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Africas - Base de Dados de Trechos Documentais

Macro-Região: Sudeste Africano


Especificidade de Elemento: Marfim

Damião Gomes. Chronica do Felicissimo Rei Dom Emanuel de Gloriosa Memória (1566)
Records of South-Eastern Africa, Vol 3, pp. 1-66.
Página: 55
Tipo: Categorias Sociais, Comércio, Tributos, Descrição Unidades Políticas
Categorias Identitárias: Mocaranga (Monomotapa, Mutapa), Butua (Torua, Changamira)
Etiquetas: Mocazambo (Mucazambo), Missoco (Chipua, Mussoco), Curva, Zimbábue
Elementos: Bruto (Ouro;Marfim)
" Todo este regno de Benomotapa he muito fertil de mantimentos, fruitas, & criações, a nella tantos Elephantes
brauos, q[ue] se nam passa anno nenhum, em q[ue] nao matem os q[ue] os caçam de quatro a cinco mil de q[ue]
vai pera India grade soma de marfim. He mui abundante douro, o qual se acha em grande cantidade, assi em
minas, como em rios, & alagoas : destas minas ahi huas no regno de Batua, de q[ue] o Rei he vassalo do de
Benomotapa, a comarca em q[ue] estam se chama Toro a toda em campo raso, & sam as mais antiguas q[ue] se
sabem em toda aquella regia. No meo desta campina esta hua fortaleza, toda laurada de cantaria muito grossa, &
grande, pela banda de fora, & de dentro, de obra muito prima, & bem assentada, tanto q[ue] segundo dizem, se
nao enxerga cal nas junturas della : sobella porta desta fortaleza esta hu litreiro talhado em pedra, q[ue] por muito
antigo se nao entende o q[ue] quer dizer. E em algus comaros que aquella campina faz, estão outras fortalezas
feitas do mesmo modo, nas quaes todas tem el Rei capitães, & o q se pode dellas julgar he, que fora feitas para
guarda daquellas minas douro, & receber o Principe q as mandou fazer alli o direito, q[ue] lhe delle pagauão, per
officiaes q[ue] pera isso nellas teria, por q[ue] assi o fazem ao presente os Reis daquelle regno de Benomotapa,
(...). "

