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Anapaula Pellin

OAB/SC 34.024

EXCELENTÍSSIMO(a) SENHOR(a) DOUTOR(a) JUIZ(a) DE DIREITO DA 1ª


VARA DO TRABALHO DE JARAGUÁ DO SUL – SC

Autos n. 0000098-40.2018.5.12.0019

ANAPAULA PELLIN, brasileira, advogada, devidamente


inscrita na OAB/SC n. 34.024 (doc. 01), com endereço comercial na Rua João
Franzner, n. 115 – Sala 05, bairro São Luís, Jaraguá do Sul, SC, CEP 89.253-640,
em que contende com THAÍS KRAUSE RODRIGUES, igualmente qualificada, vem
respeitosamente à presença de Vossa Excelência, apresentar CONTESTAÇÃO, nos
seguintes termos:

1. DOS FATOS
Lastreada em inverazes e infundadas alegações, requer a
Autora pleitear a esta justiça especializada, a nulidade da despedida por justa
causa, com o consequente pagamento de verbas trabalhistas e seus consecutivos
reflexos, a retificação de sua função e data de admissão, além de dano moral.
Atribuiu à causa o valor de R$ 36.614,55 (trinta e seis mil seiscentos e quatorze
reais cinquenta e cinco centavos).

Rua João Franzner, n. 115 – Piso Superior | São Luís | Jaraguá do Sul | SC
Telefones: (47) 99975-0318 | E-mail: anapaulapellin@gmail.com
Anapaula Pellin
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1.1. Da Verdade dos Fatos


A Autora passou a prestar serviços esporádicos para a Ré em
janeiro de 2016 em sua residência; o qual era pago por hora e em espécie.

Em março de 2016, a Autora veio solicitar a Ré um aumento no


valor recebido pelos serviços prestados esporadicamente, declarando sua intenção
em realizar o pagamento de INSS como contribuinte autônomo.

Assim, estando a Ré procurando um prestador de serviços para


limpeza do escritório, ofereceu a Autora estender sua jornada de trabalho,
trabalhando três manhãs em sua residência (segunda, quarta e sexta) e duas
manhãs no escritório (terça e quinta) (doc. 02).

Pelo trabalho na residência e no escritório, a Autora passou a


receber o valor inicial de R$ 900,00 (novecentos reais) e ainda teve seu registro
efetuado, recebendo todos os direitos e reflexos trabalhistas e previdenciários.

Em 11 de dezembro de 2017, uma segunda-feira, a Ré


retornando de uma viagem, foi informada por funcionários do escritório, de que na
semana em que se encontrava ausente, a Autora chamou a todos e afirmou que lhe
haviam furtado dinheiro de dentro de sua bolsa, e que tal fato ocorrera dentro do
escritório, exigindo que o valor furtado fosse devolvido.

Declarou, ainda, que até a entrada de novos funcionários tais


fatos não ocorriam, insinuando, assim, que colaboradores, recém-contratados,
seriam os autores do furto.

Não satisfeita em afirmar tal furto, declarou, ainda, que


semanas antes desconfiava que o sogro da Ré também houvesse furtado dinheiro
dela, ou seja, sem provas, com meras alegações, declara que o sogro, avó dos
filhos da Autora é um ladrão e isso para várias pessoas.

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Ante o ocorrido, a Ré realizou a dispensa da Autora com justa


causa no dia 11 de dezembro de 2017 com base nos itens “X” e “XI” do artigo 27
da Lei Complementar n. 150/2015 (doc. 03).

Neste passo é de suma importância declarar que a relação


entre a Autora e a Ré ultrapassava os limites de empregado e empregador,
prestando a Ré assessoria jurídica para a Autora, sem cobrar qualquer valor desta,
bem como indicando-lhe positivamente para outros empregadores.

Tanto é verdade, que quando a Autora iniciou como diarista


com a Ré, aquela possuía um trabalho de algumas poucas horas em um
condomínio, depois de sua admissão passou a ter a semana inteira cheia com
outras limpezas (na residência da sogra da Ré e mais uma condômina do prédio,
conhecida da Ré).

Desta forma, jamais cogitou a Ré que caso tivesse que realizar


a dispensa da Autora o teria que fazer por motivo de mau procedimento desta, e
por esta acusar os demais funcionários, e muito pior, seu sogro de furtarem-lhe
dinheiro.

2. DO DIREITO

2.1. Da Lei Aplicável


Inicialmente esclarece-se que a relação de trabalho existente
entre as partes é regida pela Lei n. 150/2015, tendo em vista tratar-se de serviços
de limpeza realizados na residência da Ré.

Apesar de a Autora realizar a limpeza também no escritório,


importante esclarecer que mais de 62% (sessenta e dois por cento) das horas
contratadas era realizado na residência familiar da Ré.

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2.2. Do Contrato de Trabalho


A Autora aduz ter sido contratada em janeiro de 2016, contudo
passou a ter seu contrato de trabalho registrado em CTPS apenas em março do
mesmo ano.

