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LIBRARY
UNIVERSITY OF CALIFORNIA
DAVIS
4.2
-
4000
HISTORIA CONSTITUCIONAL
DA
HISTORIA CONSTITUCIONAL
DA
REPUBLICA
DOS
VOLUME I
RIO DE JANEIRO
TYP . ALDINA- RUA SETE DE SETEMBRO 79.
1894
LIBRARY
UNIVERSITY OF CALIFORNIA
DAVIS
Aos
Partido Republicano Sistorica do Brasiſ
OFFERECE
O Autor.
PREFACIO
II
6
como as historias grotescas do “ passaro veado” , do “ com
padre Tamanduá " , dos “ piolhos de ema" e de tantas outras
imaginosas lendas, que as velhas patriotas de 1824 ainda
hoje narram as crianças.
O sentimento , pois, a que alludo , na ausencia da cul
tura, muito tarde veio identificar-se com a comprehensão
nitida de que o Brasil era um povo. A primeira vez que
com effeito se pensou em Republica entre nós, no sentido
restricto da palavra, foi em Villa Rica no fim do seculo pas
sado ; esse pensamento ,porém , não exprimia uma necessidade
XXXIII
ções.
III
IV
VI
A REVOLUÇÃO
v. 1 1
CAPITULO I
Exposição da questão
SUMMARIO
Causas economicas
SUMMARIO
(1) Visconde de Porto Seguro - Obr. cit . , vol . 20. pag. 1064.
24
6
“ Estas desvastações , effectuadas quasi sempre sem a
menor indemnisação para os proprietarios espoliados, nas .
ciam já da ignorancia dos verdadeiros principios economicos,
já da avidez fiscal, e do espirito do monopolio. Sem attender
ás faculdades productivas do sólo, ás aptidões da industria
ás necessidades dos consumidores das diversas localidades, e
aos meios de satisfazel- as com commodidade e barateza, um
Ministro aliás celebre nos ultimos tempos do regimen , consi.
derava o commercio não um meio, mas um fim , e tomando
talvez á lettra a definição de certos economistas que o fazem
consistir na transportação das mercadorias de um para outro
lugar, sacrificava de bom grado todas aquellas condições
essenciaes de sua existencia, uma vez que conseguisse man .
ter uma certa actividade e gyro artificial, e encber sobre
tudo os cofres do erario , porquanto é sem duvida a avidez
fiscal quem ordinariamente conduz a estes erros e vexações
enormes, " (1 )
O regimen fiscal e o systema tributario eram tão pesados
e opprimiam tanto o povo, dando lugar ás maiores explora
ções por parte dos agentes publicos, que diversos movimen
tos populares vieram alterar a ordem em algumas capitanias,
como protesto a essas medidas que obstavam tanto mais a
prosperidade publica, quanto as leis,, por dous processos
podem influir sobre a economia de um paiz. Ellas equivalem
a uma diminuição ou das rendas dos capitaes, ou da seguran
ça de que gozam. (2)
Ha uma segunda maneira pela qual as leis suffocam o
espirito de capitalisação.
A economia sendo um sacrificio do presente em proveito
do futuro, é preciso para que ella se faça, que, em todas as
classes da sociedade, esteja cada um perfeitamente certo de
que somente a economia poderá lhe agenciar o gozo de certos
bens. Assim as leis que tivessem por objecto pôr a cargo do
Estado ou do povo todas as pessoas imprevidentes des
( 1 ) Visconde de Porto Seguro - Historia Geral do Brasil, Vol 2.º, pag . 1027.
33
SUMMARIO
Liberdade commercial do Brazil. Sua influencia na administração publica. Os novos
impostos. Creação do Banco do Brazil. Desvalorisação de suas notas. Ex .
cesso de despeza e de emissão. O Governo e o Banco . Tratado commercial
com a Inglaterra. Situação economica e financeira do Brazil no começo do
seculo XIX . Opinião de D. Pedro. Constitue -se a mais importante causa
dos acontecimentos da época. Associação das causas politicas e sociaes.
