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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

Curso de Psicologia

Análise Experimental do Comportamento:

Esquemas de Reforçamento

Daniely Brito Tatmatsu


Departamento de Psicologia - UFC
Definição de Esquemas de Reforçamento

Esquemas de reforçamento são regras


que especificam as relações entre
respostas e reforços.

Ferster e Skinner, 1957.

Fonte: Ferster e Skinner, 1957.


Definição de Esquemas de Reforçamento

Arranjos de contingências de reforçamento


que especificam uma relação de dependência
entre a quantidade de respostas, ou sua
distribuição e a quantidade de reforços
produzidos por essas respostas.
Os esquemas de reforçamento especificam
a probabilidade de reforçamento para uma
resposta selecionada, em determinadas
ocasiões.
Seu estudo é relevante para se compreender
como certas respostas são mantidas e como
certos repertórios predominam em detrimento
de outros.
Fonte: Galvão e Barros, 2001.
Definição de Esquemas de Reforçamento

O conceito de esquemas de
reforçamento diz respeito, justamente, a
que critérios uma resposta ou conjunto
de respostas deve atingir para que
ocorra o reforçamento.

Descreve como se dá a contingência


de reforço, ou seja, a que condições as
respostas devem obedecer para ser
liberado o reforçador.

Fonte: Moreira e Medeiros, 2007.


Esquemas de Reforçamento

Esquemas de
Reforçamento

Reforçamento Reforçamento
Contínuo Intermitente

Razão Intervalo

Fixa Variável Fixo Variável


FR VR FI VI

Fonte: Galvão e Barros, 2001.


ESQUEMAS BÁSICOS

Reforçamento Contínuo - CRF


(Continuous reinforcement)

Esquema de reforçamento que especifica que


todas as respostas de uma determinada
classe operante serão reforçadas.

É raro em nosso cotidiano pois nem toda resposta emitida é


sempre consequenciada com a liberação de um reforçador.

Fonte: Galvão e Barros, 2001.


ESQUEMAS BÁSICOS

Reforçamento Contínuo - CRF


(Continuous reinforcement)

Exemplos:

Carro novo: girar a chave e ele ligar;


Namorado amoroso: aceita todos os convites
da namorada;
Crianças que sempre recebem atenção dos
pais por qualquer resposta que emita – “mimadas”.

Fonte: Adaptado de Moreira e Medeiros, 2007.


ESQUEMAS BÁSICOS

ESQUEMA INTERMITENTE FR – Razão Fixa

Esquema de reforçamento que especifica que a


emissão da resposta selecionada só será
reforçada após um número predeterminado e
fixo de emissão dessa resposta.
ESQUEMAS BÁSICOS

ESQUEMA INTERMITENTE VR – Razão Variável

Esquema de reforçamento que especifica que a


emissão da resposta selecionada só será
reforçada após um número predeterminado e
variável de emissão dessa resposta.
ESQUEMAS BÁSICOS

ESQUEMA INTERMITENTE FI – Intervalo Fixo

Esquema de reforçamento que especifica que


a emissão da resposta selecionada só será
reforçada se esta for emitida após a
decorrência de um intervalo de tempo
predeterminado e fixo.
ESQUEMAS BÁSICOS

ESQUEMA INTERMITENTE FI – Intervalo Fixo

O reforçamento se torna menos provável logo


após a liberação do reforço e mais provável
com o passar do tempo.

A quantidade de respostas não altera a probabilidade de reforçamento.


ESQUEMAS BÁSICOS

ESQUEMA INTERMITENTE VI – Intervalo Variável

Esquema de reforçamento que especifica que a


emissão da resposta selecionada só será
reforçada se esta for emitida após a decorrência
de um intervalo de tempo predeterminado e
variável.

A quantidade de respostas não altera a probabilidade de reforçamento.


ESQUEMAS BÁSICOS

ESQUEMA INTERMITENTE VI – Intervalo Variável

A contingência pode especificar a qualquer


tempo que a próxima resposta será reforçada.

Responder depressa ou devagar não afeta a frequência de


reforço. Sujeito tende a emitir as respostas regularmente.

.
ESQUEMAS BÁSICOS

Exemplos:

.
ESQUEMAS BÁSICOS

CONTENÇÃO LIMITADA (LH) – Limited Hold:

Limite temporal para a resposta ser emitida. Um


reforçador permanece disponível por um
determinado período de tempo. Reforço
cancelado se nenhuma resposta reforçada
ocorrer em t s.
Ex. fila com senha.

LH é sempre adicionado a outro esquema, não pode ocorrer sozinho.

Fonte: Catania, 1999.


ESQUEMAS BÁSICOS

COMPARATIVO ENTRE OS ESQUEMAS DE


REFORÇAMENTO

Frequência de respostas: RI > CRF

1) No RI, apenas algumas R são reforçadas -> relação


maior de respostas por reforço;
2) Comptos por reforços primários, saciação mais rápida
em CRF. Em RI, mais R para gerar saciação.

