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LUXAÇÃO E ENTORSE

*** LUXAÇÃO ***


- Perda permanente ou recorrente da relação articular  produzida geralmente por traumatismos de natureza física ou
mecânica

CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS
- As articulações são classificadas em três tipos: fibrosa ou sinartose, cartilaginosa ou anfiartrose e sinovial ou diartrose

ARTICULAÇÕES FIBROSAS OU SINARTROSES:


- Suturas = ossos estão unidos por tecido fibroso  articulações do crânio
- Sindesmoses = união entre ossos é feita por meio de tecido fibroso, elástico ou ambos  articulações rádio-ulnar e tíbio-
fibular  quando ossificam no cavalo adulto, denominam-se sinostomoses
- Gonfose = implantações dentárias

ARTICULAÇÕES CARTILAGINOSAS OU ANFIARTROSES: ossos são unidos por fibrocartilagem, cartilagem hialina ou ambas
- Sínfise = articulação na qual os ossos são unidos inicialmente por fibrocartilagem, podendo apresentar movimentos
limitados  sínfise pelvina
- Sincondrose = articulação temporária (a cartilagem é convertida em osso antes da idade adulta)  articulação
intermandibular

ARTICULAÇÕES SINOVIAIS OU DIARTROSES:


- Caracterizadas pela presença de cavidade articular, membrana sinovial (líquido sinovial) e pela mobilidade
- São denominadas articulações verdadeiras e podem ter uma ou mais superfícies articulares  articulações interfalângicas,
articulação úmero-rádio-ulnar
- São compostas por superfície articular, cartilagem articular, cápsula articular, ligamentos, discos e meniscos, além de
cartilagem marginal, que é um anel de fibrocartilagem (como a que circunda o acetábulo)

ETIOPATOGENIA
- As diartroses são mais susceptíveis a luxação  pela anatomia/biomecânica
- Nas luxações ocorrem rupturas de ligamentos e da cápsula, com graus variáveis de lesões musculares, vasculares e
nervosas
- O grau de comprometimento depende de vários fatores  direção e velocidade do agente, posição do animal no
momento do trauma, da articulação atingida, dos fatores predisponentes
- A luxação pode ser fechada ou aberta

ARTICULAÇÕES ACOMETIDAS
- Todas podem ser acometidas  mais frequentes: coxo-femoral, escápulo-umeral, úmero-rádio-ulnar, carpo-tarso

ESCÁPULO-UMERAL:
- Com o membro apoiado no solo, o úmero se mantém relativamente afastado do toráx
- Quando ocorre um impacto no sentido látero-medial no terço proximal, membro não absorve o choque e não o
transmite ao toráx  o úmero é impelido medialmente, rompe-se a cápsula e o tendão subescapular, configurando a
luxação
- Em salto, o membro encontra-se inicialmente em extensão e, ao tocar o solo, determina abdução da articulação
escápulo-umeral  nessa situação, cria-se um mecanismo de alavanca
◦ Quando o estresse é suficiente, o tendão subescapular e a cápsula se rompem e o úmero luxa medialmente à
cavidade glenóide
◦ O peso do animal, impelindo-se em direção ao solo, excede a capacidade de distribuição das forças de impacto
ao longo do membro torácico
- Membro torácico em semiflexão = submetido a traumatismo violento e abrupto, no sentido crânio-caudal, no terço
proximal do úmero  este é facilmente deslocado para fora da cavidade glenóide
◦ Quando a força é suficiente, ocorrerá a luxação no sentido medial ou lateral, se romper primeiramente o tendão
subescapular ou o infra-espinhoso
ÚMERO-RÁDIO-ULNAR:
- Ocorre menos frequentemente do que as demais  mais estável que escápulo-umeral
- Na maioria das vezes, ocorre por mecanismo de alavanca
- Um traumatismo violento é aplicado à garupa do animal  gira o corpo em sentido horário ou anti-horário, ao redor de
um dos membros torácicos
- O animal em movimento com uma pata presa em um buraco provocará a mesma rotação
- Em ambos os casos, desde que as forças sejam suficientes, a ulna gira para fora da fossa do olécrano, ocorrendo a luxação
◦ Há ruptura da cápsula e de ligamentos
◦ A luxação pode ocorrer por traumatismo direto se a articulação estiver flexionada até 45º
◦ Em ângulos maiores, o processo ancôneo previne a luxação
◦ Em posição quadrupedal, um traumatismo no terço proximal da ulna, no sentido caudo-cranial, pode provocar
luxação do rádio e fratura da ulna

LUXAÇÕES DO CARPO:
- Geralmente ocorre na articulação rádio-cárpica por traumatismo direto sobre a articulação
- A hiperextensão/hiperflexão do carpo podem também provocar luxação

LUXAÇÃO COXO-FEMORAL:
- Relativamente frequente nos animais domésticos
- A integridade da cápsula, do ligamento e a anatomia da articulação são fundamentais para a prevenção desta ocorrência
- A causa é geralmente um traumatismo violento com adução ou abdução excessivas e ruptura da cápsula e do ligamento
- A luxação pode ocorrer em diferentes direções, mas a mais frequente é a crânio-dorsal (cerca de 80-90%)

