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SUMÁRIO

1. Introdução/Contextualização: ............................................................................... 01
1.1. Demanda por cuidado....................................................................................... 01
1.2. Atendimento domiciliar ou Instituição asilar: eis a questão............................... 06
1.3. Os cuidadores sociais estão preparados para atender à atual demanda por
cuidado?............................................................................................................ 09

2. Referencial teórico: ................................................................................................ 13


2.1. O que é cuidado? ............................................................................................. 13
2.2. O que é uma ocupação?................................................................................... 14
2.3. O que é a ocupação de Cuidador/Cuidador Social?......................................... 15
2.4. A ocupação de Cuidador Social e a profissão de Enfermagem ..................... 18
2.5. O que são competências? ................................................................................ 20

3. Diagnóstico: ............................................................................................................ 26

4. Modelo para o Mapeamento das competências da ocupação de Cuidador


Social: .......................................................................................................................... 32

5. Conclusões e Recomendações:............................................................................ 36

Apêndice I – Análise da pesquisa 1 – Cuidadores Sociais..................................... 39

Apêndice II – Análise da pesquisa 2 – Contratantes de Cuidadores Sociais ....... 52

Apêndice III – Análise da pesquisa 3 – Profissionais que lidam com Cuidadores


Sociais ......................................................................................................................... 58

Gráficos ....................................................................................................................... 64

Tabelas ........................................................................................................................ 83

Bibliografia ................................................................................................................ 108

viii
ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Perfil dos Cuidadores – SEXO.......................................................................


Gráfico 2 – Perfil dos Cuidadores – IDADE......................................................................
Gráfico 3 – Perfil dos Cuidadores – ESCOLARIDADE.....................................................
Gráfico 4 – Perfil dos Cuidadores – RELIGIÃO................................................................
Gráfico 5 – Perfil dos Cuidadores – Se trabalha como cuidador....................................
Gráfico 6 – Perfil dos Cuidadores – Há quanto tempo trabalha como cuidador.............
Gráfico 7– Perfil dos Cuidadores – saúde ......................................................................
Gráfico 8 – Perfil dos Cuidadores – Problemas de saúde..............................................
Gráfico 9 – Experiência do Cuidador antes do curso .......................................................
Gráfico 10 – Experiência para exercer a ocupação de cuidador......................................
Gráfico 11 – Se o Cuidador pretende continuar estudando .............................................
Gráfico 12 – Se o Cuidador tem o hábito de ler/estudar por conta própria ......................
Gráfico 13 – Se o Cuidador costuma trocar ideias/experiências com outros cuidadores
Gráfico 14 – O que levou o Cuidador a escolher tal ocupação ........................................
Gráfico 15 – Principais dificuldades do Cuidador para exercer tal ocupação (gráfico
resumo da pergunta 18, tabela 8)................................................................
Gráfico 16 – Valores éticos citados pelos Cuidadores .....................................................
Gráfico 17 – Outros (valores éticos citados pelos Cuidadores)........................................
Gráfico 18 – Perfil da pessoa cuidada – Sexo..................................................................
Gráfico 19 – Perfil da pessoa cuidada – faixa etária ........................................................
Gráfico 20 – Perfil da pessoa cuidada – principais dificuldades apresentadas................
Gráfico 21 – Perfil dos contratantes – Sexo .....................................................................
Gráfico 22 – Perfil dos contratantes – Idade ....................................................................
Gráfico 23 – Perfil dos contratantes – Escolaridade.........................................................
Gráfico 24 – Perfil dos familiares (de contratantes) sendo cuidados – Idade ..................
Gráfico 25 – Perfil dos familiares (de contratantes) sendo cuidados – Saúde .................
Gráfico 26 – Forma de contratação do cuidador ..............................................................
Gráfico 27 – Dificuldades na contratação do cuidador, relatadas pela família.................
Gráfico 28 – Se o contratante sabe quais são as atribuições do cuidador.......................
Gráfico 29 – Se o contratante sabe diferenciar as atribuições do cuidador .....................
Gráfico 30 – Se o contratante considera que os conhecimentos e habilidades do
cuidador são suficientes para exercer a ocupação......................................
Gráfico 31 – Valores que o contratante considera imprescindíveis a um bom cuidador..

ix
Gráfico 32 – Perfil dos profissionais – profissão...............................................................
Gráfico 33 – Perfil dos profissionais – escolaridade.........................................................
Gráfico 34 – Perfil dos profissionais – tempo de trabalho na área do cuidado ................
Gráfico 35 – Valores imprescindíveis a um bom cuidador, segundo os profissionais......
Gráfico 36 – Opinião dos profissionais quanto à escolaridade mínima do cuidador ........
Gráfico 37 – Se a ocupação de cuidador tem suas atribuições bem definidas ................

x
ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 – Complemento da pergunta 11 ........................................................................


Tabela 2 – Porque os cuidadores pretendem continuar estudando .................................
Tabela 3 – Como costumam trocar ideias/experiências com outros cuidadores .............
Tabela 4 – Motivo para tornar-se cuidador.......................................................................
Tabela 5 – Outros motivos para tornar-se cuidador .........................................................
Tabela 6 – Do que os cuidadores mais gostam na sua ocupação ...................................
Tabela 7 – Do que os cuidadores menos gostam na sua ocupação................................
Tabela 8 – Principais dificuldades do cuidador para exercer a ocupação........................
Tabela 9 – Resumo das respostas da pergunta 18 (tabela 8)..........................................
Tabela 10 – Valores indispensáveis a um bom cuidador .................................................
Tabela 11 – Dados da tabela 10 resumidos .....................................................................
Tabela 12 – Perfil da pessoa cuidada. (NI = Não informado)...........................................
Tabela 13 – Síntese dados da tabela 12 ..........................................................................
Tabela 14 – Principais atribuições exercidas pelos cuidadores .......................................
Tabela 15 – Escolaridade dos contratantes .....................................................................
Tabela 16 – Principais dificuldades apresentadas pelas pessoas cuidadas ....................
Tabela 17 – Perfil familiar cuidado – Idade ......................................................................
Tabela 19 – Dificuldades enfrentadas para a contratação de um cuidador .....................
Tabela 20 – Porque contratou um cuidador (em vez de enfermeiro ou familiar cuidar)...
Tabela 21 – Como o contratante soube quais são as atribuições do Cuidador ...............
Tabela 22 – Principais responsabilidades atribuídas ao Cuidador...................................
Tabela 23 – Resumo da tabela 22 – Responsabilidades do Cuidador.............................
Tabela 24 – O que os contratantes acham que falta aos cuidadores ..............................
Tabela 25 – Valores que o contratante considera imprescindíveis a um bom cuidador ..
Tabela 26 – Perfil dos profissionais – profissão ...............................................................
Tabela 27 – Perfil dos profissionais – escolaridade .........................................................
Tabela 28 – Tempo que trabalha com a temática do cuidado..........................................
Tabela 29 – Principais problemas nas relações cuidador/pessoa cuidada ......................
Tabela 30 – Principais problemas nas relações cuidador/familiares da pessoa cuidada.
Tabela 31 – Opinião dos profissionais sobre os conhecimentos imprescindíveis a um
bom cuidador ...............................................................................................
Tabela 32 – Opinião dos profissionais sobre as habilidades imprescindíveis a um bom
cuidador .......................................................................................................

xi
Tabela 33 – Opinião dos profissionais sobre os valores imprescindíveis a um bom
cuidador .......................................................................................................
Tabela 34 – Resumo tabela 33.........................................................................................
Tabela 35 – Escolaridade mínima cuidador .....................................................................

xii
INTRODUÇÃO

1.1. Demanda por cuidado:

No atual cenário mundial e – no caso mais específico, que será analisado, no


Brasil – pode-se notar que diferentes fatores têm contribuído para o aumento da
demanda por cuidado, especialmente para a parcela mais idosa da população.
O primeiro desses fatores, diz respeito ao envelhecimento populacional, que
vem aumentando significativamente nas últimas décadas. Segundo (KALACHE, 1987,
p.201): “O envelhecimento da população mundial é um fenômeno novo ao qual mesmo
os países mais ricos e poderosos ainda estão tentando se adaptar. O que era no
passado privilégio de alguns poucos passou a ser uma experiência de um número
crescente de pessoas em todo o mundo. Envelhecer no final deste século já não é
proeza reservada a uma pequena parcela da população.”
Nota-se, portanto, que este primeiro fator que está sendo analisado: o
envelhecimento populacional, afeta a todos, indiscriminadamente. Cada país vem
tentando adaptar-se a essa nova realidade de formas diferentes. A grande questão
parece residir justamente aí, isto é, na forma como cada país sentirá os efeitos do
envelhecimento e as possíveis soluções que cada um encontrará.
Pesquisando sobre o envelhecimento no Brasil, depara-se com números
bastante expressivos e que tendem a aumentar, conforme apontam os dados do IBGE
(2009): “O índice de envelhecimento aponta para mudanças na estrutura etária da
população brasileira. Em 2008, para cada grupo de 100 crianças de 0 a 14 anos
existem 24,7 idosos de 65 anos ou mais. Em 2050, o quadro muda e para cada 100
crianças de 0 a 14 anos existirão 172,7 idosos.” Tais dados mostram que, no Brasil, a
população idosa, dentro de 40 anos, será bem maior do que a população de crianças,
jovens e adultos com idade inferior a 65 anos.
Este aumento da expectativa de vida é decorrente dos avanços da medicina e
das melhorias nas condições gerais de vida da população e, segundo o IBGE (2009),
“repercutem no sentido de elevar a média de vida do brasileiro (expectativa de vida ao
nascer) de 45,5 anos de idade, em 1940, para 72,7 anos, em 2008, ou seja, mais 27,2
anos de vida.” Ainda segundo a projeção feita pelo IBGE (2009), “o país continuará
galgando anos na vida média de sua população, alcançando em 2050 o patamar de
81,29 anos, basicamente o mesmo nível atual da Islândia (81,80), Hong Kong, China
(82,20) e Japão (82,60).”
O que se pode perceber, diante destes últimos dados apresentados, é que a
expectativa de vida no Brasil deverá alcançar, no decorrer dos próximos quarenta
anos, índices bem mais elevados que os atuais, o que exigirá mudanças significativas
nas atuais estruturas de apoio e de cuidado à pessoa idosa, dentre outras mudanças
que não nos cabem analisar, no momento, como a necessidade de uma reforma
previdenciária, melhoria das condições da saúde pública, por exemplo.
Os estudos e dados apresentados até o momento já nos dão um panorama da
situação atual e fazem projeções para o futuro, dando-nos a possibilidade de prever
que tipos de mudanças podem advir etc. Até aqui, o foco foi a questão do
envelhecimento populacional, mas como comentado, há outros fatores responsáveis
pela atual demanda por cuidados.
Alguns dos fatores importantíssimos são mencionados por CAMARANO
(2007), no texto:
“Como na maioria dos países desenvolvidos e em desenvolvimento, o
envelhecimento da população brasileira tem sido acompanhado pelo
envelhecimento da própria população idosa e por transformações
acentuadas nos arranjos familiares. Desde os anos 1970, essa
sociedade tem assistido a uma queda acelerada na fecundidade e
na mortalidade nas várias idades, a mudanças no padrão de
nupcialidade, expressa pelo adiamento na idade de se casar, pelo
aumento no número de separações, de recasamentos e o incremento
na proporção de pessoas que nunca se casam. Isto ocorre
concomitantemente ao aumento generalizado da escolaridade
feminina, à inserção maciça das mulheres no mercado de
trabalho e a modificações nos sistemas de valores. Essas
modificações podem enfraquecer os laços de solidariedade
intergeracionais e já estão resultando em transformações nas formas
de apoio à população idosa.” (p. 169) grifo nosso

As transformações no cenário populacional brasileiro, conforme pontua


historicamente CAMARANO, acima, revelam que diversos fatores contribuíram para a
mudança nas formas de apoio à população idosa, conforme grifamos acima.
Analisaremos cada um destes fatores.
O IBGE (2009) aponta que “A fecundidade no Brasil foi diminuindo ao longo
dos anos, basicamente como consequência das transformações ocorridas na
sociedade brasileira, de modo geral, e na própria família, de maneira mais particular.
(...) já apresentam estimativas que colocam a fecundidade feminina no Brasil abaixo
do nível de reposição das Gerações (1,95 filho por mulher).”
Isto significa que os nascimentos não estão sendo suficientes para repor as
futuras gerações. Aliando-se este fato ao aumento da população idosa, pode-se

2
verificar que “O país caminha velozmente rumo a um perfil demográfico cada vez mais
envelhecido” (IBGE, 2009).
Percebe-se que o perfil da família brasileira vem mudando, nas últimas
décadas, pois a emancipação da mulher e o aumento de sua escolaridade e ingresso
no mercado de trabalho reduziram a disponibilidade da mesma para o cuidado dos
filhos – uma vez que a tarefa de cuidar, historicamente, sempre foi atribuída à mulher.
Esta nova geração de mulheres, portanto, não dispõe mais do tempo que
outrora as mulheres dispunham para as tarefas domésticas. Tal fato e o aumento do
custo de vida, nas últimas décadas, justificam a redução da taxa de fecundidade no
Brasil. Embora ainda haja outros fatores, como citado por alguns autores, tal questão
não será aprofundada aqui.
Nota-se que a disponibilidade da família, especialmente da mulher – como
dissemos acima – para o cuidado dos demais familiares e da casa foi reduzida, ao
longo das últimas décadas. Paralelamente, como analisado no início deste trabalho,
vem ocorrendo o aumento da expectativa de vida.
As questões até aqui discutidas, de certa forma, podem ser resumidas no texto
de CAMARANO (2007):
“As perspectivas para o futuro próximo são de crescimento a
taxas elevadas da população idosa e ‘muito idosa’, provocado
pela entrada da coorte dos baby boomers na última fase de vida
(elderly boomers) e pela redução da mortalidade nas idades
avançadas. Apesar de esse crescimento estar acompanhado por uma
melhora das condições de saúde desse segmento populacional, o
número de idosos com fragilidades físicas e / ou mentais tende a
aumentar. Além de mais numerosa, essa nova coorte será composta
por mulheres com um perfil diferenciado das atuais idosas. Serão
mais escolarizadas, mais engajadas no mercado de trabalho e com
menor número de filhos, características compatíveis com o fato de
fazerem parte da coorte que participou da revolução sexual e familiar
ocorrida a partir de meados da década de 1960. Em síntese, espera-
se que aumente o número de idosos dependentes de cuidados e
que a oferta de cuidadores familiares se reduza.” (p. 170) (grifo
nosso)

Torna-se evidente que houve um aumento da população idosa e muito


idosa e, ao mesmo tempo, uma redução da oferta de cuidadores familiares. Este
paradoxo que se apresenta como resultado das transformações sociais anteriormente
abordadas leva-nos à seguinte reflexão proposta por (CAMARANO, 2007, p.170):
“Isso levanta a questão de quem oferecerá cuidados para esse
grupo populacional: a família ou as instituições? A resistência em
instituições de longa permanência para idosos (ILPIs) não é uma
prática comum nos países do hemisfério Sul. Historicamente, as
instituições têm sido vistas com resistência e preconceito,
tradicionalmente como ‘depósito de idosos’, como lugar de

3
exclusão, dominação e isolamento ou simplesmente ‘um lugar
para morrer’ (Novaes, 2003). Em geral, as famílias que decidem pela
institucionalização de seus idosos são vistas como praticando o
abandono e tendem a experimentar forte sentimento de culpa. Os
idosos de hoje nasceram numa época em que o papel da família (em
especial, o da mulher) como a cuidadora dos membros dependentes
era claramente estabelecido nos contratos de gênero e
intergeracionais, resultando numa expectativa elevada por parte dos
idosos de receberem o cuidado familiar.” (grifo nosso)

O questionamento acima leva-nos à procura por respostas capazes de


satisfazer esta difícil questão. Se, por um lado, a família apresenta pouca
disponibilidade para prover os cuidados necessários aos idosos, por outro, surge a
necessidade de provimento de tais cuidados por parte de instituições do Estado e por
parte do mercado. Conforme (CAMARANO, 2007, p.174): “À medida que a família se
torna cada vez menos disponível para desempenhar o papel de cuidadora de
seus dependentes, crescem as demandas para que o Estado e o mercado
ampliem o seu escopo de atuação.” (grifo nosso)
A mesma autora também afirma que “A maior participação da mulher no
mercado de trabalho, a fecundidade mais baixa e as mudanças na nupcialidade
estão alterando a oferta de cuidadores.” (p. 173) (grifo nosso)
Também concorda com essa opinião YAMADA (2006) ao afirmar que “A
inserção da mulher no mercado de trabalho e a diminuição das taxas de natalidade
vêm provocando uma redução no número de pessoas disponíveis na família para
assumir o cuidado domiciliar de idosos dependentes.” (p.669) grifo nosso
Nota-se, portanto, a partir das reflexões e estudos apresentados neste
trabalho, até aqui, que houve um expressivo aumento da demanda por cuidado
para suprir a indisponibilidade familiar. Especialmente de cuidado para pessoas
idosas. E, especificamente pelo que afirma Camarano, há necessidade de o Estado
ampliar seu escopo de atuação, ou seja, oferecer formas de atendimento a tal
demanda.
Mas, conforme já mencionado, as instituições asilares têm sido vistas com
resistência e preconceito e como lugar de exclusão, isolamento etc. A grande questão
passa a ser, agora, se os idosos devem ser acolhidos por instituições asilares –
públicas ou privadas – ou haveria outra alternativa?
Vejamos, neste momento, o que nos diz a legislação brasileira sobre essa
questão, através da citação de CAMARANO e PASINATO (2004):

4
“No Brasil, a Constituição Federal de 1988 preconiza o
atendimento aos idosos em seus domicílios como preferencial,
em detrimento do atendimento proporcionado por instituições
residenciais. Tal princípio também foi expresso na Política Nacional
do Idoso (PNI) de 1994. A despeito dessas recomendações e do
consenso entre os especialistas de que a manutenção do idoso
em ambientes familiares é mais adequada para o seu bem-estar,
reconhece-se a necessidade de estabelecer políticas públicas que
possibilitem a modalidade de atendimento institucional a
determinados idosos (Camarano e Pasinato, 2004).” (p.171) grifo
nosso

Reforçando o que a Constituição Federal preconiza e o que – segundo os


autores acima, seria “consenso entre os especialistas”, a solução mais adequada seria
manter os idosos em seus domicílios – também temos “O Estatuto do Idoso,
sancionado em 2003, reforça a legislação anterior no que diz respeito ao cuidado do
idoso, priorizando também o seu atendimento no interior da família, em detrimento do
atendimento asilar.” (p.171)
Antes de continuarmos as reflexões acerca da institucionalização ou não do
idoso, cabe-nos diferenciar o idoso independente daquele que é considerado
dependente, uma vez que as necessidades de atendimento e cuidados são
diferenciadas. Para tal, encontram-se subsídios nos artigos de Úrsula Karsch, “Idosos
dependentes: famílias e cuidadores” (2003) e de YAMADA, “Aspectos éticos
envolvidos na assistência a idosos dependentes e seus cuidadores” (2006).
Para melhor diferenciação, pode-se recorrer a KARSCH (2003, p.862) que
explica:
“O envelhecimento é considerado um fenômeno natural e processual
que transforma pessoas adultas, saudáveis, produtivas e
independentes em pessoas frágeis, vulneráveis, dependentes e
muitas vezes acometidos de doenças crônicas e degenerativas que
são as principais causas de morbidade, incapacidade e mortalidade
do idoso em todas as regiões do mundo, inclusive nos países em
desenvolvimento (OPAS, 2005).”

Sendo considerado um fenômeno natural, entende-se que ser idoso não


significa ser dependente. Há idosos que têm algum tipo de doença que não os torna
dependentes, pois fazem praticamente todas as suas atividades de vida diária (AVD)
normalmente, sem necessidade de auxílio. Há os idosos que – conforme menciona
Karsch – são acometidos por doenças crônicas e degenerativas (que, não raro, levam
à incapacidade) e, neste caso, tornam-se dependentes. Para estes últimos, há
especial necessidade de cuidados, que serão realizados pela família ou por outros

5
meios, como instituições públicas ou privadas ou pela contratação de um enfermeiro
ou de um cuidador, conforme o caso.

