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Minésio João Douclas

Redes de Apoio na prestação de cuidados a mães com recém-nascidos prematuros

Licenciatura em Enfermagem

Universidade Lúrio
Extensão de Nampula
2023
i

Minésio João Douclas

Redes de Apoio na prestação de cuidados a mães com recém-nascidos prematuros

Projecto da Universidade Lúrio para jornadas


científicas edição 2023, Curso de Licenciatura em
Enfermagem, sob orientação do supervisor:
dr.

Universidade Lúrio
Extensão de Nampula
2023
ii

Índice
Resumo ......................................................................................................................................iii
1. Introdução ............................................................................................................................... 4
1.1 Justificativa ........................................................................................................................... 5
1.2 Problematização.................................................................................................................... 5
1.3 Objectivos ............................................................................................................................. 6
1.3.1 Objectivos Geral ................................................................................................................ 6
1.3.1 Objectivos Específicos ...................................................................................................... 6
1.4 Hipóteses de pesquisa ........................................................................................................... 6
2. Metodologia de pesquisa ........................................................................................................ 8
2.1 Tipo de pesquisa ................................................................................................................... 8
2.2 Método de pesquisa .............................................................................................................. 8
2.3 Instrumentos e técnicas de recolha de dados ........................................................................ 9
2.4 Participantes da pesquisa ...................................................................................................... 9
3. Revisão de literatura ............................................................................................................. 10
3.1 Redes de Apoio as Mães de Recém-Nascidos Prematuros ................................................ 10
3.2 Epidemiologia..................................................................................................................... 11
3.3 Rede de apoio institucional e a maternagem à puérpera .................................................... 11
3.4 Possibilidades de intervenções psicológicas no período pré-natal ..................................... 12
3.5 A rede de apoio da puérpera como peça fundamental ........................................................ 13
3.5.1 Características .................................................................................................................. 13
3.5.2 Tipos de apoio para a puérpera ........................................................................................ 14
3.6 Presença dos familiares como forma de cuidado................................................................ 14
3.7 Técnicas para ser boa rede de Apoio. ................................................................................. 15
3.8 A importância da rede de apoio .......................................................................................... 16
Conclusão ................................................................................................................................. 17
Referências bibliográficas ........................................................................................................ 18
iii

Resumo
O nascimento de um filho é um período de transição importante no ciclo de vida familiar. Diante de uma
situação de crise aguda, verifica-se a necessidade de oferecer à puérpera um apoio necessário para o seu bem-
estar biopsicossocial. Comummente a função de cuidado recai aos familiares, mas pode ser realizada pelos
profissionais de saúde em uma hospitalização. Torna-se possível cuidar dessa puérpera por acções como: visita à
Unidade Neonatal; contacto com rede social; compreensão da amamentação; orientação sobre auto - cuidado e
cuidados com o recém-nascido; entre outros. Essa oferta de suporte de qualidade significa cuidar das
necessidades integrais dessa mulher, trazendo novas possibilidades acerca do maternar, tanto para a mãe quanto
para o bebé. O apoio é capaz de emponderar a mulher às questões da maternidade, principalmente na
amamentação materna exclusiva. Ademais, a seguridade favorece a criação de vínculo entre o binómio mãe-
bebé, por consequência, diminui a insegurança nos cuidados com o bebé e propicia melhor desenvolvimento
infantil.
Palavras-chave: Prematuridade Período pós-parto, apoio social, Promoção da saúde, puerpério.
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1. Introdução
Rede de apoio é o sistema de relações significativas de uma pessoa, seja a família nuclear ou
extensa ou outros conjuntos de vínculos que agem sobre esse sistema como a escola, trabalho,
amigos e comunidade. Assim, os riscos de vulnerabilidade emocional também se incluem
nessa perspectiva, já que ansiedade, estresse, medo, instabilidade e cansaço são elementos
presentes, junto à adaptação da nova rotina e aos cuidados do neonato. Não obstante, o meio
físico e social em que se convive gera reacções que, dependendo do contexto, podem ser
negativas ou positivas. Além da rede de apoio, o perfil da mulher também modifica a actuação
no papel materno e a saúde da mulher. Para a saúde, o bem-estar da mulher e a eficácia das
relações com o novo integrante da família, a rede de apoio se apresenta com um papel
positivo, o apoio social ajuda a amenizar ou superar as dificuldades e no lidar dos cuidados
com o bebé.
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1.1 Justificativa
A realização dessa pesquisa possibilita melhor compreensão no que concerne a Redes de
Apoio as Mães de Recém-Nascidos Prematuros, uma vez que a prematuridade é um assunto
de extrema importância em todo o mundo, e prioridade de Saúde Pública por se tratar da
causa mais recorrente de morte neonatal e a segunda causa principal de mortalidade em
crianças menores de 5 anos, em países em desenvolvimento, e são necessários estudo cada
vez mais de essência que também visam à intervenção da área de enfermagem nessas
situações, pois irão incentivar o enfermeiro para o apoio e os devidos cuidado de enfermagem.
A escolha do tema deveu-se ao facto de que ultimamente verificar-se grande número de
ausência no acompanhamento e prestação de apoio por parte de profissionais e da família a
mães com recém-nascido prematuro, a motivação surgiu sobre a reflexão da vivência dos
pacientes no processo de transição de doença-saúde e apontar a importância do cuidado de
enfermagem, por parte dos profissionais da área considerados como pioneiros na prestação
dos cuidados.

