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RECORDAÇÕES 2020 14

27/11/2020 Quando mudamos para nossa casa atual, também observamos se havia escolas, principalmente para
crianças pequenas. Havia várias. Matriculamos a Lara e a Marcia numa escola chamada Ma Cri Ré, nome retirado das
iniciais dos nomes das proprietárias. No início tudo foi bem. Depois a escola pediu para levarmos a Lara para
tratamento, pois não estava acompanhando. Levei para uma psicóloga infantil. Ela fez várias entrevistas e teste.
Finalmente, fez um relatório, que lemos e encaminhamos para a escola. O erro era da escola, que estava forçando
um desempenho inadequado para a idade, e completamente sem significado. Procuramos outra escola e achamos a
LUMEN. Era montessoriana, e tinha duas sedes, uma bem perto de casa e outra um pouco mais longe, ambas na rua
Pio XI. Os menores ficavam perto da rua Diógenes Ribeiro de Lima, mais longe de casa. Os maiores, perto da rua
Caativa, bem perto. As duas estavam gostando muito da escola. A alfabetização era pelo método fônico, ou fonético.
A Lara começou a ter dificuldade. As outras crianças faziam textos curtinhos. A Lara fazia textos imensos, e todas as
trocas possíveis de letras ela fazia. Se lesse com atenção, os textos eram muito ricos, mas era quase impossível fazer
essa leitura, abstraindo das trocas de letras. Levei para fono. Ela já estava melhorando muito, quando a escola foi
despejada da sede, sob alegação que o local era apenas residencial. A Marcia já estava na sede que foi despejada.
Acabei levando as duas para a escola pública mais perto, o Alfredo Paulino. Os professores puseram a Lara de
recuperação junto com alunos da alfabetização. Funcionou muito bem, ela completou o trabalho da fono e quase
não tinha mais as trocas de letras. Mas as duas tinham a idéia de que a escola particular era melhor. Quando já
estavam na 6ª série, acatei os pedidos e transferi para o Objetivo. Foi uma loucura. As duas sofreram bulling,
principalmente a Lara. Depois de muito procurar achei o Marcel Proust, perto de casa, e transferi. Nessa nova escola
as duas se adaptaram muito bem. Contudo, o Marcel Proust teve problemas financeiros por causa da inflação e dos
planos para conter a inflação. Elas já estavam no colegial. Não lembro em que momento a Lara ficou para trás, e na
mesma turma da Márcia. Mas as duas terminaram juntas o ginásio, no Marcel Proust. Foi no colegial que tive que
levar as duas para uma escola bem conceituada, mas mais distante de casa. Apesar das dificuldades a Marcia se
adaptou, mas a Lara não. Forma então transferidas para o Módulo, escola mais perto de casa, e também boa. A Lara
quis parar de estudar, e entrou numa seleção para ser confeiteira numa firma que tinha treinamento em Minas. Lá
ela não agüentava de dor nas pernas. Desistiu, voltou para São Paulo e foi estudar de novo. Escolheu o curso normal.
Certa vez deixei na escola do estágio. Casualmente, passando pela rua Araçatuba, flagrei a Lara entrando na
biblioteca. Dei bronca e levei de volta para o estágio. Quando finalmente terminou o segundo grau, antigo ensino
médio, fez o cursinho e passou na PUC, onde foi fazer o curso de História.
A Marcia sempre foi bem na escola, e passou em Letras em Santa Rosa e na USP. Já estava namorando o José
Carlos, por quem era muito apaixonada, e ele morava em Santa Rosa. Mesmo assim, a melhor opção era a USP. O
José ficou magoado comigo por eu ter incentivado a fazer a USP.
Mais tarde ele veio fazer cursinho e ficou aqui em casa. Passou em Farmácia, na UNIP. Saiu para fazer a
matrícula, mas não gostou da escola e não fez a matrícula. Arranjou emprego. Os dois ficaram juntos desde então.
Transformaram a garagem numa espécie de apartamento, que ficou uma gracinha.
04/12/2020
Depois que a Bruna nasceu, contratamos babá para cuidar dele. Não deu muito certo. A moça se distraia,
não queria ajudar em nenhum outro trabalho e ganhar mais que a outra empregada que arcava com todos os
serviços da casa. Dispensamos. Contratamos faxineira para ajudar nos trabalhos mais pesados. Estava dando certo.
Quando o Bruno nasceu, dispensamos faxineira e optamos por ter duas empregadas fixas, sendo uma mais
responsável pelas crianças. Quando pintamos toda a casa, ficou muita gente, todos se distraíram e deixaram o Bruno
cair na escada. Já contei o caso, ele feriu a testa e tem a cicatriz até hoje. Acabamos ficando de novo com o esquema
de uma empregada e uma faxineira, e pusemos o Bruno numa escolinha em tempo integral perto da CENP. Eu
coordenava a parte de pesquisa de um projeto, com verba do salário educação do MEC, para melhoria do ensino de
alfabetização nas periferias urbanas. Envolvia toda a Cenp. O setor de Currículo planejava as atividades de todas as
áreas e juntamente com setor de Supervisão fazia treinamentos para os coordenadores pedagógicos das escolas
selecionadas para o projeto, nas periferias da região Leste de São Paulo. O Setor de Pesquisa elaborava
questionários, entrevistas, roteiros para observação, aplicava e analisava todos os instrumentos de avaliação. Para
isso foram contratados auxiliares de pesquisa. Eu fui pessoalmente assistir todos os encontros com os
coordenadores pedagógicos , e orientei os auxiliares de pesquisa. Todos os dados foram tabulados e trabalhados
com o programa de análise estatística para as ciências humanas. Minha colega Raif fez os cursos para uso desse
programa, dados pela Fundação Carlos Chagas, e fez todos os programas necessários para o computador. O
professor Pastore indicou uma pedagoga, especialista em estatística, para nos assessorar. Foi um ano de trabalho
intenso. Havia dias que o Bruno ficava na escolinha quase 10 horas ou mais. Ele ficava bem quieto, não desenvolveu
bem a linguagem, era quase um menor abandonado. Assim que completou três anos, a EMEI Jean Piaget, perto de
casa, experimentalmente começou a aceitar crianças com três anos. Matriculei o Bruno. No ano seguinte a Emei
voltou a aceitar apenas crianças de quatro anos. Ele ficava muito cansado ao subir a ladeira da Emei, e ficava muito
quieta e calado. Um dia dei para ele uma tesourinha sem ponta. As professoras da Emei ficaram com medo e tiraram
dele. Ele ficou furioso e falou:” mamãe deu”. Só aí que descobriram que ele não era mudo, e sabia falar.
Com a idade certa, inscrevi para matrícula no primeiro ano da escola de aplicação da Feusp. Ele deu muita
sorte. Um colega da Feusp esqueceu de inscrever a filha. Se tivesse inscrito, ultrapassaria o número de vagas
destinadas para a Feusp e haveria sorteio. Mas todas as demais crianças já tinham começado a se alfabetizar no pré,
e o Bruno teve dificuldade. Na EA tinha duas turmas, a mais forte e a mais fraca. O Bruno ficou reprovado na
primeira série, mas foi incluído na serie mais forte no ano seguinte. Foi realmente melhor para ele, que conseguiu
acompanhar bem nesta segunda vez.

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