A revolução de 1817 em Pernambuco. Influencia historica das lojas maço .
nicas. A posição do governo. Opinião popular em Pernambuco sobre os im
postos, revelada pelas camaras, escriptores e a imprensa . As condições da
moeda, representada por metal e notas do Banco . Desvalorisação das notas.
Situação precaria da vida . Ella aggrava -se ainda mais em Pernambuco. Sua
decadencia economica e de todo o paiz. O espirito de revolta que ella creou .
Suas diversas formas. Influencia de outras causas. Politica de recolonisação.
Odio de raça . Sua influencia na separação de algunas provincias e na inde
pendencia do paiz.
( 1 ) Não podemos encontrar dados estatisticos sobre a alteração dos preços dos
generos commerciaes.
48
II
SUMMARIO
(1 ) Dr. Liberato de Castro Correia - Hist. Financ. e Org. do Imperio, pag. 15.
53
III
SUMMARIO
lume . ( 1 )
Separando deste total os dados relativos aos principaes
productos da lavoura do norte-o assucar e o algodão — vemos
que elles quasi que estacionaram e que a producção nesse
espaço de tempo não poude duplicar, e assim obedecer ás leis
geraes do desenvolvimento da população.
Da leitura do quadro estatistico em relação ao assucar
verifica -se que, no mesmo periodo de 38 annos , a sua pro
ducção só augmentou na razão de 86,52 ° % o , o seu preço mer
cantil apenas elevou -se na razão de 11,9 + % o, determinando
uma e outra cousa a elevação do seu valor official a 108,20 % .
ou simplesmente a mais do dobro.
Não duplicou a sua producção no tempo em que devia ter
duplicado a nossa população, e, portanto, com relação ao
assucar ainda retrogradamos em vez de progredirmos. (2 )
O mesmo a respeito do algodão, vendo -se que a sua pro
ducção cresceu apenas na razão de 26,35 ° % em um periodo
de 38 annos , porque o seu preço mercantil se elevou tão só
mente a 59,93 % O , e por isto o valor official médio da pro
ducção só poude elevar-se a 102,64 % pouco mais do dobro .
Causas politicas
SUMMARIO
teiro. ” ( 1 )
Na pratica essa descriminação das rendas entre os go
vernos locaes e o governo central , creou uma organisação
tributaria tanto mais defeituosa, quanto affectou os mais
vitaes interesses das provincias que succumbiram sob o peso
da absorpção central .
E , quando o depauperamento chegou ao extremo de des
pertar o espirito de resistencia contra a absorpção do centro
e em nome desses interesses tão mal amparados pelo legis
lador da carta de 24 de Março, o liberalismo nacional pro
curou corrigil -a com o Acto Addicional, creando as assem
bléas legislativas provinciaes e investindo -as de largas
attribuições que as habilitasseem a promover o desenvolvi.
mento moral e material das provincias , essa tentativa não
tardou a ser annullada por uma nova colligação das forças
conservadoras. Para resistir á conquista da autonomia local
recorreram á necessidade da interpretação do Acto Addi
cional , que ficou mutilado pelo modo porque foi executado na
pratica.
Nessa obra de destruição dominaram os interesses do
governo central que pouco a pouco invadio a vida da admi
nistração local.
Para essa experiencia de nossa historia politica o legis
lador constituinte da Republica appellou, quando no con
gresso constituinte abordou a grande questão constitucional
da organisação tributaria da Republica .
Eis o que dizia um orador na tribuna do parlamento
republicano :
" Esclarecidos pela experiencia de nossa historia politica
os autores do projecto quizeram corrigir o erro da reforma
SUMMARIO
os seus ministros como bem quizer, direito que não é tão illi
mitado, porque a coroa tem a prerogativa de nomear seus minis
tros como bem entender, mas com a condição de que esses minis
tros hão de obter a confiança das Camaras.
