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1. Introdução/Contextualização: ............................................................................... 01
1.1. Demanda por cuidado....................................................................................... 01
1.2. Atendimento domiciliar ou Instituição asilar: eis a questão............................... 06
1.3. Os cuidadores sociais estão preparados para atender à atual demanda por
cuidado?............................................................................................................ 09
3. Diagnóstico: ............................................................................................................ 26
5. Conclusões e Recomendações:............................................................................ 36
Gráficos ....................................................................................................................... 64
Tabelas ........................................................................................................................ 83
viii
ÍNDICE DE GRÁFICOS
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Gráfico 32 – Perfil dos profissionais – profissão...............................................................
Gráfico 33 – Perfil dos profissionais – escolaridade.........................................................
Gráfico 34 – Perfil dos profissionais – tempo de trabalho na área do cuidado ................
Gráfico 35 – Valores imprescindíveis a um bom cuidador, segundo os profissionais......
Gráfico 36 – Opinião dos profissionais quanto à escolaridade mínima do cuidador ........
Gráfico 37 – Se a ocupação de cuidador tem suas atribuições bem definidas ................
x
ÍNDICE DE TABELAS
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Tabela 33 – Opinião dos profissionais sobre os valores imprescindíveis a um bom
cuidador .......................................................................................................
Tabela 34 – Resumo tabela 33.........................................................................................
Tabela 35 – Escolaridade mínima cuidador .....................................................................
xii
INTRODUÇÃO
2
verificar que “O país caminha velozmente rumo a um perfil demográfico cada vez mais
envelhecido” (IBGE, 2009).
Percebe-se que o perfil da família brasileira vem mudando, nas últimas
décadas, pois a emancipação da mulher e o aumento de sua escolaridade e ingresso
no mercado de trabalho reduziram a disponibilidade da mesma para o cuidado dos
filhos – uma vez que a tarefa de cuidar, historicamente, sempre foi atribuída à mulher.
Esta nova geração de mulheres, portanto, não dispõe mais do tempo que
outrora as mulheres dispunham para as tarefas domésticas. Tal fato e o aumento do
custo de vida, nas últimas décadas, justificam a redução da taxa de fecundidade no
Brasil. Embora ainda haja outros fatores, como citado por alguns autores, tal questão
não será aprofundada aqui.
Nota-se que a disponibilidade da família, especialmente da mulher – como
dissemos acima – para o cuidado dos demais familiares e da casa foi reduzida, ao
longo das últimas décadas. Paralelamente, como analisado no início deste trabalho,
vem ocorrendo o aumento da expectativa de vida.
As questões até aqui discutidas, de certa forma, podem ser resumidas no texto
de CAMARANO (2007):
“As perspectivas para o futuro próximo são de crescimento a
taxas elevadas da população idosa e ‘muito idosa’, provocado
pela entrada da coorte dos baby boomers na última fase de vida
(elderly boomers) e pela redução da mortalidade nas idades
avançadas. Apesar de esse crescimento estar acompanhado por uma
melhora das condições de saúde desse segmento populacional, o
número de idosos com fragilidades físicas e / ou mentais tende a
aumentar. Além de mais numerosa, essa nova coorte será composta
por mulheres com um perfil diferenciado das atuais idosas. Serão
mais escolarizadas, mais engajadas no mercado de trabalho e com
menor número de filhos, características compatíveis com o fato de
fazerem parte da coorte que participou da revolução sexual e familiar
ocorrida a partir de meados da década de 1960. Em síntese, espera-
se que aumente o número de idosos dependentes de cuidados e
que a oferta de cuidadores familiares se reduza.” (p. 170) (grifo
nosso)
3
exclusão, dominação e isolamento ou simplesmente ‘um lugar
para morrer’ (Novaes, 2003). Em geral, as famílias que decidem pela
institucionalização de seus idosos são vistas como praticando o
abandono e tendem a experimentar forte sentimento de culpa. Os
idosos de hoje nasceram numa época em que o papel da família (em
especial, o da mulher) como a cuidadora dos membros dependentes
era claramente estabelecido nos contratos de gênero e
intergeracionais, resultando numa expectativa elevada por parte dos
idosos de receberem o cuidado familiar.” (grifo nosso)
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“No Brasil, a Constituição Federal de 1988 preconiza o
atendimento aos idosos em seus domicílios como preferencial,
em detrimento do atendimento proporcionado por instituições
residenciais. Tal princípio também foi expresso na Política Nacional
do Idoso (PNI) de 1994. A despeito dessas recomendações e do
consenso entre os especialistas de que a manutenção do idoso
em ambientes familiares é mais adequada para o seu bem-estar,
reconhece-se a necessidade de estabelecer políticas públicas que
possibilitem a modalidade de atendimento institucional a
determinados idosos (Camarano e Pasinato, 2004).” (p.171) grifo
nosso
5
meios, como instituições públicas ou privadas ou pela contratação de um enfermeiro
ou de um cuidador, conforme o caso.
6
Assim, reiterando tal discussão, segundo YAMADA (2006):
“Cuidar do idoso em casa é, com certeza, uma situação que deve ser
preservada e estimulada; todavia, cuidar de um indivíduo idoso e
incapacitado durante 24 horas sem pausa não é tarefa para uma
mulher sozinha, geralmente com mais de 50 anos, sem apoios nem
serviços que possam atender às suas necessidades, e sem uma
política de proteção para o desempenho deste papel. Em países mais
desenvolvidos, em que o envelhecimento populacional foi mais lento
e recebeu mais atenção durante décadas, foi construída uma rede de
organizações maiores e menores, que se define como community
care, e cujo grande objetivo é manter o idoso em sua casa
oferecendo suportes para a família e o cuidador.” (p.863)
7
Portanto, o entendimento geral é que “Por motivos vários, como a redução de
custo da assistência hospitalar e institucional aos idosos incapacitados, a atual
tendência, em muitos países e no Brasil, é indicar a permanência dos idosos
incapacitados em suas casas sob os cuidados de sua família.” (Karsch, 2003, p.862)
Pelos motivos já expostos, e pelo que afirma Karsch, acima, nota-se que – seja
porque as instituições públicas ainda não estão preparadas para suprir a atual
demanda por cuidado; seja porque o sistema se saúde no Brasil precisa melhorar; seja
porque ainda há grande preconceito com relação ao asilamento; seja porque é melhor
para o bem estar do idoso, seja qual for o motivo – a principal recomendação é a
manutenção do idoso sob os cuidados da família.
A mesma autora ainda ressalta que “A freqüência das doenças crônicas e a
longevidade atual dos brasileiros são as duas principais causas do crescimento das
taxas de idosos portadores de incapacidades. A prevenção das doenças crônicas e
degenerativas, a assistência à saúde dos idosos dependentes e o suporte aos
cuidadores familiares representam novos desafios para o sistema de saúde instalado
no Brasil.” (p. 862)
8
pela família para exercer os cuidados básicos e apoio às atividades de vida diária do
idoso ou de qualquer pessoa – não necessariamente idosa.
Sendo ainda recente, a função de “Cuidador” ainda é considerada como
ocupação pela CBO - Classificação Brasileira de Ocupações do Ministério do
Trabalho, Emprego e Renda, não tendo reconhecimento como profissão.
Observa-se, também, que o surgimento desta nova função/ocupação como
possível solução e / ou minimização quanto ao atendimento da demanda existente e o
crescimento contínuo de tal demanda fizeram crescer, paralelamente, a procura por tal
ocupação por parte das pessoas, como forma de reinserção no mercado de trabalho.
9
Conforme aponta o autor acima, para a maioria dos cuidadores, a qualidade do
cuidado realizado é algo definido tão somente pela experiência. Evidentemente, não
se pode ignorar a importância do conhecimento que pode ser elaborado e construído
através da experiência, mas não se pode concordar que para o exercício da ocupação
de cuidador não seja necessária a realização de uma boa capacitação.
Para o cuidador, portanto, estar preparado para exercer tal ocupação – cujas
atribuições ainda não estão devidamente descritas, apontadas – é ter experiência, é
saber fazer um conjunto de tarefas com as quais ele já está familiarizado, acostumado
a fazer, muitos deles, há muito tempo. Como perguntado anteriormente, “mas com que
qualidade?”.
Segundo o mesmo estudo, o autor destaca que “Por outro lado, poucos
cuidadores, os com maior grau de escolaridade, demonstraram em suas falas a
necessidade de uma preparação adequada para o cuidado de idosos, enfatizando
sempre a importância de estar preparado para lidar com as doenças da velhice.”
(MELLO, 2008, p. 267) grifo nosso
Evidencia-se - com a análise do autor, na citação acima – que os cuidadores
cujo grau de escolaridade é maior são justamente aqueles que têm o entendimento de
que é necessário ter conhecimento e qualificação para o exercício da ocupação de
cuidador e, evidentemente, de qualquer outra ocupação.
Nota-se, ainda, que os demais cuidadores – com menor grau de escolaridade –
segundo o referido estudo, atribuem demasiado valor à experiência, em detrimento do
conhecimento. Seria, o “saber-fazer”, adquirido pela experiência, sobrepondo-se ao
conhecimento, ou seja, ao “saber” capaz de oferecer embasamento à prática
profissional.
