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AUTORIA
ILUSTRAÇÕES
PROJETO GRÁFICO
EDITORAÇÃO
PUBLICAÇÃO:
2 FUNDAMENTOS DO DESENHO
SUMÁRIO
FUNDAMENTOS DO DESENHO 3
Tema: Desenho de animais..........................................................34
Parte 1: Introdução.......................................................................................... 34
Parte 2: Estudo de aves.................................................................................... 34
Parte 3: Estudo de quadrúpedes..................................................................... 37
Parte 4: Estudos de animais marinhos e répteis. .......................................... 41
Parte 5: Desenho de peixes.............................................................................. 42
Tema: Perspectiva.........................................................................45
Parte 1: Introdução.......................................................................................... 45
Perspectiva de divisão de planos..............................................................................45
Tema: Proporção...........................................................................54
Parte 1: Introdução.......................................................................................... 54
4 FUNDAMENTOS DO DESENHO
CARTA AO ALUNO
Fundamentos do desenho é o primeiro curso da formação de Ilustrador, por-
tanto, o mais importante, pois como está subentendido no título, é onde apren-
deremos os fundamentos, as bases essenciais, aquilo que é necessário saber
para dar os primeiros passos no desenho. Logo, devemos tomar o cuidado para
não cometer um erro muito comum que ocorre entre os iniciantes da área de
artes visuais, design e ilustração, que consiste em menosprezar o fundamento
ou as bases de uma área.
E, por fim, é na harmonia entre esses dois níveis, da atuação e da execução, que
consideramos o aspecto financeiro, pois, havendo demanda e um bom pro-
duto ou serviço, podemos pensar o valor econômico, que não consiste em um
fim em si mesmo. Podemos nos deparar com artistas, designers e ilustradores
insatisfeitos no mercado porque deixaram de considerar sua realização profis-
sional e pessoal. Profissionais que atuam somente focados em dinheiro deixam
de crescer, estudar, amadurecer e qualificar-se, de modo que prejudicam a si
mesmo e muitas vezes deixam de levar em conta o seu futuro financeiro.
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O mercado muda, evolui e estabelece novos desafios. Logo, se cada profissional
não estiver atento às mudanças se frustrará em sua carreira e a situação pode
ser pior para o profissional imaturo, que não tem conhecimento sequer das
bases fundamentais do seu trabalho.
Referências visuais
Orientação ao aluno
Atividade / Exercício
Referências bibliográficas
AULA 01 e 02
Objetivos:
■■ Apresentação dos conceitos fundamentais desenho artístico como: ponto, linhas, e formas.
■■ Apresentar o método de desenho e orientar o aluno em relação ao esboço por meio de interpretação
de formas.
Conteúdo:
■■ Introdução ao desenho
■■ Definição de desenho
■■ Fundamentos do desenho
■■ Métodos de de senho
Desenhar é antes de tudo compreender que o desenho é uma linguagem e como toda linguagem apre-
senta duas faces lógicas que já vimos anteriormente, a face do plano de expressão, que constitui os elementos do
desenho, as cores, as texturas, formas, os tons, a perspectiva, e o plano do conteúdo, que é aquilo que compre-
endemos do desenho, seu significado. O grande problema para o iniciante em desenho é, a princípio, ignorar o
plano de conteúdo, o significado, e enxergar o que de fato é um desenho, um conjunto organizado de tons, cores,
linhas e formas.
Métodos como “desenhando com o lado direito do cérebro”, de Beth Edwards, aborda esses dois mo-
dos de ver o desenho sobre uma perspectiva neurológica. Nesse método, o lado do significado ou do plano de
conteúdo é visto como função do lado esquerdo do cérebro, enquanto o lado direito exerce a função analógica,
criativa e espacial, correspondente ao plano de expressão. Isso significa que uma pessoa que sofre um acidente e
tenha lesões na parte direita do cérebro não conseguirá desenhar? Se levarmos à risca essa teoria, a resposta seria
sim, mas essa teoria vem caindo em descrédito, pois a neurociência tem avançado e percebido que pessoas com
lesões em algum dos lados do cérebro têm compensado com outras áreas para desenvolver o uso da linguagem,
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inclusive desenhar. Há também o lado de que esses aspectos da linguagem não se reduzem ao funcionamento do
cérebro, mas têm influência de outros campos, como o da atividade da mente (campo psicológico) e o campo da
linguagem (campo semiótico).
