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Bárbara Andrade

Brian Martins Vilela


Liriel Vital dos Santos
Lorena Carvalho
Maria Fernanda

Pedagogia Tecnicista

RESUMO
Este trabalho se refere a elementos
que entornam a Pedagogia
Tecnicista, bem como o contexto
histórico da época em que ela
estava em evidência. Retrata
também a transição da sociedade e
da transição da pedagogia nova
para a tecnicista. Fala sobre
liberdade e a falta dela no regime
militar e os impactos disso na
educação brasileira da época.
1. INTRODUÇÃO
Crise pedagógica nova e articulação da pedagogia tecnicista
Em 1962, Anísio Teixeira, elaborou o Plano Nacional de Educação, prevista no art. 2°
da LDB. Tal elevou para 12% a obrigação mínima dos recursos federais para ensino,
que em 1946 havia sido fixado em 10%. Determinado durante o primeiro parágrafo
desse artigo que com nove décimos de recursos federais se constituiriam três fundos:
com parcelas iguais, um para o ensino primário, outro para o ensino médio e o terceiro
para o ensino superior. Enquanto que no 2° parágrafo é atribuído ao CFE a tarefa de
elaborar o Plano de Educação referente a cada um dos três fundos. O autor também
esclarece o sentido de preceito legal, indicando assim maior proporção sobre ensinos de
nível médio e superior. O ensino primário seria obrigatório para toda a população.
Concluindo assim que a intenção do legislador era de situar a União na posição de
prestar assistência financeira aos estados e municípios providos de recursos
suplementares ao desenvolvimento dos sistemas estaduais de educação.
Anísio, arquitetou o Fundo Nacional do Ensino Primário, propondo que 70% dos
recursos seriam calculados na razão inversa da renda per capita e 30% na razão direta da
população em idade escolar. Ele considerou que os gastos com o salário seriam na
ordem de 70% enquanto que outros 30% seriam distribuídos entre a administração
(7%), recursos didáticos (13%) e prédio e equipamento (10%). Em 1996, com base
nesses elementos, foi criado o FUNDEF (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do
Ensino Fundamental e de Valorização ao Magistério), mantido com a substituição dele
pelo FUNDEB (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento de Educação Básica e de
Valorização dos Profissionais de Educação), em 2006.
Para Anísio Teixeira a LDB, quando relacionada as necessidades do Brasil, deixou
muito a desejar na conjuntura de sua aprovação, a orientação liberal, de caráter
descentralizador, que prevaleceu no texto de lei, foi uma vitória “meia vitória, mas
vitória” (Teixeira, 1962). Meia vitória, devido as concessões feitas à iniciativa privada,
deixando de referendar o outro aspecto defendido pelos Pioneiros da Educação Nova: a
reconstrução educacional através da construção de um solido sistema público de ensino.
Entra para essa “meia vitória” o tratamento igualitário aos diversos ramos do ensino
médio, anulando a discriminação contra o ensino profissional o qual mascou as leis
orgânicas do ensino herdadas do ensino novo. Nessa legislação apenas o ensino
secundário possibilita acesso a qualquer carreia de nível superior. Outros ramos do
ensino médio dariam acesso a carreiras correspondentes. Em consequência, surgem as
leis conhecidas como “leis de equivalência”. A qual permitiam que os concluintes de
primeiros e/ou segundo ciclo pudessem ingressar a cursos de nível superior.
A partir da determinação da Campanha de Aperfeiçoamento e Difusão do Ensino
Secundário (CADES), criada no final de 1953, objetivando o nível e a expansão do
ensino secundário no Brasil, Lauro de Oliveira Lima publicou o livro ‘A escola
secundária moderna’, prefaciado por Anísio Teixeira, que desenvolveu na metade da
década de 1950, enquanto inspetor seccional do Ceará, trabalhos junto a uma numerosa
equipe da CADES. Os textos desenvolvidos ali, para as distribuições dos cursos e
seminários, deram origem ao livro.
Lauro tornou-se um dos principais divulgadores de Piaget nas escolas brasileiras, se
voltando a estudos piagetianos e passando a denominar sua visão pedagógico-didática
de “método psicogenético”. O autor aborda durante as 670 páginas do livro, seguintes
temas que se dividem em cinco partes dentro da obra: como estruturar a escola
secundaria; como ativas os processos escolares, promover a participação e integração a
atividade docente e discente; como organizar a comunidade escolar para o trabalho
educativo; como orientar a aprendizagem; como utilizar os instrumentos de verificação
