Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
particular para se obter o que se deseja; estratégia; acompanhamento das ações, a avaliação e utilização dos
táctica;(Do grego politiké, «a arte de governar a cidade»). resultados, com a participação e envolvimento das
pessoas, o coletivo da escola, pode levá-la a ser eficiente e
PEDAGÓGICO = relativo ou conforme à pedagogia; eficaz. Desafiante porque, administrar de forma racional,
que é teoria da arte, filosofia ou ciência da educação, com sem se utilizar dos princípios da administração
vista à definição dos seus fins e dos meios capazes de os científica/taylorista, exige de todos os seus atores uma
realizar; “Projeto Político Pedagógico: ação intencional. relação dialética, uso de técnicas e habilidades humanas
Compromisso sóciopolítico no sentido de compromisso eficazes e adequadas aos objetivos a que se propõe a
com a formação do cidadão, para um tipo de sociedade e escola.
Pedagógico: no sentido de definir as ações educativas e as
características necessárias às escolas para que essas Pressupostos de um projeto político-pedagógico
cumpram seus propósitos e sua intencionalidade”.
Os objetivos desse tópico são definir o que é um projeto
político-pedagógico, como situá-lo no planejamento
FINALIDADE escolar e na gestão da escola, bem como examinar e
Toda escola deve ter definida, para si mesma e para sua analisar o que é importante a ser considerado na sua
comunidade escolar, uma identidade e um conjunto construção, isto é, que pressupostos alicerçam essa
orientador de princípios e de normas que iluminem a construção. O projeto político-pedagógico mostra a visão
ação pedagógica cotidiana. O Projeto político pedagógico macro do que a instituição escola pretende ou idealiza
vê a escola como um todo em sua perspectiva estratégica, fazer, seus objetivos, metas e estratégias permanentes,
não apenas em sua dimensão pedagógica. É uma tanto no que se refere às suas atividades pedagógicas,
ferramenta gerencial que auxilia a escola a definir suas como às funções administrativas. Portanto, o projeto
prioridades estratégicas, a converter as prioridades em político pedagógico faz parte do planejamento e da gestão
metas educacionais e outras concretas, a decidir o que escolar.
fazer para alcançar as metas de aprendizagem, a medir se
os resultados foram atingidos e a avaliar o próprio A questão principal do planejamento é expressar a
desempenho. capacidade de se transferir o planejado para a ação.
Assim sendo, compete ao projeto político pedagógico a
O PPP é diferente de planejamento pedagógico. É um operacionalização do planejamento escolar, em um
conjunto de princípios que norteiam a movimento constante de reflexão- ação-reflexão. A
importância do projeto político pedagógico está no fato
elaboração e a execução dos planejamentos, por isso,
de que ele passa a ser uma direção, um rumo para as
envolvem diretrizes mais permanentes, que abarcam
ações da escola. É uma ação intencional que deve ser
conceitos subjacentes à educação: - Conceitos
definida coletivamente, com consequente compromisso
Antropológicos: (relativos à existência humana) -
coletivo.
Conceitos Epistemológicos: aquisição do conhecimento -
Conceitos sobre Valores: pessoais, morais, étnico... - A GESTÃO DO PROJETO POLÍTICO-
Político: direcionamento hierárquico, regras... PEDAGÓGICO
Consideramos que a gestão do projeto político
IMPORTÂNCIA DE UM PROJETO PARA A pedagógico realiza-se não somente durante o seu
ESCOLA
acompanhamento, mas também durante a sua elaboração,
A relevância de um projeto escolar consiste no
cujos pressupostos foram analisados no item anterior
planejamento que, evita improvisação, serviço malfeito,
desse trabalho e onde fica claro a importância da
perda de tempo e de dinheiro. Com planejamento, fica
participação e compromisso do coletivo da escola. A
bem claro o que se pretende e o que deve ser feito para se
escola como uma instituição social difere de uma
chegar aonde se quer. Um bom Projeto Político
organização. Como instituição social a escola busca a
Pedagógico dá segurança à escola. Escolhem-se as
universalidade, tendo como referência e princípio
melhores estratégias o que facilita seu trabalho, pois o
normativo e valorativo a sociedade em que atua.
mesmo está fundamentado no Projeto que norteia toda
Unidade Escolar. A organização, por sua vez, está voltada para si, para a sua
particularidade, tendo como princípio e referência ela mesma
A CONSTRUÇÃO DO PROJETO em um processo de competição com outras com os mesmos
POLÍTICO PEDAGÓGICO DA ESCOLA
objetivos (CHAUI, 2003, p. 3). A escola, portanto, é uma
O estudo do planejamento e gestão educacional, e de
instituição social que se diferencia de uma organização, mas
modo particular a sua aplicação, são de enorme
que tem uma especificidade organizativa, uma cultura que
importância, ao mesmo tempo que se apresentam como
devem ser levadas em consideração em um processo de
um grande desafio aos gestores escolares. Importância
gestão. Sendo assim, a escola não pode prescindir da
porque quando implementado de acordo com a realidade
e as necessidades da instituição escola, uma gestão eficaz administração, entendida como atividade natural humana
pode fazer a diferença, utilizando-se de métodos e técnicas para alcançar certos fins e objetivos e que se utiliza de forma
adequadas e compatíveis aos seus fins e objetivos. racional de recursos materiais e humanos (PARO, 2002, p.
A articulação entre o projeto político-pedagógico, o 18).
2 nuceconcursos.com.br
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
A questão que se coloca é como administrar, de forma do seu entorno, de modo que o PPP apresente um retrato
democrática e participativa, em um contexto de sociedade fidedigno do recorte da realidade social da escola,
dominado pelo modelo de produção capitalista, estabelecendo-se, assim, a predominância dos princípios
utilizando-se do princípio da racionalidade. Apesar das da gestão democrática não apenas no papel, em forma de
dificuldades inerentes aos sistemas da sociedade atual, o documento, mas também nos processos de reflexão e
que se pretende é que a escola tenha uma administração integração da escola com o meio ambiente e a sociedade
participativa, sem autoritarismos, que se preocupe com o dos quais faz parte.
coletivo, com o desenvolvimento dos seus profissionais,
porém sem perder a perspectiva de realização de um Somente sob essa condição primeira, do diálogo
trabalho de qualidade, que visa objetivos sociais, usando permanente aberto entre comunidade e escola,
métodos e técnicas que garantam o alcance deles. poderemos afirmar que a instituição de ensino
apresentada no PPP tem compromissos efetivos com a
Considerando que é do interesse da sociedade que seus democracia, notabilizados em seus ensinamentos e,
cidadãos sejam educados, instruídos e formados, e que simultaneamente, na aplicação prática dos conceitos
esta é a principal função da escola, administrá-la de modo trabalhados conjuntamente com os alunos.
eficiente e eficaz é uma das condições para que cumpra o
seu papel. Quando assim administrada a escola oferece O PPP elaborado sob a gestão democrática é
condições para a melhoria da qualidade do ensino e da praticamente um atestado de que também é papel da
aprendizagem. Para que a escola, realmente, alcance os escola conhecer as comunidades nas quais está inserida,
seus objetivos, é de fundamental importância que a dialogando com os cidadãos que as compõem e
construção e o acompanhamento do projeto político- reconhecendo que o ambiente escolar não é o único
pedagógico estejam alicerçados em uma administração espaço educativo na formação de cidadãos, motivo pelo
participativa, coletiva, em que as decisões sejam qual é preciso extrapolar os muros da escola em busca da
democratizadas e que o seu processo de avaliação e criação de mecanismos de participação de todos os
revisão seja uma prática coletiva constante, como sujeitos que podem atuar em benefício da construção do
oportunidade de reflexão para mudanças de direção e conhecimento.
caminhos. Agindo desse modo, em consonância com os princípios e
A IMPORTÂNCIA DA CONSTRUÇÃO DO valores democráticos expostos no seu PPP, a escola
PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO SOB A reafirma na prática que a educação é vista por ela e pelas
PERSPECTIVA DA GESTÃO DEMOCRÁTICA comunidades que a integram como produção, isto é, não
Principal documento da escola que representa, o Projeto somente como processos de transmissão e acumulação
Político Pedagógica (PPP) é o resultado do planejamento do conhecimento. Em síntese, o PPP como fruto de uma
da unidade escolar. O principal objetivo do PPP é gestão democrática visa a criar condições para que
apresentar as características da escola, seus princípios crianças, jovens, adultos e idosos sejam protagonistas da
norteadores, sua proposta de metodologia de ensino- existência da escola como centro educacional, o que
aprendizado, os objetivos desse projeto, as metas e ações equivale a dizer que essa escola acredita que todos podem
da escola, seus planos de cursos, os procedimentos e devem ser educadores, como nos ensinou Paulo Freire,
adotados para acompanhamento e avaliação de alunos e por meio do acolher, do cuidar e do educar.
professores, o plano de trabalho de seus diversos núcleos,
Afirma VEIGA: O projeto político-pedagógico tem a ver
os procedimentos para acompanhamento, controle e
com a organização do trabalho pedagógico em dois
avaliação da proposta nele contida e os projetos especiais
níveis: como organização da escola como um todo e
idealizados para um exercício letivo.
como organização da sala de aula, incluindo sua relação
Todavia, é importante ressaltar que, quando elaborado com o contexto social imediato, procurando preservar a
sob a perspectiva da gestão democrática, ao se referir aos visão da totalidade.
aspectos da escola, o PPP deve abordar com fidelidade o
Sem a visão do contexto social imediato, conforme
meio no qual essa escola está inserida, isto é, as
explicitado por VEIGA (idem, ibdem), o posiciona
comunidades que atende em sua específica realidade
mento da escola referente às práticas de cidadania e suas
social e a visão de mundo que essa escola pretende
concepções de ensino não abarcará valores e princípios
construir conjuntamente com elas.
da gestão democrática e, condicionalmente, não estará
Informações e dados relevantes sobre a escola e as cumprindo seu dever de formação da cidadania.
comunidades que compreendem sua realidade devem
compor, no PPP, a base das teorias pedagógicas que
embasam sua fundamentação, de modo que elas possam
– sem conflitos entre teoria e práxis – ser aplicadas na
prática diária dos espaços destinados ao procedimento de
ensino aprendizado ou salas de aula. Consequentemente,
há a necessidade intrínseca da abertura e da manutenção
de um diálogo constante entre a escola e as comunidades
nuceconcursos.com.br 3
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
4 nuceconcursos.com.br
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
político-pedagógico passa pela relativa autonomia da Do exposto, o projeto político-pedagógico não visa
escola, de sua capacidade de delinear sua própria simplesmente a um rearranjo formal da escola, mas a uma
identidade. Isto significa resgatar a escola como espaço qualidade em todo o processo vivido. Vale acrescentar,
público, lugar de debate, do diálogo, fundado na reflexão ainda, que a organização do trabalho pedagógico da escola
coletiva. Portanto, é preciso entender que o projeto tem a ver com a organização da sociedade. A escola nessa
político-pedagógico da escola dará indicações necessárias à perspectiva é vista como uma instituição social, inserida na
organização do trabalho pedagógico, que inclui o trabalho
sociedade capitalista, que reflete no seu interior as
do professor na dinâmica interna da sala de aula,
determinações e contradições dessa sociedade.
ressaltado anteriormente.
Buscar uma nova organização para a escola constitui uma Princípios norteadores do projeto político
ousadia para os educadores, pais, alunos e funcionários. pedagógico
A abordagem do projeto político-pedagógico, como
E para enfrentarmos essa ousadia, necessitamos de um organização do trabalho da escola como um todo, está
referencial que fundamente a construção do projeto fundada nos princípios que deverão nortear a escola
político-pedagógico. A questão é, pois, saber a qual democrática, pública e gratuita:
referencial temos que recorrer para a compreensão de
nossa prática pedagógica. Nesse sentido, temos que nos
a) Igualdade de condições para acesso e permanência na
alicerçar nos pressupostos de uma teoria pedagógica
escola. Saviani alerta-nos para o fato de que há uma
crítica viável, que parta da prática social e esteja
compromissada em solucionar os problemas da educação desigualdade no ponto de partida, mas a igualdade no
e do ensino de nossa escola. Uma teoria que subsidie o ponto de chegada deve ser garantida pela mediação da
projeto político-pedagógico e, por sua vez, a prática escola. O autor destaca:
pedagógica que ali se processa deve estar ligada aos
interesses da maioria da população. Fazse necessário, Portanto, só é possível considerar o processo educativo
também, o domínio das bases teórico-metodológicas em seu conjunto sob a condição de se distinguir a
indispensáveis à concretização das concepções assumidas democracia como possibilidade no ponto de partida e
coletivamente. Mais do que isso, afirma Freitas que: democracia como realidade no ponto de chegada. (1982,
As novas formas têm que ser pensadas em um contexto p. 63)
de luta, de correlações de força – às vezes favoráveis, às
vezes desfavoráveis. Terão que nascer no próprio "chão Igualdade de oportunidades requer, portanto, mais que a
da escola", com apoio dos professores e pesquisadores. expansão quantitativa de ofertas; requer ampliação do
Não poderão ser inventadas por alguém, longe da escota e da luta da atendimento com simultânea manutenção de qualidade.
escota. (grifos do autor) (Freitas 1991, p. 23)
b) Qualidade que não pode ser privilégio de minorias
Isso significa uma enorme mudança na concepção do econômicas e sociais. O desafio que se
projeto político-pedagógico e na própria postura da coloca ao projeto político-pedagógico da escola é o de
administração central. Se a escola nutre-se da vivência propiciar uma qualidade para todos.
cotidiana de cada um de seus membros, coparticipantes de
sua organização do trabalho pedagógico à administração A qualidade que se busca implica duas dimensões
central, seja o Ministério da Educação, a Secretaria de indissociáveis: a formal ou técnica e a política. Uma não
Educação Estadual ou Municipal, não compete a eles está subordinada à outra; cada uma delas tem perspectivas
definir um modelo pronto e acabado, mas sim estimular próprias.
inovações e coordenar as ações pedagógicas planejadas e
organizadas pela própria escola. Em outras palavras, as A primeira enfatiza os instrumentos e os métodos, a
escolas necessitam receber assistência técnica e financeira técnica. A qualidade formal não está afeita,
decidida em conjunto com as instâncias superiores do necessariamente, a conteúdos determinados. Demo afirma
sistema de ensino. que a qualidade formal: "(...) significa a habilidade de
manejar meios, instrumentos, formas, técnicas,
Isso pode exigir, também, mudanças na própria lógica de procedimentos diante dos desafios do desenvolvimento"
organização das instâncias superiores, implicando uma (1994, p. 14).
mudança substancial na sua prática.