Pelo ponto de vista semiótico, desenhar é dispor espacialmente linhas, pontos e manchas com tons ou
cores (PE), a fim de representar uma ideia (PC). Com isso, vamos para nossa definição de desenho.
Nessa definição temos os dois aspectos da linguagem, a interpretação que corresponde ao plano de con-
teúdo e a representação gráfica que corresponde ao plano de expressão. A palavra grafismo vem do grego grafos
e significa traços, linhas e manchas. Assim, desenhar é aprender a traçar, riscar e produzir manchas organizadas
no papel ou em outro suporte. É necessário que aquele que está iniciando na arte do desenho aprenda a traduzir
o mundo e as ideias para esse “idioma gráfico” do desenho. Quando desenhamos um objeto simples, como uma
xícara, um rosto ou um animal, o que vemos, a princípio, não é a coisa ou a ideia (PC), mas um conjunto de
linhas, pontos, manchas e formas geométricas. Estes elementos gráficos são o fundamento do desenho, por isso,
é importante estudar esses elementos básicos. Esta é uma boa oportunidade de aprender o desenho do simples
para o complexo. Assim, quem acha que não desenha nada, pode começar “do zero” e desenvolver essa atividade
até o nível da ilustração profissional, para isto, é preciso também paciência, vontade e dedicação aos métodos e
técnicas que apresentaremos durante o curso.
Os pontos
O ponto é a menor unidade de informação visual e com ele podemos representar olhos, buracos ou furo,
textura de barba, frutas e outros objetos, como uma pinta no rosto, um rastro, etc. Veja o exemplo abaixo:
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As linhas
A linha é o elemento predileto do desenhista. Ela é o deslocamento de um ponto de um lado para o outro.
No desenho, temos que dominar dois tipos de linhas: a linha reta e a linha curva. Estas linhas podem variar em
três direções espaciais, como horizontal, vertical e diagonal. Com as combinações das linhas podemos desenhar
um infinito universo de objetos e figuras.
As formas
As formas são evoluções da linha, são elementos importantes para o desenhista iniciante, além de ser
a base de um bom esboço. No geral, são divididas em formas planas como: o círculo, o quadrado, o retângulo, o
trapézio, a elipse e o retângulo; e em formas sólidas como o cubo, a pirâmide, a esfera, o cilindro, etc. Vejam os
dois grupos a seguir:
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Formas sólidas: são tridimensionais e representam altura, largura e profundidade. Observe que a pro-
fundidade no desenho é uma ilusão de óptica, pois ela é representada com o uso de linhas na diagonal.
A Geometria é uma das partes mais importantes do desenho, porque tudo aquilo que será desenhado
necessitará de algumas linhas auxiliares na sua construção. Abaixo, temos uma série de exercícios para o estudo
das formas.
Exercício
Desenhe as formas planas a seguir: (obs.: O desenho deve ser livre, com lápis e sem auxílio de réguas.).
Para fluir no desenho é recomendável treinar os exercícios frequentemente. Dica: treine de quinze a trin-
ta minutos por dia no seu sketchbook.
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Exercício
Os cubos são as formas mais utilizadas na construção de objetos tridimensionais, então, vale a pena
estudá-los com mais detalhes. Desenhe as formas cúbicas a seguir:
Treine muito o cubo em diversos ângulos e com muita atenção e dedicação nesses primeiros esboços.
Não cometa o erro de muitos iniciantes que consiste em menosprezar o estudo dessas formas básicas, pois elas
são como as notas de música, quando separadas não parecem muito abstratas, mas quando aplicadas em uma
música fazem toda diferença. Em seguida, temos outro exercício que explora o cubo em uma variedade de ân-
gulos:
Exercício
Cubos em ângulos variados.
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Continua a dica anterior, treine muito o desenho das formas durante quinze a trinta minutos por dia.