KARSCH (2003, p. 862) também afirma que:


“Estudos revelam que cerca de 40% dos indivíduos com 65 anos ou
mais de idade precisam de algum tipo de ajuda para realizar pelo
menos uma tarefa como fazer compras, cuidar das finanças, preparar
refeições e limpar a casa. Uma parcela menor (10%) requer auxílio
para realizar tarefas básicas, como tomar banho, vestir-se, ir ao
banheiro, alimentar-se, sentar e levantar de cadeiras e camas,
segundo Medina (1998). Estes dados remetem à preocupação por
mais de 6 milhões de pessoas e famílias, e a um e meio milhão de
idosos gravemente fragilizados no Brasil, segundo a Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2001 (IBGE, 2002).”

Conforme estudos e pesquisas apontados acima, pode-se notar que uma


parcela considerável dos idosos precisa de ajuda para a realização de suas atividades
de vida diária (AVD). Nestes casos, um cuidador – seja ele um familiar ou não – pode
dar conta do atendimento a tais necessidades. Tal número torna-se mais significativo
se observado o total no Brasil, apontado pelo IBGE.
Nota-se, portanto, que existe hoje uma grande demanda por cuidado e que a
mesma tende a crescer nos próximos anos e décadas. Para o atendimento dessa
demanda crescente, entende-se que é necessário que o Estado amplie o seu escopo
de atuação, como mencionado anteriormente, e que outras formas de atendimento
sejam criadas e / ou aprimoradas.
Pergunta-se, então: estaria o Estado preparado para o atendimento de tal
demanda? Ainda que haja uma infraestrutura pública para tal atendimento, esta seria a
opção mais adequada?

1.2. Atendimento domiciliar ou Instituição asilar: eis a questão.

Discutiu-se acerca do questionamento sobre quais seriam as melhores formas


de atendimento ao idoso dependente. Em tal discussão, constatou-se que é “consenso
entre os especialistas”, que a solução mais adequada seria manter os idosos em seus
domicílios, em detrimento do atendimento por instituições asilares.
Além disso, tanto a Constituição Federal, quanto o Estatuto do Idoso entendem
que a manutenção do idoso em seu domicílio seria a opção preferencial e mais
adequada ao seu bem estar.

6
Assim, reiterando tal discussão, segundo YAMADA (2006):

“Muitas vezes em situações de dependência ou enfermidade, a


assistência domiciliar é a melhor opção para a recuperação do idoso.
Neste caso, os riscos de infecções secundárias, estresse e distúrbios
psicoemocionais são menores do que o observado em ambiente
hospitalar. Entretanto a manutenção do paciente em domicílio exige
que familiares, especialmente cônjuges e filhos, assumam o cuidado,
o que pode exigir a reorganização familiar.” (p.669)

Pode-se constatar que o autor acima referenciado também defende a mesma


opinião que os autores anteriormente citados, no que diz respeito à preferência pelo
atendimento e cuidados domiciliares. Mas também já ficou evidenciado, no decorrer
deste estudo, que as mudanças ocorridas na sociedade mudaram muito o perfil da
família brasileira, que não dispõe de tempo e condições gerais para dispensar
cuidados aos seus idosos.
Desta forma, em muitos casos, mesmo havendo uma “reorganização familiar”,
como propõe o autor acima, nem sempre é possível afastar a possibilidade de
asilamento do idoso, pois a família não consegue dar conta de tais cuidados.
Com relação a isto, KARSCH (2003) levanta importante questão:

“Cuidar do idoso em casa é, com certeza, uma situação que deve ser
preservada e estimulada; todavia, cuidar de um indivíduo idoso e
incapacitado durante 24 horas sem pausa não é tarefa para uma
mulher sozinha, geralmente com mais de 50 anos, sem apoios nem
serviços que possam atender às suas necessidades, e sem uma
política de proteção para o desempenho deste papel. Em países mais
desenvolvidos, em que o envelhecimento populacional foi mais lento
e recebeu mais atenção durante décadas, foi construída uma rede de
organizações maiores e menores, que se define como community
care, e cujo grande objetivo é manter o idoso em sua casa
oferecendo suportes para a família e o cuidador.” (p.863)

Como se sabe, a tarefa de cuidar, historicamente, é atribuída à mulher. No


texto acima, a autora evidencia a necessidade de apoio – mesmo quando algum
familiar cuida do idoso, no domicílio – de forma que o mesmo não fique
sobrecarregado. A autora também menciona o tipo de apoio existente em países mais
desenvolvidos, que oferecem suporte para a família e o cuidador.

No Brasil, a realidade é bem diferente daquela existente nos países


desenvolvidos e, diferentemente dos mesmos, também, o envelhecimento
populacional ocorreu de forma bem mais acelerada.

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Portanto, o entendimento geral é que “Por motivos vários, como a redução de
custo da assistência hospitalar e institucional aos idosos incapacitados, a atual
tendência, em muitos países e no Brasil, é indicar a permanência dos idosos
incapacitados em suas casas sob os cuidados de sua família.” (Karsch, 2003, p.862)
Pelos motivos já expostos, e pelo que afirma Karsch, acima, nota-se que – seja
porque as instituições públicas ainda não estão preparadas para suprir a atual
demanda por cuidado; seja porque o sistema se saúde no Brasil precisa melhorar; seja
porque ainda há grande preconceito com relação ao asilamento; seja porque é melhor
para o bem estar do idoso, seja qual for o motivo – a principal recomendação é a
manutenção do idoso sob os cuidados da família.
A mesma autora ainda ressalta que “A freqüência das doenças crônicas e a
longevidade atual dos brasileiros são as duas principais causas do crescimento das
taxas de idosos portadores de incapacidades. A prevenção das doenças crônicas e
degenerativas, a assistência à saúde dos idosos dependentes e o suporte aos
cuidadores familiares representam novos desafios para o sistema de saúde instalado
no Brasil.” (p. 862)

Com relação à questão do asilamento ou não do idoso, CALDAS (2003)


também se expressa a respeito, dizendo:

“No Brasil, a Política Nacional de Saúde do Idoso (Brasil,


1999), reconhecendo a importância da parceria entre os
profissionais de saúde e as pessoas que cuidam dos idosos,
aponta que essa parceria deverá possibilitar a sistematização
das tarefas a serem realizadas no próprio domicílio,
privilegiando-se aquelas relacionadas à promoção da saúde, à
prevenção de incapacidades e à manutenção da capacidade
funcional do idoso dependente e do seu cuidador, evitando-se
assim, na medida do possível, hospitalizações, asilamento e
outras formas de segregação e isolamento.”

Diante do exposto neste trabalho, até o momento, pode-se perceber que a


realidade brasileira é bastante diferente da existente em outros países, como já foi
dito. Nela, há novos desafios que precisam ser superados. Pergunta-se, então, quem
vai cuidar dos nossos velhos?
Diante das questões analisadas e do contexto em que estamos vivendo, no
qual passou a existir uma crescente demanda por cuidado em nossa sociedade, teve
origem uma nova função/ocupação: a do CUIDADOR SOCIAL, profissional contratado

8
pela família para exercer os cuidados básicos e apoio às atividades de vida diária do
idoso ou de qualquer pessoa – não necessariamente idosa.
Sendo ainda recente, a função de “Cuidador” ainda é considerada como
ocupação pela CBO - Classificação Brasileira de Ocupações do Ministério do
Trabalho, Emprego e Renda, não tendo reconhecimento como profissão.
Observa-se, também, que o surgimento desta nova função/ocupação como
possível solução e / ou minimização quanto ao atendimento da demanda existente e o
crescimento contínuo de tal demanda fizeram crescer, paralelamente, a procura por tal
ocupação por parte das pessoas, como forma de reinserção no mercado de trabalho.

1.3. Os cuidadores sociais estão preparados para atender à atual demanda


por cuidado?

Conforme já discutido anteriormente, mas cabe reforçar, no atual cenário


brasileiro, “em virtude do aumento expressivo da população idosa em nosso país e a
mudança estrutural da família contemporânea, surge a necessidade do cuidador
domiciliário de idosos no mercado de trabalho.” (CHAVES, 2009).
Reiterando tal demanda por cuidado, DUARTE (2006) também explica: “Uma
das conseqüências dessas alterações foi o aumento expressivo, na comunidade, de
pessoas com incapacidades (física, mental e/ou social), de diferentes níveis e com
graus variáveis de dependência requerendo o auxílio temporário ou permanente de
outras pessoas para continuarem a viver em suas moradias. A essas pessoas
denominamos “cuidadores”. (p.37) grifo nosso
CHAVES (2009) complementa o que disse anteriormente relatando saber que
“(...) os cuidadores já estão desempenhando suas funções, mas com que qualidade
e em que condições esse serviço está sendo prestado aos idosos? Os
cuidadores possuem capacitação para tal função? Quem são essas pessoas que
exercem a atividade de cuidadores domiciliários?” (CHAVES, 2009) grifo nosso
Nota-se que os questionamentos apresentados no início deste capítulo também
são compartilhados por outros como, por exemplo, MELLO (2008), que – referindo-se
ao questionário de seu estudo – constatou que “As respostas indicaram que a maioria
dos cuidadores tem a idéia de que seu cuidado depende da experiência que eles
têm com os idosos, ignorando a necessidade de qualificação para tal função.”
(p.267) grifo nosso

9
Conforme aponta o autor acima, para a maioria dos cuidadores, a qualidade do
cuidado realizado é algo definido tão somente pela experiência. Evidentemente, não
se pode ignorar a importância do conhecimento que pode ser elaborado e construído
através da experiência, mas não se pode concordar que para o exercício da ocupação
de cuidador não seja necessária a realização de uma boa capacitação.
Para o cuidador, portanto, estar preparado para exercer tal ocupação – cujas
atribuições ainda não estão devidamente descritas, apontadas – é ter experiência, é
saber fazer um conjunto de tarefas com as quais ele já está familiarizado, acostumado
a fazer, muitos deles, há muito tempo. Como perguntado anteriormente, “mas com que
qualidade?”.
Segundo o mesmo estudo, o autor destaca que “Por outro lado, poucos
cuidadores, os com maior grau de escolaridade, demonstraram em suas falas a
necessidade de uma preparação adequada para o cuidado de idosos, enfatizando
sempre a importância de estar preparado para lidar com as doenças da velhice.”
(MELLO, 2008, p. 267) grifo nosso
Evidencia-se - com a análise do autor, na citação acima – que os cuidadores
cujo grau de escolaridade é maior são justamente aqueles que têm o entendimento de
que é necessário ter conhecimento e qualificação para o exercício da ocupação de
cuidador e, evidentemente, de qualquer outra ocupação.
Nota-se, ainda, que os demais cuidadores – com menor grau de escolaridade –
segundo o referido estudo, atribuem demasiado valor à experiência, em detrimento do
conhecimento. Seria, o “saber-fazer”, adquirido pela experiência, sobrepondo-se ao
conhecimento, ou seja, ao “saber” capaz de oferecer embasamento à prática
profissional.
Referindo-se à pesquisa que realizou, MELLO (2008) destaca que: “Em relação
ao treinamento para cuidar de idosos constatou-se que 7% (3) dos cuidadores são
treinados para tal função e que 93,0% (40) dos cuidadores não tem treinamento para
cuidar de idosos.” (CHAVES, 2009)

O resultado da pesquisa, apresentado acima, mostra que a maioria dos


cuidadores entrevistados não realizou treinamento/capacitação para o exercício da
referida ocupação. O fato de a maioria dos cuidadores não ter realizado
treinamento/capacitação leva-nos a concluir que os mesmos estão exercendo tal
ocupação baseados apenas na experiência, como já foi dito, e no senso comum.

10
Com relação a isso, LACERDA (2008) alerta: “Para realizar o cuidado no
domicílio é preciso ter conhecimento técnico e científico (e não um conhecimento do
senso comum) para atender as necessidades do paciente.” (p.344)
Segundo o mesmo autor: “O cuidado domiciliar tem gerado um mercado de
trabalho informal composto por pessoas leigas que cuidam de forma, às vezes, pouco
efetiva e com baixa qualidade.” (p.343)
A questão reforçada pelo autor acima, também compartilhada pelos autores
anteriormente citados, leva-nos a identificar uma grande preocupação com relação à
qualidade do trabalho desenvolvido pelo cuidador e à falta de preocupação do mesmo
com a sua própria capacitação para o exercício da referida ocupação.
Somando-se às questões já apontadas (falta de preparo/capacitação adequada
para o exercício da ocupação, excessiva valorização da experiência por parte dos
cuidadores etc.), nota-se que o surgimento do cuidador no mercado, a partir da
demanda identificada, passou a gerar uma espécie de estranhamento por parte de
outras ocupações/profissões: os profissionais de enfermagem e os empregados
domésticos (ocupam-se dos afazeres domésticos, limpeza da casa etc.).
De modo geral, pode-se notar que o cuidador é comumente confundido com o
profissional “empregado doméstico” e/ou com o profissional de enfermagem. Inclusive,
os órgãos de classe, representativos das profissões citadas, têm se manifestado
contrários ao reconhecimento da função/ocupação de cuidador como profissão porque
entendem e alegam que as atribuições do cuidador são atribuições de suas
respectivas áreas profissionais.
Há cerca de dez anos, o autor deste trabalho leciona em turmas de cuidadores
sociais – muitos destes, aliás, são ex-empregados domésticos – e tem ouvido
depoimentos que reiteram tal questão. São comuns as queixas com relação aos
limites da ocupação de cada um. Percebe-se, nitidamente, que as atribuições dos
cuidadores não estão claras, não estão definidas, provocando, assim, o
estranhamento anteriormente mencionado. Os profissionais de enfermagem têm suas
atribuições bem definidas e, inclusive, reconhecimento como profissão. Os
profissionais domésticos também já têm um reconhecimento como ocupação e
atribuições definidas.
Pode-se entender, portanto, que o foco da questão, isto é, o principal problema
é que as atribuições dos cuidadores sociais não estão devidamente definidas, fazendo
com que a referida ocupação seja confundida com outras. Não há, portanto, uma
identidade da ocupação de cuidador social que lhe permita ser diferenciada das

11
demais ocupações. Não estando claras tais atribuições, torna-se difícil, também, uma
capacitação adequada para o exercício da referida ocupação.
Assim, na busca por uma possível solução para o problema identificado, nos
próximos capítulos, tal questão será aprofundada.

12
2. REFERENCIAL TEÓRICO - CONCEITUAÇÕES

2.1. O que é Cuidado?

Para que se possam entender melhor as questões aqui abordadas e,


especialmente, entender o papel do cuidador, faz-se necessário conceituar o cuidado.

Primeiramente, recorrendo-se ao dicionário AURÉLIO (1986), podem-se encontrar


os seguintes significados para a palavra cuidado: “Atenção, precaução, cautela,
diligência, desvelo, zelo, encargo, responsabilidade”, dentre outras.

Para uma reflexão mais aprofundada acerca do significado da palavra cuidado,


cabe recorrer à definição de BOFF (1999), na qual ele diz: “O que se opõe ao
descuido e ao descaso é o cuidado. Cuidar é mais que um ato; é uma atitude.
Portanto, abrange mais que um momento de atenção, de zelo e de desvelo.
Representa uma atitude de ocupação, preocupação, de responsabilização e de
envolvimento afetivo com o outro.” (p. 33)

BOFF (1999) também afirma que “(...) o ser humano é um ser de cuidado, mais
ainda, sua essência se encontra no cuidado. Colocar cuidado em tudo o que projeta e
faz, eis a característica singular do ser humano.” (p. 35)

Analisando as afirmações de BOFF, acima, pode-se entender o “cuidado” como


sendo algo inerente ao ser humano e, justamente, aquilo que o diferencia de outros
seres fazendo-o verdadeiramente humano. Para ele, cuidar representa uma atitude,
uma forma de ser na qual um ser humano preocupa-se com o outro, dando-lhe
atenção, ocupando-se do outro e preocupando-se com o outro.

Refletindo sobre a filologia da palavra cuidado, BOFF esclarece:

“Outros derivam cuidado de cogitare-cogitatus e de sua


corruptela coyedar, coidar, cuidar. O sentido de cogitare-
cogitatus é o mesmo de cura: cogitar, pensar, colocar atenção,
mostrar interesse, revelar uma atitude de desvelo e de
preocupação. O cuidado somente surge quando a existência de
alguém tem importância para mim. Passo então a dedicar-me a
ele; disponho-me a participar de seu destino, de suas buscas,
de seus sofrimentos e de seus sucessos, enfim, de sua vida.”
(p. 91)

13
E ele conclui: “Cuidado significa então desvelo, solicitude, diligência, zelo,
atenção, bom trato.” (p. 91)

Para o autor, cuidado inclui duas significações básicas, ou seja, além de


significar solicitude e atenção para com o outro, também significa preocupação, pois a
pessoa que tem cuidado tem um envolvimento afetivo com o outro e, portanto,
preocupa-se com ele. BOFF (1999) vai mais além e afirma que:

“Os dois significados básicos colhidos da filologia nos


confirmam a idéia de que o cuidado é mais do que um ato
singular ou uma virtude ao lado de outras. É um modo de ser,
isto é, a forma como a pessoa humana se estrutura e se realiza
no mundo com os outros. Melhor ainda: é um modo de ser-no-
mundo que funda as relações que se estabelecem com todas
as coisas.” (p. 92)

Portanto, cuidado pode significar uma forma de existir e conviver, ou seja,


relacionar-se com todas as coisas que existem no mundo. Seria, então, a nossa
atitude perante o mundo.

As reflexões feitas aqui a respeito do conceito de cuidado levam-nos ao


entendimento de cuidado na esfera humana e social, abrangendo todas as áreas de
conhecimento. Ele se insere em todas as áreas e, ao mesmo tempo, não pode ser
“exclusividade” desta ou daquela área de conhecimento.

2.2. O que é uma ocupação?

Segundo o dicionário AURÉLIO (1986), a palavra ocupação significa: ato de


ocupar-se, trabalhar em algo; atividade, serviço ou trabalho manual ou intelectual
realizado por um período de tempo mais ou menos longo; dentre outros significados
similares a estes.
O Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, disponibiliza a versão atual da
Classificação Brasileira de Ocupações - CBO, que foi instituída pela portaria
ministerial nº 397, de 9 de outubro de 2002. (Site MTE, 2009)
Segundo informações obtidas no site do MTE (2009), a Classificação Brasileira
de Ocupações – CBO: “(...) tem por finalidade a identificação das ocupações no
mercado de trabalho, para fins classificatórios junto aos registros administrativos e
domiciliares. Os efeitos de uniformização pretendida pela Classificação Brasileira de

14
Ocupações são de ordem administrativa e não se estendem às relações de trabalho.
Já a regulamentação da profissão, diferentemente da CBO é realizada por meio de lei,
cuja apreciação é feita pelo Congresso Nacional, por meio de seus Deputados e
Senadores, e levada à sanção do Presidente da República.”
A atual versão da CBO vem substituir a anterior, publicada em 1994. Conforme
consta no site do MTE (2009): “Desde a sua primeira edição, em 1982, a CBO sofreu
alterações pontuais, sem modificações estruturais e metodológicas. A edição 2002
utiliza uma nova metodologia de classificação e faz a revisão e atualização completas
de seu conteúdo.”
A CBO é o documento que identifica, nomeia, atribui códigos e descreve as
características das ocupações existentes no mercado de trabalho brasileiro. Segundo
a CBO, por exemplo, o código da ocupação de Cuidador é 5162 (Cuidadores de
crianças, jovens, adultos e idosos) e faz parte de uma “família” ou conjunto de outras
ocupações similares. Especificamente, a ocupação de cuidador de idosos tem o
código 5162 – 10.

