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Manual de Procedimentos

Temática Contábil e Balanços

As firmas e os órgãos reguladores são incentiva- 5. RESPONSÁVEIS PELA GOVERNANÇA


dos a considerar se entidades adicionais, ou certas
Mesmo quando não requerido pelas normas de
categorias de entidades, devem ser tratadas como
auditoria aplicáveis, por lei ou regulamento, é incentivada
entidades de interesse público porque têm grande
a comunicação regular entre as firmas e os responsáveis
número e ampla gama de partes interessadas.
pela governança do cliente de auditoria sobre relaciona-
Os fatores a serem considerados incluem: mentos e outros assuntos que podem ser, na opinião da
firma, razoavelmente relacionados com a independência.
a) a natureza do negócio, como a detenção de
ativos na função de trustee para grande núme- Essa comunicação permite aos responsáveis pela
ro de partes interessadas. Exemplos podem governança:
incluir instituições financeiras, como bancos e
companhias de seguro, e fundos de pensão; a) considerar o julgamento da firma na identifica-
ção e avaliação de ameaças à independência;
b) porte; e
b) considerar a adequação de salvaguardas apli-
c) número de empregados. cadas para eliminá-las ou reduzi-las a um nível
aceitável; e
4. ENTIDADES RELACIONADAS
c) tomar as medidas apropriadas. Essa aborda-
No caso de cliente de auditoria que é companhia gem pode ser especialmente útil em relação a
de capital aberto, as referências a um cliente de audi- ameaças de intimidação e de familiaridade.
toria incluem as entidades relacionadas do cliente
(exceto se especificado de outra forma). Em relação à comunicação com os responsáveis
pela governança, a firma deve determinar, conside-
Para todos os outros clientes de auditoria, as rando a natureza e a importância das circunstâncias
referências ao cliente de auditoria incluem entidades e o assunto a ser comunicado, quais são as pessoas
relacionadas sobre as quais o cliente tem controle apropriadas na estrutura de governança da entidade
direto ou indireto. Quando a equipe de auditoria sabe que devem ser comunicadas.
ou suspeita que um relacionamento ou circunstância
envolvendo outra entidade relacionada do cliente Caso se comunicar com um subgrupo da gover-
é pertinente para a avaliação da independência da nança como, por exemplo, o comitê de auditoria, ou um
firma em relação ao cliente, a equipe de auditoria indivíduo, a firma deverá determinar se a comunicação
deve incluir essa entidade relacionada na identifica- com todos os responsáveis pela governança também é
ção e avaliação de ameaças à independência e na necessária para que sejam adequadamente informados.
aplicação de salvaguardas apropriadas. N

a Contabilidade Geral
Entidades sem fins lucrativos 1. INTRODUÇÃO
SUMÁRIO O que se convencionou chamar de “terceiro
1. Introdução setor” é formado por organizações sem fins lucrativos
2. Forma e atividades exercidas
3. Aplicação
e não governamentais. O principal objetivo dessas
4. Reconhecimento das receitas e das despesas e entidades é suprir as deficiências governamentais na
registros contábeis geração de serviços de caráter público.
5. Demonstrações contábeis
6. Contas de compensação O terceiro setor é composto basicamente pelas
7. Divulgação
8. Exemplos de demonstrações contábeis para seguintes entidades:
entidades sem finalidade de lucros
a) entidades beneficentes;
9. Registro de alguns eventos econômicos e
administrativos no terceiro setor b) entidades sem fins lucrativos; e

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c) organizações não governamentais (ONG). Também se beneficiam dessas regras a entidade


