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Unidade 1 – Seção 1
Nesta webaula, teremos como foco a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e as principais
transformações no ensino de história e geografia na educação infantil e nas séries iniciais do ensino
fundamental.
Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
A Base Nacional Comum Curricular se transformou em uma das propostas da sétima meta do Plano
Nacional de Educação, aprovado em 2014, com o objetivo de ampliar a qualidade educacional
brasileira, estabelecendo e implantando:
diretrizes pedagógicas para a educação básica e a base nacional comum dos currículos, com direitos
e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento dos(as) alunos(as) para cada ano do ensino
fundamental e médio, respeitada a diversidade regional, estadual e local.
(BRASIL, 2017, p. 10).
A versão final do BNCC para a educação infantil e o ensino fundamental foi aprovada em 22 de
dezembro de 2017, sob a orientação dos princípios políticos, éticos e estéticos para a formação
integral do aluno e para a construção de uma sociedade inclusiva, democrática e justa.
de história e geografia deve ter algumas particularidades. Conheça quais são elas no mapa
mental a seguir.
Assim, para terminar, vale destacar que na educação infantil, os educadores têm se deparado com a
tarefa principal de centrar o processo de aprendizagem na criança, considerando-a como um agente
da produção de conhecimento. Já nos anos iniciais do ensino fundamental, a principal empreitada a
ser enfrentada é a criação de um novo modelo de educação que dialogue com o cotidiano do aluno,
preparando-o para respeitar as diferenças e compreender si mesmo e seu mundo.
Unidade 1 – Seção 2
Nesta webaula, compreenderemos quais são os objetivos e as competências gerais estipulados pela
Base Nacional Comum Curricular (BNCC), relacionando-os ao ensino da disciplina de história na
educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental.
Objetivos na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) reorganizou as expectativas para a educação básica
brasileira, criando novos pontos de partida para a determinação dos currículos.
Educação infantilPara a educação infantil, foram estabelecidos os direitos de aprendizagem, com o
objetivo de enfatizar o desenvolvimento da criança de forma completa, para além de sua
aprendizagem escolar, dentre os quais estão os direitos éticos, os estéticos e políticos. Nesse
sentido, a história deve ser empregada por meio do diálogo com as experiências e situações
concretas da vida do aluno, os chamados campos de experiência.
O ensino de história nos anos iniciais do ensino fundamental sob o olhar da BNCC
Por fim, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) traz diversas orientações sobre o processo de
ensinar história também para os anos iniciais do ensino fundamental, discutindo a importância do
estabelecimento de relações entre o passado e o presente como questão principal a ser levada em
consideração na determinação dos currículos.
A BNCC ressalta a necessidade de criar referenciais teóricos para tornar os objetos históricos
escolhidos inteligíveis, sugerindo o trabalho com fontes diversificadas e transformando o processo de
produção e de transmissão dos conhecimentos em uma atividade flexível, dinâmica e interdisciplinar.
Segundo o documento, existem alguns processos que devem ser considerados como imperativos
para o desenvolvimento dos alunos nos anos iniciais do ensino fundamental:
O desenvolvimento de condições para a seleção, a compreensão e a reflexão por parte dos alunos
acerca dos sentidos dos usos, da produção e da circulação desses documentos.
Fonte: iStock
Para terminar, vale destacar que ainda que a questão da diversidade seja um tema muito presente
na BNCC para os anos iniciais do ensino fundamental, ela é estabelecida a partir do olhar da
naturalização da identidade e da diferença (SILVA, 2000, p. 85).
Mais do que identificar e respeitar a diversidade, uma das propostas do ensino de história é que o
aluno reconheça a construção histórica das diferenças e as relações de poder imbricadas nesse
processo, responsáveis por privilegiar determinados grupos e submeter outros.
Unidade 1 – Seção 3
Unidade 1 – Seção 3 Nesta webaula, compreenderemos quais são as propostas da Base Nacional
Comum Curricular (BNCC) para o ensino da disciplina de geografia nos anos iniciais do ensino
fundamental.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e o ensino de geografia
A Base Nacional Comum Curricular reformulou a abordagem sobre o ensino de geografia na
educação básica, dispondo esse componente curricular desde a educação infantil e propondo que ele
se transforme numa ferramenta importante para a percepção e a análise crítica da realidade do aluno.