do rendimento escolar. Tais temas encontram-se divididos dentre 35 capítulos, contendo
aproximadamente 1800 enunciados com orientações para realização de trabalhos
pedagógicos. Lima afirma que o livro “é mais um programa de estudos do que a
exposição completa da teoria e pratica da escola moderna”, com isso, Anísio se
manifesta: “O método afirmativo e axiomático não deve ser entendido como
dogmatismo, mas como formulação provocativa para estudo e debate. E a brevidade e
sumaríssimo de certos julgamentos não constituem pobreza nas indicações, notações,
para a marcha do pensamento a ser desenvolvido e elaborado nas discussões das classes
e do sumario” (LIMA, 1976, p.5).
Durante a década de 1960, a escola secundária moderna teve ampla divulgação o que
fez com que ela acabasse ganhando uma sobrevida na década de 1970, quando operou
contrapondo à visão behaviorista na orientação da pratica docente a égide da pedagogia
tecnicista.
Durante o período de 1920, era de interesse livrar o país da chega do analfabetismo,
com isso a questão da expansão das escolas primarias era defendida, considerando a
vergonha nacional que seria. O nacionalismo era tratado como uma ideologia de direita,
tendo em vista que ele era marcado pela exaltação do civismo e do patriotismo.
Contrapondo, a esquerda com sua extração socialista como comunista, se definia
internacionalista. O Iseb (Instituto Superior de Estudos Brasileiros) surge como órgão
do MEC, através do decreto n. 57608. Sua estrutura era composta por: Conselho
Consultivo, Conselho Curador e Diretoria Executiva. O Iseb foi extinto em abril de
1964 como consequência do golpe militar. Ele foi dividido em três fases: A primeira
caracteriza-se por posições ideológicas ecléticas e conflitantes, vai de sua criação até o
início do Governo JK; Já a segunda ocorreu no período do governo de JK, onde
encampou e considerou a inteligência a serviço do desenvolvimento. Período
nacionalista, que teve como acontecimento decisivo a saída de Guerreiro Ramos e Hélio
Jaguaribe, em 1958; E o terceiro com duração de 1962 até o fechamento da instituição,
correspondente ao movimento pelas reformas de base, durante o Governo de João
Goulart.
Anísio Teixeira mostra que os autores de Industrialismo e o homem industrial
reconhecem cinco tipos de elite capazes de determinar liderar o proferido processo:
Elite dinástica, que preserva os valores tradicionais, reserva o ensino superior a elite e
limita a educação dos trabalhadores ao ensino elementar; Elite de classe média,
concepção liberal e universal de educação, sistema educacional como grande
instrumento de mobilidade vertical para trabalhadores e suas famílias; Intelectuais
revolucionários, educação ligada a ideologia revolucionaria, prioritária a ciência e para
setores especializados devendo propiciar treinamento especial aos trabalhadores;
Administradores coloniais, a educação é limitada a metrópole, e constituída por
administradores coloniais, ensino superior limitada a poucos nativos, ministrado
preferencialmente no país metropolitano; E os lideras nacionalistas, onde o sistema
educacional deve ser planejado afim de promover a independência e conferir prestigio,
com o dilema entre educação geral e preparação de mão de obra altamente qualificada.
Para Anísio Teixeira, apenas a elite de classe média e a dos intelectuais revolucionários
acreditam na educação. O autor entende que a industrialização em nosso país é uma
realidade que avança a despeito da educação. Anísio ainda defende que a escola não
poderá ser privada, mas pública, pois somente ela se inspira na missão publica de
nacionalizar o país.
O direito ao voto estava relacionado à alfabetização, o que levou aos governantes e
políticos a organização de campanhas para a alfabetização dos jovens e adultos em todo
o âmbito urbano e rural, com isso surgem diversas campanhas ministeriais no final da
década de 1940.
O MEB era de responsabilidade da igreja católica, dirigido pela CNBB, porem sua
concepção e execução foram confiadas a leigos, que logo se distanciaram dos objetivos
catequéticos, assim trazendo ao movimento um caráter de conscientização e politização
do povo. Característica marcante para o início da década de 1960 onde o conceito de
“educação popular” assume uma conotação nova e diversa daquela que irá prevalecer
nas novas décadas. Essa “educação popular” estava associada à instrução elementar
generalizando toda a população de cada país com implantação de escolas primárias. Ela
assume o sentido de educação do povo, pelo povo e para o povo.