Página: 56
Tipo: Categorias Sociais, Descrição Unidades Políticas, Descrição de Vestimentas, Visual, etc.
Categorias Identitárias: Mocaranga (Monomotapa, Mutapa)
Etiquetas: Mocazambo (Mucazambo), Zono
Elementos: Ferramenta (Utensílio) (Marfim;Madeira;Enxada)
" Vsa este Rei duas insignias, de q[ue] hu[m]a he hu[m]a enxada muito pequena, com o cabo de marfim, q[ue]
traz sempre na cinta, per q[ue] da a entender a seus sugeitos, q[ue] trabalhe[m] & aprouem a terra, pera com o
q[ue] ganha poderem viver em paz, sem tomarem o alheo, a outra insignia sam duas azagaias, de mostrando q[ue]
com hu[m]a a de fazer justiça, & co[m] a outra defender seu povo. Tras continuadamente na' sua corte todolos
filhos dos Reis & senhores q[ue] lhe sam sugeitos, a hua por lhe terem amor de criação, & a outra por se lhe os
pais nao aleuantarem com as terras, q[ue] delle tem. Traz sempre no cãpo, quer seja em tempo de paz, quer de
guerra hum exercito de muita gente, de q[ue] o capitam geral se chama Zono, & isto faz para ter a terra pacifica,
& se lhe nam aleuantarem algu[n]s dos senhores, & Reis q lhe sam sugeitos. Mãda todolos annos muitos dos
principaes de sua corte, per todos seus regnos, & senhorios a dar fogo novo, o q se faz da maneira seguinte. Cada
homem destes em chegando as casas dos Reis, senhores, cidades, & lugares, manda apagar em nome del Rei todo o
fogo q[ue] ahi a, & depois de apagado, ve[m] todos tomar delle, em sinal de obediencia & quem isto nao faz he
tido por tredor & rebel, & por tal o mãda el Rei castigar, & se he pessoa, ou cidade poderosa, mãda sobrelles o
capitao Zono, q[ue] sempre anda no campo, pera acudir a estas cousas. "
Francisco Monclaro. Relação da viagem que fizeram os padres da companhia de Jesus com Francisco Barreto
na conquista e Monomotapa no anno de 1569 (1573 (estimada))
Boletim da Sociedade de Geographia de Lisboa, 4a série, pp.492-508; 542-563.
Página: 498
Tipo: Comércio, Descrição Unidades Políticas
Referências Geográficas: Sofala, Quíloa, Comoros (Ilhas)
Elementos: Bruto (Marfim;Mel;Cera)
" El Rey de Quiloa he mouro e os seus vassalos todos, e segundo tive por informação foy o principal e mayor Rey
d'ally porque tinha té Çofala antes que os Portugueses viessem á índia. A cidade está em uma ilha junto da terra e
segundo vi nas outras cidades e povoações dos mouros todas estão ou em ilhas ou junto do mar. Parece que tiveraõ
o mesmo modo da conquista d'aquella terra que nós na índia senhoriando soomente a faldra do mar. Esta cidade
foi olim muy grande e prospera as casas todas de pedra e cal e seus telhados, mas foi destruída duas vezes pelos
nossos por treiçâo que elles armarão. Eu vi huas caracenas com huns arcos onde elles dizem pesarem ali o ouro q
vinha de Çofala aos Xares. Estes mouros tem algum trato nas Ilhas de Cômoro e pella terra dentro em marfim que
compraõ aos Cafres pera vender aos Portugueses que alli sempre andao ou ao feitor do Capitão da dita costa,
donde vem também muito mel e cera. "
Página: 503
Tipo: Religião, Descrição Unidades Políticas, Descrição de Vestimentas, Visual, etc.
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Categorias Identitárias: Macua
Etiquetas: Feiticeiro (Feitiço)
Referências Geográficas: Quizungo (Quizunguo)
Elementos: Adorno (ornamento, amuleto) (Cobre;Calaim) , Bruto (Marfim) , Tecido
" Os negros daqui andaõ quanto mais honrados mais cheos de barro almagrado na cabeça com confeições de azeite
com figuras do Inferno e de outras cousas muy fedorentas que lhes cheiraõ bem. Trazem os beiços todos furados
com pedaços de calaim e cobre, e estando metidos pelos buracos o com grande peso sempre lhe caem os beiços e
sempre se andaõ babando. - Os dentes trazem limados, sao muy bárbaros, chamaõ-se Machyas e nao Machios. -
Andaõ com huns panos pella cinta cobertos que lhes daõ os Portuguezes que andaõ por estes rios comerciando
marfim e outras cousas de mantimentos e alguà embarcação que há por esta costa muytas vezes. - Estes negros naõ
tem algum culto; saõ grandes feiticeiros, muy atreiçoados e grandes ladrões. - Sao muyto fracos e maliciosos cousas
que sempre andaõ juntas. "

Página: 505
Tipo: Categorias Sociais, Comércio, Descrição Unidades Políticas, Descrição de Vestimentas, Visual, etc.
Categorias Identitárias: Macua
Etiquetas: Fumo
Referências Geográficas: Cuama (Zambeze)
Elementos: Bruto (Marfim)
" A altura deste Rio de Cuama tomada na boca de Luano saõ sete graõs e meo pouco mais ou menos ; da banda
do su! demanda noroeste e sueste. A terra toda por onde vem hé campina té perto de cem legoas pela terra dentro.
Os moradores saõ Cafres e a maior parte delles maçuas mas taõ feos e bárbaros no trato como os maritimos. Tem
os dentes limados e naõ a boca furada. Começaõ de trazer alguà feição de corno nos cabellos. Trato seu com os
nossos neste rio algum marfim, pouco, o mais he mantimento. Está este Rio todo diviso em fumos, e naõ tem senhor
nenhum grande a quem paguem tributo, senaõ vivem como em republica, como ao diante direi mais largo. "
João dos Santos. Ethiopia Oriental (1609)
Biblioteca de Clássicos Portuguezes, Lisboa, 1891.
Página: 44
Tipo: Comércio
Referências Geográficas: Sofala, Save, Bocicas
Elementos: Bruto (Marfim;Gergelim;Âmbar) , Escravos
" Os moradores d'esta fortaleza [de Sofala] ordinariamente são mercadores, uns se ocupam em ir a Manica ao
resgate do ouro, com roupas e contas, assim do capitão, como suas, e outros ao rio de Sabia, e ás ilhas das
Bocicas, e outros rios que estão perto de Sofala, ao resgate de marfim, ambar, gergelim, e outros legumes, e muitos
escravos. "