Referindo-se à pesquisa que realizou, MELLO (2008) destaca que: “Em relação
ao treinamento para cuidar de idosos constatou-se que 7% (3) dos cuidadores são
treinados para tal função e que 93,0% (40) dos cuidadores não tem treinamento para
cuidar de idosos.” (CHAVES, 2009)
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Com relação a isso, LACERDA (2008) alerta: “Para realizar o cuidado no
domicílio é preciso ter conhecimento técnico e científico (e não um conhecimento do
senso comum) para atender as necessidades do paciente.” (p.344)
Segundo o mesmo autor: “O cuidado domiciliar tem gerado um mercado de
trabalho informal composto por pessoas leigas que cuidam de forma, às vezes, pouco
efetiva e com baixa qualidade.” (p.343)
A questão reforçada pelo autor acima, também compartilhada pelos autores
anteriormente citados, leva-nos a identificar uma grande preocupação com relação à
qualidade do trabalho desenvolvido pelo cuidador e à falta de preocupação do mesmo
com a sua própria capacitação para o exercício da referida ocupação.
Somando-se às questões já apontadas (falta de preparo/capacitação adequada
para o exercício da ocupação, excessiva valorização da experiência por parte dos
cuidadores etc.), nota-se que o surgimento do cuidador no mercado, a partir da
demanda identificada, passou a gerar uma espécie de estranhamento por parte de
outras ocupações/profissões: os profissionais de enfermagem e os empregados
domésticos (ocupam-se dos afazeres domésticos, limpeza da casa etc.).
De modo geral, pode-se notar que o cuidador é comumente confundido com o
profissional “empregado doméstico” e/ou com o profissional de enfermagem. Inclusive,
os órgãos de classe, representativos das profissões citadas, têm se manifestado
contrários ao reconhecimento da função/ocupação de cuidador como profissão porque
entendem e alegam que as atribuições do cuidador são atribuições de suas
respectivas áreas profissionais.
Há cerca de dez anos, o autor deste trabalho leciona em turmas de cuidadores
sociais – muitos destes, aliás, são ex-empregados domésticos – e tem ouvido
depoimentos que reiteram tal questão. São comuns as queixas com relação aos
limites da ocupação de cada um. Percebe-se, nitidamente, que as atribuições dos
cuidadores não estão claras, não estão definidas, provocando, assim, o
estranhamento anteriormente mencionado. Os profissionais de enfermagem têm suas
atribuições bem definidas e, inclusive, reconhecimento como profissão. Os
profissionais domésticos também já têm um reconhecimento como ocupação e
atribuições definidas.
Pode-se entender, portanto, que o foco da questão, isto é, o principal problema
é que as atribuições dos cuidadores sociais não estão devidamente definidas, fazendo
com que a referida ocupação seja confundida com outras. Não há, portanto, uma
identidade da ocupação de cuidador social que lhe permita ser diferenciada das
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demais ocupações. Não estando claras tais atribuições, torna-se difícil, também, uma
capacitação adequada para o exercício da referida ocupação.
Assim, na busca por uma possível solução para o problema identificado, nos
próximos capítulos, tal questão será aprofundada.
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2. REFERENCIAL TEÓRICO - CONCEITUAÇÕES
BOFF (1999) também afirma que “(...) o ser humano é um ser de cuidado, mais
ainda, sua essência se encontra no cuidado. Colocar cuidado em tudo o que projeta e
faz, eis a característica singular do ser humano.” (p. 35)
13
E ele conclui: “Cuidado significa então desvelo, solicitude, diligência, zelo,
atenção, bom trato.” (p. 91)
14
Ocupações são de ordem administrativa e não se estendem às relações de trabalho.
Já a regulamentação da profissão, diferentemente da CBO é realizada por meio de lei,
cuja apreciação é feita pelo Congresso Nacional, por meio de seus Deputados e
Senadores, e levada à sanção do Presidente da República.”
A atual versão da CBO vem substituir a anterior, publicada em 1994. Conforme
consta no site do MTE (2009): “Desde a sua primeira edição, em 1982, a CBO sofreu
alterações pontuais, sem modificações estruturais e metodológicas. A edição 2002
utiliza uma nova metodologia de classificação e faz a revisão e atualização completas
de seu conteúdo.”
A CBO é o documento que identifica, nomeia, atribui códigos e descreve as
características das ocupações existentes no mercado de trabalho brasileiro. Segundo
a CBO, por exemplo, o código da ocupação de Cuidador é 5162 (Cuidadores de
crianças, jovens, adultos e idosos) e faz parte de uma “família” ou conjunto de outras
ocupações similares. Especificamente, a ocupação de cuidador de idosos tem o
código 5162 – 10.
15
zelando pelo bem-estar, saúde, alimentação, higiene pessoal, educação, cultura,
recreação e lazer da pessoa assistida.”
Conforme o mesmo documento (CBO, Livro 1, 2002), o código da ocupação de
cuidador é “5162-10 Cuidador de idosos - Cuidador de pessoas idosas e dependentes,
Cuidador de idosos institucional, Acompanhante de idosos, Cuidador de idosos
domiciliar, Gero-sitter”.
Objetivando aprofundar a definição sobre a referida ocupação, texto abaixo
resume muito bem o que realmente acontece com relação à referida ocupação. Em tal
artigo, denominado “Cuidadores: heróis anônimos do cotidiano”, MENDES (1998)
explica que:
“No Brasil há poucos estudos sobre cuidadores domiciliares, pois
esse personagem é ainda desconhecido no cenário público. A
referência para pesquisadores brasileiros, nessa área, tem sido a
literatura internacional que trata da questão em sociedades diferentes
da brasileira. Nos países desenvolvidos, os cuidados domiciliares já
são visíveis e considerados como necessidade social, portanto, estão
inscritos na esfera pública.” (p.171)
Reiterando o que Mendes explica acima, KARSCH (1998) afirma que: “A figura
do cuidador, alvo de estudos e pesquisas em outros países, tem sido ignorada no
Brasil: pelo governo, na falta de estruturas para o auxílio de seu trabalho; pela família,
devido à baixa valorização dessa função (muitas vezes concentrada em uma só
pessoa)...” (p.22)
Nota-se, portanto, conforme expressão dos autores acima referenciados, que
no Brasil, ainda há poucos estudos sobre a ocupação de cuidador. A maioria dos
textos encontrados, inclusive, refere-se mais ao cuidador familiar, ou seja, à pessoa
que – tendo um familiar acometido por alguma doença que o torne dependente –
passa a cuidar do mesmo.
Conforme MENDES (1998): “O cuidar como atividade envolve um conjunto de
ações absorventes: administrar remédios, assegurar uma dieta alimentar, efetuar a
higiene pessoal, pentear o cabelo, escovar os dentes, cortar as unhas, dar banho,
fazer a toalete, vestir, despir, locomover de um lugar para o outro (quarto/sala,
quarto/banheiro), subir escada, sentar, levantar, deitar e realizar exercícios motores
complementares à fisioterapia.”
Entende-se, então, resumidamente, que o cuidador (seja um familiar ou alguém
contratado para o desempenho de tal ocupação) é aquela pessoa que cuida de outra –
que, na maioria das vezes, encontra-se em alguma situação de dependência –
auxiliando na realização de atividades diárias, como as descritas acima.
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Na concepção de CALDAS (1998), os cuidadores seriam classificados em
“formais” e “informais”, conforme descreve:
Embora numa descrição mais geral a autora faça referência ao termo “cuidador
formal”, quando o descreve e caracteriza como “profissional contratado”, inclui em tal
categoria os profissionais de enfermagem, os que a mesma denomina
“acompanhantes” e os empregados domésticos. O que se pode notar é que a autora –
como a maioria dos autores – não estende a sua análise acerca do papel desta nova
categoria profissional em expansão: os cuidadores sociais. Estes são vistos como
meros “acompanhantes”. Aliás, o foco da maioria dos estudos, com já foi dito, tem sido
os cuidadores familiares.
Em virtude disto, buscou-se apoio em outros autores que entendem o papel do
cuidador numa esfera mais abrangente: social e humana.
Assim, neste trabalho, optou-se por adotar a terminologia “cuidador social”,
com base na definição de MARTINEZ (2009), que coordena o “Programa Cuidador
Social” – que se destina à formação de cuidadores – do Comitê FURNAS da Ação da
Cidadania, em parceria com FURNAS Centrais Elétricas.
Segundo a autora:
“O entendimento de cuidador social na equipe do programa é
resultado tanto da experiência quanto do conjunto da literatura sobre
envelhecer e cuidado. Assim o cuidador social é aquela pessoa
que tem compreensão da realidade e conseqüências sociais do
envelhecer, em especial, que está preparada para auxiliar as
pessoas em suas necessidades cotidianas enquanto sujeito
envelhecido, e que a partir daí se coloca disponível para respeitar o
idoso em sua condição e atender com mais qualidade à demanda do
cuidado, qualquer que seja ela, e que se identifique com o ato –
humano e social – de cuidar.” (p.105) grifo nosso
17
que a ocupação de cuidador encontra-se na esfera humana e social e não
exclusivamente na área da saúde. Considera-se, inclusive, que a qualidade de vida
proporcionada ou facilitada pelo cuidador pode refletir-se, evidentemente, na melhora
da saúde da pessoa cuidada. O papel do cuidador acaba sendo, muitas vezes, de
interlocutor.