Conforme site do MTE (2009), “A nova versão contém as ocupações do


mercado brasileiro, organizadas e descritas por famílias. Cada família constitui um
conjunto de ocupações similares correspondente a um domínio de trabalho mais
amplo que aquele da ocupação.”
Também consta no referido site a informação de que a nova versão da CBO
passou por um novo método de descrição o qual “... pressupõe o desenvolvimento do
trabalho por meio de comitês de profissionais que atuam nas famílias, partindo-se
da premissa de que a melhor descrição é aquela feita por quem exerce
efetivamente cada ocupação.” (grifo nosso)

É de fundamental importância a participação daqueles que efetivamente


exercem as respectivas ocupações na reformulação das descrições das ocupações,
pois, de fato, são aqueles que melhor conhecem aquilo que fazem.

2.3. O que é a ocupação de cuidador/cuidador social?

Conforme o atual CBO, Livro 1 (2002), a descrição sumária da referida


ocupação é: “Cuidam de bebês, crianças, jovens, adultos e idosos, a partir de
objetivos estabelecidos por instituições especializadas ou responsáveis diretos,

15
zelando pelo bem-estar, saúde, alimentação, higiene pessoal, educação, cultura,
recreação e lazer da pessoa assistida.”
Conforme o mesmo documento (CBO, Livro 1, 2002), o código da ocupação de
cuidador é “5162-10 Cuidador de idosos - Cuidador de pessoas idosas e dependentes,
Cuidador de idosos institucional, Acompanhante de idosos, Cuidador de idosos
domiciliar, Gero-sitter”.
Objetivando aprofundar a definição sobre a referida ocupação, texto abaixo
resume muito bem o que realmente acontece com relação à referida ocupação. Em tal
artigo, denominado “Cuidadores: heróis anônimos do cotidiano”, MENDES (1998)
explica que:
“No Brasil há poucos estudos sobre cuidadores domiciliares, pois
esse personagem é ainda desconhecido no cenário público. A
referência para pesquisadores brasileiros, nessa área, tem sido a
literatura internacional que trata da questão em sociedades diferentes
da brasileira. Nos países desenvolvidos, os cuidados domiciliares já
são visíveis e considerados como necessidade social, portanto, estão
inscritos na esfera pública.” (p.171)

Reiterando o que Mendes explica acima, KARSCH (1998) afirma que: “A figura
do cuidador, alvo de estudos e pesquisas em outros países, tem sido ignorada no
Brasil: pelo governo, na falta de estruturas para o auxílio de seu trabalho; pela família,
devido à baixa valorização dessa função (muitas vezes concentrada em uma só
pessoa)...” (p.22)
Nota-se, portanto, conforme expressão dos autores acima referenciados, que
no Brasil, ainda há poucos estudos sobre a ocupação de cuidador. A maioria dos
textos encontrados, inclusive, refere-se mais ao cuidador familiar, ou seja, à pessoa
que – tendo um familiar acometido por alguma doença que o torne dependente –
passa a cuidar do mesmo.
Conforme MENDES (1998): “O cuidar como atividade envolve um conjunto de
ações absorventes: administrar remédios, assegurar uma dieta alimentar, efetuar a
higiene pessoal, pentear o cabelo, escovar os dentes, cortar as unhas, dar banho,
fazer a toalete, vestir, despir, locomover de um lugar para o outro (quarto/sala,
quarto/banheiro), subir escada, sentar, levantar, deitar e realizar exercícios motores
complementares à fisioterapia.”
Entende-se, então, resumidamente, que o cuidador (seja um familiar ou alguém
contratado para o desempenho de tal ocupação) é aquela pessoa que cuida de outra –
que, na maioria das vezes, encontra-se em alguma situação de dependência –
auxiliando na realização de atividades diárias, como as descritas acima.

16
Na concepção de CALDAS (1998), os cuidadores seriam classificados em
“formais” e “informais”, conforme descreve:

“Os cuidadores secundários seriam os familiares, voluntários e


profissionais, que prestam atividades complementares. Usa-se
a denominação cuidador formal (principal ou secundário) para
o profissional contratado (atendente de enfermagem,
acompanhante, empregada doméstica etc.) e de cuidador
informal, usualmente, para os familiares, amigos e voluntários
da comunidade.” (p.11) grifo nosso

Embora numa descrição mais geral a autora faça referência ao termo “cuidador
formal”, quando o descreve e caracteriza como “profissional contratado”, inclui em tal
categoria os profissionais de enfermagem, os que a mesma denomina
“acompanhantes” e os empregados domésticos. O que se pode notar é que a autora –
como a maioria dos autores – não estende a sua análise acerca do papel desta nova
categoria profissional em expansão: os cuidadores sociais. Estes são vistos como
meros “acompanhantes”. Aliás, o foco da maioria dos estudos, com já foi dito, tem sido
os cuidadores familiares.
Em virtude disto, buscou-se apoio em outros autores que entendem o papel do
cuidador numa esfera mais abrangente: social e humana.
Assim, neste trabalho, optou-se por adotar a terminologia “cuidador social”,
com base na definição de MARTINEZ (2009), que coordena o “Programa Cuidador
Social” – que se destina à formação de cuidadores – do Comitê FURNAS da Ação da
Cidadania, em parceria com FURNAS Centrais Elétricas.

Segundo a autora:
“O entendimento de cuidador social na equipe do programa é
resultado tanto da experiência quanto do conjunto da literatura sobre
envelhecer e cuidado. Assim o cuidador social é aquela pessoa
que tem compreensão da realidade e conseqüências sociais do
envelhecer, em especial, que está preparada para auxiliar as
pessoas em suas necessidades cotidianas enquanto sujeito
envelhecido, e que a partir daí se coloca disponível para respeitar o
idoso em sua condição e atender com mais qualidade à demanda do
cuidado, qualquer que seja ela, e que se identifique com o ato –
humano e social – de cuidar.” (p.105) grifo nosso

O autor deste estudo também entende a dimensão social do trabalho do


cuidador e, por isso, destaca acima o que menciona Martinez, pois também entende

17
que a ocupação de cuidador encontra-se na esfera humana e social e não
exclusivamente na área da saúde. Considera-se, inclusive, que a qualidade de vida
proporcionada ou facilitada pelo cuidador pode refletir-se, evidentemente, na melhora
da saúde da pessoa cuidada. O papel do cuidador acaba sendo, muitas vezes, de
interlocutor.
Tal papel de interlocução é mencionado por MARTINEZ (2009), quando a
autora afirma que: “O cuidador social se torna uma pessoa fundamental no cuidado
e/ou acompanhamento de uma pessoa com algum grau de dependência, doença ou
que simplesmente necessita de auxílio nas atividades diárias. Ao compreender a
dimensão humana e social de seu trabalho, poderá se transformar no melhor
meio de comunicação entre o idoso, a família e/ou a equipe de saúde.” (p.110)
grifo nosso
Naquilo que diz respeito ao relacionamento do cuidador com a equipe de
saúde, cabe, ainda, destacar o que comenta MARTINEZ (2009): “O cuidador muitas
vezes acaba invisível aos olhos da sociedade, ora confundido como empregado
doméstico, ora como profissional de enfermagem, não sendo atingida ainda a real
compreensão de seu trabalho de apoio ao idoso, devido à falta de informação da
família e da sociedade.” (p. 111) grifo nosso

Com relação ao grifo acima, ou seja, a questão da não compreensão por parte
da sociedade sobre o real papel do cuidador e com o fato de tal ocupação ser
confundida com outras ocupações, especialmente com aquelas da área de
enfermagem, pode-se notar que reside justamente aí a raiz do problema. Desta forma,
tal discussão será aprofundada a seguir.

2.4. A ocupação de Cuidador Social e a profissão de Enfermagem:

No Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, a ocupação de enfermeiro tem no


CBO (2002) o código: 3222 – “Técnicos e auxiliares de enfermagem que cuidam de
pessoas de elevado grau de dependência.” (grifo nosso)

Embora pareça evidente que a ocupação do cuidador – ainda não reconhecida


como profissão – já tenha uma credencial do próprio MTE, uma vez que tem um CBO
e o consequente reconhecimento como ocupação, sendo diferenciada, portanto, da
ocupação de enfermagem (que tem outro código CBO), na prática, ocorrem alguns

18
conflitos, conforme já citado. Para que melhor sejam compreendidos tais conflitos,
foram pesquisados alguns autores – bastante críticos, inclusive, com relação a tal
questão – conforme segue.

Além das questões apontadas anteriormente, LACERDA (2008), no texto abaixo,


menciona a possível ilegalidade do exercício da profissão de enfermagem por parte de
alguns cuidadores. Segundo o autor:

“(...) os cuidadores informais aprendem a realizar procedimentos com


enfermeiros ou auxiliares de enfermagem que atuam no cuidado
domiciliar, e muitas vezes treinam uma pessoa para dar seqüência ao
cuidado, pois a família não tem condições financeiras para manter um
cuidado especializado. Este pode ser um familiar ou uma pessoa
contratada pela família que não está cientificamente e nem
tecnicamente capacitada. Essa situação colabora para o
surgimento do cuidador informal que exercerá indevidamente e
ilegalmente a profissão de Enfermagem.” (p.344) grifo nosso

Chamaram à atenção as questões levantadas pelos autores aqui citados,


especialmente por LACERDA (2008), pois a principal delas refere-se ao fato dos
cuidadores estarem exercendo o que seria “a profissão de enfermagem”. Nota-se,
portanto, uma falta de clareza e de diferenciação entre as atribuições da
ocupação/profissão de enfermagem e das atribuições que podem ser exercidas
pelo cuidador, ou seja, do que compete ao mesmo.

LACERDA (2008), também destaca que “Como as demais profissões de livre


exercício no país, a Enfermagem está regulamentada por uma lei que estabelece
quem pode exercer legalmente essa profissão, e quais as qualificações necessárias: a
Lei nº 7.498, denominada Lei do Exercício Profissional de Enfermagem. Nela,
efetivamente, nem mesmo os técnicos e auxiliares de enfermagem poderiam prestar
serviços no domicílio, como profissionais autônomos, sem uma supervisão direta ou
indireta do enfermeiro.” (p.344-345)
O referido autor refere-se, evidentemente, àqueles cuidadores que estariam
exercendo atribuições que são inerentes à profissão de enfermagem. Neste caso,
obviamente, seria uma ilegalidade tal exercício, ainda que não proposital, mas por
ignorância. Sobre isso, LACERDA (2008) ressalta que “Os cuidadores informais que
prestam algum tipo de cuidado no domicílio, em sua maioria não têm
conhecimento de que estão exercendo ilegalmente atividades de enfermagem.

19
Dentre os 22 entrevistados, mais da metade não tem nenhum conhecimento ou nunca
ouviu falar sobre os aspectos legais envolvidos em sua prática.” (p.350)

LACERDA (2008), por outro lado, também reconhece que “O cuidador é a


pessoa que se envolve no processo de cuidar do outro, com qualidades pessoais de
forte traço de amor, mas, ainda, é relevante e necessário considerar quais as
conexões dessa atividade com a categoria da profissão de Enfermagem, e quais
as implicações éticas advêm do direito do cidadão por um atendimento seguro e
justo.” (p.348)

Assim, evidencia-se que o âmago da questão – a essência do problema –


reside no fato de a ocupação de cuidador ainda não ter devidamente definidos os seus
limites e possibilidades, ou seja, o que compete de fato a tal ocupação: quais as
atribuições do cuidador, quais os conhecimentos que o mesmo deve possuir para o
exercício da mesma e, ainda, quais valores éticos ele deve ter.

Objetivando trazer mais elementos que possam contribuir para a clarificação


das questões aqui propostas, além do “diálogo” realizado com alguns autores –
especialistas no tema deste trabalho – também foram realizadas três pesquisas (que
são apresentadas nos apêndices I, II e III) com aqueles que vivenciam (na prática) as
questões discutidas neste estudo.

Como bem comenta (CHAVES, 2009): “A falta de pesquisas nesta área de


conhecimento agrava, ainda mais, a debilidade do serviço de cuidar, pois não
sabemos quem são os cuidadores, quais são suas necessidades e dificuldades. Com
o incremento das pesquisas poderemos, com base em dados brasileiros, sugerir
políticas de saúde voltadas para essa problemática.”
Será possível, a partir de mais estudos e pesquisas no campo do cuidar,
chegar-se a um consenso no qual o Cuidador Social terá clareza do espaço que pode
ocupar, sendo que os principais beneficiados serão aqueles que precisarem de
cuidado.

2.5. O que são COMPETÊNCIAS?

20
Foram pesquisados alguns autores, estudiosos do referido tema, de modo que
pudessem ser apresentados, neste capítulo, alguns conceitos de competência,
conforme a seguir:
De acordo com Fleury (2002), tal tema teve origem em 1973, com a publicação
do artigo Testing for competence rather than inteligence, que significa “testar a
competência em vez da inteligência), de autoria de David McClelland, renomado
psicólogo da Universidade de Harvard.
Ainda conforme Fleury (2002), McClelland define competências como
características pessoais que podem levar a um melhor desempenho, a uma
performance superior. Essas características pessoais seriam aptidões (talento
natural), habilidades (aplicação prática de um talento existente) e conhecimento (o
saber necessário para a realização de algo).
Segundo Dutra (2004) e também Fleury (2002), as competências humanas
podem ser entendidas como um conjunto de conhecimentos (saber), habilidades
(saber fazer) e atitudes (saber ser), que geraria uma melhor capacidade de “entrega”,
por parte das pessoas de uma organização.
Para Le Boterf (2003, p.40), “A competência é uma disposição para agir de
modo pertinente em relação a uma situação específica”. Ela seria resultante da
combinação de recursos pessoais (conhecimentos, habilidades, qualidades,
experiências, capacidades cognitivas, recursos emocionais etc.) com os recursos do
meio (livros, tecnologia, bancos de dados, relacionamentos etc.). Para este autor, “O
profissional não é aquele que possui conhecimentos ou habilidades, mas aquele
que sabe mobilizá-los em um contexto profissional”. (p.48) grifo nosso
Segundo Le Boterf (2003), o profissional não pode saber tudo. O que ele
precisa, de fato, é “... saber mobilizar na hora certa não somente seus próprios
conhecimentos e habilidades, mas também os de suas redes profissionais.” (p.53)
Com o que Le Boterf chama de “recursos do meio”, acima mencionado, o
indivíduo pode complementar os seus recursos pessoais, quando não possuir todos os
saberes de que precisa para a realização de determinada ação. A competência
consiste, justamente, em saber combinar esses recursos para produzir uma ação
competente. Para ele, “O saber combinatório está no centro de todas as
competências.” (LE BOTERF, 2003, p.13).
Resende (2004) propõe a classificação das competências em: competências
pessoais, competências Essenciais e Estratégicas, Competências de Gestão e
Competências Organizacionais. Focaremos, neste trabalho, as que ele denomina

21
“competências pessoais”, uma vez que nosso objetivo aqui não é estudar o ambiente
corporativo.
Assim, conforme Resende (2004, p.32), “Competências pessoais reúnem as
aptidões, as habilidades, os comportamentos (posturas) manifestos, e ainda o domínio
e aplicação de conhecimentos”. Também há outra definição do mesmo autor que
explica: “Competência é aplicação de conhecimentos, experiências, habilidades,
características pessoais, valores (cabe aqui o “e/ou”), com obtenção de resultados
práticos ou alcance de objetivos.” (RESENDE, 2008, p.62) (grifo nosso)
De acordo com Resende (2008, p.41 e 42, respectivamente), “A habilidade
destina-se a qualificar formas ou maneiras mais permanentes de aplicar
conhecimentos, ainda que diferentes...” ou então, “De forma bem simples, podemos
definir habilidades como uma maneira melhor de agir, aplicar conhecimentos,
expressar-se, fazer as coisas.”
A aptidão, segundo Resende (2008, p.42): “É o único dos três componentes da
competência – no sentido amplo – que é inato, que se ‘nasce com’. Ou seja, já
nascemos com as aptidões. Ou pelo menos com a tendência ou vocação para tê-las.”
Segundo ele, as aptidões se dividem em três tipos: Mentais (inteligência
abstrata, raciocínio lógico, raciocínio espacial, memória etc.), Emocionais (alegria,
tristeza, amor, saudade, compaixão, empatia etc.) e Físicas (visão, olfato,
sensibilidade tátil, reflexo, resistência ao cansaço etc.).
Segundo o autor, “Conhecimentos e habilidades são adquiridos ou
desenvolvidos após o nascimento. Aptidões são geneticamente herdadas e depois
desenvolvidas.” (RESENDE, 2008, p.42)
O conceito de competência surgido na literatura francesa nos anos 90 procurou
ir além do conceito de qualificação. Um de seus mais expressivos autores, Philippe
Zarifian (2008) define competência como: “A competência profissional é uma
combinação de conhecimentos, de saber-fazer, de experiências e comportamentos
que se exerce em um contexto preciso. Ela é constatada quando de sua utilização em
situação profissional, a partir da qual é passível de validação. Compete então à
empresa identificá-la e fazê-la evoluir.” (p.66)
Para Zarifian (2008) a competência diz respeito à competência de um
individuo (não é a qualificação de um emprego, de uma função) e ela se manifesta e
também é avaliada quando mobilizada em uma situação profissional, ou seja, a forma
como o indivíduo enfrenta essa situação está na essência da competência do mesmo.

22
Nota-se que na concepção de Zarifian, competência está relacionada à
capacidade do indivíduo de tomar iniciativas e de ir além daquilo que está “prescrito”,
“determinado”, de compreender e ter o domínio das situações novas com as quais se
depara no trabalho e, especialmente, de assumir responsabilidade sobre elas.

A concepção de competência de Zarifian (2008) é apoiada em três


formulações:
Primeira: “A competência é “o tomar iniciativa” e “o assumir responsabilidade”
do indivíduo diante de situações profissionais com as quais se depara.” (p.68);
Segunda: “A competência é um entendimento prático de situações que se
apóia em conhecimentos adquiridos e os transforma na medida em que aumenta a
diversidade das situações” (p.72);
Terceira: “A competência é a faculdade de mobilizar redes de atores em torno
das mesmas situações, é a faculdade de fazer com que esses atores compartilhem as
implicações de suas ações, é fazê-los assumir áreas de co-responsabilidade.(p. 74)”

Serão descritas, a seguir, as três formulações acima mencionadas:


Na primeira formulação, pode-se perceber que há uma mudança fundamental
na organização do trabalho, que é a não-prescrição, ou seja, o espaço para a
autonomia e para a “automobilização do indivíduo”, como diz o autor. Para ele, cada
palavra “tem importância em si mesma”, conforme explicado abaixo:
Assumir: para o autor, a competência “é assumida”, pois ela é resultado de um
“procedimento pessoal do indivíduo”, uma vez que o mesmo aceita assumir
determinada situação de trabalho e, principalmente, ser responsável por ela.
Tomar iniciativa: a palavra iniciativa deriva do verbo iniciar e quer dizer
começar alguma coisa. Portanto, tomar iniciativa é uma ação que modifica algo que já
existe. Então, pode-se inferir que ela também pode significar “introduzir algo novo”,
começar alguma coisa ou, ainda, criar.
Zarifian (2008) elucida o acima com o seguinte exemplo: “devo enfrentar um
problema-qualidade já identificado. Tomo a iniciativa de aplicar tal procedimento, em
vez de outro, em função da experiência que tenho desse tipo de situação, e do
conhecimento de procedimentos possíveis que posso mobilizar.

