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FACULDADE GALILEU

Reconhecimento Portaria nº 422 de 29/04/2015 Publicado DOU 29/04/2015


Avenida Marginal 200, nº 680 - Vila Real - Botucatu/ SP
Telefone: (14) 3354-1315 - www.faculdadegalileu.com.br

TRABALHO DE CONCLUSÃO - 2º BIMESTRE DE 2020


Nota Trabalhos: __________

Curso: PSICOLOGIA – 2/3º Termos - Data: 06/06/ 2020 Trabalho de Conclusão do


Bimestre:_________
Disciplina: Técnicas de Observação
Média 2° Bimestre: ____________

Professor: EDSON LAINO

Aluno: Amanda Ullrich

INSTRUÇÕES
1. Esse TRABALHO DE CONCLUSÃO é para fecharmos o 1º Bimestre – Valendo 6 pontos.
2. Não serão aceitos plágios, cópias, trabalhos prontos, artigos prontos, exercícios prontos e etc..
3. Cada aluno deverá fazer o seu trabalho.
4. Façam pesquisas em bibliotecas virtuais, material disponibilizado pelos professores, links oficiais ou biblioteca Pearson.
5. Acessem os links (caso tenham vídeos no Gennera, vídeos aulas, materiais de apoio, etc..) e procedam as atividades.
6. Dúvidas, procurem os Professores da Disciplina – através dos meios disponibilizados pelos mesmos.
7. Atentem-se para o prazo de devolução dos trabalhos.

NAÕ DEIXEM DE CONECTAR-SE DIARIAMENTE NA PLATAFORMA GENNERA.

Baseado no trecho do livro “Nem sei se vou te amar” (de Edson Laino, no prelo), descreva o que observa
nesta cena e os aspectos psicológicos podem estar envolvidos.

“- Não sei há quanto tempo não falo de mim. Na verdade, acho que nunca me pus a falar de
mim, principalmente para alguém que só conheço de nome e referência. Foi o Mauro quem me
indicou a você – disse àquela mulher de pouco mais de 50 anos, semblante sereno,
elegantemente vestida. Mesmo sem ainda saber exatamente o que deveria lhe dizer, mas sabia
que deveria dizer algo.

Os olhos dela tentavam encontrar os meus, àquela altura fugidios. Fitei o quadro fixado na
parede logo atrás dela, uma cópia de um Monet1 destas compradas em lojas de museus,
provavelmente adquirida em alguma viagem a Paris. Aos poucos me permiti caminhar passos
suaves pelo caminho sugerido pela pintura, entregando a mim e a ela tudo quanto me
angustiava, ao menos tentava falar de mim.

Em sua sala tudo parecia estar também elegante e estrategicamente colocado, alinhado
milimetricamente. Poltronas, escrivaninha, luminárias, adornos, quadros. Até mesmo ela.
Doutora Rosana e seu olhar analiticamente penetrante e bem colocado pareciam me desnudar
por trás de seus óculos em tom amadeirado. Tudo iluminado por pontos de luz indireta. Em uma
das paredes destacava-se uma exuberante estante de livros onde se viam toda sorte de
lombadas. Romances, livros técnicos de psicologia, periódicos, entre outros textos.

- Sabe doutora Rosana, sempre me orgulhei de minha vida. Recentemente tive algumas
crises de identidade, daquelas em que nos perguntamos se realmente somos quem pensamos
ser. Acho que ainda sou eu mesmo, um tanto modificado pela dúvida, mas eu mesmo. Relutei

1
Oscar-Claude Monet, pintor impressionista francês.

1
FACULDADE GALILEU
Reconhecimento Portaria nº 422 de 29/04/2015 Publicado DOU 29/04/2015
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muito antes de fazer o exame solicitado pelo Mauro, mas fiz. Nunca acreditei que pudesse
resultar nisso, e fui fazer o tal exame, muito mais por insistência dele do que por minha própria
vontade. Medo? Talvez, ou quase certo. Nunca tive uma vida desregrada, mas também nunca
fui de me relacionar a torto e a direito. Vivi, como achei que poderia viver.

[...]- Tive uma infância boa, convivi com meus pais e irmãos. Ah, sim! Em casa somos três
irmãos. Sou o do meio, uma irmã mais velha, Juliana e o Zéca, nascido depois de uma
reconciliação de meus pais. Juliana é advogada, como meu pai, trabalham juntos em seu próprio
escritório. O Zéca tentou alguns cursos, mas nunca se viu impelido a terminá-los, acabou se
encantando pela fotografia, hoje viaja o mundo fazendo fotojornalismo para uma revista. Acho
que não o vejo tem quase um ano.

Sabia que não demoraria muito e seria descoberto em minha torpe tentativa de fugir daquela
conversa e do essencial que ali me trazia, mesmo assim continuava passeando por minha vida
cotidiana. Na verdade, queria mesmo era não estar ali, brincando de fugir de mim naquela
conversa meio sem sentido.

Silenciei.”

Nota-se, de início, que esse trecho do livro é um relato sobre uma sessão de terapia. Percebe-se que o
paciente é um indivíduo retraído, que não se abre facilmente, desconfiado, detalhista e extremamente
observador, uma vez que reparou não somente nos diversos objetos presentes na sala de terapia, mas também na
luminosidade do local. Segundo os relatos do paciente, nota-se que a psicóloga transmite tranquilidade e
seriedade pela profissão (devido a sua postura e elegância). No trecho “mesmo sem ainda saber exatamente o
que deveria lhe dizer, mas sabia que deveria dizer algo”, pode-se notar que o paciente está confuso, pois não
sabe como se abrir ou revelar seus conflitos internos naquele momento, principalmente, para uma profissional
que, até então, era desconhecida por ele. Porém, ele vê a necessidade de se pronunciar devido ao contexto
terapêutico. O paciente revela, em certo momento, que a terapeuta mantinha um olhar fugaz, mas que, ao mesmo
tempo, tentava encontrar com os olhos dele. Porém, posteriormente, ele relata que ela e o seu olhar forte,
profundo e preciso, pareciam revelar quem ele era.
Pode-se compreender, no início, que o paciente olha fixamente para uma pintura - que serviu como um
auxílio para que ele desvendasse e relatasse os seus próprios conflitos internos. No seguinte trecho “acho que
ainda sou eu mesmo, um tanto modificado pela dúvida, mas eu mesmo”, o paciente demonstra incerteza sobre
quem ele realmente é, uma vez que acabou se modificando em decorrência de uma determinada dúvida. Já no
trecho “relutei muito antes de fazer o exame solicitado pelo Mauro, mas fiz”, é demostrado que o paciente foi
resistente frente a realização do exame mencionado por ele, devido ao medo que possuía do resultado. Logo em
seguida, o paciente revela que viveu como pensou que deveria, de forma regrada e sem se relacionar
excessivamente, evidenciando, por meio de sua fala interligada, que o teste poderia estar associado às suas
vivências interpessoais. No fim do trecho, o paciente revela aspectos de sua família para fugir do assunto -
aparentemente perturbador - que o levava à terapia. Por fim, ele alega que preferia não estar ali, visto que, como
ele mesmo relata, estava fugindo de si mesmo durante a sessão, o que demonstra, mais uma vez, a sua
dificuldade em elaborar suas próprias angústias.

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