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OPERAÇÕES

FINANCEIRAS 5 – Rendas
Licenciatura em Solicitadoria 5.1 – Definição
5.2 – Tipologias
1.º ano
5.3 – Aplicações das tipologias (perpétuas
Bruno Pereira e constantes)
bruno.pereira@antipoda.pt

Bruno Pereira - ESTGF LSOL/1º ano 1 Bruno Pereira - ESTGF LSOL/1º ano 2

5. Rendas 5. Rendas

5.1. Definição 5.1. Definição


Nos capítulos anteriores estudámos a atualização e a capitalização em O conjunto destes n capitais, vencíveis em momentos equidistantes,
RJC de um capital único, efetuadas, respetivamente, através do fator de designa-se por renda.
atualização, (1+i)-n (solução racional, a mais utilizada) e do fator de
capitalização, (1+i)n.
Cada um dos capitais constitui um termo da renda.
Conforme foi referido, estes fatores permitem atualizar ou capitalizar um
capital de cada vez. Não é condição necessária que estes capitais (termos) C1 , C2, ... Cn, sejam
iguais (constantes) para constituirem uma renda, sendo condição
suficiente que o intervalo de tempo entre os vencimentos de dois termos
Imaginemos agora, não um capital único, mas sim um conjunto de
consecutivos, ocorram em intervalos de tempo iguais.
capitais a ocorrer a intervalos de tempo iguais.

O intervalo de tempo que decorre entre os vencimentos de dois termos


Considere-se um conjunto de capitais C1, C 2, ... Cn, que se vencem em
momentos equidistantes. consecutivos, designa-se por período da renda.

Bruno Pereira - ESTGF LSOL/1º ano 3 Bruno Pereira - ESTGF LSOL/1º ano 4
5. Rendas 5. Rendas

5.1. Definição 5.1. Definição


Momentos relevantes na “vida” de uma renda:
Para que uma renda esteja perfeitamente definida é necessário que
saibamos:
Origem da renda: É o momento que fica situado um período antes do
ü O seu objetivo (por exemplo, em termos de valor e data); vencimento do 1.º termo.
ü O momento do vencimento do lo termo (isto é, o momento em
que ele ocorre); Momento de referência de uma renda: É o momento em que se considera
ü O número de termos (que representamos por n); que a renda se inicia, podendo acontecer uma de três situações:
ü O valor de cada termo (t1, t2, ..., tn); ü O momento de referência coincide com a origem (MR = origem)
ü O momento de referência coincide com o vencimento do 1.º termo da
ü O período (intervalo de tempo constante que medeia entre renda, ou seja, fica situado um período após a origem (MR = origem + 1)
quaisquer dois termos consecutivos);
ü O momento de referência fica situado k períodos antes da origem (MR =
ü A taxa (de juro ou de atualização) subjacente. origem - k)

Não se deve confundir origem com momento de referência da renda, os quais


podem coincidir ou não. Estes conceitos, complementam-se e não se substituem.
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5. Rendas 5. Rendas

5.1. Definição 5.1. Definição


Momentos relevantes na “vida” de uma renda: Representação gráfica do Momento de Referência (MR):
(Na representação gráfica vamos identificar sempre o MR como sendo o momento 0 e
assumir sempre que a renda é composta por n termos constantes de t euros cada)

MR = Origem

Exemplo:
Empréstimo contraído num determinado momento “0” que será reembolsado através de n
prestações de t euros cada, a primeira das quais a ocorrer um período após o momento em
que o empréstimo foi contraído, ou seja, no final do 1.º período.

Decisão, num determinado momento “0”, de constituição de uma poupança através de n


depósitos periódicos, o primeiro dos quais a ser efetuado um período após a data da
tomada da decisão, ou seja, no final do 1.º período.
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5.1. Definição 5.1. Definição


Representação gráfica do Momento de Referência (MR): Representação gráfica do Momento de Referência (MR):
(Na representação gráfica vamos identificar sempre o MR como sendo o momento 0 e (Na representação gráfica vamos identificar sempre o MR como sendo o momento 0 e
assumir sempre que a renda é composta por n termos constantes de t euros cada) assumir sempre que a renda é composta por n termos constantes de t euros cada)

MR = Origem + 1 MR = Origem - K

Exemplo: Exemplo:
Empréstimo contraído num determinado momento “0”, que será reembolsado através de Empréstimo contraído num determinado momento “0” que será reembolsado através de n
n prestações periódicas de t euros cada, a primeira das quais a ocorrer no próprio momento prestações periódicas de t euros cada, a primeira das quais a ocorrer (k+ 1) períodos após o
em que o empréstimo foi contraído. momento em que o empréstimo foi contraído.

Decisão, num determinado momento “0”, de constituição de uma poupança através de n Decisão, num determinado momento “0”, de constituição de uma poupança através de n
depósitos periódicos de t euros cada, o primeiro dos quais a ser efetuado no próprio depósitos periódicos de t euros cada, o primeiro dos quais a ser efetuado (k+1) períodos
momento da tomada da decisão. após o momento em que foi tomada a decisão.
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5.1. Definição 5.1. Definição


Exemplo 1: Exemplo 2:

O Sr. Vieira deve as importâncias de 1.200 €, 1.800 €, 2.100 €, a vencer O Sr. Anacleto deve 3 importâncias de 1.000 € cada, vencíveis
respetivamente em 30/09/2016, 31/03/2017 e 30/09/2017. respetivamente em 30/09/2016, 31/12/2016 e 3O/12/2017.

