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Julia Rany Campos Uzun
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CONCEITO-CHAVE
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Para os anos iniciais do ensino fundamental, os objetivos principais são a
construção do sujeito (a partir do estabelecimento das figuras do “eu”, do “outro” e
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de coletividade) e o reconhecimento das noções de espaço e de tempo, tendo
como referência a comunidade de pertencimento. Tais objetivos devem ser
desenvolvidos a partir de 10 competências gerais, estipuladas pela BNCC como a
capacidade de mobilizar atitudes, habilidades, conhecimentos e valores para
resolver as demandas cotidianas, para garantir o exercício da cidadania e para
responder às necessidades do mundo do trabalho (BRASIL, 2017). É a primeira vez
que essas propostas são organizadas dessa forma, mas a maioria delas não é
inédita, já tendo sido discutidas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (como a
necessidade de trabalhar com a cooperação e a empatia).
ASSIMILE
Quais são as competências gerais e como a história dialoga com elas? A primeira
das competências gerais se refere à utilização e à valorização dos conhecimentos
construídos ao longo do tempo acerca da sociedade, da cultura, do mundo digital e
físico para a explicação da realidade do aluno. Nesse sentido, a história pode
ajudar no reconhecimento de diversos tipos de fontes para a construção do
conhecimento ético e na aplicação intencional desse conhecimento em diversos
contextos distintos. A segunda propõe o desenvolvimento do raciocínio científico e
a criatividade, utilizando a história como um meio para conectar duas ou mais
ideias distintas (distantes no tempo e/ou no espaço); enquanto a terceira aborda a
inclusão do aluno no universo da produção cultural e artística do mundo, fazendo-
o participar de práticas produtivas, usando a história como uma forma de
compreensão da própria cultura do aluno e de suas identidades e diferenças.
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desenvolvidas no componente curricular – pois, desperta no aluno a capacidade de
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argumentar com base em diferentes evidências, dando exemplos pertinentes e
interagindo com questões do seu cotidiano.
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O quinto direito fundamental definido pela BNCC é o da autoexpressão, colocando
a criança como sujeito sensível, criativo e dialógico. Nesse contexto, a história
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transforma-se no componente curricular capaz de criar rodas de conversa para
que as crianças exponham seus argumentos, criando momentos de fala e de voto
em decisões que vão afetar o coletivo, como a escolha de uma atividade ou a
definição de grupos para um trabalho. Por fim, o ensino de história torna-se o
responsável pelo desenvolvimento do direito de construir a identidade individual,
cultural e social da criança, permitindo que ela se conheça e crie uma imagem
positiva de sua comunidade de pertencimento (BRASIL, 2017).
EXEMPLIFICANDO
No campo “O eu, o outro e o nós”, a história age como ferramenta para auxiliar a
criança na construção de sua identidade, na percepção do outro e no
reconhecimento das diferenças, permitindo o contato com grupos culturais e
sociais distintos. Para o campo “Corpo, gestos e movimentos”, o componente
curricular permite o estabelecimento de relações e expressões; a produção de
conhecimentos sobre si mesmos, sobre o outro e sobre a comunidade social e
cultural na qual o aluno se insere. Por meio do campo “Traços, sons, cores e
formas”, a história permite que a criança vivencie vários tipos de linguagens,
expressões e experiências, entrando em contato com manifestações científicas,
artísticas e culturais no cotidiano escolar. Ao participar de rodas de história e
conversa, a história permite o desenvolvimento do campo “Escuta, fala,
pensamento e imaginação”, garantindo que a criança seja estimulada a falar e a
ouvir. Por fim, é por meio da história que são criadas experiências para situar a
criança em seu universo sociocultural, levando-a a compreender as relações sociais
e de parentesco, promovendo, assim, o campo “Espaços, tempos, quantidades,
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relações e transformações”.
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3. A BNCC E O ENSINO DE HISTÓRIA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO
FUNDAMENTAL: COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS E HABILIDADES
A Base Nacional Comum Curricular traz diversas orientações sobre o processo de
ensinar história também para os anos iniciais do ensino fundamental, discutindo a
importância do estabelecimento de relações entre o passado e o presente como
questão principal a ser levada em consideração na determinação dos currículos. O
documento ressalta a necessidade de criar referenciais teóricos para tornar os
objetos históricos escolhidos inteligíveis, sugerindo o trabalho com fontes
diversificadas – como documentos iconográficos, cultura material e imaterial, além
dos registros escritos – transformando o processo de produção e de transmissão
dos conhecimentos em uma atividade flexível, dinâmica e interdisciplinar,
questionando as fronteiras disciplinares e garantindo o reconhecimento da íntima
relação entre os saberes escolares e a vida social (FONSECA, 2003).
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(BRASIL, 2017).
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Nesse sentido, o ensino de história é moderado a partir de três procedimentos
primordiais: a identificação dos acontecimentos mais relevantes para a história da
América, da África e da Europa, organizando-os no espaço geográfico e em uma
linha cronológica; o desenvolvimento de condições para a seleção, a compreensão
e a reflexão por parte dos alunos acerca dos sentidos dos usos, da produção e da
circulação desses documentos; e, por fim, a interpretação das diversas versões de
um mesmo objeto histórico. Para essa finalidade, a BNCC divide-se em unidades
temáticas, objetos de conhecimento e habilidades, que devem ser trabalhadas em
cada ano do ensino fundamental. Nos anos iniciais, as temáticas selecionadas são
aquelas já tradicionalmente prescritas para os currículos, como a história da
criança, a história da família, a história da escola, a história comunitária, além das
noções de patrimônio histórico e de tempo físico e cronológico.
Ainda que a questão da diversidade seja um tema muito presente na BNCC para os
anos iniciais do ensino fundamental, ela é estabelecida a partir do olhar da
naturalização da identidade e da diferença (SILVA, 2000, p. 85). Em diversos
momentos, o documento toma as diferenças como elementos dados na vida social,
sem questioná-los como processos culturais ou dentro de embates de poder. Mais
do que identificar e respeitar a diversidade, uma das propostas do ensino de
história é que o aluno reconheça a construção histórica das diferenças e as
relações de poder imbricadas nesse processo, responsáveis por privilegiar
determinados grupos e submeter outros.
REFLITA