A qualidade política é condição imprescindível da
Para que a construção do projeto político-pedagógico seja participação. Está voltada para os fins, valores e
possível não é necessário convencer os professores, a conteúdos. Quer dizer "a competência humana do sujeito
equipe escolar e os funcionários a trabalhar mais, ou em termos de se fazer e de fazer história, diante dos fins
mobilizá-los de forma espontânea, mas propiciar situações históricos da sociedade humana" (Demo 1994, p. 14).
que lhes permitam aprender a pensar e a realizar o fazer
pedagógico de forma coerente. Nesta perspectiva, o autor chama atenção para o fato de
que a qualidade centra-se no desafio de manejar os
O ponto que nos interessa reforçar é que a escola não tem instrumentos adequados para fazer a história humana. A
mais possibilidade de ser dirigida de cima para baixo e na qualidade formal está relacionada com a qualidade política
ótica do poder centralizador que dita as normas e exerce o
e esta depende da competência dos meios.
controle técnico burocrático. A luta da escola é para a
A escola de qualidade tem obrigação de evitar de todas as
descentralização em busca de sua autonomia e qualidade.
nuceconcursos.com.br 5
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
A busca da gestão democrática inclui, necessariamente, a A qualidade do ensino ministrado na escola e seu sucesso
ampla participação dos representantes dos diferentes na tarefa de formar cidadãos capazes de participar da vida
segmentos da escola nas decisões/ações administrativo- socioeconômica, política e cultural do país relacionam-se
pedagógicas ali desenvolvidas. Nas palavras de Marques: estreitamente a formação (inicial e continuada), condições
de trabalho (recursos didáticos, recursos físicos e
A participação ampla assegura a transparência das materiais, dedicação integral à escola, redução do número
decisões, fortalece as pressões para que sejam elas de alunos na sala de aula etc.), remuneração, elementos
legítimas, garante o controle sobre os acordos esses indispensáveis à profissionalização do magistério.
estabelecidos e, sobretudo, contribui para que sejam
contempladas questões que de outra forma não entrariam A melhoria da qualidade da formação profissional e a
em cogitação. (1990, p. 21) valorização do trabalho pedagógico requerem a articulação
entre instituições formadoras, no caso as instituições de
Neste sentido, fica claro entender que a gestão ensino superior e a Escola Normal, e as agências
democrática, no interior da escola, não é um princípio empregadoras, ou seja, a própria rede de ensino. A
fácil de ser consolidado, pois trata-se da participação formação profissional implica, também, a
crítica na construção do projeto político pedagógico e na indissociabilidade entre a formação inicial e a formação
continuada.
6 nuceconcursos.com.br
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
crítica da realidade.
Acreditamos que os princípios analisados e o
O reforço à valorização dos profissionais da educação, aprofundamento dos estudos sobre a organização do
garantindo-lhes o direito ao aperfeiçoamento profissional trabalho pedagógico trarão contribuições relevantes para a
permanente, significa "valorizar a experiência e o compreensão dos limites e das possibilidades dos projetos
conhecimento que os professores têm a partir de sua político-pedagógicos voltados para os interesses das
prática pedagógica" (Veiga e Carvalho 1994, p. 51). camadas menos favorecidas.
nuceconcursos.com.br 7
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
• Corno é perseguida sua finalidade cultural, ou seja, a de uma forma material como, por exemplo, a arquitetura do
preparar culturalmente os indivíduos para uma melhor edifício escolar e a maneira como ele se apresenta do
compreensão da sociedade em que vivem? ponto de vista de sua imagem: equipamentos e materiais
• Como a escola procura atingir sua finalidade política e social, didáticos, mobiliário, distribuição das dependências
ao formar o indivíduo para a participação política que escolares e espaços livres, cores, limpeza e saneamento
implica direitos e deveres da cidadania? básico (água, esgoto, lixo e energia elétrica).
• Como a escola atinge sua finalidade de formação profissional,
ou melhor, como ela possibilita a compreensão do papel As pedagógicas, que, teoricamente, determinam a ação das
do trabalho na formação profissional do aluno? administrativas, "organizam as funções educativas para
• Como a escola analisa sua finalidade humanística, ao que a escola atinja de forma eficiente e eficaz as suas
procurar promover o desenvolvimento integral da pessoa? finalidades" (Alves 1992, p. 21).
8 nuceconcursos.com.br
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
O horário escolar, que fixa o número de horas por semana interesses da população, deve prever mecanismos que
e que varia em razão das disciplinas constantes na grade estimulem a participação de todos no processo de decisão.
curricular, estipula também o número de aulas por Isto requer uma revisão das atribuições específicas e
professor. Tal como afirma Enguita (1989, p. 180): “(..) As gerais, bem como da distribuição do poder e da
matérias tornam-se equivalentes porque ocupam o mesmo descentralização do processo de decisão. Para que isso seja
número de horas por semana, e são vistas como tendo possível há necessidade de se instalarem mecanismos
menor prestígio se ocupam menos tempo que as demais”. institucionais visando à participação política de todos os
envolvidos com o processo educativo da escola. Paro
A organização do tempo do conhecimento escolar é (1993, p. 34) sugere a instalação de processos eletivos de
marcada pela segmentação do dia letivo, e o currículo é, escolha de dirigentes, colegiados com representação de
consequentemente, organizado em períodos fixos de alunos, pais, associação de pais e professores, grêmio
tempo para disciplinas supostamente separadas. O estudantil, processos coletivos de avaliação continuada
controle hierárquico utiliza o tempo que muitas vezes é dos serviços escolares etc.
desperdiçado e controlado pela administração e pelo
professor. AS RELAÇÕES DE TRABALHO
É importante reiterar que, quando se busca uma nova
Em resumo, quanto mais compartimentado for o tempo, organização do trabalho pedagógico, está se considerando
mais hierarquizadas e ritualizadas serão as relações sociais, que as relações de trabalho, no interior da escola, deverão
reduzindo, também, as possibilidades de se estar calcadas nas atitudes de solidariedade, de
institucionalizar o currículo integração que conduz a um reciprocidade e de participação coletiva, em contraposição
ensino em extensão. à organização regida pelos princípios da divisão do
trabalho, da fragmentação e do controle hierárquico. É
Enguita, ao discutir a questão de como a escola contribui nesse movimento que se verifica o confronto de interesses
para a inculcação da precisão temporal nas atividades no interior da escola. Por isso, todo esforço de se gestar
escolares, assim se expressa: uma nova organização deve levar em conta as condições
concretas presentes na escola. Há uma correlação de
A sucessão de períodos muito breves - sempre de menos forças e é nesse embate que se originam os conflitos, as
de uma hora – dedicados a matérias muito diferentes tensões, as rupturas, propiciando a construção de novas
entre si, sem necessidade de sequência lógica entre elas, formas de relações de trabalho, com espaços abertos à
sem atender à melhor ou à pior adequação de seu reflexão coletiva que favoreçam o diálogo, a comunicação
conteúdo a períodos mais longos ou mais curtos e sem horizontal entre os diferentes segmentos envolvidos com
prestar nenhuma atenção à cadência do interesse e do o processo educativo, a descentralização do poder. A esse
trabalho dos estudantes; em suma, a organização habitual respeito, Machado assume a seguinte posição: "O
do horário escolar ensina ao estudante que o importante processo de luta é visto como uma forma de contrapor-se
não é a qualidade precisa de seu trabalho, a que o dedica, à dominação, o que pode contribuir para a articulação de
mas sua duração. A escola é o primeiro cenário em que a práticas emanai-patórias" (1989, p. 30).
criança e o jovem presenciam, aceitam e sofrem a
redução de seu trabalho a trabalho abstrato. (1989, p. A partir disso, novas relações de poder poderão ser
180) construídas na dinâmica interna da sala de aula e da escola.
Uma estrutura administrativa da escola, adequada à Considerando a avaliação dessa forma, é possível salientar
realização de objetivos educacionais, de acordo com os dois pontos importantes. Primeiro, a avaliação é um ato
dinâmico que qualifica e oferece subsídios ao projeto
10 nuceconcursos.com.br
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
político-pedagógico. Segundo ela imprime uma direção às Hamburgo, agosto de 1991 (mimeo).
ações dos educadores e dos educandos. ______. "Crítica da organização do trabalho pedagógico e da
didática". Tese de livre-docência. Campinas,
O processo de avaliação envolve três momentos: a Unicamp, 1994.
descrição e a problematização da realidade escolar, a GADOTTI, Moacir. "Pressupostos do projeto pedagógico".
compreensão crítica da realidade descrita e problematizada In: MEC, Anais da Conferência Nacional de
é a proposição de alternativas de ação, momento de Educação para Todos. Brasília, 28/8 a 2/9/94.
criação coletiva. GIROUX, Henry. Teoria crítica e resistência em: educação: Para
além das teorias da reprodução. Petrópolis, Vozes, 1986.
HELLER. Agnes. Para mudar a vida. São Paulo, Brasiliense,
A avaliação, do ponto de vista crítico, não pode ser
1982.
instrumento de exclusão dos alunos provenientes das
MACHADO, Antônio Berto. "Reflexões sobre a organização
classes trabalhadoras. Portanto, deve ser democrática, do processo de trabalho na escola". In: Educação em
deve favorecer o desenvolvimento da capacidade do aluno Revista n° 9. Belo Horizonte, jul. 1989, pp. 27-31.
de apropriar-se de conhecimentos científicos, sociais e MARQUES, Mário Osório. "Projeto pedagógico: A marca da
tecnológicos produzidos historicamente e deve ser escola". In: Revista Educação e Contexto. Projeto
resultante de um processo coletivo de avaliação pedagógico e identidade da escola n2 18. Ijuí, Unijuí,
diagnóstica. abr./jun. 1990.
MOREIRA, Antônio Flávio B. "Currículo e controle social".
FINALIZANDO In: Teoria e Educação n° 5. Porto Alegre, Pannonica,
A escola, para se desvencilhar da divisão do trabalho, de 1992.
sua fragmentação e do controle hierárquico, precisa criar NÓVOA, Antônio. "Para uma análise das instituições
condições para gerar uma outra forma de organização do escolares". II:: Antônio Nóvoa (org.) As organizações
trabalho pedagógico. escolares em análise. Lisboa, Dom Quixote, 1992.
PAIO, Victor 1lenrique. "Situações e perspectivas da
A reorganização da escola deverá ser buscada de dentro administração da educação brasileira: Uma
para fora. O fulcro para a realização dessa tarefa será o contribuição". In: Revista Brasileira de Administração da
empenho coletivo na construção de um projeto político- Educação. Brasília, Anpae, 1983.
pedagógico e isso implica fazer rupturas cone o existente RIOS, Terezinha. "Significado e pressupostos do projeto
pedagógico". In: Série Idéias. São Paulo, FDE, 1982.
para avançar.
SAVIANI, Dermeval. "Para além da curvatura da vara". In:
Revista Ande n° 3. São Paulo, 1982.
É preciso entender o projeto político-pedagógico da ______. Escola e democracia: Teorias da educação, curvatura da
escola como uma reflexão de seu cotidiano. Para tanto, ela vara, onze teses sobre educação e política. São Paulo,
precisa de um tempo razoável de reflexão e ação, para se Cortez Autores Associados, 1983.
ter um mínimo necessário à consolidação de sua proposta. VEIGA, Ilma P.A. "Escola, currículo e ensino". Ira: I.P.A.
Veiga e M. Helena Cardoso (org.) Escola fundamental:
A construção do projeto político-pedagógico requer Currículo e ensino. Campinas, Papirus, 1991.
continuidade das ações, descentralização, democratização VINGA, lima P.A. e CARVALHO, M. Helena S.O. "A
do processo de tomada de decisões e instalação de um formação de profissionais da educação". In: MEC.
processo coletivo de avaliação de cunho emancipatório. Subsídios para unia proposta de educação integral à criança
em sua dimensão pedagógica. Brasília, 1994.
Finalmente, há que se pensar que o movimento de luta e
resistência dos educadores é indispensável para ampliar as Como referenciar este artigo nas referências
possibilidades e apressar as mudanças que se fazem bibliográficas finais do nosso texto:
necessárias dentro e fora dos muros da escola. VEIGA, Ilma Passos da. Projeto político-pedagógico da
escola: uma construção coletiva. In: VEIGA, Ilma Passos da
(org.). Projeto político-pedagógico da escola: uma construção
Bibliografia
possível. Campinas: Papirus, 1998. p.11-35.
ALVES, José Matias. Organização, gestão e projecto educativo das
escolas. Porto, Edições Asa, 1992.
BERNSTEIN, Basil. Clases, códigos y control. Madri, Akal, 1989. Como referenciar as frases deste artigo no corpo de
nosso texto: (VEIGA, 1998, p.11-35)
CORNBLETH, Catherine. "Para além do currículo oculto?".
In: Teoria e Educação n° 5. Porto Alegre, Pannonica,
1991.
DEMO, Pedro. Educação e qualidade. Campinas, Papirus, 1994.
DOMINGOS, Ana Maria et alli. A teoria da Bernstein em
sociologia da educação. Lisboa, Fundação Calouste
Gulbekian, 1985.
ENGUITA, Mariano F.. i face oculta da escola: Educação e
trabalho no capitalismo. Porto Alegre, Artes Médicas,
1989.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário da
Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Nova
Fronteira, 5 ed., p. 1.144.