Páginas: 306-308
Tipo: Comércio, Caça / Pesca
Referências Geográficas: Sudeste Africano
Elementos: Bruto (Marfim)
" Em toda esta cafraria se criam muitos elephantes mui grandes, e bravos; os quaes são mui damninhos nas
sementeiras do milho e arroz, o qual comem e pisam, de que os cafres recebem muita perda Além d'isso fazem
grande damno nos palmares, derrubando-lhe as palmeiras para lhe comerem os palmitos. Os cafres lhe armam de
muitas maneiras. A principal e mais ordinária, e menos perigosa para os caçadores, é fazendo-lhe covas pelos
mattos, muito compridas, fundas e largas, cobertas de rama e de herva, com terra por cima, de modo que se não
enxergue a cova, onde se os elephantes cahem, não se pódem mais tirar, e ali os matam sem trabalho.
Outro modo tem de caçar os elephantes, e é quando estão dormindo, o que é fácil de saber, porque o elephante
quando dorme resona e ronca tão grandemente, que o ouvem de muito longe, e tem o somno tão carregado, que se
chegam os cafres caçadores a elle muito manso, sem serem sentidos, e mettem-lhe pelas virilhas uma azagaia, cujo
ferro é de meio palmo de largo, ao modo de choupa, e de comprido dois palmos, sahida na ponta mui aguda e
cortadora, feita somente para esta caça dos elephantes. E depois de lh'a pregarem, fogem mui ligeiramente e
embrenham-se pelos mattos, até que se vão para suas casas. O elephante ferido acorda logo com a dôr da ferida, e
levantando-se com grande fúria, acaba de metter a azagaia pelas tripas, carregando sobre ella quando se levanta, e
logo começa de se vasar em sangue. E d'esta maneira vae fugindo e bramindo pelos mattos, até que se lhe esgota o
sangue todo, e morre. No dia seguinte tornam os caçadores ao logar onde o feriram, e o vão seguindo pelo rasto
do sangue até que dão n'elle, ou morto de todo, ou iá tão desmaiado e desfallecido, que se não pôde bulir, e alli o
acabam de matar. Este modo de caçar é mais perigoso aos caçadores, porque algumas vezes acham os elephantes
pouco feridos, e são mortos por elles. Esta caçada fazem os cafres ordinariamente em noutes de luar, assim para
que vejam os elephantes e os vão seguindo e vigiando, até que se deitam a dormir, como é seu costume, como
também para verem o modo que hão de ter para chegar a elles para os ferir.
Tanto que os caçadores tem morto algum elephante, vão chamar sua família, parentes e amigos, e vem-se todos ao
logar onde o elephante jaz mor to,e alli o comem assado, e cosido, sem fazerem outra cousa em todo este tempo. E

