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Os Processos de Ensinagem,

as Metodologias Ativas
e o desafio de promover ...

Paulo Alfredo Rocha


pauloalfredorocha@hotmail.com
www.amemaissuamae.blogspot.com

* Jorig. Adap. úlio César Furtado


A aprendizagem significativa*
O que é e como praticar

Paulo Alfredo Rocha


UNEB – 2023.1
* Jorig. Adap. úlio César Furtado
As “desaprendizagens” do (a)
professor / professora
APRENDIZAGEM

Caráter espiritual, Caráter Clássico e


moral e filosófico religioso Caráter Científico

Aprender era Aprender era saber de Aprender era saber


conhecer e refletir cor as grandes obras como ocorrem os
sobre as verdades e os princípios da fenômenos e como
transcendentais religião Católica. funciona o mundo.
Bocas e ouvidos bem abertos,
corações silenciados
Caráter técnico e
Caráter Psicológico Caráter Holístico
científico

Aprender era Aprender era mudar o Aprender era


conhecer como comportamento a transformar-se
funciona o mundo e partir da mudança de constantemente numa
buscar soluções valores e atitudes. pessoa melhor.
científicas
“Aprender
a aprender”
Saber – fazer -
conviver - ser
Aprendizagem - Modelo tradicional
Crença básica:

O cérebro humano tem


Estrutura de “arquivo”

• Alguém ensina. O indivíduo “aprende”


• Aprende-se armazenando
• Sabe mais quem decora mais...
O aluno não sabe nada

O professor sabe tudo

O professor ensina e o aluno aprende

Aprender é um movimento de fora para dentro

Aprender não envolve esforço ativo nem criativo por parte de quem aprende

Para aprender é necessário esforço passivo e reprodutivo


Aprendizagem – Ressignificando paradigmas
Sistema de redes – teoria da complexidade

gato

meu gato
leite

miau
Lazaro Ramos
Paulo Rocha
Coelba alergia
Aprender é um movimento de
dentro para fora

Quem aprende precisa ter


papel ativo e criativo
Aprender é processo
subjetivo e pessoal
O professor auxilia o aluno em
seu papel de aprender

O aluno traz consigo toda uma


gama de conhecimentos O diálogo é essencial para
uma relação horizontal
Conteúdos
X
Saberes, Habilidades e Competências
Informações

Informações

Saberes
Habilidades e
Saberes
Competências
Habilidades e
Competências
• Autonomia

• Seletividade

O que é importante • Planejamento


incentivar hoje, em
• Flexibilidade
nossas crianças,
jovens e adultos, • Interação
que pode facilitar o
amanhã ? • Coletividade
• Serenidade
• Criatividade
O que torna uma
aprendizagem
significativa ?
A aprendizagem significativa
ocorre quando o conteúdo é
percebido pelo(a) aluno(a)
como relevante para seus
próprios objetivos.
Grande parte da
aprendizagem significativa é
adquirida através de atos.
A aprendizagem é facilitada
quando o(a) aluno(a)
participa responsavelmente
do processo de
aprendizagem.
A aprendizagem auto-
iniciada que envolve a
pessoa do aprendiz como um
todo – razão, emoção,
espiritualidade e físico - é
mais duradoura e
abrangente.
A independência, a
criatividade e a
autoconfiança são todas
facilitadas, quando a
autocrítica e a auto-
avaliação são básicas e a
avaliação feita por outros é
de importância secundária.
A aprendizagem socialmente
mais útil, no mundo pós-
moderno, é a do próprio
processo de aprender, uma
contínua abertura à experiência
e à incorporação, dentro de si
mesmo, do processo de
mudança.
Como ocorre a
Aprendizagem Significativa ?
Cérebro Racional
(Conceitos)
(Fixação da Aprendizagem)

Cérebro Emocional
(Fixação das Emoções)

Cérebro instintivo
(Instintos inatos)

Aprendizagem
Significativa
O melhor caminho
é facilitar a
reconstrução do
conhecimento.
O sujeito traz uma história que precisa ter espaço para ser contada,
uma experiência a ser contemplada no contexto educacional. Freire
SOCIOINTERAÇÃO

Pressupõe:
Postura Fenomenológica - perceber o “ser em si”
Transculturalidade - olhar contemplativo,
empatia cultural