6. Disse-se ainda, continúa o orador, que a passar o ar
tigo, si o regente, que é homem caprichoso, não quizer de
mittir o ministerio, o que acontecerá ? Senhores , eu creio que
esta proposição é muito pouco parlamentar ; mas já que nella
se tocou , eu devo dizer que o regente não é chefe de um go
verno absoluto, mas sim chefe de um governo constitucional,
de um governo representativo , e que nem o regente nem o
governo representativo não podem deixar de acceitar todas as
condições do systema representativo ."
O Sr. Limpo de Abreu assim retorquia : “ Eu sustentei
que a Camara dos Srs. Deputados não tem direito de dizer
que o ministerio que acabou havia perdido a confiança nacio
nal. Fundei a minha opinião em que não é só a Camara dos
Srs . Deputados que representa a nação ; perguntou -se quem
então era o poder que representava a nação ; pergunta muito
escusada para quem tem lido a Constituição, que declara que os
representantes da nação são o Imperador e a Assembléa Geral ,
que declara mais que a Assembléa Geral se compõe do Senado
e da Camara dos Srs. deputados ; logo, o illustre deputado
(o Sr. Martim Francisco) podia bem ter sabido da Constituição
quem são os representantes da nação ; e que só a reunião dos
tres poderes que formam a representação nacional é que po .
deria dizer que o ministerio tinha perdido a confiança da
Nação ."
Como se vê , ficou firmado o parlamentarismo, com o pro
cedimento do gabinete de 19 de Setembro, do qual um dos
membros, em face das exigencias parlamentares, chegou a
sustentar que os ministerios não podiam viver sem a confiança
e o apoio do parlamento.
Eis o que disse o ministro Miguel Calmon na sessão de
23 de Setembro de 1837 :
" A administração actual se sujeita a todas as condições
do governo representativo ; exige, por consequencia, o apoio
115
II
SUMMARIO
III
SUMMARIO
servilismo !
" Para os homens independentes e sinceros o ostra
Causas sociaes
SUMMARIO
não vieram com seus ràios rebater as sombras que ahi pesam
sobre quasi todas as relações de nossa vida publica. Basta
sómente uma ligeira leitura dos jornaes , brochuras e livros
que apparecem entre nós , na capital do Imperio mesmo, para
fazer pasmar sobre 0o triste estado de ignorancia, em que nos
achamos . E' como se nada de novo exista : como si a França
sozinha, ainda deva marchar á frente de civilisação, tanto nas
fórmas e meneios , como nas idéas, e nos costumes ! ... ( 1 )
“ Em um paiz, dizia mais, onde tudo ainda hoje se com
porta e gesticula á franceza ; em um paiz, onde hoje ainda
difficilmente se encontram tres pessoas de que alguma maneira
conheçam a ingente significação da cultura scientifica do povo
allemão ; em tal paiz, a Allemanha não podia adquirir secta .
rios e adoradores. Para nós a França enchia toda a historia ;
a Allemanha pouco mais era que um conceito geographico :
um capitulo de astronomia ." (2)
Como o Brazil , (continuava ), na minha opinião se acha
muitos annos atraz de outros paizes do mundo civilisado, elle
precisa sobretudo de apropriar a si a vida espiritual allemā,
que é por vós, Sr. redactor, tão dignamente aqui represen
tada ; e eu não tenho outro intuito, senão promover o pro
gresso intellectual de minha patria, pedindo como peço para
ella a protecção do Allgemeine Deutsche Zeitung. Mais do que
nunca os brazileiros carecemos de conhecer a Allemanha.” (3 )
Iniciada a propaganda, publicou diversas obras em que
submette a critica, a litteratura , o direito á influencia scienti .
fica do naturalismo hæckeliano. D'entre ellas destacamos as
que melhor resumem as tendencias reformistas e emancipa
cionistas do escriptor. No terreno do direito, publicou In
SUMMARIO
II
SUMMARIO
III
SUMMARIO
211
A propaganda
SUMMARIO
SUMMARIO
E terminava o orador :
- Eu concluo saudando -vos, Povo Fluminense, pela vossa
coragem , pelo vosso civismo, pela vossa abnegação. Povo,
ouvi : quando fordes atacado, repelli firme e forte os ataques
quando elles partam dos representantes da raça preta, olhae
para o futuro da Republica, que é a fraternidade, que é a ele
vação do proletario, e desculpae -os, elles são irresponsaveis,
o odio os céga, a ignorancia os illude , a simpleza os corrompe.