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posto que o elephante morto logo aos tres dias cheira tão mal, que não ha podel-o soffrer, nem por isso deixam de
o comer, até que não fica d'elle cousa alguma, como cães encarniçados em corpo morto.
A causa principal porque os cafres armam aos elephantes e os matam, é para lhe comerem a carne, e depois disso
para lhe venderem os dentes, que é o marfim, de que se fazem todas as peças, e brincos, que da índia vem para
Poriugal, e é a principal veniaga desta costa, da qual se levam cada anno para a índia mais de tres mil arrobas;
porque estando eu nesta fortaleza de Sofala, vi um anno ao capitão, que então era d'ella Garcia de Mello, mandar
ao alferes-mór capitão de Mo- çambique, seu cunhado, um bares de marfim, que tem cada um dezeseis arrobas, e
por aqui se pode colligir todo o mais marfim, que se tira d'esta costa, onde ha grande trato d elle, como é no rio
de Lourenço Marques, no Cabo das Correntes, e rio de Inhambane, nas ilhas de Angoche, rios de Cuama, na costa
de Quirimba, e na de Melinde. D'onde claramente se deixa vêr o numero de elephantes, que ha n'esta Ethiopia, e a
multidão que delles se mata cada anno, pois de cada um se não tiram mais que dois dentes.
Estes dois dentes são as presas da bocca, com que trabalham e pelejam. Estão mettidos no queixo debaixo mais de
um covado, e sahem-lhe fóra da boca outro tanto, e mais; e alguns d elles são muito grossos, e muito maiores do
que tenho dito, particularmente os de elephante velho. Garcia de Mello, de quem agora fallei, teve dois dentes na
sua feitoria, ambos de um elephante, que pesavam um bar que são dezeseis arrobas, oito cada dente. "
Pedro Barreto de Rezende. Do Estado da Índia (1634)
Records of South-Eastern Africa, Vol 2, pp. 378-401.
Página: 394
Tipo: Categorias Sociais, Comércio
Categorias Identitárias: Mocaranga (Monomotapa, Mutapa)
Etiquetas: Vashambadzi (Mussambaze, Mossambaze), Escravos (uso), Cafres-livres
Elementos: Bruto (Marfim)
" Nem he menos pêra estimar q Todo ho trato E Mercansia que fazem os portuguezes por aquellas Terras Tam
estendidas, seiam por mãos de Cafres, ou Catiuos Ou conhessidos Entregando lhe grande Cantidade De Eoupas q he
ho q Mais se Estima e Vai entre elles, As quais leuam Muitas legoas pella Terra dentro, E as trocam por ouro, ou
Marfim, E tornam A traser pontualmente O Eetorno com tanta Verdade e fidellidade. "
António Bocarro. Década XIII [1612-1617] (1635 (estimada))
Records of South-Eastern Africa, Vol 3, pp. 254-342.
Página: 324
Tipo: Categorias Sociais, Escravidão
Categorias Identitárias: Danda (Sedanda), Marave (Kalonga)
Etiquetas: Manamucate, Saguate, Mutume
Referências Geográficas: Danda, Bave, Bunga, Maravy
Elementos: 2 Unidade - Presa (Dente) (Marfim) : Marave (Kalonga) -> Portugal
" D'alli partiu e foi dormir a Bave, logar do mesmo Inhampury, onde morava uma sua mulher, a qual deu outro
presente, que Valeria tres cruzados. D'alli foi caminhanclo tres dias por mattos e terra deserta ate Danda, cidade
sujeita ao Muzura, que é o mor senhor cafre que ha nas terras do Bororo. Ao governador d'esta cidade deu o
Bocarro pannos e contas que valeriam dois cruzados. D'alli foi dormir a Bunga, logar grande, sujeito ao Muzura,
onde deu ao governador d'elle um cruzado de pannos e contas. D'alli mandou Gaspar Bocarro recado ao Muzura
de sua vinda, e mandou-lhe diante de presente, a que os cafres chamam de boca, pannos e contas que valeriam
cinco cruzados, e chegando a cidade em que elie mora, que se chama Maravy, foi logo ver o Muzura, e deu-lhe
roupas, e contas, e pannos de seda, que valeriam septenta cruzados. Deu-lhe mais a sua cama, em que entrava uma
alcatifa, um travesseiro de damasco, e lenções, porque Ihe fazia muito pezo levar tamanha cama às costas por tão
comprido caminho. O Muzura deu ao Bocarro dois dentes de marflm que valeriam dezoito cruzados, e uma negra,
e de comer quinze dias que alli esteve, e a toda sua gente muito milho, arroz, gallinhas, capões, vaccas, e figos;
deu-lhe mais tres cafres seus vassallos, que fossem por sua guia e guarda para o levarem seguro por suas terras. "
António Gomes. Viagem que fez o Padre Antonio Gomes da Companhia de Jesus ao Imperio de Manomotapa; e
assistencia que fez nas ditas terras desde alg'us annos (2/1/1648)
Stvdia, n. 3, 155-242
Página: 180
Tipo: Conflitos (Guerras, Disputas), Escravidão, Descrição do Ambiente
Categorias Identitárias: Marave (Kalonga)
Etiquetas: Tornar-se escravo, Muzura
Referências Geográficas: Marambala, Shire (Chire)
Elementos: Escravos , Bruto (Marfim) , Alimento (Mantimento, Víveres) (Arroz;Gengibre;Malagueta)
" Segue se da banda do Borôro aquelle grande certão, cujo Rey chegão suas terras defronte de Moçambique fica a
fralda deste Rio a famoza serra de Chiry [Murrumbala], terá dez legoas de destrito, toda povoada de Cafres,
izentos, e governão se como republica, e assy se defende do grande poder; deste Rey chamado Omuzura , e o
ofendem com asaltos que cada dia lhe dão, a Serra he muy fresca toda se desfaz em fontes de agoa e Ribeiras