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Exercício
Assim como o cubo, outra forma frequente no desenho é a esfera. Desenhe as esferas abaixo:
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Exercício
Abaixo outras formas fundamentais:
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Observe bem o posicionamento das formas em relação ao ângulo que ela se apresenta:
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Parte 4: Método de Desenho
O termo método vem do grego e é formado por duas palavras: meta (objetivo), mais odos (caminho).
Como podemos compreender, no sentido etimológico método é um caminho para se alcançar algum objetivo.
Desse modo, método do desenho trata-se de um caminho para se alcançar o objetivo de desenhar. Utilizar um
método é seguir alguns passos para desenhar, o que facilita, com o tempo, o domínio do desenho. Desenhar
consiste em seguir quatro passos, são eles: definir uma ideia, captar a forma, modelagem e finalizar a arte. Vamos
ver cada passo separadamente.
Definir a ideia
Ao iniciarmos um desenho, o primeiro desafio consiste em ter alguma ideia, em saber o que desenhar.
São várias as opções de temas e muitas vezes deixar o tema livre pode ser mais difícil. Por isso, a melhor maneira
de iniciar um desenho é escolher um assunto e definir o tema. Quanto mais cedo definirmos o tema mais facil-
mente surgirá a ideia para o desenho. Por exemplo, escolho como assunto objetos de cozinha e dentre vários
estabeleço como meu tema específico uma xícara de café. Pronto! Após esta definição será bem mais fácil dese-
nhar o objeto, basta agora pesquisar referências fotográficas e esboçar. Em casos de projetos de criação, descreva
a cena com seus detalhes em um caderno para depois desenhá-la.
Os americanos usam uma técnica chamada de thumbnails, que são pequenos rabiscos ou esboços rápi-
dos da cena ou do assunto.
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Captar a forma
Após ter definido o tema, agora é hora de iniciar o esboço, para isso, inicie seu desenho traçando como
base formas geométricas básicas. Por exemplo, para desenhar a xícara de café, inicie desenhando a parte maior
traçando como base um cilindro e, ao lado do cilindro, trace um trapézio para representar a asa da xícara. Exem-
plo:
Modelar
Modelar é basicamente melhorar seu esboço desenhando os detalhes. Veja abaixo:
Arte-finalizar
Por fim, vem a arte final ou acabamento, que consiste em sombrear ou colorir o desenho.
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Identificando as formas
Neste primeiro momento do curso vamos nos concentrar e focar em captar a forma e modelar. Como
vimos anteriormente, a geometria é uma das partes mais importantes do desenho, porque tudo aquilo que será
desenhado necessitará de algumas linhas auxiliares na sua construção. Essas linhas podem ser retas, curvas ou
combinadas, dependendo daquilo que for desenhado e, geralmente, formam uma, duas ou mais formas geomé-
tricas.
Certamente, o desenho realista não deve se deter em uma representação geométrica, a preocupação com
a proporção e a representação dos detalhes não deve ser deixada de lado. Para entender como o procedimento de
identificação das formas geométricas pode facilitar o início de um desenho, observe atentamente as ilustrações
a seguir.
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Exercício
Esboce os desenhos abaixo valorizando a percepção e representação das formas:
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Exercício
Desenhe as referências abaixo de modo a deixar em destaque a fase da captação das formas e da modela-
gem. Para isso, utilize lápis de cor para esboçar as formas e lápis grafite B, para definir os contornos.
Conteúdo:
■■ Desenho do micro ao macro.
Micro: objetos com o tamanho aproximado do dedo humano. Exemplo: apontador, borracha, alfinete,
anel, um palito de fósforo, etc.;
Pequeno: escala de objetos relacionados ao tamanho de uma mão, como por exemplo, um copo, uma
xícara, um livro, um celular, uma jarra, uma garrafa, etc.;
Médio: objetos médios são aqueles relacionados à proporção do corpo, como um sofá, televisão, estante,
uma geladeira, fogão, uma porta, um carro, moto, entre outros;
Grande: geralmente são objetos arquitetônicos e grandes transportes como um avião, um navio, uma
casa, um prédio, uma praça e outros maiores que o corpo humano;
Macro: consideramos macros objetos maiores do que a escala grande ou um conjunto de objetos de esca-
la grande. Por exemplo: um planeta, um conjunto de prédios, um vilarejo ou cidade e outros cenários.