Os responsaveis pelos desatinos d'elles são os negros indignos
que os dirigem , "
Scenas como estas repetiram - se em muitos logares . Te
remos de estudal-as em occasião opportuna.
A Guarda Negra era pois a expressão da reação monar
chica.
251
( 1 ) Este congresso ficou composto dos seguintes cidadãos : Dr. Joaquim Sul.
danha Marinho , Dr. Antonio da Silva Jardim , Quintino Boca yuva . Dr. Ubaldino do
Amaral, Dr. Aristides Lobo, Dr. F. Rangel Pestana , Dr. Manoel F. de Campos Sal .
les, Francisco Glicerio , Dr. J. B. de Sampaio Ferraz, Pedro José Fernandes Mae
deira , Eugenio A. B. do Valle , Dr. Francisco Portella , João de L. e Silva, Bernardo
M. de Araujo, Dr. Raymundo de Sá Valle, Dr. Augusto de Oliveira Pinto , Dr. Cy .
rillo de Lemos Nunes Fagundes, Dr. Alberto de Seixas Martins Torres, Dr. Leonel
L. da Silva Lima, Lydio Martins Barbosa , Antonio Justiniano Esteves Junior, José
252
Arthur Boiteux, Antonio Dutra, Alfredo Esteves, Dr. Eduardo Mendes Gonçalves,
Dr. Cyro de Azevedo , Henrique Deslandes, Dr. Gabriel de Paula Almeida Maga
Thães, Dr. Henrique Cezar de S. Vaz, Dr. João Pinheiro , Antero Magalhães, Dr.
Alexandre Stockler, Rodolpho de Abreu e Dr. Vicente de Souza.
Foi eleita uma commissão composta dos Drs. Silva Jardim , F. Glicerio e
Francisco Portella, para se encarregar da revisão da lei organica do partido.
253
II
SUMMARIO
propaganda da imprensa.
Em Sergipe o partido chegou a uma organisação mais ou
menos regular. O movimento irradiou -se por algumas loca
lidades da provincia, partindo de Larangeiras, onde o espirito
publico estava preparado para assimilai- c por um conjuncto
de circumstancias que passaremos em revista. Uma das
cidades mais commerciaes da provincia e que offerecia boas
condições á vida das classes intellectuaes, tornou - se ella o
centro predilecto dos medicos e advogados que procuravam
viver de sua profissão.
Ahi morou por longos annos o illustrado clinico Dr.
Guedes Cabral , que sem fugir ás suas tradições academicas
de liberdade e emancipação de pensamento, em assumptos
religiosos, não desistio de sua propaganda contra os precon
ceitos populares em taes materias.
O autor deste livro escolheu para centro de sua clinica
esta mesma cidade em começo de 1882 e encontrou as melhores
condições para collaborar na emancipação intellectual do
povo sergipano. Para isto teve o concurso de moços intelli
gentes e habeis como Josino de Menezes, Balthazar Góes , Vi
cente Ribeiro e muitos outros .
Em 1884 começou a ser publicado um jornal O Hori
zonte, —onde seus redactores procuravam incutir no espirito
266
gresso.
Art. 6º. -Servirá de diploma ao representante a cópia
authenticada da sua eleição.
Art. 7º. -Os clubs existentes , reunidos na sessão de hoje,
nesta cidade, elegeram o conselho federal de que trata o
art. 5º composto de um presidente, um orador, dous secreta
rios , e dous vogaes , o qual funccionará até a primeira sessão
da Assembléa de representantes ao Congresso Republicano
Federal de Sergipe. Larangeiras, vinte e cinco de Dezembro
de mil oitocentos e oitenta e oito Sebastião A. Solidade. --Bal
thazar Góes.
