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Cadernos PDE
RESUMO: Por vezes, a Matemática é apresentada como algo difícil à população. Essa concepção
tem grande influência sobre os alunos que, muitas vezes, julgam difícil de compreendê-la. Neste
sentido, a utilização de jogos é uma tentativa de romper essa visão acerca da Matemática. Sendo
assim, o presente artigo apresenta relatos obtidos ao trabalhar jogos matemáticos com o intuito de
proporcionar aos alunos do 6º ano da Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Centro Estadual de
Educação Básica para Jovens e Adultos (CEEBJA) de Guaíra um saber matemático construído de
forma prazerosa; jogos estes os quais foram utilizados como recursos pedagógicos para o ensino-
aprendizagem de operações fundamentais, com um despertar do raciocínio lógico não somente nas
aulas de matemática, mas sim no seu cotidiano, pois se torna necessário o aprendizado destas
operações na vida de todo ser humano.
1 Introdução
1
Professora de Matemática da Rede Estadual do Paraná. Especialista em Ensino da Matemática do
1º e 2º Graus e em Educação Especial e Pedagogia Escolar: Supervisão, Orientação e
Administração. Lotada no CEEBJA e no Colégio Estadual Presidente Roosevelt, ambos em Guaíra,
PR.
2
Doutoranda em Educação pela Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Presidente
Prudente/SP). Mestre em Educação Matemática pela Universidade Estadual Paulista "Júlio de
Mesquita Filho" (Rio Claro/SP), docente da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE,
Campus de Foz do Iguaçu e orientadora PDE.
O saber matemático é essencial na vida do ser humano, pois, em seu
trabalho e em outras atividades cotidianas, usam-se os números e os cálculos.
Diante disso, neste trabalho, propomos a investigação da seguinte questão: de que
forma o uso dos jogos matemáticos podem ajudar os alunos da EJA no
desenvolvimento do raciocínio lógico e na construção de um saber matemático?
Tem-se por objetivo, trabalhar a matemática utilizando como metodologia os
jogos com vista a possibilitar aos educandos da EJA desenvolver o raciocínio lógico
e resolver as operações fundamentais, auxiliando-os no estímulo da memória,
vivenciando momentos de descontração adquirindo o gosto pela Matemática,
desenvolvendo cálculos mentais e estimulando ainda a observação e a
concentração.
Os alunos da EJA apresentam um perfil diferenciado dos alunos presentes
nos anos adequados à faixa etária. São jovens e adultos – muitos destes
trabalhadores – que, por meio de sua história, cultura e costumes, trazem consigo
um conhecimento adquirido ao longo da experiência de vida. Estiveram afastados da
escola por certo tempo devido aos problemas ocorridos no trabalho, na família, ou
problemas de outra natureza, ou ainda porque alguns, quando crianças, sequer
tiveram acesso à escola.
Um dos fatores mais marcantes desse afastamento da escola consiste no
ingresso prematuro no mercado de trabalho, pois, desde muito cedo, tiveram de
ajudar no sustento da família. Destaca-se ainda que muitos estudantes pararam de
estudar devido à reprovação de um ou mais anos-letivos e, sem o estímulo da
família, deixaram o tempo passar, sem se dar conta do que estavam perdendo,
protelando o retorno ao estudo.
Nessa perspectiva, a EJA deve contemplar ações pedagógicas específicas
que levam em consideração o perfil do educando jovem, adulto e idoso que não
obteve escolarização ou não deu continuidade aos seus estudos por fatores muitas
vezes alheios à sua vontade. Conforme Soares (2002),
[...] acelerar quem está com atraso escolar significa não retardar
mais e economizar tempo de calendário mediante condições
apropriadas de aprendizagem que incrementam o progresso do
aluno na escola. (SOARES, 2002, p. 79).
Ainda na visão de Soares (2002), outro público que demanda ser atendido
pela EJA é a de pessoas idosas, as quais buscam a escola para o desenvolvimento
ou ampliação de seus conhecimentos, bem como a fim de obter outras
oportunidades de convivência, e inclui-se aqui o convívio social e a realização
pessoal.
Com base nestas reflexões acerca do ensino da EJA, faz-se necessária a
presença de um professor inovador, que faça a utilização de recursos que
possibilitem ao educando um aprendizado de forma concreta.
Neste contexto, os jogos, assim como outros recursos, quando planejados,
são ferramentas que auxiliam no desenvolvimento do raciocínio lógico do educando
no ensino da Matemática, pois aprofundam e ampliam os significados e noções
matemáticas, provocando processos de reflexão sobre essas noções a partir de seu
uso. Enquanto jogam, os alunos discutem as ideias que têm, as descobertas que
fazem e passam a aprimorá-las. Assim, consequentemente, o processo de
construção dos saberes matemáticos torna-se mais significativo.
2 Contextualizando a EJA
Todo esse conhecimento que hoje está ao nosso alcance foi sendo
acumulado ao longo do tempo por nossos antepassados e cedido a
cada um de nós como uma fabulosa herança cultural. (IMENES,
1992, p. 45).
A literatura que aborda tal tema aponta que a matemática é uma ciência que
provém da construção humana; seus conceitos surgiram da necessidade do homem
resolver situações-problema, normalmente relacionadas com outras áreas, nem
sempre percebendo que estão sendo usados conceitos matemáticos; porém, eles
estão presentes e, nesse sentido, define-se a matemática como uma forma de
pensar que deve estar ao alcance de todos.
