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Alteridade e Experiência

Antropologia e Teoria Etnográfica

O nome do texto a ser resenhado é um capítulo do livro de Marcio Goldman


“Alteridade e Experiência: antropologia e teoria etnográfica”, Vol. X (1), 2006, p.161-
173. O texto lido é uma aula inaugural para os novos alunos do curso de Antropologia,
fala sobre a antropologia social e cultural.
O autor diz a respeito de antropologia que não vale a pena ficar discutindo
em palavras. Segundo o Historiador Paul Veyne a experiência mostra que a indiferença
pela discussão de termos é freqüente, acompanhada por uma confusão de idéias sobre a
própria coisa.Goldman a antropologia é um dos lugares destinados pela razão ocidental
para pensar a diferença ou para explicar racionalmente a razão ou a desrazão dos outros,
é um trabalho milenar da razão ocidental diminuindo a diferença que nunca desprovido
de conseqüência. A Antropologia valoriza a diferença esse é sua característica, sempre
tentando aprender novas coisas sem suprimir os costumes dos outros, pensando em si
mesmo como ponto de apoio para impulsionar o pensamento, explicações que alias
acabam por deter a marcha do pensamento.
Goldman começou estudando Candomblé, uma das chamadas religiões afro-
brasileiras. Essas são resultantes de um processo da escravidão de milhares de pessoas
vindo da África para sua exploração nas Américas. Em uma noite de um sábado 1998
em Ilhéus uma cidade no Sul da Bahia, que passei por uma experiência que gostaria de
narrar brevemente. Quando eu assistia um ensaio do bloco afro onde concentrava
minhas pesquisas sobre as relações entre o movimento negro local e a vida política na
cidade, uma mãe-de-santo do terreiro de candomblé me convidou para irmos fazer um
“despacho” quer dizer ritualmente depositado em lugares como o mar, mata, ou rio de
sua filha-de-santo que tinha morrido a poucos dias, junto com a mãe-de-santo foram
dois homens que carregavam uma caixa, e duas filhas-de-Santo, chegando no lugar
desejado parei o carro, e fiquei encostado na porta, enquanto que eles foram fazer o
“despacho”, logo depois escutei o barulho de instrumentos de percussão, atabaques de
tambores, voltando para o terreiro conversou com seu melhor amigo de Ilhéu sobre os
rituais de Candomblé e seu informante contou que já ajudou em um desses “despachos”,
e escutou os atabaques de tambores são dos mortos de candomblé que estão aceitando as
oferendas, Goldman por sua vez também comentou que escutou esses atabaques, seu
amigo não fez nenhum comentário, logo Goldman percebeu que esses tambores eram de
outro mundo.
O autor ficou pensando em experiência de antropólogos vividas em campo e,
afastou duas explicações a “mística”, que afirmaria que os tambores eram tocados pelos
mortos, e “materialistica” que diria que se eu ouvi algo foram tambores dos vivos.
Segundo o Antropólogo Inglês Gregory Bateson denomina double bind, ou duplo
vínculo.Assim se eu disser não ter ouvido o tambor vocês ficarão tranqüilos e, não
perderei a confiança, mas estarei sendo injusto com meus amigos de Ilhéus.Mas
Gregory Bateson também ensinou que a única forma de escapar de um double bind é
recusar as regras daquele jogo, substituir por outras. Para mudar essas regras Godfrey
Lienhard explorou em seu livro a religião dos Dinka, a idéia de experiência, a
Divindade Dinka diz ele não exprime idéias ou sentimentos individuais, como qualquer
outra religião “espelha na experiência vivida”. A questão decisiva como é passar a idéia
de Divindade para experiência. O que é afinal a antropologia? Goldman apenas
sublinhou o que o antropólogo norte-americano, Clifford Geertz disse, que os
antropólogos são um tipo de cientista social, e a socialidade se não o único mais o
principal meu de pesquisa, nesse sentido a característica fundamental da antropologia
seria o estudo das experiências humanas a partir de uma experiência pessoal. E é por
isso, que penso que alteridade seja a noção ou a questão central da disciplina.
Outra maneira de colocar a questão da natureza da Antropologia foi
explicada, há poucos anos pelo antropólogo inglês Alfred Gell, ele dizia “se
procurássemos o que o antropólogos fazem melhor, sem dúvida encontraríamos estudo
de comportamento, performances, ou discursos aparentemente irracionais.Gell sugere
que esse comportamento humano irracional na dinâmica de interação social, é encarada
como um processo real que se desdobra no tempo. Por outro lado, essa experiência e
aliança as linguagem estranhas, sofrem quando buscam traduções, o escritor Brasileiro
João Guimarães Rosa chama de “fecundante corrupção das nossa formas idiomáticas de
escrever”. Nesse sentido, o trabalho do antropólogo pode significar também expandir e
aprofundar uma experiência cultural através de outra, estrangeira, praticando uma
“fecundante corrupção” ao expandir e enriquecer nossa própria cultura aprofundando
nosso alto conhecimento. Malinowski relata sua história em Trobriand, diferentes
fórmulas mágicas familiares Trobriandesas são propriedade de distintas famílias, e cada
uma possui um número limitado dessas fórmulas, o antropólogo deve catar o maior
numero possível destas, o que, fez Malinowski, o maior proprietário individual de
fórmulas na ilha, isso não significava muito, o importante era ter fórmulas que outros
não tinham. De toda forma, é sempre assim que as coisas se dão no campo: nosso saber
é diferente daqueles dos nativos.A observação participante, que os antropólogos
proclamam ser seu método consiste em “tomar parte do jogo” dançar com eles como
disse Malinowski o inventor do método. A observação participante significa muito mais
a possibilidade de captar informações.Uma teoria etnográfica não se confunde nem com
uma teoria nativa ( sempre cheia de vida, mas por demais presa as vicissitudes
cotidianas, as necessidades de justificar e racionalizar o mundo tal qual ele parece ser
sempre difícil de transplantar para outro contexto). Segundo o historiador francês Paul
Veyne é preciso escolher entre dar conta de pouca coisa muito bem – como fazem as
ciência propriamente ditas – e dar conta não muito bem de muita coisa – que é afinal de
contas nós fizemos. Esboçar uma teoria etnográfica, não é limitar-se a este ou aquele
contexto particular, deixando de lado níveis supostamente mais gerais. Como escreveu
Levi-Strauss, em antropologia trata-se sempre de atingir “um nível em que os
fenômenos conservam uma significação humana e permaneçam compreensíveis –
intelectual e sentimentalmente – para uma consciência individual que não encontra
jamais em sua existência histórica objetos como o valor, a rentabilidade, a produtividade
marginal ou a população máxima”. Goldman nossos objetivos não devem ser grandes,
para não desvendar mistérios, que seriam a explicação de tudo, que os seres humanos
fazem. Nossa parte é elaborar teorias etnográficas para resolver os problemas do cotid
no

REFERÊNCIAS

Goldman Marcio “Alteridade e Experiência: antropologia e teoria


etnográfica”, Vol. X (1), 2006, p.161-173.

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