Conforme anteriormente explicitado, quando a Autora iniciou


os trabalhos com a Ré, aquela exercia suas funções esporadicamente na residência
desta, recebendo por hora e em espécie.

Posteriormente, em março de 2016, as partes acordaram em


aumentar a jornada de trabalho da Autora, passando esta a trabalhar três manhãs
na residência (das 7h30 as 12h00) e duas manhãs no escritório (das 8h30 as
12h00), haja vista o interesse da Autora em contribuir com o INSS.

Desta forma, não há que se falar em vinculo empregatício nos


dois meses que antecederam a contratação da Autora, haja vista que o artigo 1º da
Lei Complementar n. 150/2015 frisa:

Art. 1º. Ao empregado doméstico, assim considerado


aquele que presta serviços de forma contínua,
subordinada, onerosa e pessoal e de finalidade não
lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial
destas, por mais de 2 (dois) dias por semana, aplica-se o
disposto nesta Lei.

Assim, sem razão os fatos apresentados pela Autora, haja vista


que os dois meses que antecederam sua contratação trata-se de período onde se
considera como trabalho eventual/avulso.

Quanto à baixa da CTPS da Autora, a Ré jamais se opôs a tal


ato, sendo necessário tão somente que a mesma compareça munida de tal
documento para que o ato se concretize.

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2.3. Da Demissão Ilegal – Nulidade da Justa Causa


A Autora fora demitida por justa causa na data de 11 de
dezembro de 2017, com base nos itens “X” e “XI” do artigo 27 da Lei
Complementar n. 150/2015.

Repete-se, no dia 11 de dezembro, a Ré retornando de uma


viagem, foi informada por funcionários do escritório, de que na semana em que se
encontrava ausente, a Autora chamou a todos e afirmou que havia sido furtada
dentro do escritório e exigiu que o valor furtado fosse devolvido.

Fatos estes apresentados pela mesma em sua exordial.

Não satisfeita em afirmar tal furto, declarou, ainda, que


semanas antes desconfiava que o sogro da Ré também houvesse furtado dinheiro
dela, ou seja, sem provas, com meras alegações, declara que parente (muito
próximo) da Ré é um ladrão e isso para várias pessoas.

Importante frisar neste ponto que a Autora declara que os


furtos ocorreram em 21 de novembro e 04 de dezembro, contudo a Ré viajou em
02 de dezembro, e até o dia 11, não tinha conhecimento de qualquer furto.

Assim, questiona-se, por que a Autora não informou a Ré sobre


o furto ocorrido no dia 21 de novembro?

E já se responde, porque o furto do dia 21 de novembro, o qual


agora é imputado aos funcionários do escritório, inicialmente foi imputado ao sogro
da Ré, sendo esta a afirmação da Autora aos demais funcionários.

Assim, denota-se que a dispensa com justa causa da Autora


não fora arbitraria, mas embasada em lei.

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Neste ponto trazem-se os comentários dos doutrinadores


Eduardo Gabriel Saad, José Eduardo Duarte Saad e Ana Maria Saad Castello
Branco:

As alíneas “j” e “k” reportam-se a justas causas que, em


sua essência, são iguais. Diferem na condição dos
ofendidos. A primeira consiste em ato lesivo da honra e
da boa fama perpetrado pelo empregado, no local do
serviço, contra qualquer pessoa ou ofensas físicas nas
mesmas circunstâncias, a menos que se trate de legítima
defesa própria ou de outrem. No caso, o ofendido pode
ser um outro trabalhador ou pessoa estranha.
Na letra “k”, o ofendido — nos dois episódios — é o
empregador ou um superior hierárquico do empregado
faltoso. Todavia, na espécie, a falta se configura tanto no
interior da empresa como fora dela.

O comentário é referente aos itens “j” e “k” do artigo 482 da


CLT os quais se assemelham com os itens “X” e “XI” do artigo 27 da Lei
Complementar n. 150/2015.

O ato praticado pela Autora pode e deve ser caracterizado


como ofensa a honra, pois acusar pessoas de um crime (sem provas) é calúnia.

Como poderia a Ré manter o contrato de trabalho com a


Autora se esta acusou o sogro da Ré de lhe furtar dinheiro, bem como a todos os
demais funcionários?

O desembargador Sebastião Geraldo de Oliveira em julgamento


do Recurso Ordinário Trabalhista n. 0107400-11.2009.5.03.0144 classificou o mau
procedimento do empregado “[...] como infração passível de ruptura
contratual por justa causa (artigo 482 , b, da CLT ), caracteriza-se por
qualquer comportamento que evidencie a quebra do decoro, respeito ou a
falta de compostura por parte do empregado, capazes de prejudicar o
ambiente de trabalho, que não se enquadrem nas demais infrações
previstas na norma consolidada.”.

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Ante todo o exposto não há que se falar em nulidade da justa


causa, pois o constrangimento que a Autora vez os demais profissionais passarem,
e também o dessabor pelo comentário acerca do sogro da Ré, é sim causa de
demissão, bem como de justa causa por mau procedimento.