 Relevância da pesquisa
Tendo em conta da realidade que se vive no quotidiano em relação a saúde – doença, a
pesquisa procurará trazer não só respostas da problemática da não prática das actividades de
redes de apoio, na maioria dos hospitais, familiares, profissionais no país, mas também
alternativas que permitirão aos profissionais, familiares e outros fazedores dos cuidados a
realizar o apoio a estas mães com recém -nascidos prematuros.

1.2 Problematização
Sabe-se que os primeiros meses de vida constituem uma das fases mais importantes para a
saúde da criança, pois neste período ocorrem processos vitais no crescimento e
desenvolvimento. Dessa forma, a saúde da criança dependerá de um acompanhamento
cauteloso, visando a prevenir ou atenuar possíveis agravos à sua saúde.

É de grande relevância o papel das redes de apoio na vigilância da saúde das mães com
recém-nascidos prematuros, sobretudo nos serviços de Atenção Primária à Saúde, a fim de
viabilizar o melhor acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da criança, visto ser
essa uma acção primordial para se obter melhor qualidade de vida para a população infantil.
As acções realizadas neste nível de atenção à criança são fundamentais para as actividades de
prevenção e de intervenção, por ter potencial para detectar precocemente possíveis agravos e
diminuir os riscos de morbimortalidade.
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As redes de apoio podem ser constituídas pela família, amigos, vizinhos, profissionais da
saúde, dentre outros. Engloba-se a família nuclear (marido/companheiro e filhos) e a família
extensa (outros familiares) como um suporte disponível a se recorrer, quem traz significado e
é considerado e quem realmente está presente.

No entanto apesar da relevância da atenção da rede de Apoio a mães com recém-nascidos


prematuros verifica-se negligência e fraca participação dos profissionais da saúde e da família
a mães com recém-nascido prematuro o que tem provocado consequências negativas e
preocupantes.

Diante desse cenário, surge a seguinte inquietação:


 Quais são os factores que contribuem no fraco acompanhamento e prestação de
apoio por parte de profissionais e da família a mães com recém-nascido
prematuro?

1.3 Objectivos
1.3.1 Objectivos Geral
 Compreender a importância das Redes de Apoio na prestação de cuidados a mães com
recém-nascidos prematuros.

1.3.1 Objectivos Específicos


Para operacionalizar o objectivo geral acima traçado foram definidos os seguintes objectivos
específicos:
 Caracterizar o processo de acompanhamento apoio a mães com recém – nascido
prematuro;
 Explicar os factores que influenciam a fraca prestação de apoio por parte de
profissionais e da família a mães com recém-nascido prematuro;
 Sugerir estratégias que possam incentivar a realização e acompanhamento de forma
eficaz a mães com recém – nascido prematuro usando as redes de apoio.

1.4 Hipóteses de pesquisa


Relativamente ao problema levantado, foram consideradas como sendo as possíveis respostas
do problema em causa, que se destacam:
Ho: As variáveis ausência da escolha de métodos activos durante a planificação; falta de
conhecimento das actividades de redes de apoio; falta de disponibilidade por parte dos
profissionais para o acompanhamento adequado dos cuidados inerentes a mães com recém-
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nascido prematuro não explicam sobre os factores da atitude dos profissionais de saúde e da
família pela fraca participação no acompanhamento a mães com recém – nascido prematuro.