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que vem do mais alto da serra, entre as pedaras e penhascos vivem estes cafres daqui vai pera Sena muito
gengivre, canas de assucar, arros, e outros mais mantimentos, afora marfim, escravos que tomão nas guerras pello
pé lhe corre hum fermozo Rio, que também sahe daquella grande alagoa, e se navega muito pella terra dentro. "

Página: 206
Tipo: Categorias Sociais, Conflitos (Guerras, Disputas), Manufatura
Etiquetas: Mocazambo (Mucazambo), Música
Referências Geográficas: Sudeste Africano
Elementos: Instrumento musical (Madeira;Trompa (Trombeta)) , Instrumento musical (Tambor (Atabaque,
Bambalous, etc)) , Instrumento musical (Marfim)
" Tem instrumento feito de pao a modo de corneta, corresponde a nossa trombeta, chamam lhe parapanda, por ella
se entendem [na guerra] para arremeter, e recolher, ettra. tem ataballes são oito ou dez, começam de hum muito
piqueno, e acabam em hum grande, fazem boa consonancia, e estrondo militar, tem outro grande, a que chamam
(funda) este só o Capitão geral o leva, terá des palmos; ou oito de cumprido, na boca estreito, vem a acabar, com
huma boca larga que terá hum palmo de diametro, toca sse, per huma ilharga, meio he de hum dente de marfim, o
outro de pao muito lavrado, he instrumento Real, nunca vai mais, que hum em hum exército, por grande que seia,
para que avendo alguma rota, todos acudam onde se tocar, como parte mais forte do exército, tem também outro
modo de ataballes a que chamam (Enoçassas) são também ataballes Reais, estes se não tocam senão quando se ha
de arremeter por todas as partes. "
Manuel Barreto. Informação do Estado e Conquista dos Rios de Cuama (11/12/1667)
Boletim da Sociedade de Geographia de Lisboa, 4a série, pp. 33-53.
Página: 36
Tipo: Categorias Sociais, Tributos, Significado de Palavras (dicionário)
Etiquetas: Missoco (Chipua, Mussoco), Cafres-livres, Mogamos, Locotar
Referências Geográficas: Chupanga, Gobira, Santa, Tambara, Rambaz, Aruenha (Aroenha, prazo, território)
Elementos: Bruto (Marfim)
" Todo este tracto de terra se reparte em vários territórios ou districtos com seus próprios nomes e demarcações (a
que chamão mogamos) os quaes territórios antigamente possuião próprios Fumos ou régulos cafres a que os
portuguezees forão conquistando por varias occasiões que para isso ouve. Sao alguas dessas terras grandes e ruins,
quaes a chupanga e Gobira
terras que possue Antonio Lobo da Silva; a Santa que possue Manoel Frz d'Abreu seu cunhado, a Tambara que
possuia em meu tempo hum Andre Colaço natural de Sena, o Rarabaz e Aroenha terras que possue Manoel Paes de
Pinho, o rendimento destas e de todas as mais terras dos Rios consiste nos missoucos, assim chamão os tributos que
de tudo quanto dá a terra pagão os moradores ao senhorio, e no marfim que se caça ou acha nas mesmas terras
que todo he do senhorio, pago aos cafres o trabalho de o caçar ou locotar que assy chamão ao que
se acha. "

