
Após esse tempo, ele rompe a hemácia e libera novos merozoítos que
invadirão novas hemácias, criando um ciclo.
• No início do ciclo eritrocítico, o parasito chega na fase de esquizonte, por
transformações morfológicas. Nessa fase, ele se divide e origina novos
merozoítos que irão ser lançados no sangue.
-P. malariae: hemácias velhas
-P. vivax: hemácias jovens
-P. falciparum: hemácias em qualquer fase

• A reprodução sexuada (esporogônica) do parasito da malária ocorre no


estômago do mosquito, após a diferenciação dos gametócitos em gametas e a
sua fusão, com a formação do ovo (zigoto). Este se transforma em uma forma
móvel que migra até a parede do intestino médio do inseto, formando o oocisto,
no interior do qual se desenvolverão os esporozoítos.
• O tempo requerido para que se completo esse ciclo nos insetos varia com a
espécie de parasito e com a temperatura, situando-se geralmente em torno de
10 a 12 dias. Os esporozoítos produzidos nos oocistos são liberados na
hemolinfa do inseto e migram até as glândulas salivares, de onde são
transferidos para o sangue do hospedeiro humano durante o repasto
sanguíneo.
• O quadro clínico da malária pode ter sua gravidade classificada em leve,
moderada ou grave, tudo depende do parasito, sua quantidade no sangue,
tempo de doença e sistema imune do paciente.
• Há sintomas gerais da malária com diferenciações que podem determinar as
variações na evolução clínica da doença, por exemplo, o P. falciparum pode
resultar em forma grave e complicada, caracterizada pelo acometimento e
disfunção de vários órgãos e sistemas.
• Quadro clínico geral: febre, calafrio e dor de cabeça. Sintomas gerais como mal
estar, dor muscular, sudorese, náusea e tontura, podem preceder ou
acompanhar a tríade sintomática.
• O período de incubação varia de 7 a 14 dias, porém, em P. vivax e P. malariae,
pode chegar a meses. É caracterizado por sintomas gerais com duração de 6 a
12 horas, e após os primeiros paroxismos, a febre pode passar a ser
intermitente.
• A forma clínica grave e complicada apresenta mais sintomas, como prostração,
alteração da consciência, dispneia ou hiperventilação, convulsões, hipotensão
arterial, edema pulmonar, hemorragias. Exames laboratoriais podem detectar
uma anemia grave, hipoglicemia, acidose metabólica, insuficiência renal, hiper
parasitemia.
• A presença de mais de um desses critérios determina a forma grave e indica
internação hospitalar: parasitemia alta, dispneia, oligúria, hemorragia, alteração
no nível de consciência, convulsões, icterícia, hipoglicemia, febre alta
persistente.
• Alguns fatores que contribuem para o desenvolvimento da forma grave são:
espécie do parasito, tempo da doença até diagnóstico, primo-infecção,
gestantes e crianças menores de 1 ano, idosos acima de 70 anos, pacientes
imunodeprimidos.
• Tradicionalmente, o diagnóstico da malária é feito pela visualização
microscópica do plasmódio em exame da gota espessa de sangue, corada pela
técnica de Giemsa ou de Walker.
• Gota espessa: é realizada encontrando os parasitos na corrente sanguínea.
Consegue diferenciar entre as espécies de Plasmodium e seu estágio de
evolução que circula. Também consegue calcular a densidade da parasitemia
em relação aos campos microscópicos.
Nº de parasitos Parasitemia qualitativa Parasitemia quantitativa
contados/campo (por mm³)
40-60 por campo +/2 200-300
1 por campo + 301-500
2-20 por campo ++ 501-10mil
21-200 por campo +++ 10.001-100mil
200 ou mais por campo ++++ >100mil
• Testes rápidos imunocromatográficos: atuam se baseando em detectar
antígenos dos parasitos através dos anticorpos monoclonais que são
encontrados através do imunocromatográfico. Realiza-se no máximo em até 20
minutos.
• A reação é revelada macroscopicamente em fita de nitrocelulose. Assim, os
antígenos irão se combinar com os anticorpos, formando uma banda em região
específica. Cada banda contém o anticorpo de cada espécie e existe ao fim
uma banda de controle, que deve sempre corar.
• Esses testes rápidos não distinguem a espécie de Plasmodium, não medem o
nível de parasitemia e não detectam infecções mistas.
• O objetivo do tratamento consiste em atingir o parasito em pontos-chaves do
seu ciclo evolutivo, assim, deve-se interromper a esquizogonia sanguínea,
destruir as formas latentes e interromper a transmissão.
Fármaco Característica
Quinina Age sobre os trofozoítos, esquizontes e
merozoítos
Cloroquina Age sobre as formas sanguíneas, exceto
gametócitos do falciparum
Quinidina Age sobre os esquizontes hepáticos e
sobre os gametócitos
Primaquina Age sobre formas hepáticas e
sanguíneas
Mefloquina Profilaxia
• A decisão de como tratar o paciente deve ser precedida de informações sobre
aspectos como a espécie de plasmódio infectante, a idade do paciente, história
de exposição anterior à infecção, condições associadas, gravidade da doença.
• Malária não complicada: as medicações são de acordo com o peso e a idade
do paciente.
• Malária complicada: é uma emergência médica. Assim, o principal objetivo é
evitar o óbito do paciente. Os fármacos mais utilizados são o Artesunato e a
Clindamicina.
• Essa doença é de notificação compulsória, e, portanto, todos os casos
suspeitos ou confirmados devem ser, obrigatoriamente, notificados às
autoridades de saúde, utilizando-se as fichas de notificação e investigação.

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