H1: Pelo menos uma das variáveis explica sobre os factores da atitude dos profissionais de
saúde e da família pela fraca participação no acompanhamento a mães com recém – nascido
prematuro.
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2. Metodologia de pesquisa
2.1 Tipo de pesquisa
A pesquisa irá se apoiar dos seguintes tipos:
Quanto á natureza, a pesquisa é aplicada, pelo facto de esta oferecer conhecimentos para a
aplicação prática dirigida a solução de problemas científicos.

Quanto aos objectivos, a pesquisa é descritiva, visto que ira descrever as atitudes dos
profissionais da saúde e da família em relação a sua fraca participação no acompanhamento a
mães com recém-nascidos prematuros. Além disso, irá descrever as características do
acompanhamento dos profissionais e da família como um processo de rede de Apoio.

Quanto a abordagem, a pesquisa é qualitativa, devido a natureza de recolha e tratamento de


dados de pesquisa que consistirão na análise do conteúdo, isto é, das respostas dos
entrevistados participantes nesta pesquisa. Segundo Michel (2005), “a abordagem qualitativa
permite-nos a descoberta, a identificação, a descrição aprofundada e a geração de explicações.
Busca o significado e a intencionalidade dos actos, das relações e das estruturas sócias”
(p.20).

Quanto aos procedimentos, definiu-se o tipo de pesquisa como sendo de natureza não-
experimental. “A pesquisa não experimental estuda as relações entre duas ou mais variáveis
de um dado fenómeno ou evento sem manipulá-las” (Köche, 1997).

2.2 Método de pesquisa


Em termos de abordagem dos conteúdos do trabalho, será empregue o método indutivo, cuja
aproximação dos fenómenos caminharão geralmente para planos cada vez mais abrangentes
indo das constatações referentes as atitudes dos profissionais de saúde e da família mais
particulares às leis e teorias referentes as causas e consequências da fraca implementação das
redes de apoio. Com este método, vão se conhecer as causas particulares que contribuem para
a ignorância do acompanhamento a mães com recém-nascidos prematuros por parte dos
profissionais de saúde e família, partindo dos dados colhidos em diversos hospitais da cidade
de Nampula. Visto que dos factos particulares colectados no âmbito da pesquisa nos hospitais
em alusão, vai se fazer uma comparação de como o mesmo fenómeno acontece um pouco por
todo mundo através de algumas consultas bibliográficas.
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2.3 Instrumentos e técnicas de recolha de dados


Os dados pertinentes para a realização do estudo serão obtidos através da Entrevista aos
profissionais de saúde e família.

A entrevista será direccionada profissionais de saúde e famílias no seio dos hospitais da


cidade de Nampula. Ela consistirá na recolha de informações, através de perguntas que serão
direccionadas a eles com intuito de saber se os mesmos sabem da existência das redes de
apoio e de sua importância as mães com recém-nascidos prematuros, além disso auscultar as
dificuldades que eles enfrentam ao fazer acompanhamentos a mães com recém-nascidos.

De acordo com Gil (2008), “uma entrevista é um diálogo efectuado face a face, em que uma
das partes busca colectar dados e a outra se apresenta como fonte de informação” (p.109).

Para o efeito, vai se seguir muito de perto um roteiro de perguntas feitas à todos os
entrevistados de maneira idêntica e na mesma ordem; o que vai permitir uma comparação dos
dados e melhor apuramento das causas que contribuem ao fraco acompanhamento dos
profissionais da saúde e família, pois muitas respostas similares/uniformes serão agrupadas
umas as outras.

A entrevista será respondida verbalmente e em contacto directo entre os entrevistados e o


entrevistador e as respostas serão registadas no bloco de notas.