2.4. Da Inexistência de Justa Causa


Quando a Ré realizou a rescisão do contrato de trabalho a
mesma informou a Autora acerca dos motivos que levaram a ruptura do mesmo,
bem como os motivos da justa causa.

Informou que a rescisão se deu em razão da mesma ter


acusado os demais funcionários, bem como seu sogro do alegado furto.

Assim, sem razões para a reversão da rescisão por justa causa,


a qual foi fundamentada e poderá ser comprovada através de prova testemunhal.

2.5. Da Falta Grave do Empregador


Quando da contratação da Autora, a mesma foi informada de
suas atividades, tanto na residência da Ré quanto no escritório, não existindo,
jamais, serviço alheio ao contratado, pois a Autora tomou conhecimento e aceitou a
proposta feita.

Outrossim, no escritório a limpeza era tão somente dos


banheiros e chão, sendo que não se pode considerar a limpeza dos banheiros como
serviço pesado, haja vista não se tratar de local com intensa circulação de pessoas,
tanto é verdade que a empresa esta dispensada de realizar obras de acessibilidade,
nos termos do art. 4º do Decreto Municipal nº 11.419/2017,

Ainda, esporadicamente era realizada limpeza das mesas e da


geladeira, assim, as atividades realizadas no escritório eram semelhantes, mas
mais simples que na residência da Ré.

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Quanto às obrigações trabalhistas, importante informar que a


Autora sempre recebeu por todo o trabalho realizado, tanto na residência quanto no
escritório, bem como possuía todos os seus direitos, férias, décimo terceiro, FGTS
devidamente pagos.

Por um simples calculo podemos fazer uma simulação caso a


Autora fosse contratada com dois contratos de trabalho distintos:

O valor recebido como último salário pela Autora foi de R$


981,00 (novecentos e oitenta e um reais) por 20h30min (vinte horas e trinta
minutos) semanais, totalizando 102h30min (cento e duas horas e trinta minutos)
mensais (média), ou seja, R$ 9,57 (nove reais e cinquenta e sete centavos) por
hora.

CONTRATO 01, na residência da Ré, segundas, quartas e


sextas-feiras das 7h30 as 12h00, ao total de 13h30min (treze horas e trinta
minutos) por semana e 67h30min (sessenta e sete horas e trinta minutos) por
mês, ao valor de R$ 9,57 (nove reais e cinquenta e sete centavos) à hora, o valor
seria de R$ 645,98 (seiscentos e quarenta e cinco reais e noventa e oito centavos)
por mês.

CONTRATO 02, no escritório, terças e quintas-feiras das 8h30


às 12h, ao total de 7h (sete horas) por semana e 35h (trinta e cinco horas) por
mês.

Neste caso teríamos que seguir a CCT da empresa (Sintrapav e


Sinaenco), que previa em 2016 o salário base de R$ 1.050,00 (um mil e cinquenta
reais) para uma jornada de 220h (duzentos e vinte horas) por mês (doc. 04).

Assim, o valor recebido pela Autora se contratada diretamente


pela empresa seria de R$ 167,05 (cento e sessenta e sete reais e cinco centavos)
por mês, com reajuste de 0,58% a partir de 01 de maio de 2016, passando a R$

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168,02 (cento e sessenta e oito reais e dois centavos) (doc. 05), sem reajuste no
período de 2017/2018, pois até presente momento não houve CCT.

Desta forma, o valor total final recebido pela Autora seria de


R$ 814,00 (oitocentos e quatorze reais), ou seja, o valor proposto pela Ré é
superior e todas as obrigações trabalhistas foram devidamente pagas; a Autora
apesar de possuir dois locais de trabalhos recebia todos os valores devidos e a Ré
recolhia todas as verbas referentes a tal contrato de trabalho.

Assim, a Autora em nada perdeu, pois teve seus direitos e


obrigações trabalhistas e previdenciários devidamente adimplidos e cumpridos.

Mesmo que se entenda que não haveria diferença salarial, pois


os valores seriam divididos proporcionalmente as horas trabalhadas em cada local,
os reflexos seriam igualmente os mesmos.

Quanto ao período de janeiro e fevereiro de 2016, conforme


apresentado pela própria Autora, a época, a mesma cumpria sua jornada
exclusivamente e esporadicamente na residência da Ré, contudo deixou de informar
aquela que sua jornada não ultrapassava duas vezes por semana.

Assim, conforme previsão da Lei Complementar n. 150/2015


frisa-se:

Art. 1º. Ao empregado doméstico, assim considerado


aquele que presta serviços de forma contínua,
subordinada, onerosa e pessoal e de finalidade não
lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial
destas, por mais de 2 (dois) dias por semana, aplica-se o
disposto nesta Lei.

Neste ponto, não existem diferenças salariais ou reflexos a


serem pagos pela Ré, tanto em razão do trabalho ser exercido em dois locais, bem
como em razão de qualquer atividade exercida anteriormente a admissão.

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Quanto aos EPIS, importante frisar que a Autora sempre teve a


sua disposição e utilizava os equipamentos, o que pode ser comprovado por via
testemunhal.