sindical, seja confederação, central, federação e
Pelo fato de não terem fins lucrativos, essas enti- sindicato, bem como qualquer associação de classe
dades devem observar os critérios contábeis específi- ou outras denominações que possam ter, abrangendo
cos estabelecidos pela Resolução CFC nº 1.409/2012, tanto a patronal quanto a de trabalhadores.
que aprovou a ITG 2002 - Entidade sem Finalidade de
Lucros.
4. RECONHECIMENTO DAS RECEITAS E DAS
DESPESAS E REGISTROS CONTÁBEIS
Observa-se que as regras baixadas pela referida
norma estabelecem critérios e procedimentos espe- 4.1 Reconhecimento da dotação inicial e das
cíficos de avaliação, de reconhecimento das transa- receitas e despesas - Regras básicas
ções e variações patrimoniais, de estruturação das
demonstrações contábeis e as informações mínimas A dotação inicial disponibilizada pelo instituidor/
a serem divulgadas em notas explicativas de entidade fundador em ativo monetário ou não monetário, no
sem finalidade de lucros. caso das fundações, é considerada doação patrimo-
nial e reconhecida em conta do patrimônio social.
Além disso, às entidades sem finalidade de lucros
aplicam-se os Princípios de Contabilidade e, também, As receitas e as despesas devem ser reconheci-
a NBC TG 1000 - Contabilidade para Pequenas e das, respeitando-se o regime contábil de competência.
Médias Empresas ou as normas completas (IFRS
completas), quando for o caso. As doações e subvenções recebidas para custeio
e investimento devem ser reconhecidas no resultado,
1.1 Exceções observado o disposto na NBC TG 07 - Subvenção e
Assistência Governamentais.
Não estão abrangidos pelas regras tratadas
neste trabalho os Conselhos Federais, Regionais e Já o trabalho voluntário deve ser reconhecido pelo
Seccionais de profissões liberais, criados por lei fede- valor justo da prestação do serviço como se tivesse
ral, de inscrição compulsória, para o exercício legal ocorrido o desembolso financeiro.
da profissão.
Os benefícios concedidos pela entidade sem
2. FORMA E ATIVIDADES EXERCIDAS finalidade de lucros a título de gratuidade devem ser
A entidade sem finalidade de lucros pode ser reconhecidos de forma segregada, destacando-se
constituída sob a natureza jurídica de fundação de aqueles que devem ser utilizados em prestações de
direito privado, associação, organização social, orga- contas nos órgãos governamentais.
nização religiosa, partido político e entidade sindical.
O benefício concedido como gratuidade por meio
A entidade sem finalidade de lucros pode exercer da prestação de serviços deve ser reconhecido pelo
atividades, tais como as de assistência social, saúde, valor efetivamente praticado.
educação, técnico-científica, esportiva, religiosa,
política, cultural, beneficente, social e outras, adminis- 4.2 Registros contábeis
trando pessoas, coisas, fatos e interesses coexisten-
Os registros contábeis devem ser segregados
tes, e coordenados em torno de um patrimônio com
de forma que permitam a apuração das informações
finalidade comum ou comunitária.
para prestação de contas exigidas por entidades
governamentais, aportadores, reguladores e usuários
3. APLICAÇÃO
em geral.
As regras aqui tratadas aplicam-se às pes-
soas jurídicas de direito privado sem finalidade de Os registros contábeis devem evidenciar as con-
lucros, especialmente entidades imunes, isentas de tas de receitas e despesas, com e sem gratuidade,
impostos e contribuições para a seguridade social, superávit ou déficit, de forma segregada, identificá-
beneficentes de assistência social e atendimento aos veis por tipo de atividade, tais como educação, saúde,
Ministérios que, direta ou indiretamente, têm relação assistência social e demais atividades.
com entidades sem finalidade de lucros e, ainda,
Receita Federal do Brasil e demais órgãos federais, Enquanto não forem atendidos os requisitos para
estaduais e municipais. reconhecimento no resultado, a contrapartida da sub-

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venção, de contribuição para custeio e investimento, Período, das Mutações do Patrimônio Líquido e dos
bem como de isenção e incentivo fiscal registrados no Fluxos de Caixa, as palavras lucro ou prejuízo devem
ativo, deve ser em conta específica do passivo. ser substituídas por superávit ou déficit do período.

As receitas decorrentes de doação, contribuição, Na Demonstração do Resultado do Período,


convênio, parceria, auxílio e subvenção por meio devem ser destacadas as informações de gratuidade
de convênio, editais, contratos, termos de parceria concedidas e serviços voluntários obtidos e divulga-
e outros instrumentos, para aplicação específica, das em notas explicativas por tipo de atividade.
mediante constituição, ou não, de fundos, e as res-
pectivas despesas devem ser registradas em contas Na Demonstração dos Fluxos de Caixa, as doa-
próprias, inclusive as patrimoniais, segregadas das ções devem ser classificadas nos fluxos das ativida-
demais contas da entidade. des operacionais.