Fci approvado o projecto em todos os seus artigos , sem
nenhuma discussão .
Nos congressos convocados para S. Paulo e Juiz de Fora,
elle elegeu seus representantes-- Sylvio Romero, Bittencourt
Sampaio, Pereira Guimarães , Cyro de Azevedo e João Ribei
ro, só tendo comparecido ás sessões Cyro de Azevedo e Pe
reira Guimarães . Nas eleições municipaes e provinciaes
concorreu ás urnas por mais de uma vez.
268
a monarchia do Brazil .
“ Quanto ao partido republicano, não mais lhe cabe re
presentar a funcção publica como simples cooperador das
reformas que operam por partes a eliminação da monarchia .
" Queremos a Republica como a solução mais prompta á
crise social .
Portanto :
" não podemos receber com sympathia o 3º reinado, que
não é capaz de corresponder nem ás aspirações dos conserva
dores ;
" recusamos -lhe qualquer apoio por mais indirecto que
seja ;
271
Santos, E. Limpo de Abreu, Luiz Orsini, Bernardo Manso , Dr. Bernardo Cr - neiro,
Joaquim Verissimo, Arthur Itabirano , Dr. Henrique Diniz . Henrique Schmidt. Frane
cisco de Paula , Arthur de Rezende, Juvenal de Sá, Araujo Antunes , Arthur Guima
rães, Dias Primo, Dr. Antero Moraes, Dr. Necesio Tavares. Quintiliano Ribeiro . Pes.
tana de Aguiar, Arthur Campos, Necesio Macedo, Dr. Cysneiro, Gama Cerqueira,
A. Medrado , Diogo Azevedo , Chagas Lobato , Rocha Lasoa , Baptista do Audrade e
Cupertino Siqueira .
( 1 ) .timanak Republicano Brasilciro de 1889. pag. 310.
299
SUMMARIO
Tres formas do principio republicano . Causas deste facto . As tres formas são re
presentadas nos tres paizes – França,'Suissa e Estados t'nidos. A federação
foi a forma para que convergio a idén republicana, como resultado de causas
historicas. Caracter politico da Inconfidencia de Minas. Falta -lhe a aspiração
federalista . Caracter politico da revolução de 1817 em Pernambuco . A mesma
ausencia da aspiração federalista . Razão historica . Governo provisorio . Sessão
de 8 de Março. O discurso de José Luiz de Mendonça. Caracter militar do mo.
vimento . Falta de preparo dos seus autores. Sua proclamação. Actos do governo
provisorio.
е
se desenvolveu. Ainda que o principio politico, a idea
capital , não se desvirtuasse sob a acção differencial dos agen
tes , todavia nos pontos secundarios de organisação, não re
vestiu uma unidade de fórma.
Assim temos a França com a forma de governo republi
cano sob o typo unitario e parlamentar, a Suissa com a mesma
fórma de governo, com o typo cantonal e os Estados Unidos
sob o typo federativo e presidencial .
Não nos compete aqui dar a razão historica desta triplice
fórma do principio republicano nesses tres paizes. Appellamos
para este facto, simplesmente no intuito de vermos qual a
fórma que revestio a idéa republicana no desenvolvimento que
The imprimiram os nossos factores historicos , procurando por
este meio vêrmos para qual das tres fórmas convergio a
tradição historica do principio democratico.
Na natureza politica dos movimentos revolucionarios,
que a nossa bistoria registra, éé que devemos ver a forma que
quiz revestir a idéa republicana.
Incontestavelmente ella convergio accentuadamente para
a federação, por isso que em nome da autonomia local e para
resistir contra a absorpção do governo central, foi que se de.
senvolveu e se activou a propaganda republicana. A federação
está, pois, na tradição hisotrica do partido e constituio-se
como a sua mais accentuada aspiração. E ' o resultado dos fac.
tores que a desenvolveram e das causas que geraram a idéa
republicana. Basta, para proval-o, passar um olhar retrospec
tivo sobre os movimentos revolucionarios do começo do seculo
para cá .