FREITAS, Luiz Carlos. "Organização do trabalho
pedagógico". Palestra proferida no VII Seminário
Internacional de Alfabetização e Educação. Novo
nuceconcursos.com.br 11
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
12 nuceconcursos.com.br
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Que pressupostos e métodos deveriam estar contidos planejamento, no interior das escolas, adquiria os
nessa concepção? Certamente entre esses pressupostos e contornos de instrumento a serviço da viabilização do
métodos estariam: a construção de uma direção política e controle. Em virtude desta natureza burocrática, o
pedagógica de forma transparente e coletiva; o diagnóstico planejamento passou a ser tido como mero instrumental
e as prioridades dela resultantes definidos de forma técnico, amplamente criticado durante o processo de
participativa, extensiva a todos os aspectos da ação redemocratização do país.
educacional: financiamento, currículo, avaliação etc.; o
conhecimento amplo da realidade para a qual se planeja; a Neste momento, para se contrapor a essa concepção
definição de objetivos de forma consistente e articulada às tecnicista, sem negar, porém, a necessidade do
ações; o acompanhamento sistemático e coletivo das planejamento, é que se passa a disseminar a necessidade
ações implementadas, com o fim de redirecionamento, de elaboração do Projeto Político Pedagógico, como
sempre que necessário; e, sobretudo, a construção da forma de democratizar o planejamento na escola,
autonomia das escolas, pautada em um projeto educativo incorporando o princípio da participação. Neste contexto
consensual, comprometido com uma educação de redemocratização do país, outras políticas educacionais
emancipatória. passam a ser implementadas e, desse modo, nos vemos
diante da indagação: de que forma se constituem as
O princípio norteador desse planejamento, a relações entre o planejamento no âmbito do sistema e o
participação, pode ser compreendido em quatro planejamento nas unidades escolares?
dimensões:
a) Processo: enquanto tal, ela se constrói e se desenvolve A principal forma pela qual ocorre a intervenção do
através de um sem número de pequenas ações, no Estado na educação é por meio de ações que buscam
cotidiano educacional, não podendo ser adquirida de produzir alterações no sistema educacional. Quando essas
repente, por um ato jurídico, ou decreto; proposições abarcam um conjunto significativamente
b) Objetivo: precisamente para poder ser caracterizado como amplo de ações, elas caracterizam um processo de reforma
participativo, um processo deve ter como propósito, educacional. Tais proposições se pautam em determinadas
como fim, a participação plena, irrestrita, de todos os concepções de educação, de escola, de trabalho docente,
agentes desse processo; de currículo e são, com frequência, o resultado de
c) Meio: constrói-se a participação, precisamente, mediações oriundas das relações de poder que se
participando. Ela é, portanto, seu próprio método; estabelecem no processo de constituição das proposições.
d) Práxis: se a participação é entendida como processo, que Essas concepções e mediações se explicitam na forma
os seres humanos constroem, conscientemente, com fito com que passam a ser incorporadas pelas escolas. Tendo
de alcançar, como fim, a participação plena (leia-se em vista a implementação das proposições oficiais, tem-se,
democracia real), então podemos entendê-la como uma geralmente, na sequência, um conjunto de ações que
prática, cujo caráter é político (PINTO, 1994). compõem o planejamento no âmbito dos sistemas e redes
de ensino.
O PLANEJAMENTO NO ÂMBITO DA UNIDADE
ESCOLAR As propostas e ações têm, sobre as escolas, no entanto,
O planejamento da escola se concretiza pela elaboração de alcance limitado, ainda que sejam capazes de atuar como
seu Projeto Político-Pedagógico Na perspectiva aqui um forte componente ideológico que pode conferir
desenvolvida, deve pautar- se pelo princípio da busca da legitimidade às mudanças propostas. O alcance relativo do
unidade entre teoria e prática e se institui como momento planejamento no âmbito do sistema educacional sobre as
privilegiado de tomada de decisões acerca das finalidades escolas se verifica na medida em que as mudanças
da educação básica. propostas confrontam-se com as práticas já consolidadas.
Neste processo, as escolas atribuem às proposições
O planejamento no âmbito da unidade escolar caracteriza- oficiais significados muitas vezes distintos das
se como meio, por excelência, do exercício do trabalho formulações originais.
pedagógico de forma coletiva, ou seja, como possibilidade
ímpar de superação da forma fragmentada e burocrática Ainda que as escolas reinterpretem, reelaborem e
de realização desse trabalho. Na definição do Projeto redimensionem as proposições oficiais, não se pode
Político Pedagógico, materializam-se os diferentes menosprezar a importância desse nível do planejamento
momentos do planejamento: a definição de um marco no que se refere à produção de transformações no sistema
referencial, a elaboração de um diagnóstico e a proposição educacional.
de uma programação com vistas à implementação das
ações necessárias à realização de uma prática pedagógica Ele tem se sido capaz de adquirir legitimidade, seja ao
crítica e reflexiva. assumir o discurso de inovação educacional, seja ao
articular se a um ideário pedagógico já legitimado. Martins
A concepção de planejamento escolar sustentada na idéia realiza uma interessante pesquisa em que se propôs a
de Projeto Político Pedagógico emerge, em nosso país, a analisar os limites e as possibilidades de gestão autônoma
partir da crítica ao modelo de planejamento tecno da escola pública da rede estadual de ensino paulista,
burocrático, que se consolidou ao longo do regime militar. tomando como base as relações que se estabeleciam, no
Este modelo buscava produzir uma maior aderência entre contexto investigado2 , entre as medidas legais e os
as proposições da esfera governamental e as ações das programas do governo e a sua materialização pelos
escolas propriamente ditas. Com esta finalidade, o educadores. Dentre as conclusões da autora, destacamos:
14 nuceconcursos.com.br
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
o acompanhamento cotidiano das ações que movimentam experiência de vida dos alunos, não como mera
a unidade escolar possibilitou o desvendamento dos aplicabilidade dos conteúdos ao cotidiano, mas como
problemas que atingem a rede de ensino, pois, com efeito, possibilidade de conduzir a uma apropriação significativa
as questões de ordem burocrática - aliadas às graves desses conteúdos. Como afirma Lopes, “essa relação,
questões sociais e econômicas que afetam boa parte da inclusive, mostra-se como condição necessária para que ao
clientela que a frequenta - dominaram o cenário e as mesmo tempo em que ocorra a transmissão de
relações de trabalho, ocupando espaço central em conhecimentos, proceda-se a sua reelaboração com vistas
detrimento de questões pedagógicas. Nesse sentido, a à produção de novos conhecimentos” (LOPES, 1992).
observação do cotidiano escolar propiciou uma visão mais
ampla do campo de tensão constituído pelo imbricamento Deste modo, o planejamento de ensino passa a ser
entre a norma formal e a norma vivida, ou entre a compreendido de forma estreitamente vinculada às
instituição imaginada e a instituição vivida, pois esta (re) relações que se produzem entre a escola e o contexto
significa aquela (Lobrot, 1966). histórico-cultural em que a educação se realiza. Nesta
perspectiva, deve-se levar em conta, ainda, as articulações
Compreender as representações em tela, tecidas por um entre o planejamento do ensino e o planejamento global
intrincado e ambíguo jogo de resistências, contradições e da escola, explicitado em seu Projeto Político- Pedagógico.
conflitos, permitiu vislumbrar parte de um universo O planejamento de ensino se verifica, portanto, como um
turbulento que extrapola, invariavelmente, os limites dos elemento integrador entre a escola e o contexto social. Em
relatórios oficiais (MARTINS, 2001).[...] A equipe aceitou virtude deste seu caráter integrador, é fundamental que se
e rejeitou, ao mesmo tempo, as orientações da Secretaria paute em alguns elementos: No estudo real da escola em
de Estado da Educação, compreendendo que a relação ao contexto: o que demanda a caracterização do
sobrevivência da instituição escolar dependerá universo sócio-cultural da clientela escolar e evidencia os
permanentemente dessa relação ambígua, pois a interesses e necessidades dos educandos; Na organização
necessidade cotidiana de (con)viver com os rituais que do trabalho didático propriamente dito, o que implica:
materializam as medidas políticas não permite ilusões: a) definir objetivos - em função dos três níveis de
mergulhados na necessidade de cumprimento das aprendizagem: aquisição, reelaboração e produção de
formalidades burocráticas, transitaram pela escola conhecimentos (LOPES, 1992);
obedecendo a horários rígidos estabelecidos pela b) prever conteúdos - tendo como critérios de seleção a
Secretaria de Educação, preenchendo quantidades finalidade de que eles atuem como instrumento de
infindáveis de papéis, planilhas, encaminhando processos compreensão crítica da realidade e como elo propiciador
e fazendo negociações com a comunidade em torno da da autonomia;
escola para doações, colaborações e trocas de notas fiscais. c) selecionar procedimentos metodológicos - considerando
[...] os diferentes níveis de aprendizagem e a natureza da área
do conhecimento
Observou-se, ainda, que professores e equipe de direção
procuravam explicitar, à comunidade, as medidas d) estabelecer critérios e procedimentos de avaliação -
impostas, de um lado, mas, de outro, demonstravam considerando a finalidade de intervenção e retomada no
cumprir de maneira ritual as normas e a regulamentação processo de ensino e aprendizagem, sempre que
legal, alegando terem sido demandados apenas para necessário. Nesta forma de planejamento de ensino, a
executarem tarefas (MARTINS, 2001). Observa-se, assim, avaliação da aprendizagem adquire especial relevância,
um distanciamento entre as proposições do planejamento uma vez que não pode constituir-se unicamente em forma
ao nível do sistema educacional e sua incorporação pelas de verificação do que o aluno aprendeu. Antes de mais
escolas, ao planejar suas próprias ações. Isto implica que nada, deve servir como parâmetro de avaliação do
se considere que, na relação entre esses dois âmbitos do trabalho do próprio professor.
planejamento, produzem-se mediações que muitas vezes
escapam ao controle puro e simples dos propositores das Estabelecer critérios mais, ou menos, rigorosos de
políticas educacionais. É neste movimento, muitas vezes, avaliação não é tarefa difícil. Difícil é saber trabalhar com
que se consolida a autonomia das escolas, que se constitui, os resultados obtidos, de modo a construir instrumentos
no entanto, de forma sempre relativa. O planejamento no de análise que permitam intervir no processo de ensino e
âmbito do Ensino Lopes indica alguns pressupostos para aprendizagem no momento mesmo em que ele está
um planejamento de ensino que considere a dinamicidade ocorrendo. A avaliação da aprendizagem, nessa acepção,
do conhecimento escolar e sua articulação com a realidade não pode ocorrer somente após ter-se concluído um
histórica. São eles: período letivo (bimestre, semestre etc), mas é processo,
sem o qual compromete-se, irremediavelmente, a
Produzir conhecimentos tem o significado de processo, de qualidade do ensino.
reflexão permanente sobre os conteúdos aprendidos
buscando analisá-los sob diferentes pontos de vista; Avaliar o desempenho do educando não pode se tornar,
Significa desenvolver a atitude de curiosidade científica, de ainda, mecanismo de coerção, por parte do professor, em
investigação da realidade, não aceitando como um exercício arbitrário de poder. A avaliação como
conhecimentos perfeitos e acabados os conteúdos mecanismo disciplinar traumatiza e anula individualidades,
transmitidos pela escola (LOPES, 1992). mediante a imposição da visão de mundo daquele que
pretensamente “detém” o saber. Deste modo, a avaliação
O processo de seleção da cultura, materializado no da aprendizagem deve constituir-se em instrumento por
currículo e, em especial, nos conhecimentos a serem meio do qual o professor possa ter condições de saber se
trabalhados, deve estar intimamente relacionado à houve, e em que medida houve, a apropriação do
nuceconcursos.com.br 15
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
conhecimento de forma significativa por parte do aluno. planejamento participativo como concepção e modelo de
Deve permitir, ainda, ao professor, reconhecer se houve planejamento. O planejamento participativo deve, pois,
adequação em termos de suas opções metodológicas, bem enquanto metodologia de trabalho, constituir a base para
como evidenciar em que medida as relações pedagógicas a construção e para a realização do Projeto Político-
estabelecidas contribuíram para o processo de ensino e Pedagógico da escola. O planejamento participativo não
aprendizagem. Torna-se, assim, elemento ímpar para o possui um caráter meramente técnico e instrumental, à
planejamento das ações docentes. Esta perspectiva de medida que parte de uma leitura de mundo crítica, que
planejamento de ensino toma, ainda, como principais apreende e denuncia o caráter excludente e de injustiça
diretrizes: presente em nossa realidade. As características de tal
1) a ação de planejar implica a participação de todos os realidade, por sua vez, decorrem, dentre outros fatores,
elementos envolvidos no processo; da falta ou da impossibilidade de participação e do fato
2) a necessidade de se priorizar a busca da unidade entre de a atividade humana acontecer em todos os níveis e
teoria e prática; aspectos.