4.3 Provisão para perdas 6. CONTAS DE COMPENSAÇÃO


A entidade sem finalidade de lucros deve cons- Sem prejuízo das informações econômicas
tituir provisão em montante suficiente para cobrir as divulgadas nas demonstrações contábeis, a entidade
perdas esperadas sobre créditos a receber, com pode controlar em conta de compensação transações
base em estimativa de seus prováveis valores de referentes a isenções, gratuidades e outras informa-
realização, e baixar os valores prescritos, incobráveis ções para a melhor evidenciação contábil.
e anistiados.
7. DIVULGAÇÃO
4.4 Superávit ou déficit As demonstrações contábeis devem ser comple-
O valor do superávit ou déficit deve ser incorpo- mentadas por notas explicativas que contenham, pelo
rado ao Patrimônio Social. O superávit, ou parte de menos, as seguintes informações:
que tenha restrição para aplicação, deve ser reconhe- a) contexto operacional da entidade, incluindo
cido em conta específica do Patrimônio Líquido. a natureza social e econômica e os objetivos
sociais;
4.5 Valor recuperável de ativos e custo atribuído b) os critérios de apuração da receita e da des-
Aplica-se aos ativos não monetários a Seção 27 pesa, especialmente com gratuidade, doa-
da NBC TG 1000, que trata da redução ao valor recu- ção, subvenção, contribuição e aplicação de
perável de ativos e a NBC TG 01, quando aplicável. recursos;
c) a renúncia fiscal relacionada com a ativida-
Na adoção inicial desta Interpretação e da NBC de deve ser evidenciada nas demonstrações
TG 1000 ou das normas completas (IFRS completas), contábeis como se a obrigação devida fosse;
a entidade pode adotar os procedimentos do custo d) as subvenções recebidas pela entidade, a
atribuído (deemed cost) de que trata a ITG 10. aplicação dos recursos e as responsabilida-
des decorrentes dessas subvenções;
5. DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS e) os recursos de aplicação restrita e as respon-
As demonstrações contábeis, que devem ser ela- sabilidades decorrentes de tais recursos;
boradas pela entidade sem finalidade de lucros, são f) os recursos sujeitos a restrição ou vinculação
o Balanço Patrimonial, a Demonstração do Resultado por parte do doador;
do Período, a Demonstração das Mutações do g) eventos subsequentes à data do encerramen-
Patrimônio Líquido, a Demonstração dos Fluxos de to do exercício que tenham, ou possam vir a
Caixa e as Notas Explicativas, conforme previsto na ter, efeito relevante sobre a situação financeira
NBC TG 26 ou na Seção 3 da NBC TG 1000, quando e os resultados futuros da entidade;
aplicável.
h) as taxas de juros, as datas de vencimento e as
garantias das obrigações em longo prazo;
No Balanço Patrimonial, a denominação da conta
Capital deve ser substituída por Patrimônio Social, i) informações sobre os seguros contratados;
integrante do grupo Patrimônio Líquido. No Balanço j) a entidade educacional de ensino superior
Patrimonial e nas Demonstrações do Resultado do deve evidenciar a adequação da receita com

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a despesa de pessoal, segundo parâmetros Banco C/Movimento - Recursos com Restrição


estabelecidos pela Lei das Diretrizes e Bases Aplicações Financeiras - Recursos sem Restrição
da Educação e sua regulamentação; Aplicações Financeiras - Recursos com Restrição
k) os critérios e procedimentos do registro con- Créditos a Receber
tábil de depreciação, amortização e exaustão Mensalidades de Terceiros
do ativo imobilizado, devendo ser observada a Atendimentos Realizados
obrigatoriedade do reconhecimento com base Adiantamentos a Empregados
em estimativa de sua vida útil; Adiantamentos a Fornecedores
l) a segregação dos atendimentos com recursos Recursos de Parcerias em Projetos
próprios dos demais atendimentos realizados Tributos a Recuperar
pela entidade; Despesas Antecipadas