2.4 Participantes da pesquisa


A população desta pesquisa, são todos profissionais da saúde e famílias com mães com
recém-nascidos prematuros da cidade de Nampula, mas apenas serão contempladas na
pesquisa 5 profissionais da saúde e 3 famílias com mães com recém-nascidos. Trata-se de
uma amostragem probabilística uma vez que cada família com mães cm recém-nascidos
prematuros terão a mesma probabilidade de participar neste estudo.
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3. Revisão de literatura
3.1 Redes de Apoio as Mães de Recém-Nascidos Prematuros
O nascimento de um filho implica sempre, também, o nascimento de uma nova dinâmica na
família, pois leva à necessidade de reformulações nos papéis e regras do funcionamento
familiar, afectando com maior impacto, numa primeira ordem, o núcleo familiar mais
próximo do bebé que nasce, como o pai, a mãe e os irmãos, se existirem, e numa ordem mais
alargada, a restante família como, por exemplo, os avós e tios (Araujo, 2007)(1).

A vivência da gravidez é experiência de maneira diferente em cada família, decorrente da sua


individualidade e durante a qual ocorre a consumação da ideia do bebé desejado/idealizado.

A adaptação a esta nova condição, a parentalidade, coloca ao casal um desafio e a


indispensabilidade de reorganização, tanto a nível mais material (gestão financeira, introdução
de novas rotinas, organização da casa e dos pertences do bebé), mas, principalmente, a um
nível emocional, no qual os futuros pai e mãe se preparam para a exigência e responsabilidade
sobre um novo ser, que nos primeiros anos de vida é totalmente dependente deles.

Segundo Brazelton (1989), afirma que a parentalidade começa assim, ainda, durante a
gravidez, momento no qual se inicia a ligação afectiva com o bebé.

Os 9 meses de gravidez, por norma, dão tempo aos pais para se sentirem completos e
preparados, contudo quando este tempo é subitamente interrompido, devido a um parto
prematuro, os pais tendem a sentir-se perdidos e incompletos dando origem a sentimentos de
confusão, angústia e incertezas (Balest, 2022).(2)

Quando nasce um bebé, nasce uma mãe. E, assim como o filho, ela também tem muitas
descobertas a fazer e precisa de apoio nesse processo. É aí que entra a importância da rede de
apoio: aquele grupo de pessoas que pode ajudar não só nas demandas do bebé, mas também
nas da casa e dos pais.

Portanto o nascimento prematuro também representa um factor de risco como consequência


baixo nível de desenvolvimento motor adequado, porque, frequentemente, associa-se a
problemas neonatais, tais como: hemorragia intraventricular, hipoxia, baixo peso ao
nascimento e outras intercorrências neurológicas, que de acordo com a intensidade e duração
podem resultar em sequelas permanentes que irão influenciar no desenvolvimento do bebé,
até a idade subsequente. (Rapoport A, 2006;)(3)
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3.2 Epidemiologia
A Organização Mundial da Saúde (OMS) (2018) define que cerca de 15 milhões de crianças
nascem prematuramente em nível mundial e o número de partos prematuros tem aumentado
nos últimos anos. Sendo que as complicações do parto prematuro são a principal causa de
morte em crianças menores de 5 anos. As situações que desencadeiam o trabalho de parto
prematuro (TPP) podem estar associadas a vários factores, entre eles: epidemiológicos,
obstétricos e ginecológicos, além dos factores clínico-cirúrgicos, como as doenças maternas,
infecções geniturinárias e procedimentos cirúrgicos na gravidez.

De acordo com o MISAU, é um evento de grande incidência no nosso país representando


13% e, na maioria das vezes, pode ser evitado com um bom preparo do casal que pretende
engravidar. Para isso, deve-se evitar o consumo álcool, tabagismo e drogas, adoptando-se uma
alimentação saudável e bons hábitos de vida. Já se sabe que esse cuidado pré-gestacional é
importantíssimo para o desenvolvimento do feto e do bebé no pós-parto, (ZC, 2005)(4).

3.3 Rede de apoio institucional e a maternagem à puérpera


Primordialmente a mulher não nasce configurada como mãe, as funções maternas são
construídas socialmente e efeitos de uma operação psíquica. A maternidade é à relação
consanguínea entre mãe e filho, enquanto a maternagem diz respeito à vinculação afectiva e
de cuidado da mãe para o filho.

Isso nos submete que o conceito de maternagem relaciona-se aos recursos psíquicos que a
mãe dirige a seu filho para que esse se constitua quanto sujeito; e uma boa função materna
seria aquela capaz de atender às necessidades do bebé. Rede de apoio é o sistema de relações
significativas de uma pessoa, seja a família nuclear ou extensa ou outros conjuntos de
vínculos que agem sobre esse sistema como a escola, trabalho, amigos e comunidade.