A Autora alega que “são devidos os valores equivalentes à


diferença entre o cargo para o qual o empregado foi contratado e aquele que ela
também efetivamente exercia na empresa”.

Ocorre, Excelência, que tanto a função exercida na residência


quanto no escritório eram semelhantes, podendo-se disser que a função na
residência era até mesmo mais trabalhosa.

Outrossim, a Autora jamais deixou de receber ou a Ré de


recolher qualquer reflexo trabalhista e previdenciário que lhe seria devido, pois a
contratação como empregada doméstica ou como auxiliar de serviços gerais
(limpeza) neste caso se assemelhavam.

Quanto aos meses iniciais de 2016, novamente, frisa-se, a


Autora exercia esporadicamente a função tão somente na residência da Ré e não
ultrapassava duas vezes por semana, configurando trabalho eventual/avulso de
diarista.

Desta forma, sem razão os pedidos feitos pela Autora, haja


vista inexistir diferença salarial ou de reflexos relativos à retificação do
cargo/função, ainda, porque nos meses de janeiro e fevereiro de 2016 o trabalho
era exercido eventualmente e não superior a duas vezes por semana na residência
da Ré.

2.6. Das Verbas Rescisórias


Conforme anteriormente explicitado inexistem verbas
inadimplidas, igualmente as verbas rescisórias, haja vista que o causador da
rescisão por justa causa foi a Autora, a qual agiu incorretamente, ao acusar a todos

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os funcionários, bem como o sogro da Ré de ladrão, tornando inviável sua


mantença como funcionária da Ré.

Quanto às verbas requeridas por amor a argumentação cita-se:

- Diferenças salariais: estas apenas existiriam se houvesse


desvio de função, o que no caso em questão não se verifica, pois as atividades
realizadas pela Autora na residência ou no escritório eram semelhantes. Mesmo que
se entenda pela necessidade de dois contratos de trabalho distintos, o que de fato a
Ré não concorda, não existe diferença salarial;

- Aviso Prévio, Décimo Terceiro Proporcional, Férias


Proporcionais acrescidas de 1/3 legal e FGTS sobre o Aviso Prévio: a Autora teve
seu contrato de trabalho rompido por culpa exclusiva da mesma, a qual ofendeu e
caluniou a todos, familiar da Ré e pessoas de seu convívio diário. Assim, sendo sua
rescisão embasada no artigo 27, itens “X” e “XI” da Lei Complementar n. 150/2015,
perde a Autora o direito a todas estas verbas rescisórias;

- Multa de 40% sobre o FGTS: a multa de 40% sobre o valor


depositado de FGTS era recolhido mensalmente pela Ré quando do pagamento da
guia do e-social, equivalente a 3,2% do valor do depósito do FGTS;

- Adicional de insalubridade: De acordo com a Consolidação


das Leis do Trabalho – CLT, atividades insalubres são aquelas que expõem os
trabalhadores a condições prejudiciais à sua saúde, ou seja, há agentes causadores
de doenças (insalubridade). Com a aprovação da PEC das Domésticas, foi editada a
Emenda Constitucional nº 72/2013 e para regulamentar a Emenda, foi editada a Lei
Complementar nº 150/2015.

Contudo, quando da aprovação da lei, esta não previu o


adicional de insalubridade. Na verdade, a princípio, não há prejuízo, pois o
empregado doméstico não atua em ambiente insalubre e sua exposição a agentes

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de risco é eventual, o que não lhe garantiria o adicional, mesmo que houvesse
previsão legal.

Ademais, há o fato de que as tarefas desempenhadas não


possuem grau de nocividade em patamar suficiente para colocar a saúde do
trabalhador em risco, seja na manipulação do lixo doméstico ou na limpeza de
banheiros, por exemplo. Esse é o entendimento do Tribunal Superior do Trabalho –
TST.

Assim, sem cabimento o pedido da Autora ao adicional de


insalubridade.

- Férias em dobro: Em seus pedidos finais a Autora requereu o


pagamento de férias em dobro, tal direito não esta previsto na LC n. 150/2015,
contudo, utiliza-se complementarmente a CLT, a qual assegura tal direito em seus
artigos 134 e 137, os quais preceituam:

Art. 134 - As férias serão concedidas por ato do


empregador, em um só período, nos 12 (doze) meses
subsequentes à data em que o empregado tiver
adquirido o direito.
Art. 137 - Sempre que as férias forem concedidas após o
prazo de que trata o art. 134, o empregador pagará em
dobro a respectiva remuneração.

Conforme se lê dos artigos supracitados, o empregado terá


direito ao pagamento de férias em dobro, caso não lhe sejam conferidas as férias
no período de 12 (doze) meses após ter adquirido o direito.

Conforme se verifica do documento juntado (doc. 06) a Autora


usufruiu de suas férias referentes ao período de 2016/2017, antes mesmo de ter
adquirido o direito, haja vista ter lhe sido concedida as férias no período de
22/12/2016 a 06/01/2017.