Quebra de crenças e valores


Quais as etapas
dessa
re-construção ?
A Construção do
Conhecimento segue
sete passos essenciais:
• O primeiro deles é o
SENTIR.
O sujeito precisa sentir
o que vai aprender.
Nesse momento está
relacionando o novo
Cânion do Rio São Francisco – Piranhas / Alagoas
com o que ela já sabe.
O segundo passo é O terceiro passo é
PERCEBER. COMPREENDER.
Enquanto sentimos não É nessa fase que se
conseguimos perceber. constrói o conceito
A percepção acontece Conceituar significa
quando o sujeito compreender as
observa as propriedades
características específicas do objeto e
específicas do objeto estabelecer um limite de
(conteúdo). aplicação dessas
propriedades.
O quarto passo é Citar uma definição sem
DEFINIR. ter o domínio do
conceito é o mesmo
Definir significa que falar coisas sem
esclarecer um conceito. nenhum significado.
O sujeito deve ser Talvez esse seja o maior
levado a definir com pecado da Escola
suas próprias palavras. Tradicional. Valorizar a
O(a)professor(a), nessa definição não
hora, deve auxiliá-lo a construída, mas dada
construir a definição. pronta pelo professor.
O quinto passo é
ARGUMENTAR.
Argumentar é relacionar
logicamente vários
conceitos.
A mola mestra da
argumentação é a linha
de raciocínio, somente
possível a partir de
conceitos bem
construídos.

A principal ferramenta da argumentação é o TEXTO,


seja ele oral, escrito, verbal ou não-verbal.
É através da produção de texto que o professor pode
avaliar o desempenho argumentativo do aluno.
O sexto passo é
DISCUTIR.
Discutir é construir uma
cadeia de raciocínios
Corredores do Departamento de Educação da UNEB- Paulo Afonso
através da
argumentação.
O valor do discurso é
dado pela capacidade
de desencadear
transformações.

Pátio da igreja de São Francisco - Sobradinho


O sétimo passo é
TRANSFORMAR.
Transformar é
implementar um
conjunto de ações que
altere a realidade.
APRENDÊNCIAS
DESAFIO OU
PRAZER DE CASA

COMO
PROMOVER AS
APRENDÊNCIAS
NO ENSINO DE
HISTÓRIA?
REFLITA
SOBRE.
SISTEMATIZE
ALGUMAS
PROPOSIÇÕES.
Quais as principais
barreiras
para o professor e
para a professora?
O currículo

Imposições do sistema O Stress


Ingerências externas
Modelo de gestão Atribulações
Falta de espírito Cooperativo
Comodismo e resistência
Defasagem formativa...
A dor de nunca
saber o bastante

O excesso de
informação provoca
angústia típica dos
tempos atuais
e leva à conclusão de
que, às vezes,
saber demais é um
problema

Veja - 5/09/2001
A evolução da mudança

O conhecimento produzido
Pela humanidade tem evoluído Marco divisório
(metade)
Numa velocidade estonteante.
1955

Dias
atuais
Início do
mundo
1955
Então eu tive gripe, a
casa pegou fogo, nosso
carro foi roubado, Jorge
precisou ser operado,
nosso gato foi
atropelado, o telefone
ficou mudo...
Padrão de doença
Padrão de bagunça
Padrão de falência
Padrão de indispensabilidade
Padrão de troca de emprego
Padrão de atraso
Padrão de terceirização
Padrões negativos.
Padrões Positivos

Estou sempre saudável!

Com o que quer que eu faça, acabo obtendo sucesso!

Estou sempre no lugar certo, na hora certa.

Seja o que quer que eu compre, sempre faço um bom negócio!


As crenças
Isso tudo é muito bonito
Preciso arrumar mas na prática a
para o aluno teoria é outra!
aprender...

E a bagunça, quem
Construir conhecimento
controla ?
dá muito trabalho!
Crenças Hábitos

Mudança Mudança
de Crença de Hábito
A crença:
Ensinar é
• O professor quanto mais fala, melhor ensina;
falar. • Aprende-se, principalmente através do ouvir;
• Todos absorvem bem o que ouvem
• A audição é canal preferencial da aprendizagem.

A reaprendizagem:
• A partir da ação, aprendemos bem melhor;
• O que é ouvido precisa ser refletido, reconstruído;
• As pessoas não ouvem as mesmas coisas;
• A visão e a sensação precisam ser igualmente
contempladas como canal de aprendizagem.
A crença:
Professor
• Aprende-se mais quando se ouve atenciosamente;
fala e aluno
• O silêncio favorece a aprendizagem;
ouve • Falas paralelas atrapalham o aprender;
• O aluno não tem nada a dizer sobre o que está
sendo falado.