A maternagem suficientemente boa conta com três funções essenciais: holding (sustentação),
handling (manejo) e a apresentação dos objectos. O holding diz respeito à forma, concreta
e/ou simbólica, como o bebé é sustentado no colo da sua mãe. Segurar este bebé com firmeza
e segurança, o acalentando e protegendo num momento de dependência absoluta fundamenta
a sua capacidade de se sentir real e integrado, oferecendo assim o suporte necessário para o
seu desenvolvimento e maturação. Já o handling se caracteriza pelos cuidados ambientais e,
especialmente, pela forma como o bebé é tratado, ou seja, como se maneja os cuidados
referentes ao seu corpo e a seu ser. Por último, a apresentação dos objectos se refere ao
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momento em que a mãe apresenta ao bebé novas relações interpessoais e novos objectos mais
adequados ao seu estágio de maturação.

Este sistema de apoio deve ser composto por pessoas que exercem determinadas funções em
diferentes contextos, oferecendo apoio emocional e instrumental. Cada vínculo dessa rede
pode apresentar uma ou mais diferentes funções, como: A ajuda prática e material, apoio
emocional, executando tarefas domésticas, cuidando dos outros filhos, companhia social,
auxílio informacional, apoio espiritual, entre outros; podendo ser constituída por familiares,
amigos e até mesmo instituições, (Custódio, 2010).

É importante que a equipe da Maternidade esteja atenta às particularidades do puerpério na


crise aguda, para que sirva como agente facilitador da construção de vínculos de cuidado e
afecto.

A rede de apoio no puerpério dentro de uma rotina hospitalar é envolvida em um sistema


complexo que abrange desde aspectos biológicos das particularidades de cada condição de
saúde, aspectos do ambiente - seja pela tecnologia dura utilizada ou pela atuação da equipe
multidisciplinar e aspectos relacionados à vida privada daquela mulher e família (Linhares,
2014).

De acordo com Custódio (2016), as mães de bebés pré-termos apresentam uma particular
necessidade de serem acolhidas em sua dor e reasseguradas frente aos cuidados que oferecem
aos filhos posto que compartilham dos cuidados especializados com a equipe da Unidade
Neonatal. A vivência psíquica de um puerpério em uma condição de crise é intensa e pode
despertar na puérpera sentimentos de medo, culpa, ansiedade e solidão.

Considerando que a rede mais íntima e pessoal da puérpera que passa por uma situação de
crise muitas vezes ocupa-se das responsabilidades externas. Quando as puérperas possuem
redes pequenas ou fragilizadas, fica a encargo da rede institucional oferecer o suporte possível
“do lado de dentro” do hospital.

3.4 Possibilidades de intervenções psicológicas no período pré-natal


O período pré-natal é um momento oportuno para se planejar intervenções que visem diminuir
os impactos emocionais gerados nas primeiras instâncias do pós-parto. É preciso que as mães
sejam apoiadas em seu tempo para lidar com a possível tristeza de nascer um filho diferente
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ao que se queria; e à medida que aceitam as perdas das projeções realizadas na gestação vão
conseguindo dar lugar e assumir o bebé que tiveram.

Nem sempre as mães estão nesses primeiros encontros sentindo-se preparadas ou seguras o
suficiente para ofertar os cuidados de maternagem com o recém-nascido. Quando recebe um
bom suporte por parte da família e/ou equipe, a mãe vai se adaptando à rotina do ambiente,
vinculando-se aos profissionais da equipe, e aos poucos vai tocando, conhecendo seu bebé e
sentindo-se apta para oferecer cuidado a ele (Saúde, 2017)

De acordo com Rapoport e Piccinini (2006), “o momento em que o apoio é dado é uma
variável importante, pois uma vez que este é oferecido precocemente, pode auxiliar a família
a criar estratégias pessoais de enfrentamento que facilitem a autonomia futura. Por outro lado,
se este apoio é oferecido tardiamente, podem ser gerados sentimentos de fracasso por parte da
família” (p.56).

3.5 A rede de apoio da puérpera como peça fundamental


Uma puérpera que possui o filho prematuro ou com alguma condição agravada de saúde
necessita de uma rede, que dentre outras funções, também ofereça a função de suporte
emocional que vá disponibilizar uma relação de empatia, incentivo e compreensão.