Assumir responsabilidade: a palavra responsabilidade vem do latim


spondere, que significa responder por. No campo profissional, significa que o

23
empregado/trabalhador responde pelas iniciativas tomadas e pelas consequências das
mesmas.
Segundo Zarifian (2008), “A responsabilidade é, sem dúvida, a contrapartida da
autonomia e da descentralização das tomadas de decisão. Não se trata mais de
executar ordens (de cuja pertinência não nos sentimos responsáveis), mas de assumir
em pessoa a responsabilidade pela avaliação da situação, pela iniciativa que pode
exigir e pelos efeitos que vão decorrer dessa situação.” Ele continua “E essa
responsabilidade é particularmente importante na medida em que toca outros
humanos.” (p.70) (grifo nosso)
Nota-se a preocupação do autor em diferenciar a responsabilidade sobre
coisas da responsabilidade relacionada a seres humanos. No caso do trabalho do
cuidador – que lida intimamente com seres humanos – tal destaque dado à
responsabilidade é muito importante.
Sobre situações: “(...) o comportamento em uma situação não é, nunca,
efetivamente prescritível: não se pode prescrever o comportamento que o indivíduo
deve adotar porque este comportamento faz intrinsecamente parte da situação. Da
mesma maneira que não se pode separar o trabalho da pessoa que o realiza, não se
pode separar a situação do sujeito que a enfrenta.” (ZARIFIAN, 2008, p.71)

Na segunda formulação: “... não se trata de empregar um conhecimento prévio,


mas de saber mobilizá-lo judiciosamente em função da situação. É por esse motivo
que a dimensão puramente cognitiva deve ser associada à dimensão compreensiva.
Entender uma situação é saber avaliá-la levando em conta “comportamentos” de seus
constituintes, sejam eles materiais (máquinas) ou humanos.” (ZARIFIAN, 2008, p.72)
Segundo o autor, essa “dimensão compreensiva” atinge seu maior alcance na
interação social, quando o indivíduo tem que interpretar comportamentos humanos “à
luz da compreensão, mesmo parcial, das razões que os motivam.”
Que se apóia em conhecimentos adquiridos: segundo o autor, para haver o
exercício da competência é preciso que haja conhecimentos adquiridos em situações
anteriores que poderão ser mobilizados em novas situações de trabalho. “É preciso
então admitir uma dimensão de incerteza constante nos conhecimentos possuídos, e
permanecer sempre aberto a contestações e a novas aprendizagens.” (p.73)
E os transforma: Para Zarifian (2008, p.73), “... para que a bagagem de
conhecimentos do indivíduo se transforme e aumente é preciso que a situação com

24
que ele se defronta tenha sido plenamente explorada do ponto de vista do que há a
aprender com ela.”
Quanto maior for a diversidade das situações, mais intensamente serão
modificados os conhecimentos: “O indivíduo aprende melhor e mais rápido na
medida em que deve fazer em face de situações variadas.” (ZARIFIAN 2008, p.73)
A constante desestabilização dos esquemas cognitivos já adquiridos (que estão
acomodados) permite que o indivíduo esteja aberto à aprendizagem do novo.

E a terceira formulação: mobilizar redes de atores: situações mais complexas


tendem a exceder as competências de um único indivíduo. Exige, portanto, que cada
indivíduo “precise de competências que não possui e de auxílios que se baseiam na
solidariedade da ação, auxílios que corroborarão eticamente suas tomadas de
iniciativa.” (ZARIFIAN 2008, p.74)
Quando um indivíduo percebe que uma situação mais complexa extrapola as
suas competências, ele deve buscar o auxílio daqueles que possam dividir com ele a
solução para aquela situação, deve buscar a complementação das suas competências
no outro, através de redes sociais.
Compartilhar as implicações de uma situação: “(...) Participar das
implicações de uma situação profissional possibilita dar um sentido coletivo às ações,
sentido que por si só remete a um futuro comum.” (ZARIFIAN 2008, p.74)
Assumir campos de co-responsabilidade: já foi mencionada a importância
do “assumir responsabilidade” para definir a competência. “Apesar disso, as
exigências das redes de ajuda mútua e as intervenções coletivas em torno de
situações de evento, assim como a participação nas implicações de atividades
profissionais, colocam a questão da co-responsabilidade.” (ZARIFIAN 2008, p.74)

De maneira geral, os conceitos de competência – brevemente apresentados


aqui, exceto o último, que foi mais detalhado – têm pontos comuns, são
complementares ou divergem bastante em alguns pontos. Para fundamentar a
proposta de mapeamento de competências da ocupação de cuidador social
apresentada neste trabalho, foram combinados alguns dos conceitos apresentados.

25
3. DIAGNÓSTICO:

No primeiro capítulo deste trabalho, foi contextualizada a temática do cuidado


no cenário brasileiro atual e foram realizadas reflexões sobre algumas questões que
revelam o surgimento e crescente aumento da demanda por cuidadores sociais, a
partir dos estudos de diversos autores e de dados estatísticos de entidades oficiais.
A partir daí, no mesmo capítulo, foram levantados alguns questionamentos –
baseado em autores como CHAVES (2009), que questiona, por exemplo, a qualidade
e as condições em que a prestação de serviços de cuidado social vem sendo
prestados, se os cuidadores possuem capacitação adequada para tal função, quem
são essas pessoas que exercem a atividade de cuidadores domiciliários etc.; e
MELLO (2008) que contesta o fato da maioria dos cuidadores entenderem que seu
cuidado depende somente da experiência, ignorando, desta forma, a necessidade de
qualificação para o exercício de tal função.
Convém, ainda, destacar o que LACERDA (2008) adverte com relação ao fato
de haver necessidade de conhecimento técnico e científico (e não somente um
conhecimento do senso comum) para o exercício dos cuidados domiciliares. Segundo
o mesmo, “O cuidado domiciliar tem gerado um mercado de trabalho informal
composto por pessoas leigas que cuidam de forma, às vezes, pouco efetiva e com
baixa qualidade.”
Ainda no primeiro capítulo, diante do que expressam os autores citados no
mesmo, comentou-se que o surgimento do cuidador no mercado, a partir da demanda
identificada, passou a gerar uma espécie de estranhamento por parte de outras
ocupações/profissões: os profissionais de enfermagem e os empregados domésticos.
Até o momento, podemos identificar dois problemas bastante importantes neste
contexto: a evidente falta de capacitação do cuidador para o exercício da referida
ocupação e esse estranhamento entre ocupações. Pensava-se que até aí já havia
sido identificado “O problema”. Ainda não. Os dois citados são, apenas, segundo este
diagnóstico, consequências do problema que pode ser a raiz da questão.
Para fundamentar este diagnóstico, além dos estudos teóricos citados,
realizou-se um estudo, composto por três pesquisas com as pessoas que vivenciam
o cotidiano do cuidado (prática): cuidadores, contratantes de cuidadores e
profissionais (assistentes sociais, pedagogos, psicólogos, professores que atuam em
cursos de cuidadores e estagiários de serviço social, cujo campo de estágio é
relacionado ao trabalho do cuidador).

26
Com relação à falta de capacitação dos cuidadores:

Em tal estudo foi perguntado aos cuidadores (pesquisa 1): Você acha que a
experiência era suficiente para exercer a ocupação? Esta pergunta foi respondida por
78% (36) do total de 46 participantes, pois 10 pessoas (22%) não responderam
(gráficos 9 e 10).
Analisando qualitativamente as respostas dos questionários, verifica-se que os
24 respondentes (52%) que declararam “sim” na pergunta nº 10, ou seja, que tinham
experiência como cuidador antes de iniciar o curso atual, são os mesmos
respondentes que declararam “não” na pergunta nº 11, ou seja, que acham que a
experiência que possuíam não era suficiente para exercer a ocupação de
cuidador.
O que se pode apreender de tais dados, é que estes 52%, embora já
estivessem trabalhando como cuidadores e, portanto, tendo alguma experiência (65%
da turma tem experiência, que varia de 2 meses a 21 anos), reconhecem que
somente tal experiência não é suficiente para o exercício da ocupação de
cuidador.
Para os que responderam “não”, foi perguntado: o que você acha que faltou?
Conforme tabela 1, verifica-se que um dos respondentes, embora bastante resumido,
expressou bem a sua opinião e, talvez, a de todos: “faltou tudo”. Na fala dos demais,
em sua maioria, notam-se expressões sinônimas e/ou semelhantes, todas relativas à
necessidade de aprendizado, tais como: conhecimento, informação (provavelmente
querendo dizer conhecimento), técnica, aprender a, preparo, esclarecimento, saber,
conhecer etc. Um deles expressou “o conhecimento que com o curso estou tendo
agora”. Isto é, ele – assim como os demais – reconhece que somente agora (que
estão fazendo um curso) estão encontrando o que “estava faltando”: conhecimento.
Ao serem consultadas algumas pessoas que contratam cuidadores (pesquisa
2), perguntamos: Quais as principais dificuldades que se enfrenta ao ter que contratar
um Cuidador, em sua opinião? Ao serem analisados os relatos constantes na tabela
19, que se encontram classificados e resumidos no gráfico 27, pode-se verificar que as
principais dificuldades apontadas pelos contratantes com relação ao momento em que
se precisa contratar um cuidador para cuidar de um familiar resumem-se em 5
principais fatores (vide pesquisa). Dentre eles: “dificuldade para conseguir um
cuidador realmente capacitado para o exercício da referida ocupação” e, ainda,
“imposição de rotinas e outros por parte do cuidador chocando-se com as orientações

27
da família”. Este último também mostra um despreparo por parte do cuidador. (grifo
nosso)
Os profissionais (pesquisa 3), conforme tabela 35 e gráfico 36, perguntados
sobre “qual deveria ser a escolaridade mínima necessária para um cuidador exercer
tal ocupação”: 77% (10) dos profissionais responderam que o mínimo necessário
deveria ser o ensino fundamental completo. Dois (cerca de 15%) responderam que
deveria ser o ensino médio completo e um não respondeu (cerca de 8%).
Este é outro fator importante relacionado à questão da falta de capacitação,
pois há a necessidade de uma boa capacitação específica, mas para a realização da
mesma é preciso que se exija um pré-requisito mínimo em termos de escolaridade.
Sabe-se que uma pessoa pouco escolarizada não costuma dominar alguns
conhecimentos imprescindíveis ao aprendizado de outros conhecimentos um pouco
mais complexos. Um bom exemplo é o conhecimento da língua portuguesa. Se um
aluno não é capaz de ler e escrever com certa competência, não apreenderá com
facilidade conhecimentos através da leitura de textos, por exemplo. Portanto, ao ser
exigido, no mínimo, o ensino fundamental completo, entende-se que o aluno será
capaz de realizar a leitura de um texto de pouca complexidade, ao menos.

Com relação ao estranhamento entre profissões:

No capítulo segundo deste trabalho, MARTINEZ (2009) afirma que o cuidador


“(...) ora confundido como empregado doméstico, ora como profissional de
enfermagem (...) devido à falta de informação da família e da sociedade.” (grifo
nosso)
A autora acima, com certeza, aborda a questão com bastante conhecimento de
causa, uma vez que coordena programa de cuidadores sociais, há cerca de quinze
anos, lidando diariamente com as questões que aqui estamos abordando.
No capítulo segundo, também é citado LACERDA (2008), segundo o qual os
cuidadores estariam exercendo o que seria “a profissão de enfermagem”. Nota-se,
portanto, uma falta de clareza e de diferenciação entre as atribuições da
ocupação/profissão de enfermagem e das atribuições que podem ser exercidas
pelo cuidador, ou seja, do que compete ao mesmo.

Também foi perguntado aos profissionais entrevistados (pesquisa 3) se os


mesmos consideram que a ocupação de cuidador está bem definida, suas atribuições
bem identificadas (diferenciada das ocupações de enfermeiro e empregado doméstico,

28
por exemplo) e o obtido como resposta foi (vide gráfico 37): sete profissionais (54%)
responderam que NÃO. Um deles, inclusive, fez questão de mencionar que “esse é o
grande problema” (grifo nosso). Seis profissionais (46%) responderam que SIM,
sendo que um deles afirmou: “porém ainda falta socializar tais diferenciações, para
que as pessoas não confundam”. (grifo nosso)
O autor deste trabalho também entende que “esse é o grande problema”, isto
é: como a ocupação de cuidador ainda não está bem definida, com suas
atribuições devidamente e claramente definidas e, portanto, diferenciadas de
outras ocupações afins (profissionais de enfermagem ou empregados domésticos) há
o que é chamado neste trabalho de estranhamento. Portanto, os atritos existentes são
somente consequência do principal problema, que é aquele que se encontra na raiz da
questão e, por isso, não é facilmente percebido (conforme figura 1, abaixo).

Figura 1 – Identificação da raiz do problema.

Falta de capacitação do cuidador;


Estranhamento entre ocupações;
Conflitos entre cuidadores e familiares etc.

“Superfície”

Necessidade de diferenciação entre as


atribuições da ocupação de cuidador
de outras atribuições

O que está neste


nível, ou seja, abaixo
da “superfície”, seria a
“raiz do problema”.

29
Para reiterar este diagnóstico, no qual é identificada a “raiz do problema”, além
do que já foi mencionado nos capítulos anteriores e está sendo analisado neste
capítulo, a nossa pesquisa 3 apresenta:
Os profissionais, perguntados “quais os principais problemas que os mesmos
identificam como sendo os mais impactantes nas relações cuidador/pessoa cuidada”
(conforme a tabela 29), responderam: “ausência de preparo”, “falta de preparo técnico
para o desempenho da referida ocupação”, “falta de técnica em alguns momentos com
pacientes que necessitem de um cuidado mais específico”, “falta de conhecimento
para tratar o cuidado em situações mais complexas”, “desconhecimento/falta de
qualificação”.
Evidencia-se, mais uma vez, com estes depoimentos, que existe um
“despreparo dos cuidadores”, de modo geral, para o exercício da referida ocupação. O
“despreparo” também é atribuído aos familiares, pela “não compreensão da família
sobre funções do cuidador”, isto é, pelo fato de a mesma desconhecer quais são as
atribuições do cuidador. Por sua vez, há relato de que o principal problema estaria
relacionado à “postura do cuidador, o cuidador não sabe os seus limites na casa do
cuidado”. Pode-se entender que tais problemas podem ser decorrentes, dentre outros
motivos, de “preconceitos”, “problemas comportamentais”, “problemas éticos”,
“diferenças culturais envolvendo valores, crenças”.
Perguntado aos profissionais, quais os principais problemas que eles
identificam como sendo os mais impactantes nas relações cuidador/familiar da pessoa
cuidada, conforme depoimentos constantes na tabela 30, observa-se que a maioria
(62%), ou seja, 8 dentre os 13 profissionais entrevistados (vide grifo nosso na referida
tabela), apontaram o “desconhecimento das atribuições que cabem ao cuidador
(por parte do mesmo e da família)” e “conflitos de função do cuidador x
enfermagem” como os principais problemas identificados como sendo os mais
impactantes nas relações cuidador/familiar da pessoa cuidada. Também foram
apontados outros problemas, conforme pode ser verificado na mencionada pesquisa,
no apêndice deste trabalho.
Com tudo isso, parece bastante claro que a “raiz do problema”, é a
necessidade de diferenciação entre as atribuições da ocupação de cuidador de
outras atribuições.
Para que se possa fazer essa diferenciação, ou seja, tornar claro quais são as
atribuições que cabem ao cuidador, dentre outras coisas, é necessário identificar a

30
ocupação de cuidador social – terminologia adotada neste trabalho – isto é, CRIAR
UMA IDENTIDADE PARA A REFERIDA OCUPAÇÃO.

Para tal, o autor deste estudo propõe, no próximo capítulo, um modelo que
poderá viabilizar esta identificação da ocupação de cuidador social, de forma que se
possa, senão resolver, ao menos, minimizar as consequências decorrentes desta falta
de identificação, conforme discutido ao longo deste trabalho e, especialmente, neste
capítulo.

31
4. MODELO PARA O MAPEAMENTO DAS COMPETÊNCIAS DA OCUPAÇÃO DE
CUIDADOR SOCIAL:

Pretende-se propor, neste capítulo, um modelo de mapeamento de


competências para a ocupação de Cuidador Social, visando criar uma identidade para
a referida ocupação.

Foram elencados alguns conceitos de competência no item 2.5 deste estudo. O


modelo de mapeamento de competências que será apresentado é baseado numa
combinação de tais concepções de competência, especialmente dos conceitos
abaixo destacados (cujos grifos são da autora deste estudo):

9 De Philippe Zarifian (2008): “A competência profissional é uma combinação de


conhecimentos, de saber-fazer, de experiências e comportamentos que se
exerce em um contexto preciso.” (p.66)

9 A maioria dos autores refere-se ao conhecido CHA (conhecimentos,


habilidades e atitudes). Dutra (2004) e Fleury (2002) representam alguns
destes e definem competências como: “(...) um conjunto de conhecimentos
(saber), habilidades (saber fazer) e atitudes (saber ser), que geraria uma
melhor capacidade de “entrega”, por parte das pessoas de uma organização.

9 De Le Boterf (2003), destacou-se, especialmente, que a competência seria


uma “combinação de recursos pessoais com os recursos do meio”. Para este
autor, “O profissional não é aquele que possui conhecimentos ou habilidades,
mas aquele que sabe mobilizá-los em um contexto profissional”. (p.48)

9 De Resende (2008), destaca-se: “Competência é aplicação de conhecimentos,


experiências, habilidades, características pessoais, valores (...).”

Assim, com base nas concepções estudadas, a autora deste trabalho


apresenta, a seguir, um modelo de mapeamento de competências que foi pensado
para a realização de um levantamento das competências necessárias ao cuidador
social para a realização do seu trabalho. Embora tal modelo tenha sido criado com tal
intuito, nada impede – pelo contrário – que o mesmo seja utilizado para outras
ocupações/profissões.

32
MODELO “CHAVE”:

H
C

A E

Modelo denominado CHAVE (por Ana Pimentel Barbosa)

CONHECIMENTOS
HABILIDADES
ATITUDES
VALORES
EXPERIÊNCIAS

33
Os elementos constituintes das COMPETÊNCIAS, segundo o MODELO “CHAVE”
proposto neste trabalho, conforme QUADRO abaixo:

Quadro CHAVE para o mapeamento de competências (por Ana Pimentel Barbosa)

CONHECIMENTOS HABILIDADES ATITUDES VALORES EXPERIÊNCIA

(saber - saber) (saber - fazer) (iniciativa (princípios (repetições


do fazer) do fazer) do fazer)

O que eu tenho que O saber Posicionamento Princípios Quantas vezes


buscar de colocado em pessoal, forma que determinada
informação prática como age, norteiam o ação foi
Comportamento fazer, aquilo realizada (se
Conhecimentos Conhecimento no que posso fazê-la
explícitos tácito (Motivação) acredito, sozinho, com
que julgo acompanha-
importante, mento eventual
que valorizo ou sempre)

™ CONHECIMENTOS (saber-saber): dizem respeito aos conhecimentos explícitos.


Representa tudo o que é necessário buscar de informação para o aprendizado
sobre determinado assunto; para saber/conhecer sobre algo.

Segundo BOSCHI (2009), conhecimento é “(...) toda informação ou significado que


esteja sistematizado ou desenvolvido numa linguagem.”

™ HABILIDADES (saber-fazer): dizem respeito aos conhecimentos tácitos. É o


saber colocado em prática. Tendo-se como conceito de habilidade, como bem
definido por BOSCHI (2009): “Chama-se “HABILIDADE” a utilização mental ou
física do conhecimento.” Ela explica que “A habilidade pode ser desenvolvida” e
que “o processo de desenvolvimento de habilidade é o exercício e sua repetição.”

™ ATITUDES (iniciativa do fazer): dizem respeito ao nosso posicionamento


pessoal, ao nosso comportamento, à forma como agimos e, também, às nossas
motivações. As nossas atitudes estão intimamente ligadas aos nossos valores,
uma vez que somos movidos (o que motiva as nossas ações) por aquilo em que
acreditamos, por aquilo que valorizamos.

34
™ VALORES (princípios do fazer): são os princípios que norteiam o fazer, ou seja,
as nossas ações, portanto, as nossas atitudes. Conforme THUMS (2003): “Valor é
tudo aquilo a que atribuímos algum significado pessoal e que é reconhecido dentro
do ambiente coletivo.”

