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Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

Departamento de Engenharia Química

PQI 3409 Laboratório de Operações Unitárias e Reatores

Escoamento em leito poroso

Ana Carolina de Matos Brandão, 11325181

Alisson Rodrigues Ferreira, 9922613

Karen dos Santos Genesio, 11258245

Raissa Lopes Moreira, 11258381


ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO 3

2. BALANÇO DE MASSA E QUANTIDADE DE MOVIMENTO 3


3. EQUACIONAMENTO DA PERDA DE CARGA EM FUNÇÃO DA VELOCIDADE
SUPERFICIAL 5
4. RESULTADOS EXPERIMENTAIS PARA A AREIA GROSSA E A AREIA FINA 7
5. ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE AREIA FINA E GROSSA 12
6. PERMEABILIDADE DO LEITO 13
6.1. Cálculo do coeficiente de permeabilidade (k) 13
6.2. Comparação com os dados da literatura 15
7. DISCUSSÃO SOBRE A POROSIDADE 16
8. CAPACIDADE DE UM FILTRO COMPOSTO POR DOIS LEITOS 17
9. CONCLUSÃO 18
10. BIBLIOGRAFIA 19

2
1. INTRODUÇÃO

O intuito deste experimento era estudar o escoamento de água em diferentes leitos


porosos, sendo um de areia fina e outro de areia grossa, sob a ação da gravidade.
O procedimento consistiu em medir o nível da água no tubo e o nível do filtrado
ao longo do tempo. A partir dos dados obtidos, seria possível obter as curvas de perda de
carga em função da velocidade superficial para cada leito, além da permeabilidade dos
meios porosos, a qual foi comparada com os resultados teóricos esperados pelo
equacionamento proposto por Ergun.

2. BALANÇO DE MASSA E QUANTIDADE DE MOVIMENTO

Considerando que nesse experimento o volume de controle é a coluna preenchida


com água, na qual é possível acompanhar a altura do líquido ao longo do tempo, que o
escoamento é de um fluido newtoniano em um meio poroso, homogêneo e incompressível
e que não existe acúmulo de líquido ao longo da coluna, pode-se assumir que a
quantidade de água que entra no sistema é igual à quantidade de água que sai:

𝑚𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 = 𝑚𝑠𝑎í𝑑𝑎

Deste modo, o fluxo de massa do sistema pode ser calculado como o quociente da
variação de massa pela variação do tempo:

∆𝑚 ρ·∆𝑉 ρ·𝐴·∆𝐿
𝑞 = ∆𝑡
= ∆𝑡
= ∆𝑡
= ρ·𝐴· 𝑢

Assumindo que o fluxo de massa de entrada no sistema é igual ao fluxo de saída e


levando em consideração a porosidade do sistema, chega-se à seguinte relação:

𝑞𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 = 𝑞𝑠𝑎í𝑑𝑎

ρ · 𝐴𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 · 𝑢𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 = ρ · 𝐴𝑠𝑎í𝑑𝑎 · 𝑢𝑠𝑎í𝑑𝑎

Onde:

𝐴𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 = 𝐴 e 𝐴𝑠𝑎í𝑑𝑎 = ε · 𝐴

Deste modo:

𝐴 · 𝑢𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 = ε · 𝐴 · 𝑢𝑠𝑎í𝑑𝑎

3
Sendo:

● 𝑞 = 𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜 𝑑𝑒 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎

● 𝐴 = á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑐𝑜𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜

● ε = 𝑝𝑜𝑟𝑜𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒

● 𝑢 = 𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑐𝑜𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜

● ρ = 𝑑𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒

Para o cálculo da velocidade superficial da água poderia se utilizar de dois


métodos, já que ao longo do experimento foram realizadas duas medições
simultaneamente, como pode-se observar no esquema abaixo:

A primeira forma consiste em relacionar diretamente o quociente entre a


diferença de altura medida na régua (5) ao longo de um intervalo ínfimo de tempo:

𝑑ℎ
𝑉𝑏𝑠 = 𝑑𝑡

A segunda forma é através do fluxo de água medido na saída pela proveta (4).
Considera-se o quociente entre a variação de volume de água medido na proveta em um
intervalo infimo de tempo dividida pela área transversal da coluna:

4
1 ∆𝑉
𝑉𝑏𝑠 = 𝐴
· ∆𝑡

3. EQUACIONAMENTO DA PERDA DE CARGA EM FUNÇÃO DA


VELOCIDADE SUPERFICIAL

A perda de carga dos leitos pode ser calculada pela equação de Ergun,
amplamente utilizada na engenharia química:

2
150*µ𝑓*𝑣0*𝐿 (1−ε)
2 1,75*ρ𝑓*𝑣0 *𝐿 (1−ε)
∆𝑃 = 2 * 3 * 𝐷𝑝
* 3
𝐷𝑝 ε ε

Rearranjando:

∆𝑃 𝐷𝑝 ε
3
150
2 * 𝐿
* (1−ε)
= 𝑅𝑒
+ 1, 75
ρ𝑓*𝑣0

∆𝑃
Sabendo-se que 𝑙𝑤𝑓 = ρ

3
𝑙𝑤𝑓*𝐷𝑝*ε 150
2 = 𝑅𝑒
+ 1, 75
𝑣0 *𝐿*(1−ε)

Além disso, pela própria definição de Ergun:

3
𝑙𝑤𝑓*𝐷𝑝*ε
𝑓𝑝 = 2
𝑣0 *𝐿*(1−ε)

Deste modo:

150
𝑓𝑝 = 𝑅𝑒
+ 1, 75

Pelo balanço de massa como visto anteriormente tem-se:

𝑚𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 = 𝑚𝑠𝑎í𝑑𝑎

𝐴 * 𝑢𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 = ε * 𝐴 * 𝑢𝑠𝑎í𝑑𝑎

𝑢𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 = ε * 𝑢𝑠𝑎í𝑑𝑎 (1)

5
Para o diâmetro equivalente tem-se a seguinte relação:

ε
𝐷𝑒𝑞 = 4 * (1−ε)*𝑎𝑠

6
onde para partículas esféricas 𝑎𝑠 = 𝐷𝑝
. Deste modo:

4 ε
𝐷𝑒𝑞 = 6
* (1−ε)
* 𝐷𝑝 (2)

A perda de pressão pode ser obtida pelo Balanço de Energia:

2 2
𝑃1 𝑣1 𝑊 𝑃2 𝑣2 𝐸𝑓
ρ𝑓*𝑔
+ 𝑍1 + 2*α*𝑔
+ 𝑔
= ρ𝑓*𝑔
+ 𝑍2 + 2*α*𝑔
+ 𝑔

Onde:

● 𝑍1 = 0

2
𝑣1
● 2*α*𝑔
= 0

𝑊
● 𝑔
= 0

● 𝑍2 = 0

2
𝑣2
● 2*α*𝑔
= 0

Deste modo:

∆𝑃 𝐿 2
ρ𝑓
= 𝐸𝑓 = 2 * 𝑓𝐹 * 𝐷𝑒𝑞
* 𝑢𝑠𝑎í𝑑𝑎 (3)

Relacionando as equações 1, 2 e 3, chega-se à expressão utilizada nesse


experimento para relacionar a velocidade superficial 𝑣𝑏𝑠 e a perda de carga 𝑙𝑤𝑓:

2
𝑓𝑝*ρ*𝐿*𝑣𝑏𝑠 *(1−ε)
ρ * 𝑙𝑤𝑓 = 3
ϕ*𝐷𝑝*ε

Equivalente a:

6
2
∆𝑃 𝑓𝑝*𝐿*𝑣𝑏𝑠 *(1−ε)
𝐿
= 3
ϕ*𝐷𝑝*ε

4. RESULTADOS EXPERIMENTAIS PARA A AREIA GROSSA E A AREIA


FINA

As propriedades do fluido e do tubo são comuns para ambos os leitos e estão


listados abaixo:
Diâmetro do tubo [cm] 3,9

Secção transversal do tubo [cm2] 11,9

Viscosidade da água [N/m2] 0,001

Densidade da água [kg/m3] 1000

Para a areia grossa, as características do leito eram:

Altura de areia no leito [cm] 53

Porosidade 0,46

Dp (diâmetro da partícula) [mm] 1,85

Esfericidade 1

O diâmetro Dp da partícula de areia grossa foi calculado a partir da média dos


diâmetros de alguns grãos de areia dispersos em uma folha milimetrada. Os diâmetros
medidos e utilizados para o cálculo de Dp, bem como a figura com os grãos de areia no
papel milimetrado são apresentados abaixo:

D [mm] - Foto no Papel


milimetrado
2,5
2
2,1
2,7
0,9
1,7
1,2
1,1

7
Já para a areia fina, as características eram:

Altura de água no leito [cm] 23,07

Porosidade 0,4

Dp (diâmetro da partícula) [mm] 0,187

Esfericidade 0,88

Para a areia fina não foi possível realizar a mesma análise de diâmetro da
partícula, Dp, por meio do papel milimetrado, já que a dimensão das partículas de areia
fina eram de ordem de grandeza muito menor do que o milímetro. Como pode-se
observar na figura abaixo:

Deste modo a alternativa encontrada foi pesquisar na literatura uma média de


diâmetro para areia fina. Segundo a Escala de Krumbein, criada por W. C. Krumbein o
diâmetro médio da areia fina varia entre 125µ𝑚 − 250µ𝑚, para esse experimento o
diâmetro adotado para areia fina foi de 187µ𝑚.
Partindo-se dos dados coletados de altura do leito em função do tempo, bem como
a altura da proveta para a areia grossa, foi possível se determinar a velocidade superficial
𝑉𝑏𝑠 . Para a areia fina utilizou-se o método das diferenças finitas de altura em relação ao

tempo e para a areia grossa utilizou-se a diferença finita de volume em relação ao tempo,
dividindo-se esse resultado pela área da secção transversal do tubo.
Deste modo, com o equacionamento presente no ítem 3 foi possível se relacionar a
velocidade superficial de cada tipo de areia com suas respectivas perdas de carga.
Para a areia fina obteve-se os seguintes resultados:

8
Vbs Vbs
Tempo Altura Perda de
(deltaH/deltaT) (deltaH/deltaT) - Reynolds fp
(seg) (cm) Carga [Pa/m]
- [cm/s] [m/s]
82 40 0,012 1,18E-04 0,03 4.651 846
167 39 0,012 1,19E-04 0,03 4.596 856
250 38 0,012 1,21E-04 0,03 4.514 872
332 37 0,012 1,16E-04 0,03 4.733 831
423 36 0,011 1,12E-04 0,03 4.897 803
511 35 0,011 1,08E-04 0,03 5.088 773
609 34 0,009 9,39E-05 0,03 5.826 675
724 33 0,011 1,06E-04 0,03 5.143 765
797 32 0,011 1,15E-04 0,03 4.760 827
898 31 0,010 9,80E-05 0,03 5.580 705
1.001 30 0,009 9,17E-05 0,03 5.963 660
1.116 29 0,008 8,47E-05 0,02 6.455 609
1.237 28 0,009 9,13E-05 0,03 5.990 657
1.335 27 0,009 9,01E-05 0,02 6.072 648
1.459 26 0,008 8,10E-05 0,02 6.756 582
1.582 25 0,008 7,97E-05 0,02 6.866 573
1.710 24 0,008 7,72E-05 0,02 7.084 555
1.841 23 0,007 7,38E-05 0,02 7.412 531
1.981 22 0,007 6,97E-05 0,02 7.850 501
2.128 21 0,006 6,47E-05 0,02 8.452 465
2.290 20 0,006 6,33E-05 0,02 8.643 455
2.444 19 0,006 6,37E-05 0,02 8.588 458
2.604 18 0,006 5,92E-05 0,02 9.245 425
2.782 17 0,006 5,52E-05 0,02 9.901 397
2.966 16 0,005 5,33E-05 0,01 10.256 383
3.157 15 0,005 5,10E-05 0,01 10.721 367
3.358 14 0,005 4,96E-05 0,01 11.022 357
3.560 13 0,001 7,08E-06 0,00 77.226 51
6.182 12 0,000 3,81E-06 0,00 143.402 27

Plotando-se o gráfico de perda de carga em função da velocidade superficial, por


meio dos resultados da tabela acima, para a areia fina:

9
Gráfico 1 - Perda de Carga em função da velocidade superficial para areia fina

Para a areia grossa as medições foram realizadas em duplicatas para que assim
houvesse uma maior precisão o mesmo procedimento pode então ser emprego e obteve-se
os seguintes resultados:

1 DUPLICATA
DeltaV proveta/
Tempo Volume Perda de
Delta T - [mL/s = Vbs [cm/s] Vbs [m/s] Reynolds fp
(s) Proveta (mL) Carga [Pa/m]
cm3/s]
0 22 4,50 0,38 0,0038 13 13 302
2 31 5,00 0,42 0,0042 14 12 340
5 47 6,00 0,50 0,0050 17 10 420
7 61 5,20 0,44 0,0044 15 12 356
10 73 4,60 0,39 0,0039 13 13 309
12 84 4,80 0,40 0,0040 14 13 325
15 97 4,33 0,36 0,0036 12 14 289
18 110 3,83 0,32 0,0032 11 15 252
21 120 3,67 0,31 0,0031 11 16 240
24 132 3,50 0,29 0,0029 10 17 228
29 148 2,89 0,24 0,0024 8 20 185

10
33 158 2,63 0,22 0,0022 8 22 166
37 169 2,40 0,20 0,0020 7 24 151
43 182 1,92 0,16 0,0016 6 29 119
50 194 1,60 0,13 0,0013 5 34 98
58 206 1,20 0,10 0,0010 3 45 73
70 218 0,86 0,07 0,0007 2 63 51
86 230 0,75 0,06 0,0006 2 71 45

2 DUPLICATA
DeltaV proveta/
Tempo Altura Perda de
Delta T - [mL/s = Vbs [cm/s] Vbs [m/s] Reynolds fp
(s) Proveta (mL) Carga [Pa/m]
cm3/s]
0 0 7,50 0,63 0,0063 22 9 547
2 15 5,83 0,49 0,0049 17 11 406
6 35 5,29 0,44 0,0044 15 12 362
9 52 5,80 0,49 0,0049 17 11 403
11 64 5,00 0,42 0,0042 14 12 340
13 72 4,40 0,37 0,0037 13 14 294
16 86 4,50 0,38 0,0038 13 13 302
19 99 4,17 0,35 0,0035 12 14 277
22 111 3,83 0,32 0,0032 11 15 252
25 122 3,83 0,32 0,0032 11 15 252
28 134 3,67 0,31 0,0031 11 16 240
31 144 2,86 0,24 0,0024 8 20 182
35 154 2,38 0,20 0,0020 7 24 149
39 163 2,44 0,20 0,0020 7 23 154
44 176 2,27 0,19 0,0019 7 25 142
50 188 1,54 0,13 0,0013 4 36 94
57 196 1,43 0,12 0,0012 4 38 87
64 208 1,20 0,10 0,0010 3 45 73
77 220 0,90 0,08 0,0008 3 60 54
84 226 0,86 0,07 0,0007 2 63 51

A partir das médias da velocidade superficial e perda de carga das duas duplicatas
pode-se construir o gráfico da perda de carga em função da velocidade superficial para a
areia grossa:

11
Gráfico 2 - Perda de Carga em função da velocidade superficial para areia grossa

5. ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE AREIA FINA E GROSSA

A partir do gráfico 3, que relaciona a perda de carga em função da velocidade


superficial para ambas as partículas utilizadas no experimento, é notório observar que a
perda de carga é maior para o leito de areia fina.
Este resultado pode ser explicado pois, quando o fluido atravessa partículas de
tamanhos menores, é esperado que este encontre maior dificuldade para escoar, devido a
caminhos mais estreitos e mais tortuosos, quando comparado a escoamento em leito com
partículas maiores [2].