Para que isso seja possível, o documento propõe o desenvolvimento de dois conceitos principais em
todas as etapas da aprendizagem de geografia: o pensamento espacial e o raciocínio geográfico.
Em síntese, a principal proposta da BNCC é permitir que o aluno aprenda a captar as informações do
espaço vivido, dos lugares e paisagens pelos quais transita, compreendendo como seu entorno foi
construído e modificado pelas relações entre o homem e a natureza.
Fonte: iStock.
Ritmo: a rotina escolar com divisões de tempo para atividades dirigidas, descanso e alimentação, o
ciclo circadiano, a percepção das diferenças entre o dia e a noite.
Não podemos pensar, nos casos da sala de aula e da casa, em uma via simples e unidirecional, em
que os espaços apenas abrigam as atividades. Muito mais do que isso, qualquer espaço constitui
um espaço interacional, que sempre será diferente conforme mudam as pessoas e as relações
estabelecidas ali. Sendo assim, é nesse espaço interacional que a aprendizagem se estabelece. Por
exemplo:
Trabalhar os conceitos necessários para o reconhecimento de semelhanças e diferenças entre os
espaços de convivência dos alunos ampliará o vocabulário em relação aos termos que
normalmente utilizamos para comparar (maior, menor), para caracterizar (estreito, largo, grande,
pequeno, alto, baixo), para medir distâncias (perto, longe).
O trabalho com sistema de medidas, padronizados ou não, é de grande importância para que as
crianças possam comparar resultados e perceber a diferença de medidas quando são utilizados
sistemas não padronizados (pés, palmos) e para que reflitam sobre qual é o melhor instrumento para
medir objetos de acordo com suas características.
Quais as tendências para o ensino e aprendizagem dos espaços com as crianças da educação
infantil e dos anos iniciais do ensino fundamental?
Considerando o que propõe a BNCC no que diz respeito aos direitos dos alunos da educação infantil,
entende-se que o conhecimento deve ser construído levando em conta as demandas das crianças em
termos de aprendizagem de conhecimentos, habilidades sociais e de uma crescente autonomia.
Isso é garantido com um espaço de aprendizagem organizado para que as crianças possam sentir-se
acolhidas e desafiadas, onde suas ideias sejam levadas em conta e que possam tanto explorar
livremente quanto realizar atividades dirigidas.
Por fim, como avaliar as competências desenvolvidas com relação a esta temática?
A avaliação na educação infantil deve sempre ser processual, decorrente de uma observação atenta
do aluno e de como ele emprega o que aprendeu nas atividades desenvolvidas. Isso implica avaliar:
A linguagem utilizada.
O desenvolvimento neuropsicomotor.
As habilidades afetivas e de interação.
O uso sistemático do que foi trabalhado em sala.
Nesse sentido, será perceptível a desenvoltura do educando na exploração do espaço físico, o
reconhecimento de semelhanças e diferenças entre os espaços conhecidos, observados tanto por
meio da linguagem utilizada quanto em atitudes apresentadas pelo aluno.
A linguagem como recurso de localização no tempo e no espaço
Nesta webaula trabalharemos a linguagem como ferramenta para o educando se colocar no mundo e
construir sua aprendizagem. Na educação infantil é comum que as crianças estejam em fases
diferentes do desenvolvimento em diversas áreas e é preciso garantir que todas consigam se
expressar e avançar, cada uma no seu ritmo.
Como possibilitar ao aluno a compreensão de que a linguagem é uma forma de se colocar no
mundo?
A linguagem desenvolve-se no fluxo interativo, e as crianças, a depender da quantidade e,
principalmente, da qualidade de estímulos que recebem no sentido de se fazerem entender e de
compreenderem o que lhes é comunicado, conseguem, ao longo de seu desenvolvimento, basear a
construção de seus conhecimentos.
Espaço: espaço de reconhecimento e segurança
A escola, como um dos primeiros espaços interativos com os quais a criança tem contato fora de seu
“mundo” (antes restrito à sua casa e a outros ambientes quase que estritamente familiares), é
fundamental na construção de uma linguagem que possibilite uma comunicação eficiente e
representativa.
Esse papel da escola, de possibilitar à criança um espaço de reconhecimento e segurança, é
desempenhado a todo momento, no decurso de atividades coletivas, na interação da criança com
seus pares, nas orientações e intervenções individuais feitas pelos professores.