Constituirá uma renda este conjunto de capitais? Constituirão estas importâncias uma renda?

Em caso afirmativo, indique o período da renda e os valores dos termos.

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5.1. Definição 5.1. Definição


Valor acumulado de uma Renda: Valor atual de uma Renda:
É a soma dos valores de todos os seus termos capitalizados a uma dada É a soma dos valores de todos os seus termos atualizados a uma dada
taxa, i, para o momento onde ocorre o último termo. taxa, i, para a origem. Pretende-se atualizar cada um
dos capitais t1, t2, t3, ..., tn, para o
t1, t2, t3, ..., tn são, cada um
momento 0.
por si, capitais únicos, pelo
Como são capitais únicos, esta
que a capitalização de cada
atualização é feita através da
um deles é efetuada através
aplicação do fator de atualização
do fator de capitalização
racional composta, a cada um
composta:
deles:
FCC n,i% = (1+i)n
FARC n,i% = (1+i)-n

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5. Rendas 5. Rendas

5.2. Tipologias 5.2. Tipologias


Quanto ao prazo de vigência (n.º de termos): Quanto ao valor dos seus termos:
Ø Rendas temporárias: O número de termos é limitado Ø Rendas constantes (ou de termos constantes): Os termos são
Ø Rendas perpétuas: O número de termos (pode ser considerado) todos do mesmo valor
ilimitado Ø Rendas variáveis (ou de termos variáveis): Os termos são de
diferentes valores

Quanto ao período da renda: Quanto ao momento de referência:


Ø Rendas inteiras: O período da renda coincide com o período a que Ø Rendas imediatas: O momento de referência da renda coincide
está reportada a taxa com a origem (MR = origem) ou situa-se após a origem (MR =
Ø Rendas fracionadas: O período da renda é diferente do período a origem + 1)
que está reportada a taxa Ø Rendas diferidas: O momento de referência da renda é anterior (k
períodos) à sua origem (MR = origem – k)

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5.2. Tipologias 5.2. Tipologias


Quanto ao vencimento dos termos: Quadro resumo das classificações quanto ao momento de referência e
Ø Rendas postecipadas (ou de termos normais): Os termos vencem ao vencimento dos termos:
no final de cada período
Ø Rendas antecipadas (ou de termos antecipados): Os termos
vencem no início de cada período

Bruno Pereira - ESTGF LSOL/1º ano 17 Bruno Pereira - ESTGF LSOL/1º ano 18

5. Rendas 5. Rendas

5.2. Tipologias 5.2. Tipologias


Quadro resumo das principais rendas e juro composto: Quadro resumo das principais rendas e juro composto:

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5.3. Aplicações das tipologias (perpétuas e constantes) 5.3. Aplicações das tipologias (perpétuas e constantes)
Exemplo 3:
Rendas Perpétuas
Naturalmente, no que respeita às rendas perpétuas, apenas faz sentido falar do seu valor
atual, nunca do seu valor acumulado. Considere uma renda com 100 termos anuais postecipados no valor de
1.000 € cada e calcule o valor atual (reportado à origem) do 1.º, do 50.º
Quando se diz que o número de termos é ou pode ser considerado ilimitado, isso não
significa obrigatoriamente que n seja infinito, apenas significa que n é suficientemente
e do 100.º termos, admitindo que vigora a taxa anual de:
elevado para que se possa assumir a renda como sendo perpétua. a) 10%
b) 15%
Aquilo que determina se uma determinada renda é (ou pode ser consideiada) perpétua
não é o valor de n, por si só, mas sim em conjunto com o valor da taxa considerada, i.

Ou seja, o facto do valor atual de cada um dos termos aproximar-se de “0” à medida que os
termos vão ficando mais distantes da origem, depende, não só dessa "distância temporal
(“n”) dos termos em relação à origem, mas sobretudo da taxa utilizada para efetuar a
atualização (“i”).

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5. Rendas 5. Rendas

5.3. Aplicações das tipologias (perpétuas e constantes) 5.3. Aplicações das tipologias (perpétuas e constantes)

Rendas Perpétuas de Termos Constantes: Rendas Perpétuas de Termos Constantes:

Uma renda perpétua, inteira, imediata, de termos normais e constantes pode Cálculo do valor atual:
representar-se genericamente do seguinte modo: O valor atual (reportado à origem) de uma renda perpétua, inteira, imediata, de
termos normais e constantes, que consiste na soma dos valores de todos os seus
termos atualizados para a origem, pode ser graficamente representado do
seguinte modo:

O facto de se indicar ∞ em vez de n pretende apenas simbolizar que se trata de


uma renda perpétua.

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5. Rendas

5.3. Aplicações das tipologias (perpétuas e constantes)

Rendas Perpétuas de Termos Constantes:

Cálculo do valor atual:


Trata-se de uma renda inteira, imediata, de termos normais e constantes (no valor
de t € cada, na qual podemos considerar que n → ∞ , cujo valor atual:

Considerando que n → ∞ : e (1 + i) -∞ → 0

Temos:

, em que é o fator de atualização que


reporta o valor à origem da renda.

Bruno Pereira - ESTGF LSOL/1º ano 25

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