12
Gráfico 3 - Perda de Carga em função da velocidade superficial para ambas as partículas

6. PERMEABILIDADE DO LEITO

6.1. Cálculo do coeficiente de permeabilidade (k)

A lei de Darcy descreve o comportamento de um fluido através de um leito


poroso, e é dada por:

𝑉𝑏𝑠 =
𝑘
µ
· ( −∆𝑃
𝐿 )
Em que,
● 𝑉𝑏𝑠 : velocidade superficial

● k: coeficiente de permeabilidade (m/s)


● µ: viscosidade do fluido (N/m2)
● ∆𝑃: perda de carga (Pa)
● L: comprimento do leito (m)

13
Observa-se que ao plotar a velocidade superficial em função da perda de carga,
obtém-se uma curva em que o coeficiente angular será a razão entre o coeficiente de
permeabilidade e a viscosidade do fluido.
Com isso, através dos dados obtidos em laboratório, calcula-se a velocidade e a
perda de carga em cada ponto de acordo com as equações apresentadas nos itens 2 e 3.

Gráfico 4 - Curva da velocidade superficial em função da perda de carga para a


areia grossa

14
Gráfico 05 - Curva da velocidade superficial em função da perda de carga para a
areia fina
A partir das equações obtidas e seus respectivos coeficientes angulares, calcula-se
o coeficiente de permeabilidade (k) para ambas as condições, dado que o fluido é água e
−3
possui viscosidade 10 N/m2:

Areia Grossa:
−5 𝑘 −5 −3
𝐶𝑜𝑒𝑓 𝑎𝑛𝑔𝑢𝑙𝑎𝑟 = 1, 16 · 10 = µ
→ 𝑘 = 1, 16 · 10 · 10
−8
𝑘 = 1, 16 · 10 𝑚/𝑠
Areia Fina:
−8 𝑘 −8 −3
𝐶𝑜𝑒𝑓 𝑎𝑛𝑔𝑢𝑙𝑎𝑟 = 1, 39 · 10 = µ
→ 𝑘 = 1, 39 · 10 · 10
−8
𝑘 = 1, 39 · 10 𝑚/𝑠

6.2. Comparação com os dados da literatura

Uma forma de se calcular a permeabilidade é por meio da equação de


Kozeny-Carman em se despreza a parcela do regime turbulento, chegando-se a seguinte
equação que foi empregada em ambos os casos, areia fina e grossa:

3 2
ε *(𝑑𝑝*ϕ)
𝑘= 2
150*(1−ε)

15
Os respectivos resultados para areia fina e grossa são apresentados abaixo, bem
como, seus respectivos erros relativos:

Areia Fina Areia Grossa


Permeabilidade - Permeabilidade -
3,209E-11 7,62E-09
Calculada Calculada
Permeabilidade - Gráfico 1,390E-11 Permeabilidade - Gráfico 1,16E-08
ERRO 56,69% ERRO 34,34%

Percebe-se que para ambas as areias a permeabilidades tem a mesma ordem de


grandeza, todavia, o erro relativo entre as permeabilidades calculadas e obtidas pelo
gráfico e alto, de 56% para areia fina e um pouco menor para areia grossa 34%, ainda
sendo um erro considerável.
Dentre diversos fatores para essa discrepância pode-se citar a aproximação feita
para obter o diâmetro da partícula que foi calculada a partir de uma média de medidas
feitas em papel milimetrado, pequenas variações nessas medidas alteram o valor final do
diâmetro que ao longo dos cálculos há propagação desses erros. Outro ponto é a
característica desses grãos, como esfericidade e porosidade que também ao longo dos
cálculos pequenas variações nesses valores causam grande impacto no resultado final.

7. DISCUSSÃO SOBRE A POROSIDADE

Nesse experimento, utilizou-se duas partículas de areia distintas:


1° Areia grossa:
- Diâmetro da partícula: 1,85 mm
- Porosidade: 0,46
2° Areia fina:
- Diâmetro da partícula: 0,187 mm
- Porosidade: 0,4
Os dados acima sugerem que quanto maior o diâmetro da partícula, maior será a
porosidade, ou seja, maior a quantidade de espaços vazios. Isso pode ser verificado pela
equação do cálculo da porosidade, que é dada pela razão entre o volume de vazios pelo
volume total de determinado espaço ocupado com partículas. Assim, para uma mesma
condição de operação, quanto maior o diâmetro, maior será a porosidade.