De que forma, então, podemos utilizar a linguagem como recurso, ou melhor, fazer com que a
criança se aproprie da riqueza desse recurso?
Cada vez que uma criança se expressa, oralmente ou pela escrita (não importando a hipótese de
escrita em que se encontre), há a possibilidade de um diálogo e, portanto, de intervenção na
construção da linguagem pela criança.
Compreender a linguagem como ferramenta de criação e manutenção de regras
Desde que entram na escola, as crianças se deparam com uma lista de combinados que devem
cumprir para garantir a boa convivência naquele espaço comum. Muitas vezes é exigido das crianças
que compreendam e aceitem regras sem que elas tenham ainda a capacidade de elaborar o que
cada uma dessas regras significa.
Função das regras no desenvolvimento humano
Faz parte do desenvolvimento, na etapa da educação infantil, ter uma atitude heterônoma em relação
às regras, o que quer dizer que as normas são obedecidas, pois são colocadas por alguém com
quem a criança estabelece uma relação verticalizada, de autoridade, no caso o professor.
Conforme vão crescendo e se desenvolvendo cognitivamente, as crianças adquirem, de forma
gradativa, uma postura mais autônoma em relação às normas, pois elas precisam fazer sentido.
Cognitivamente, é preciso que haja algum conflito entre o que a criança já sistematizou em termos de
conhecimento para que seja necessário buscar outras formas de pensar e resolver as situações. É
justamente nesse ajuste que ocorre a aprendizagem.
Nesse contexto, Piaget descreve duas fases no desenvolvimento das crianças em que ficam claras as
diferenças entre as relações verticais e horizontais.
Coação
No início do desenvolvimento, as primeiras relações sociais das crianças ocorrem com pessoas
adultas, em que as regras são estabelecidas e obedecidas em uma situação em que um lado dessa
relação (o adulto) é superior ao outro (a criança). A essa relação ele dá o nome de coação. Nesta a
criança é considerada heterônoma, pois a regra vem instituída de um lugar exterior e é somente
obedecida.
Cooperação
Conforme acontece o desenvolvimento, as crianças passam a estabelecer uma relação
de cooperação com crianças da mesma idade, em que não se estabelece nenhum tipo de
autoridade. Na cooperação, a criança vai adquirindo autonomia, pois a regra é um constructo
elaborado na relação, com sua participação efetiva.
Entendemos que a linguagem é estruturante para a criança em seu processo de aprendizagem,
possibilitando que compreenda sua condição de protagonista na construção de seu conhecimento.
Diante disso, como trabalhar na escola e com crianças que estão, muitas vezes, em estágios
diferentes no processo de desenvolvimento dos conceitos de espaço e tempo?
Na educação infantil, quanto mais concretos forem os planejamentos das atividades e da rotina, mais
a criança conseguirá se estruturar para situar-se no tempo e no espaço. O estabelecimento de uma
rotina dá à criança noções de:
Continuidade
Periodicidade
Duração
Início
Meio
Fim
São termos acadêmicos/científicos que, muitas vezes, ainda não fazem parte do repertório da criança
nesse nível de ensino, mas possivelmente ela já elabora algumas ideias sobre isso. Por exemplo:
O conhecimento social, mesmo aquele aplicado aos locais que a criança frequenta – por exemplo,
saber que antes do lanche deve-se lavar as mãos – já a insere em uma rotina. A elaboração dessas
atividades de forma estruturada dará possibilidades de extrair conceitos do senso comum e levá-los a
uma compreensão formal desse conhecimento, o que acontece por meio da linguagem.
O mesmo acontece em relação ao espaço, quando a apresentação de conceitos espaciais acontece
no decurso de atividades simples, como pintura e colagem; quando se orienta o aluno a colar um
desenho acima de uma linha, a sentar ao lado do colega, a reconhecer a simetria entre os lados
direito e esquerdo do seu corpo, quando se trabalha com pontos de referência dentro da sala, ou em
espaços externos.
Assim, quais são as tendências para o ensino e a aprendizagem da linguagem como recurso
de localização no tempo e no espaço?
Refletir sobre a construção de forma global, sem categorizar, hierarquizar ou compartimentar as áreas
do conhecimento possibilita ao professor da educação infantil ampliar as possibilidades de ação
acerca das áreas de conhecimento, componentes curriculares e direitos de aprendizagem em seu
trabalho.