De acordo com o mesmo autor: “O que mais fazemos na vida é valorar, preferir as
coisas (...). Todos nós estabelecemos um conjunto de valores como essenciais em
toda a ação que desencadeamos. Temos nossas preferências, nossos desejos,
nossos caprichos, nossas orientações.”

™ EXPERIÊNCIA (repetições do fazer): Quantas vezes determinada ação foi


realizada (se pode ser feita sem auxílio, com acompanhamento eventual ou
sempre). “Quanto mais praticamos, maior a probabilidade de sermos mais precisos
e acertarmos e de obtermos melhores resultados nas demandas que exigem
aquela habilidade.” BOSCHI (2009)

35
5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Algumas conclusões as quais foi possível chegar, ao final deste trabalho:

No atual cenário mundial, diferentes fatores têm contribuído para o aumento da


demanda por cuidado, especialmente para a parcela mais idosa da população. O
envelhecimento populacional vem aumentando significativamente nas últimas décadas
e tende a aumentar, nos próximos anos. Cada país vem tentando adaptar-se a essa
nova realidade de formas diferentes, como é o caso do Brasil. A grande questão
parece residir na forma como cada país sentirá os efeitos do envelhecimento e as
possíveis soluções que cada um encontrará.

Estimam-se, para os próximos quarenta anos, índices bem mais elevados que os
atuais, o que exigirá mudanças significativas nas atuais estruturas de apoio e de
cuidado à pessoa idosa.

A disponibilidade da família, especialmente da mulher, para o cuidado dos demais


familiares, tende a reduzir cada vez mais. Como é previsto um grande aumento do
número de idosos dependentes de cuidados e a redução da oferta de cuidadores
familiares, haverá grande demanda por cuidado no Brasil e no mundo. Há, portanto,
necessidade de que o Estado amplie o seu escopo de atuação para o atendimento da
demanda por cuidado, que as empresas passem a se preocupar com tais questões
(assim como o foi quando a mulher passou a ingressar mais maciçamente no mercado
de trabalho e as empresas passaram a oferecer benefícios com auxílio creche e/ou
creches no próprio local de trabalho) e que o mercado prepare profissionais para o
atendimento de tal demanda.

É “consenso entre os especialistas”, que a solução mais adequada seria manter os


idosos em seus domicílios, em detrimento do atendimento por instituições asilares.
Mas as instituições públicas ainda não estão preparadas para suprir a atual demanda
por cuidado.

No Brasil há poucos estudos sobre cuidadores domiciliares. A referência para


pesquisadores brasileiros tem sido a literatura internacional que trata da questão em

36
sociedades diferentes da brasileira, o que torna mais difícil a realização de estudos
sobre a presente temática.

É inegável a importância e a necessidade da realização de uma boa capacitação


para o exercício da ocupação de cuidador, bem como de qualquer profissão. Assim
sendo, há a necessidade de conhecimento técnico e científico (e não somente um
conhecimento do senso comum) para o exercício da ocupação de cuidador. Os
cuidadores, que acham que a experiência que possuem é suficiente para exercer a
ocupação de cuidador.

Há necessidade de estabelecimento de uma escolaridade mínima necessária para


um cuidador exercer tal ocupação. Conforme pesquisa realizada (apêndice) e o que os
estudos apontam, pode-se concluir que o ensino fundamental completo (para o
exercício de cuidados básicos) seria o mínimo necessário para a realização de um
curso de capacitação como cuidador e conseqüente exercício de tal atividade.

Concluiu-se, também, fato que também pode ser verificado na pesquisa realizada
(apêndice), que há falta de informação da família e da sociedade em geral sobre as
atribuições que cabem ao cuidador. Os próprios cuidadores desconhecem os limites
de suas atribuições.

Tendo chegado a tais conclusões, a autora deste estudo tem as seguintes


recomendações a fazer:

RECOMENDAÇÕES:

1. Ao GOVERNO: Políticas públicas voltadas para o atendimento da crescente


demanda por cuidado, especialmente para a camada menos favorecida da
população, que não tem condições de prover cuidados, nem contratar um
cuidador. Tão ou mais importante que o reconhecimento da ocupação de cuidador
como profissão é dar-lhe uma identidade, identificando as atribuições que lhe
cabem, ou seja, qual o seu verdadeiro papel.

2. Aos CURSOS DE FORMAÇÃO DE CUIDADORES: Que tenham a preocupação


de formar cuidadores conscientes da responsabilidade do seu papel; elaborem
seus programas de capacitação exigindo um pré-requisito mínimo de escolaridade

37
de ensino fundamental (para cuidados básicos) e maior escolaridade para o
atendimento de cuidados que exijam maior estudo; que utilizem o modelo de
mapeamento de competências proposto neste trabalho (ou modelo semelhante).

3. Aos PROFESSORES DE CURSOS DE CUIDADORES: Que estudem


aprofundadamente as questões que envolvem o cuidado no Brasil e desenvolvam
pesquisas voltadas para a busca de soluções para os problemas brasileiros, neste
contexto, uma vez que vimos utilizando a literatura internacional que trata da
questão em sociedades diferentes da nossa. Também é importante que
desenvolvam suas aulas baseadas nas reais necessidades de capacitação de um
cuidador e, sempre, tenham a preocupação com o desenvolvimento de valores
éticos para o trabalho do cuidador.

4. Aos CONTRATANTES DE CUIDADORES: Não queiram perfeição, pois a mesma


não existe. O cuidador “perfeito” é aquele no qual se pode confiar; que tem
valores éticos nos quais as suas atitudes são baseadas e tratam o seu familiar
(cuidado) com respeito, carinho, dedicação, paciência etc. Procurem, sempre,
buscar referências da pessoa que vai contratar; deixe que a pessoa a ser cuidada
participe da escolha do profissional que cuidará dele; busque informações,
procure conhecer as reais atribuições do cuidador para não exigir além do que ele
pode/deve fazer.

5. Aos CUIDADORES: Estudem muito. Aprendam tudo que possa contribuir para a
realização de um trabalho cada vez melhor. No cenário atual, no qual o
conhecimento é extremamente importante e bastante valorizado, é um valioso
bem e no qual há uma crescente demanda por cuidado, conquistará tal mercado
aquele que tiver mais conhecimentos, habilidades e experiências, além de
atitudes embasadas por valores éticos. Convém lembrar, também, que para cuidar
de alguém é preciso que se esteja bem e, para isso, é preciso cuidar-se. Portanto,
cuidem da saúde e procurem fazer exercícios, além de buscar ajuda (orientações,
apoio psicológico etc.), quando necessário.

38
APÊNDICE I:

Análise da Pesquisa 1 – Cuidadores Sociais:

Perfil do Cuidador:

1. Sexo:
Masculino = 2 (4%) Feminino = 44 (96%)

Análise: Assim como em outras pesquisas sobre a temática em questão, nota-se a


predominância das mulheres no exercício da ocupação de cuidador. Conforme
gráfico1, dos 46 cuidadores pesquisados, 96% (44) são mulheres e somente 4% (2)
homens.

2. Idade:

15 - 29 5
30 - 39 10
40 - 49 16
50 - 59 11
60 - 69 1
> 70 0
Não respondeu 3

Análise: Com relação à idade dos cuidadores, conforme gráfico2 e tabela resumo do
mesmo, acima, nota-se que a grande maioria dos cuidadores encontra-se na faixa
etária entre 30 e 59 anos.

3. Escolaridade:
Ensino fundamental incompleto = 10 (22%)
Ensino fundamental completo = 5 (11%)
Ensino médio incompleto = 9 (20%)
Ensino médio completo = 7 (15%)
Ensino técnico incompleto = 3 (6%)
Ensino técnico completo = 7 (15%)

39
Ensino superior incompleto = 4 (9%)
Ensino superior completo = 1 (2%)

Análise: Com relação à escolaridade dos cuidadores, ao analisarmos o gráfico3,


podemos perceber que 22% (10) declararam ter o ensino fundamental incompleto e
que 11% (5) afirmam ter o ensino fundamental completo. Podemos verificar que estes
dois percentuais somados totalizam um terço dos cuidadores pesquisados, ou seja,
33% (15).
Ao procedermos a uma análise contextual, ou seja, observando a escolaridade
informada pelos cuidadores respondentes e a qualidade da escrita dos mesmos na
pesquisa como um todo, notamos que muitos – senão a maioria – podem ser
considerados analfabetos funcionais, pois fica evidente a dificuldade dos mesmos para
entender um texto bastante simples.

4. Qual a sua religião?


Católica = 10 (22%)
Espírita = 4 (9%)
Evangélica = 19 (41%)
Budista = 1 (2%)
Afirmaram não ter religião = 6 (13%)
Não responderam = 6 (13%)

Análise: No que diz respeito à religião, o gráfico_4 mostra-nos a predominância de


cuidadores evangélicos (41%), seguido de católicos declarados (22%), espíritas (9%)
e budistas (2%). Seis cuidadores declararam não ter religião (13%) e outros seis (13%)
optaram por não declarar a sua opção religiosa.

5. Trabalha como Cuidador ATUALMENTE?


Sim = 30 (65%) Não = 15 (33%) NR = 1 (2%)

Análise: A maioria da turma – 30 alunos (65%) – já trabalha como cuidador. Apenas


15 (33%) não trabalham na ocupação e 1 (2%) não respondeu. Notamos – em alguns
anos atuando na formação de cuidadores – que é bastante comum o cuidador
começar a exercer a ocupação e, depois, ao sentir dificuldades para desempenhar as

40
suas funções, procurar alguma capacitação, o que explica, ao menos em parte, o que
nos mostra o resultado do gráfico5 acima, ou seja, o “fazer” precedendo o “saber”.

6. Há quanto tempo trabalha como Cuidador?

Responderam = 34 NR = 12

Análise: Conforme acima, dos 46 participantes da pesquisa, somente 34 (cerca de


75%) responderam esta pergunta. Os outros 12 (cerca de 25%) não responderam.

Dentre aqueles que responderam a esta pergunta (34), a experiência na função de


cuidador varia entre 2 (dois) meses e 21 anos. Conforme gráfico6, somente 6
cuidadores estão há menos de 1 (um) ano na referida função; 17 (de 1 – 5 anos); 9 (de
6 – 10 anos) e outros dois têm, respectivamente, 12 e 21 anos de exercício na referida
função. Nota-se, portanto, que a maioria encontra-se na faixa de um a cinco anos de
experiência.

7. Você tem algum problema de saúde?

Sim = 11 (26%) Não = 33 (70%) NR = 2 (4%)

Análise: Conforme gráfico7, a maioria dos respondentes (70%) declarou não ter
problema de saúde. Dentre os 11 (26% do total) que declararam ter algum problema
de saúde, 5 (45%) sofrem de hipertensão; os outros 6 (55%) têm as seguintes
doenças: diabetes, arritmia, asma, rinite/sinusite, febre reumática e estenose mitral (2).

8. Você cuida de si mesmo?

Sim = 42 Não = 2 NR = 2

Análise: Conforme gráfico8, a grande maioria (42) dos respondentes declarou que
cuida de si mesmo. Apenas 2 declararam que não se cuidam e outros 2 não
responderam.
Ao serem perguntados “de que forma” realizavam esse autocuidado, todos
responderam que frequentam médicos e fazem exames regularmente, praticam

41
exercícios, têm lazer, alimentam-se bem, fazem dieta etc. Embora os dados
(quantificados) acima apontem um “excelente resultado em termos de autocuidado”,
numa análise qualitativa, embasada nos muitos anos em que vimos observando e
ouvindo os relatos dos cuidadores, podemos inferir que tais dados não refletem a
realidade da maioria dos cuidadores que cursaram as turmas anteriores (universo
estudado).

EDUCAÇÃO:

9. Você realizou algum curso para trabalhar como Cuidador?

Sim = 16 Não = 0 Estou cursando = 46

Análise: Todos os respondentes (100%) estão frequentando as aulas em um curso de


capacitação de cuidadores. Destes, apenas 16 alunos (26%) já haviam realizado
algum outro curso. Portanto, a maioria (74%) que está iniciando o curso atual não
possuía curso anteriormente. Isto significa que esta maioria já estava trabalhando sem
qualquer formação para o exercício da ocupação de cuidador.

10. Você possuía experiência como cuidador antes do curso?

Sim = 24 Não = 12 NR = 10

* Se sim, responder a pergunta 11.

11. Você acha que a experiência era suficiente para exercer a ocupação?

Sim =12 Não = 24 NR = 10

Análise: As perguntas de número 10 e 11 foram respondidas por somente 78% (36)


do total de 46 participantes, pois 10 pessoas (22%) não responderam a ambas as
perguntas. (gráficos 9 e 10).
Analisando qualitativamente as respostas dos questionários, verifica-se que os 24
respondentes (52%) que declararam “sim” na pergunta nº 10, ou seja, que tinham
experiência como cuidador antes de iniciar o curso atual, são os mesmos

42
respondentes que declararam “não” na pergunta nº 11, ou seja, que acham que a
experiência que possuíam não era suficiente para exercer a ocupação de cuidador.
O que se pode apreender de tais dados, é que estes 52%, embora já estivessem
trabalhando como cuidadores e, portanto, tendo alguma experiência (65% da turma
tem experiência, que varia de 2 meses a 21 anos), reconhecem que somente tal
experiência não é suficiente para o exercício da ocupação de cuidador.
Assim, observa-se que ocorreu o processo inverso com relação aqueles que
responderam “não” (12 pessoas) na pergunta número 10 e “sim” na pergunta de
número 11, ou seja: aqueles 26% (12) ainda que não tenham experiência acham que
ter experiência “seria” suficiente para exercer a ocupação de cuidador. Destacamos,
ainda, que a pergunta número 11 deveria ser respondida somente por aqueles que
respondessem “sim” à pergunta número 10.
Para os que responderam “não”, perguntamos: o que você acha que faltou? Dentre os
que deveriam responder (24), 4 não responderam.
Conforme tabela 1, verifica-se que um dos respondentes, embora bastante resumido,
expressou bem a sua opinião e, talvez, a de todos: “faltou tudo”. Na fala dos demais,
em sua maioria, notam-se expressões sinônimas e/ou semelhantes, todas relativas a
necessidade de aprendizado (conforme grifo nosso, acima), tais como: conhecimento,
informação (provavelmente querendo dizer conhecimento), técnica, aprender a,
preparo, esclarecimento, saber, conhecer etc. Um deles expressou “o conhecimento
que com o curso estou tendo agora”. Isto é, ele – assim como os demais –
reconhece que somente agora estão encontrando o que “estava faltando”:
conhecimento.

12. Você pretende continuar estudando?

Sim = 45 Não = 1

Análise: Os números acima são bastante representativos, pois dos 46 participantes


da pesquisa, 45 (98%) responderam que “sim”. (Gráfico 11)

Análise: As respostas da tabela 2 revelam que a maioria reconhece a importância do


conhecimento. Cerca de 20 respostas abordam, de forma mais geral, a importãncia do
conhecimento para o aprimoramento pessoal e profissional, como, por exemplo, as
respostas número 2, 25 e 34 acima. Algumas respostas revelam uma preocupação em

43
buscar os estudos, o conhecimento para alcançar algum objetivo específico, como as
respostas 1, 13 e 18, dentre outras. Há os que se utilizaram de algumas frases feitas:
4, 17, 29 e 31.
O que mais chamou a nossa atenção foi o fato de pouco mais de 10% (5) dos
respondentes desta pergunta terem dado respostas que se relacionam de forma mais
direta e clara com a ocupação de cuidador. São elas as respostas: 7, 22, 28, 32 e 36
acima. Nestas respostas pode-se observar uma preocupação em buscar mais
aprimoramento para exercer melhor a atividade atual (de cuidador).

13. Você costuma ler, estudar por conta própria?

Sim = 43 Não = 1 NR = 2

Análise: Conforme os números acima, a maioria (94%) afirma que costuma ler e
estudar por conta própria. Apenas 1 pessoa (2%) confessou o contrário e 2 pessoas
(4%) não responderam. (Gráfico 12)

Embora os números expressos apontem um expressivo interesse pela leitura,


realizando uma análise qualitativa, a partir da leitura e análise das respostas, não nos
pareceu que a maioria tivesse, de fato, tal hábito, uma vez que notamos certo grau de
dificuldade para entender as perguntas e formular algumas respostas.

14. Você costuma trocar ideias/experiências com outros cuidadores?

Sim = 36 (78%) Não = 6 (13%) NR = 4 (9%) > Vide gráfico 13

Se responder sim, diga como.

Perguntados COMO costumam trocar ideias/experiências com outros cuidadores, dos


36 que responderam “sim” (78%) na pergunta 14, somente 19 responderam a esta
questão, como pode ser visto na tabela 3.

Análise: Ao observarmos a tabela 3, podemos notar que os cuidadores procuraram


aprender com a experiência do outro. Apesar deste tipo de prática ser bastante válida,
como disse um dos respondentes “cada idoso cada familiar age diferente um do outro”

44
e, portanto, nem sempre a “receita” ou a “dica” de um caso semelhante servirá para
solucionar o problema de outra situação. O conhecimento aliado à experiência é que
proporcionarão um trabalho profissional.

A OCUPAÇÃO DE CUIDADOR:

15. O que o levou a se tornar um cuidador?

Análise: Assim, ao analisarmos a tabela 4 e o gráfico 14, verifica-se que o maior


percentual (41%) é composto por aqueles que dizem ter se identificado com o que a
ocupação exige. Notamos que muitos daqueles que alegam outros motivos (tabela 5,
abaixo), na verdade, têm uma identificação com a ocupação e acreditam que os
recursos que eles já têm são suficientes para exercê-la e vislumbram na mesma tal
oportunidade.
Embora 22% tenham apresentado “outros motivos” para a escolha da ocupação de
cuidador, analisando a tabela 5, percebe-se que os motivos alegados remetem à
identificação dos mesmos com referida ocupação, ou seja, com o fato de gostar de
cuidar do outro. Os que queriam deixar a ocupação/profissão anterior (3) representam
6% do total. Mas, ao observarmos o que dizem na tabela 5, abaixo, notamos que
outros respondentes referem-se às profissões que já têm e percebem na ocupação de
cuidador uma espécie de “prolongamento”, visto que está ocorrendo um aumento da
demanda por cuidado. No entanto, não marcaram tal opção (constante da tabela 4).
Ainda na tabela 4, vemos que somente 1 pessoa (2%) afirmou que “achou que
ganharia mais dinheiro como cuidador”. Mas na tabela 5, abaixo, mais duas pessoas
afirmam que a escolha seria para “Aumentar minha renda” e “Como adquirir melhores
salários”.
Enfim, o que nos parece claro é que, provavelmente, vários motivos (às vezes, um em
especial) são responsáveis pelas respectivas escolhas pela ocupação de cuidador. Na
verdade, tal escolha costuma ser decorrente de uma combinação de fatores e
motivações pessoais. O que nos parece claro, também e mais uma vez, é que a
maioria das pessoas enxerga tal ocupação mais como uma – vamos chamar assim –
“possibilidade fácil”. O que precisamos sempre ressaltar é a importância da
necessidade de uma capacitação, de um preparo para o exercício da ocupação de
cuidador. Por mais que se tenha “vocação”, amor ao próximo, vontade de ajudar o
outro etc.

45
16. Do que você mais gosta na atividade de Cuidador?

Análise: Ao observarmos as respostas da tabela 6, notamos claramente que quase


totalidade dos que responderam a esta pergunta deram respostas mais subjetivas,
relativas ao relacionamento, ao afeto e ao vínculo existente com a pessoa cuidada, ao
aprendizado que têm ao conviver e cuidar de idosos, ao fato de poderem proporcionar
amor e carinho a alguém etc.
Este tipo de depoimento também ocorre nas aulas que realizamos e esta pesquisa
somente “reforça” e confirmando que, de modo geral, as pessoas procuram esta
ocupação pelo seu “lado” mais idealizado. É evidente que os laços mencionados
costumam ser muito fortes e verdadeiros. Mas nem sempre o são. O risco de
idealizarmos demais algo é que nos decepcionemos mais rapidamente quando a
“realidade” ou o “lado” menos interessante da questão se apresenta diante de nós, que
é do que trata a próxima pergunta.