Tal papel de interlocução é mencionado por MARTINEZ (2009), quando a
autora afirma que: “O cuidador social se torna uma pessoa fundamental no cuidado
e/ou acompanhamento de uma pessoa com algum grau de dependência, doença ou
que simplesmente necessita de auxílio nas atividades diárias. Ao compreender a
dimensão humana e social de seu trabalho, poderá se transformar no melhor
meio de comunicação entre o idoso, a família e/ou a equipe de saúde.” (p.110)
grifo nosso
Naquilo que diz respeito ao relacionamento do cuidador com a equipe de
saúde, cabe, ainda, destacar o que comenta MARTINEZ (2009): “O cuidador muitas
vezes acaba invisível aos olhos da sociedade, ora confundido como empregado
doméstico, ora como profissional de enfermagem, não sendo atingida ainda a real
compreensão de seu trabalho de apoio ao idoso, devido à falta de informação da
família e da sociedade.” (p. 111) grifo nosso
Com relação ao grifo acima, ou seja, a questão da não compreensão por parte
da sociedade sobre o real papel do cuidador e com o fato de tal ocupação ser
confundida com outras ocupações, especialmente com aquelas da área de
enfermagem, pode-se notar que reside justamente aí a raiz do problema. Desta forma,
tal discussão será aprofundada a seguir.
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conflitos, conforme já citado. Para que melhor sejam compreendidos tais conflitos,
foram pesquisados alguns autores – bastante críticos, inclusive, com relação a tal
questão – conforme segue.
19
Dentre os 22 entrevistados, mais da metade não tem nenhum conhecimento ou nunca
ouviu falar sobre os aspectos legais envolvidos em sua prática.” (p.350)
20
Foram pesquisados alguns autores, estudiosos do referido tema, de modo que
pudessem ser apresentados, neste capítulo, alguns conceitos de competência,
conforme a seguir:
De acordo com Fleury (2002), tal tema teve origem em 1973, com a publicação
do artigo Testing for competence rather than inteligence, que significa “testar a
competência em vez da inteligência), de autoria de David McClelland, renomado
psicólogo da Universidade de Harvard.
Ainda conforme Fleury (2002), McClelland define competências como
características pessoais que podem levar a um melhor desempenho, a uma
performance superior. Essas características pessoais seriam aptidões (talento
natural), habilidades (aplicação prática de um talento existente) e conhecimento (o
saber necessário para a realização de algo).
Segundo Dutra (2004) e também Fleury (2002), as competências humanas
podem ser entendidas como um conjunto de conhecimentos (saber), habilidades
(saber fazer) e atitudes (saber ser), que geraria uma melhor capacidade de “entrega”,
por parte das pessoas de uma organização.
Para Le Boterf (2003, p.40), “A competência é uma disposição para agir de
modo pertinente em relação a uma situação específica”. Ela seria resultante da
combinação de recursos pessoais (conhecimentos, habilidades, qualidades,
experiências, capacidades cognitivas, recursos emocionais etc.) com os recursos do
meio (livros, tecnologia, bancos de dados, relacionamentos etc.). Para este autor, “O
profissional não é aquele que possui conhecimentos ou habilidades, mas aquele
que sabe mobilizá-los em um contexto profissional”. (p.48) grifo nosso
Segundo Le Boterf (2003), o profissional não pode saber tudo. O que ele
precisa, de fato, é “... saber mobilizar na hora certa não somente seus próprios
conhecimentos e habilidades, mas também os de suas redes profissionais.” (p.53)
Com o que Le Boterf chama de “recursos do meio”, acima mencionado, o
indivíduo pode complementar os seus recursos pessoais, quando não possuir todos os
saberes de que precisa para a realização de determinada ação. A competência
consiste, justamente, em saber combinar esses recursos para produzir uma ação
competente. Para ele, “O saber combinatório está no centro de todas as
competências.” (LE BOTERF, 2003, p.13).
Resende (2004) propõe a classificação das competências em: competências
pessoais, competências Essenciais e Estratégicas, Competências de Gestão e
Competências Organizacionais. Focaremos, neste trabalho, as que ele denomina
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“competências pessoais”, uma vez que nosso objetivo aqui não é estudar o ambiente
corporativo.
Assim, conforme Resende (2004, p.32), “Competências pessoais reúnem as
aptidões, as habilidades, os comportamentos (posturas) manifestos, e ainda o domínio
e aplicação de conhecimentos”. Também há outra definição do mesmo autor que
explica: “Competência é aplicação de conhecimentos, experiências, habilidades,
características pessoais, valores (cabe aqui o “e/ou”), com obtenção de resultados
práticos ou alcance de objetivos.” (RESENDE, 2008, p.62) (grifo nosso)
De acordo com Resende (2008, p.41 e 42, respectivamente), “A habilidade
destina-se a qualificar formas ou maneiras mais permanentes de aplicar
conhecimentos, ainda que diferentes...” ou então, “De forma bem simples, podemos
definir habilidades como uma maneira melhor de agir, aplicar conhecimentos,
expressar-se, fazer as coisas.”
A aptidão, segundo Resende (2008, p.42): “É o único dos três componentes da
competência – no sentido amplo – que é inato, que se ‘nasce com’. Ou seja, já
nascemos com as aptidões. Ou pelo menos com a tendência ou vocação para tê-las.”
Segundo ele, as aptidões se dividem em três tipos: Mentais (inteligência
abstrata, raciocínio lógico, raciocínio espacial, memória etc.), Emocionais (alegria,
tristeza, amor, saudade, compaixão, empatia etc.) e Físicas (visão, olfato,
sensibilidade tátil, reflexo, resistência ao cansaço etc.).
Segundo o autor, “Conhecimentos e habilidades são adquiridos ou
desenvolvidos após o nascimento. Aptidões são geneticamente herdadas e depois
desenvolvidas.” (RESENDE, 2008, p.42)
O conceito de competência surgido na literatura francesa nos anos 90 procurou
ir além do conceito de qualificação. Um de seus mais expressivos autores, Philippe
Zarifian (2008) define competência como: “A competência profissional é uma
combinação de conhecimentos, de saber-fazer, de experiências e comportamentos
que se exerce em um contexto preciso. Ela é constatada quando de sua utilização em
situação profissional, a partir da qual é passível de validação. Compete então à
empresa identificá-la e fazê-la evoluir.” (p.66)
Para Zarifian (2008) a competência diz respeito à competência de um
individuo (não é a qualificação de um emprego, de uma função) e ela se manifesta e
também é avaliada quando mobilizada em uma situação profissional, ou seja, a forma
como o indivíduo enfrenta essa situação está na essência da competência do mesmo.
22
Nota-se que na concepção de Zarifian, competência está relacionada à
capacidade do indivíduo de tomar iniciativas e de ir além daquilo que está “prescrito”,
“determinado”, de compreender e ter o domínio das situações novas com as quais se
depara no trabalho e, especialmente, de assumir responsabilidade sobre elas.
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empregado/trabalhador responde pelas iniciativas tomadas e pelas consequências das
mesmas.
Segundo Zarifian (2008), “A responsabilidade é, sem dúvida, a contrapartida da
autonomia e da descentralização das tomadas de decisão. Não se trata mais de
executar ordens (de cuja pertinência não nos sentimos responsáveis), mas de assumir
em pessoa a responsabilidade pela avaliação da situação, pela iniciativa que pode
exigir e pelos efeitos que vão decorrer dessa situação.” Ele continua “E essa
responsabilidade é particularmente importante na medida em que toca outros
humanos.” (p.70) (grifo nosso)
Nota-se a preocupação do autor em diferenciar a responsabilidade sobre
coisas da responsabilidade relacionada a seres humanos. No caso do trabalho do
cuidador – que lida intimamente com seres humanos – tal destaque dado à
responsabilidade é muito importante.
Sobre situações: “(...) o comportamento em uma situação não é, nunca,
efetivamente prescritível: não se pode prescrever o comportamento que o indivíduo
deve adotar porque este comportamento faz intrinsecamente parte da situação. Da
mesma maneira que não se pode separar o trabalho da pessoa que o realiza, não se
pode separar a situação do sujeito que a enfrenta.” (ZARIFIAN, 2008, p.71)
24
que ele se defronta tenha sido plenamente explorada do ponto de vista do que há a
aprender com ela.”
Quanto maior for a diversidade das situações, mais intensamente serão
modificados os conhecimentos: “O indivíduo aprende melhor e mais rápido na
medida em que deve fazer em face de situações variadas.” (ZARIFIAN 2008, p.73)
A constante desestabilização dos esquemas cognitivos já adquiridos (que estão
acomodados) permite que o indivíduo esteja aberto à aprendizagem do novo.
25
3. DIAGNÓSTICO:
26
Com relação à falta de capacitação dos cuidadores:
Em tal estudo foi perguntado aos cuidadores (pesquisa 1): Você acha que a
experiência era suficiente para exercer a ocupação? Esta pergunta foi respondida por
78% (36) do total de 46 participantes, pois 10 pessoas (22%) não responderam
(gráficos 9 e 10).