METODOLOGIA
Paulo Freire prestou concurso para a cadeira de história e filosofia da educação na
Escola de Belas Artes de Pernambuco. E, apesar de não conseguir a cadeira, recebeu o
título de doutor através da tese "Educação e atualização brasileira", o que lhe
possibilitou ser nomeado como professor de filosofia e história da educação na
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade do Recife.
Na introdução é possível observar considerações sobre o tema mesclando a atualidade
brasileira como uma atualidade em crescente processo de industrialização, encontrando-
se a educação em descompasso com essa circunstância.
No primeiro capítulo, há elementos teóricos visando compreender a transição da
sociedade brasileira.
Em seguida, no segundo capítulo, se busca situar a partir de elementos histórico-
antropológicos, a inexperiência democrática que teria marcado a sociedade brasileira.
Já o terceiro capítulo, baseia-se na antinomia "inexperiência democrática" versus
"emersão do povo na vida pública nacional", ou seja, analisando a antinomia (ao mesmo
tempo) pedagógica entre educação e domesticação.
Mais tarde, o conteúdo da tese foi incorporado aos 3 primeiros capítulos do livro
Educação como prática de liberdade.
Em maio de 1960, Paulo Freire participou do MCP (Movimento de Cultura Popular)
onde assumiu a direção da Divisão de Pesquisas. Mais tarde, com a criação do SEC
(Serviço de Extensão Cultural), Paulo Freire assumiu a direção em 1962. Assim, os
trabalhos realizados em ambos os projetos, foram objetos que compõem o artigo
"Conscientização e alfabetização: uma nova visão do processo", onde, a primeira parte
retoma a visão teórica do primeiro capítulo da tese e a segunda parte comenta e
descreve as atividades realizadas no MCP e SECZ e, assim, constitui o capítulo quatro
do livro "Educação como prática da liberdade".
Em maio de 1965, o livro fora concluído com o ensaio: "educação e política (reflexões
sociológicas sobre uma pedagogia da liberdade)", dividido em quatro capítulos, no qual
o primeiro capítulo "A sociedade brasileira em transição (teoria do trânsito)", contendo
conceitos antitéticos narrando a situação da sociedade brasileira transitando de uma
condução para outra, como por exemplo, a interação das situações "1) contatos x 2)
relações", na qual a forma social 1) é próprio da velha situação; e a forma social 2) é da
nova situação.
Concluindo o primeiro capítulo, percebe-se a passagem da consciência mágica
(primeiro estágio de consciência do ser humano, caracterizada por ser uma ideia mítica
dos acontecimentos – o individuo não busca explicações e quando busca é fora da
realidade –, geralmente este tipo de consciência está relacionada a ideias do senso
comum), própria da sociedade fechada, nos meios rurais, para a consciência transitivo-
ingênua (a qual amplia o poder de captação e de resposta às sugestões que partem do
seu contexto; seus interesses e preocupações se alongam a esferas bem mais amplas que
a simples esfera vital e para que se transforme em transitivo-crítica pede um trabalho
educativo voltado para tal objetivo), que dá-se com a mudança provocada pelo processo
da industrialização e urbanização que introduz rachaduras (que provocam involução e
podem levar a consciência fanatizada: massificação) na mesma sociedade fechada citada
acima, provando a introdução do povo na vida política.
Tais aspectos eram considerados um risco, uma possibilidade, em Educação e
atualidade brasileira, mas agora em Educação como prática da liberdade são vistos
como um dado da nossa realidade (uma vez que o primeiro texto fora escrito em 1959 e