m) todas as gratuidades praticadas devem ser Estoques


registradas de forma segregada, destacando Produtos Próprios para Venda
aquelas que devem ser utilizadas na presta- Produtos Doados para Venda
ção de contas nos órgãos governamentais, Almoxarifado / Material de Expediente
apresentando dados quantitativos, ou seja, Não Circulante
valores dos benefícios, número de atendidos, Realizável a Longo Prazo
número de atendimentos, número de bolsistas Aplicações Financeiras - Recursos sem Restrição
com valores e percentuais representativos; e Aplicações Financeiras - Recursos com Restrição
Valores a Receber
n) a entidade deve demonstrar, comparativa-
Investimentos
mente, o custo e o valor reconhecido quando
este valor não cobrir os custos dos serviços Investimentos Permanentes
prestados. Imobilizado
Bens sem Restrição
Bens com Restrição
8. EXEMPLOS DE DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS (-) Depreciação Acumulada
PARA ENTIDADES SEM FINALIDADE DE LUCROS Intangível
A seguir são apresentados exemplos de demons- Direitos de Uso de Softwares
trações contábeis mencionadas neste trabalho e que Direitos de Autor e de Marcas
constam do apêndice à Instrução ITG 2002 - Entidade (-) Amortização Acumulada
sem Finalidade de Lucros, o qual acompanha, mas
não faz parte da Interpretação. 20x1 20x0
PASSIVO
O objetivo dos referidos exemplos é auxiliar os pre- Circulante
paradores para divulgação das informações contábeis Fornecedores de bens e serviços
e financeiras das entidades sem finalidade de lucros. Obrigações com Empregados
Obrigações Tributárias
A Instrução ITG 2002 - Entidade sem Finalidade
Empréstimos e Financiamentos a Pagar
de Lucros ainda estabelece que a entidade pode alte-
Recursos de Projetos em Execução
rar e incluir contas para atender às especificidades
Recursos de Convênios em Execução
da entidade, inclusive agregar contas similares para
Subvenções e Assistências Governamentais a
fins de divulgação das demonstrações contábeis, Realizar
sempre que entender necessário.
Não Circulante
Empréstimos e Financiamentos a Pagar
Seguem exemplos:
Recursos de Projetos em Execução
Recursos de Convênios em Execução
8.1 Balanço patrimonial
Subvenções e Assistências Governamentais a
BALANÇO PATRIMONIAL 20x1 20x0 Realizar
ATIVO Patrimônio Líquido
Circulante Patrimônio Social
Caixa e Equivalentes de Caixa Outras Reservas
Caixa Ajustes de Avaliação Patrimonial
Banco C/Movimento - Recursos sem Restrição Superávit ou Déficit Acumulado

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8.2 Demonstração do resultado do período 8.3 Demonstração dos fluxos de caixa