Atividades de exploração do espaço
Estas atividades trabalham conceitos matemáticos, além daqueles específicos da área de geografia.
Marcar o tempo e organizar as atividades em forma de uma tabela de rotina trabalha a linguagem
escrita, além dos conceitos específicos de história.
Atividades de registro
Pensar em atividades em que o registro é feito por meio de colagens e desenhos possibilita aos
alunos desenvolver atitudes de planejamento e perspectiva, em que o professor poderá observar a
sistematização dos conceitos trabalhados de forma dinâmica.
Atividades em grupos
Desenvolver atividades em grupos, possibilitando que alunos que estão em diferentes hipóteses de
escrita criem juntos, auxilia o aluno que se encontra nos níveis mais iniciais a evoluir em seu
processo de alfabetização sem desestimular aqueles que se encontram em uma hipótese mais
avançada.
Em suma, trabalhar com seres humanos é trabalhar com a diversidade. Modos diferentes de viver,
diversas constituições biológicas e formações familiares. Portanto, o contexto em que uma criança
está inserida diz muito sobre como ela reage ao mundo e o elabora.
A partir disso, como avaliar as competências desenvolvidas com relação a esta temática?
A avaliação na educação infantil deve sempre considerar a criança como um ser global. Não deve
haver comparação com outras crianças, no entanto, deve-se sempre apresentar evolução em relação
aos conceitos trabalhados em sala. Tudo isso pode ser observado na rotina escolar, o que garante
uma avaliação respeitosa da fase de desenvolvimento em que se encontram os alunos desse nível de
ensino.
No que diz respeito à linguagem, a criança deve dar conta de inserir em seu repertório os conceitos
básicos trabalhados em sala, avançar em seus próprios processos e usar os conhecimentos
construídos de forma prática e organizada.
O corpo como registro do tempo e do espaço
Os comportamentos e os corpos não são instituições unívocas: são socialmente apreendidos,
condicionados pelo tempo histórico em que a criança vive, construídos e reconstruídos em cada
cultura. A partir dessa concepção, é necessário problematizar:
As diferentes formas de utilização do corpo como ferramenta de apreensão do espaço e do tempo,
compreendendo como a educação infantil pode contribuir com o processo de determinação das
atitudes corporais das crianças (GOELLNER, 2003).
Para que os alunos do 1º e 2º ano do ensino fundamental aprendam a pensar o espaço, a Base
Nacional Comum Curricular propôs alguns recursos a serem utilizados pelo professor em sala de
aula. A seguir, conheça cada um deles.
Analogia
O primeiro deles é a analogia, indicando aos alunos que os fenômenos naturais e os acontecimentos
humanos podem ocorrer de maneiras semelhantes, mas nunca acontecem de forma igual nas
diferentes partes do mundo – as migrações e os terremotos, por exemplo, podem ocorrer em
qualquer lugar, mas as consequências desses fenômenos são diferentes de acordo com as
características de cada região.
Diferenciação
Ao mesmo tempo, um segundo recurso pode ser ativado: o da diferenciação, a partir do momento
em que o aluno pode ser levado a refletir sobre as características especiais de cada localidade para
compreender as especificidades dos fenômenos (como o clima, o tipo de relevo ou as necessidades
da população local) em relação a outros locais (MOREIRA, 1999).
Conexão
O professor pode desenvolver um terceiro recurso importante para o trabalho do raciocínio
geográfico, a conexão, mostrando aos alunos que um fenômeno geográfico nunca ocorre de forma
isolada, sempre estando em interação com outros fenômenos – sejam eles próximos ou mais
longínquos.
Distribuição
A distribuição, por sua vez, é um recurso que tem como objetivo explicar para os alunos a forma
como os objetos se repartem pelo espaço. Além disso, está relacionada às características naturais de
ocupação, permitindo a leitura do mundo de forma mais ampla.
Extensão
O professor pode trabalhar também com o recurso da extensão, levando os alunos a pensarem
sobre as dimensões e sobre a finitude do espaço e dos fenômenos (FERNANDES; TRIGAL;
SPÓSITO, 2016).
Localização
Dentro de um espaço contínuo e finito, deve ser desenvolvido o recurso da localização, mostrando
ao aluno a posição particular dos objetos na superfície terrestre, permitindo que ele identifique tanto
sua localização absoluta (a partir de um sistema de coordenadas geográficas) quanto sua localização
relativa (determinada por meio das relações espaciais e pelas interações topológicas).