3) o planejamento deve partir da realidade concreta e estar
voltado para atingir as finalidades da educação básica Nessa perspectiva, a participação se coloca como
definidas no projeto coletivo da escola; requisito fundamental para uma nova educação, uma
nova escola, uma nova ordem social, uma participação
4) o reconhecimento da dimensão social e histórica do que pressupõe e aponta para a construção coletiva da
trabalho docente. Nesta abordagem, o planejamento escola e da própria sociedade
ultrapassa o caráter de instrumental meramente técnico e
adquire a condição de conferir materialidade às ações O planejamento participativo na educação e na escola
politicamente definidas pelos sujeitos da escola traz consigo, ainda, duas dimensões fundamentais: o
trabalho coletivo e o compromisso com a transformação
Um dos maiores desafios, nesta perspectiva, é o da social. O trabalho coletivo implica uma compreensão
produção de coerência entre o planejamento da escola e mais ampla da escola. É preciso que os diferentes
o planejamento de cada professor, ao nível do ensino segmentos e atores que constroem e reconstroem a
propriamente dito. A este respeito, Cruz (1995), aponta escola apreendam suas várias dimensões e significados.
algumas dificuldades: Isso porque o caráter educativo da escola não reside
a) muitos dos professores não acreditam que o plano global apenas no espaço da sala de aula, nos processos de
vá ser colocado em prática concretamente. Muitos ensino e aprendizagem, mas se realiza, também, nas
pensam que ficará só no discurso (como acontece em práticas e relações que aí se desenvolvem.
muitas escolas mesmo);
b) muitas instituições querem o Planejamento Participativo A escola educa não apenas nos conteúdos que transmite, à
para organizar a escola e não como instrumento de medida que o processo de formação humana que ali se
transformação social; desenvolve acontece também nos momentos e espaços de
c) não há clareza teórico-conceitual e diálogo, de lazer, nas reuniões pedagógicas, na postura de
metodológica de certos conceitos utilizados com seus atores, nas práticas e modelos de gestão vivenciados.
frequência nos marcos referenciais como: democracia, De outra parte, o compromisso com a transformação
participação, justiça, liberdade, solidariedade, igualdade, social coloca como horizonte a construção de uma
consciência crítica; sociedade mais justa, solidária e igualitária, e uma das
d) por outro lado, há desconhecimento da forma tarefas da educação e da escola é contribuir para essa
camuflada como a escola e as instituições reproduzem transformação. Por certo, como já analisamos em outros
mecanismos de discriminação e controle social, de momentos neste curso, a escola pode desempenhar o
injustiça, de consumismo, de tutela e outros mais, através papel de instrumento de reprodução do modelo de
das práticas educativas que realizam. Diante dessas sociedade dominante, à medida que reproduz no seu
dificuldades, muitos professores fazem a opção pelo interior o individualismo, a fragmentação social e uma
isolamento, comprometendo, com isso, a possibilidade compreensão ingênua e pragmática da realidade, do
de potencialização do trabalho pedagógico, pelo não conhecimento e do próprio homem. Em contrapartida, a
reconhecimento de sua natureza coletiva. É justamente educação e a escola articuladas com a transformação social
neste momento que a força do coletivo deve se mostrar, implicam uma nova compreensão do conhecimento,
não como imposição, mas como elo catalizador, com tomado agora como saber social, construção histórica,
vistas a orientar um trabalho pedagógico consistente e instrumento para compreensão e intervenção crítica na
orgânico ao Projeto Político Pedagógico da escola. realidade. Concebem o homem na sua totalidade e,
portanto, visam a sua formação integral: biológica,
PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO: material, social, afetiva, lúdica, estética, cultural, política,
CONCEPÇÃO, CONSTRUÇÃO, entre outras. A partir dos aspectos aqui destacados, é
ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO O possível definir os seguintes elementos básicos que
PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO definem e caracterizam o planejamento participativo:
• distanciam-se daqueles modelos de organização do
• engajamento de todos os níveis da organização para a trabalho que separa, no tempo e no espaço, quem toma as
consecução dos fins maiores. Em contraposição a esses decisões de quem as executa
modelos de planejamento, a perspectiva da gestão
democrática da educação e da escola pressupõe o
16 nuceconcursos.com.br
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
• conduzem à práxis (ver conceito na Sala Ambiente modalidades de planejamento, articulados entre si o plano
Projeto Vivencial) enquanto ação de forma refletida, da escola, o plano de ensino e o plano de aulas.
pensada
• pressupõem a unidade entre pensamento e ação Há três modalidades de planejamento, articulados entre si
• o poder é exercido de forma coletiva o plano da escola, o plano de ensino e o plano de aulas.
ações educativas O plano é um guia de orientação, pois plano de ensino. Não pode esquecer que cada tópico novo
nele são estabelecidas as diretrizes e os meios de realização é uma continuidade do anterior; é necessário assim,
do trabalho docente. Sua função é orientar a prática considerar o nível de preparação inicial dos alunos para a
partindo da exigência da própria prática. O plano deve ter matéria nova.
uma ordem sequencial, progressiva. Para alcançar os
objetivos, são necessários vários passos, de modo que a
ação docente obedeça a uma sequência lógica. Por Deve, também, tomar o tópico da unidade a ser
objetividade entendemos a correspondência do plano com desenvolvido e desdobrá-lo numa sequência lógica, na
a realidade que se vai aplicar. Não adianta fazer previsões forma de conceitos, problemas, ideias. Trata-se de
fora das possibilidades humanas e materiais da escola, fora organizar um conjunto de noções básicas em torno de
das possibilidades dos alunos. uma ideia central, formando um todo significativo que
possibilite ao aluno percepção clara e coordenada do
Deve haver coerência entre os objetivos gerais, objetivos assunto em questão. Ao mesmo tempo em que são
específicos, os conteúdos, métodos e avaliação. Coerência listadas as noções, conceitos, ideias e problemas, é feita a
é relação que deve existir entre as ideias e a prática. O previsão do tempo necessário. A previsão do tempo, nesta
plano deve ter flexibilidade no decorrer do ano letivo, o fase, ainda não é definitiva, pois poderá ser alterada no
professor está sempre organizando e reorganizando o seu momento de detalhar o desenvolvimento metodológico da
trabalho. Como já dissemos o plano é um guia e não uma aula.
decisão inflexível.
Em cada um dos itens mencionados, o professor deve
Existem pelo menos três níveis de planos: o plano da prever formas de verificação do rendimento dos alunos.
escola, o plano de ensino, o plano de aula. O plano da Precisa lembrar que a avaliação é feita no início (o que o
escola é um documento mais global; expressa orientações aluno sabe antes do desenvolvimento da matéria nova),
gerais que sintetizam, de um lado, as ligações da escola durante e no final de uma unidade didática. A avaliação
com o sistema escolar mais amplo e, de outro, as ligações deve conjugar várias formas de verificação, podendo ser
do projeto pedagógico da escola com os planos de ensino informal, para fins de diagnóstico e acompanhamento do
propriamente ditos. O plano de ensino (ou plano de progresso dos alunos, formal para fins de atribuição de
unidade) é a previsão dos objetivos e tarefas do trabalho notas ou conceitos.
docente para o ano ou semestre; é um documento mais
elaborado, dividido por unidades sequenciais, no qual Os momentos didáticos do desenvolvimento
aparecem objetivos específicos, conteúdos e metodológico não são rígidos. Cada momento terá
desenvolvimento metodológicos. duração de tempo de acordo com o conteúdo, com o
nível de assimilação dos alunos. Às vezes ocupar-se-á mais
O plano de aula é a previsão do desenvolvimento do tempo com a exposição oral da matéria, em outras, com o
conteúdo para uma aula ou conjunto de aulas e tem um estudo da matéria. Outras vezes, ainda, tempo maior pode
caráter específico. O plano de aula é um detalhamento do ser dedicado a exercício de fixação e consolidação. Por
plano de ensino. As unidades e subunidades (tópicos) que exemplo, pode acontecer que os alunos dominem
foram previstas em linhas gerais são agora especificadas e perfeitamente os conhecimentos e habilidades necessárias
sistematizadas para uma situação didática real. A para enfrentar a matéria nova; nesse caso, a preparação e
preparação de aulas é uma tarefa indispensável e, assim introdução do tema pode ser mais breve. Entretanto, se os
como o plano de ensino, deve resultar em um documento alunos não dispõem de pré-requisitos bem consolidados, a
escrito que servirá não só para orientar ações do professor decisão do professor deve ser outra, gastando-se mais
como também para possibilitar constantes revisões e tempo para garantir uma base inicial de preparo através da
aprimoramentos de ano para ano. Em todas as profissões recapitulação, pré-testes de sondagem e exercícios.
o aprimoramento profissional depende da acumulação de
experiências conjugando a prática e reflexão criteriosa O desenvolvimento metodológico pode se destacar aulas
sobre ela, tendo em vista uma prática constantemente com finalidades específicas: aula de exposição oral da matéria,
transformada para melhor. aula de discussão ou trabalho em grupo, aula de estudo
dirigido individual, aula de demonstração prática ou estudo
Na elaboração de um plano de aula, deve-se levar em do meio, aula de exercícios, aula de recapitulação, aula de
consideração, em primeiro lugar, que a aula é um período verificação para avaliação. O professor consciencioso deverá
de tempo variável. Dificilmente completamos em uma só fazer uma avaliação da própria aula. Sabemos que o êxito dos
aula o desenvolvimento de uma unidade ou tópico de alunos não depende unicamente do professor e do seu
método de trabalho, pois a situação docente envolve muitos
unidade, pois o processo de ensino e aprendizagem se
fatores de natureza social, psicológica, o clima geral da
compõe de uma sequência articulada de fases: preparação
dinâmica da escola etc. Entretanto, o trabalho docente tem
e apresentação de objetivos, conteúdos e tarefas; um peso significativo ao proporcionar condições efetivas
desenvolvimento da mataria nova; consolidação (fixação, para o êxito escolar dos alunos. Ao fazer a avaliação das
exercícios, recapitulação, sistematização); aplicação, aulas, convém ainda levantar questões como estas: Os
avaliação. Isso significa que devemos planejar não uma objetivos e conteúdos foram adequados à turma? O tempo
aula, mas um conjunto de aulas. de duração da aula foi adequado? Os métodos e técnicas de
ensino foram variados e oportunos em suscitar a atividade
Na preparação de aulas, o professor deve reler os mental e prática dos alunos? Foram feitas verificações de
objetivos gerais da matéria e a sequência de conteúdos do aprendizagem no decorrer das aulas (informais e formais)? O
18 nuceconcursos.com.br
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
nuceconcursos.com.br 19
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
20 nuceconcursos.com.br
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
• Se perceber como agente de uma prática profissional Objetivos Específicos de Ensino - determinam exigências
inserida no contexto mais amplo da prática social, capaz e resultados esperados da atividade dos alunos, referentes
de fazer a correspondência entre os conteúdos que ensina a conhecimentos, habilidades, atitudes e convicções cuja
e sua relevância social, frente às exigências de aquisição e desenvolvimento ocorrem no processo de
transformação da sociedade presente e diante das tarefas transmissão / assimilação ativa das matérias de estudo.
que cabe ao aluno desempenhar no âmbito social, Estes devem ser vinculados aos objetivos gerais sem
profissional, político e cultural. perder de vista a situação concreta (escola, matéria,
alunos) em que serão aplicados. Norteiam, de forma mais
Segundo Libâneo, 1991, os professores que não tomam direta, o processo ensino aprendizagem. Na redação dos
partido de forma consciente e crítica, ante as contradições objetivos específicos, o professor transformará tópicos
sociais, acabam repassando para a prática profissional das unidades de ensino, em proposição (afirmação), onde
valores, ideais, concepções sobre a sociedade contrários se expresse o resultado esperado, que deve ser atingido
aos interesses da população majoritária da sociedade. por todos alunos ao final daquela unidade.
Assim sendo, os objetivos educacionais são uma exigência
indispensável para o trabalho docente, requerendo um Os resultados podem ser de: CONHECIMENTOS
posicionamento ativo do professor em sua explicitação, (conceitos, fatos, princípios, teorias, interpretações, ideais
seja no planejamento escolar, seja no desenvolvimento das organizadas, etc.)
aulas.
HABILIDADES (o que o aluno deve aprender para
NÍVEIS DE OBJETIVOS EDUCACIONAIS desenvolver suas capacidades intelectuais: organizar seu
Consideraremos, aqui, dois níveis de objetivos estudo ativo e independente; aplicar formulas em
educacionais, objetivos gerais e objetivos específicos: exercícios; observar, coletar e organizar informações sobre
Objetivos Gerais expressam propósitos mais amplos determinado assunto; raciocinar com dados da realidade;
acerca do papel da escola e do ensino, diante das formular hipóteses; usar materiais e instrumentos como,
exigências postas pela realidade social e diante do dicionários, mapas, réguas, etc.).
desenvolvimento da personalidade dos alunos. Os
objetivos Gerais, definem, em grandes linhas, perspectivas ATITUDES, CONVICÇÕES E VALORES que se deve
da prática educativa na sociedade brasileira, que serão desenvolver em relação à matéria, ao estudo, ao
depois convertidas em objetivos específicos de cada relacionamento humano, à realidade social (atitude
matéria de ensino, conforme os graus escolares e níveis de cientifica, consciência crítica, responsabilidade,
idade dos alunos. Os objetivos gerais são explicitados em solidariedade, etc.) Orientações que se deve observar ao
três níveis de abrangência, do mais amplo ao mais formular objetivos específicos:
específico: • Formular objetivos consiste em descrever os
a) pelo sistema escolar, que expressa as finalidades conhecimentos a serem assimilados, as habilidades, os
educativas de acordo com ideais e valores dominantes na hábitos e as atitudes a serem desenvolvidos, ao final do
sociedade; estudo dos conteúdos de ensino.
b) pela escola, que estabelece princípios e diretrizes de • Os objetivos devem ser redigidos com clareza, realidade,
orientação do trabalho escolar com base num plano expressando tanto o que o aluno deve aprender, como os
pedagógico-didático que represente o consenso do corpo resultados de aprendizagem possíveis de serem
docente em relação à filosofia da educação e à prática alcançados.
escolar; (Projeto Político Pedagógico) • Nesta tarefa ainda deve-se levar em conta, além das
c) pelo professor, que concretiza no ensino da matéria a sua orientações acima, o tempo que se dispõe, as condições
própria visão de educação e de sociedade. Ao considerar em que se realiza o ensino, a capacidade de assimilação
os objetivos gerais e suas implicações para o trabalho dos alunos conforme a idade e nível de desenvolvimento
docente em sala de aula, o professor deve conhecer os mental e a utilidade dos objetivos para motivar e
objetivos estabelecidos no âmbito do sistema escolar encaminhar a atividade dos alunos.