Essa rede é representada pelos familiares e amizades íntimas que sejam significativas para
essa puérpera. Ainda, para poder acompanhar a internação de seu filho muitas vezes é
necessário um apoio social ou financeiro para que a puérpera não se preocupe com sua casa,
os outros filhos, contas para pagar, entre outros. No atendimento psicológico aos familiares, é
possível auxiliar essa rede íntima na organização das tarefas e clarear, sob a percepção da
história dessa família, as formas de apoio que podem ser oferecidas à mulher que acompanha
o filho hospitalizado. (Marin A, 2009) (5)

3.5.1 Características
 Disponibilidade para atender quando necessário;
 Acompanhamento com contacto frequente da mãe e do bebé;
 Saber respeitar cada momento da mãe e também suas vontades e decisões;
 Proximidade com a família para saber quando estar perto e quando dar espaço;
 Habilidades no cuidado de um recém-nascido.
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3.5.2 Tipos de apoio para a puérpera


As puérperas necessitam diferentes tipos de apoio conforme seu próprio padrão de
funcionamento e também de acordo com o período de internação, às vezes o apoio é uma
orientação, uma palavra de carinho ou ajuda prática. Mesmo que a ajuda não tenha sido
solicitada ou até mesmo não seja recebida, é importante que a mulher saiba que tem pessoas
com que pode contar caso tenha necessidade.

Algumas mulheres possuem dificuldade de pedir ou aceitar ajuda ou encontram dificuldades


de compartilhar os cuidados do bebé mesmo com uma rede disponível para ajudá-la.
Também, pode ser que o apoio recebido não esteja correspondendo àquele esperado, fato
importante a ser nivelado uma vez que oferecer o suporte adequado às necessidades da
puérpera não só beneficiam a ela como também o bebé.

Destacam-se os tipos de apoio: emocional; informativo e instrumental.


O apoio emocional diz respeito ao sentimento de pertencimento, estima ou valoração;
demonstrações de carinho e amor. Apoio informativo é a provisão de fatos ou conselhos que
podem ajudar uma pessoa a resolver problemas.

Apoio instrumental consiste no oferecimento ou suplementação de assistência material para


dúvidas ou problemas Práticos. O apoio social traz, a partir da análise de redes sociais, uma
nuance da especificidade das relações sociais, e consequentemente, de seus efeitos no bem-
estar e saúde individual.

Enquanto membro de apoio da rede institucional dessa puérpera, o psicólogo assume um


papel importante na identificação e acionamento da rede de apoio social para que esta a ajude
no desempenho da função materna. Percebe-se que mães que possuem uma rede de apoio
mais extensas e consistentes e que apresentam altos níveis de satisfação em relação a essa
estabelecem relações mais sensíveis e satisfatórias com seus bebés (Gelbi, 2008). Dessa
forma, oferecer o telefone da instituição para que a puérpera possa fazer uma ligação à família
e conte uma notícia ou solicite o apoio pode ser importante para a aproximação dos
familiares.

3.6 Presença dos familiares como forma de cuidado


A presença da família, e sobretudo dos pais, dentro da Unidade Neonatal não pode ser vista
como ameaçadora, mas como uma ferramenta essencial para o cuidado. Os avós, em especial,
possuem um papel privilegiado posto que desempenham ações de cuidado e atenção tanto ao
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recém-nascido quanto à puérpera, demais filhos da mesma, e poderão dar continuidade aos
compromissos extra-hospitalares dessa família (Nascimento, 2018).

A avó materna é o membro da rede que, na maioria das vezes, participa de forma mais intensa
pois atribui um cuidado diferenciado à sua filha/puérpera. Dessa forma, a rede de apoio
institucional pode se aliançar à rede de apoio familiar dessa puérpera em vista de que juntas
podem alcançar formas de cuidado mais articuladas e adequadas.

Mesmo que haja uma parceria activa em todas essas funções parentais, ter uma rede de apoio
para além do núcleo familiar continua sendo muito importante. Aliás, vale enfatizar: pai não é
rede de apoio nem “ajuda”, mas sim parceiro no aprendizado dessas novas funções.