O desenho dessas escalas no início do curso é importante para alcançar um nível profissional.
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Exercício
Desenhe a partir de referências fotográficas cinco objetos com cada escala apresentada. Todos os dese-
nhos devem ser no estilo realista.
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AULA 05
Conteúdo:
■■ Parte interna do cubo.
Nesta aula vamos explorar o desenho da parte interna do cubo. Observe o cubo abaixo e note que temos
três câmeras direcionadas para três ângulos interno do cubo.
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1. No primeiro quadro temos a estrutura de um quadrado e nas extremidades linhas diagonais para cima
e para baixo.
2. No segundo quadro temos o ângulo de um canto do cubo, consiste em um “Y” para baixo.
3. No ultimo quadro o desenho da quina do cubo forma um “Y” na parte de baixo e em cima. Observe.
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Exercício
Desenhe 3 cenários internos a partir de referências fotográficas.
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AULA 06
Conteúdo:
■■ Desenho orgânico.
Princípios de desenho orgânico: Eixo curvilíneo, linha de volumetria, curvas em arco e “S”, linha decora-
da, desenho de espaço negativo e fita dobrada.
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Curvas em arco e “S”
Podemos encontrar esta combinação de curvas na forma de arco e “S” em uma boa parte dos desenhos
orgânicos, muito comum para desenhar folhas de plantas como no exemplo abaixo.
Acima, uma folha feita com dois arcos opostos. Observe que ela fica com um aspecto frontal e estático e
é muito comum em desenhos infantis. Abaixo, a folha feita com combinação de arco e “S” parece ter uma repre-
sentação mais natural.
Fita dobrada
Estudaremos a ideia da fita dobrada para podermos representar, por exemplo, folhas dobradas. Veja a
figura abaixo:
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Linha decorada
Quando desenhamos uma árvore ou um arbusto não desenhamos a copa folha por folha, mas procura-
mos representar com o uso de linha decorada. Linha decorada é um tipo de linha que segue a forma do contorno
da silhueta das figuras orgânicas, como podemos observar abaixo:
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Observe no desenho acima a aplicação das linhas decoradas.
Exercício
Desenho de ao ar livre – levar (quando possível) os alunos para o pátio e fazer esboço a partir da pai-
sagem à volta.
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Exercício
Desenhe de plantas ou paisagem a partir de referências fotográficas.
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AULA 07
Objetivos:
■■ Apresentação do curso e dos conceitos gerais de ilustração e desenho artístico.
Conteúdo:
■■ Introdução
■■ Estudo de aves
■■ Estudo de quadrúpedes
■■ Estudo de animais marinhos e répteis
■■ Desenho de peixes
Parte 1: Introdução
O desenho de animais é uma parte do desenho orgânico que merece um capítulo à parte. Nele podemos
encontrar tanto as formas básicas geométricas como o uso de princípios de desenho orgânico apresentados an-
teriormente. Vamos dividir o nosso estudo de animais em partes separadas: estudo de aves, estudo de quadrúpe-
des, estudo de animais marinhos e répteis.
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A base maior da ave é um ovo, para o desenho do pescoço podemos utilizar as linhas de volumetria.
Dependendo do ângulo da cabeça, os olhos dos pássaros são desenhados com círculos ou elipses. Para
o desenho do bico, note o uso da combinação arco e “S”.
Observe abaixo o esquema de construção da asa, iniciamos por um “axis”, um esqueleto linear simplifi-
cado com as articulações, depois preenchemos com as formas das penas:
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Parte 4: Estudos de animais marinhos e répteis.
Para o desenho dos repteis, predomina o uso do eixo curvilíneo com as linhas de volumetria.
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Parte 5: Desenho de peixes
Para não perdermos a anatomia do peixe e desenha-lo em ângulos mais dinâmicos, dividimos as formas
do peixe em quatro partes, confira na ilustração abaixo:
Para representar o peixe em movimento utilizamos a forma de uma fita dobrada, em seguida, esboçamos
as quatro formas anatômicas do peixe.