Ordem
Por fim, cabe ao professor desenvolver com os alunos o recurso da ordem, refletindo com seu grupo
sobre os usos do território e mostrando como o espaço foi estruturado segundo as regras produzidas
pela sociedade. Cabe ressaltar que o recurso da ordem é considerado o de maior complexidade
(MOREIRA, 1982).
A história nos anos iniciais do ensino fundamental: o que e como ensinar?
A Base Nacional Comum Curricular define como principais objetivos para o ensino de história nos
anos iniciais desta etapa do processo de ensino-aprendizagem:
Facilitar a compreensão do espaço e do tempo, tendo como referência a comunidade de
pertencimento do aluno.
Auxiliar na construção da identidade do educando, permitindo o reconhecimento do indivíduo, do
outro e do coletivo.
Tais objetivos entram em contato direto com a primeira unidade temática proposta para o ensino de
geografia nos anos iniciais do ensino fundamental, O sujeito e seu lugar no mundo, desenvolvendo a
identidade do aluno e os princípios de sua alteridade.
região.
Conforme consta no documento da BNCC, alguns pontos são imprescindíveis. A seguir, conheça
quais são eles.
Lugar no mundo e consequências das ações
O aluno deve reconhecer seu lugar no mundo e as consequências de suas ações sobre ele. Nesse
sentido, é importante que se promova a reflexão sobre a influência da ação humana no meio e sobre
os aspectos culturais das relações estabelecidas em cada espaço de convivência.
Planejamento das ações
Outro ponto que merece destaque é o planejamento de ações que visem dosar o impacto da ação
humana no ambiente, refletindo em intervenções locais que podem ser implantadas em casa ou na
escola e que busquem a conservação dos espaços para além daqueles restritos às áreas geográficas
de convivência do aluno.
Reconhecimento das características do lugar de moradia
Reconhecer as características de seu lugar de moradia, considerando todos os aspectos citados
anteriormente, possibilita a conclusão de que essas diferenças ocorrem em todos os locais e tipos de
cultura, o que facilita o trabalho com as características geográficas de outros locais e populações,
dando base a uma discussão sobre as maneiras sustentáveis de se colocar e de agir no mundo.
No que se refere aos territórios, Callai (2013) destaca a importância do reconhecimento destes como
espaços vivos e da premência de se discutir com os alunos o quanto esses espaços se modificam a
todo tempo. A autora também destaca que as pesquisas, tanto de textos quanto de campo, são muito
necessárias no trabalho com essa temática, uma vez que possibilita aos alunos perceberem como
sua ação modifica os espaços, mas também reflitam sobre sua “não ação” e as consequências disso.
Como abordar as temáticas na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental?
Conforme preconiza a BNCC, os conceitos devem ser trabalhados de forma integrada e progressiva.
Dessa forma, as crianças devem:
Primeiramente, tomar consciência dos espaços compartilhados pela família.
Em seguida, dos espaços compartilhados pelos colegas de escola.
Ao fazer isso, ela expande sua construção de conhecimentos por meio desses espaços e de tempos
diferentes, fazendo também projeções em relação ao futuro, tanto na perspectiva de criação de
hipóteses quanto de planejamento de ações de preservação dos espaços e das memórias culturais
da sociedade em que estão inseridas.
Nesse contexto, qual é o papel do professor?
O papel do professor, nesse contexto, deve ser o de auxiliá-los a elaborar um pensamento crítico em
relação ao que é trabalhado na escola. Assim, é possível promover o desenvolvimento cognitivo das
crianças e convertê-lo em uma sistematização dos conceitos trabalhados de forma crítica e
consciente, com o foco na formação de cidadãos participativos e comprometidos com o avanço da
sociedade.
Quais as possibilidades do uso da tecnologia digital ou não no estudo das diferentes
paisagens?
A tecnologia, como estudo de uma técnica ou ofício, é parte do processo educacional. Quando
usamos diferentes instrumentos de medição, de observação, de coleta e organização de dados,
estamos fazendo uso de tecnologia.
O uso da internet possibilita estudar mapas com uma riqueza grande de detalhes, que podem servir
como modelo para comparação e compreensão de aspectos locais das paisagens estudadas. Em
resumo, proporcionar aos alunos a exploração das diferentes tecnologias, estimulando o seu uso, faz
parte de educar os sujeitos para uma construção de conhecimento que pode acontecer de forma mais
global e menos limitada.