A reaprendizagem:
• A interação intensifica o aprender;
• É preciso que eu cheque o nível de
desenvolvimento real do aluno e busque
subsunçores para a nova aprendizagem;
• Aprendizagem precisa de interação para se
tornar significativa;
A crença:
Bom aluno é
• O aluno deve fazer tudo o que o professor
aluno ordenar;
obediente • Desobedecer a ordem do professor é sinal de
desacato e desrespeito;
• A verdade é exclusividade do professor.

A reaprendizagem:
• Desobedecer não é, necessariamente,
sinônimo de desacatar. Pode significar querer
fazer diferente;
• A punição freqüente a toda e qualquer
desobediência impede o desenvolvimento da
ousadia.
A curiosidade
é o motor da
aprendizagem

Educar é garantir o
direito de ser
protagonista em seu
próprio tempo e
formas.
Aprender é A crença:
reproduzir. • O aluno só demonstra que aprendeu quando
reproduz o que foi ensinado;
• Aprender é apreender o mundo, tal qual ele é;
• O conhecimento é algo absorvido, apreendido.

A reaprendizagem:
• Aprender é processo produtivo, pessoal e
reconfigurativo;
• Conhece-se de forma subjetiva, interativa e
reconstrutiva;
• O mundo não é apreendido de forma objetiva e
homogênea.
Só se ensina, A crença:
seguindo-se a • O conhecimento, para todos, possui uma
fórmula: mesma estrutura;
início - meio - fim • Não seguir a estrutura lógica do conhecimento
impede o aluno de aprender;
• O aluno é incapaz de organizar o
conhecimento por si só;

A reaprendizagem:
• Os alunos, freqüentemente, já possuem
informação sobre o assunto;
• O conhecimento não possui uma estrutura
uniforme;
• O aluno pode e deve organizar seu próprio
conhecimento.
Avaliação é A crença:
instrumento de • Se não submetermos os alunos à tensão de
manutenção do uma avaliação, eles não dão o valor merecido ao
que aprendem;
poder.
• Professor só é respeitado pelo seu poder de
julgar, avaliar e atribuir notas;
• No fundo, o que importa é a nota.

A reaprendizagem:
• Aprender é ato decorrente de motivação;
• Temos que facilitar o nascimento desse motivo
dentro do aluno e criá-lo fora dele;
• Aprender para obter nota é motivo que se opõe
à aprendizagem significativa.
A crença:
Errar é o • Erro é ausência de aprendizagem.
contrário de • Somente acertos traduzem sucesso.

acertar. •O erro é sempre indesejável e inútil.


• Erro e acerto são dimensões mutuamente
excludentes.

A reaprendizagem:
• Se aprender é processo produtivo, o erro é
parte inerente ao processo;
• Erro possibilita aprendizagem;
• O acerto antecedido de erros configura-se
mais forte.
• Errar e acertar são dimensões não excludentes.
A reconstrução do passado sofre
influência das “cores e
sabores”do presente. Nosso
cérebro não é uma máquina de
repetir, mas de criar.
“Pode-se e deve-se educar brincando.
Inadmissível e brincar de educar.
Brincar com algo tão sagrado
como a educação
Não tem graça alguma,
pois é o mesmo que brincar
Com a vida. Vidas alheias”.
(Paulo Rocha, 2008)
Por que isso acontece ?

• As crenças sobre como se ensina são


formadas muito cedo, durante as
experiências escolares.
• As crenças são profundamente pessoais
e têm um forte componente emocional.
• As crenças servem como “filtro” ou
“tela”, influenciando a interpretação dos
fatos, o que pode levar à distorção.
Por que isso acontece ?

4. Quanto mais tempo dura uma


crença, mais difícil é mudá-la.
5. As crenças sobre como se ensina
são, inicialmente, formadas da
perspectiva do aluno.
6. Muitas crenças são difíceis de
serem trazidas à consciência.
Por que isso acontece ?