oficial, seja no que se refere a valores e ideais educativos,
seja quanto às prescrições de organização curricular e Os objetivos específicos particularizam a compreensão
programas básicos das matérias. das relações entre escola e sociedade e especialmente do
papel da matéria de ensino. Eles expressam, pois, as
Esse conhecimento é necessário, não apenas porque o expectativas do professor sobre o que deseja obter dos
trabalho escolar está vinculado a diretrizes nacionais, alunos no decorrer do processo de ensino. Têm sempre
estaduais e municipais de ensino, mas também porque um caráter pedagógico, porque explicitam o rumo a ser
precisamos saber que concepções de homem e sociedade impresso ao trabalho escolar, em torno de um programa
caracterizam os documentos oficiais, uma vez que de formação. A cada matéria de ensino correspondem
expressam os interesses dominantes dos que controlam os objetivos que expressam resultados a obter:
órgãos públicos. “Isto significa que não se trata conhecimentos, habilidades e hábitos, atitudes e
simplesmente de copiar os objetivos e conteúdos convicções, através dos quais se busca o desenvolvimento
previstos no programa oficial, mas de reavaliá-los em das capacidades cognoscitivas dos alunos. Há, portanto,
função de objetivos sócio-políticos que expressem os estreita relação entre os objetivos, os conteúdos e os
interesses do povo, das condições locais da escola, da métodos.
problemática social vivida pelos alunos, das peculiaridades
sócio culturais e individuais dos alunos”. (Libanêo, 1991)
nuceconcursos.com.br 21
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
OS MÉTODOS DE ENSINO
22 nuceconcursos.com.br
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
nuceconcursos.com.br 23
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
24 nuceconcursos.com.br
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
nuceconcursos.com.br 25
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
26 nuceconcursos.com.br
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
nuceconcursos.com.br 27
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
28 nuceconcursos.com.br
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
nuceconcursos.com.br 29
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
30 nuceconcursos.com.br
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
No processo de avaliação dos diversos graus de ensino, as Reconhecer as diferentes trajetórias de vida dos
notas e conceitos são decisivos para a continuidade dos educandos implica flexibilizar os objetivos, os conteúdos,
estudos. No Brasil, particularmente na última década, as formas de ensinar e avaliar, ou seja, contextualizar e
surgiu um intenso debate em torno do lugar da avaliação recriar o currículo. Segundo Luckesi (1995), a avaliação
escolar, uma vez que ela estaria perdendo a sua dimensão tem sua origem na escola moderna com a prática de
pedagógica e metodológica e assumindo crescentemente a provas e exames que se sistematizou a partir do século
dimensão de controle. As questões relativas à avaliação XVI e XVII, com a cristalização da sociedade burguesa.
tem se dividido entre a avaliação “externa” que tem sido
imposta em nosso sistema educacional e considera mais A prática de avaliação da aprendizagem que vem sendo
aspectos administrativos padronizados e a avaliação desenvolvida nas nossas instituições de ensino nos remete
“interna” que se dá no espaço da sala de aula e que tem a uma posição de poucos avanços. Não tem sido utilizada
mobilizado os docentes para as mudanças qualitativas de como elemento que auxilie no processo ensino
suas ações pedagógicas. aprendizagem, perdendo-se em mensurar e quantificar o
saber, deixando de identificar e estimular os potenciais
Dessa forma, a avaliação no processo ensino- individuais e coletivos.
aprendizagem tem sido considerado um tema delicado por
possuir implicações pedagógicas que extrapolam os Encontramos em Luckesi (1995), alguns pontos que nos
aspectos técnicos e metodológicos e atinge aspectos auxiliam a compreender estas questões. O ato de avaliar
sociais, éticos e psicológicos importantes. A prática tem sido utilizado como forma de classificação e não
avaliativa poderia tanto estimular, promover, gerar avanço como meio de diagnóstico, sendo que isto é péssimo para
e crescimento, quanto desestimular, frusta, impedir o a prática pedagógica. A avaliação deveria ser um momento
avanço e crescimento do sujeito que aprende. Segundo de “fôlego”, uma pausa para pensar a prática e retornar a
Cipriano Luckesi, em Avaliação da aprendizagem escolar, ela, como um meio de julgar a prática. Sendo utilizada
a avaliação escolar, assim como as outras práticas do como uma função diagnóstica, seria um momento
professor, seria dimensionada por um modelo teórico de dialético do processo para avançar no desenvolvimento da
mundo e de educação, traduzido em prática pedagógica, ação, do crescimento para a autonomia e competência.
tenha o professor consciência disto ou não. Como função classificatória, constitui-se num instrumento
estático e freador do processo de crescimento, subtraindo
do processo de avaliação aquilo que lhe é constitutivo, isto
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1996,
é, a tomada de decisão quanto à ação, quando ela está
inova em relação à anterior, por tratar a frequência e a
avaliando uma ação.
avaliação do rendimento escolar em planos distintos.
Prevê-se que deve haver avaliação “contínua e cumulativa
Desta forma, a avaliação desempenha um papel
do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos
significativo para o modelo social liberal-conservador, ou
qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao
seja, o papel disciplinador. Os “dados relevantes” que
longo do período sobre os de eventuais provas finais”.
devem ser considerados para o julgamento de valor,
Algumas regras forçaram a mudança do sentido que se
tornam-se “irrelevantes”, sendo que o padrão de exigência
atribuía à avaliação, orientando para não mais uma
fica ao livre arbítrio do professor.
avaliação com vistas a promover ou reter alunos, mas uma
avaliação que permita: “possibilidade de avanço nos
O professor ao planejar suas atividades não estabelece o
cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado.”
mínimo necessário a ser aprendido efetivamente pelo
aluno, utilizando-se da “média” de notas, o que não
O termo avaliação escolar é muito usado com o mesmo expressa a competência do aluno, não permitindo a sua
sentido de avaliação de aprendizagem, avaliação da reorientação. A média então, é realizada a partir da
aprendizagem escolar ou avaliação educacional. Porém, quantidade e não da qualidade, não garantindo o mínimo
com as novas políticas educacionais brasileiras, a partir de de conhecimento, (LUCKESI, 1995). Esta prática torna a
1996, a avaliação da aprendizagem tem sido considerada avaliação nas mãos do professor um instrumento
uma das “interfaces” da avaliação escolar. Enquanto a disciplinador de condutas sociais, utilizando-a como
primeira foca mais o indivíduo a segunda refere-se ao controle e critério para aprovação dos alunos, buscando
coletivo. controlar e disciplinar, retirando destes a espontaneidade,
criticidade e criatividade, transformando-os reféns de um
sistema autoritário e antipedagógico.
nuceconcursos.com.br 31
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
A aprendizagem neste contexto, deixa de ser algo avaliação da aprendizagem na prática escolar tem sido um
prazeroso e solidário, passando a ser um processo solitário mecanismo de conservação e reprodução da sociedade
e desmotivador, contribuindo para a seletividade social, através do autoritarismo? A avaliação constitui-se em um
principalmente para atender as exigências do sistema momento dialético de reflexão sobre teoria-prática no
econômico vigente. Segundo Hoffmann (1996, p.66): processo ensino aprendizagem. Nesta perspectiva, além
dos aspectos cognitivos, os aspectos de natureza não
Quando a finalidade é seletiva, o instrumento de avaliação cognitiva (afetividade, participação, compromisso,
é constativo, prova irrevogável. Mas as tarefas, na escola, responsabilidade, interesse, habilidades e competências)
deveriam ter o caráter problematizador e dialógico, têm que ser considerados.
momentos de trocas de ideias entre educadores e
educandos na busca de um conhecimento gradativamente AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM
aprofundado. A avaliação da aprendizagem escolar adquire seu sentido
na medida em que se articula com um projeto pedagógico
O educador, ao lidar com a avaliação da aprendizagem e com seu consequente projeto de ensino. A avaliação,
escolar, deve ter em mente a necessidade de colocar em tanto no geral quanto no caso específico da aprendizagem,
sua prática diária, novas propostas que visem a melhoria não possui uma finalidade em si; ela subsidia um curso de
do ensino, pois a avaliação é parte de um processo e não ação que visa construir um resultado previamente
um fim em si e deve ser utilizada como um instrumento definido. No caso que nos interessa, a avaliação subsidia
para a melhoria da aprendizagem dos educandos. decisões a respeito da aprendizagem dos educandos, tendo
em vista garantir a qualidade do resultado que estamos
Diz Hoffmann: A avaliação, enquanto mediação, significa construindo. Por isso, não pode ser estudada, definida e
encontro, abertura ao diálogo, interação. Uma trajetória de delineada sem um projeto que a articule.
conhecimento percorrida num mesmo tempo e cenário
por alunos e professores. Trajetos que se desencontram, Para os desvendamentos e proposições sobre a avaliação
por vezes, e se cruzam por outras, mas seguem em frente, da aprendizagem, que serão expostos neste texto, teremos
na mesma direção (2005, p. 40). sempre presente este fato, assumindo que estamos
trabalhando no contexto do projeto educativo, que
Para redirecionar a prática de avaliação faz-se necessário prioriza o desenvolvimento dos educandos - crianças,
assumir um posicionamento pedagógico explícito, com jovens e adultos - a partir de um processo de assimilação
um redimensionamento global das práticas pedagógicas de ativa do legado cultural já produzido pela sociedade: a
modo a orientá-la, no planejamento, na execução e na filosofia, a ciência, a arte, a literatura, os modos de ser e de
avaliação. Nesta perspectiva, para que se dê um novo viver.
rumo à avaliação seria necessário o resgate da sua função
diagnóstica, ou seja, deveria ser um instrumento dialético A ESCOLA OPERA COM VERIFICAÇÃO E NÃO
do avanço, um instrumento de identificação de novos COM AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM
rumos. “Enfim, terá de ser o instrumento do Iniciemos pelos conceitos de verificação e avaliação, para,
reconhecimento dos caminhos percorridos e da a seguir, identificarmos se a fenomenologia da aferição do
identificação dos caminhos a serem perseguidos” aproveitamento escolar, descrita no item anterior, se
(LUCKESI, 1995, p.43). configura como verificação ou avaliação. O termo
verificar provém etimologicamente do latim - verum
Não há como negar que na avaliação, as disciplinas usam facere - e significa "fazer verdadeiro". Contudo, o
como critério as notas e todas atribuem pesos conceito verificação emerge das determinações da conduta
diferenciados para cada atividade, dependendo do grau de de, intencionalmente, buscar "ver se algo é isso mesmo..:",
valoração de cada uma, de acordo com critérios "investigar a verdade de alguma coisa. .:". O processo de
estabelecidos somente pelos professores. A avaliação da verificar configura-se pela observação, obtenção, análise e
aprendizagem é feita de forma a classificar o aluno num síntese dos dados ou informações que delimitam o objeto
certo estágio de desenvolvimento. ou ato com o qual se está trabalhando. A verificação
encerra-se no momento em que o objeto ou ato de
A partir desta análise, podemos dizer que a prática “dita” investigação chega a ser configurado, sinteticamente, no
como avaliação da aprendizagem, não passa de uma pensamento abstrato, isto é, no momento em que se
verificação da aprendizagem. Como refere Luckesi (1995), chega à conclusão que tal objeto ou ato possui
este fato fica claro na escola brasileira, quando determinada configuração.
observamos que os resultados da aprendizagem têm tido a
função de estabelecer uma classificação do educando que A dinâmica do ato de verificar encerra-se com a obtenção
se expressa em aprovação ou reprovação. Nas práticas do dado ou informação que se busca, isto é, "vê-se" ou
pedagógicas preocupadas com a transformação, a "não se vê" alguma coisa. E.. . pronto! Por si, a verificação
avaliação é utilizada como um mecanismo de diagnóstico não implica que o sujeito retire dela consequências novas
da situação enxergando o avanço e o crescimento e não a e significativas.
estagnação disciplinadora. Sendo assim, para romper com
o modelo de sociedade devemos romper com a pedagogia O termo avaliar também tem sua origem no latim,
que o traduz. provindo da composição a-valere, que quer dizer dar valor
a..:". Porém, o conceito "avaliação" é formulado a partir
A partir dessas observações, passa a haver uma questão: a das determinações da conduta de "atribuir um valor ou
32 nuceconcursos.com.br
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
qualidade a alguma coisa, ato ou curso de ação...", que, em sã consciência, pode desejar para si ou para outrem.
por si, implica um posicionamento positivo ou negativo
em relação ao objeto, ato ou curso de ação avaliado. Isto O modo de trabalhar com os resultados da aprendizagem
quer dizer que o ato de avaliar não se encerra na escolar - sob a modalidade da verificação- reifica a
configuração do valor ou qualidade atribuídos ao objeto aprendizagem, fazendo dela uma "coisa" e não um
em questão, exigindo uma tomada de posição favorável ou processo. O momento de aferição do aproveitamento
desfavorável ao objeto de avaliação, com uma escolar não é ponto definitivo de chegada, mas um
consequente decisão de ação O ato de avaliar importa momento de parar para observar se a caminhada está
coleta, análise e síntese dos dados que configuram o ocorrendo com a qualidade que deveria ter. Neste sentido,
objeto da avaliação, acrescido de uma atribuição de valor a verificação transforma o processo dinâmico da
ou qualidade, que se processa a partir da comparação da aprendizagem em passos estáticos e definitivos. A
configuração do objeto avaliado com um determinado avaliação, ao contrário, manifesta-se como um ato
padrão de qualidade previamente estabelecido para aquele dinâmico que qualifica e subsidia o reencaminhamento da
tipo de objeto. ação, possibilitando consequências na direção da
construção, dos resultados que se deseja.
O valor ou qualidade atribuídos ao objeto conduzem a
uma tomada de posição a seu favor ou contra ele. E, o Encaminhamentos Diante do fato de que, no movimento
posicionamento a favor ou contra o objeto, ato ou curso real da aferição da aprendizagem escolar, nos deparamos
de ação, a partir do valor ou qualidade atribuídos, conduz com a prática escolar da verificação e não da avaliação, e
a uma decisão nova, a uma ação nova: manter o objeto tendo ciência de que o exercício efetivo da avaliação seria
como está ou atuar sobre ele. A avaliação, diferentemente mais significativo para a construção dos resultados da
da verificação, envolve um ato que ultrapassa a obtenção aprendizagem do educando, propomos, neste segmento
de configuração do objeto, exigindo decisão do que fazer do texto, algumas indicações que poderão ser estudadas e
ante ou com ele. A verificação é uma ação que "congela" o discutidas na perspectiva de gerar encaminhamentos para
objeto; a avaliação, por sua vez, direciona o objeto numa a melhor forma de condução possível do ensino escolar.
trilha dinâmica de ação.