o segundo em 1965 com a ditadura tendo início em 1964).
Já o segundo capítulo, Sociedade fechada e inexperiência democrática, baseia-se na
colonização do Brasil. Contudo, o terceiro capítulo, Educação versus massificação,
crítica a educação dominante que não comunica mas faz comunicadores para evitar o
risco da massificação colocando a necessidade de uma educação voltada para a
passagem da transitividade ingênua à transitividade crítica voltada para a
responsabilidade social e política, que se caracteriza pela profundidade na interpretação
dos problemas, na prática do diálogo ao invés da polêmica, pela receptividade ao novo,
não recusando o velho.
Por fim, no quarto capítulo, "Educação e conscientização", é possível notar a descrição
do método de alfabetização (método ativo, dialogal, crítico e criticizador), sua matriz
pedagógica, suas fases e execução na prática, para modificar o conteúdo programático
da educação com base no uso de técnicas, levantando o universo vocabular dos grupos
que serão trabalhos; escolhendo as palavras do mesmo universo citado; criando
situações típicas do grupo com o qual se vai trabalhar; elaborando fichas-roteiro que
auxiliem no trabalho; e, assim, criando fichas com a decomposição das famílias
fonêmicas correspondentes aos vocábulos. Exemplo: para formar a palavra "tijolo"
separa-se suas famílias fonêmicas (ta-te-ti-to-tu; ja-je-ji-jo-ju; la-le-li-lo-lu), para que
assim, o acesso a aprendizagem seja facilitado e amplo para a criação de novas palavras
(como "leite", mudando a letra seguida do "L" – le – e juntando com "ite").
Desta forma, ao término do livro, Paulo Freire destaca que a ideia era não era somente a
alfabetização em si, mas, também gerar forças instrumentais que gerassem mudanças
sociais estabelecendo relação com a sociedade através do conhecimento crítico da
realidade, fundamentando-se em uma posição que derivasse a libertação do homem de
suas limitações pela consciência das mesmas.
Em seguida, Paulo Freire elaborou a "Pedagogia do oprimido" em 1968, que, traz a
concepção da educação como instrumento de opressão; a problematização da educação
e da libertação; a contradição educador-educando; bem como a superação desses
aspectos; deixando claro que ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, mas
todos educam-se entre si através da convivência no mundo e com o anseio de ser mais.
Em síntese, a mescla entre a tese "Educação e atualidade brasileira" e os livros
"Educação como prática da liberdade" e "Pedagogia do oprimido" mostram a luta de
Paulo Freire pela educação dos deserdados e oprimidos que compõem a massa de
excluídos no início do século XXI.
DESENVOLVIMENTO
IPES e a Articulação da Pedagogia Tecnicista
Em maio de 1959, houve a criação do Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD),
que tinha como objetivo o combate ao comunismo e era fundado por um norte-
americano chamado Ivan Hasslocher. Essa instituição possuía uma grande variedade de
financiadores, desde nacionais até internacionais, principalmente dos Estados Unidos.
Havia o financiamento de candidatos, como no caso de Jânio Quadros que com uma
ajuda da IBAD conseguiu levar as eleições. Devido a todo esse esquema de
financiamento para várias coisas, incluindo para campanhas de candidaturas, se abriu
uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigação, mas não resultou em
muita coisa, o instituto foi desligado em 1963, mas alguns de seus ideais permanecem
mesmo com o passar do tempo.
Antes disso, em 1961, houve a fundação do Instituto Brasileiro de Pesquisas e Estudos
Sociais, também conhecido pela sigla IPES. Sua criação se deu por intermédio de