16
No entanto, o cálculo do diâmetro da partícula depende da esfericidade da mesma,
visto que, considerar a partícula como uma esfera é uma simplificação realizada para fins
de cálculo. Dessa forma, é útil analisar como a porosidade varia com a esfericidade da
particula.
Através do gráfico abaixo obtido pela literatura [1], observa-se que a relação entre
esfericidade e porosidade é inversamente proporcional, ou seja, quanto maior a
porosidade menor a esfericidade.

Gráfico 6 - Esfericidade em função da Porosidade

8. CAPACIDADE DE UM FILTRO COMPOSTO POR DOIS LEITOS

A capacidade de um filtro com dois leitos pode ser calculada utilizando a equação de
Ergun.
⎡ 150 ⎤ 3𝐿 𝑢2𝑏𝑠
𝑙𝑤𝑓 = ⎢ + 1, 75⎥ (1 − ε)

⎣ ( 4 𝐷𝑒𝑓 𝑢𝑏𝑠ρ
6µ ( ))
1
1−ε
⎥ 𝐷𝑒𝑓ε3

17
Para isso, é necessário dispor de parâmetros como esfericidade das partículas, altura
da coluna e propriedades do fluido, os quais são tabelados abaixo:

𝑑𝑝 médio (m) 0,0006578184


Esfericidade média ϕ 0,94
Aceleração da Gravidade (m/s²) 9,8
L (m) 0,2307
lwf 17,05577515
Porosidade ε 0,43
Densidade da água ρ(kg/m³) 1
Viscosidade da água µ (N/m²) 0,001

substituindo os valores na equação de Ergun, temos:


2
17, 0558 = ⎡⎢ 0,7694 𝑢 + 1, 75⎤⎥ × 7542, 795 𝑢𝑏𝑠
150

⎣ 𝑏𝑠 ⎦
Resolvendo essa equação, obtemos uma velocidade de:
−5 3 2
𝑢𝑏𝑠 = 1, 159 × 10 𝑚/𝑠 = 0, 04175 𝑚 /(𝑚 . ℎ)

Nota-se que o valor encontrado para a velocidade média superficial está dentro do
esperado, visto que o leito composto possui uma quantidade maior de sua altura
constituída de areia fina, influenciando na perda de carga. Por isso, o valor de 𝑢𝑏𝑠

esperado para o leito composto deve ser menor que o do leito de areia fina mas da
mesma ordem de grandeza.

9. CONCLUSÃO
A partir dos dados obtidos em laboratório, realizou-se o tratamento de dados
referentes a perda de carga e permeabilidade para as condições de leito com areia fina
e com areia grossa.
Através do levantamento das curvas para ambas as condições, observou-se que a
perda de carga para o leito de areia fina é maior, resultado compatível com o da
literatura, visto que, em um leito de areia fina o fluido perde uma quantidade maior de
energia devido a caminhos mais estreitos e tortuosos que deve percorrer.
Os valores de coeficiente de permeabilidade foram obtidos experimentalmente
e comparados com os obtidos através de equações teóricas. Nesse caso, observou-se
um desvio considerável, essa discrepância pode estar associada à maneira de como os

18
diâmetros das partículas foram calculados, bem como, os parâmetros associados à
mesma.
Para a análise do leito composto, encontrou-se uma capacidade de escoamento
razoável de 0,04175 m3 de água a cada seção transversal do tubo, que corresponde a
41,75 litros de água a cada seção de tubo.

10. BIBLIOGRAFIA

[1] UNICAMP 2011, Operações Unitárias 1; sistema particulados. Disponível em:


<https://www.unicamp.br/fea/ortega/aulas/aula15_sistemasParticulados.pdf>

[2] Gomes Sabino de Araújo, Alex. ANÁLISE DE PERDA DE CARGA DE


ESCOAMENTOS BIFÁSICOS CARREGADOS COM PARTÍCULAS . Rio de
Janeiro: UFRJ/COPPE, 2019. Disponível em:
<https://pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/13526/1/AlexGomesSabinoDeAraujo.pdf>

[3] Fogler, H.S.; Elements of Chemical Reaction Engineering, Pearson Education Inc,
New Jersey - USA, 4th Ed. (2006). - Froment, G. F., Bischoff, K. B. Chemical
Reactor Analysis and Design (Wiley Series in Chemical Engineering), 1990.

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