O computador jamais substituirá o professor, mas pode, e deve, ser um aliado, principalmente no que
que diz respeito à elaboração de materiais que dão conta de registrar a aprendizagem, seja em forma
de vídeos, apresentações ou mapas mentais.
Fonte: Shutterstock.
Por fim, quais as possibilidades de trabalho interdisciplinar e como avaliá-lo?
É possível elaborar um projeto em relação a paisagens que envolva vários componentes
curriculares de forma integrada. Além de enriquecer o trabalho, essa atividade funciona como um
meio de garantir uma abordagem global dos conteúdos, esgotando-o de forma dinâmica e capaz de
facilitar a sistematização de diversos conceitos que, talvez, tomassem muito mais tempo se fossem
trabalhados de forma desarticulada.
Em relação à avaliação, os registros das atividades, quando mensurados pelos professores,
preferencialmente de forma qualitativa, devem levar em conta a capacidade de os alunos articularem
os conceitos trabalhados em diferentes áreas do conhecimento. verificação deve acontecer em
termos de:
Comparação, elaboração e confirmação de hipóteses.
Planejamento de ações de conservação e sustentabilidade.
Compreensão dos efeitos sociais e culturais em relação à ação humana.
Compreensão dos efeitos sociais e culturais em relação aos espaços.
Em suma, a partir do conteúdo apresentado nesta webaula, é possível compreender que o estudo de
paisagens no ensino de história e geografia é muito denso e rico, principalmente porque cada lugar
tem suas próprias características e elas se modificam por conta da diversidade cultural de cada lugar.
Perceber a interação das pessoas entre si e das comunidades com um determinado espaço faz o
estudo de cada local, desde um pequeno bairro até um continente, ser único .
É comum ouvir relatos, que passam de geração a geração, de famílias que moravam em fazendas e
sítios, onde havia a exploração de recursos naturais e da força de trabalho vinda de fora, como forma
de estabelecer uma vida em comunidade que garantisse a subsistência e também o crescimento
econômico tanto dos locais quanto das famílias.
Isso ocorria em uma época em que a escravidão estava abolida, mas os negros ainda
constituíam uma força de trabalho barata e subalterna, o que fez perpetuar um contexto de
exploração e preconceito.
Essa contextualização histórica torna-se importante para que os estudantes compreendam que
a formação populacional dos espaços aconteceu com a mistura de várias culturas, em uma
época em que houve a ocupação de terras por essa população, que veio para o Brasil, primeiramente
a trabalho, em um ofício basicamente instrumental, mas que com os ganhos oriundos da atividade
laboral puderam também constituir-se como proprietários e gerar lucro e trabalho a outros.
Como abordar as temáticas na educação infantil nos anos iniciais do ensino fundamental?
Ao abordar o tema “migrações”, associando-o ao campo das relações e considerando que cada
indivíduo tem sua história e vai carregá-la consigo durante toda vida; o professor traz o aspecto
significativo ao trabalho pedagógico, essencial para a sistematização de alguns conceitos com alunos
menores (PINO, 2010). Dessa forma, torna-se a aprendizagem uma construção significativa. Para
tanto, são necessários alguns posicionamentos. A seguir, conheça cada um deles.
Análise de documentos
A análise de documentos apoia a pesquisa e a discussão sobre a origem e as contribuições de cada
família na formação da comunidade em que se convive, bem como a manutenção das tradições do
país de origem dentro da família.
Nível de desenvolvimento e de compreensão das crianças
É preciso sempre levar em consideração o nível de desenvolvimento e de compreensão das
crianças acerca do tema trabalhado, permitindo uma elaboração contextualizada do que está sendo
tratado, possibilitando uma sistematização gradual de todos os aspectos inerentes ao conteúdo.
Por fim, quais as possibilidades de trabalho interdisciplinar com a temática e como avaliá-la?
A abordagem interdisciplinar sobre a temática da migração tende a enriquecer a construção do
conhecimento sobre o tema. Na área de linguagens, pode-se estudar a origem das palavras, os
diferentes sotaques, extrapolando esses saberes para a melhoria de condições de vida através do
manejo correto na agropecuária, dos avanços técnicos científicos, como as vacinas e a criação de
medicamentos, e as descobertas científicas feitas no Brasil por cientistas estrangeiros e cientistas
brasileiros no exterior.