empresários tanto nacionais quanto internacionais associados com a Escola Superior de
Guerra (ESG), além de que possuía uma forte ligação com o IBAD. As atividades do
IPES incluíam a doutrinação das massas através de diversos meios de comunicação e
desejavam a ruptura de organizações que buscavam por defender os interesses
populares. Saviani em História das Ideias Pedagógicas no Brasil retrata essas ações
com o termo "guerra psicológica".
Entre os feitos do Instituto Brasileiro de Pesquisas e Estudos Sociais, se destacam duas
principais ações: um simpósio sobre a reforma educacional e um fórum intitulado de "A
educação que nos convém". O simpósio se tratava de um objeto criado para que se
pudesse debater e discutir os investimentos educacionais que teriam como resultado um
aumento na economia brasileira. Acreditava-se, segundo um documento intitulado de
"Documento Básico", que a economia era determinada pela educação. Sabemos que não
é bem assim que acontece, uma vez que a educação é determinada por meios políticos,
sociais e econômicos. Nesse documento também fundamentava-se que o ensino médio
deveria ser com a finalidade de formar profissionais e o superior para se formar uma
mão de obra especializada, tudo isso com enfoque de melhorar a situação sócio-
econômica do país.
Se tratando do fórum: "a educação que nos convém", sabe-se que foi uma tentativa do
IPES de tomar medidas relacionadas a grande crise educacional em que o Brasil
passava, já que em junho de 1968, houve a chamada "sexta-feira sangrenta", que foi
uma resposta dos alunos em relação a ocupação dos estudantes de ensino superior nas
faculdades em forma de protesto pelas condições precárias e atentado à liberdade.
Houve também, a criação de um Grupo de Trabalho (GT) focado em reformar o ensino
superior como resposta à ocupação de movimentos estudantis. Nesse fórum, houveram
11 temas a serem abordados, sendo quatro deles sobre a educação em geral, seis sobre o
ensino superior e um sobre a chamada "conferência-síntese". Neste momento, foram
tomadas junto ao fórum, algumas medidas falhas na busca de melhorar a educação,
entre elas pode-se citar o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL) criado
por Paulo Freire, que veio a se tornar um dos maiores fracassos educacionais do Brasil
devido ao alto custo e ao não cumprimento de suas metas de alfabetizar em massa
jovens e adultos.
O Instituto Brasileiro de Pesquisas e Estudos Sociais nessa época, precisava de dinheiro,
e devido à antiga aliança que o Brasil tinha com os Estados Unidos pelo IBAD, o IPES
fortaleceu ainda mais os laços com o financiamento da Agência dos Estados Unidos
para o Desenvolvimento Internacional (USAID), assim surgiu um acordo chamado de
MEC-USAID em março de 1965.
Em 22 de junho de 1965, foi criado o Programa de Assistência Brasileiro-Americana ao
Ensino Elementar (PABAEE). Esses acordos feitos com os Estados Unidos em primeiro
momento parece ser algo maravilhoso, onde os salvadores ajudam uma nação com
necessidade de financiamento educacional, dando bolsas para brasileiros fazerem curso
nos Estados Unidos e oferecendo cursos para professores por técnicos norte-americanos.
Olhando mais criticamente, percebe-se que neste processo, o Brasil deixou de ter um
modelo educacional que estava caminhando para algo mais humanista para seguir o
modelo dos Estados Unidos que se tratava de algo voltado para suprir as necessidades
do capital e não do indivíduo. Por esses motivos, Saviani (p. 346) irá dizer que
pedagogicamente, pode-se dizer que esse PABAEE se tratava de um programa
tecnicista.