Exceção: FI ou VI < CRF qdo intervalo muito longo.

Fonte: Moreira e Medeiros, 2007.


ESQUEMAS BÁSICOS

COMPARATIVO ENTRE OS ESQUEMAS DE


REFORÇAMENTO

Aquisição do comportamento:

1) CRF melhor que RI;


2) Comportamento novo é mais suscetível à extinção.

Comportamento também pode ser aprendido por RI.

Fonte: Moreira e Medeiros, 2007.


ESQUEMAS BÁSICOS

COMPARATIVO ENTRE OS ESQUEMAS DE


REFORÇAMENTO

Manutenção do comportamento:

1) RI Resistência à Extinção;
2) RI várias respostas não são reforçadas, o que torna mais
difícil a discriminação entre o reforçamento intermitente e
o não-reforçamento da extinção.

Resistência à Extinção = número de respostas emitidas sem


reforçamento antes que o compto volte ao seu nível operante.

Fonte: Moreira e Medeiros, 2007.


ESQUEMAS BÁSICOS

COMPARATIVO ENTRE OS ESQUEMAS DE


REFORÇAMENTO

Demais efeitos sobre a extinção:

1) Em CRF: freq R + depois R deixa de ocorrer


rapidamente + respostas emocionais semelhantes as da
punição (menor magnitude);
2) Em RI: não apresentação de respostas emocionais nem
de freq de R + diminuição da freq de R mais lenta.

RI geram comportamentos mais resistentes à extinção do que CRF.

Fonte: Moreira e Medeiros, 2007.


ESQUEMAS BÁSICOS

GRÁFICO DE RESISTÊNCIA À EXTINÇÃO

Fonte: Moreira e Medeiros, 2007.


ESQUEMAS BÁSICOS

PADRÕES COMPORTAMENTAIS
DE CADA ESQUEMA

Padrão FR: taxas de resposta elevadas e constantes


até o reforço, seguidas de uma pequena pausa após
reforço – discrimina que o reforço demora a vir;

Padrão VR: taxas de resposta elevadas e ausência de


pausas pós-reforço - tx mais altas entre todos pois o
último reforçador não é correlacionado com o não-
reforçamento;

Fonte: Moreira e Medeiros, 2007.


ESQUEMAS BÁSICOS

PADRÕES COMPORTAMENTAIS
DE CADA ESQUEMA

Padrão FI: menores taxas de resposta:


1) Não faz diferença responder muito ou pouco
2) Maiores pausas pós-reforçamento –
discriminação temporal entre reforçamento e
não-reforçamento.

Padrão VI: taxa relativamente alta de respostas


– responder o tempo todo por não prever quando
o reforçador estará disponível.

Fonte: Moreira e Medeiros, 2007.


ESQUEMAS BÁSICOS

PADRÕES COMPORTAMENTAIS
DE CADA ESQUEMA

Fonte: Moreira e Medeiros, 2007.


ESQUEMAS BÁSICOS

PADRÕES COMPORTAMENTAIS
DE CADA ESQUEMA

Efeito do tamanho do esquema:

Quanto > o esquema:

RAZÃO: > freq de R


(FR/VR) > pausas pós-reforçamento

INTERVALO: < freq de R


(FI/VI) > pausas pós-reforçamento

Fonte: Moreira e Medeiros, 2007.


ESQUEMAS BÁSICOS

ESQUEMAS NÃO-CONTINGENTES E O
COMPORTAMENTO SUPERSTICIOSO

Tempo Fixo (FT): reforço em intervalos regulares


sem que nenhuma resposta seja emitida. Ex.
mesada, pensão ou aposentadoria.
Comportamento Supersticioso: reforçamento acidental
por contiguidade.

Tempo Variável (VT): reforço em


intervalos irregulares sem que
nenhuma resposta seja emitida. Ex.
eventos climáticos, vitórias do time
favorito.

Fonte: Moreira e Medeiros, 2007.


ESQUEMAS REGULADORES DA VELOCIDADE DO RESPONDER

DRH (differential reinforcement of high rates) - Reforço


diferencial de altas taxas de respostas:
Esquema onde um número de respostas deve
ser emitido (semelhante ao de razão) dentro de
um tempo predeterminado para o reforço seja
apresentado;
Exemplos: estudar na véspera da prova, atingir
índices para uma olimpíada;
DRL (differential reinforcement of low rates) - Reforço
diferencial de baixas taxas de respostas:
Esquema onde o organismo deve esperar um
tempo desde o último reforço para responder
(semelhante ao intervalo fixo, mas se responder antes do intervalo,
o cronômetro zera e começa o intervalo de novo);

Fonte: Moreira e Medeiros, 2007.