Analisando qualitativamente as respostas dos questionários, verifica-se que os
24 respondentes (52%) que declararam “sim” na pergunta nº 10, ou seja, que tinham
experiência como cuidador antes de iniciar o curso atual, são os mesmos
respondentes que declararam “não” na pergunta nº 11, ou seja, que acham que a
experiência que possuíam não era suficiente para exercer a ocupação de
cuidador.
O que se pode apreender de tais dados, é que estes 52%, embora já
estivessem trabalhando como cuidadores e, portanto, tendo alguma experiência (65%
da turma tem experiência, que varia de 2 meses a 21 anos), reconhecem que
somente tal experiência não é suficiente para o exercício da ocupação de
cuidador.
Para os que responderam “não”, foi perguntado: o que você acha que faltou?
Conforme tabela 1, verifica-se que um dos respondentes, embora bastante resumido,
expressou bem a sua opinião e, talvez, a de todos: “faltou tudo”. Na fala dos demais,
em sua maioria, notam-se expressões sinônimas e/ou semelhantes, todas relativas à
necessidade de aprendizado, tais como: conhecimento, informação (provavelmente
querendo dizer conhecimento), técnica, aprender a, preparo, esclarecimento, saber,
conhecer etc. Um deles expressou “o conhecimento que com o curso estou tendo
agora”. Isto é, ele – assim como os demais – reconhece que somente agora (que
estão fazendo um curso) estão encontrando o que “estava faltando”: conhecimento.
Ao serem consultadas algumas pessoas que contratam cuidadores (pesquisa
2), perguntamos: Quais as principais dificuldades que se enfrenta ao ter que contratar
um Cuidador, em sua opinião? Ao serem analisados os relatos constantes na tabela
19, que se encontram classificados e resumidos no gráfico 27, pode-se verificar que as
principais dificuldades apontadas pelos contratantes com relação ao momento em que
se precisa contratar um cuidador para cuidar de um familiar resumem-se em 5
principais fatores (vide pesquisa). Dentre eles: “dificuldade para conseguir um
cuidador realmente capacitado para o exercício da referida ocupação” e, ainda,
“imposição de rotinas e outros por parte do cuidador chocando-se com as orientações
27
da família”. Este último também mostra um despreparo por parte do cuidador. (grifo
nosso)
Os profissionais (pesquisa 3), conforme tabela 35 e gráfico 36, perguntados
sobre “qual deveria ser a escolaridade mínima necessária para um cuidador exercer
tal ocupação”: 77% (10) dos profissionais responderam que o mínimo necessário
deveria ser o ensino fundamental completo. Dois (cerca de 15%) responderam que
deveria ser o ensino médio completo e um não respondeu (cerca de 8%).
Este é outro fator importante relacionado à questão da falta de capacitação,
pois há a necessidade de uma boa capacitação específica, mas para a realização da
mesma é preciso que se exija um pré-requisito mínimo em termos de escolaridade.
Sabe-se que uma pessoa pouco escolarizada não costuma dominar alguns
conhecimentos imprescindíveis ao aprendizado de outros conhecimentos um pouco
mais complexos. Um bom exemplo é o conhecimento da língua portuguesa. Se um
aluno não é capaz de ler e escrever com certa competência, não apreenderá com
facilidade conhecimentos através da leitura de textos, por exemplo. Portanto, ao ser
exigido, no mínimo, o ensino fundamental completo, entende-se que o aluno será
capaz de realizar a leitura de um texto de pouca complexidade, ao menos.
28
por exemplo) e o obtido como resposta foi (vide gráfico 37): sete profissionais (54%)
responderam que NÃO. Um deles, inclusive, fez questão de mencionar que “esse é o
grande problema” (grifo nosso). Seis profissionais (46%) responderam que SIM,
sendo que um deles afirmou: “porém ainda falta socializar tais diferenciações, para
que as pessoas não confundam”. (grifo nosso)
O autor deste trabalho também entende que “esse é o grande problema”, isto
é: como a ocupação de cuidador ainda não está bem definida, com suas
atribuições devidamente e claramente definidas e, portanto, diferenciadas de
outras ocupações afins (profissionais de enfermagem ou empregados domésticos) há
o que é chamado neste trabalho de estranhamento. Portanto, os atritos existentes são
somente consequência do principal problema, que é aquele que se encontra na raiz da
questão e, por isso, não é facilmente percebido (conforme figura 1, abaixo).
“Superfície”
29
Para reiterar este diagnóstico, no qual é identificada a “raiz do problema”, além
do que já foi mencionado nos capítulos anteriores e está sendo analisado neste
capítulo, a nossa pesquisa 3 apresenta:
Os profissionais, perguntados “quais os principais problemas que os mesmos
identificam como sendo os mais impactantes nas relações cuidador/pessoa cuidada”
(conforme a tabela 29), responderam: “ausência de preparo”, “falta de preparo técnico
para o desempenho da referida ocupação”, “falta de técnica em alguns momentos com
pacientes que necessitem de um cuidado mais específico”, “falta de conhecimento
para tratar o cuidado em situações mais complexas”, “desconhecimento/falta de
qualificação”.
Evidencia-se, mais uma vez, com estes depoimentos, que existe um
“despreparo dos cuidadores”, de modo geral, para o exercício da referida ocupação. O
“despreparo” também é atribuído aos familiares, pela “não compreensão da família
sobre funções do cuidador”, isto é, pelo fato de a mesma desconhecer quais são as
atribuições do cuidador. Por sua vez, há relato de que o principal problema estaria
relacionado à “postura do cuidador, o cuidador não sabe os seus limites na casa do
cuidado”. Pode-se entender que tais problemas podem ser decorrentes, dentre outros
motivos, de “preconceitos”, “problemas comportamentais”, “problemas éticos”,
“diferenças culturais envolvendo valores, crenças”.
Perguntado aos profissionais, quais os principais problemas que eles
identificam como sendo os mais impactantes nas relações cuidador/familiar da pessoa
cuidada, conforme depoimentos constantes na tabela 30, observa-se que a maioria
(62%), ou seja, 8 dentre os 13 profissionais entrevistados (vide grifo nosso na referida
tabela), apontaram o “desconhecimento das atribuições que cabem ao cuidador
(por parte do mesmo e da família)” e “conflitos de função do cuidador x
enfermagem” como os principais problemas identificados como sendo os mais
impactantes nas relações cuidador/familiar da pessoa cuidada. Também foram
apontados outros problemas, conforme pode ser verificado na mencionada pesquisa,
no apêndice deste trabalho.
Com tudo isso, parece bastante claro que a “raiz do problema”, é a
necessidade de diferenciação entre as atribuições da ocupação de cuidador de
outras atribuições.
Para que se possa fazer essa diferenciação, ou seja, tornar claro quais são as
atribuições que cabem ao cuidador, dentre outras coisas, é necessário identificar a
30
ocupação de cuidador social – terminologia adotada neste trabalho – isto é, CRIAR
UMA IDENTIDADE PARA A REFERIDA OCUPAÇÃO.
Para tal, o autor deste estudo propõe, no próximo capítulo, um modelo que
poderá viabilizar esta identificação da ocupação de cuidador social, de forma que se
possa, senão resolver, ao menos, minimizar as consequências decorrentes desta falta
de identificação, conforme discutido ao longo deste trabalho e, especialmente, neste
capítulo.
31
4. MODELO PARA O MAPEAMENTO DAS COMPETÊNCIAS DA OCUPAÇÃO DE
CUIDADOR SOCIAL:
32
MODELO “CHAVE”:
H
C
A E
CONHECIMENTOS
HABILIDADES
ATITUDES
VALORES
EXPERIÊNCIAS
33
Os elementos constituintes das COMPETÊNCIAS, segundo o MODELO “CHAVE”
proposto neste trabalho, conforme QUADRO abaixo:
34
VALORES (princípios do fazer): são os princípios que norteiam o fazer, ou seja,
as nossas ações, portanto, as nossas atitudes. Conforme THUMS (2003): “Valor é
tudo aquilo a que atribuímos algum significado pessoal e que é reconhecido dentro
do ambiente coletivo.”
De acordo com o mesmo autor: “O que mais fazemos na vida é valorar, preferir as
coisas (...). Todos nós estabelecemos um conjunto de valores como essenciais em
toda a ação que desencadeamos. Temos nossas preferências, nossos desejos,
nossos caprichos, nossas orientações.”
35
5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Estimam-se, para os próximos quarenta anos, índices bem mais elevados que os
atuais, o que exigirá mudanças significativas nas atuais estruturas de apoio e de
cuidado à pessoa idosa.
36
sociedades diferentes da brasileira, o que torna mais difícil a realização de estudos
sobre a presente temática.
Concluiu-se, também, fato que também pode ser verificado na pesquisa realizada
(apêndice), que há falta de informação da família e da sociedade em geral sobre as
atribuições que cabem ao cuidador. Os próprios cuidadores desconhecem os limites
de suas atribuições.
RECOMENDAÇÕES:
37
de ensino fundamental (para cuidados básicos) e maior escolaridade para o
atendimento de cuidados que exijam maior estudo; que utilizem o modelo de
mapeamento de competências proposto neste trabalho (ou modelo semelhante).