17. Do que você menos gosta na atividade de Cuidador?

Análise: Ao observarmos a tabela 7, notamos que 3 respondentes declararam que


não há do que não gostem na ocupação. Outros 4 referem-se a atividades inerentes
ao dia-a-dia, ou seja, atividades como auxiliar no banho etc. Em aproximadamente
48% das respostas acima, pode-se perceber que, de uma forma ou de outra, há uma
crítica à família/contratante. Seja por alguma situação presenciada com relação ao
idoso, da qual o cuidador não concorda e/ou não gostou e sente-se impotente diante
da mesma, seja por “intromissões” ou porque a família não está cumprindo o seu
papel.
Numa das respostas, comenta-se o “desgaste psicológico” decorrente do trabalho na
referida ocupação. Tal desgaste é relativamente, uma vez que envolve o cuidado com
o outro, relações delicadas, preocupações etc. Mas ele pode ser ainda maior se as
partes envolvidas não estiverem preparadas para este tipo de relacionamento e de
situação.
Houve uma resposta relativa ao fato de a velhice “não ser bem aceita pelos idosos”.
Há vários fatores que podem contribuir para isto. Um deles, segundo nosso
entendimento, é a forma como os idosos são tratados. Se ele é maltratado, sofre
agressões e/ou discriminações, não é ouvido etc., certamente não aceitará a sua
condição.

46
Por fim, uma pessoa relata que o que não gosta na ocupação é ter que exercer a
atividade de secretária do "lar". Sobre esta questão já comentamos anteriormente,
neste mesmo capítulo, mas nunca é demais debatermos tal questão.
Como é sabido por todos, “secretária do lar” é o nome “alternativo” dado à empregada
doméstica. Embora nesta pesquisa somente uma pessoa tenha feito tal relato, tem
sido bastante comuns as reclamações por parte de cuidadores – segundo nossa
experiência de sala de aula, durante dez anos – com relação ao fato de serem
contratados como cuidadores e exercerem também a função de empregados
domésticos. Entendemos que isto geralmente ocorre porque não estão claras para as
partes – cuidador e contratante – quais são as atribuições que cabem ao cuidador.

18. Quais as principais dificuldades que você encontra para exercer a ocupação
de Cuidador?

Podemos classificar e resumir os dados da tabela 8 nos 6 (seis) “tipos” abaixo:

Resumo das respostas da pergunta 18 (tabela 8) Quantos Percentual


Não encontram dificuldade 11 31%
Atribuem a algum problema relacionado à família 16 44%
Falta de preparo para o exercício da função 1 3%
Alguma dificuldade relacionada à pessoa cuidada 4 11%
Residir longe do local de trabalho 1 3%
Outros motivos 3 8%

Tabela 9 – Resumo das respostas da pergunta 18 (tabela 8).

Análise: Ao observarmos as tabelas 8 e 9, bem como o gráfico 15, notamos que dos
36 cuidadores que responderam a esta pergunta, a maioria (44%) atribui à família as
dificuldades encontradas para o exercício da ocupação. As “queixas” dos cuidadores
variam desde a falta de providências por parte da mesma com relação à compra de
medicamentos e outros materiais necessários para os cuidados até questões relativas
à falta de valorização do trabalho do cuidador, problemas de relacionamento em geral
e “intromissões” da família no trabalho do cuidador.

47
Conforme acima, 11 cuidadores (31%) que responderam a esta pergunta declararam
que não têm dificuldades para o exercício da referida ocupação. Outros 4 cuidadores
(11%) atribuem a dificuldade de trabalho com a pessoa que está sendo cuidada.
Notamos que estes quatro cuidadores cuidam, justamente, de pessoas que
apresentam algum tipo de “dificuldade” um pouco mais complexa, tais como: paciente
agressivo ou com algum distúrbio mental, sem autonomia, acamado etc. Dentre estes
quatro, um menciona que devido à dificuldade apresentada pela pessoa cuidada, sem
autonomia ele “não sabe se está agradando”. É perceptível, neste caso, a
necessidade que o cuidador tem de ter um feedback, isto é, um retorno, saber se o
seu trabalho está agradando, especialmente por parte da pessoa que está sendo
cuidada.
Apenas um (3%) ressaltou “a dificuldade... quando você nâo tem o curso e os
conhecimentos para exercer essa função”, reconhecendo que há necessidade de
preparo para tal exercício. Outro cuidador (3%) ressaltou a dificuldade quando o
mesmo reside longe do local de trabalho.
Os três cuidadores (8%) que responderam a pergunta em tela, detacaram motivos
vários, como remuneração, passagem, “tempo” (provavelmente querendo referir-se à
falta do mesmo) e uma pessoa declarou que se sente mais “à vontade” numa clínica
do que na casa da pessoa.
Com relação a estas três últimas dificuldades apontadas, embora representados aqui
por uma “minoria”, temos conhecimento de que as questões relativas a remuneração
(salário) e dinheiro da passagem têm sido comentadas, exaustivamente, em sala de
aula, pois é uma reclamação comum por parte do cuidador. Mas este problema
costuma ser decorrente da falta de objetividade e clareza no momento em que as
partes envolvidas realizam o trato (formal ou informal) sobre o que cabe ao cuidador
realizar e respectiva remuneração. Também costuma haver problemas com relação
aos custos com transporte do cuidador, pois os mesmos geralmente residem longe do
local de trabalho e o custo acaba sendo superior ao esperado pelo contratante.

19. Quais os principais valores que você considera importantes e indispensáveis


para ser um bom cuidador?

Análise: Ao observarmos as tabelas 10 e 11 e gráficos 16 e 17, podemos notar que –


dentre os valores apontados pelos cuidadores entrevistados como os mais importantes

48
e indispensáveis para ser um bom cuidador – os mais citados foram: “paciência” (15
citações), seguido de “responsabilidade” (12 citações) e “honestidade” (11 citações).
Estes valores, que são indispensáveis a qualquer pessoa, no exercício de qualquer
profissão, são muito relevantes para o exercício da ocupação de cuidador. Tal
ocupação exige muita responsabilidade e paciência, pois se trata de cuidar de outra
pessoa – que geralmente se encontra em condições de dependência e/ou com algum
tipo de fragilidade. A maioria destes cuidados costuma ocorrer no domicílio da pessoa
cuidada e, portanto, esta pessoa e sua casa ficam “expostas” ao abrigar alguém que,
em princípio, é um “estranho”. Um dos valores éticos mais valorizados, em função
desta questão é a honestidade.
Nota-se um aspecto curioso – mas que não nos surpreende, uma vez que lidamos há
muitos anos com estas questões e os números acima são, na verdade, uma
constatação – que é o fato de os valores que vem logo em seguida como os mais
citados pelos cuidadores (10 e 8 citações, respectivamente) foram: amor e carinho. Na
verdade, “amor” e “carinho” não são “valores éticos”, mas se relacionam a sentimento
e manifestação do mesmo.
Em todas as turmas, vimos observando o que os números acima apontam, ou seja,
uma grande valorização dos aspectos “emocionais”, geralmente, mais valorizados por
eles do que os aspectos éticos, de fato.
Vemos, na tabela 11, as palavras que foram mencionadas por 6 cuidadores, cada
uma: pontualidade, respeito, “saber ouvir” e ética. O respeito é, realmente, um valor
muito importante. Consideramos que o mesmo é a base de qualquer relacionamento;
portanto, fundamental ao cuidador. Ética – que representa, na verdade, o conjunto dos
valores de uma pessoa – foi citada por 6 cuidadores.
Após as palavras acima, apontadas pelos cuidadores como “valores” e que foram as
mais citadas pelos mesmos, temos (vide tabela 11), a seguir, as demais palavras –
algumas são, de fato, “valores”, outras poderíamos chamar de qualidades ou
características pessoais, outras se referem a traços de personalidade etc. De qualquer
forma, todas têm sua importância e, na verdade, podem complementar-se, de forma
que a realização do trabalho como cuidador seja o melhor possível.
Estas outras palavras citadas foram (entre parênteses, a quantidade de vezes em que
tal palavra ou expressão foi citada): Atencioso (4), Educação (4), Comprometimento
(3), Disciplina (3), Gostar do que faz (3), Calma/calmo (2), Cumprir deveres (2),
Dedicação (2), Discrição (2), Sensibilidade (2), Sinceridade (2), Tolerância (2),
Afetividade (1), Agilidade (1), Amabilidade (1), Amor pela profissão (1), Amorosa (1),

49
Bom humor (1), Caráter (1), Compreensão (1), Criatividade (1), Dedicação (1),
Determinação (1), Fidelidade (1), Generosidade (1), Gostar de si (1), Humildade (1),
Limpeza (1), Organização (1), Ser atencioso (1), Ser correto (1), verdadeira (1).

A ATUAÇÃO DO CUIDADOR:

20. Qual o sexo, idade e dificuldade apresentada pela pessoa que você cuida
atualmente?

Análise: Dentre as 30 pessoas que informaram que estão trabalhando atualmente


como cuidadores, 17 responderam à pergunta 20, acima. Conforme tabela 13, o perfil
das pessoas cuidadas é o seguinte: o número de mulheres (13) representa mais de
três vezes (77%) o número de homens (4), que corresponde a 23% do total, conforme
gráfico 18.
Com relação à faixa etária (gráfico 19), temos a maioria (53%) situada entre 80-89,
tendo 2 pessoas na faixa acima dos 90. Estas duas faixas etárias (dos considerados
muito idosos) somam 11 pessoas, ou seja, 65% do total.
Quanto aos demais, somente um está na faixa abaixo dos 70 anos, quatro entre 71-79
e um não informou a idade da pessoa de quem cuida.
Quanto às dificuldades apresentadas (problemas de saúde) pelas pessoas cuidadas,
verifica-se na tabela 13 e no gráfico 20 que aquelas mais recorrentes são as seqüelas
de AVC (Acidente Vascular Cerebral), falta de memória e impossibilidade de andar (3
citações cada). Estes problemas são seguidos por dificuldades de locomoção,
problemas psiquiátricos e Alzheimer (2 citações cada). Hipertensão, diabetes,
demência (não especificada) e fraturas são citadas uma vez cada. Cabe ressaltar que
– conforme tabela 12 – há pessoas que apresentam, ao mesmo tempo, mais de uma
das dificuldades aqui citadas.

21. Quais são as suas principais atribuições como Cuidador, no atual trabalho?
Análise:

Na tabela 14, dentre as atribuições elencadas pelos respondentes (algumas não são
propriamente “atribuições” e, por isso, não mencionaremos a seguir) podemos citar:
Dar carinho, dar banho, cuidar da alimentação, dar remédios, cuidar do quarto (deixá-
lo sempre limpo e a cadeira de rodas), cuidar da higiene da paciente, cuidar da roupa,

50
trocar fraldas, sair para passear, conversar, fazer caminhadas, cortar cabelo, cuidar
das unhas, marcar e levar a idosa ao médico (consultas médicas e odontológicas),
estimular as "lembranças", fazer companhia, falar com médico, auxiliar na locomoção,
observar o idoso, organizar o dia da paciente, “tentar fazer com que ele jogue comigo”.
Além destas atribuições, também citamos duas ditas por cuidadores que preferiram
“resumir” todas as suas atribuições em uma frase. São elas: “A minha função é tudo
que se refere as necessidades do meu cuidado” e “Desempenho minhas tarefas e faço
a cuidada se sentir bem comigo”.
Entendemos que as atribuições aqui mencionadas fazem parte daquelas que podem
ser exercidas por um cuidador – preferencialmente preparado para tal ocupação. Não
identificamos, dentre as atribuições citadas, alguma para a qual haja qualquer
impedimento quanto a sua realização.
Apesar dos relatos acima, durante alguns anos trabalhando com cuidadores, em
diversas turmas de diferentes cursos de capacitação, temos ouvido relatos de
cuidadores que têm dúvidas quanto às atribuições inerentes a sua ocupação. Sempre
que isto ocorre, procuramos orientá-los a realizar somente as atribuições que lhe
cabem.

51
APÊNDICE II:

Análise da Pesquisa 2 – Contratantes de Cuidadores Sociais:

Perfil do Contratante:

1. Sexo:
Feminino = 4 Masculino = 5

Análise: Conforme gráfico 21, dentre os contratantes de cuidadores pesquisados,


56% (5) são homens e 44% (4) são mulheres.

2. Idade:

Análise: Conforme mostra o gráfico 22, a maioria (67%) dos contratantes pesquisados
encontra-se na faixa etária acima dos 50 anos. Somente 33% estão na faixa etária
entre 40 e 50 e nenhum abaixo dos 40 anos.

3. Escolaridade:
Ensino Técnico Completo 1
Ensino Superior Incompleto 3
Ensino Superior Completo 4
Pós Graduação 1
Tabela 15 – Escolaridade dos contratantes.

Análise: Conforme tabela 15 e gráfico 23, podemos verificar que a maioria (4) dos
contratantes (45%) tem curso superior completo, 33% (3) têm curso superior
incompleto, 11% (1) ensino técnico completo e 11% (1) tem pós graduação.

4. Você contratou um Cuidador para cuidar de quem? Qual a idade e dificuldade


apresentada pela pessoa a ser cuidada?

Menos de 50 1
51-59 0

52
60-69 1
70-79 0
80-89 3
Acima dos 90 3
NI 1
Tabela 17 – Perfil familiar cuidado – Idade.

Análise: Conforme tabela 16, verificamos que 100% dos familiares (dos contratantes)
que estão sendo cuidados são do sexo feminino (8 mães e uma esposa de
contratante). A faixa etária das pessoas cuidadas, conforme tabela 17 e gráfico 24, é a
seguinte: 11% (1) com menos de 50 anos, 11% (1) entre 60-69 anos, 1 (11%)
contratante não informou a idade da pessoa cuidada os outros 67% estão nas
seguintes faixas etárias: 34% (3) entre 80-89 anos e 33% acima dos 90 anos. Verifica-
se, portanto, que a maioria é composta por pessoas consideradas muito idosas.

Análise: Conforme tabela 16 e gráfico 25, verificamos que os familiares de


contratantes estão necessitando de cuidados em função das seguintes dificuldades
e/ou problemas de saúde relatados pelos contratantes, ressaltando que alguns
apresentam mais de uma doença, dentre as que citamos a seguir: seqüelas de AVC
(3) e seqüelas de fraturas/quedas (2). Os demais problemas de saúde relatados são:
alzheimer (1), depressão (1), diabetes (1), dificuldades de andar (1), “dificuldades
naturais da idade” (1), hipertensão (1), problema cardíaco (1) e TOC – transtorno
obsessivo compulsivo (1). Se compararmos os dados acima com os da tabela 13 da
pesquisa de cuidadores, constataremos que os problemas de saúde relatados são,
praticamente, os mesmos.

5. De que forma você contratou o Cuidador?


Indicação de alguém (familiar, amigo, colega ou conhecido) 1
Indicação de alguma Instituição (Agência ou Cooperativa) 4
Outro (Programa de Cuidadores da empresa em que trabalham) 4
Tabela 18 – Forma de contratação do cuidador.

Análise: Conforme tabela 18 e gráfico 26 verificamos que 44,44% dos contratantes


(utilizaram-se do cadastro de cuidadores oferecido pela empresa onde trabalham,

53
outros 44,44% tiveram indicação de alguma instituição e 11,11% contratou um
cuidador por indicação de alguém (familiar, amigo, colega ou conhecido).

6. Quais as principais dificuldades que se enfrenta ao ter que contratar um


Cuidador, em sua opinião?

Análise: Ao analisarmos os relatos constantes na tabela 19, que se encontram


classificados e resumidos no gráfico 27, podemos verificar que as principais
dificuldades apontadas pelos contratantes com relação ao momento em que se
precisa contratar um cuidador para cuidar de um familiar resumem-se em 5 principais
fatores: preocupação com o fato de deixar uma pessoa estranha dentro de casa,
cuidando de um ente querido (3), dificuldade para conseguir um cuidador realmente
capacitado para o exercício da referida ocupação (2), desconhecimento do histórico do
cuidador (1), dificuldade de aceitação por parte da própria pessoa a ser cuidada (1) e
imposição de rotinas e outros por parte do cuidador chocando-se com as orientações
da família (1). Dois contratantes relataram não ter sido difícil porque a empresa na
qual trabalham tem um cadastro de cuidadores e indicou os mesmos quando precisou.

7. Por que você contratou um Cuidador, em vez de alguém da família assumir os


cuidados ou contratar um profissional de enfermagem?

Análise: Os relatos constantes da tabela 20 apontam que os principais motivos que


levaram os contratantes a contratar os serviços de um cuidador, em vez de realizar
tais cuidados e/ou contratar um profissional de enfermagem para realizá-los foram:
indisponibilidade de tempo do próprio contratante e dos demais familiares, julgarem
que o cuidador “é um profissional preparado para esta situação”. Alegaram, ainda, que
um “enfermeiro tem um custo muito mais alto” ou ainda que “não foi necessário um
profissional de enfermagem”, visto que “a relação custo X benefício atende as
necessidades dos envolvidos”.
O que se pode entender, diante das declarações dos contratantes é que as
atribuições para as quais os cuidadores foram contratados podem ser desempenhadas
pelos mesmos, não havendo a necessidade de contratar um profissional de
enfermagem, cujo custo seria maior. Além disso, tais atribuições (descritas nas
respostas da pergunta 10) podem ser exercidas pelo cuidador, o que torna a relação
custo x benefício mais viável para o contratante.

54
8. Você considera que tem um bom relacionamento com o cuidador?
Sim = Não =
A que você atribuiria tal fato? (pergunta não aplicada)

9. Você sabe quais as atribuições que cabem ao Cuidador?

Sim = 8 Não = 1

Se respondeu sim, de que forma você passou a saber?

Análise: Segundo dados do gráfico 28, verifica-se que 89% (8) dos contratantes
declararam que sabem quais as atribuições que cabem ao Cuidador. Somente 11% (1)
declararam não saber.
Aqueles que disseram que sabem quais as atribuições que cabem ao cuidador,
quando perguntados “de que forma passaram a saber”, todos, em geral, conforme
tabela 21, responderam que buscaram informações em leituras, cursos, programa de
cuidador na empresa, profissionais do serviço social, trocas com outros contratantes
que já vivenciavam situação semelhante etc.

10. Quais são as principais responsabilidades atribuídas ao Cuidador contratado


por você?

Análise: Conforme relatos constantes da tabela 22 – classificados e resumidos na


tabela 23 –, verifica-se que existem muitas atribuições que cabem aos cuidadores (e
que variam de caso para caso) e, dentre as atribuições e responsabilidades citadas
pelos contratantes, as que mais foram mencionadas pelos mesmos são: dar
medicações (6), cuidar da higiene em geral (6), preparar e servir a alimentação (5),
auxiliar na locomoção (3), auxiliar no banho (2), registrar as ocorrências diárias (2),
conversar com a pessoa cuidada (2) e observar o comportamento da pessoa cuidada
(2). Outras 17 atribuições foram citadas (1 vez cada uma), conforme mostra a tabela 9.

11. Você consegue diferenciar bem a função do Cuidador daquelas exercidas


pelos profissionais de enfermagem e empregado doméstico?

Sim = 9 Não = 0

55
Das atribuições de enfermagem e empregados domésticos.

Análise: Conforme gráfico 29 comprova, todos (100% ) os contratantes pesquisados


declararam que sabem diferenciar as atribuições do cuidador das atribuições de
enfermagem e empregados domésticos.

12. Você acha que os conhecimentos e habilidades que o cuidador possui são
suficientes para o exercício da referida função?

Sim = 5 Não = 4

Se respondeu NÃO, o que você acha que “está faltando”?

“Qualquer pessoa, no exercício profissional, não é completo. Ao cuidador, seria bom


exercitar, por vezes, respeito, não necessariamente todos, a paciência e a tolerância,
dentro dos limites possíveis e adequados, algumas noções de respeito e higiene.”