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Quanto ao período de 2017/2018, a Autora perdeu o direito de


receber as férias proporcionais, haja vista sua rescisão ter ocorrido por justa causa,
conforme preceitua o § 1º do art. 17 da Lei Complementar n. 150/2015.

Assim, o pedido de pagamento de férias em dobro da Autora


não condiz com os fatos, haja vista que todos os seus direitos foram devidamente
atendidos pela Ré.

2.7. Do Intervalo Intrajornada


A jornada de trabalho da Autora era segundas, quartas e
sextas-feiras das 7h30 as 12h00, ou seja, 4h30min (quatro horas e trinta minutos)
e terças e quintas-feiras das 8h30 às 12h, totalizando 3h30min (três horas e trinta
minutos).

Assim, nas atividades exercidas as terças e quintas-feiras a


Autora não tinha direito a intervalo intrajornada e nas segundas, quartas e sextas-
feiras, a Autora realizava seu intervalo conforme determina a lei.

2.8. Do Seguro Desemprego


Conforme amplamente explicitado anteriormente a rescisão do
contrato de trabalho foi motivado unicamente por culpa da Autora, que acusou
diversas pessoas, dentre elas, o sogro da Ré, de furtarem-lhe dinheiro.

Assim, sem cabimento o pedido da Autora quanto à entrega


das guias do seguro desemprego.

Contudo, caso entenda Vossa Excelência, por afastar a justa


causa com o consequente pagamento de indenização, o que de fato não se espera,
frisa-se que o valor deve ser aquele previsto na Lei Complementar n. 150/2015, in
verbis:

Art. 26. O empregado doméstico que for dispensado


sem justa causa fará jus ao benefício do seguro-
desemprego, na forma da Lei no 7.998, de 11 de janeiro

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de 1990, no valor de 1 (um) salário-mínimo, por período


máximo de 3 (três) meses, de forma contínua ou
alternada.

Assim, ao valor de R$ 954,00 (novecentos e cinquenta e quatro


reais) pelo período de 03 meses, totalizando R$ 2.862,00 (dois mil oitocentos e
sessenta e dois reais), bem como devendo a Autora comprovar que se manteve
desempregada durante os três meses posterior à rescisão.

2.9. Da Multa do Art. 477, da CLT


A Autora declara que a Ré burlou a despedida ao fazê-la
motivada em justa causa, o que daria amparo à reversão desta e a consequente
condenação da Ré ao pagamento da multa prevista no § 8º, do artigo 477, da CLT.

Todavia, a época da rescisão a Ré realizou a mesma motivada


em justa causa, haja vista o ofensa a honra praticada pela Autora, amparada pelos
itens “X” e “XI do artigo 27 da Lei Complementar n. 150/2015.

Posto isso, sem cabimento o pedido da Autora para a


condenação da Ré na multa prevista no § 8º, do artigo 477, da CLT, primeiramente
por ausência de culpa desta.

Entretanto, havendo o entendimento de Vossa Excelência pela


reversão da justa causa, o que jamais se espera, é entendimento jurisprudência
que existindo controvérsia quanto à justa causa, não cabe a aplicação da referida
multa.

RECURSO ORDINÁRIO. MULTA PREVISTA NO


PARÁGRAFO 8º DO ART. 477 DA CLT. EXISTÊNCIA DE
RAZOÁVEL CONTROVÉRSIA ACERCA DO DIREITO ÀS
VERBAS RESCISÓRIAS POSTULADAS. NÃO APLICAÇÃO. A
multa prevista no parágrafo 8º do art. 477 da CLT é
devida apenas quando não quitadas as verbas salariais
incontroversas no prazo estabelecido no parágrafo 6º do
aludido dispositivo legal. Havendo razoável controvérsia
acerca do direito às parcelas rescisórias postuladas,

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somente dirimida em Juízo, não há que se falar em


atraso na satisfação da obrigação e, por conseguinte, em
aplicação da penalidade. (TRT-2 - RO:
00006095720135020030 SP 00006095720135020030 A28,
Relator: MARCELO FREIRE GONÇALVES, Data de Julgamento:
07/05/2015, 12ª TURMA, Data de Publicação: 15/05/2015).

Todavia, deve-se entender que a multa prevista no parágrafo


8º do art. 477 da CLT é devida apenas quando não quitadas às verbas salariais
incontroversas no prazo estabelecido no parágrafo 6º do aludido dispositivo legal, o
que não ocorreu no caso em tela.

Havendo razoável controvérsia acerca do direito às parcelas


rescisórias postuladas e sendo somente dirimida em Juízo, não há que se falar em
atraso na satisfação da obrigação e, por conseguinte, em aplicação da penalidade.

Assim, requer-se a inaplicabilidade da multa prevista no art.


477 da CLT, por não cabimento no caso em questão.

2.10. Da Dobra do Art. 467 da CLT


Quanto ao pagamento em dobro se mantem o entendimento
quanto à multa prevista no art. 477; no caso em questão a Autora declara que a
justa causa foi imotivada, enquanto que a Ré a fundamentou nos itens “X” e “XI”
do artigo 27 da Lei Complementar n. 150/2015.

