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Resumo: O presente artigo elabora uma crítica à teoria dos princípios de Robert
Alexy, especificamente quanto a sua proposta de sopesamento de princípios como
solução a colisões havidas entre eles. Essa tarefa de crítica, embasada precipua-
mente na obra de Jürgen Habermas, é feita mediante demonstração de que, ao
realizar sopesamento entre princípios, estes são confundidos com valores em
detrimento da concepção deontológica do Direito, o que permite que percepções
subjetivas dos juízes sejam razões para suas decisões.
Palavras-chave: Princípios. Sopesamento. Proporcionalidade. Valores. Subjetivismo.
1 Introdução
A queixa que a teoria de Alexy merece ouvir está bem aqui. Como
visto, reconhece-se que as normas jurídicas (dentre elas os princípios) têm
gênese axiológica e que, por conseguinte, é legítimo o processo de elevação
dos valores a normas. Entretanto, a democracia tem insistido que isso é
função do legislador – representante popular eleito – e não dos juízes. Mas
o sopesamento permite que o juiz tome decisões apoiado no subjetivismo,
uma vez que dá peso aos princípios colidentes conforme a valoração que ele
mesmo é levado a realizar.
É tarefa da próxima seção examinar de que modo o subjetivismo
perverte a aplicação da máxima da proporcionalidade e corrompe os funda-
mentos da teoria de Alexy.
Do exposto, não se deve deixar entender que a moral deve ser expur-
gada da construção do direito. Na verdade, a questão se refere à ocasião
adequada, isto é, o momento no qual os valores adentrarão o processo de
criação do direito. Esse é o objeto da seção adiante.
6 Considerações finais
Notas
1 O exemplo do incêndio é usado por Alexy somente para explicar o conflito entre regras,
preferindo outros exemplos (julgados do Tribunal Constitucional Federal da Alemanha)
para explicar o conflito entre princípios. A continuidade do exemplo do incêndio, usado
neste artigo para explicar o conflito entre princípios segundo Alexy, é livre criação da
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