A rede de apoio funciona como uma família estendida. São aquelas pessoas, normalmente
parentes e amigos, que dizem “contem comigo”. E com quem os pais sabem que podem
contar mesmo.

3.7 Técnicas para ser boa rede de Apoio.


1 - Não apareça de surpresa. Mande uma mensagem antes de visitar e também faça um
combinado sobre a campainha ou interfone – o barulho alto pode interromper uma soneca
muito aguardada!
2 - Oferecer comida: esse é um carinho e tanto! Nem sempre dá tempo de cozinhar ou mesmo
de ir ao supermercado. Pergunte o que a família gosta de comer e o espaço que tem na
geladeira.
3 - Levar um copo da água quando a mãe estiver amamentando: isso ajuda na hidratação!
Porém, se a mãe pedir privacidade para esse momento, respeite. Algumas mães podem
preferir amamentar em ambiente reservado, nem sempre por pudor, mas para se conectar com
o bebé ou porque os primeiros dias podem ser muito dolorosos.
4 - Oferecer-se para trocar fraldas e ajudar no banho. Cuidados desse tipo ajudam a criança a
se acostumar com você e a confiar para quando precisar ficar com ela.
5 - Perguntar o que pode e o que não pode: antes de ficar com o bebé enquanto a mãe
descansa, toma banho ou precisa sair por qualquer motivo, entenda as regras já existentes. Se
a família não dá chupeta ou mamadeira, nada de oferecer escondido.
6 - Evitar opiniões quando não solicitadas. Pais e mães costumam ficar bastante sensíveis a
julgamentos, porque, no geral, já estão dando o melhor que podem. Se a mãe ou o pai
perguntarem sobre sua experiência ou opinião, fale, mas lembrando que não existe verdade
única na criação de filhos.
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7 - Oferecer-se para um passeio com irmãos mais velhos ou animais de estimação, quando for
o caso. Saber que seus outros amores estão bem, tranquiliza os pais a se dedicarem à nova
vida.
8- Ser um bom ouvinte: às vezes a mãe e o pai já têm uma boa rede organizada para as
funções básicas, mas precisa mesmo é de uma boa conversa e companhia. Esteja por perto.

3.8 A importância da rede de apoio


Já pode ter uma ideia de como a rede de apoio maternidade pode ser essencial para a mãe.
Mãe mais segura: ao contar com uma rede de apoio materno infantil, a mãe pode cuidar de si
mesma e isso faz com que ela se sinta mais segura e acolhida.
 Diminuição do risco de depressão pós-parto: uma mãe que está insegura e
sobrecarregada com as tarefas inerentes à maternidadetende a ter mais chances de
desenvolver depressão pós-parto.
 Aumento da conexão com o bebé: é preciso tempo para que a mãe possa estar
diariamente fortalecendo a ligação com o seu nené. Assim, uma rede de apoio que dê
suporte, por exemplo, nas tarefas domésticas, auxilia e muito nesse sentido.
 Sensação de pertencimento: ao se tornar mãe, é natural que a mulher passe a ser
“somente” mãe. Isso pode levar a um esgotamento emocional. A rede de apoio
materno permite que a mãe sinta que além de mãe ela também é mulher e faz parte de
um círculo social.
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Conclusão
Pode se compreender que a dinâmica das redes de apoio no puerpério contribui para o
desenvolvimento de um olhar ampliado e humanizado sobre as condições de saúde da mulher
e da efectividade da rede de atenção em saúde, a implementação da acção em saúde promove
o aleitamento materno e maior segurança para os cuidados com o bebé, além de sensibilizar
os indivíduos em torno da mulher sobre suas atuais condições de saúde. Possibilita ainda, a
desconstrução da visão biomédica estruturada dentro dos serviços de saúde e exercida sobre a
Rede Materno- Infantil, apoiar o empoderamento da mulher nas questões da maternidade,
principalmente na amamentação materna exclusiva, é preciso que as práticas acolhedoras
sejam estimuladas, estabelecendo a humanização nos serviços de saúde e até mesmo dentro
do suporte social ao redor de uma mulher-mãe. A visita domiciliar é uma forma de cuidado
que possibilita o reconhecimento do contexto familiar, visando as redes de apoio e
direccionando as intervenções de maneira específica para o momento vivenciado por cada
família, especialmente a do neonato.
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Referências bibliográficas
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