7. Constelações de crenças formam sistemas de


crenças, com algumas sendo mais centrais do
que outras.
8. Quando as experiências enquanto aluno foram
positivas, as crenças apóiam mais fortemente a
manutenção dos processos tradicionais.
9. Os professores que foram vistos como modelo
ao longo da vida moldam fortemente nossas
percepções sobre nosso papel.
Algumas crenças sobre conteúdos

Conjunto de Processos para resolver


procedimentos e regras a problemas lógicos e do
MATEMÁTICA
serem aprendidos de cor mundo real através de
até a automaticidade. raciocínio dedutivo.

Uso de habilidades Uso de habilidades de


de decodificação decodificação para discernir
LEITURA a intenção do autor, levando
para discernir a
em conta as experiências do
intenção do autor. leitor no processo de
compreensão.
Algumas crenças sobre conteúdos
Sistema para determinar
fatos, explorando
Coleção de datas, percepções alternativas
de eventos através de
nomes e HISTÓRIA análise cuidadosa de
acontecimentos várias relações.
LEITURA E
COMPREENSÃO DE
MUNDO.
RECONEHCIMENTO DA
CONDIÇÃO DE SUJEITO
NO/COM/PARA O
CIÊNCIAS MUNDO.
Método de desenvolver e testar
Corpo de conhecimentos sobre explicações sobre fenômenos
o mundo em torno de nós. que observamos.
Algumas crenças sobre conteúdos

Sistema para determinar


Coleção de datas, fatos, explorando
nomes e percepções alternativas
HISTÓRIA de eventos através de
acontecimentos análise cuidadosa dos
múltiplos fatores e
diversas (inter) relações.

O ensino de História requer a afirmação da condição de ser


sujeito. Aponta para a necessidade de ler o mundo de forma
crítica. De estar no mundo, com o mundo e para o mundo
com ele interagindo de modo ativo.
Os conteúdos no Ensino de História

Conteúdos aprendidos em História quando alunos?




Conteúdos de História relevantes na atualidade?





Então, como mudar as crenças dos
professores?
Quatro condições são essenciais:

TEMPO DIÁLOGO

1. Trazer as crenças para o nível 1. Conversas com mentores, colegas


consciente; e amigos;
2. Avaliá-las criticamente, à luz de 2. Discussões construtivas com
novas evidências ou experiências; pessoas de visões opostas.
3. Revisá-las, adaptá-las e 3. Oficinas que promovam interação
transformá-las dentro do sistema “entre iguais” e oportunizem a
total. expressão das dificuldades reais.
Então, como mudar as crenças dos
professores?
Quatro condições são essenciais:

PRÁTICA APOIO

1. As crenças se formam na prática e, 1. Mudar crença envolve risco


igualmente, se alteram na prática. pessoal;
2. O uso real de novos recursos e 2. Relação de confiança com
aplicação de novos procedimentos; coordenadores pedagógicos.
3. Aprofundamento no entendimento 3. Acompanhamento e
das teorias que fundamentam a assessoramento contínuo, ao invés
nova prática de forma objetiva. de supervisão formal.
Como superar as
barreiras ?
Renovar o olhar
sobre o caos.
Metodologia Ativa
• “O Docente sai de cena, sem deixar o
espetáculo”.

Processos de Ensinagem

• “Processo de ensino do qual decorre a


aprendizagem significativa”.
Encarar o (auto) conhecimento
com determinação.

Rebelar-se!
RISCOS...
Rir é correr o risco de parecer tolo.
Chorar é correr o risco de parecer sentimental.
Expor-se para o outro é correr o risco de se envolver.
Expor seus sentimentos é arriscar
expor seu verdadeiro eu.
Mostrar suas idéias e sonhos diante de todos é
arriscar perdê-los.
Amar é arriscar não ser amado. Viver é arriscar
morrer.
Ter esperança é arriscar desespero.
Tentar é arriscar falhar.
•Mas riscos têm que ser assumidos, porque o maior
perigo é não arriscar nada.
• A pessoa que não arrisca nada, não faz nada,
não tem nada, não é nada...
Ela pode evitar o sofrimento e a tristeza, mas ela,
simplesmente, não pode aprender, sentir, mudar,
crescer, amar, viver.
Acorrentada por suas certezas imutáveis, ela é, na
verdade, um escravo que desistiu da liberdade.
Somente a pessoa que arrisca é livre!
Não é porque as coisas são difíceis que nós não
ousamos, é porque não ousamos que as coisas são
difíceis!
Sêneca – 4aC
Paulo Alfredo Rocha
parocha@uneb.br

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