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OLIVEIRA, Hanna Gabriela; DE OLIVEIRA, Neide Judith Faria; CROCOMO,

Letícia Ferrari. Fisiologia e fatores interferentes na reproduçao de


éguas. Ciência Animal, v. 29, n. 4, p. 112-123, 2019.

Os equinos apresentam uma grande importância na economia brasileira,


especialmente no agronegócio. A eficiência econômica da atividade depende do
desempenho reprodutivo dos animais, os equinos são poliéstricos estacionais,
sua atividade reprodutiva é limitada a períodos do ano com maior luminosidade,
como a primavera e o verão. Além disso, o tempo de gestação é longo, cerca de
11 meses, o que torna a possibilidade de cobertura e concepção no primeiro cio
pós-parto uma estratégia atraente para os criadores. A retomada da ciclidade
pós-parto depende da evolução adequada da gestação e do parto, bem como da
recuperação da égua durante o puerpério. Fatores como idade, alimentação,
escore corporal e saúde também podem afetar a eficiência reprodutiva dos
animais. Uma égua atinge a puberdade, em média, aos 14-18 meses de idade,
marcada pelo primeiro estro, seguido pela ovulação. Vários fatores influenciam
o início da puberdade, incluindo nutrição, ambiente, genética, desenvolvimento,
fotoperíodo, latitude e temperatura. Uma boa nutrição promove a puberdade
precoce, mas a égua deve estar fisicamente madura antes da reprodução aos
24-36 meses. Os equinos são animais poliéstricos sazonais, e sua atividade
reprodutiva é determinada pelo fotoperíodo, com as éguas apresentando estro
apenas em épocas de alta luminosidade. No Brasil, a estação reprodutiva ocorre
entre outubro e abril, correspondendo à primavera e ao verão. Porém, em
regiões equatoriais com menor variação de luminosidade ao longo do ano, as
éguas podem ser poliéstricas anuais. O ciclo reprodutivo dura cerca de 22 dias,
com 5-7 dias de estro. Durante o estro, o trato genital é receptivo ao transporte
de esperma e ocorre a ovulação. As éguas apresentam ciclos estrais múltiplos,
mas apenas em períodos do ano com dias longos e alta luminosidade. O
monitoramento do estro por ultrassom melhora o desempenho reprodutivo,
economiza tempo e reduz custos, além de permitir o monitoramento preciso da
dinâmica folicular, desde a ovulação até a luteinização. O início do ciclo estral
em éguas é estimulado pela luminosidade, captada por receptores na retina que
estimulam o eixo pineal-hipotálamo-hipófise-gonadal e suprimem a produção de
melatonina, aumentando a produção e secreção do hormônio liberador de
gonadotrofinas (GnRH) no hipotálamo. O GnRH estimula a liberação do
hormônio folículo-estimulante (FSH) e do hormônio luteinizante (LH) da hipófise
anterior, que atuam no nível ovariano. O nascimento de uma égua geralmente
ocorre entre o anoitecer e o amanhecer, influenciado pelo fotoperíodo, podendo
ocorrer naturalmente ou ser induzido em caso de gestação prolongada ou
complicações adversas. O nascimento compreende três fases: dilatação,
expulsão fetal e expulsão dos anexos fetais. Durante o terço final da gestação,
ocorre uma redução do espaço no meio uterino, o que promove a liberação do
hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) pela adeno-hipófise fetal, estimulando a
glândula adrenal a produzir cortisol. A elevação do cortisol estimula a conversão
de progestágenos em estradiol. Aproximadamente 24 horas antes do parto, o
aumento do estrogênio circulante estimula a expressão de receptores
miometriais para a ocitocina, sinalizando o início do parto. A compreensão das
particularidades fisiológicas que regem a reprodução nas éguas, juntamente com
os possíveis fatores que podem interferir nesse processo é fundamental para
buscar alternativas de manejo e estratégias biotecnológicas que possam
melhorar o desempenho reprodutivo da espécie, resultando em impactos
positivos sobre a eficiência econômica da atividade.

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