MULTA DO ART. 467 DA CLT. CONTROVÉRSIA. NÃO


CABIMENTO. Existindo controvérsia quanto às verbas
rescisórias, revela-se incabível a condenação do
empregador ao pagamento da multa do art. 467 da CLT.
(TRT12 - RO - 0001236-86.2017.5.12.0048 , Rel. NIVALDO
STANKIEWICZ , 5ª Câmara , Data de Assinatura: 21/03/2018).

Desta forma, mesmo que entenda Vossa Excelência pela


reversão da justa causa não há que se falar em aplicabilidade do pagamento em
dobro previsto no art. 467 da CLT, haja vista a controvérsia.

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2.11. Do Dano Moral


A Autora alega ter sofrido abalos morais em razão de sua
dispensa por justa causa, contudo o motivo de tal ruptura foi de culpa exclusiva da
mesma, a qual jamais deveria ter acusado os demais funcionários, muito menos o
sogro da Ré para estes, dos furtos que alega ter sofrido nas dependências do
escritório.

JUSTA CAUSA - PROVA - INDENIZAÇÃO POR DANOS


MORAIS - Demonstrado o elemento ensejador de
demissão por justa causa, em razão de abandono do
emprego, é de ser mantida a sentença que ratificou o
rompimento motivado do vínculo empregatício; por via
de consequência, e não havendo outras condutas da
empregadora que desabonassem a empregada, deve ser
mantido, também, o indeferimento da indenização por
danos morais. (TRT-20 00003364320135200009, Relator:
JORGE ANTONIO ANDRADE CARDOSO, Data de Publicação:
06/09/2013).

Cumpre mencionar, que o ato de dispensa motivada da Autora


não foi além do exercício do poder diretivo da Ré de romper unilateralmente o
contrato de trabalho, assim, não havendo qualquer prova de que o ato tenha
repercutido e tido publicidade de forma a causar dano à sua honra e à imagem,
sem razão o pedido de dano moral.

Contudo, mesmo que entenda Vossa Excelência pela


desconsideração da justa causa, o entendimento jurisprudência se mantem, no
sentido de negar provimento ao pedido de dano moral:

REVERSÃO DA JUSTA CAUSA. DANOS MORAIS NÃO


EVIDENCIADOS. "REVERSÃO DA JUSTA CAUSA. DANOS
MORAIS NÃO EVIDENCIADOS. Embora a dispensa do
reclamante por justa causa tenha sido aplicada de forma
excessiva pela reclamada, tanto assim que a sentença
determinou a sua reversão, entendo que tal fato, por si
só, não caracteriza violação aos atributos da
personalidade humana, nem ofende os valores abstratos
da pessoa, sendo incapaz de provocar o sofrimento
moral ensejador do pagamento de indenização. Porém, a

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condenação deve ser mantida em face do princípio da


non reformatio in pejus." (TRT-18 2354200910218008 GO
02354-2009-102-18-00-8, Relator: ALDON DO VALE ALVES
TAGLIALEGNA, Data de Publicação: DJ Eletrônico Ano IV, Nº
103 de 16.06.2010, pág.11/12.).

INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL E MATERIAL.


REVERSÃO DA JUSTA CAUSA. O fato de a empregadora
ter erroneamente enquadrado a despedida como
motivada não gera direito à indenização por dano moral
e material, pois a legislação prevê penalidade específica
para o caso de reversão da justa causa. É inegável que a
dispensa provoca consequências negativas na vida de
qualquer trabalhador, desestabilizando sua situação
financeira, todavia, o direito potestativo da empregadora
em rescindir unilateralmente o contra. (TRT-15 - RO:
15691 SP 015691/2011, Relator: LUIZ ROBERTO NUNES, Data
de Publicação: 25/03/2011).

O Doutrinador Yussef Said Cahali, citado por Sebastião Geraldo


de Oliveira na sua obra Indenizações por Acidente de Trabalho ou Doença
Ocupacional, 1ª Edição, assevera que dano moral é: "tudo aquilo que molesta
gravemente a alma humana, ferindo-lhe gravemente os valores
fundamentais inerentes à sua personalidade ou reconhecidos pela
sociedade em que está integrado, qualifica-se, em linha de princípio, como
dano moral; não há como enumerá-los exaustivamente, evidenciado-se na
dor, na angústia, sofrimento, na tristeza pela ausência de um ente querido
falecido; no desprestígio, na desconsideração social, no descrédito á
reputação, na humilhação pública, no devassamento da privacidade; no
desequilíbrio da normalidade psíquica, nos traumatismos emocionais, na
depressão ou no desgaste psicológico, nas situações de constrangimento
moral".

Para a caracterização do dano moral é necessário que fique


devidamente demonstrado à existência de um dano a um bem ou interesse jurídico,
que tal dano seja decorrência de uma ação ou omissão, e que haja prova do nexo
causal e da culpa.