LUXAÇÃO DE PATELA:
- Comum em cães de pequeno porte
- Geralmente associada a deformações do membro
- A maioria delas é medial em bovinos e em cães
- Equinos  luxação/fixação dorsal = mais frequente (é atribuída à ausência de tônus muscular e à conformação do
membro, pode ter origem congênita com manifestação após 2-3 anos); luxação lateral/medial = decorre de alterações
congênitas, achatamento dos côndilos
- Anatomia da patela:

ETIOLOGIA

CAUSAS PREDISPONENTES: CAUSAS DETERMINANTES:


- Espécie animal - Traumatismos
- Idade - Contrações musculares violentas
- Tipo de atividade
- Articulação envolvida, constituição do animal LESÕES:
- Ruptura da cápsula, do ligamento, lesões musculares
em graus variados
CLASSIFICAÇÃO
- As luxações podem ser classificadas quanto à origem, redutibilidade e tempo transcorrido
- As luxações podem ser de origem traumática ou congênita, espontâneas ou patológicas, redutíveis ou irredutíveis,
agudas ou crônicas

SINTOMATOLOGIA
- Variável  tem-se sintomas subjetivos e objetivos
◦ Subjetivos: compreendem a dor e impotência funcional
◦ Objetivos: deformidade da região, encurtamento/alongamento, desvio do eixo articular, situação das
extremidades articulares

SINTOMAS SEGUNDO À ARTICULAÇÃO LUXADA:


- Luxação de vértebras  dor acentuada, paralisia; desvio do pescoço (na luxação cervical); rigidez da musculatura cervical
◦ Clinicamente é difícil ou mesmo impossível distinguir luxação de fratura vertebral
- Escápulo-umeral  claudicação acentuada imediatamente após o traumatismo; o membro apresenta-se flácido,
encurtado e com desvio lateral ou medial; limitação dos movimentos passivos, crepitação
- Úmero-rádio-ulnar  ausência de apoio no membro; a articulação úmero-rádio-ulnar mantém-se flexionada;
articulações distais apresentam-se flácidas; o diâmetro da articulação mostra-se aumentado
- Rádio-cárpica (luxação medial ou caudal)  claudicação; angulação anormal; na subluxação, pode-se verificar o apoio
do membro acometido
- Coxo-femoral  a gravidade da luxação coxofemoral aumenta com o porte do animal; a luxação da cabeça femoral pode
ocorrer em diferentes posições = crânio dorsal, caudo-dorsal, ventro-caudal e medial (a sintomatologia varia segundo a
direção da luxação)
◦ Em todos os casos, a claudicação é sempre presente
◦ Geralmente observa-se abdução/rotação do membro
◦ Assimetria de pelve, dor
◦ Encurtamento ou alongamento do membro
- Patela  incapacidade parcial/total para extensão/flexão da articulação fêmoro-tíbio-patelar; pode ser permanente ou
temporária
◦ Na luxação dorsal e estacionária nos grandes animais, observa-se extensão repentina e persistente das
articulações fêmoro-tíbio-patelar e do tarso
◦ A luxação lateral e estacionária de patela é mais frequente na espécie equina e manifesta acentuada extensão
das articulações fêmoro-tíbio-patelar e do tarso quando o animal apoia a pata  nos grandes animais, a luxação
lateral de patela é atribuída à distensão/flacidez do ligamento tíbio-patelar medial
◦ A luxação medial de patela é mais observada em bovinos e em cães de pequeno porte  verifica-se
flexão/extensão inadequada do membro; nos bovinos, ocorre o desgaste gradativo do casco pelo efeito do atrito
com o solo
◦ Nos cães, pode ser congênita, uni ou bilateral, estacionária ou recorrente  os sintomas variam com o grau da
luxação (I, II, III, IV)

DIAGNÓSTICO
- Feito com base nos sintomas apresentados  anamnese, inspeção, exame físico
- Radiografia

TRATAMENTO
- Redução fechada OU Redução aberta/cirúrgica
- A redução consiste na reconstituição do eixo, aplicação de bandagens e repouso articular por 4-6 semanas
- A redução fechada se aplica nos casos recentes  não se aplica à luxação de patela
- Redução aberta: é exequível no cão; nos grandes animais, deve-se considerar a gravidade do caso e porte do animal 
é indicada nos casos de luxações crônicas, associadas à fratura e em casos de reluxação
- Imobilização pós-operatória: bandagens por 10-14 dias (material deve ser leve e funcional), restrição de atividades por
4-6 semanas

PROGNÓSTICO
- Varia de acordo com a articulação envolvida, o grau de lesão e espécie acometida
- Luxações de vértebras: reservado
- Luxação sacro-ilíaca: favorável nos pequenos animais
- Luxação escápulo-umeral: desfavorável nos grandes animais e favorável nos pequenos
- Luxação úmero-rádio-ulnar: geralmente favorável em pequenos animais  pode se tornar reservado nos casos crônicos
- Luxação do carpo: favorável nos pequenos animais e reservado em bezerros e potros
- Luxação coxo-femoral: desfavorável em animais de grande porte e geralmente favorável em pequenos animais

*** ENTORSE ***


- É a distensão da cápsula e ligamentos caracterizada pela perda repentina e momentânea da relação anatômica de uma
articulação
- É mais frequente em animais de corrida, pólo e hipismo
- Ocorre estiramento dos ligamentos, da cápsula e derrame articular
- Sintomas: claudicação repentina e grave
- Tratamento: substâncias anti-inflamatórias; bandagens, pensos, gelo/48hs; restrição de atividades por 10 dias

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