Página: 44
Tipo: Comércio
Categorias Identitárias: Manica (Chicanga), Quiteve (Sachiteve)
Referências Geográficas: Sofala
Elementos: Bruto (Marfim;Âmbar) : Manica (Chicanga): Sofala, Bruto (Marfim;Âmbar) : Quiteve (Sachiteve):
Sofala
" O principal contracto de Sofala he o marfim de todo o Quiteve e Manica, com algum ambar e outras drogas, e
de menor nome e cantidade; "
António da Conceição. Tratado dos Rios de Cuama (1696)
O Chronista de Tissuary, vol. 2, pp. 39-45, 63-69, 84-92, 105-111.
Página: 42
Tipo: Comércio, Escravidão
Categorias Identitárias: Bororo
Referências Geográficas: Quelimane, Sofala, Luabo
Elementos: Bruto (Marfim)
" Tirase também deitas terras algum marfim dos sertões , que confinão com os de Sofala, para onde ha caminho
todo por terras nossas. Os moradores de Quilimane vam, ou mandão contratar com os Cafres vizinhos, a que
chamão Bororó, e também trazem marfim bastante para comprarem o que lhes he necessario de provimentos da
índia, que para comer lhe basta a cultivação de seus escravos. O marfim assim destas terras nossas, como do
contrato importava em trinta bares, que hão de valer na índia hoje perto de trinta mil xerafins. "

Página: 42
Tipo: Categorias Sociais, Comércio, Descrição de Leis ou Costumes
Categorias Identitárias: Marave (Kalonga)
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Etiquetas: Kalonga
Elementos: Presa (Dente) (Marfim) : Marave (Kalonga) -> Portugal
" Nestas terras do Caronga ha muito marfim, mas com tal prohibição, que ninguém nos pode vender hum dente,
senão o mesmo Caronga, e dous ou três grandes, a quem elle dá licença; e desta sorte os caçadores dos elefantes só
a elle , e aos grandes vendem o marfim, e como lhes não paga nem o trabalho de o acarretarem, deixãono antes
ficar no mato, e daqui nasce levarem-lhe muito menos, do que lhe avião de levar, se elle lhes desse o seu justo
preço; e esse pouco que lhe levão, como está só na sua mão, e dos dous grandes, revendemnolo pelo que querem, e
por estas causas de ser pouco, e mui caro, ordinariamente vem os nossos mercadores com as mãos na cabeça
depois de estarem hum, dous e algumas vezes três annos pelos matos, fora de suas cazas. "

Página: 43
Tipo: Comércio, Navegação, Agricultura, Manufatura
Etiquetas: Manchila (Machira)
Referências Geográficas: Sudeste Africano
Elementos: Bruto (Marfim;Algodão)
" As terras porem que demovão ao sulsudeste do Zambezi, todas são de El-rei de Portugal, nosso Senhor; como as
de Quilimane, e Luabo, e fertilissimas também de mantimento, e além disto
tem madeiras tão grossas, altas, e direitas, que de hum páo só se faz hum coxo, que carrega seis, e sete moyos de
mantimento : tem tambem muito algodão, de que os Cafres sabem fazer huns panos, a que chamão machiras, com
que muytos se vestem: dos sertões destas terras se tira mais marfim, que dos de Quelimane, e Luabo. [Terras entre
Luabo e Sena]. "

Páginas: 44-45
Tipo: Categorias Sociais, Comércio, Escravidão
Categorias Identitárias: Barue (Macombe)
Etiquetas: Vashambadzi (Mussambaze, Mossambaze), Escravos (uso)
Elementos: Escravos : Barue (Macombe) -> Portugal, Animal (Vaca / Boi) : Barue (Macombe) -> Portugal, Bruto
(Ouro;Marfim) : Barue (Macombe) -> Portugal, Drogas da Índia : Portugal -> Barue (Macombe)
" He costume deste Rey sustentar aos mercadores, e seus escravos, em quanto estão nas suas terras fazendo
contrato, o qual se faz com drogas da índia, que levão , e trazem muita vacaria, alguns escravos, e não trazem
mais, porque aqui em Serina tem pouca sabida, algum marfim, e algum ouro, mas pouco. "