Na Inconfidencia de Minas, grande movimento politico e
berço das nossas tradições republicanas, a federação não é
uma realidade historica em redor da qual se agrupassem os
autores do movimento .
Elle antes se caracterisa pela aspiração indefinida , in
decisa mesmo da Republica, como a expressão do sentimento
popular contra as violencias e arbitrariedades da autoridade
legal e sua influencia lesiva sobre os interesses economicos da
capitania, com um regimen tributario profundamente pesado
309
rosa .
A Patria é a nossa mãe commum, vós sois seus filhos,
sois descendentes dos valorosos Lusos , sois Portuguezes , sois
Americanos, sois Brazileiros , sois Pernambucanos."
Sem o preparo para a obra que intentaram não podiam
ir além do que fizeram . Sob o peso da pressão do elemento
militar, sem o qual a victoria não seria uma realidade, decre
tam promoções e augmentam os soldos . Mudam as côres da
bandeira e instituem uma nova. Supprimem as insignias e
distincções e as condecorações e substituem o tratamento offi
cial pelo tratamento de Vós.
Suspendem a liberdade de locomoção, privando a sahida
de estrangeiros do porto do Recife, sem prévio consentimento
do governo ; embargam toda a propriedade de subditos por
tuguezes para aa garantia de actos futuros do governo ; sus
pendem muitos impostos que pesavam sobre a agricultura e
fazem reverter para o erario a cobrança do imposto em favor
da Junta do Commercio da Côrte ; dão caracter official á Com
panhia Pernambucana, instituição agricola creada para em
prestar dinheiro á lavoura, e que incarnava em si o maior
monopolio contra os interesses da agricultura. Cream bata
lhões e regimentos de milicia, como elemento de defesa mate
rial á nova ordem de cousas : eis ali os actos administrativos
e politicos do governo provisorio. Ainda que a revolução se
estendesse a Alagoas, Rio Grande do Norte e Parahyba, onde
se organisaram juntas governativas, todavia seus recursos
foram insufficientes para mantel- a e fazel - a resistir aos planos
de ataque com que o regimen real a enfrentou para abafal- a.
Dessa incumbencia encarregou- se o Conde d'Arcos , gover
nador da Bahia e a victoria custou o martyrio de muitos pa
triotas e o sacrificio de vidas de outros que nas prisões , no
desterro, no cadafalso, pagaram a ousadia de terem attentado
contra a tyrannia da autoridade e a falta de patriotismo da
instituição
316
SUMMARIO
11
SUMMARIO
A federação torna -se a idea deminante dos partidos. Republica de Piratinin . Sus
feição politica. Differenças que a separam da Confederação do Equador.
Duas épocas — 1824 e 1835. Os chefes da revolução. Eleição do governo.
Seus primeiros actos . Os ministros. Medidas administrativas em relação
as finanças, ao exercito e a justiça. Actos legislativos sobre nacionalisação
do juramento civico . Relações diplomaticas e religiosas. Organisação poli
tica da Republica. Phase dictatorial. Creação de um conselho legislativo .
Reunião do congresso constituinte. Sua sessão inaugural. Primeira assen
Seus primeiros passos na formação do direito constitu
bléa constituinte .
cional. O projecto de constituição . Suas idéas geraes.
333
III
SUMMARIO
v. 1 23
CAPITULO VII
SUMMARIO
SUMMARIO
quencias disso .
Sem o concurso da força armada seria uma utopia
tentar a revolução. Entregal-a á evolução natural da idéa,
quando a politica nacional esforçava-se para preparar os
elementos do terceiro reinado, tão mal visto pela opinião do
paiz, era consentir na perpetração desse plano contra a
patria. Si este processo evolutivo, que constituiu o pro
gramma do chefe republicano Quintino Bocayuva, tinha a
vantagem de preparar e educar o paiz para o governo pro
prio e autonomo, consentia na realisação do programma
do liberalismo monarchico do gabinete de 7 de Junho, cuja
audacia, cujo autoritarismo, cuja soffreguidão em matar a
hydra republicana, foi justamente a causa que apressou a
resolução da crise .