Contexto Histórico Durante a Implantação da Pedagogia Tecnicista.

Com a crise da Bolsa de Nova York em 1929 a qual também levou junto a economia
exportadora de café, que financiava as importações de bens duráveis e não duráveis,
surgiu no Brasil a ideia de “substituição de importações” que visava a industrialização
brasileira. Devido ao fim da segunda guerra mundial e o mundo dividido em dois
grandes blocos, em 1949, ocorreu a criação de ESG (Escola Superior de Guerra), em
alinhamento com a National War College (Estados Unidense), o membro mais influente
da ESG foi o general Golbery.
Golbery redigiu diversos textos que nortearam o ensino da ESG, baseado na Doutrina
da Interdependência, esses textos eram formulados visando a “Segurança Nacional” e
levava o conceito de guerra a um âmbito global, que envolvia a ciência, economia,
política, psicologia e as finanças chegando assim no conceito de guerra fria. Sua visão
estratégica propõe a definição dos Objetivos Nacionais Permanentes (ONPs), com base
nas ONPs, são definidos os Objetivos Nacionais Atuais que permitiram formular e por
em ação o planejamento de segurança nacional. Esses objetivos reforçavam a
interdependência do Brasil e EUA, trazendo assim um grande vínculo político-cultural
entre os dois países.
A partir da assinatura da Portaria 113, que facilitava a entrada do capital estrangeiro no
país, durante o governo J.K (que não revogou a portaria 113) , com o lema “cinquenta
anos em cinco”, o processo de industrialização se intensificou com a chegada de
empresas estrangeiras, as quais engoliram e se apropriaram das empresas nacionais,
uma grande contradição, visto que o projeto seria a industrialização do Brasil e a
independência de importações. Com a aproximação política com os EUA, em 1956 foi
realizado o Programa de Assistência Brasileiro-Americana ao Ensino Elementar
(Pabaee) um acordo para criação de um centro-piloto de educação elementar no Instituto
de Educação em Belo Horizonte. O programa foi realizado entre 1954 e 1964 e do ponto
de vista dos idealizadores, foi um sucesso, visto que foram utilizadas 142 bolsas para
professores realizarem cursos em universidades dos Estados Unidos e no Brasil, entre
1959 e 1964, foram realizados cursos supervisionados por técnicos americanos para 864
bolsistas vindos de todos os estados, tudo isso guiado pela Pedagogia Tecnicista,
enfatizando os métodos e técnicas de ensino, as divulgações de filmes didáticos
produzidos nos EUA e na valorização dos recursos audiovisuais, onde além de aprender
a utilizá-los, precisavam também aprender a produzi-los.
Já em 1961 ocorreu a criação do IPES, Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais, ele foi
fundado por empresários do Rio de Janeiro e São Paulo, articulados com empresários
internacionais e a ESG, tanto que em 1962 quem assume o IPES é o General Golbery. O
IPES, com seu ideal político, desenvolvia uma doutrinação, por meio de guerra
psicológica, utilizando dos meios de comunicação em massa, articulados também com
os órgãos de imprensa, tentando desestruturar entidades que defendiam os interesses
populares, com propagandas exaltando o nacionalismo e sempre combatendo a “ameaça
comunista”.
Nesse mesmo ano ocorreu a eleição de Jânio Quadros, político apoiada pela UDN
(União Democrática Federal) órgão esse que defendia os interesses da burguesia, porém
nessa época a votação para presidente e vice eram separadas, elegendo assim Jango
como Vice-Presidente, o grande opositor da UDN. Após Jânio perder o apoio da UDN
por não mostrar grande interesse em romper com a política nacionalista, ele teve que
renunciar, deixando assim a cadeira para João Goulart, que esteve na presidência até o
golpe de 64, quando teve que fugir para o Uruguai.
Após o golpe militar, as ideias do IPES tiveram grande força no governo, norteando a
reforma universitária, a implantação da 2º LDB e a implantação da pós graduação,
trazendo assim a Pedagogia Tecnicista como Pedagogia Oficial do Brasil.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O lema ordem e progresso da tradicional bandeira verde e amarela se tornou segurança e
desenvolvimento, visto que o foco do momento era o desenvolvimento econômico.
Ideias como o taylorismo e fordismo estavam em alta e consideravam a educação como
investimento para melhorar a economia. Vanir Chagas, que fazia parte do GT (Grupo de
Trabalho) atuou como um dos principais agentes na reestruturação de universidades que
até o momento estavam sendo ocupadas pelos alunos.
REFERÊNCIAS
SAVIANI, Dermeval. História das idéias pedagógicas no Brasil Campinas: Autores
Associados, 2007.
Avaliação

1 – Qual o principal foco da pedagogia tecnicista no processo educativo?

2 – Cite um aspecto da pedagogia tecnicista e descreva, segundo a sua opinião, se ele é


benéfico ou prejudicial ao processo pedagógico.

3 – Visto o processo de industrialização que ocorreu no Brasil no governo J.K, qual o


principal objetivo da implantação da pedagogia tecnicista?

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