20x1 20x0 8.3.1 Método direto
RECEITAS OPERACIONAIS Método Direto 20x1 20x0
Com Restrição Fluxo de Caixa das Atividades Ope-
Programa (Atividades) de Educação racionais
Recursos Recebidos
Programa (Atividades) de Saúde
Entidades Governamentais 3,00 2,00
Programa (Atividades) de Assistência Social
Entidades Privadas 3,00 1,00
Programa (Atividades) de Direitos Humanos
Doações e Contribuições Voluntárias 1,00 1,00
Programa (Atividades) de Meio Ambiente
Próprios 1,00 2,00
Outros Programas (Atividades)
Rendimentos Financeiros 1,00 1,00
Gratuidades Outros 1,00 1,00
Trabalho Voluntário Pagamentos Realizados
Rendimentos Financeiros Aquisição de bens e Serviços - Pro-
Sem Restrição gramas (Atividades) Executados (3,00) (2,00)
Salários e Encargos Sociais do Pes-
Receitas de Serviços Prestados
soal Administrativo (1,00) (1,00)
Contribuições e Doações Voluntárias Contribuições Sociais, Impostos e Taxas (0,00) (0,00)
Ganhos na Venda de Bens Outros Pagamentos (1,00) (1,00)
Rendimentos Financeiros (=) Caixa Líquido Gerado pelas Ativi-
Outros Recursos Recebidos dades Operacionais 5,00 4,00
CUSTOS E DESPESAS OPERACIONAIS Fluxo de Caixa das Atividades de In-
vestimento
Com Programas (Atividades)
Recursos Recebidos pela Venda de
Educação Bens 1,00 2,00
Saúde Outros Recebimentos por Investimen-
tos Realizados 1,00 1,00
Assistência Social
Aquisições de Bens e Direitos para o
Direitos Humanos Ativo (3,00) (4,00)
Meio Ambiente (=) Caixa Líquido Consumido pelas
Gratuidades Concedidas Atividades de Investimento (1,00) (1,00)
Trabalho Voluntário Fluxo de Caixa das Atividades de
Financiamento
RESULTADO BRUTO
Recebimentos de Empréstimos 1,00 3,00
DESPESAS OPERACIONAIS
Outros Recebimentos por Financia-
Administrativas mentos 1,00 1,00
Salários Pagamentos de Empréstimos (2,00) (2,00)
Encargos Sociais Pagamentos de Arrendamento Mercantil (2,00) (3,00)
Impostos e Taxas (=) Caixa Líquido Consumido pelas
Atividades de Financiamento (2,00) (1,00)
Aluguéis
(=) Aumento Líquido de Caixa e Equi-
Serviços Gerais valentes de Caixa 2,00 2,00
Manutenção Caixa e Equivalentes de Caixa no Iní-
cio do Período 3,00 1,00
Depreciação e Amortização
Caixa e Equivalentes de Caixa no Fim
Perdas Diversas do Período 5,00 3,00
Outras despesas/receitas operacionais
OPERAÇÕES DESCONTINUADAS (LÍQUIDO) 8.3.2 Método indireto
SUPERÁVIT/DÉFICIT DO PERÍODO Método Indireto 20x1 20x0
Fluxo de Caixa das Atividades Opera-
Observações: cionais
a) as despesas administrativas se referem àque- Superávit (Déficit) do Período 1,00 1,00
las indiretas ao programa (atividades); Ajustes por:
(+) Depreciação 1,00 1,00
b) as gratuidades e o trabalho voluntário devem
(+) Amortização 1,00 1,00
ser demonstrados por programa (atividades)
(+) Perda de Variação Cambial 1,00 0,00
em Nota Explicativa.

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Método Indireto 20x1 20x0 Método Indireto 20x1 20x0


(-) Ganho na Venda de Bens do (=) Caixa Líquido Gerado pelas
Imobilizado (1,00) (1,00) Atividades Operacionais 5,00 4,00
Superávit (Déficit) Ajustado 3,00 2,00 Fluxo de Caixa das Atividades de In-
Aumento (Diminuição) nos Ativos vestimento
Circulantes Recursos Recebidos pela Venda
Mensalidades de Terceiros 2,00 3,00 de Bens 1,00 2,00
Atendimentos Realizados 4,00 3,00 Outros Recebimentos por Investi-
mentos Realizados 1,00 1,00
Adiantamentos a Empregados (1,00) (1,00)
Aquisições de Bens e Direitos
Adiantamentos a Fornecedores (1,00) (1,00) para o Ativo (3,00) (4,00)
Recursos de Parcerias em Projetos (1,00) (1,00) (=) Caixa Líquido Consumido pe-
Tributos a Recuperar 1,00 1,00 las Atividades de Investimento (1,00) (1,00)
Despesas Antecipadas (1,00) (1,00) Fluxo de Caixa das Atividades de
Financiamento
Outros Valores a Receber 2,00 5,00 1,00 4,00
Recebimentos de Empréstimos 1,00 3,00
Aumento (Diminuição) nos Passi-
vos Circulantes Outros Recebimentos por Finan-
ciamentos 1,00 1,00
Fornecedores de bens e serviços (3,00) (2,00)
Pagamentos de Empréstimos (2,00) (2,00)
Obrigações com Empregados (2,00) (1,00)
Pagamentos de Arrendamento
Obrigações Tributárias (1,00) (1,00)
Mercantil (2,00) (3,00)
Empréstimos e Financiamentos a
(=) Caixa Líquido Consumido pe-
Pagar 4,00 3,00
las Atividades de Financiamento (2,00) (1,00)
Recursos de Projetos em Execução (2,00) (1,00)
(=) Aumento Líquido de Caixa e
Recursos de Convênios em Exe- Equivalentes de Caixa 2,00 2,00
cução (1,00) (1,00)
Caixa e Equivalentes de Caixa no
Subvenções e Assistências Go- Início do Período 3,00 1,00
vernamentais 3,00 2,00
Caixa e Equivalentes de Caixa no
Outras Obrigações a Pagar (1,00) (3,00) (1,00) (2,00) Fim do Período 5,00 3,00