Com outros animais marinhos, podemos utilizar formas elípticas, triangulares e outras formas simples
que se adequam melhor ao desenho.
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Exercício
Esboce e estude os animais ilustrados acima (aves, quadrupedes, repteis e peixes).
Exercício
Desenhe um animal a partir de referências fotográficas.
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AULA 08 e 09
Tema: Perspectiva
Objetivos:
■■ Apresentação dos conceitos e técnicas de perspectiva com divisão de planos.
Conteúdo:
■■ Perspectiva de divisão de planos
Parte 1: Introdução
A perspectiva é um recurso técnico do desenho para poder representar a ideia de profundidade no de-
senho. Existem vários tipos de recursos para perspectivas: cavalera, projetiva, isométrica, por divisão de planos,
linear, etc. Neste curso, vamos abordar dois métodos de aplicação da perspectiva, divisão de planos e perspectiva
linear.
Princípio da escala: consiste em ampliar a escala dos objetos ou figuras que gostaríamos de representar
como o plano da frente e reduzir a escala desses objetos ou figuras para representar os que estão no fundo. Veja
os exemplos abaixo:
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Princípio da sobreposição: trata-se de ocultar parte da figura ou do objeto para representar o plano que
está atrás:
Com os dois princípios, temos uma ferramenta muito útil e prática para representar profundidade no
desenho. Cada camada de figuras ou objetos que vamos acrescentando na composição são denominados de
“planos”. A figura que está na frente chamamos de primeiro plano, e as seguintes (sobrepostas e reduzidas) deno-
minamos segundo, terceiro, quarto plano, e assim por diante.
Exercício
Desenhe uma cena com objetos utilizando a perspectiva de divisão de planos, por meio de uso de
referências fotográficas.
Exercício
Desenhe uma paisagem utilizando a perspectiva de divisão de planos, por meio de uso de referências
fotográficas.
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AULA 10
Objetivos:
■■ Apresentação dos conceitos gerais perspectiva linear e da técnica da malha ou grade de perspectiva.
Conteúdo:
■■ Perspectiva linear
■■ Perspectiva paralela
■■ Perspectiva oblíqua
■■ Perspectiva área e térrea
■■ Aplicação com uso de malhas
Linha do horizonte - nível horizontal dos olhos (altura na qual seus olhos observam o objeto). A função
da linha do horizonte é estabelecer uma linha para relacionar o objeto de modo que esse objeto esteja represen-
tado por um ângulo de visão acima, abaixo ou/e no meio do objeto. Observe o exemplo abaixo:
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Linha vertical – A linha vertical tem uma função semelhante à linha do horizonte, mas o ponto de vista
em questão é se o objeto se encontra à direita, à esquerda ou no meio da linha vertical.
Linhas fugantes – são as linhas diagonais que saem da frente do objeto e se encontram ou convergem
para o ponto de fuga, ou seja, elas tendem a se unir à medida que se aproximam da linha do ponto de fuga.
Ponto de fuga – é o encontro da linha vertical com a linha do horizonte e também das linhas convergen-
tes.
Malha – são algumas linhas de construção que nos auxiliam no desenho de cenários. Observe abaixo os
vários elementos da perspectiva:
Na perspectiva linear os ângulos ou ponto de vista são dados pelo uso do ponto de fuga. Diferentes tipos
de vista podem ser produzidos por meio da quantidade de pontos de fuga na composição de uma cena. Tradi-
cionalmente, utilizamos de um até três pontos de fuga para variar o modo de visão de uma cena. Os tipos de
perspectiva mais comuns são:
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Parte 2: Perspectiva paralela
Perspectiva paralela com o uso de um ponto de fuga - Nesta perspectiva desenhamos primeiro os qua-
drados e retângulos para em seguida traçar a profundidade (linhas diagonais), com o auxílio do ponto de fuga.
Uma característica da perspectiva paralela consiste na visualização da face frontal dos objetos.
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A característica da perspectiva oblíqua está na visualização das arestas ou das quinas dos objetos.
Percebam que diferente da perspectiva paralela e oblíqua, nos objetos com perspectiva aérea e térrea
aparecem as vértices ou pontas dos objetos.