USO DA AVALIAÇÃO
As entrelinhas do processo descrito no tópico anterior Em primeiro lugar, propomos que a avaliação do
demonstram que, no geral, a escola brasileira opera com a aproveitamento escolar seja praticada como uma
verificação e não com a avaliação da aprendizagem. Este atribuição de qualidade aos resultados da aprendizagem
fato fica patente ao observarmos que os resultados da dos educandos, tendo por base seus aspectos essenciais e,
aprendizagem usualmente têm a função de estabelecer como objetivo final, uma tomada de decisão que direcione
uma classificação do educando, expressa em sua o aprendizado e, consequentemente, o desenvolvimento
aprovação ou reprovação. O uso dos resultados encerra-se do educando. Com isso, fugiremos ao aspecto
na obtenção e registro da configuração da aprendizagem classificatório que, sob a forma de verificação, tem
do educando, nada decorrendo daí. Raramente, só em atravessado a aferição do aproveitamento escolar. Nesse
situações reduzidas e específicas, encontramos professores sentido, ao avaliar, o professor deverá:
que fogem a esse padrão usual, fazendo da aferição da • Coletar, analisar e sintetizar, da forma mais objetiva
aprendizagem um efetivo ato de avaliação. possível, as manifestações das condutas cognitivas,
afetivas, psicomotoras - dos educandos, produzindo uma
Para estes raros professores, a aferição da aprendizagem configuração do efetivamente aprendido;
manifesta-se como um processo de compreensão dos • Atribuir uma qualidade a essa configuração da
avanços, limites e dificuldades que os educandos estão aprendizagem, a partir de um padrão (nível de expectativa)
encontrando para atingir os objetivos do curso, disciplina preestabelecido e admitido como válido pela comunidade
ou atividade da qual estão participando. A avaliação é, dos educadores e especialistas dos conteúdos que estejam
neste contexto, um excelente mecanismo subsidiário da sendo trabalhados;
condução da ação. • A partir dessa qualificação, tomar uma decisão sobre as
condutas docentes e discentes a serem seguidas, tendo em
A partir dessas observações, podemos dizer que a prática vista: - a reorientação imediata da aprendizagem, caso sua
educacional brasileira opera, na quase totalidade das vezes, qualidade se mostre insatisfatória e o conteúdo, habilidade
como verificação. Por isso, tem sido incapaz de retirar do ou hábito, que esteja sendo ensinado e aprendido, seja
processo de aferição as consequências mais significativas efetivamente essencial para a formação do educando; - o
para a melhoria da qualidade e do nível de aprendizagem encaminhamento dos educandos para passos
dos educandos. Ao contrário, sob a forma de verificação, subsequentes da aprendizagem, caso se considere que,
tem-se utilizado o processo de aferição da aprendizagem qualitativamente, atingiram um nível da satisfatoriedade
de uma forma negativa, à medida que tem servido para no que estava sendo trabalhado.
desenvolver o ciclo do medo nas crianças e jovens, através
da constante "ameaça" da reprovação. Em síntese, o atual Assim, o objetivo primeiro da aferição do aproveitamento
processo de aferir a aprendizagem escolar, sob a forma de escolar não será a aprovação ou reprovação do educando,
verificação, além de não obter as mais significativas mas o direcionamento da aprendizagem e seu consequente
consequências para a melhoria do ensino e da desenvolvimento.
aprendizagem, ainda impõe aos educandos consequências
negativas, como a de viver sob a égide do medo, através A prática da avaliação da aprendizagem, em seu sentido
da ameaça de reprovação - situação que nenhum de nós, pleno, só será possível na medida em que se estiver
efetivamente interessado na aprendizagem do educando,
nuceconcursos.com.br 33
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
34 nuceconcursos.com.br
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
nuceconcursos.com.br 35
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
36 nuceconcursos.com.br
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
ou de política, matriculando todas as crianças em escolas sociedade que exige saber conviver para sobreviver,
regulares, a menos que existam fortes razões para agir de necessitamos cada vez mais nos esforçar para garantir a
outra forma. inclusão deles, desde os primeiros anos de idade, em todos
os espaços sociais, e a escola não está à parte desse
Segundo SALAMANCA cabe aos governos: Desenvolver espaço.
projetos de demonstração e encorajar intercâmbios com É fato que ao longo da vida, em nossas tantas lutas
países que possuam experiências de escolarização adaptativas, encontramos pessoas que nos facultam apoio
inclusiva. Estabelecer mecanismos participativos e e formação, seja de caráter ou de conhecimento teórico,
descentralizados de planejamento, revisão e avaliação de para seguirmos nosso caminho. Não poderia ser diferente
provisão educacional para crianças e adultos com na educação formal. Assim, é que no âmbito escolar – em
necessidades educacionais especiais. sala de aula, no pátio, no refeitório, enfim, em cada parte -
o professor tem papel decisivo e de imensa
Segundo SALAMANCA cabe aos governos: Encorajar e responsabilidade nesse processo.
facilitar a participação de pais, comunidades e
organizações de pessoas portadoras de deficiências nos Não basta que haja numa escola a proposta de inclusão,
processos de planejamento e tomada de decisão não basta que a arquitetura esteja adequada. É claro que
concernentes à provisão de serviços para necessidades estes são fatores favoráveis, mas não fundamentais. É
educacionais especiais. Investir maiores esforços em preciso que o coração esteja aberto para socializar-se e
estratégias de identificação e intervenção precoces, bem permitir-se interagir. E, como quem semeia com o tesouro
como nos aspectos vocacionais da educação inclusiva. do conhecimento, que refaz e constrói, é o professor que
alavancará os recursos insubstituíveis para uma educação
Garantir que no contexto de uma mudança sistêmica, inclusiva de qualidade.
programas de treinamento de professores tanto em
serviço como durante a formação, incluam a provisão de Para isso, portanto, seu coração também precisa estar
educação especial dentro das escolas inclusivas. Escolas aberto. Ele igualmente terá que acreditar e se ver em
Inclusivas processo de inclusão permanente, terá que criar e recriar
Com o movimento pela Inclusão, começaram a surgir as oportunidades de convivência, provocar desafios de
Escolas Inclusivas, como uma terceira espécie, interação e aproximação, estabelecer contatos com os
caracterizando-se por receberem, simultaneamente, na diversos e distintos saberes, planejando de forma flexível,
mesma sala de aula, pessoas com e sem necessidades mas objetiva, entendendo que a comunhão, a busca do
educacionais especiais. semelhante e o reconhecimento de que ninguém detém
um saber, favorecem a troca, a parceria e a segurança de
O PAPEL DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO uma inclusão com qualidade.
INCLUSIVA
Comete grande equívoco quem pensa que o ato de incluir- Se o professor acreditar que incluir é destruir barreiras e
se, o esforço de socializar-se, está restrito aos alunos que ultrapassar as fronteiras é viabilizar a troca no
público-alvo da educação especial. Avaliando todo o processo de construção do saber e do sentir, ele exercerá
nosso processo de vida, desde o ventre materno à velhice, seu papel, fundamental, para assegurar a educação
todos nós estamos em constante movimento de inclusão. inclusiva que todos nós desejamos, semeando assim um
Quando rompemos a vida intrauterina e despertamos no futuro que sugerirá menos discriminação e mais
nascimento, passamos imediatamente a ser incluídos. No comunhão de esforços na proposta de integrar e incluir.
primeiro momento, em nosso núcleo familiar. Aos
poucos, todos ao redor terão que se adaptar à chegada de I. APRESENTAÇÃO
mais um, que, diga-se de passagem, muda toda uma rotina. O movimento mundial pela inclusão é uma ação
Depois, temos que lutar para que sejamos incluídos nos política, cultural, social e pedagógica, desencadeada em
grupos com os quais desejamos interagir. defesa do direito de todos os alunos de estarem juntos,
aprendendo e participando, sem nenhum tipo de
Ainda existem as inclusões relativas a cada indivíduo, discriminação. A educação inclusiva constitui um
aquelas que vão acontecendo paralelamente a todas as já paradigma educacional fundamentado na concepção de
citadas. Incluir-nos no paradigma de beleza construído direitos humanos, que conjuga igualdade e diferença
pala sociedade, nos padrões da moda de cada estação… É como valores indissociáveis, e que avança em relação à
o “feio” que precisa ser incluído no universo dos ideia de equidade formal ao contextualizar as
“bonitos”, o idoso que precisa incluir-se numa sociedade circunstâncias históricas da produção da exclusão dentro
que demonstra que, cada vez mais, não está preparada e fora da escola.
para abraçar seus “velhos”, o analfabeto que precisa
incluir-se numa sociedade de signos, nem sempre fáceis de Ao reconhecer que as dificuldades enfrentadas nos
serem decifrados… sistemas de ensino evidenciam a necessidade de
confrontar as práticas discriminatórias e criar
INCLUSÃO, INCLUSÃO, INCLUSÃO… alternativas para superá-las, a educação inclusiva assume
É de inclusão que se vive a vida. Para Paulo Freire, é espaço central no debate acerca da sociedade
assim que os homens aprendem, em comunhão. “O contemporânea e do papel da escola na superação da
homem se define pela capacidade e qualidade das trocas lógica da exclusão. A partir dos referenciais para a
que estabelece” e isso não seria diferente com os construção de sistemas educacionais inclusivos, a
portadores de necessidades especiais. Inseridos numa organização de escolas e classes especiais passa a ser
repensada, implicando uma mudança estrutural e
nuceconcursos.com.br 37
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
40 nuceconcursos.com.br
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
2006, conforme demonstra o gráfico a seguir: fundamental; 51% possuíam ensino médio e 45,7%
ensino superior. Em 2006, dos 54.625 professores que
atuam na educação especial, 0,62% registraram somente
ensino fundamental, 24% registraram ensino médio e
75,2% ensino superior. Nesse mesmo ano, 77,8% destes
professores, declararam ter curso específico nessa área
de conhecimento.
nuceconcursos.com.br 41
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
BRASIL. Declaração Mundial sobre Educação para BRASIL. INEP. Censo Escolar, 2006. Disponível em:
Todos: plano de ação para satisfazer as necessidades <http://
básicas de aprendizagem. UNESCO, http://www.inep.gov.br/basica/censo/default.asp >.
nuceconcursos.com.br 43
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
44 nuceconcursos.com.br
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Política Nacional de Educação Ambiental - Lei nº “A EA deve se configurar como uma luta política,
9795/1999, Art 1º. compreendida em seu nível mais poderoso de trans-
formação: aquela que se revela em uma disputa de
“A Educação Ambiental é uma dimensão da educação, é posições e proposições sobre o destino das socie- dades,
atividade intencional da prática social, que deve imprimir dos territórios e das desterritorializações; que acredita que
ao desenvolvimento individual um caráter social em sua mais do que conhecimento técnico- científico, o saber
relação com a natureza e com os outros seres humanos, popular igualmente consegue proporcionar caminhos de
visando potencializar essa atividade humana com a participação para a susten- tabilidade através da transição
finalidade de torná-la plena de prática social e de ética democrática”.
ambiental.”
“Um processo educativo eminentemente político, que visa
“A educação ambiental é a ação educativa permanente pela ao desenvolvimento nos educandos de uma consciência
qual a comunidade educativa tem a tomada de consciência crítica acerca das instituições, atores e fatores sociais
de sua realidade global, do tipo de relações que os homens geradores de riscos e respectivos conflitos
estabelecem entre si e com a natureza, dos problemas socioambientais. Busca uma estratégia pedagógica do
derivados de ditas relações e suas causas profundas. Ela enfrentamento de tais conflitos a partir de meios coletivos
desenvolve, me- diante uma prática que vincula o de exercício da cidadania, pautados na criação de
educando com a comunidade, valores e atitudes que demandas por políticas públicas participativas conforme
promovem um comportamento dirigido a transformação requer a gestão ambiental democrática.”
superadora dessa realidade, tanto em seus aspectos
naturais como sociais, desenvolvendo no educando as "Educação ambiental é uma perspectiva que se inscreve e
habilidades e atitudes necessárias para dita transforma- se dinamiza na própria educação, formada nas relações
ção.” estabelecidas entre as múltiplas tendências pedagógicas e
do ambientalismo, que têm no “ambiente” e na “natureza”
“A educação ambiental é um processo de reconhecimento categorias centrais e identitárias. Neste posicionamento, a
de valores e clarificações de conceitos, ob- jetivando o adjetivação “ambiental” se justifica tão somente à medida
desenvolvimento das habilidades e modificando as que serve para destacar dimensões “esquecidas” historica-
atitudes em relação ao meio, para en- tender e apreciar as mente pelo fazer educativo, no que se refere ao
inter-relações entre os seres humanos, suas culturas e seus entendimento da vida e da natureza, e para revelar ou
meios biofísicos. A educação ambiental também está denunciar as dicotomias da modernidade capitalista e do
relacionada com a prática das tomadas de decisões e a paradigma analítico-linear, não-dialético, que separa:
ética que conduzem para a melhora da qualidade de vida” atividade econômica, ou outra, da totalidade social;
sociedade e natureza; mente e corpo; ma- téria e espírito,
“A Educação Ambiental deve proporcionar as condições razão e emoção etc."
para o desenvolvimento das capacidades ne-cessárias; para
que grupos sociais, em diferentes contextos "Processo em que se busca despertar a preocupação
socioambientais do país, intervenham, demodo qualificado individual e coletiva para a questão ambiental, garantindo
tanto na gestão do uso dos recursos ambientais quanto na o acesso à informação em linguagem adequada,
concepção e aplicação de decisões que afetam a qualidade contribuindo para o desenvolvimento de uma consciência
do ambiente, seja físico-natural ou construído, ou seja, crítica e estimulando o enfrentamento das questões
educação ambiental como instrumento de participação e ambientais e sociais. Desenvolve- se num contexto de
controle social na gestão ambiental pública.” complexidade, procurando trabalhar não apenas a
mudança cultural, mas também a transformação social,
“A Educação Ambiental nasce como um processo assumindo a crise ambiental como uma questão ética e
educativo que conduz a um saber ambiental materi-alizado política."
nos valore séticos e nas regras políticas de convívio social e
de mercado, que implica a questão distributiva entre O modelo econômico capitalista proporcionou um
benefícios e prejuízos da apropriação e do uso da acelerado processo de industrialização, intensifi- cando a
natureza. Ela deve, portanto, ser direcionada para a produção e o consumo. Esse fato desencadeou grandes
cidadania ativa considerando seu sentido de problemas de ordem ambiental, em razão da intensa
pertencimento e co-responsabilidade que, por meio da exploração dos recursos naturais e as diversificadas formas
ação coletiva e organizada, busca a compreensão e a de poluição. Diante disso,uma mudança de atitude se torna
superação das causas estru- turais e conjunturais dos necessária. A Educação Ambiental surge com o propósito
problemas ambientais.” de des- pertar a consciência da população global sobre os
problemas ambientais consequentes das atividades
humanas.
nuceconcursos.com.br 45
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Conforme definido no Congresso de Belgrado, no ano de consciência ambiental e tenham atitudes responsáveis em
1975, a Educação Ambiental é um processo que visa relação ao meio ambiente.