5. Aos CUIDADORES: Estudem muito. Aprendam tudo que possa contribuir para a
realização de um trabalho cada vez melhor. No cenário atual, no qual o
conhecimento é extremamente importante e bastante valorizado, é um valioso
bem e no qual há uma crescente demanda por cuidado, conquistará tal mercado
aquele que tiver mais conhecimentos, habilidades e experiências, além de
atitudes embasadas por valores éticos. Convém lembrar, também, que para cuidar
de alguém é preciso que se esteja bem e, para isso, é preciso cuidar-se. Portanto,
cuidem da saúde e procurem fazer exercícios, além de buscar ajuda (orientações,
apoio psicológico etc.), quando necessário.
38
APÊNDICE I:
Perfil do Cuidador:
1. Sexo:
Masculino = 2 (4%) Feminino = 44 (96%)
2. Idade:
15 - 29 5
30 - 39 10
40 - 49 16
50 - 59 11
60 - 69 1
> 70 0
Não respondeu 3
Análise: Com relação à idade dos cuidadores, conforme gráfico2 e tabela resumo do
mesmo, acima, nota-se que a grande maioria dos cuidadores encontra-se na faixa
etária entre 30 e 59 anos.
3. Escolaridade:
Ensino fundamental incompleto = 10 (22%)
Ensino fundamental completo = 5 (11%)
Ensino médio incompleto = 9 (20%)
Ensino médio completo = 7 (15%)
Ensino técnico incompleto = 3 (6%)
Ensino técnico completo = 7 (15%)
39
Ensino superior incompleto = 4 (9%)
Ensino superior completo = 1 (2%)
40
suas funções, procurar alguma capacitação, o que explica, ao menos em parte, o que
nos mostra o resultado do gráfico5 acima, ou seja, o “fazer” precedendo o “saber”.
Responderam = 34 NR = 12
Análise: Conforme gráfico7, a maioria dos respondentes (70%) declarou não ter
problema de saúde. Dentre os 11 (26% do total) que declararam ter algum problema
de saúde, 5 (45%) sofrem de hipertensão; os outros 6 (55%) têm as seguintes
doenças: diabetes, arritmia, asma, rinite/sinusite, febre reumática e estenose mitral (2).
Sim = 42 Não = 2 NR = 2
Análise: Conforme gráfico8, a grande maioria (42) dos respondentes declarou que
cuida de si mesmo. Apenas 2 declararam que não se cuidam e outros 2 não
responderam.
Ao serem perguntados “de que forma” realizavam esse autocuidado, todos
responderam que frequentam médicos e fazem exames regularmente, praticam
41
exercícios, têm lazer, alimentam-se bem, fazem dieta etc. Embora os dados
(quantificados) acima apontem um “excelente resultado em termos de autocuidado”,
numa análise qualitativa, embasada nos muitos anos em que vimos observando e
ouvindo os relatos dos cuidadores, podemos inferir que tais dados não refletem a
realidade da maioria dos cuidadores que cursaram as turmas anteriores (universo
estudado).
EDUCAÇÃO:
Sim = 24 Não = 12 NR = 10
11. Você acha que a experiência era suficiente para exercer a ocupação?
42
respondentes que declararam “não” na pergunta nº 11, ou seja, que acham que a
experiência que possuíam não era suficiente para exercer a ocupação de cuidador.
O que se pode apreender de tais dados, é que estes 52%, embora já estivessem
trabalhando como cuidadores e, portanto, tendo alguma experiência (65% da turma
tem experiência, que varia de 2 meses a 21 anos), reconhecem que somente tal
experiência não é suficiente para o exercício da ocupação de cuidador.
Assim, observa-se que ocorreu o processo inverso com relação aqueles que
responderam “não” (12 pessoas) na pergunta número 10 e “sim” na pergunta de
número 11, ou seja: aqueles 26% (12) ainda que não tenham experiência acham que
ter experiência “seria” suficiente para exercer a ocupação de cuidador. Destacamos,
ainda, que a pergunta número 11 deveria ser respondida somente por aqueles que
respondessem “sim” à pergunta número 10.
Para os que responderam “não”, perguntamos: o que você acha que faltou? Dentre os
que deveriam responder (24), 4 não responderam.
Conforme tabela 1, verifica-se que um dos respondentes, embora bastante resumido,
expressou bem a sua opinião e, talvez, a de todos: “faltou tudo”. Na fala dos demais,
em sua maioria, notam-se expressões sinônimas e/ou semelhantes, todas relativas a
necessidade de aprendizado (conforme grifo nosso, acima), tais como: conhecimento,
informação (provavelmente querendo dizer conhecimento), técnica, aprender a,
preparo, esclarecimento, saber, conhecer etc. Um deles expressou “o conhecimento
que com o curso estou tendo agora”. Isto é, ele – assim como os demais –
reconhece que somente agora estão encontrando o que “estava faltando”:
conhecimento.
Sim = 45 Não = 1
43
buscar os estudos, o conhecimento para alcançar algum objetivo específico, como as
respostas 1, 13 e 18, dentre outras. Há os que se utilizaram de algumas frases feitas:
4, 17, 29 e 31.
O que mais chamou a nossa atenção foi o fato de pouco mais de 10% (5) dos
respondentes desta pergunta terem dado respostas que se relacionam de forma mais
direta e clara com a ocupação de cuidador. São elas as respostas: 7, 22, 28, 32 e 36
acima. Nestas respostas pode-se observar uma preocupação em buscar mais
aprimoramento para exercer melhor a atividade atual (de cuidador).
Sim = 43 Não = 1 NR = 2
Análise: Conforme os números acima, a maioria (94%) afirma que costuma ler e
estudar por conta própria. Apenas 1 pessoa (2%) confessou o contrário e 2 pessoas
(4%) não responderam. (Gráfico 12)
44
e, portanto, nem sempre a “receita” ou a “dica” de um caso semelhante servirá para
solucionar o problema de outra situação. O conhecimento aliado à experiência é que
proporcionarão um trabalho profissional.
A OCUPAÇÃO DE CUIDADOR:
45
16. Do que você mais gosta na atividade de Cuidador?
46
Por fim, uma pessoa relata que o que não gosta na ocupação é ter que exercer a
atividade de secretária do "lar". Sobre esta questão já comentamos anteriormente,
neste mesmo capítulo, mas nunca é demais debatermos tal questão.
Como é sabido por todos, “secretária do lar” é o nome “alternativo” dado à empregada
doméstica. Embora nesta pesquisa somente uma pessoa tenha feito tal relato, tem
sido bastante comuns as reclamações por parte de cuidadores – segundo nossa
experiência de sala de aula, durante dez anos – com relação ao fato de serem
contratados como cuidadores e exercerem também a função de empregados
domésticos. Entendemos que isto geralmente ocorre porque não estão claras para as
partes – cuidador e contratante – quais são as atribuições que cabem ao cuidador.
18. Quais as principais dificuldades que você encontra para exercer a ocupação
de Cuidador?
Análise: Ao observarmos as tabelas 8 e 9, bem como o gráfico 15, notamos que dos
36 cuidadores que responderam a esta pergunta, a maioria (44%) atribui à família as
dificuldades encontradas para o exercício da ocupação. As “queixas” dos cuidadores
variam desde a falta de providências por parte da mesma com relação à compra de
medicamentos e outros materiais necessários para os cuidados até questões relativas
à falta de valorização do trabalho do cuidador, problemas de relacionamento em geral
e “intromissões” da família no trabalho do cuidador.
47
Conforme acima, 11 cuidadores (31%) que responderam a esta pergunta declararam
que não têm dificuldades para o exercício da referida ocupação. Outros 4 cuidadores
(11%) atribuem a dificuldade de trabalho com a pessoa que está sendo cuidada.
Notamos que estes quatro cuidadores cuidam, justamente, de pessoas que
apresentam algum tipo de “dificuldade” um pouco mais complexa, tais como: paciente
agressivo ou com algum distúrbio mental, sem autonomia, acamado etc. Dentre estes
quatro, um menciona que devido à dificuldade apresentada pela pessoa cuidada, sem
autonomia ele “não sabe se está agradando”. É perceptível, neste caso, a
necessidade que o cuidador tem de ter um feedback, isto é, um retorno, saber se o
seu trabalho está agradando, especialmente por parte da pessoa que está sendo
cuidada.
Apenas um (3%) ressaltou “a dificuldade... quando você nâo tem o curso e os
conhecimentos para exercer essa função”, reconhecendo que há necessidade de
preparo para tal exercício. Outro cuidador (3%) ressaltou a dificuldade quando o
mesmo reside longe do local de trabalho.
Os três cuidadores (8%) que responderam a pergunta em tela, detacaram motivos
vários, como remuneração, passagem, “tempo” (provavelmente querendo referir-se à
falta do mesmo) e uma pessoa declarou que se sente mais “à vontade” numa clínica
do que na casa da pessoa.