Exercício
Estude os cubos em perspectiva paralela e obliqua nas ilustrações acima.
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Parte 5: Aplicação com uso de malhas
Para facilitar o processo utilizaremos o recurso de malhas correspondente a cada perspectiva. Veja abai-
xo a perspectiva paralela com um ponto de fuga. Isto acontece devido à posição do seu ponto de vista em relação
ao objeto.
Abaixo temos uma perspectiva oblíqua com o uso de dois pontos de fuga, note que agora o prédio se
apresenta de quina:
À esquerda temos uma perspectiva oblíqua com o uso de dois pontos de fuga.
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Exercício
Desenhe um cenário urbano utilizando a perspectiva linear, por meio de uso de referências fotográ-
ficas.
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AULA 11 e 12
Tema: Proporção
Objetivos:
■■ Apresentação dos conceitos e técnica de proporção.
Conteúdo:
■■ Proporção.
Parte 1: Introdução
Ao iniciar qualquer desenho, sua primeira preocupação deve ser sempre a de manter a mesma proporção
do elemento a ser desenhado. Entenda por proporção a relação largura e altura do elemento, ou seja, a compa-
ração do tamanho da extensão da altura da figura em relação a sua extensão da largura. Para aplicar a proporção
seguiremos duas formas de medição:
Primeira forma de medição: medir quantas vezes a parte menor do tamanho geral da referência cabe na
maior. Essa parte menor pode ser tanto a altura quanto a largura do objeto a ser desenhado;
Segunda forma de medição: após aplicar a medida geral, temos que medir as demais partes desconheci-
das pelas partes conhecidas, ou seja, medir as outras partes do objeto e compará-las com as partes que já foram
medidas e definidas.
Começamos um desenho pelo todo (primeira forma de medição), descobrindo primeiro o tamanho
geral do objeto para depois partirmos para o desenho dos detalhes internos. Isto nos garante o tamanho e o po-
sicionamento adequado do desenho na folha de papel, ou seja, auxilia no enquadramento. Primeiro, ao observar
para a referência, faça um esboço no tamanho desejado. Veja o exemplo abaixo:
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Em seguida, medimos a parte menor, que neste caso do cilindro, é a largura (dimensão horizontal) e,
em seguida, comparamos esta medida da largura com a altura (dimensão vertical) para calcular quantas vezes a
medida da largura cabe na altura. Veja que a altura (dimensão vertical) equivale duas vezes à largura (dimensão
horizontal). Observe exemplo acima:
Agora, a partir dessa informação, corrigimos a proporção do nosso esboço inicial. Pegue a medida da
largura do seu esboço e jogue duas vezes para a altura e procure perceber e corrigir se a proporção de seu objeto
está maior, menor ou proporcional. Durante este processo, você notará a necessidade de traçar várias linhas que
não pertencerão ao objeto em si, mas lhe auxiliarão na construção do mesmo. Procure também desenhar a parte
detrás do objeto, ou seja, a que você não está vendo. Isto evita distorções no desenho.
Estabelecida a medida geral, vamos passar para o segunda forma de medição, a fim de corrigirmos as de-
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mais partes. Vamos medir a parte acima no cilindro. Consideramos a altura da elipse, acima no cilindro, a parte
em que a proporção é desconhecida. Vamos medir a altura dessa parte desconhecida e comparar com a largura
do objeto, que é para nós a parte conhecida. Veja o exemplo abaixo:
Observe que, na comparação, a altura do objeto equivale a um terço da largura. Logo em seguida, pe-
gamos a medida de um terço da largura do nosso desenho e deslocamos esta medida para corrigir a altura da
elipse. Veja abaixo:
A proporção está aplicada. Utilize, sempre que precisar, a proporção para corrigir os esboços.
Exercício
Desenhe 4 objetos com proporção, por meio de uso de referências fotográficas.
54 FUNDAMENTOS DO DESENHO
AULA 13
Conteúdo:
■■ O lápis
■■ Teoria da luz e sombra
■■ Sombra projetada
■■ Sombreamento
Parte 1: Introdução
Dominar somente técnicas de construção das formas é importante, porém, é muito pouco para obtermos
um desenho suficiente para o mercado.