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Diante dos fatos apresentados pela Autora conjuntamente à


dispensa por justa causa, aliado ao fato de que seu pedido por dano moral se deve
tão somente a rescisão contratual, haja vista inexistir outras condutas, da Ré, que
desabonassem a Autora, não há razões para se reconhecer a existência de direito à
percepção de indenização por danos morais.

2.12. Do Quantum Indenizatório


Por fim, mesmo que entenda Vossa Excelência por condenar a
Ré ao pagamento de danos morais, importante frisar que o valor deve ser razoável
e proporcional.

Como ensina José Raffelli Santini:

Na verdade, inexistindo critérios previstos por lei a


indenização deve ser entregue ao livre arbítrio do
julgador que, evidentemente, ao apreciar o caso
concreto submetido a exame fará a entrega da prestação
jurisdicional de forma livre e consciente, à luz das
provas que forem produzidas. [...] Melhor fora,
evidentemente, que existisse em nossa legislação um
sistema que concedesse ao juiz uma faixa de atuação,
onde se pudesse graduar a reparação de acordo com o
caso concreto. Entretanto, isso inexiste. O que
prepondera, tanto na doutrina, como na jurisprudência,
é o entendimento de que a fixação do dano moral deve
ficar ao prudente arbítrio do juiz. (SANTINI, José Raffelli.
Dano moral: doutrina, jurisprudência e prática. São Paulo: Agá
Júris, 2000, p. 45).

É consabido que "A indenização por danos morais deve ser


fixada com ponderação, levando-se em conta o abalo experimentado, o ato
que o gerou e a situação econômica do lesado; não podendo ser
exorbitante, a ponto de gerar enriquecimento, nem irrisória, dando azo à
reincidência." (TJSC – Apelação Cível n. 2006.013619-0, De Laguna. Relator: Des.
Fernando Carioni, Julgado Em 03/08/2006).

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Desta forma, o valor requerido está exageradamente


desproporcional, devendo o quantum indenizatório ser arbitrado de forma razoável
e proporcionalmente, para tanto a Ré apresenta sua última folha de pagamento
(doc. 07).

2.13. Dos Valores Requeridos


Neste momento impugnam-se os valores cobrados pela Autora,
caso Vossa Excelência entenda pela desconsideração da justa causa, o que de fato
não se espera, levando-se em consideração que o contrato de trabalho firmado
entre as parte é regido pela Lei Complementar n. 150/2015:

Referente a Valor Requerido LC n. 150/2015


Saldo de Salário R$ 348,10
Aviso Prévio R$ 1.177,10 R$ 1.079,10
Férias em dobro R$ 1.308,00 Sem cabimento
Férias e 1/3 R$ 1.199,00 R$ 392,40 (Férias Proporcionais –
09/12) + R$ 145,33 (Adicional de 1/3)
+ R$ 43,60 (Sobre Aviso Prévio)
FGTS R$ 1.805,04 R$ 298,29
Multa de 40% FGTS R$ 722,00 Valor já depositado mensalmente
Horas intrajornada R$ 4.625,41 Sem cabimento
13º Salário R$ 981,00 R$ 899,25 (Proporcional – 11/12) +
R$ 81,75 (Sobre Aviso Prévio)
Dano Moral R$ 20.000,00 Sem cabimento - Controvérsia
Seguro Desemprego R$ 3.816,00 R$ 2.862,00
Multa art. 477 da CLT R$ 981,00 Sem cabimento - Controvérsia
Multa art. 467 da CLT Sem cabimento - Controvérsia
Descontos R$ 27,84 (INSS do Empregado) + R$
78,48 (INSS sobre 13º Salário)
R$ 36.614,55 R$ 6.043,50

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Neste ponto, esclarece-se que o calculo foi realizado


diretamente no sistema do e-social, conforme faz prova o documento anexo (doc.
08).

2.14. Da Litigância de Má-Fé


É o improbus litigator, que utiliza procedimentos
deliberadamente escusos, com o objetivo de vencer, como, omitindo os fatos e
alterando a verdade deles. As condutas aqui previstas são exemplos do
descumprimento do dever de probidade estampado no artigo 14 do Código de
Processo Civil.

No mesmo sentido, o art. 17 do mesmo codex, enumera os


casos onde ocorre a litigância de má-fé, devendo ser ressaltado que litigância de
má-fé que autoriza a condenação em perdas e danos, é a resultante da relação
processual e não da relação material envolvida no processo sob julgamento.

Sobre o tema, o Superior Tribunal de Justiça, assim se


manifestou:

O processo é instrumento de satisfação do interesse


público na composição dos litígios mediante a correta
aplicação da lei. Cabe ao magistrado reprimir os atos
atentatórios à dignidade da justiça, e assim poderá
impor ao litigante de má-fé, no mesmo processo e
independentemente de solicitação da outra parte, a
indenização referida no art. 18 do CPC, que apresenta
caráter nítido de pena pecuniária. (RE n° 17608-SP, REl.
Min. Athos Gusmão Carneiro, publica in DJU/Seção 1 de
03.08.1992)

Na mesma esteira, o professor Carvalho Santos, em sua obra


Código de Processo Interpretado, 2ª Ed., Rio de Janeiro, 1940, vol. 1 pág. 91,
salienta: "[...] que não se deve tolerar dos litigantes a utilização de
expediente em que se procure arrancar do punho do juiz sentença injusta,
calcada na ignomínia e distorção da vontade processual, com que se
disfarça a exteriorização da fraude e se exige em princípio o prejuízo da
injustiça.".