Com relação a estas três últimas dificuldades apontadas, embora representados aqui
por uma “minoria”, temos conhecimento de que as questões relativas a remuneração
(salário) e dinheiro da passagem têm sido comentadas, exaustivamente, em sala de
aula, pois é uma reclamação comum por parte do cuidador. Mas este problema
costuma ser decorrente da falta de objetividade e clareza no momento em que as
partes envolvidas realizam o trato (formal ou informal) sobre o que cabe ao cuidador
realizar e respectiva remuneração. Também costuma haver problemas com relação
aos custos com transporte do cuidador, pois os mesmos geralmente residem longe do
local de trabalho e o custo acaba sendo superior ao esperado pelo contratante.
48
e indispensáveis para ser um bom cuidador – os mais citados foram: “paciência” (15
citações), seguido de “responsabilidade” (12 citações) e “honestidade” (11 citações).
Estes valores, que são indispensáveis a qualquer pessoa, no exercício de qualquer
profissão, são muito relevantes para o exercício da ocupação de cuidador. Tal
ocupação exige muita responsabilidade e paciência, pois se trata de cuidar de outra
pessoa – que geralmente se encontra em condições de dependência e/ou com algum
tipo de fragilidade. A maioria destes cuidados costuma ocorrer no domicílio da pessoa
cuidada e, portanto, esta pessoa e sua casa ficam “expostas” ao abrigar alguém que,
em princípio, é um “estranho”. Um dos valores éticos mais valorizados, em função
desta questão é a honestidade.
Nota-se um aspecto curioso – mas que não nos surpreende, uma vez que lidamos há
muitos anos com estas questões e os números acima são, na verdade, uma
constatação – que é o fato de os valores que vem logo em seguida como os mais
citados pelos cuidadores (10 e 8 citações, respectivamente) foram: amor e carinho. Na
verdade, “amor” e “carinho” não são “valores éticos”, mas se relacionam a sentimento
e manifestação do mesmo.
Em todas as turmas, vimos observando o que os números acima apontam, ou seja,
uma grande valorização dos aspectos “emocionais”, geralmente, mais valorizados por
eles do que os aspectos éticos, de fato.
Vemos, na tabela 11, as palavras que foram mencionadas por 6 cuidadores, cada
uma: pontualidade, respeito, “saber ouvir” e ética. O respeito é, realmente, um valor
muito importante. Consideramos que o mesmo é a base de qualquer relacionamento;
portanto, fundamental ao cuidador. Ética – que representa, na verdade, o conjunto dos
valores de uma pessoa – foi citada por 6 cuidadores.
Após as palavras acima, apontadas pelos cuidadores como “valores” e que foram as
mais citadas pelos mesmos, temos (vide tabela 11), a seguir, as demais palavras –
algumas são, de fato, “valores”, outras poderíamos chamar de qualidades ou
características pessoais, outras se referem a traços de personalidade etc. De qualquer
forma, todas têm sua importância e, na verdade, podem complementar-se, de forma
que a realização do trabalho como cuidador seja o melhor possível.
Estas outras palavras citadas foram (entre parênteses, a quantidade de vezes em que
tal palavra ou expressão foi citada): Atencioso (4), Educação (4), Comprometimento
(3), Disciplina (3), Gostar do que faz (3), Calma/calmo (2), Cumprir deveres (2),
Dedicação (2), Discrição (2), Sensibilidade (2), Sinceridade (2), Tolerância (2),
Afetividade (1), Agilidade (1), Amabilidade (1), Amor pela profissão (1), Amorosa (1),
49
Bom humor (1), Caráter (1), Compreensão (1), Criatividade (1), Dedicação (1),
Determinação (1), Fidelidade (1), Generosidade (1), Gostar de si (1), Humildade (1),
Limpeza (1), Organização (1), Ser atencioso (1), Ser correto (1), verdadeira (1).
A ATUAÇÃO DO CUIDADOR:
20. Qual o sexo, idade e dificuldade apresentada pela pessoa que você cuida
atualmente?
21. Quais são as suas principais atribuições como Cuidador, no atual trabalho?
Análise:
Na tabela 14, dentre as atribuições elencadas pelos respondentes (algumas não são
propriamente “atribuições” e, por isso, não mencionaremos a seguir) podemos citar:
Dar carinho, dar banho, cuidar da alimentação, dar remédios, cuidar do quarto (deixá-
lo sempre limpo e a cadeira de rodas), cuidar da higiene da paciente, cuidar da roupa,
50
trocar fraldas, sair para passear, conversar, fazer caminhadas, cortar cabelo, cuidar
das unhas, marcar e levar a idosa ao médico (consultas médicas e odontológicas),
estimular as "lembranças", fazer companhia, falar com médico, auxiliar na locomoção,
observar o idoso, organizar o dia da paciente, “tentar fazer com que ele jogue comigo”.
Além destas atribuições, também citamos duas ditas por cuidadores que preferiram
“resumir” todas as suas atribuições em uma frase. São elas: “A minha função é tudo
que se refere as necessidades do meu cuidado” e “Desempenho minhas tarefas e faço
a cuidada se sentir bem comigo”.
Entendemos que as atribuições aqui mencionadas fazem parte daquelas que podem
ser exercidas por um cuidador – preferencialmente preparado para tal ocupação. Não
identificamos, dentre as atribuições citadas, alguma para a qual haja qualquer
impedimento quanto a sua realização.
Apesar dos relatos acima, durante alguns anos trabalhando com cuidadores, em
diversas turmas de diferentes cursos de capacitação, temos ouvido relatos de
cuidadores que têm dúvidas quanto às atribuições inerentes a sua ocupação. Sempre
que isto ocorre, procuramos orientá-los a realizar somente as atribuições que lhe
cabem.
51
APÊNDICE II:
Perfil do Contratante:
1. Sexo:
Feminino = 4 Masculino = 5
2. Idade:
Análise: Conforme mostra o gráfico 22, a maioria (67%) dos contratantes pesquisados
encontra-se na faixa etária acima dos 50 anos. Somente 33% estão na faixa etária
entre 40 e 50 e nenhum abaixo dos 40 anos.
3. Escolaridade:
Ensino Técnico Completo 1
Ensino Superior Incompleto 3
Ensino Superior Completo 4
Pós Graduação 1
Tabela 15 – Escolaridade dos contratantes.
Análise: Conforme tabela 15 e gráfico 23, podemos verificar que a maioria (4) dos
contratantes (45%) tem curso superior completo, 33% (3) têm curso superior
incompleto, 11% (1) ensino técnico completo e 11% (1) tem pós graduação.
Menos de 50 1
51-59 0
52
60-69 1
70-79 0
80-89 3
Acima dos 90 3
NI 1
Tabela 17 – Perfil familiar cuidado – Idade.
Análise: Conforme tabela 16, verificamos que 100% dos familiares (dos contratantes)
que estão sendo cuidados são do sexo feminino (8 mães e uma esposa de
contratante). A faixa etária das pessoas cuidadas, conforme tabela 17 e gráfico 24, é a
seguinte: 11% (1) com menos de 50 anos, 11% (1) entre 60-69 anos, 1 (11%)
contratante não informou a idade da pessoa cuidada os outros 67% estão nas
seguintes faixas etárias: 34% (3) entre 80-89 anos e 33% acima dos 90 anos. Verifica-
se, portanto, que a maioria é composta por pessoas consideradas muito idosas.
53
outros 44,44% tiveram indicação de alguma instituição e 11,11% contratou um
cuidador por indicação de alguém (familiar, amigo, colega ou conhecido).
54
8. Você considera que tem um bom relacionamento com o cuidador?
Sim = Não =
A que você atribuiria tal fato? (pergunta não aplicada)
Sim = 8 Não = 1
Análise: Segundo dados do gráfico 28, verifica-se que 89% (8) dos contratantes
declararam que sabem quais as atribuições que cabem ao Cuidador. Somente 11% (1)
declararam não saber.
Aqueles que disseram que sabem quais as atribuições que cabem ao cuidador,
quando perguntados “de que forma passaram a saber”, todos, em geral, conforme
tabela 21, responderam que buscaram informações em leituras, cursos, programa de
cuidador na empresa, profissionais do serviço social, trocas com outros contratantes
que já vivenciavam situação semelhante etc.
Sim = 9 Não = 0
55
Das atribuições de enfermagem e empregados domésticos.
12. Você acha que os conhecimentos e habilidades que o cuidador possui são
suficientes para o exercício da referida função?
Sim = 5 Não = 4
“Utilizamos o serviço de dois Cuidadores com formações diferentes, com isto tivemos
problemas com uma das Cuidadoras que não tinha o treinamento adequado.”
Tabela 24 – O que os contratantes acham que falta aos cuidadores (grifo nosso)
Análise: Conforme mostra o gráfico 30, 56% (5) dos contratantes declararam que
consideram que os conhecimentos e habilidades do cuidador são suficientes para
exercer a referida ocupação. Já 44% (4) responderam que não. Segundo estes
últimos, ao serem perguntados sobre o que “estaria faltando” aos cuidadores para
exercerem a referida ocupação, responderam (conforme tabela 24) que o que falta é:
paciência, tolerância, respeito, noções de higiene, treinamento adequado/”reciclagem
constante”, e que o cuidador deveria “estar sempre preparado para lidar com os
diferentes pacientes” grifo nosso).
56
13. Quais os principais valores que você considera importantes e indispensáveis
para um bom cuidador?