A arte final é fundamental para uma completa formação em ilustração, por isso, neste capítulo veremos
uma das mais tradicionais técnicas de acabamento, o lápis grafite. Antes de vermos as técnicas de sombreamento,
vamos conhecer o nosso material tradicional de trabalho e alguns conceitos de teoria da luz e da sombra.
Parte 2: O Lápis
O lápis é bem conhecido como instrumento de escrita, mas para os artistas e estudantes de arte consiste
também num recurso muito familiar de desenho. Para o ilustrador, o lápis é um instrumento tradicional de tra-
balho.
Foi a invenção do lápis por Jacques Conté e Johann Faber que foi popularizada a prática do desenho,
pois trata-se de um material acessível e de fácil manuseio. O lápis consiste em um suporte envoltório de madeira
e o material interno é composto de um mineral chamado grafite, um tipo de carvão, que é responsável pela
pigmentação, e argila, que misturado com o grafite dá consistência. Devido a esta composição, os lápis de linha
profissional são categorizados por números, que indicam as diversas intensidades de misturas entre os dois ma-
teriais. São três letras (H, B e F) que se referem ao material predominante na composição.
O lápis da Linha H (Hard) indica que o material predominante é a argila, assim, quanto maior a nume-
ração do H, o lápis possui mais argila e menos grafite, consequentemente, o lápis será mais duro devido à argila e
mais claro devido a menor quantidade de grafite. Por outro lado, o lápis da série B (Black) contém mais grafite e
menos argila em sua composição, logo, quanto maior a numeração da linha B, mais escuro será o lápis e, por ter
menos argila, mais macio. O lápis F (Fusion) e o HB foi uma tentativa da Faber Castell de criar um lápis com as
duas composições mais equilibradas. Veja abaixo a tabela de valores do lápis:
FUNDAMENTOS DO DESENHO 55
A série “H” era a mais apropriada para a prática do desenho técnico devido à precisão e especificidades
dessa área. A série “B” é mais apropriada para a área artística, devido ao potencial de tons que ela oferece, e por
ser uma série mais adequada aos papéis de desenho, que por sua vez são mais delicados por conter algodão na
composição e por apresentar texturas diversas que possibilitam ao artista possibilidades de expressão gráfica
mais criativa. O lápis F e HB são médios, e juntamente com os da série B, são indicados para o desenho artístico.
Luz - os raios luminosos que atingem os objetos reais podem ser advindos de uma fonte de luz. Essa
fonte de luz pode ser natural ou artificial. A fonte de luz natural é o sol, as estrelas, a lua e qualquer outra fonte
luminosa não produzida pelo humano. A fonte artificial são todas aquelas produzidas pelo humano como, por
exemplo, a lâmpada, a vela, a lanterna, a lamparina, etc. Não podemos ter o controle sobre a luz natural, por ou-
tro lado, com a luz artificial podemos fazer um planejamento de iluminação e definir o desenho da sombra pela
quantidade, tamanho e posição da luz em relação ao objeto iluminado.
Sombra - Temos dois tipos básicos de sombra: sombra própria, que é a sombra que se forma na superfície
do objeto, e a sombra projetada, que consiste na sombra do objeto formada em outra superfície. Veja a ilustração
abaixo.
A sombra apresenta cinco áreas distintas que devemos considerar na prática do sombreamento, são elas:
luz plena, área de maior intensidade de luz; meio-tom, área intermediária de tom entre a luz plena e a sombra
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escura; sombra escura, área de ausência de luminosidade ou menor intensidade de luz; dégradé, passagem de
um tom principal para outro tom principal; reflexo, área onde a luz é rebatida ou onde há formação de uma lu-
minosidade secundária dentro da massa de sombra. Observe o exemplo abaixo:
Formato do objeto
O objeto funciona como um obstáculo aos raios luminosos, impedindo parte deles de atingirem a super-
fície, por isso, forma-se logo abaixo do objeto uma sombra com o formato deste obstáculo, ou seja, deste objeto,
que caminha em sentido oposto à fonte de luz. Como a superfície é um plano horizontal que está abaixo da linha
do horizonte, qualquer desenho sobre ela ficará com a proporção alterada.