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Mutatis Mutandi, as inovações introduzidas pela Lei n°


8.952/94, "teve dois objetivos ao alterar a redação" do artigo 18 do CPC, como
doutrina o Ministro do Superior Tribunal de Justiça Sálvio de Figueiredo Teixeira,
em sua obra Código de Processo Civil Anotado, ed. Saraiva, 6ª Ed., 1996, pg. 19:

O processo é instrumento de jurisdição e com escopos


jurídico, político e social, e, o processo contemporâneo,
além de prestigiar o princípio da lealdade, tem perfil
predominantemente público, razão pela qual incumbe ao
Juiz que o dirige prevenir e reprimir de ofício, qualquer
ato atentatório à dignidade da justiça.

Impõe assinalar que a Autora altera a verdade dos fatos, de


forma sofismática, ao pleitear a reversão da justa causa, e, por via de consequência
a condenação da Ré nas indenizações trabalhistas pleiteadas, utilizando-se do
referido processo, por estar agraciado pelos benefícios da assistência judiciária
gratuita, com a certeza de que caso o seu pleito seja negado por este H. Juízo,
nenhuma penalidade será aplicada a esta.

Incorre desse modo a Autora, nos incisos II e III do art. 17 do


Código de Processo Civil, ao utilizar-se do presente processo com afirmações falsas,
sabendo-se que a causadora da ruptura do contrato de trabalho foi à própria
Autora, com o intuito de enriquecer-se sem causa.

2.15. Da Compensação
"Ad cautelam", advindo condenação ao pagamento de
quaisquer das verbas pleiteadas, o que se admite apenas por argumentar, requer-
se a compensação de todos os valores comprovadamente pagos a qualquer título,
durante o período laborativo conforme o artigo 767 da CLT.

2.16. Dos Juros e da Correção Monetária


Em caso de eventual condenação, o que se admite apenas
como argumento, os juros e correção monetária devem seguir os ditames da
Legislação pertinentes em vigor.

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2.17. Dos Recolhimentos Fiscais e Previdenciários


Em caso de eventual condenação deve a sentença descriminar
as verbas sob as quais incidem contribuição previdenciária, nos termos do art. 43
da Lei nº 8.212/91 alterada pela Lei nº 8.620/93.

Ainda, no total da condenação deve ser abatido o valor


correspondente à parcela do empregado para a Previdência Social, pois constitui
obrigação do empregado tal recolhimento, segundo a alínea “c”, do parágrafo único
do artigo 16 do Decreto 2173/97.

Ora, havendo obrigação legal do recolhimento por parte do


empregado, não se justifica que a Ré deva arcar sozinha com as contribuições,
devendo ser deduzida do total do crédito da Autora o valor da parte que lhe cabe
para a Previdência Social.

3. DA IMPUGNAÇÃO DOS PEDIDOS


Impugnam-se TODOS os pedidos da Autora eis que
manifestamente improcedentes não merecendo guarida, bem como por terem sido
devidamente pagos e a justa causa ter ocorrido por culpa exclusiva desta.

Vai impugnado:

 O pedido de nulidade da despedida por justa causa;


 A rogativa de retificação do contrato de trabalho para
serviços gerais, bem como a admissão em 10 de janeiro de
2016;
 O requerimento de condenação da Ré ao pagamento de
aviso prévio, férias em dobro e proporcionais;
 O pedido de pagamento do FGTS depositado, bem como da
multa;
 A rogativa de pagamento das horas intrajornada, bem como
do 13º salário;

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 O requerimento de condenação e pagamento de dano morais


e seguro desemprego;
 O pedido de condenação da Ré nas multas previstas no art.
477 e 467 da CLT;
 Honorários advocatícios.

4. DOS REQUERIMENTOS
a) Isto posto, requer a Vossa Excelência o recebimento da
presente Contestação, e ao final julgar improcedente a presente demanda, com
extinção do feito com resolução de mérito, condenando a Autora ao pagamento das
custas processuais;

b) Protesta-se pela produção de todos os meios de prova em


direito admitidos para a demonstração do alegado, especialmente o depoimento
pessoal da Autora, sob pena de confissão, inquirição de testemunhas e outras mais
cuja conveniência se verifique oportunamente;

c) Seja declarada a aplicabilidade da Lei n. 150/2015 sob a


relação contratual existente entre as partes;

d) Por derradeiro, com suporte no parágrafo 2°, do art. 18, do


CPC, requer seja condenada a Autora a pagar o valor da indenização a ser fixado
por esse H. Juízo, em razão da litigância de má-fé manifestamente comprovada nos
autos.

Nestes termos, pede deferimento.


Jaraguá do Sul, 04 de abril de 2018.

Anapaula Pellin
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