8.4 Demonstração das mutações do patrimônio líquido


Em 31/12/20x1
Patrimônio Outras Ajustes de Avaliação Total do Patrimônio
Superávit / Déficit
Social Reservas Patrimonial Líquido
Saldos iniciais em 31.12.20x0 X - - X X
Movimentação do Período
Superávit / Déficit do Período X X
Ajustes de Avaliação Patrimonial X X
Recursos de Superávit com Restrição X (X) -
Transferência de Superávit de Recursos sem
X (X) -
Restrição
Saldos finais em 31/12/20x1 X X X - X

9. REGISTRO DE ALGUNS EVENTOS ECONÔMICOS 9.1 O que dispõe o CNAS


E ADMINISTRATIVOS NO TERCEIRO SETOR
A Resolução CNAS nº 66/2003, ao dispor sobre
A seguir são tratados, pontualmente, alguns regis- os critérios de análise das demonstrações contábeis
tros econômicos e administrativos das entidades sem apresentadas perante referido Conselho e com o
fins lucrativos, tendo em vista suas especificidades, objetivo de disciplinar os critérios de análise das
haja vista o rigor com que o Ministério da Assistência demonstrações contábeis que instruem os processos
e Promoção Social trata do tema, especialmente por administrativos de concessão e de renovação do
meio do Conselho Nacional de Assistência Social Certificado de Entidade Beneficente de Assistência
(CNAS), órgão responsável por conceder e renovar Social (CEAS), estabeleceu que as demonstrações
o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência contábeis das entidades que pleiteiam a conces-
Social (CEAS). são ou a renovação do Certificado de Entidade

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Beneficente de Assistência Social devem observar 9.3 Subvenção recebida, mas vinculada ao
estritamente as resoluções expedidas pelo Conselho cumprimento de obrigações por parte da
Federal de Contabilidade (CFC), especialmente os instituição
Princípios de Contabilidade e as Normas Brasileiras
de Contabilidade (NBC). Enquanto não forem atendidos os requisitos
para reconhecimento no resultado, a contrapartida
A referida Resolução ainda determina que é da subvenção, de contribuição para custeio e inves-
vedada a aplicação de qualquer outro entendimento timento, bem como de isenção e incentivo fiscal
que não esteja em conformidade com as citadas registrados no ativo, deve ser em conta específica
normas, sob pena de indeferimento do pedido. do passivo.

Claro que, em termos contábeis, a Resolução Exemplo: concessão de subvenção governa-