Segundo Andery (1998), o ser humano atua sobre a natureza em função de
suas necessidades, e não se reduz ao imediatismo com que se depara, de modo
que ele ultrapassa limites e produz um conjunto de conhecimentos que, ao
tornarem-se históricos, superam a simples sobrevivência individual. Esses
conhecimentos produzidos são acumulados e ensinados de geração em geração,
tornando-se elementos nucleares à cultura que, neste sentido, adquire o caráter da
tradição.
Para as Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Matemática (DCE/
2008), a aprendizagem da matemática consiste em criar estratégias que possibilitam
ao aluno atribuir sentido e construir significado às ideias matemáticas de modo a
tornar-se capaz de estabelecer relações, justificar, analisar, discutir e criar. Desse
modo, supera o ensino que objetiva apenas desenvolver habilidades, como calcular
e resolver problemas, ou fixar conceitos pela memorização ou listas de exercícios.
Nessa ação reflexiva, abre-se espaço para um discurso matemático voltado
tanto para aspectos cognitivos como para a relevância social do ensino da
Matemática. Isso implica olhar tanto do ponto de vista do ensinar e do aprender
Matemática, quanto do seu fazer, do seu pensar e da sua construção histórica,
buscando compreendê-los.
O primeiro jogo, intitulado “O Juiz foi Viajar”, foi desenvolvido com o auxílio de
um texto com algumas dicas e, no final, uma pergunta. Para melhor visualizarem e
terem uma melhor compreensão da atividade proposta, foi entregue aos alunos uma
Foto 2 – Atividade “O Juiz foi Viajar”. tabela, a qual deveria ser preenchida com
nove fichas com o nome de três profissões, três
animais e três veículos, trabalhando em duplas
de dois a dois.
Foi explicado que, nem sempre se
começa pela primeira dica que aparece no
texto, e sim, pela dica mais precisa, com a
Fonte: Foto da autora.
opção da fichinha estar em apenas um lugar na
tabela e que na coluna das profissões
poderiam colocar as fichinhas referentes às profissões.
Os alunos tentaram preencher a tabela por alguns minutos, sem que nenhum
grupo chegasse a colocar as demais fichas no lugar certo, até que chegaram á
seguinte conclusão:
Continuaram por mais tempo tentando e, por terem muitas fichas, acabavam
errando, sem encontrar nenhuma pista de preenchimento. Foi aí que passamos mais
uma dica a eles quanto à cor das casas, em que se diz que a casa verde fica
imediatamente à esquerda da casa cinza. Neste momento, eles perceberam que
tinham duas opções de colocação: primeira e segunda casa, ou segunda e terceira
casa. Optaram pela cor verde na primeira casa e cinza na segunda casa, que, no
caso, é a resposta correta. Após estas dicas, cada grupo continuou seu trabalho.
Foram fazendo os encaixes conforme o texto. Os grupos que terminaram primeiro
foram ajudando os demais, até que todos terminassem a atividade proposta.
Os comentários que surgiram após o término da atividade foram em relação
às cores das casas nos dias de hoje, destacando a importância do Arquiteto para
fazer a combinação de cores:
O GTR é um dos itens necessários para que o professor que faz parte do
Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) possa concluir suas atividades,
caracterizando-se pela interação virtual entre o Professor PDE e outros professores
da Rede Pública do Estado do Paraná, os quais fizeram suas inscrições no Portal da
Secretaria de Estado da Educação, em datas especificadas, no início do ano letivo
em que o Professor PDE fará a implementação de seu projeto, ocorrendo a
socialização das produções no Ambiente Virtual de Aprendizagem. Neste ambiente
virtual foi socializado com os professores inscritos no GTR o Projeto de Intervenção
na Escola (Temática 1), a Produção Didático Pedagógica (Temática 2) e as
Previsões das Ações de Implementação do Projeto na Escola (Temática 3),
finalizando com a Avaliação do GTR, um questionário on-line no qual o Professor
PDE não tem acesso para verificar as respostas dos professores cursistas.
Através das discussões e posicionamentos dos Professores Participantes,
com suas ideias, observações e metodologias que aplicam em suas salas de aulas,
relatados nos Fóruns e Diários, entende-se que o Projeto de Implementação “Jogos
Matemáticos para Trabalhar o Raciocínio Lógico em Operações Fundamentais”
condiz com a proposta curricular inserida nas Diretrizes Curriculares do Estado do
Paraná, haja vista a necessidade da utilização de metodologias diferenciadas na
inserção de conteúdos programáticos no ensino da Matemática.
Também ficou claro que o GTR foi um momento em que nós professores
repassamos nossas angústias e descobertas aos colegas participantes, tornando-se
uma etapa importantíssima na implementação do Projeto pelas ideias e experiências
que trocamos, enriquecendo, assim, também o aprendizado dos alunos.
6 Considerações Finais
REFERÊNCIAS
FREIRE, P.; NOGUEIRA, A.; MAZZA, D. Fazer escola conhecendo a vida. 2. ed.
Campinas Sp: Papirus, 1986.
______. Pedagogia do oprimido. 44. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2005.
SITES CONSULTADOS
JOGO para Sala - Bingo com as Quatro Operações. Dia a Dia Educação.
Disponível em:
<http://www.matematica.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=
224>. Acesso em: 9 set. 2013.
GUIMARÃES, Anilda Pereira da S.; ARAÚJO, Verônica Álvares de. JOGOS BOOLE.
A maneira divertida de estimular o interesse pela descoberta. Disponível em:
<http://www.sbemrn.com.br/site/II%20erem/oficina/doc/oficina8.pdf>. Acesso em: 22
jul. 2013.