Página: 45
Tipo: Categorias Sociais, Descrição Unidades Políticas
Categorias Identitárias: Quiteve (Sachiteve)
Etiquetas: Sachiteve, Zimbábue
Elementos: Bruto (Ouro;Marfim) : Quiteve (Sachiteve)
" O Rey de Quiteve he o mayor dos Régulos da Manica, e o segundo ao de Manamotapa pelas grandes terras que
tem, mas por mal obedecido dos seus, fica quazi igual a todos ; nas suas terras tem muito marfim, e bastante ouro,
mas como os seus Cafres lhe obedecem mal, pouco lhe rendem a elle, e a nós, porque os mesmos Cafres são tão
agrestes, que não fazem cazo das nossas roupas só por não terem trato, nem comunicação comnosco. O Zimbaué
deste Rey dista da nossa feira da Manica três dietas , e delle se vay a Sofala em cinco ou seis dias. "

Página: 63
Tipo: Comércio
Etiquetas: Manchila (Machira)
Referências Geográficas: Moçambique (Ilha), Sofala
Elementos: Bruto (Ouro;Marfim) : Sofala -> Moçambique (Ilha), Escravos : Sofala -> Moçambique (Ilha), Bruto
(Tecido) : Moçambique (Ilha) -> Sofala
" (...) e todos anos [a Sofala] lhe vem de Moçambique huma galiota com roupas de Cafres, e vay carregada de
marfim, e de escravos, que valem ali baratissimos. "

Página: 63
Tipo: Comércio
Referências Geográficas: Sofala
Elementos: Bruto (Marfim) , Bruto (Tecido)
" Os moradores de Sofala ordinariamente vivem de suas searas, e do contrato que vam fazer com os Cafres pela
terra dentro, onde levão fato, e trazem marfim, mas ordinariamente interessa muito pouco, porque lhes tem posto
esse contrato por estanco, e ao marfim hum preço muy limitado, e por esta causa quasi todos vivem pobremente. "
Francisco de Mello e Castro. Rios de Senna - sua descripção, desde a Barra de Quilimane até ao Zumbo
(10/8/1750)
Annaes do Conselho Ultramarino, parte não official, 2a séria, pp. 101-116.

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Africas - Base de Dados de Trechos Documentais
Página: 108
Tipo: Preços, Pesos e Medidas
Referências Geográficas: Sudeste Africano
Elementos: Bruto (Ouro;Marfim)
" (...) e a moeda é oiro ou marfim. N'este genero faz mais conta á Fazenda Real o pagamento do que em oiro,
porque este sendo bom não dará mais lucro que o de 15 por cento, e sendo máu, não chega a dar na india 1:000
xerafins, que é o valor de uma pasta nos Rios de Senna. E não succede assim com o marfim, porque recebe El-Rei
um bar, que tem 20 faraçolas, e cada uma 36 arrateis, que ao todo faz em arrobas 22, e 16 arrateis, por preço
de 100 maticaes correntes cada bar, que importam pelo dinheiro da India seiscentos e tantos xerafins, e se dá em
Moçambique por 1:000 cruzados, que são pela moeda da India 1:333 xerafins, 1 tanga, e 40 réis, em que só de
Senna para Moçambique ganha a Fazenda Real mais de cento por cento, porque recebendo-o lá por 600 xerafíns, e
pagando-o aqui a 1:000 cruzados, vem a ter de lucro em cada bar setecentos e tantos xerafins. "