CNAS não precisaria ser tão incisiva, isto porque o mental no valor de R$ 30.000,00. A subvenção está
CFC age com rigor em relação à elaboração e à divul- vinculada ao treinamento de 20 adolescentes entre 16
gação das demonstrações contábeis, independen- e 18 anos para inserção no mercado de trabalho por
temente de se tratar de entidade com fins lucrativos mês, pelo prazo de um ano.
ou não. A propósito, o CFC estabeleceu, por meio da
Interpretação ITG 2002 - Entidade sem Finalidade de Registro do recebimento da subvenção
Lucros , normas específicas sobre as entidades sem
fins lucrativos. Referida interpretação foi aprovada D - Caixa
pela Resolução CFC nº 1.409/2012. (Ativo Circulante)
C - Subvenções Municipais - Inserção de Adoles-
Além disso, a referida Interpretação estabelece centes no Mercado de Trabalho
(Passivo Circulante) R$ 30.000,00
que as receitas e as despesas devem ser reconhe-
cidas, respeitando-se o regime contábil de compe- Registro do reconhecimento da receita
tência.
D - Subvenções Municipais - inserção de adoles-
centes no mercado de trabalho
9.2 Primeiros registros (constituição) (Passivo Circulante)
C - Receitas Municipais - Projeto Inserção de
Segundo a referida Interpretação, a dotação ini- Adolescentes no Mercado de Trabalho
cial disponibilizada pelo instituidor/fundador em ativo (Conta de Resultado) R$ 2.500,00
monetário ou não monetário, no caso das fundações, À medida que o projeto é cumprido, a entidade
é considerada doação patrimonial e reconhecida em reconhece a receita na forma anteriormente descrita
conta do patrimônio social. até que o total do passivo seja amortizado.

Exemplo 1 - dotação inicial, em dinheiro, para


início das atividades: 9.4 Doações com fins específicos
D - Caixa As receitas decorrentes de doação, contribuição,
(Ativo Circulante) convênio, parceria, auxílio e subvenção por meio
C - Doações Patrimoniais de convênio, editais, contratos, termos de parceira
(Patrimônio Social) R$ 10.000,00
e outros instrumentos, para aplicação específica,
mediante constituição, ou não, de fundos, e as res-
Exemplo 2 - dotação, inicial, em bens a serem pectivas despesas devem ser registradas em contas
utilizados no custeio da atividade: próprias, inclusive as patrimoniais, segregadas das
D - Estoques demais contas da entidade.
(Ativo Circulante)
C - Doações Patrimoniais Exemplo: doações recebidas em virtude de cam-
(Patrimônio Social) R$ 500,00
panha para educação escolar de pessoas da terceira
idade
Exemplo 3 - dotação, inicial, em bens patrimoniais:
D - Móveis e Utensílios D - Caixa
(Ativo Não Circulante) (Ativo Circulante)
C - Doações Patrimoniais C - Receitas - Doações - Projeto Educação
(Patrimônio Social) R$ 300,00 Terceira Idade (Conta de Resultado) R$ 2.500,00

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9.5 Concessão de benefícios pela entidade Lançamento nº 1


gratuitamente
D - Estoques
Os benefícios concedidos pela entidade sem (Ativo Circulante)
finalidade de lucros a título de gratuidade devem ser C - Receitas - Doações Setor Privado
(Conta de Resultado) R$ 500,00
reconhecidos de forma segregada, destacando-se
aqueles que devem ser utilizados em prestações de Entretanto, se o objeto doado (no caso, a mesa)
contas nos órgãos governamentais. for utilizado pela entidade no desenvolvimento de
suas atividades (utilizada no escritório da entidade,
O benefício concedido como gratuidade por meio por exemplo), o seu registro se dará no Patrimônio
da prestação de serviços deve ser reconhecido pelo Social da entidade.
valor efetivamente praticado.
Desse modo, teremos o seguinte lançamento
Exemplo 1 - Gasto com educação escolar com contábil:
público da terceira idade - projeto financiamento com
recursos privados Lançamento nº 2

D - Despesas com Material Escolar - D - Móveis e Utensílios


Recursos privados (Conta de Resultado) (Ativo Não Circulante)
C - Caixa C - Doações Patrimoniais
(Ativo Circulante) R$ 300,00 (Patrimônio Social) R$ 500,00

Exemplo 2 - Gasto com educação escolar com


público adolescente - Projeto de financiamento com 9.7 Realização dos estoques - Procedimento
recursos municipais Como vimos anteriormente, as doações para cus-
D - Despesas Com Material Escolar - Recursos teio da atividade desenvolvida pela entidade sem fins
Governamentais - PM de Estrela do Sul lucrativos recebe tratamento de receita, tendo como
(Conta de Resultado) contrapartida a conta de estoques. Naturalmente, em
C - Caixa determinado momento, a entidade deverá realizar
(Ativo Circulante) R$ 800,00
esses estoques, o que se dá, geralmente, pela venda
dos mesmos.
9.6 Dotações - Tratamento como receita ou aporte
patrimonial Nesse caso, a entidade deverá dar baixa dos
No dia a dia da entidade, faz-se necessária a estoques dessas mercadorias.
distinção entre dotações para custeio e patrimoniais.
A contabilização do fato pode ser semelhante
As doações para custeio são contabilizadas em ao registro em uma entidade com fins lucrativos
contas de receita. Já as patrimoniais devem ser con- (empresa comercial), ou seja, mediante a utilização
tabilizadas no Patrimônio Social da entidade. de uma conta de custo (CMV ou semelhante).

