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textos-expositivos-e-instrucionais-para-questionar
Prática Pedagógica
Conhecer textos
expositivos e
instrucionais para
questionar
Mergulhar nos textos expositivos e instrucionais é o
caminho para que a garotada compreenda a linguagem da
ciência, seu método de produção e seus limites
Lorena Verli
Antes de começar a ler esta reportagem, pare um pouco. Olhe à sua volta.
Agora, verifique o seguinte: nesse rápido passeio, quanta ciência há ao redor?
Pense nas roupas que usamos, nos móveis do ambiente e, é claro, nas páginas
desta revista - para produzir e levar este exemplar às suas mãos, foram
mobilizados saberes de diversas áreas de conhecimento, da Matemática dos
computadores em que estas letras foram digitadas à Química da composição
dos pneus dos caminhões que transportaram os exemplares até as bancas.
Para onde quer que se olhe, há ciência.
Usar esse recurso como um material de apoio para ensinar o conteúdo faz
todo o sentido. O problema é que muitos professores acabam transformando-
o na aula em si. Isso faz com que o livro seja a única fonte de conhecimento e,
nesse caso, em vez de contribuir para ampliar a visão de mundo do aluno,
acaba por fechá-la. Tanto pior se o docente apenas pedir à turma para que leia
determinado capítulo e responda um questionário sem se preocupar com a
compreensão do conteúdo lido.
Texto instrucional
Típico das experiências práticas, caracteriza-se por uma sequência de
instruções que, se mal interpretadas, podem levar a conclusões incorretas.
Investigar as imagens que geralmente acompanham o texto escrito,
complementando seu sentido, auxilia na compreensão do conteúdo.
Texto jornalístico
Ao aproximar o conteúdo escolar dos fatos cotidianos, reportagens de jornais e
revistas (sobretudo as de divulgação científica) possibilitam discussões sobre
saúde, alimentação, meio ambiente e tecnologia.
Ele têm linguagem mais simples e permitem que assuntos controversos entre
os cientistas sejam discutidos pelos alunos.
Texto expositivo
Característico dos artigos científicos, também aparece nos livros didáticos. É
um texto fechado, sem espaço para várias interpretações. "Baseado em
comprovações obtidas por meio de experiências, o autor deixa claro o
caminho que fez para chegar à conclusão, comprovando ou refutando uma
hipótese inicial", diz Marcos Engelstein. O livro didático tem a vantagem de
simplificar o discurso científico. Mas, para fazer os alunos avançarem, é preciso
colocá-los em contato com textos que circulam no meio acadêmico, mais
complexo.
1 - Destaque
As palavras grafadas no texto em cores diferentes fornecem pistas sobre o
tema tratado ("a água está presente na sua vida", "salvar nossas fontes de
água")
2 - Texto
Com informações sobre o uso da água no planeta, funciona como uma
amarração entre os recursos gráficos e textuais da página
3 - Fotos
As três abordam o tema água, cada uma de uma perspectiva (histórica,
econômica e ambiental). As legendas contextualizam o local de produção -
somos informados que a imagem da poluição, por exemplo, é do rio Tietê
4 - Atividades
As duas propostas de trabalho (elaboração de lista e produção de um texto)
pedem a participação ativa do aluno, incentivando a ampliação de
conhecimentos
5 - Tabela
Recurso bastante presente nos textos científicos, apresenta dados numéricos
para comprovar uma ideia ou fazer uma comparação
Texto típico da área científica, pede uma linguagem precisa, sempre deve ser
vinculado a algum experimento ou observação de campo e serve para
apresentar os resultados que foram coletados durante esses procedimentos. A
precisão e a objetividade na escrita dos relatórios garantem que todas as
etapas da atividade prática sejam transmitidas de maneira compreensível e
exata pelo autor da pesquisa. Você deve deixar claro que as opiniões pessoais
dos alunos não devem ser apresentadas nesse tipo de texto, já que a ênfase
recai na observação de tudo o que ocorreu durante o procedimento. Uma
sugestão interessante de organização para apresentar as informações é dividi-
las em tópicos: hipótese (a suposição provisória do resultado da experiência),
objetivo da experiência (uma descrição resumida do que se pretende
investigar), desenvolvimento (a descrição do passo a passo do experimento) e
resultados e conclusão (parte em que se discute a hipótese à luz dos
resultados). Essa estrutura é comum em trabalhos acadêmicos, aproximando a
moçada dos procedimentos usados pelos cientistas.
Além disso, você não deve se contentar apenas com o texto oferecido pelos
livros didáticos. Para preparar a moçada para a vida acadêmica, é fundamental
apresentar, pouco a pouco, textos realmente utilizados nos meios acadêmicos.
A medida é ainda mais importante porque a leitura de textos mais complexos
é um dos gargalos na passagem do Ensino Fundamental para o Médio -
justamente por encontrarem muitos problemas para interpretar os tipos mais
complicados, vários jovens acabam engrossando as taxas de evasão. No dia a
dia da sala de aula, a leitura de textos difíceis pode ocorrer em diversas
situações, como nas pesquisas que complementam as informações dos livros,
em atividades de compartilhamento de curiosidades científicas lidas em
revistas especializadas ou na análise de artigos de divulgação científica em
jornais, por exemplo.
CONTATOS
EE Ministro Jarbas Passarinho, R. dos Jasmins, 20, 54759-150, Camaragibe, PE, tel. (81) 3458-3023
EE Professor Leon Renault, Av. Amazonas, 5855, 30180-000, Belo Horizonte, MG, tel. (31) 3332-5097
EMEF Mauro Faccio Gonçalves-Zacaria, R. Raquel Alves Moreira, 823, 05821-130, São Paulo, SP,
tel. (11) 5514-3131Marcos Engelstein, marxeng@ig.com.br
BIBLIOGRAFIA
Ciências: Fácil ou Difícil, Nélio Bizzo, 144 págs., Ed. Ática, tel. 0800-115-152, 34,90 reais