ESQUEMAS REGULADORES DA VELOCIDADE DO RESPONDER

DRO - Reforço diferencial de outros comportamentos:


Esquema onde comportamentos alternativos
são reforçados, exceto aquele que se deseja
reduzir a frequência. É uma combinação de
extinção para comportamentos indesejados e
reforço para outros comportamentos.
Exemplos: redução de comportamentos auto-
lesivos.

DRO é preferível como forma de reduzir a frequência do compto


em relação à punição e à extinção, pois produz menos efeitos
colaterais, como respostas emocionais e contracontrole.

Fonte: Moreira e Medeiros, 2007 / Catania, 1999.


ESQUEMAS COMPOSTOS

COMBINAÇÃO DE ESQUEMAS NA PRODUÇÃO


DE COMPORTAMENTOS COMPLEXOS

Os esquemas podem se alternar uns com os


outros, com estímulos correlacionados
(esquemas múltiplos) ou não (esquemas
mistos);

A consequência de completar um esquema


pode ser o início de um outro esquema, com
estímulos correlacionados (esquemas
encadeados - chain) ou sem eles (esquemas
tandem);
Fonte: Moreira e Medeiros, 2007.
ESQUEMAS MÚLTIPLOS E MISTOS

Esquema Misto (Mix): esquema composto com


dois ou mais esquemas que se alternam, na
ausência de estímulos discriminativos. O
organismo deve discriminar o esquema em vigor
pelo próprio contato com a contingência.

Esquema Múltiplo (Mult): esquema composto


em que dois ou mais esquemas componentes se
alternam, cada um durante um estímulo
diferente. A alternação dos componentes
geralmente é programada depois da
apresentação de reforçadores ou depois de
intervalos de tempo fixos ou variáveis.
Fonte: Catania, 2007.
ESQUEMAS MÚLTIPLOS E MISTOS

Exemplos:

- Esquema Misto: VR composto de alternâncias


aleatórias de FR10, FR20...
(chamado de esquema misto FR10 FR20...)

- Esquema Múltiplo: FR par luz verde e DRL para luz


vermelha. Cada componente está em vigor em um
dado momento e um não depende do outro. Efeitos
de uma droga sobre o responder.

Fonte: Catania, 2007.


ESQUEMAS ENCADEADOS

Esquema Tandem: esquema composto em que


um reforçador é produzido pelo completar
sucessivo de dois ou mais esquemas
componentes, todos operando na ausência de
estímulos discriminativos.

Esquema Chain: esquema composto, em que


os reforçadores são produzidos pelo completar
sucessivo de dois ou mais esquemas
componentes, cada um operando na presença
de um estímulo diferente.

Fonte: Catania, 2007.


ESQUEMAS ENCADEADOS

Exemplos:

-Esquema Tandem: VR produz DRH e completar


DRH produz comida na ausência de Sd’s;

- Esquema Chain: VR em presença de luz azul,


produz luz amarela, completar FR na luz
amarela, produz comida.

Fonte: Catania, 2007.


OUTROS ESQUEMAS DE REFORÇAMENTO

COMBINAÇÃO DE ESQUEMAS NA PRODUÇÃO


DE COMPORTAMENTOS COMPLEXOS

Os esquemas podem operar ao mesmo tempo,


para respostas diferentes (esquemas
concorrentes);
para uma mesma resposta (esquemas
conjugados).

Usados para análise do comportamento de escolha.

Fonte: Catania, 2007.


ESQUEMAS ENCADEADOS

Esquemas Concorrentes: dois ou mais


esquemas estão em vigor ao mesmo tempo para
respostas diferentes e o reforço de um esquema
não depende do outro;

Esquemas Conjugados: dois ou mais


esquemas estão em vigor ao mesmo tempo para
uma única resposta e o reforço de um esquema
não depende do outro.

Fonte: Catania, 2007.


ESQUEMAS ENCADEADOS

Exemplos:
Esquemas Concorrentes: VI para bicadas no
disco da esquerda e outro VI para bicadas no
disco da direita, Ir à escola ou ficar em casa.

Esquemas Conjugados: VI e esquiva operam,


simultaneamente, para pressões em uma única
barra, Falar em público como treino de
assertividade em terapia.

Fonte: Catania, 2007.


ESQUEMAS ENCADEADOS

Lei da Igualação:

Trata de como os organismos distribuem seus


comportamentos em situações de esquemas
concorrentes.
Relação de igualação entre comportamento e
vários parâmetros do reforço: a quantidade de
reforço produzido em cada ocorrência da
resposta, a qualidade do reforço, o atraso do
reforço e o esquema de reforçamento em vigor.
Estudar a preferência do indivíduo por um esquema
ou outro não deve excluir os parâmetros do reforço.

Fonte: Catania, 2007.


“Não aceite nenhuma prática como
imutável. Mude e esteja pronto a
mudar novamente. Não aceite
verdade eterna. Experimente.”

Skinner

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