Quando a fonte de luz estiver sobre o elemento, bem na posição de 90º, a sombra projetada fica mais
curta. O seu comprimento aumenta conforme esta fonte de luz for posicionada mais baixa. A sombra projetada
chegará a ter comprimento infinito quando esta fonte de luz estiver posicionada na mesma altura que o elemento
iluminado por ela.
FUNDAMENTOS DO DESENHO 57
Tamanho da fonte de luz
Quando o objeto for de menor tamanho em relação à fonte de luz que a ilumina, a sombra se projetará
na superfície em ângulo fechado, recebendo o nome de Sombra Triangular. Se a situação inversa ocorrer, ou seja,
quando o objeto for maior do que a fonte de luz, surgirá a Sombra Cônica, projetada em ângulo aberto. Ainda
existe uma terceira possibilidade: se ambos forem do mesmo tamanho, a sombra se projetará em linhas paralelas,
constituindo uma Sombra Paralela.
Parte 4: Sombreamento
Sombreamento com o lápis grafite é umas das técnicas mais tradicionais e populares do desenho. O
sombreamento consiste basicamente em representar uma escala de tons por meio de uma mancha homogênea
58 FUNDAMENTOS DO DESENHO
produzida pelo movimento do lápis sobre o papel, com intensidade variada chamada de dégradé. Para produzir
um bom dégradé, é necessário apontar bem o lápis e fazer movimentos na diagonal, friccionando sobre o papel:
Para obter um acabamento refinado e profissional com a técnica de sombreamento, vamos fazer o exer-
cício em forma de uma escala tonal. Quanto maior for a capacidade do artista para produzir variações de tons
numa escala, maior será a complexidade do desenho. Em um desenho feito com uma escala mínima de até sete
tons, o acabamento será de um desenho normal, ou seja, um desenho com aspecto de desenho, e quanto maior
for a quantidade de dégradé no acabamento do desenho será produzido um efeito de imagem realista ou hiper-
-realista. Abaixo um exemplo de escala tonal com variação de nove escalas de dégradé, que é o suficiente para a
produção de um desenho com efeito de realismo:
Exercício
Faça três escalas tonais com 9 variações de tons, utilizando o lápis HB, 2B e 6B.
FUNDAMENTOS DO DESENHO 59
Exercício
Copie com sombreamento a ilustração abaixo:
Dicas:
É mais fácil fazer o dégradé do claro para o escuro;
b) Use para o sombreamento vários lápis: para as áreas escuras prefira o 5B e 6B, e para outras áreas de
tons médios e tons claros utilize 2B, 3B ou HB e B.
c) Para obter um dégradé perfeito, ou seja, sem marcas ou manchas, aplique-o em sentido perpendicu-
lar à direção do dégradé. A inclinação do lápis também pode contribuir para que você obtenha efeitos de texturas
diferentes.
Procure disfarçar os contornos com os tons. Em desenhos realistas não utilizamos o contorno,e sim,
um conjunto de massas de sombra com dégradé.
60 FUNDAMENTOS DO DESENHO
AULA 14
Conteúdo:
■■ Desenho realista
FUNDAMENTOS DO DESENHO 61
Exercício
Desenhe um objeto ou um animal com sombreamento a partir de referências fotográficas.
62 FUNDAMENTOS DO DESENHO
Referências bibliográficas
ARNOLD, Eugene. Técnicas de La Ilustración. Barcelona: Las Ediciones de Arte, 1982.
BORTH, Frank. O Desenho Passo a Passo .Coleção HQ nº4. Rio de Janeiro: Editora Brasil - América, 1970.
HALLAWELL, Philip. À Mão Livre. São Paulo: Companhia Melhoramentos, 1994.
MORRIS, Bethan. Ilustración de Moda. Ed. Blume. Barcelona, 2006.
PARRAMON , Jose M. Técnicas de ilustración. Parramón Ediciones, 2002
ZEEGEN. Lawrence. The Fundamental Illustration. Ed. AVA Publishing SA, 2005.
FUNDAMENTOS DO DESENHO 63
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