Campo da religião
Estudos e pesquisas sobre os costumes religiosos de cada povo.
Vale acrescentar que há, ainda, muitas possibilidades com o trabalho de forma transversal que
poderão ser abordadas em diferentes componentes, incluindo as temáticas de diversidade cultural,
etnia, desigualdade social, entre outros.
Assim, para terminarmos os estudos desta webaula, vale salientar que, a partir dela, pudemos
compreender como o trabalho com o tema de mudanças e permanências é rico e prescinde de uma
reflexão da realidade atual comparada às características históricas sobre o tema. Essa abordagem
possibilita aos alunos a compreensão de aspectos que vão além da formação de um novo grupo de
pessoas, dando base à percepção de que as mudanças que resultaram dos processos de migração
compreendem aspectos geográficos, históricos, culturais e, principalmente, sociais.
Ainda que essa narrativa tenha sido transmitida por outras pessoas, ao tomar posse do objeto de
registro e da sua história, o aluno passa a trazer sua impressão acerca desse material e sua própria
narrativa passa a fazer parte do objeto.
Nesse contexto, como demonstrar a passagem do tempo?
A passagem do tempo pode ser demonstrada de diferentes formas, e dependendo do espaço
temporal escolhido, sempre haverá diferentes instrumentos destinados ao registro de informações.
Por exemplo, jornais de grande circulação, revistas semanais de notícias, política, além daquelas
destinadas a um segmento específico da população, ainda que sem caráter científico, eram formas de
obter informação em uma época em que não havia a difusão de informações como conhecemos hoje.
A realidade é que houve uma transição entre o tempo em que os registros e a comunicação não
tinham outra forma de ocorrência para um período em que o avanço tecnológico tornou possível, e
mais barato, o acesso às tecnologias de informação e isso afetou diretamente a forma de
comunicação entre as pessoas.
Como abordar as temáticas na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental?
A ideia de uma comunicação globalizada que dá outra forma às relações humanas é um tema que faz
parte da vida das crianças dessa geração desde muito cedo. Trazer a questão da proximidade física e
da aparente proximidade que a tecnologia proporciona, de forma comparativa, pode constituir o
caminho do fazer pedagógico sobre esse tema, levantando as facilidades e dificuldades das
diferentes formas de comunicação e espaços onde a comunicação ocorre.
Para que os alunos percebam a diferença entre cada tipo de comunicação, qual deve ser a
prática do professor?
Levar os alunos a comunicarem-se por meio de cartas, bilhetes, simulações de telefonemas e troca
de mensagens digitais e e-mails faz com que percebam a diferença entre cada tipo de comunicação
utilizada atualmente e em outros tempos, possibilitando a comparação e o levantamento de
vantagens e desvantagens de cada um deles.
Qual meio de comunicação é mais fácil de ser utilizado antes da efetivação da alfabetização?
Classificá-los de acordo com a formalidade, com a possibilidade de registros, qual abrange mais
grupos sociais quando utilizados – em termos de difusão do uso em todos os grupos sociais, em
termos da facilidade de acesso.
Essa discussão traz à tona aspectos sociais e culturais da comunicação, que transcendem a questão
do tempo e do espaço, possibilitando situar a comunicação e as relações humanas.
Quais as possibilidades do uso da tecnologia digital ou não no estudo das relações humanas e
mudanças?
O trabalho com esse tema prescinde de documentos e modelos de documentos para tornar concreta
a passagem e a marcação do tempo em relação às mudanças na forma de as pessoas relacionarem-
se, comunicarem-se e de como isso tem impacto nas configurações da sociedade ao longo dos
tempos.
A passagem do tempo é marcada pelos instrumentos e atividades humanas. Observa-se diferenças
nos brinquedos, nas brincadeiras, nos eventos de lazer e nas estruturas sociais, como a família, a
escola e a comunidade.
Como trabalhar o tema da passagem do tempo e as mudanças das relações ao longo dele?
Levar os alunos a refletirem e questionarem sobre as diferenças entre as maneiras de se relacionar
experimentadas pelas gerações passadas e as maneiras com que se relacionam na atualidade
compõe o substrato para o estudo da passagem do tempo e as mudanças das relações ao longo
dele, e como estas relações foram impactadas pela passagem dos anos, com a tecnologia cada vez
mais presente na vida das pessoas.
Fonte: Shutterstock.