“formar uma população mundial consciente e preocupada EDUCAÇÃO AMBIENTAL E
com o ambiente e com os problemas que lhe dizem DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
respeito, uma população que tenha os conhecimentos, as A educação ambiental está intimamente relacionada com o
competências, o estado de espírito, as motivações e o desenvolvimento sustentável, porque tem como finalidade
sentido de participação e engajamento que lhe permita primordial encontrar uma forma de desenvolvimento que
trabalhar individual- mente e coletivamente para resolver atenda às necessidades do presente sem comprometer as
os problemas atuais e impedir que se repitam”. próximas gerações de suprir suas próprias necessidades.
46 nuceconcursos.com.br
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
recursos naturais.
48 nuceconcursos.com.br
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
nuceconcursos.com.br 49
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
50 nuceconcursos.com.br
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
nuceconcursos.com.br 51
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
52 nuceconcursos.com.br
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
nuceconcursos.com.br 53
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
54 nuceconcursos.com.br
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
nuceconcursos.com.br 55
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
56 nuceconcursos.com.br
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
AS CARACTERISTICAS DO PROCESSO DE
ENSINO
nuceconcursos.com.br 57
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Ensino e Aprendizagem
I. A APRENDIZAGEM
58 nuceconcursos.com.br
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
2. OS NÍVEIS DE APRENDIZAGEM
4. CARACTERÍSTICAS DA APREDIZAGEM
ESCOLAR
nuceconcursos.com.br 59
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
II. O ENSINO
60 nuceconcursos.com.br
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
nuceconcursos.com.br 61
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
62 nuceconcursos.com.br
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
nuceconcursos.com.br 63
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
64 nuceconcursos.com.br
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
A política de inclusão, na rede regular de ensino, dos Os educadores devem estar dispostos a romper com
alunos que apresentam necessidades educacionais paradigmas e manterem-se em constantes mudanças
especiais, não consiste somente na permanência física educacionais progressivas criando escolas inclusivas e de
desses alunos na escola; mas no propósito de rever qualidades.
concepções e paradigmas, respeitando e valorizando a
diversidade desses alunos, exigindo assim, que a escola Essas estratégias para a ação pedagógica no cotidiano
crie espaços inclusivos. Dessa forma, a inclusão significa escolar inclusivo são necessárias para que a escola
que não é o aluno que se molda ou se adapta à escola, mas responda não somente aos alunos que nela buscam
a escola consciente de sua função que se coloca a saberes, mas aos desafios que são atribuídos no
disposição do aluno. cumprimento da função formativa e de inclusão, num
processo democrático, reconhecendo e valorizando a
As escolas inclusivas devem reconhecer e responder às diversidade, como um elemento enriquecedor do processo
diversas dificuldades de seus alunos, acomodando os de ensino e aprendizagem.
diferentes estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando
uma educação de qualidade para todos mediante Portanto, incluir e garantir uma educação de qualidade
currículos apropriados, modificações organizacionais, para todos os alunos é uma questão de justiça e equidade
estratégias de ensino, recursos e parcerias com a social. A inclusão implica na reformulação de políticas
comunidade. A inclusão, na perspectiva de um ensino de educacionais e de implementação de projetos educacionais
qualidade para todos, exige da escola novos inclusivo, sendo o maior desafio estender a inclusão a um
posicionamentos que implicam num esforço de maior número de escolas, facilitando incluir todos os
atualização e reestruturação das condições atuais, para que indivíduos em uma sociedade na qual a diversidade está se
o ensino se modernize e para que os professores se tornando mais norma do que exceção.
aperfeiçoem, adequando as ações pedagógicas à
diversidade dos aprendizes. Por isso é preciso refletir sobre a formação dos
Deste modo, pode-se dizer que a escola inclusiva é aquela educadores, uma vez que ela não é para preparar alguém
que acomoda todos os seus alunos independentemente de para a diversidade, mas para a inclusão; porque a inclusão
suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais ou não traz respostas prontas, não é uma “multi” habilitação
linguísticas. Seu principal desafio é desenvolver uma para atender a todas as dificuldades possíveis na sala de
pedagogia centrada no aluno, e que seja capaz de educar e aula, mas uma formação na qual o educador olhará seu
incluir além dos alunos que apresentem necessidades aluno de um outro modo, tendo assim acesso as
educacionais especiais, aqueles que apresentam peculiaridades dele, entendendo e buscando o apoio
dificuldades temporárias ou permanentes na escola, os que necessário.
estejam repetindo anos escolares, os que sejam forçados a
trabalhar, os que vivem nas ruas, os que vivem em
extrema pobreza, os que são vítimas de abusos e até
mesmo os que apresentam altas habilidades como a
superdotação, uma vez que a inclusão não se aplica apenas
nuceconcursos.com.br 65
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
AS CONTRIBUIÇÕES DA EDUCAÇÃO NA
DIREITOS HUMANOS NA SALA DE AULA SOCIEDADE
A escola, como instituição de referência na educação e A educação sempre contribuiu para o desenvolvimento
central na formação dos indivíduos, não pode abrir mão da sociedade. A qual busca nas raízes da educação o
do debate, prática, promoção e garantia dos direitos verdadeiro sentido para sua evolução cultural,
humanos. A instituição só conseguirá cumprir seu papel se principalmente. Pois, é através desta interação que
olhar para este tema. “Não dá para educar sem garantir as existem contribuições, porque a sociedade só se torna
condições básicas da existência como saúde, moradia e moderna com a evolução da educação. E a própria
proteção”. sociedade tem seu papel nestas contribuições, porque é
com seu respaldo que a educação tem procurado
Uma das primeiras tarefas da escola é a oferta de uma assimilar da melhor maneira possível o que está ao seu
educação de qualidade. A Declaração afirma que “a redor.
instrução será orientada no sentido do pleno
desenvolvimento da personalidade humana”, dialogando Na educação da sociedade, o papel fundamental da
com o pressuposto central da educação integral que busca escola é planejar juntamente com sua comunidade
estimular as várias dimensões do indivíduo. o PPP (Projeto Político-Pedagógico). Neste deverá ser
escrito o que a própria quer desenvolver em seus alunos,
A Declaração afirma ainda que a instrução deve atuar no isto é, o exemplo de cidadão que formará para interagir
sentido do “fortalecimento do respeito pelos direitos com a sociedade. Também deverá ter neste documento
humanos e pelas liberdades fundamentais”. Os caminhos os objetivos a serem alcançados no decorrer do
pelos quais as instituições de ensino podem fazer isso são processo de ensino-aprendizagem, a sua filosofia...
vários, mas não basta apenas incluir uma disciplina sobre Conforme Morin (2001, p. 14) "o conhecimento do
o assunto. “É completamente insuficiente para garantir a conhecimento deve aparecer como necessidade
escola como espaço de valorização e promoção dos primeira, que serviria de preparação para enfrentar os
direitos humanos”. Quando se aborda o tema em apenas riscos de permanentes erros e de ilusão, que não cessam
uma disciplina corre-se o risco de dissociá-lo das outras. de parasitar a mente humana."
“Os direitos humanos dizem respeito a todos nós em
nossa vida atual e cotidiana. Falar de direitos, nas Ainda há muito para ser feito em prol da escola. Mas,
diferentes disciplinas curriculares, é importante para para que isso ocorra é necessário que busquemos
mostrar essa atualidade.” valorizá-la intensamente e no futuro poderemos
encontrar com esforços pelo menos o caminho a ser
“A Educação em Direitos Humanos é essencialmente a percorrido para que ela se torne ideal. E mesmo que esta
formação de uma cultura de respeito à dignidade humana busca seja cansativa, ao relembrarmos tudo o que ela fez
através da promoção e da vivência dos valores da no passado, conseguiremos compreender o seu papel
liberdade, da justiça, da igualdade, da solidariedade, da fundamental de democratização da educação.
cooperação, da tolerância e da paz. Portanto, a formação
desta cultura significa criar, influenciar compartilhar e
consolidar mentalidades, costumes, atitudes, hábitos e AS TRANSFORMAÇÕES NA SOCIEDADE
comportamentos que decorrem, todos, daqueles valores
essenciais citados – os quais devem se transformar em Abordando-se a questão social da educação é notório o
práticas.” papel da sociedade sobre esta. Pois, o fato
delas estarem interligadas não faz com que esqueçamos
das diversas transformações que a sociedade tem
passado. Entre estas transformações podem ser
consideravelmente lembradas: a democratização
da educação, a tecnologia, a evolução da cultura pelas
diversidades e respeito às mesmas...
Considerando o papel da educação na atualidade, Edgar
Morin (2003, p. 105) alega que a educação
"deve reforçar o respeito pelas culturas":
A educação deve reforçar o respeito pelas culturas, e
compreender que elas são imperfeitas em si
mesmas, à margem do ser humano.
A educação é, desde a sua gênese, objetivos e funções,
um fenômeno social, estando relacionada ao
contexto político, econômico, científico e cultural de
uma determinada sociedade. O ato de educar é
um processo constante na história de todas as
sociedades, não é o mesmo em todos os tempos e
lugares, e é, em sua essência, um processo social. Além
disso, educação e sociedade se correlacionam
66 nuceconcursos.com.br
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
porque a primeira exerce forte influência nas entre teoria e prática produzem certas conformações e
transformações ocorridas no âmago da segunda. acomodações entre os educadores.
A partir dessa concepção, pode-se deduzir que, embora
a educação seja um processo constante na Muitos atribuem a problemática da educação às
história de todas as sociedades, o processo educativo situações associadas aos valores humanos, como a
não é o mesmo em todos os tempos e em todos ausência e/ou ruptura de valores essenciais ao convívio
os lugares, e se acha vinculado ao projeto de cidadania e humano. Assim, como alegam despreparo profissional
de sociedade que se quer ver emergir por dos educadores, salas de aula superlotadas, cursos de
meio desse mesmo processo. formação acelerados, salários baixos, falta de recursos,
currículos e programas pré-elaborados pelo governo,
A educação é, portanto, um processo social que se dentre tantos outros fatores, tudo em busca da redução
enquadra numa certa concepção de mundo, concepção de custos.
esta que estabelece os fins a serem atingidos pelo
processo educativo em concordância com as ideias Todas essas questões contribuem de fato
dominantes numa dada sociedade. A educação não pode para a crise educacional, mas é preciso ir além e
ser entendida de maneira fragmentada, ou como uma buscar compreender o núcleo dessa problemática,
abstração válida para qualquer tempo e lugar, mas, sim, encontrar a raiz desses fatores, entendendo de onde
como uma prática social, situada historicamente, numa eles surgem. A grande questão é: qual a origem
determinada realidade desses fatores que impedem a qualidade na
educação?
Partimos do pressuposto de que a educação exerce forte
influência nas transformações da sociedade. Certamente a resposta para uma discussão
A nosso ver, a educação reforça a capacidade crítica do tão atual como essa surja com o estudo sobre as
indivíduo e atesta o grau de desenvolvimento bases que compõem a sociedade atual. Pois, ao
de uma sociedade. Quanto mais desenvolvida ela for, analisar o sistema capitalista nas suas mais amplas
mais facilmente se compreenderá o papel da esferas, descobre-se que todas essas problemáticas
educação. Também é lícito referir que, em virtude de surgem da forma como a sociedade está organizada
uma maior capacidade de análise que os seus com bases na propriedade privada, lucro, exploração
cidadãos têm, maior será a transmissão do do ser humano e da natureza e se manifestam na
conhecimento, maior o nível do debate e da consciência ideologia do sistema.
com os deveres e as responsabilidades na defesa e na
promoção dos direitos humanos e sociais A continuação Um sistema que prega a acumulação privada
de políticas públicas voltadas a escolas, grupos de bens de produção, formando uma concepção de
vulneráveis, no Brasil e fora do Brasil, é mundo e de poder baseada no acumular sempre para
necessária e precisa tornar-se realidade na pluralidade consumir mais, onde quanto mais bens possuir,
institucional, em nível micro e macro, a fim de maior será o poder que exercerá sobre a sociedade,
que a educação possa cumprir o seu papel de agente acaba por provocar diversos problemas para a
transformador da sociedade. população, principalmente para as classes menos
favorecidas, como: falta de qualidade na educação,
A escola enquanto instituição fica responsável por levar ineficiência na saúde, aumento da violência, tornando
uma série de saberes necessários ao indivíduo os sistemas públicos, muitas vezes, caóticos.
não apenas para conviver no meio social, como também
para entender sobre si mesmo e tudo que o Independentemente do discurso sobre a educação, ele
cerca. sempre terá uma base numa determinada visão de
homem, dentro e em função de uma realidade histórica
e social específica.