Análise: Conforme tabela 25 e gráfico 31, podemos verificar que os valores que
ganharam maior destaque foram: paciência, responsabilidade e ética (que, na
verdade, é o conjunto dos nossos valores). Palavras como “carinho” e “ser atencioso”
foram consideradas pelos contratantes como valores. Num sentido mais genérico da
palavra, fazendo uma análise mais qualitativa da questão, podemos entender que se
trata do “valor” que as pessoas atribuem ao “carinho” e ao fato das pessoas serem
“atenciosas”. Este último termo, geralmente, resume aquela pessoa que é cuidadosa,
tem paciência etc. Outras palavras mencionadas (23), citadas uma vez cada, também
refletem a preocupação que as pessoas têm com os valores do outro, ou seja, que o
outro tenha valores éticos, que seja confiável etc., de modo que tenhamos mais
tranqüilidade para deixar nossos familiares sob a responsabilidade dos mesmos.
57
APÊNDICE III:
58
realizando entrevistas sociais com cuidadores e solicitantes de cuidadores,
encaminhamento de cuidadores, visitas domiciliares, acompanhamento das atividades
realizadas pelosos cuidadores, atendimento a familiares, acompanhamento dos alunos
da turma de cuidadores, dentre outras atividades.
Também temos outros profissionais que são responsáveis por projetos voltados
ao publico idoso e na formação de cuidadores para lidarem com as questões do
cuidado, outros que organizam e coordenam cursos de capacitação de Cuidadores,
professores que são coordenadores de cursos de preparação de cuidadores e outros
profissionais que lidam com questões relacionadas ao campo da Gerontologia, que
prestam assessoria a entidades diversas, lecionam em cursos de cuidadores e de
gerontologia no Rio de Janeiro e em outras localidades, assessoria pedagógica,
professores de ética, gerontologia, relações familiares etc. Temos, também,
profissional responsável pela coordenação técnica de Programa Social de Cuidadores.
59
trabalho do mesmo e/ou desconhecer o que cabe ao mesmo). Além de tudo isto,
temos a falta de empatia de ambos os lados – cuidadores e familiares.
60
• Ter conhecimento do manejo técnico com o idoso nas atividades de vida diária
– AVD (3).
61
Análise: De acordo com os profissionais (vide tabela 32), as principais Habilidades
(saber fazer) que os mesmos consideram imprescindíveis a um bom cuidador, são
(entre parênteses, o número de vezes em que tal habilidade foi citada):
• Saber auxiliar na locomoção/manuseio da pessoa (leito, cadeira de rodas ou na
higiênica etc.). (8)
62
9. Quais os principais Valores (ser) que você considera imprescindíveis a um
bom cuidador?
10. Em sua opinião, qual deveria ser a escolaridade mínima necessária para um
cuidador exercer tal ocupação?
11. Você considera que a ocupação de cuidador está bem definida, suas
atribuições bem identificadas (diferenciada das ocupações de enfermeiro e
empregado doméstico, por exemplo)?
Análise: Segundo dados do gráfico 37, sete profissionais (54%) responderam que
NÃO. Um deles, inclusive, fez questão de mencionar que “esse é o grande problema”
(grifo nosso). Seis profissionais (46%) responderam que SIM, sendo que um deles
afirmou: “porém ainda falta socializar tais diferenciações, para que as pessoas
não confundam”. (grifo nosso)
63
GRÁFICOS:
64
Gráfico 3 – Perfil dos Cuidadores – ESCOLARIDADE
65
Gráfico 5 – Perfil dos Cuidadores – Se trabalha como cuidador.
66
Gráfico 7– Perfil dos Cuidadores – saúde.
67
Gráfico 9 – Experiência do Cuidador antes do curso.
68
Gráfico 11 – Se o Cuidador pretende continuar estudando.
69
Gráfico 13 – Se o Cuidador costuma trocar ideias/experiências com outros cuidadores.
70
Gráfico 15 – Principais dificuldades do Cuidador para exercer tal ocupação
(gráfico resumo da pergunta 18, tabela 8).
71
Gráfico 17 – Outros (valores éticos citados pelos Cuidadores).
72
Gráfico 19 – Perfil da pessoa cuidada – faixa etária.
73
Gráfico 21 – Perfil dos contratantes – Sexo
74
Gráfico 23 – Perfil dos contratantes – Escolaridade
75
Gráfico 25 – Perfil dos familiares (de contratantes) sendo cuidados – Saúde.
76
Gráfico 27 – Dificuldades na contratação do cuidador, relatadas pela família.
77
Gráfico 29 – Se o contratante sabe diferenciar as atribuições do cuidador
78
Gráfico 31 – Valores que o contratante considera imprescindíveis a um bom cuidador.
15%
Assistente Social
8% 39%
Estudante/estagiário
Pedagoga
Professor Universitário
38%
79
Perfil dos profissionais - escolaridade
Doutorado
15% 15%
Ensino Superior
Completo
Ensino Superior
31%
Incompleto
39%
Pós Graduação
Completa
8% Até 5 anos
de 6 a 10 anos
de 11 a 15 anos
15% 62%
de 16 a 20 anos
80
Valores imprescindíveis ao cuidador
(segundo os profissionais)
disponibilidade.
altruísm o
Com preensão
Interação
Cooperação
Em patia
Educação
Responsabilidade
Integridade
Honestidade
Ética
Paciência
Respeito
0 1 2 3 4 5 6 7
81
Qual deveria ser a escolaridade mínima
para o exercício da ocupação de cuidador
8%
15%
77%
6; 46%
7; 54%
Não Sim
82
TABELAS:
83
4. “Porque hoje em dia sem o estudo não vamos a lugar nenhum”
5. “Porque é sempre bom estar bem informado”
6. “porque para tornar uma nova ocupação”
7. “me aprimorar mais”
8. “quero melhorar minha vida e aprender mais ter conhecimento”
9. “mais experiência”
10. “para aprimoramento”
11. “gostei muito das informações e quero melhorar no dia a dia”
12. “para adquirir experiência para um futuro melhor”
13. “eu quero completar meu estudo”
14. “pretendo fazer faculdade”
15. “estou muito cansada”
16. “fazer a diferença é sempre bom”
17. “aprender nunca é demais”
18. “porque eu preciso de mais conhecimento e para ensinar os meus filho na hora do
dever de casa”
19. “porque quero crescer profissionalmente”
20. “porque é sempre bom se especializar”
21. “quanto mais experiente, melhor”
22. “para adquirir conhecimento, para poder cuidar ainda melhor”
23. “porque é muito bom ter a teoria e a prática”
24. “eu quero aprender mais em tudo”
25. “sempre é bom adquirir mais conhecimentos, saber mais se atualizar’
26. “a cada dia nós aprendemos mais”
27. “quero me informar e ter novas experiências”
28. “tudo que se relacione à idoso me interessa”
29. “é tudo que não se pode tirar de nós, é o nosso saber”
30. “eu quero te mais conhecimento”
31. “o saber não ocupa espaço. É bom se atualizar”
32. “quero conhecer mais, através do curso de técnico de enfermagem”
33. “tenho muita falha”
84
34. “o conhecimento abre portas de emprego”
35. “aprender é sempre ter o que oferecer”
36. “quero evoluir no que exerço”
37. “através do conhecimento você pode se tornar melhor”
38. “todos nós em todas as profissões precisamos nos atualizar”
39. “porque quero ter maior conhecimento e com crianças também”
40. “para melhorar o meu conhecimento”
41. “porque quanto mais conhecimento melhor trabalhamos”
42. “acho que posso me especializar mais”
85
15. “Como conversar com o idoso nas horas vagas, as sopas e nas horas de trocar
as fraldas colocar um absorvente se for mulher etc.”
16. “Como exemplo pacientes com patologias diferentes das que eu estou
trabalhando no momento, cada idoso cada familiar age diferente um do outro”
17. “Conversamos e aprendemos com outras pessoas cuidadoras sobre dicas e até
como se falar, entrar no mundo do Alzheimer”
18. “Procuro sempre descobrir novas ideias, e procuro sempre saber se estou
agindo certo no meu serviço de cuidadora”
19. “Procuro ficar atenta nas aulas e tirar dúvidas em sala. Como gosto muito de
pessoas idosas e meu marido é idoso. Converso bastante para buscar
conhecimentos que ainda não tenho. Obs.: suas limitações”
86
“Comecei trabalhando com reabilitação e esses pacientes eram a maioria senis fiquei
com eles durante 1 ano 6 meses”
“Sempre me sentir bem, em cuidar do meu semelhante”
4. “De conversar com eles, porque até tem coisas que a gente aprende com
eles”
5. “É o companheirismo, e carinho que trocamos”
6. “Do tipo de ocupação pois me identifico com a função”
7. “De cuidar da paciente, de dar a máxima atenção, de dar carinho”
8. “Conversar, ouvir histórias”
9. “Trabalhar para melhorar a qualidade de vida de alguém”
10. “Proporcionar um bem estar ao idoso com amor e carinho”
11. “Que assinasse a carteira”
12. “Do vínculo que se constrói”
13. “Dar atenção ao paciente, carinho, cuidar”
14. “Gosto porque o idoso ele é sincero meigo e principalmente sábio”
15. “Ouvir as experiências de vida de cada idoso”
16. “É quando eles passam a experiência deles para nós, é passar com eles e
eles contar as mocidade deles para nós etc.”