Isso significa dizer que, se a entidade receber, Em continuação ao desenvolvimento do exemplo,


por exemplo, mesas como doação, no momento consideramos que o valor de venda corresponda a
do registro contábil deverá ser definida a sua des- R$ 600,00, lembrando que o bem foi registrado no
tinação. Essas mesas recebidas em doação serão estoque da entidade por R$ 500,00.
negociadas com o objetivo de se obter recursos para
a manutenção das atividades ou serão incorporadas Portanto, por ocasião da venda, teríamos os
ao Patrimônio Social da entidade? seguintes lançamentos:

Se o objeto recebido em doação tiver como des- Lançamento nº 3 (venda da mercadoria)


tino a venda cujos recursos obtidos serão utilizados
D- Caixa/Bancos Conta Movimento/Contas a Re-
para a manutenção das atividades da entidade, ficará ceber (Ativo Circulante/Ativo Não Circulante -
caracterizada a doação a título de custeio. Desse Realizável a Longo Prazo)
modo, teremos o seguinte registro contábil (admitindo- C- Vendas
-se que o valor do bem doado seja de R$ 500,00): (Conta de Resultado) R$ 600,00

37-10 TC Manual de Procedimentos - Set/2014 - Fascículo 37 - Boletim IOB


Manual de Procedimentos
Temática Contábil e Balanços

Lançamento nº 4 (baixa dos estoques) vimos anteriormente, os bens recebidos em doação


para custeio da atividade devem ser registrados
D - CMV - Mercadorias Recebidas em Doação
(Conta de Resultado) como receita); a segunda, pela venda dos mesmos
C - Estoques bens (lançamento nº 3).
(Ativo Circulante) R$ 500,00
Destaca-se, contudo, que o lançamento nº 4
Observa-se, nesses modelos de lançamentos, (baixa dos estoques) “anula” a receita auferida por
que a entidade apresenta em suas contas de resul- ocasião da doação recebida.
tado duas fontes de receita: a primeira quando da
entrada dos bens recebidos em doação (conforme N

a Contabilidade Gerencial
A tríplice base da racionalização de Mesmo nas organizações industriais, esses gas-
tos já superam, há muito tempo, os custos diretos.
gastos indiretos
SUMÁRIO Em “A Fábrica Oculta”, Miller e Vollmann enfatiza-
1. Introdução ram o fato de que os custos indiretos “vêm subindo
2. As três bases na indústria norte-americana (em termos absolutos e
3. Conclusão
relativos) há mais de cem anos” e que “a dinâmica
das fábricas modernas indicava que essa tendência
1. INTRODUÇÃO
certamente continuaria”.
O universo dos gastos indiretos é o campo mais
fecundo em termos de oportunidades de contenção Assim, não resta dúvida quanto a serem, os gas-
de gastos empresariais. tos indiretos, a parcela mais significativa dos gastos
empresariais e, por consequência, o mais promissor
O presente texto reúne comentários relativos filão de possíveis economias e racionalizações.
ao assunto e alerta quanto aos cuidados a serem
observados para o melhor aproveitamento dessas Como a racionalização de custos é tema de con-
oportunidades. sideração prioritária na nossa época de luta encar-
niçada e contínua pela competitividade, não será de
Os gastos indiretos predominam em, pratica- estranhar que os gastos indiretos - o seu controle e a
mente, todas as empresas, qualquer que seja o seu sua racionalização - sejam colocados sob os refleto-
campo de atuação. res ao se pensar em reduções de gastos.

Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Set/2014 - Fascículo 37 TC37-11

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