Em face dos actos da administração era impossivel
occultar os intuitos que tão directamente suggestionavam o
ministerio .
Então o exercito, dirigido e aconselhado pelos seus
membros mais prestigiosos , resolveu assumir a posição de
francamente resistir ás violencias do poder, sendo Benjamin
Constant a cabeça dirigente dessa resistencia e o espirito
organisador do movimento.
Reune- se elle com os camaradas e com os chefes republi
canos e nestes conciliabulos elaboram- se forças revoluciona
rias que entram em franca reacção, depois que o governo
ordenou o embarque do 22 ° de infanteria para o Amazonas
e reprehendeu os alumnos das Escolas Militares , pela mani.
festação que fizeram a Benjamin .. Foram estes justamente
os dous factos que obraram como causa determinante da
crise. Conhecida a ordem de embarque do batalhão, Ben .
373
6. Concidadãos ,
“ O governo provisorio , simples agente temporario da
soberania nacional, é o governo da paz, da liberdade , da fra
ternidade e da ordem .
“ No uso das attribuições e faculdades extraordinarias
de que se acha investido, para a defesa da integridade da patria
e da ordem publica, o governo provisorio por todos os meios
ao seu alcance, promette e garante a todos os habitantes
do Brazil nacionaes e estrangeiros, a segurança da vida e
da propriedade, o respeito aos direitos individuaes e politicos,
salvos, quanto a estes, as limitações exigidas pelo bem da
patria e pela legitima defesa do governo proclamado pelo
povo, pelo exercito e pela armada nacional .
66 Concidadãos !
" As funcções de justiça ordinaria, bem como as func
ções de administração civil e militar, continuarão a ser exer
cidas pelos orgãos até aqui existentes , com relação aos actos
na plenitude dos effeitos ; com relação ás pessoas, respeitadas
as vantagens e os direitos adquiridos por cada funccionario .
- Fica , porém , abolida desde já a vitaliciedade do senado
e bem assim o conselho de Estado.
- Fica dissolvida a Camara dos deputados .
6 Cencidadãos !
" O governo provisorio reconhece e acata todos os com
promissos nacionaes e estrangeiros, contrahidos durante o
regimen anterior, os tratados subsistentes com potencias es
trangeiras , divida publica externa e interna, os contractos
vigentes e mais obrigações legalmente estatuidas” .
Ainda que as aspirações monarchicas , em face da revo
lução triumphante, não fossem lobrigadas na menor tentativa
de reacção e mesmo no mais simples protesto , todavia o go
verno provisorio comprehendeu ser uma medida de pruden
cia intimar a sahida do Imperador e da sua familia do ter
ritorio nacional no prazo de 24 horas , porque ante a nova
situação que creou o paiz a situação irrevogavel de 15 de
Novembro , seria absurda , impossivel e provocadora de des
383
SUMMARIO
Conclusão
O Positivismo
Eil- os :
6
“ Julgo ter prestado serviço importante e momen so,
publicando neste folheto o Manifesto Republicano dado á
lume n'A Republica aos 3 de Dezembro de 1870.
" Não só os brasileiros e estrangeiros lerão agora, cheios
de interesse, esse grandioso e immortal documento do pas
sado, como, além disso, recordarão os nomes ou ficarão co
nhecendo os primeiros propulsores deste prodigioso movi
mento. A mocidade precisa saber, de presente e de futuro,
como estas cousas se têm passado desde a origem ; e já é
tempo de ir consignando os dados historicos para que não
fiquem no esquecimento.
" Em 1870 , retirando- me do Maranhão para a côrte, disse
álgumas pessoas que eu vinha trabalhar pela republica ; o
que deu logar á ironia e sarcasmo de um desses homens sem
fé nem crenças, que pensam ser os luzeiros e a personificação
da prudencia ; que não acreditam senão n'aquillo que vêem,
e que lhes dá um interesse immediato ; e que chamam de
utopia o que não podem comprehender como possivel em
tudo quanto lhes possa trazer qualquer sacrificio ou prejuizo.