17. “O idoso nos ensina a ter mais prazer com a idade e as facilidades que ela
me proporciona nesse momento”
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18. “Saber que posso estar ajudando alguém”
19. “Quando chego na casa do cuidado e ganho o bom dia, um lindo e
verdadeiro sorriso do meu cuidado”
20. “Para mim tudo, porque procuro fazer com muita atenção e carinho”
19. “Quando não vejo carinho dos parentes do meu cuidado, com o mesmo”
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Tabela 8 – Principais dificuldades do cuidador para exercer a ocupação.
1. “não encontro dificuldades”
2. “É o meu primeiro trabalho até o momento não encontrei dificuldades”
3. “os familiares; tem que haver diálogo, e posições na sua área manter um campo
aberto para o diálogo aberto, e objetivo”
4. “A dificuldade maior não é encontrada com os idosos, e sim com a família noto que
alguns não se interessam por eles (idosos)”
5. “Às vezes em tenho dificuldades com os parentes, porque todos querem dar
opiniões diferentes e a gente fica numa saia justa”
6. “para mim nenhuma”
7. “a família: mudança de hábitos do paciente é minha também. Quando há
necessidade de adequar a casa a nova situação”
8. “família, falta de material que se pede e a família às vezes ignora”
9. “quando a família ignora quando falta alguns medicamentos do idoso”
10. “ainda não achei dificuldade”
11. “dificuldade de estar na casa da pessoa. Me sinto mais a vontade em clínicas”
12. “toda rotina com cuidado e mais atenção”
13. “até agora tudo tem sido bom e até mesmo um desafio”
14. “ajuda da família às vezes um não se empenha no seu dia a dia, dando uma
palavra de conforto”
15. “a dificuldade influi quando você nâo tem o curso e os conhecimentos para exercer
essa função”
16. “até agora não tive grandes dificuldades mas em relação a remuneração e
passagem encontramos dificuldades de modo geral”
17. “a distância da minha casa até a casa do cuidado”
18. “graças a deus até o momento não tenho nada a reclamar”
19. “ainda não passei algum tipo de dificuldade. Mas no meu ponto de vista seria a
pessoa sendo cuidada precisando de algo que a família não providencia”
20. “não tenho diculdade”
21. “a compreensão dos familiares para como o idoso. A falta de atenção para o idoso
a falta de carinho”
22. “quando nós encontramos o idoso agressivo”
23. “quando o paciente tem distúrbio mental, ou acamado, e muito mais etc.”
24. “o relacionamento com a família”
89
25. “o tempo”
26. “é quando o paciente não tem autonomia, porque você não sabe se está
agradando ou não”
27. “como sempre a família”
28. “não encontro dificuldades, o que eu não sei, procuro estudar e conhecer melhor
não suporto permanecer com dúvidas”
29. “com a família mas eu faço tudo para me dar bem com eles”
30. “não encontro dificuldades”
31. “no momento não senti nenhuma dificuldade significativa”
32. “as pessoas que lhe contratam não valorizam o trabalho que é lindo”
33. “administrar as crises de família em torno do paciente”
34. “nenhuma”
35. “a família”
36. “a falta de valorização das famílias por causa de alguns cuidadores que entram na
profissão”
90
7. “Ser honesta, paciente, responsável”
8. “Estar preparado para saber fazer as coisas certas”
9. “Honestidade, responsabilidade, respeito, pontualidade”
10. “Disciplina, cumprir os horários está disponíveis as necessidades do idoso”
11. “Disciplina e horário”
12. “Importante e dar carinho, tratar bem”
13. “Dedicação, ética, comprometimento, responsabilidade e sensibilidade”
14. “Anotar o relatório, tudo quanto a rotina ainda mais o que mexe com dinheiro”
15. “Responsável, limpa, bem cuidada, ágil, calma”
16. “Gostar do que faz, dar valor as pessoas qu cuida, ser honesto, pontual e
paciente nos momentos mais difíceis”
17. “Os valores que eu considero é não lever as minhas religiões para a casa do
idoso a minha educação etc.”
18. “A educação na casa do familiar (do idoso) seu temperamento, e amável.
Bastante limpo e organizado pois isso ajuda muito. E ter amor pela profissão”
19. “Paciência, bom humor, sensibilidade, atencioso”
20. “Ser carinhosa e amar de coração o que faz”
21. “Ser responsável, carinhoso, atencioso, correta, cumprir deveres e obrigações
etc.”
22. “Ser calmo, educado, bom ouvinte, ter muita paciência e gostar muito do que
faz”
23. “Conhecer o ambiente onde ele vive procurar se entender com os familiares e
fazer tudo. Certo ou pelo menos tentar gostar do que estou fazendo”
24. “Ser paciente, tolerância, honestidade. Pontualidade, sinceridade, atenção, ser
carinhoso.”
25. “Honestidade, responsabilidade, carinho, respeito”
26. “Saber se valorizar como cuidador, saber se identificar ao entrar na casa da
família e não mexer em nada que não lhe diz respeito”
27. “São vários valores, mas para mim o mais importante é o amor”
28. “Paciência, determinação, comprometimento”
29. “É saber o quanto nós somos importantes, necessárias no seu dia após dia”
30. “Total dedicação respeito, carinho, amor, compreensão, saber ouvir sempre
etc.”
31. “Ética, responsabilidades, honestidade ou seja compromisso”
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32. “Total paciência e amor, dar valor a pessoa que você está cuidando, dar tudo de
si para cuidar bem”
33. “Caráter, responsável, paciência”
34. “Paciência, amor, responsabilidade, discrição”
35. “Responsabilidade e amor”
36. “EDUCAÇÃO, RESPEITO, SABER OUVIR, GOSTAR DO QUE FAZ”
37. “Ser paciente, e colocar em prática os conhecimentos que aprendeu no curso”
38. “Paciência, honestidade, fidelidade, responsabilidade, cumprir os deveres”
39. “Ética, sinceridade, afetividade e honestidade”
40. “Ser ética, verdadeira, ser amorosa, ser responsável, honestidade, pontual e
tolerante”
41. “Saber ouvir, estar atento as dificuldades do idoso, saber as limitações do
cuidador, quais são as suas tarefas, direitos e deveres, não se envolver em
confusões e comentários difamadores
42. “Dar mais atenção ao paciente e aos seus valores”
92
Dedicação 2
Discrição 2
Sensibilidade 2
Sinceridade 2
Tolerância 2
Afetividade 1
Agilidade 1
Amabilidade 1
Amor pela profissão 1
Amorosa 1
Bom humor 1
Caráter 1
Compreensão 1
Criatividade 1
Dedicação 1
Determinação 1
Fidelidade 1
Generosidade 1
Gostar de si 1
Humildade 1
Limpeza 1
Organização 1
Ser atencioso 1
Ser correto 1
Verdadeira 1
93
Dificuldade de locomoção, Alzheimer,
Feminino 95 AVC
Feminino 85 Fratura de vértebras
Feminino 94 Problemas mentais
Feminino 80 AVC
Feminino 83 Falta de memória
Feminino 77 Problema psiquiátrico
Hipertensão, diabetes, cadeirante, falta
Masculino 85 memória
Feminino 81 AVC
Feminino 86 Demência
Masculino 83 Alzheimer
Feminino 77 NI
Feminino 87 NI
94
1. “Oferecer muito carinho, paciência, pois e uma pessoa muito deprimida”
2. “Dou banho, cuido da alimentação remédios e fico 24h a disposição dele”
3. “No momento estou desempregada”
4. “Cuidar da higiene da paciente, cuidar da roupa, cuidar das refeições, cuidar do
quarto, deixá-lo sempre limpo e a cadeira de rodas”
5. “Cuido da higiene, da alimentação, administro os medicamentos, troca de fralda,
sair para passear etc.”
6. “Horário da medicação á noite”
7. “Não cuido mas desta pessoa”
8. “Cuido dela, do remédio, da comida, do banho, converso”
9. “Administrar remédios, marcar e levar a idosa ao médico, auxiliar e estimular as
"lembranças". Fazer companhia fazer caminhadas”
10. “Fazer toda a higiene, dar almoço, cortar cabelo, cuidar das unhas, falar com
médico, enfim, cuido de tudo dela”
11. “Alimentação, troca de fralda, médico, banho, locomoção, medicação”
12. “É ficar no meu lugar, observar o meu idoso ter postura”
13. “Dar a dieta medicação, organizar o dia da paciente, como por ex. a hora do
almoço e as medicações, as trocas de fraldas, higiene pessoal, consultas
médicas-odontológicas”
14. “Dar o remédio, no horário certo, ter muita paciência porque é um período de
experiência, tentar fazer com que ele jogue comigo para que ele possa se soltar
mais e ter confiança em mim”
15. “A minha função é tudo que se refere as necessidades do meu cuidado”
16. “Desempenho minhas tarefas e faço a cuidada se sentir bem comigo”
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Mãe, idade NI, operou os dois fêmures (fratura).
Mãe, 90 anos, após uma queda ficou sem condições de permanecer sozinha.
“Ser educada, saber ouvir, ser observadora, ser paciente, ter jogo de cintura, ser
limpa.” (a cuidadora)
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