“Utilizamos o serviço de dois Cuidadores com formações diferentes, com isto tivemos
problemas com uma das Cuidadoras que não tinha o treinamento adequado.”

“Habilidade em que sentido? A experiência de cada um é determinante, esta será o


diferencial. O conhecimento, acho, que se vê, mas a habilidade pode variar.”

“Reciclagem constante, independente das orientações basais. Deve estar sempre


preparado para lidar com os diferentes pacientes.”

Tabela 24 – O que os contratantes acham que falta aos cuidadores (grifo nosso)

Análise: Conforme mostra o gráfico 30, 56% (5) dos contratantes declararam que
consideram que os conhecimentos e habilidades do cuidador são suficientes para
exercer a referida ocupação. Já 44% (4) responderam que não. Segundo estes
últimos, ao serem perguntados sobre o que “estaria faltando” aos cuidadores para
exercerem a referida ocupação, responderam (conforme tabela 24) que o que falta é:
paciência, tolerância, respeito, noções de higiene, treinamento adequado/”reciclagem
constante”, e que o cuidador deveria “estar sempre preparado para lidar com os
diferentes pacientes” grifo nosso).

56
13. Quais os principais valores que você considera importantes e indispensáveis
para um bom cuidador?

Análise: Conforme tabela 25 e gráfico 31, podemos verificar que os valores que
ganharam maior destaque foram: paciência, responsabilidade e ética (que, na
verdade, é o conjunto dos nossos valores). Palavras como “carinho” e “ser atencioso”
foram consideradas pelos contratantes como valores. Num sentido mais genérico da
palavra, fazendo uma análise mais qualitativa da questão, podemos entender que se
trata do “valor” que as pessoas atribuem ao “carinho” e ao fato das pessoas serem
“atenciosas”. Este último termo, geralmente, resume aquela pessoa que é cuidadosa,
tem paciência etc. Outras palavras mencionadas (23), citadas uma vez cada, também
refletem a preocupação que as pessoas têm com os valores do outro, ou seja, que o
outro tenha valores éticos, que seja confiável etc., de modo que tenhamos mais
tranqüilidade para deixar nossos familiares sob a responsabilidade dos mesmos.

57
APÊNDICE III:

Análise da Pesquisa 3 – Profissionais que lidam com Cuidadores Sociais:

1. Perfil dos Profissionais – Profissão:

Análise: Conforme tabela 26 e gráfico 32, dentre os 13 profissionais entrevistados,


temos: assistentes sociais (39%), estudantes/estagiários de serviço social (38%),
pedagoga (8%) e professores universitários (15%).

2. Perfil dos Profissionais – Grau de escolaridade:

Análise: Com relação à escolaridade dos profissionais entrevistados (que realizam


trabalho relacionado ao cuidado e cuidadores), de acordo com a tabela 27 e o gráfico
33, temos: 15% (2) com doutorado, 15% (2) com pós-graduação, 31% (4) com curso
superior completo e 39% (5) cursando o ensino superior (estudantes/estagiários).

3. Há quanto tempo realiza algum trabalho relacionado à temática do cuidado?

Análise: Com relação ao tempo em que os profissionais atuam na área do cuidado,


conforme tabela 28 e gráfico 34, temos: 62% (8) que têm até 5 anos de experiência,
15% (2) têm entre 6 e 10 anos de experiência, 8% (1) têm entre 11 e 15 anos de
experiência e 15% (2) têm entre 16 e 20 anos de experiência.
Observando estes dados, vemos 38% destes profissionais estão atuando na
referida área de 6 a 20 anos. Todos os 13 profissionais entrevistados (100%) lidam
com as questões relativas ao cuidado diariamente. Têm, portanto, uma experiência
relacionada à temática do cuidado que deve ser considerada. Alguns destes
profissionais têm uma ou mais publicações e são muito respeitados nas suas
respectivas áreas de atuação. Temos, dentre eles, professores de universidades
públicas, empregados de empresas estatais e estudantes/estagiários (todos) de
universidades públicas.

4. Que tipo de trabalho você realiza (relacionado ao cuidado)?

Análise: Dentre os profissionais entrevistados, encontramos estudantes universitários,


que são estagiários de serviço social, e assistentes sociais que atuam em empresa

58
realizando entrevistas sociais com cuidadores e solicitantes de cuidadores,
encaminhamento de cuidadores, visitas domiciliares, acompanhamento das atividades
realizadas pelosos cuidadores, atendimento a familiares, acompanhamento dos alunos
da turma de cuidadores, dentre outras atividades.
Também temos outros profissionais que são responsáveis por projetos voltados
ao publico idoso e na formação de cuidadores para lidarem com as questões do
cuidado, outros que organizam e coordenam cursos de capacitação de Cuidadores,
professores que são coordenadores de cursos de preparação de cuidadores e outros
profissionais que lidam com questões relacionadas ao campo da Gerontologia, que
prestam assessoria a entidades diversas, lecionam em cursos de cuidadores e de
gerontologia no Rio de Janeiro e em outras localidades, assessoria pedagógica,
professores de ética, gerontologia, relações familiares etc. Temos, também,
profissional responsável pela coordenação técnica de Programa Social de Cuidadores.

5. Quais os principais problemas que você identifica como sendo os mais


impactantes nas relações cuidador/pessoa cuidada?

Análise: Analisando a tabela 29 – cujos depoimentos se referem a profissionais que,


como vimos, atuam diariamente com as questões aqui debatidas – notamos que os
principais problemas identificados pelos mesmos como sendo os mais impactantes
nas relações cuidador/pessoa cuidada foram: “ausência de preparo”, “falta de preparo
técnico para o desempenho da referida ocupação”, “falta de técnica em alguns
momentos com pacientes que necessitem de um cuidado mais específico”, “falta de
conhecimento para tratar o cuidado em situações mais complexas”,
“desconhecimento/falta de qualificação”.
Evidencia-se, com estes depoimentos, que existe um “despreparo dos
cuidadores”, de modo geral, para o exercício da referida ocupação. O “despreparo”
também é atribuído aos familiares, pela “não compreensão da família sobre
funções do cuidador”, isto é, pelo fato de a mesma desconhecer quais são as
atribuições do cuidador. Por sua vez, há relato de que o principal problema estaria
relacionado à “postura do cuidador, o cuidador não sabe os seus limites na casa do
cuidado”. Podemos entender que tais problemas podem ser decorrentes, dentre
outros motivos, de “preconceitos”, “problemas comportamentais”, “problemas éticos”,
“diferenças culturais envolvendo valores, crenças”. Segundo relato, também existe, por
parte do cuidador, “demonstração de insatisfação do trabalho”, além de “conflitos”,
“intervenção da família” no trabalho do cuidador (talvez por não confiar plenamente no

59
trabalho do mesmo e/ou desconhecer o que cabe ao mesmo). Além de tudo isto,
temos a falta de empatia de ambos os lados – cuidadores e familiares.

6. Quais os principais problemas que você identifica como sendo os mais


impactantes nas relações cuidador/familiar da pessoa cuidada?

Análise: Conforme depoimentos constantes na tabela 30, observa-se que a maioria


(62%), ou seja, 8 dentre os 13 profissionais entrevistados (vide grifo nosso na referida
tabela), apontaram o “desconhecimento das atribuições que cabem ao cuidador (por
parte do mesmo e da família)” e “conflitos de função do cuidador x enfermagem” como
os principais problemas identificados como sendo os mais impactantes nas relações
cuidador/familiar da pessoa cuidada.
Também foram apontados problemas relacionados à “dificuldade quanto à
remuneração já que a ocupação não tem valor tabelado”, “falta de clareza e de
objetividade no momento da contratação, preconceito e falta de valores éticos,
dificultando o diálogo e o entendimento entre as partes envolvidas”. Outros problemas
foram relatados e dizem respeito ao excesso de intimidade por parte do cuidador, que
desconhece, muitas vezes, quais são os limites de sua atuação; intromissão da família
no trabalho do cuidador; falta de ética; preconceitos etc.

7. Quais os principais Conhecimentos (conhecer/saber) que você considera


imprescindíveis a um bom cuidador?

Análise: De acordo com os profissionais (vide tabela 31), os principais Conhecimentos


(conhecer/saber) que os mesmos consideram imprescindíveis a um bom cuidador, são
(entre parênteses, o número de vezes em que tal conhecimento foi citado):
• Conhecimento sobre ética e posturas profissionais do cuidador (4).

• Conhecer a história da pessoa que está sendo cuidada para melhor


compreendê-la (3).

• Conhecer os alimentos básicos e a importância de cada um para a saúde –


noções de nutrição (3).

• O conhecimento de suas atribuições como cuidador (3).

• Saber noções básicas sobre o processo de envelhecimento humano para


melhor entender os idosos (3).

60
• Ter conhecimento do manejo técnico com o idoso nas atividades de vida diária
– AVD (3).

• Conhecer sobre as diferentes relações familiares, sem preconceitos (2).

• Conhecimento para estimular a pessoa cuidada visando a sua melhoria,


autonomia e independência (2).

• Higiene de pessoas acamadas (troca de fralda, banho no leito). (2)

• Saber ler e escrever (2).

• Auxílio na locomoção de pessoas debilitadas (1).

• Conhecer a técnica para realizar a mudança de decúbito (1).

• Conhecer o ser humano na sua totalidade (1).

• Direitos da pessoa idosa (1).

• Estudos sobre Leonardo Boff (1).

• Estudos sobre Psicologia (1).

• Orientações básicas de saúde e prevenção (1).

• Orientações trabalhistas (1).

• Primeiros socorros na prestação do cuidado (1).

• Saber identificar os sintomas da depressão (1).

• Saber o que são escaras e como evitá-las (1).

• Saber questões relativas a determinadas enfermidades (Alzheimer, Parkinson,


etc.) (1)

8. Quais as principais Habilidades (saber fazer) que você considera


imprescindíveis a um bom cuidador?

61
Análise: De acordo com os profissionais (vide tabela 32), as principais Habilidades
(saber fazer) que os mesmos consideram imprescindíveis a um bom cuidador, são
(entre parênteses, o número de vezes em que tal habilidade foi citada):
• Saber auxiliar na locomoção/manuseio da pessoa (leito, cadeira de rodas ou na
higiênica etc.). (8)

• Saber a técnica do banho e da higiene. (5)

• Saber preparar e servir as refeições (4)

• Saber trocar fraldas. (4)

• Saber estimular a autonomia da pessoa cuidada. (3)

• Habilidade de cuidar da limpeza do ambiente no qual vive a pessoa cuidada.


(2)

• Saber dar auxílio às atividades da vida diária da pessoa cuidada. (2)

• Saber desenvolver um bom relacionamento com o cuidado e com a família


(interagir). (2)

• Ser flexível no relacionamento com a pessoa cuidada e seus familiares. (2)

• Compreender as necessidades (aparentes ou não) da pessoa cuidada


(linguagem corporal). (2)

• Ter capacidade de relacionamento. (2)

• Ter responsabilidade no manejo de medicações. (2)

• Saber dar alimentação via sonda. (1)

• Saber escutar para compreender as necessidades da pessoa cuidada. (1)

• Saber medir/verificar pressão (aparelho digital). (1)

• Saber perceber sinais de dificuldades ou de mudanças físicas e humorais na


pessoa cuidada. (1)

• Saber proporcionar à pessoa cuidada a oportunidade de socialização. (1)

• Saber respeitar os espaços e posições da família. (1)

62
9. Quais os principais Valores (ser) que você considera imprescindíveis a um
bom cuidador?

Análise: Conforme tabelas 33 e 34 e gráfico 35, os valores mais apontados pelos


profissionais como “imprescindíveis a um bom cuidador” foram: respeito (6), paciência
(5), ética (5), honestidade (4) e integridade (3). Também foram citados:
Comprometimento (2), Responsabilidade (2) e Educação (2). Os demais, mencionados
uma vez cada um, foram: Empatia, Cooperação, Interação, Compreensão, Altruísmo e
Disponibilidade.

10. Em sua opinião, qual deveria ser a escolaridade mínima necessária para um
cuidador exercer tal ocupação?

Análise: Conforme tabela 35 e gráfico 36, perguntados “qual deveria ser a


escolaridade mínima necessária para um cuidador exercer tal ocupação”, 77% (10)
dos profissionais responderam que o mínimo necessário deveria ser o ensino
fundamental completo. Dois (cerca de 15%) responderam que deveria ser o ensino
médio completo e um não respondeu (cerca de 8%).

11. Você considera que a ocupação de cuidador está bem definida, suas
atribuições bem identificadas (diferenciada das ocupações de enfermeiro e
empregado doméstico, por exemplo)?

Análise: Segundo dados do gráfico 37, sete profissionais (54%) responderam que
NÃO. Um deles, inclusive, fez questão de mencionar que “esse é o grande problema”
(grifo nosso). Seis profissionais (46%) responderam que SIM, sendo que um deles
afirmou: “porém ainda falta socializar tais diferenciações, para que as pessoas
não confundam”. (grifo nosso)

63
GRÁFICOS:

Gráfico 1 – Perfil dos Cuidadores – SEXO

Gráfico 2 – Perfil dos Cuidadores – IDADE.

64
Gráfico 3 – Perfil dos Cuidadores – ESCOLARIDADE

Gráfico 4 – Perfil dos Cuidadores – RELIGIÃO

65
Gráfico 5 – Perfil dos Cuidadores – Se trabalha como cuidador.

Gráfico 6 – Perfil dos Cuidadores – Há quanto tempo trabalha como cuidador.

66
Gráfico 7– Perfil dos Cuidadores – saúde.

Gráfico 8 – Perfil dos Cuidadores – Problemas de saúde.

67
Gráfico 9 – Experiência do Cuidador antes do curso.

Gráfico 10 – Experiência para exercer a ocupação de cuidador.

68
Gráfico 11 – Se o Cuidador pretende continuar estudando.

Gráfico 12 – Se o Cuidador tem o hábito de ler/estudar por conta própria.

69
Gráfico 13 – Se o Cuidador costuma trocar ideias/experiências com outros cuidadores.

Gráfico 14 – O que levou o Cuidador a escolher tal ocupação.

70
Gráfico 15 – Principais dificuldades do Cuidador para exercer tal ocupação
(gráfico resumo da pergunta 18, tabela 8).

Gráfico 16 – Valores éticos citados pelos Cuidadores.

71
Gráfico 17 – Outros (valores éticos citados pelos Cuidadores).

Gráfico 18 –Perfil da pessoa cuidada – Sexo

72
Gráfico 19 – Perfil da pessoa cuidada – faixa etária.

Gráfico 20 – Perfil da pessoa cuidada – principais dificuldades apresentadas.

73
Gráfico 21 – Perfil dos contratantes – Sexo

Gráfico 22– Perfil dos contratantes – Idade

74
Gráfico 23 – Perfil dos contratantes – Escolaridade

Gráfico 24 – Perfil dos familiares (de contratantes) sendo cuidados – Idade.

75
Gráfico 25 – Perfil dos familiares (de contratantes) sendo cuidados – Saúde.

Gráfico 26 – Forma de contratação do cuidador.

76
Gráfico 27 – Dificuldades na contratação do cuidador, relatadas pela família.

Gráfico 28 – Se o contratante sabe quais são as atribuições do cuidador.

77
Gráfico 29 – Se o contratante sabe diferenciar as atribuições do cuidador

Gráfico 30 – Se o contratante considera que os conhecimentos e habilidades do


cuidador são suficientes para exercer a ocupação.

78
Gráfico 31 – Valores que o contratante considera imprescindíveis a um bom cuidador.

Perfil dos profissionais - profissão

15%

Assistente Social
8% 39%

Estudante/estagiário

Pedagoga

Professor Universitário
38%

Gráfico 32: Perfil dos profissionais – profissão

79
Perfil dos profissionais - escolaridade

Doutorado
15% 15%

Ensino Superior
Completo

Ensino Superior
31%
Incompleto
39%

Pós Graduação
Completa

Gráfico 33 - Perfil dos profissionais – escolaridade.

Perfil dos profissionais -


tempo de trabalho na área do cuidado
15%

8% Até 5 anos

de 6 a 10 anos

de 11 a 15 anos
15% 62%
de 16 a 20 anos

Gráfico 34 - Perfil dos profissionais – tempo de trabalho na área do cuidado.

80
Valores imprescindíveis ao cuidador
(segundo os profissionais)

disponibilidade.

altruísm o

Com preensão

Interação

Cooperação

Em patia

Educação

Responsabilidade

Com prom etim ento

Integridade

Honestidade

Ética

Paciência

Respeito

0 1 2 3 4 5 6 7

Gráfico 35 – Valores imprescindíveis a um bom cuidador, segundo os profissionais.

81
Qual deveria ser a escolaridade mínima
para o exercício da ocupação de cuidador
8%
15%

77%

Ensino Fundamental Completo Ensino Médio Completo Não respondeu

Gráfico 36 – Opinião dos profissionais quanto à escolaridade mínima do cuidador.

Se a ocupação de cuidador tem suas atribuições


bem definidas, na opinião dos profissionais

6; 46%

7; 54%

Não Sim

Gráfico 37 – Se a ocupação de cuidador tem suas atribuições bem definidas.

82
TABELAS:

Tabela 1 – Complemento da pergunta 11.


1. “Quase tudo”
2. “mais técnica, criatividade "um" "cuidar" com mais responsabilidade”
3. “muita coisa: tirar o cuidado da cama, alimentação, dar remédio, ouvir o cuidado”
4. “falta bastante informação”
5. “falta bastante informação”
6. “eu sempre trabalhei e nunca falhei”
7. “percepção de comportamento”
8. “faltou a parte em que algumas tarefas em relação ao cuidador que deve ser feita”
9. “aprender a cuidar de um idoso com alzheimer agressivo”
10. “me faltou várias coisas, as quais só agora estou tendo conhecimento”
11. “o conhecimento que com o curso estou tendo agora”
12. “faltava prática”
13. “mais prática, um curso igual a este de furnas”
14. “faltou mais experiência mais preparo e esclarecimento sobre o cuidador”
15. “faltava mais conhecimento e pessoas (profissionais) capacitadas e envolvidas
no trato com idosos”
16. “mais prática, conhecimento, mais jeito, enfim, cada hora as coisas mudam”
17. “faltava a informação sobre diversas áreas, como gerontologia, fisioterapia, que
eu desconhecia”
18. “tudo na área de alimentação e ética, gerontologia”
19. “mais conhecimento e entendimento para lidar com as mudanças de
temperamento da paciente”
20. “acho que preciso conhecer mais pacientes senis, saber como lidar com
determinadas situações que o trabalho nos oferece”

Tabela 2 – Porque os cuidadores pretendem continuar estudando.


1. “Pretendo cursar uma faculdade de psicologia”
2. “Porque o conhecimento é muito importante”
3. “Gosto muito”

83
4. “Porque hoje em dia sem o estudo não vamos a lugar nenhum”
5. “Porque é sempre bom estar bem informado”
6. “porque para tornar uma nova ocupação”
7. “me aprimorar mais”
8. “quero melhorar minha vida e aprender mais ter conhecimento”
9. “mais experiência”
10. “para aprimoramento”
11. “gostei muito das informações e quero melhorar no dia a dia”
12. “para adquirir experiência para um futuro melhor”
13. “eu quero completar meu estudo”
14. “pretendo fazer faculdade”
15. “estou muito cansada”
16. “fazer a diferença é sempre bom”
17. “aprender nunca é demais”
18. “porque eu preciso de mais conhecimento e para ensinar os meus filho na hora do
dever de casa”
19. “porque quero crescer profissionalmente”
20. “porque é sempre bom se especializar”
21. “quanto mais experiente, melhor”
22. “para adquirir conhecimento, para poder cuidar ainda melhor”
23. “porque é muito bom ter a teoria e a prática”
24. “eu quero aprender mais em tudo”
25. “sempre é bom adquirir mais conhecimentos, saber mais se atualizar’
26. “a cada dia nós aprendemos mais”
27. “quero me informar e ter novas experiências”
28. “tudo que se relacione à idoso me interessa”
29. “é tudo que não se pode tirar de nós, é o nosso saber”
30. “eu quero te mais conhecimento”
31. “o saber não ocupa espaço. É bom se atualizar”
32. “quero conhecer mais, através do curso de técnico de enfermagem”
33. “tenho muita falha”

84
34. “o conhecimento abre portas de emprego”
35. “aprender é sempre ter o que oferecer”
36. “quero evoluir no que exerço”
37. “através do conhecimento você pode se tornar melhor”
38. “todos nós em todas as profissões precisamos nos atualizar”
39. “porque quero ter maior conhecimento e com crianças também”
40. “para melhorar o meu conhecimento”
41. “porque quanto mais conhecimento melhor trabalhamos”
42. “acho que posso me especializar mais”

Tabela 3 – Como costumam trocar ideias/experiências com outros cuidadores.