Perguntou -me de modo bem offensivo ; " Então, o Sr. vai
para a Côrte fazer politica sósinho ? !...” Respondi-lhe :
“ Sim. Toda a idéa grande começa por essa forma."
6
“ Consigno este facto para mostrar o estado das cousas a
este tempo no Brazil. Com effeito, além de meu pae do
Dr. Antonio Ennes de Souza, que então era bem moço e
não tinha ainda ido estudar á Europa, ninguem, que eu
saiba, acceitava essas idéas em Maranhão ; e mui poucos no
paiz .
"" Passando por Pernambuco, fui sequioso procurar Bor
ges da Fonseca para communicar-lhe a minha idéa e obter
d'elle esclarecimentos, conselhos ou aquillo que tivesse para
me dar.
" Recebi d'elle em resumo o seguinte : 6. Não se fie em
quem já estiver com a cabeça branca como eu : é gente toda
estragada pela monarchia , é gente podre. Mesmo na moci.
dade a corrupção é grande. No emtanto ha na côrte dous
417
.
INDICE
CAPITULO I
Exposição da questão
Pags .
SUMMARIO : Os revolucionarios de 1889 são os representantes da
tradição historica republicana no Brasil. Sua origem e
seu poder generalisador. Seu percurso em 35 annos. As
resistencias que se fizeram contra ella . Influencia das ins
tituições sobre a educação nacional. Os poderes publicos
das capitanias.· Opinião dos escriptores sobre ellas. Nos
intecedentes historicos está a origem da idea republicana .
Influencia da politica e da administração sobre o caracter
nacional. Primeira fórma da idea republicana. Em co
meço ella reveste a fórma de um sentimento de interesse .
A mesma origem nos Estados -Unidos. Opinião de escrip
tores. Esboço das causas da revolução de 15 de Novembro. 3
Causas económicas, sociaes e politicas ..
CAPITULO II
Causas economicas
428
CAPITULO III
Cousas politicas
CAPITULO IV
Causas sociaes
SUMMARIO : Causas sociaes . A cultura do povo pela instrucção.
O espirito de classe do exercito e a supremacia dos juristas
na politica. Influencia da cultura sobre a civilisação.
Theoria de Buckle. Historico da instrucção no Brasil .
A evolução intellectual. Inicio da propaganda das sciencias
naturaes. Condições do ensino medico e juridico. Phase
da orientação metaphysica e da orientação naturalista kæ
ckeliana. Frequencia das faculdades de medicina e de
direito . Papel historico de Tobias Barreto. Sua propa
ganda . ( ) allemanismo. Benjamin Constant. As escolas
como fóco de cultura. Duas correntes da educação scien
tifica : o evolucionismo kæckeliano e o positivismo. A in
fluencia da propaganda republicana . 161
CAPITULO V
A propaganda
SUMMARIO : Caracter das primitivas aspirações republicanas.
Faltou - lhes o trabalho preliminar da propaganda. Razão
de ser deste facto. Influencia do terror pelas execuções.
Quando começa o trabalho da propaganda. Data do pri
meiro manifesto e do primeiro club. Primeiro jornal re
publicano da provincia do Rio . Influencia da mocidade
academica. E' do seu seio que sahe a primeira aspiração
republicana. O Radical Academico e os seus redactores.
Data da creação do partido em S. Paulo em 1872. Idéas
capitaes do seu programma. A convenção de Itú. Reso
luções da convenção. O primeiro congresso . Suas resolu
ções. O primeiro manifesto paulista . Suas idéas. Lucta
do partido nas urnas. Organisação do partido no sul e no
norte ..... 213
CAPITULO VI
CAPITULO VII
CAPITULO VIII
CAPITULO IX
Conclusão . 397
APPENDICE
0 Positivismo... 401
() Manifesto da 3 de Dezembro . 415
Mappas >
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