EDUCAÇÃO, ESCOLA, SOCIEDADE E Acredita-se que a educação baseia-se em significações
COMUNIDADE ESCOLAR políticas, de classe. Freitag (1980) ressalta a frequente
aceitação por parte de muitos estudiosos de que toda
A escola, principalmente a pública, é espaço doutrina pedagógica, de um modo ou de outro, sempre
democrático dentro da sociedade contemporânea. terá como base uma filosofia de vida, uma concepção de
Servindo para discutir suas questões, possibilitar o homem e, portanto, de sociedade.
desenvolvimento do pensamento crítico, trazer as Ainda segundo Freitag (1980, p.17) a educação é
informações, contextualizá-las e dar caminhos para o responsável pela manutenção, integração, preservação da
aluno buscar mais conhecimento. Além disso, é o lugar ordem e do equilíbrio, e conservação dos limites do
de sociabilidade de jovens, adolescentes e também de sistema social. E reforça "para que o sistema sobreviva,
difusão sociocultural. Mas é preciso considerar alguns os novos indivíduos que nele ingressam precisam
aspectos no que se refere a sua função social e a assimilar e internalizar os valores e as normas que regem
realidade vivida por grande parte dos estudantes o seu funcionamento."
brasileiros.
A educação em geral, designa-se com esse termo a
Na atualidade alguns discursos tenham ganhado força na transmissão e o aprendizado das técnicas culturais, que
teoria da educação. Estes discursos e teorias, centrados são as técnicas de uso, produção e comportamento,
na problemática educacional e na contradição existente mediante as quais um grupo de homens é capaz de
satisfazer suas necessidades, proteger-se contra a
nuceconcursos.com.br 67
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
68 nuceconcursos.com.br
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
A discussão que se pretende fazer é de defender a idéia encaminhar os mais diversos assuntos, para que família e
de integrar escola, família e comunidade para a garantia escola, em colaboração mútua, possam promover uma
de um efetivo ensino de qualidade, com base na educação integral para o cidadão, em cumprimento com
formação de valores, cidadania e qualidade de vida. as exigências legais da sociedade que o espera.
Além de ressaltar as relações estabelecidas entre as
pessoas e o espaço.
Novas formas de integração das TICs são criadas. Uma Dessa forma, temos de avaliar o papel das novas
das áreas mais favorecidas com as TICs é a educacional. tecnologias aplicadas à educação e pensar que educar
Na educação presencial, as TICs são vistas como utilizando as TICs (e principalmente a internet) é um
potencializadoras dos processos de ensino – grande desafio que, até o momento, ainda tem sido
aprendizagem. Além disso, a tecnologia traz a encarado de forma superficial, apenas com adaptações e
possibilidade de maior desenvolvimento – aprendizagem - mudanças não muito significativas.
comunicação entre as pessoas com necessidades
educacionais especiais. Sociedade da informação, era da informação, sociedade do
conhecimento, era do conhecimento, era digital, sociedade
As TICs representam ainda um avanço na educação a da comunicação e muitos outros termos são utilizados
distância. Com a criação de ambientes virtuais de para designar a sociedade atual. Percebe-se que todos
aprendizagem, os alunos têm a possibilidade de se esses termos estão querendo traduzir as características
relacionar, trocando informações e experiências. Os mais representativas e de comunicação nas relações
professores e/ou tutores tem a possibilidade de realizar sociais, culturais e econômicas de nossa época (SANTOS,
trabalhos em grupos, debates, fóruns, dentre outras 2012, p. 2).
formas de tornar a aprendizagem mais significativa. Nesse
sentido, a gestão do próprio conhecimento depende da A internet atinge cada vez mais o sistema educacional, a
infraestrutura e da vontade de cada indivíduo. escola, enquanto instituição social é convocada a atender
de modo satisfatório as exigências da modernidade, seu
A democratização da informação, aliada a inclusão digital, papel é propiciar esses conhecimentos e habilidades
pode se tornar um marco dessa civilização. Contudo, é necessários ao educando para que ele exerça integralmente
necessário que se diferencie informação de conhecimento. a sua cidadania, construindo assim uma relação do homem
Sem dúvida, vivemos na Era da Informação. com a natureza, é o esforço humano em criar
instrumentos que superem as dificuldades das barreiras
A ESCOLA E AS TECNOLOGIAS DE naturais. As redes são utilizadas para romper as barreiras
INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TICS) impostas pelas paredes das escolas, tornando possível ao
professor e ao aluno conhecer e lidar com um mundo
As reflexões em torno do assunto tecnologia e educação diferente a partir de culturas e realidades ainda
tomou conta da sociedade há várias décadas, na realidade desconhecidas, a partir de trocas de experiências e de
desde que se notou sua influência na formação do sujeito trabalhos colaborativos.
contemporâneo, e da necessidade de explorar o assunto
diante do rápido desenvolvimento nos meios de Em uma sociedade com desigualdade social como a que
informação e comunicação. O mundo atual está passando vivemos, a escola pública em alguns casos torna-se a única
70 nuceconcursos.com.br
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
fonte de acesso às informações e aos recursos Com todas essas disponibilidades é preciso formar
tecnológicos, das crianças de famílias da classe cidadãos capazes de selecionar o que há de essencial nos
trabalhadora baixa. A esse respeito Pretto (1999, 104) vem milhões de informações contidas na rede, de forma a
afirmar que “em sociedades com desigualdades sociais enriquecer o conhecimento e as habilidades humanas. Pois
como a brasileira, a escola deve passar a ter, também, a segundo Marchessou (1997):
função de facilitar o acesso das comunidades carentes às [...] excesso nas mídias, onde as performances tecnológicas
novas tecnologias”. e o consumo de informação submergem, “anestesiam” a
capacidade de análise dessa informação e de reflexão tanto
O uso da informática na educação implica em novas individual quanto social. Saturação e superabundância
formas de comunicar, de pensar, ensinar/aprender, ajuda ameaçam o navegador da internet que, como certas
aqueles que estão com a aprendizagem muito aquém da pesquisas mostram, não tira partido das riquezas de
esperada. A informática na es- cola não deve ser informação pertinente, não estando formado para ir
concebida ou se resumir a disciplina do currículo, e sim diretamenteao essencial. (1997, p. 15)
deve ser vista e utilizada como um recurso para auxiliar o
professor na integração dos conteúdos curriculares, sua Antes de introduzir as novas mídias interativas nas aulas
finalidade não se encerra nas técnicas de digitações e em expositivas é preciso entender suas funcionalidades e as
conceitos básicos de funcionamento do computador, a consequências de seu uso nas relações sociais, pois
tudo um leque de oportunidades que deve ser explorado somente a partir desse momento é possível utilizá-las de
por aluno e professores. forma a transformar as aulas em eventos de discussão
onde ocorra de maneira efetiva à participação de todos os
Valente (1999) ressalta duas possibilidades para se fazer indivíduos, bem como professores, alunos e
uso do computador, a primeira é de que o professor deve pesquisadores, propiciando assim a comunicação que só é
fazer uso deste para instruir os alunos e a segunda possível a partir do momento que todas as partes se
possibilidade é que o professor deve criar condições para envolvem.
que os alunos descrevam seus pensamentos, reconstrua-os
e materialize-os por meio de novas linguagens, nesse Para que os recursos tecnológicos façam parte da vida
processo o educando é desafiado a transformar as escolar é preciso que alunos e professores o utilizem de
informações em conhecimentos práticos para a vida. Pois forma correta, e um componente fundamental é a
como diz Valente: formação e atualização de professores, de forma que a
tecnologia seja de fato incorporada no currículo escolar, e
[...] a implantação da informática como auxiliar do não vista apenas como um acessório ou aparato marginal.
processo de construção do conhecimento implica É preciso pensar como incorporá-la no dia a dia da
mudanças na escola que vão além da formação do educação de maneira definitiva. Depois, é preciso levar em
professor. É necessário que todos os segmentos da escola conta a construção de conteúdos inovadores, que usem
– alunos, professores, administradores e comunidades de todo o potencial dessas tecnologias.
pais – estejam preparados e suportem as mudanças
educacionais necessárias para a formação de um novo A incorporação das TICs deve ajudar gestores,
profissional. Nesse sentido, a informática é um dos professores, alunos, pais e funcionários a transformar a
elementos que deverão fazer parte da mudança, porém escola em um lugar democrático e promotor de ações
essa mudança é mais profunda do que simplesmente educativas que ultrapassem os limites da sala de aula,
montar laboratórios de computadores na escola e formar instigando o educando a enxergar o mundo muito além
professores para utilização dos mesmos. (1999, p. 4) dos muros da escola, respeitando sempre os pensamentos
e ideais do outro. O professor deve ser capaz de
Implantar laboratórios de informática nas escolas não é reconhecer os diferentes modos de pensar e as
suficiente para a educação no Brasil de um salto na curiosidades do aluno sem que aja a imposição do seu
qualidade, é necessário que todos os membros do ponto de vista, pois com lembra Freire:
ambiente escolar inclusive os pais tenham seu papel
redesenhado. Não haveria exercício ético-democrático, nem sequer se
Atualmente o mundo dispõe de muitas inovações poderia falar em respeito do educador ao pensamento
tecnológicas para se utilizar em sala de aula, o que condiz diferente do educando se a educação fosse neutra – vale
com uma sociedade pautada na informação e no dizer, se não houvesse ideologias, política, classes sociais.
conhecimento, pois através desses meios temos a Falaríamos apenas de equívocos, de erros, de
possibilidade virtual de ter acesso a todo tipo de inadequações, de “obstáculos epistemológicos” no
informação independente do lugar em que nos processo de conhecimento, que envolve ensinar e
encontramos e do momento, esse desenvolvimento aprender. A dimensão ética se restringiria apenas à
tecnológico trouxe enormes benefícios em termos de competência do educador ou da educadora, à sua
avanço científico, educacional, comunicação, lazer, formação, ao cumpri-mento de seus deveres docentes, que
processamento de dados e conheci- mento. Usar se estenderia ao respeito à pessoa humana dos educandos.
tecnologia implica no aumento da atividade humana em (2001, p. 38-39)
todas as esferas, principalmente na produtiva, pois, “a
tecnologia revela o modo de proceder do homem para As escolas são locais onde ocorre a emancipação do
com a natureza, o pro- cesso imediato de produção de sua estudante, desde cedo já se molda cidadãos conscientes de
vida social e as concepções mentais que delas decorrem” suas responsabilidades socioambientais, formar-se
(Marx,1988, 425). indivíduos empreendedores doconhecimento e lapidam-se
vocações.
nuceconcursos.com.br 71
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
72 nuceconcursos.com.br
Parte integrante da apostila do NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
com novos desafios e estimular a prática de trabalho pedagógico é preciso ir além de incorporar o novo
cooperativo. (tecnologia) ao velho. Diante disso, temos que entender
que, a inserção das TICS no ambiente educacional,
Um processo de ensino também muito interessante se depende primeiramente da formação do professor em
quando realizado de forma satisfatória e compromissado é uma perspectiva que procure desenvolver uma proposta
o ato de ensinar, aprender e desenvolver a prática que permita transformar o processo de ensino em algo
pedagógica por meio da integração das TICs e em especial dinâmico edesafiador com o suporte das tecnologias.
quando realizada a integração de conteúdos escolares por
meio de projetos interdisciplinares, torna o aluno muito
mais ativo, aprendendo a fazer, testar e levantar ideias e As TICs quando articuladas a uma prática formativa que
hipóteses, o que o torna investigativo e selecionador leva em conta os saberes trazidos pelo aluno, associando
daquilo que lhe é proposto como estudo. Cabe ao aos conhecimentos escolares se tornam essenciais para a
professor gerar situações instigantes que levem os alunos construção dos sabe- res. Além disso, favorece
interagir, trabalhar em grupo, e consequente- mente aprendizagens e desenvolvimentos, além de proporcionar
produzir novos saberes. melhor domínio na área da comunicação, pois como Lévy
(1999) ressalta as redes de computadores permitem as
Como podemos ver o frequente uso das tecnologias pessoas construírem e partilharem conhecimentos,
desperta a imaginação, investe na afetividade e nas tornando-os seres democráticos que aprendem a valorizar
relações como mediação primordial no mundo, sua a competências individuais.
incorporação no ambiente escolar pode ensinar seus
indivíduos a respeitar o diferente, a vencer obstáculos, a De acordo com Lévy (1993), as tecnologias se
trabalhar coletivamente, entre outros aspectos, o que transformam em tecnologias da inteligência, ao se
pretendemos com esse trabalho não é propor uma nova construírem enquanto ferramentas que auxiliam e
didática, mas uma postura que se apoia na inter-relação configuram o pensamento, tendo nele, portanto, um papel
entre professor e aluno como sujeitos que se organizam, constitutivo. Ao mesmo tempo, tornam-se metáforas,
decidem e buscam superar obstáculos, tendo em vista servindo como instrumentos do raciocínio, que ampliam e
conteúdos curriculares que podem ser intermediados com transformam as maneiras precedentes de pensar. Para o
as tecnologias, é interessante elencar a utilização destas autor citado, as tecnologias agem na cognição de duas
como molas propulsoras na sala de aula, elemento de formas: (a) transformam a configuração da rede social de
percepção sobre as complexidades do mundo atual e significação, cimentando novos agenciamentos,
como mediadoras de processos comunicacionais. possibilitando novas pautas interativas de representação e
de leitura do mundo; (b) permitem construções novas,
A inserção das TICs no cotidiano escolar estimula o constituindo-se em fonte de metáforas e analogias
desenvolvimento do pensamento crítico, criativo e a (MARASCHIN & AXT, 2005, p. 43).
aprendizagem cooperativa, uma vez que torna possível a
realização de atividades interativas. Para nós professores as TIC exigem uma linguagem
Sem esquecer que também pode ajudar o estudante a contemporânea e um aprimoramento rápido e eficaz e
desafiar regras, descobrir novos padrões de relações, devem despertar maior interesse. A forma tradicional e
improvisar e até adicionar novos detalhes a outros bancária de lecionar estão ultrapassadas e nesse sentido as
trabalhos tornando-os assim inovados ediferenciados. tecnologias cumprem um papel fundamental nas escolas
As tecnologias proporcionam que cidadãos construam rumo a modernidade porque não há uma pós-
seus saberes a partir de comunicação e interações com um modernidade.
mundo de pluralidades, no qual não há limites geográficos,
culturais e a troca de conhecimentos e experiências é
constante.