1. “Falando como nos comportamos, nos plantões, das enfermidades dos
pacientes.”
2. “Dependendo das ideias, não acho ético, comentários”
3. “Converso com cuidadores do curso. Ouço as histórias que todos carregam e
debato nas aulas. Obs.: quando pode debater eu debato”
4. “Procuro ter sempre contato com minhas colegas e trocas ideias, fatos curiosos
que ocorrem durante o trabalho”
5. “O que eu tenho de dúvidas nós nos juntamos e tiramos nossas dúvidas”
6. “Experiências”
7. “Ex. experiências de algo que quero aprender e não sei a outra colega às vezes
sabe e me ensina. Ou de pessoas até mesmo de nível superior que pode me
ensinar alguma coisa que eu possa fazer”
8. “Trocamos o conhecimento as experiências”
9. “Perguntando sobre fatos vivenciados”
10. “Perguntando sobre os fatos do dia dia”
11. “Rotina, carga horária, salário, experiências, etc.”
12. “Através das aulas, filmes e etc.”
13. “Como lidar com outras doenças, como lidar com outras famílias, cada paciente
tem o seu histórico e só na prática com cada um que eu poder fazer o meu
trabalho bem feito”
14. “Contar o tipo de comportamento, do paciente e manobras, conforto,
alimentação etc.”

85
15. “Como conversar com o idoso nas horas vagas, as sopas e nas horas de trocar
as fraldas colocar um absorvente se for mulher etc.”
16. “Como exemplo pacientes com patologias diferentes das que eu estou
trabalhando no momento, cada idoso cada familiar age diferente um do outro”
17. “Conversamos e aprendemos com outras pessoas cuidadoras sobre dicas e até
como se falar, entrar no mundo do Alzheimer”
18. “Procuro sempre descobrir novas ideias, e procuro sempre saber se estou
agindo certo no meu serviço de cuidadora”
19. “Procuro ficar atenta nas aulas e tirar dúvidas em sala. Como gosto muito de
pessoas idosas e meu marido é idoso. Converso bastante para buscar
conhecimentos que ainda não tenho. Obs.: suas limitações”

Tabela 4 – Motivo para tornar-se cuidador.

Opções apresentadas: Resp. Percentual

Queria deixar a ocupação/profissão anterior 3 6%


Achou que ganharia mais dinheiro como cuidador 1 2%
Viu que o mercado de trabalho estava demandando tal serviço 4 9%
Identificou-se com o que tal ocupação exige 19 41%
Outro motivo (qual? vide respostas abaixo) 10 22%
Não responderam 9 20%

Tabela 5 – Outros motivos para tornar-se cuidador.


“Bom. Com esse novo aprendizado eu poderei ajudar pessoas que necessitam e
poderei tratar do meu avô.”
“Estava fora do mercado de trabalho há muito tempo, fiquei desquitada e preciso
trabalhar”
“Como adquirir melhores salarios”
“Aumentar minha renda”
“Quando eu me formei em auxiliar de enfermagem em 1988 tinha uma dificuldade
enorme e falta de profissional”
“Já possuir o curso de enfermagem, e já estava na área de saúde”

86
“Comecei trabalhando com reabilitação e esses pacientes eram a maioria senis fiquei
com eles durante 1 ano 6 meses”
“Sempre me sentir bem, em cuidar do meu semelhante”

“Sempre gostei de cuidar”


“Eu gosto muito de cuidar de outra pessoa com muito amor e carinho etc.”
“Deus me encaminhou uma pessoa que eu a amo e ela ficou muito dependente de
mim hoje eu adotei e cuido dela, ela tem 78 anos”
“Estava desempregada e a atividade me conquistou”

“A falta de amor, o descaso, eu futuramente vou precisar de cuidados especiais”


“Sempre gostei desde criança de conversar com pessoas de mais idade”

Tabela 6 – Do que os cuidadores mais gostam na sua ocupação.


1. “Por gostar do que faço, não tem o que mais gosto ou que menos gosto”
2. “Da experiência das diferenças”
3. “De poder ser útil e da troca de experiência entre eu e o idoso”

4. “De conversar com eles, porque até tem coisas que a gente aprende com
eles”
5. “É o companheirismo, e carinho que trocamos”
6. “Do tipo de ocupação pois me identifico com a função”
7. “De cuidar da paciente, de dar a máxima atenção, de dar carinho”
8. “Conversar, ouvir histórias”
9. “Trabalhar para melhorar a qualidade de vida de alguém”
10. “Proporcionar um bem estar ao idoso com amor e carinho”
11. “Que assinasse a carteira”
12. “Do vínculo que se constrói”
13. “Dar atenção ao paciente, carinho, cuidar”
14. “Gosto porque o idoso ele é sincero meigo e principalmente sábio”
15. “Ouvir as experiências de vida de cada idoso”
16. “É quando eles passam a experiência deles para nós, é passar com eles e
eles contar as mocidade deles para nós etc.”
17. “O idoso nos ensina a ter mais prazer com a idade e as facilidades que ela
me proporciona nesse momento”

87
18. “Saber que posso estar ajudando alguém”
19. “Quando chego na casa do cuidado e ganho o bom dia, um lindo e
verdadeiro sorriso do meu cuidado”
20. “Para mim tudo, porque procuro fazer com muita atenção e carinho”

Tabela 7 – Do que os cuidadores menos gostam na sua ocupação.


1. “Não têm”
2. “Nada”
3. “Em algum "casos" ter que exercer a atividade de secretária do "lar".”
4. “De saber que a velhice nunca é bem aceita pelos idosos”
5. “É ter que acordar de 1 em 1 hora a noite para colocar ela para fazer
xixi”
6. “De ver às vezes o cuidado passando por algo e que eu não posso fazer
nada para mudar aquela situação”
7. “Quando a família atrapalha o nosso trabalho”
8. “Hora do banho”
9. “Da intromissão da família no trabalho do cuidador”
10. “Intromissão familiar”
11. “Eu gosto de tudo”
12. “Às vezes exige um desgaste psicológico muito grande”
13. “Quando a paciente tem mal de alzheimer e esquece tudo ou troca”
14. “Quando as outras pessoas veem a profissão descuidado, invisível”
15. “Quando a família não presta os devidos cuidados pedidos pelo
cuidador, para o maior conforto e segurança do idoso”
16. “É quando eles fazem malcriações para nós, quando a gente vai dar
comida, o banho, e quando o contratante fica olhando a gente com
discriminação, pensando que vamos agridir os idosos”
17. “Quando o idoso sente necessidade de se alimentar e não tem comida
para ele, tudo controlado sendo que o dinheiro é dele. Vive uma vida às
vezes com dificuldade como se fosse baixa renda”
18. “Quando o idoso é rebelde, agressivo”

19. “Quando não vejo carinho dos parentes do meu cuidado, com o mesmo”

88
Tabela 8 – Principais dificuldades do cuidador para exercer a ocupação.
1. “não encontro dificuldades”
2. “É o meu primeiro trabalho até o momento não encontrei dificuldades”
3. “os familiares; tem que haver diálogo, e posições na sua área manter um campo
aberto para o diálogo aberto, e objetivo”
4. “A dificuldade maior não é encontrada com os idosos, e sim com a família noto que
alguns não se interessam por eles (idosos)”
5. “Às vezes em tenho dificuldades com os parentes, porque todos querem dar
opiniões diferentes e a gente fica numa saia justa”
6. “para mim nenhuma”
7. “a família: mudança de hábitos do paciente é minha também. Quando há
necessidade de adequar a casa a nova situação”
8. “família, falta de material que se pede e a família às vezes ignora”
9. “quando a família ignora quando falta alguns medicamentos do idoso”
10. “ainda não achei dificuldade”
11. “dificuldade de estar na casa da pessoa. Me sinto mais a vontade em clínicas”
12. “toda rotina com cuidado e mais atenção”
13. “até agora tudo tem sido bom e até mesmo um desafio”
14. “ajuda da família às vezes um não se empenha no seu dia a dia, dando uma
palavra de conforto”
15. “a dificuldade influi quando você nâo tem o curso e os conhecimentos para exercer
essa função”
16. “até agora não tive grandes dificuldades mas em relação a remuneração e
passagem encontramos dificuldades de modo geral”
17. “a distância da minha casa até a casa do cuidado”
18. “graças a deus até o momento não tenho nada a reclamar”
19. “ainda não passei algum tipo de dificuldade. Mas no meu ponto de vista seria a
pessoa sendo cuidada precisando de algo que a família não providencia”
20. “não tenho diculdade”
21. “a compreensão dos familiares para como o idoso. A falta de atenção para o idoso
a falta de carinho”
22. “quando nós encontramos o idoso agressivo”
23. “quando o paciente tem distúrbio mental, ou acamado, e muito mais etc.”
24. “o relacionamento com a família”

89
25. “o tempo”
26. “é quando o paciente não tem autonomia, porque você não sabe se está
agradando ou não”
27. “como sempre a família”
28. “não encontro dificuldades, o que eu não sei, procuro estudar e conhecer melhor
não suporto permanecer com dúvidas”
29. “com a família mas eu faço tudo para me dar bem com eles”
30. “não encontro dificuldades”
31. “no momento não senti nenhuma dificuldade significativa”
32. “as pessoas que lhe contratam não valorizam o trabalho que é lindo”
33. “administrar as crises de família em torno do paciente”
34. “nenhuma”
35. “a família”
36. “a falta de valorização das famílias por causa de alguns cuidadores que entram na
profissão”

Tabela 9 – Resumo das respostas da pergunta 18 (tabela 8).


Resumo das respostas da pergunta 18 (tabela 8) Quantos Percentual
Não encontram dificuldade 11 31%
Atribuem a algum problema relacionado à família 16 44%
Falta de preparo para o exercício da função 1 3%
Alguma dificuldade relacionada à pessoa cuidada 4 11%
Residir longe do local de trabalho 1 3%
Outros motivos 3 8%

Tabela 10 – Valores indispensáveis a um bom cuidador.


1. “Amor no que faz e muita ética e fundamental”
2. “Saber dos direitos e deveres respeitar as limitações do idoso e realizar um bom
trabalho com amor e carinho. E não esquecer da ética profissional.”
3. “Ser paciente, criativo, generosidade, gostar de si, e humildade”
4. “Honestidade ser carinhoso, paciente saber ouvir, ter total atenção no que se
faz”
5. “Ter disciplina, honestidade, paciência saber ouvir o idoso”
6. “Paciência, amor”

90
7. “Ser honesta, paciente, responsável”
8. “Estar preparado para saber fazer as coisas certas”
9. “Honestidade, responsabilidade, respeito, pontualidade”
10. “Disciplina, cumprir os horários está disponíveis as necessidades do idoso”
11. “Disciplina e horário”
12. “Importante e dar carinho, tratar bem”
13. “Dedicação, ética, comprometimento, responsabilidade e sensibilidade”
14. “Anotar o relatório, tudo quanto a rotina ainda mais o que mexe com dinheiro”
15. “Responsável, limpa, bem cuidada, ágil, calma”
16. “Gostar do que faz, dar valor as pessoas qu cuida, ser honesto, pontual e
paciente nos momentos mais difíceis”
17. “Os valores que eu considero é não lever as minhas religiões para a casa do
idoso a minha educação etc.”
18. “A educação na casa do familiar (do idoso) seu temperamento, e amável.
Bastante limpo e organizado pois isso ajuda muito. E ter amor pela profissão”
19. “Paciência, bom humor, sensibilidade, atencioso”
20. “Ser carinhosa e amar de coração o que faz”
21. “Ser responsável, carinhoso, atencioso, correta, cumprir deveres e obrigações
etc.”
22. “Ser calmo, educado, bom ouvinte, ter muita paciência e gostar muito do que
faz”
23. “Conhecer o ambiente onde ele vive procurar se entender com os familiares e
fazer tudo. Certo ou pelo menos tentar gostar do que estou fazendo”
24. “Ser paciente, tolerância, honestidade. Pontualidade, sinceridade, atenção, ser
carinhoso.”
25. “Honestidade, responsabilidade, carinho, respeito”
26. “Saber se valorizar como cuidador, saber se identificar ao entrar na casa da
família e não mexer em nada que não lhe diz respeito”
27. “São vários valores, mas para mim o mais importante é o amor”
28. “Paciência, determinação, comprometimento”
29. “É saber o quanto nós somos importantes, necessárias no seu dia após dia”
30. “Total dedicação respeito, carinho, amor, compreensão, saber ouvir sempre
etc.”
31. “Ética, responsabilidades, honestidade ou seja compromisso”

91
32. “Total paciência e amor, dar valor a pessoa que você está cuidando, dar tudo de
si para cuidar bem”
33. “Caráter, responsável, paciência”
34. “Paciência, amor, responsabilidade, discrição”
35. “Responsabilidade e amor”
36. “EDUCAÇÃO, RESPEITO, SABER OUVIR, GOSTAR DO QUE FAZ”
37. “Ser paciente, e colocar em prática os conhecimentos que aprendeu no curso”
38. “Paciência, honestidade, fidelidade, responsabilidade, cumprir os deveres”
39. “Ética, sinceridade, afetividade e honestidade”
40. “Ser ética, verdadeira, ser amorosa, ser responsável, honestidade, pontual e
tolerante”
41. “Saber ouvir, estar atento as dificuldades do idoso, saber as limitações do
cuidador, quais são as suas tarefas, direitos e deveres, não se envolver em
confusões e comentários difamadores
42. “Dar mais atenção ao paciente e aos seus valores”

Tabela 11 – Dados da tabela 10 resumidos.


Valores, segundo os cuidadores Quantos
Paciência 15
Responsabilidade 12
Honestidade 11
Amor 10
Carinho 8
Pontualidade 6
Respeito 6
Saber ouvir 6
Ética 6
Atencioso 4
Educação 4
Comprometimento 3
Disciplina 3
Gostar do que faz 3
Calma/calmo 2
Cumprir deveres 2

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Dedicação 2
Discrição 2
Sensibilidade 2
Sinceridade 2
Tolerância 2
Afetividade 1
Agilidade 1
Amabilidade 1
Amor pela profissão 1
Amorosa 1
Bom humor 1
Caráter 1
Compreensão 1
Criatividade 1
Dedicação 1
Determinação 1
Fidelidade 1
Generosidade 1
Gostar de si 1
Humildade 1
Limpeza 1
Organização 1
Ser atencioso 1
Ser correto 1
Verdadeira 1

Tabela 12 – Perfil da pessoa cuidada. (NI = Não informado)


Sexo pessoa Dificuldade apresentada pela pessoa
Idade
cuidada cuidada
Masculino NI Falta de memória/dif. Locomoção
Masculino 71 Não anda/cadeirante
Feminino 81 Não anda/cadeirante
Feminino 79 NI
Feminino 49 NI

93
Dificuldade de locomoção, Alzheimer,
Feminino 95 AVC
Feminino 85 Fratura de vértebras
Feminino 94 Problemas mentais
Feminino 80 AVC
Feminino 83 Falta de memória
Feminino 77 Problema psiquiátrico
Hipertensão, diabetes, cadeirante, falta
Masculino 85 memória
Feminino 81 AVC
Feminino 86 Demência
Masculino 83 Alzheimer
Feminino 77 NI
Feminino 87 NI

Tabela 13 – Síntese dados da tabela 12.


Sexo Dificuldade
Feminino 13 Sequelas de AVC 3
Masculino 4 Alzheimer 2
Demência 1
Hipertensão 1
Diabetes 1
Idade Falta de memória 3
Até 70 Não
anos 1 anda/cadeirante 3
Problema
71 - 79 4 psiquiátrico 2
80 - 89 9 Fraturas 1
Dificuldade
Acima 90 2 locomoção 2
NI 1 NI 4

Tabela 14 – Principais atribuições exercidas pelos cuidadores.

94
1. “Oferecer muito carinho, paciência, pois e uma pessoa muito deprimida”
2. “Dou banho, cuido da alimentação remédios e fico 24h a disposição dele”
3. “No momento estou desempregada”
4. “Cuidar da higiene da paciente, cuidar da roupa, cuidar das refeições, cuidar do
quarto, deixá-lo sempre limpo e a cadeira de rodas”
5. “Cuido da higiene, da alimentação, administro os medicamentos, troca de fralda,
sair para passear etc.”
6. “Horário da medicação á noite”
7. “Não cuido mas desta pessoa”
8. “Cuido dela, do remédio, da comida, do banho, converso”
9. “Administrar remédios, marcar e levar a idosa ao médico, auxiliar e estimular as
"lembranças". Fazer companhia fazer caminhadas”
10. “Fazer toda a higiene, dar almoço, cortar cabelo, cuidar das unhas, falar com
médico, enfim, cuido de tudo dela”
11. “Alimentação, troca de fralda, médico, banho, locomoção, medicação”
12. “É ficar no meu lugar, observar o meu idoso ter postura”
13. “Dar a dieta medicação, organizar o dia da paciente, como por ex. a hora do
almoço e as medicações, as trocas de fraldas, higiene pessoal, consultas
médicas-odontológicas”
14. “Dar o remédio, no horário certo, ter muita paciência porque é um período de
experiência, tentar fazer com que ele jogue comigo para que ele possa se soltar
mais e ter confiança em mim”
15. “A minha função é tudo que se refere as necessidades do meu cuidado”
16. “Desempenho minhas tarefas e faço a cuidada se sentir bem comigo”

Tabela 15 – Escolaridade dos contratantes.


Ensino Técnico Completo 1
Ensino Superior Incompleto 3
Ensino Superior Completo 4
Pós Graduação 1

Tabela 16 – Principais dificuldades apresentadas pelas pessoas cuidadas.


Mãe, 82, seqüela de AVC.

Mãe, 65, AVC isquêmico.

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Mãe, idade NI, operou os dois fêmures (fratura).

Esposa, AVC isquêmico, aos 48 anos.

Mãe, 86 anos, dificuldades naturais devido à idade.

Mãe, 90 anos, com diagnóstico de Alzheimer.

Mãe, 90 anos, após uma queda ficou sem condições de permanecer sozinha.

Mãe, 87 anos, diabete, hipertensão, uso de marca-passo e dificuldade no andar.

Mãe, 92 anos, sofre de TOC, dificuldade de articular os pensamentos, crises de


depressão e irritação.

Tabela 17 – Perfil familiar cuidado – Idade.


Menos de 50 1
51-59 0
60-69 1
70-79 0
80-89 3
Acima dos 90 3
NI 1

Tabela 18 – Forma de contratação do cuidador.


Indicação de alguém (familiar, amigo, colega ou conhecido) 1
Indicação de alguma Instituição (Agência ou Cooperativa) 4
Outro (Programa de Cuidadores da empresa em que trabalham) 4

Tabela 19– Dificuldades enfrentadas para a contratação de um cuidador.


“Encontrar pessoas capacitadas para o atendimento de um paciente com as
características do cuidado em referência (sequela de AVC)”

“Receio de entregar um ente querido nas mãos de um estranho, mesmo que


acompanhado de perto.”

“Ser educada, saber ouvir, ser observadora, ser paciente, ter jogo de cintura, ser
limpa.” (a cuidadora)

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