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LUXAÇÃO ESCAPULOUMERAL
INTRODUÇÃO
A articulação glenoumeral é a mais frouxa do corpo humano e
permite o maior número de movimentos (flexão, extensão,
abdução, adução, rotação externa, rotação interna,
circundução). Suas luxações são mais frequentes.
A cavidade glenoide é rasa, anterovertida a 7-10º, e tem uma
superfície articular menor que a da cabeça do úmero, que é
retrovetido em 20-30º. Essa disposição traria grande
instabilidade à articulação, se não fossem três fatores:
q Labrum (lábio glenoidal): estrutura fibrocartilaginosa que
forma uma orla que se prende ao contorno da glenoide,
aumentando a sua profundidade para articular a cabeça
umeral - promove pressão negativa (maior adesão-coesão
entre a cavidade glenoide e o úmero). Luxação: é a perda total da congruência entre duas superfícies
articulares.
q Reforço por ligamentos intracapsulares (ligamento
coracoumeral, ligamentos glenoumerais superior, médio e Subluxação: A perda parcial
inferior - este o mais importante); Frouxidão ou hiperelasticidade: excesso de mobilidade das
q Reforço muscular: manguito rotador e porção longa do articulações. Não desloca.
bíceps braquial. Instabilidade: (facilmente desloca/origem: subluxação
traumática e lesões por repetição)
EPIDEMIOLOGIA
A luxação glenoumeral é a mais comum perda da relação
entre a cabeça do úmero e a cavidade glenoide da escápula.
O tipo mais comum é luxação anterior (90-95%), na qual a
cabeça do úmero desloca-se numa localização anterior à
glenoide. Nos casos restantes, ocorre luxação posterior, causada
por fortes contrações musculares durante eletrocussão ou
convulsões, ou luxação inferior.
LUXAÇÃO (MD 401) – VITOR BIDU DE SOUZA
MECANISMO
Luxação anterior: após um súbito e contundente movimento CLASSIFICAÇÃO
composto de extensão, abdução e rotação externa (braço para Patogênese: traumática ou atraumática.
trás, aberto e rodado para fora), evento comum em atividades Tempo decorrido/frequência: aguda (em até 3 semanas),
esportivas. recorrente (após evento agudo, não trata e desenvolvimento com
o tempo instabilidade - luxa várias vezes) ou crônica.
Grau: luxação (perda total do contato entre os ossos) ou
subluxação (perda parcial).
Volição: involuntário ou voluntário (já nascem com luxação,
deslocando por conta própria - pior de tratar).
Anterior
ANATOMIA PATOLÓGICA
1) Lesão de Bankart: é uma lesão do labrum glenoidal antero-
inferior, o principal ligamento estabilizador do ombro. No
lábio da glenóide estão inseridos os ligamentos
glenoumerais, estes conferem boa parte da estabilidade do
ombro.
2) Lesão de Hill-Sachs: fratura compressiva (impactada) da
porção póstero-lateral do úmero proximal. Ocorre quando a
cabeça do úmero sofre luxação anterior e se desencaixa da
QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO
glenóide. No momento em que o úmero retorna ao seu
lugar, a parte de trás da sua cabeça acaba batendo Em geral, história de trauma esportivo, dor, deformidade e
novamente na glenóide, porém dessa vez machucando a incapacidade de mover o ombro. Deve-se investigar se já tentou
cabeça do úmero. pôr no lugar (caso sim e ainda esteja luxado, não tentar
Qualquer uma destas lesões aumenta a chance de recidiva da novamente - relocação somente em sala cirúrgica).
luxação, ao provocar instabilidade articular. O paciente nota imediatamente que alguma coisa saiu do lugar
ou quebrou e sente-se incapaz de usar o braço, o qual tende a
suportar com a mão oposta.
ANAMNESE: Foi imobilizado? Fez fisioterapia? Déficit de
movimentos? Houve trauma? Foi colocado no lugar? Em qual
hospital? Fez radiografia?
Ao exame, o ombro está doloroso, ligeiramente rodado
externamente e abduzido e apresentando uma depressão em
sua face lateral, onde deveria estar a cabeça do úmero,
conhecida como “sinal da dragona”. Avaliar Glenoide vazia –
palpação e compressão do plexo braquial
Há uma proeminência anterior (cabeça do úmero deslocada),
além de impotência funcional da articulação. É possível ocorrer
lesão do nervo axilar (circunflexo do úmero), manifestando-se
com parestesias e hipoestesia na região lateral do deltoide, bem
como fraqueza deste músculo.
O sinal da dragona é o principal achado (o ombro perde a sua
curvatura e acrômio fica proeminente).
LUXAÇÃO (MD 401) – VITOR BIDU DE SOUZA
TRATAMENTO
É necessário sempre radiografar o ombro antes de proceder à
PROVAS DE INSTABILIDADE
redução, pois uma fratura do colo ou da cabeça impossibilita a
Teste da apreensão: examinador, por trás do paciente, faz um redução fechada.
movimento passivo de abdução, extensão e rotação externa do
O tratamento é de emergência, se não o paciente pode
braço, enquanto comprime anteriormente com o polegar da outra
desenvolver graves lesões neurovasculares e capsulite adesiva do
mão a face posterior da cabeça umeral. Quando há instabilidade
anterior, a sensação de uma subluxação provoca desconforto e ombro.
apreensão do paciente. Deve ser prontamente executada redução fechada por
manipulação, havendo três principais opções, sob sedação e
analgesia, com uso de opioides, bloqueio do plexo braquial ou
anestesia geral nas duas últimas, de acordo com o paciente:
LUXAÇÃO (MD 401) – VITOR BIDU DE SOUZA
INSTABILIDADE MULTIDIRECIONAL DO
OMBRO
É definida por uma síndrome dolorosa no ombro (uni ou
bilateral), com o exame físico comprovando instabilidade da
articulação GU em três direções (anterior, posterior e inferior).
Esta síndrome pode ser idiopática, porém é mais comum em
atletas de esportes que usam o braço acima do ombro (voleibol,
natação, ginástica), estirando progressivamente os ligamentos
capsulares, e em indivíduos que apresentam frouxidão
ligamentar hereditária, como na síndrome de Ehler-Danlos.
Existem pessoas passíveis de subluxação do ombro ao exame,
porém sem história de dor; estas são ditas portadoras de
hiperelasticidade do ombro (uma variante constitucional), mas
não de instabilidade do ombro.