Página: 109
Tipo: Categorias Sociais, Tributos
Etiquetas: Mocazambo (Mucazambo), Missoco (Chipua, Mussoco), Cafres-livres, Manchila (Machira)
Referências Geográficas: Sena
Elementos: Bruto (Marfim)
" Além do beneficio que os moradores de Senna recebem do seu negocio, teêm o aproveitamento das terras que
possuem, das quais lhe pagam os cafres, seus vassallos, annualmente uma porção das novidades, que colhem das
suas lavouras, de todo o genero de legumes que semeiam, e além d'estes fructos, manchilas (que é género de tecidos,
que já fica dito em outro lugar), manteiga, azeite, mel, tabaco, assuca, gallinhas, cabritos, carneiros, vaccas,
marfim e oiro, não que o produzam as terras, senão do fato que os senhorios d'ellas dão aos seus mocazambos,
que são os que as governam, para lh'o sambazarem, que vale o mesmo que vender. Isto não é commum em todas
as terras, oque umas são melhores do que as outras, e segundo isto mais ou menos rendosas.
Porém todas por pequenas que sejam lhe dão cafres para se servirem nas manchillas como em todo o mais serviço,
assim doméstico, como de fóra. Cobrem as casas quando é tempo, que costuma ser cada dois annos, por inteiro, e
cada um por metade. "

Página: 112
Tipo: Comércio
Referências Geográficas: Tete
Elementos: Bruto (Ouro;Cobre;Marfim)
" É a povoação de Tete a escala principal de odo o commercio dos Rios. N'ella se ajuntam todos os mercadores
com as fazendas que tomaram na feitoria, e varias remessas que se mandam para diferentes Bares ou Minas,
adonde se vão commutar por oiro, marfim e algum cobre. "
Ignácio Caetano Xavier. Notícias dos Domínios Portugueses na Costa de África Oriental (26/12/1758)
Relações de Moçambique Setecentista, pp. 139-188. (ANTT, Maço 604)
Página: 146
Tipo: Comércio
Categorias Identitárias: Jabundo
Referências Geográficas: Sudeste Africano
Elementos: Bruto (Ouro;Marfim)
" Estimam o ouro só para negócio, e nelle são mais sagazes os Mujavos com o seo marfim. "

Página: 150
Tipo: Comércio, Agricultura, Manufatura
Categorias Identitárias: Macua
Referências Geográficas: Cabo Delgado
Elementos: Escravos , Bruto (Marfim)
" As terras firmes [das Ilhas de Cabo Delgado], que os cafres dominam, são abundantes de milho e legumes, e
nellas se faz algum comércio de marfim e escravos. Os naturaes destes lugares fazem esteiras coriosas, tecidas de
certa especie de ollas de differentes cores.
Antigamente houve nellas moradores ricos, e quando não muitos, ao menos em cada Ilha, hum, e em algumas, dois;
por todas elas tem huma ou duas cazas de pedra e cal, ainda que arruinadas; cujos vestígios testemunham a sua
passada opulência. Na ilha chamada Macoloé houve uma fortaleza quadrangular em forma de paralelogramo,
quase prolangado com 4 baluartes de pedra e cal; parte da qual, que cahe para a praia com dous baluartes, que
ainda estão sem ruína, e a qe olha para a terra, em muitas partes dimulida com o tempo
(...) A terra firme he de dominio dos Regulos macuas. "

Página: 151
Tipo: Comércio

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Africas - Base de Dados de Trechos Documentais
Referências Geográficas: Moçambique (Ilha), Cabo Delgado
Elementos: Escravos , Bruto (Marfim)
" Toda a costa que corre das referidas Ilhas [de Cabo Delgado] para a de Moçambique (...) em toda ella se pode
comutar marfim e escravos, como se faz por roupas (...). "

Página: 153
Tipo: Comércio
Categorias Identitárias: Jabundo , Macua
Referências Geográficas: Terras firmes
Elementos: Bruto (Marfim) , Escravos
" A dependência que temos destes Régulos [da Terra Firme da Ilha de Moçambique] he de boa vizinhança, e
comercio de algum marfim, escravos, mantimentos, víveres, e sobretudo a passagem franca aos Mujavos, que não
podem vir à praia com o seo marfim, sem passarem pellas terras delles (...). "

Página: 154
Tipo: Comércio
Categorias Identitárias: Manica (Chicanga), Quiteve (Sachiteve), Barue (Macombe)
Referências Geográficas: Sofala
Elementos: 100 Bar - Bruto (Marfim) , 50000 Cruzado - Bruto (Ouro)
" Extrahe-se de Sofalla até 100 bahares de marfim, e 40 ou 50$000 cruzados de ouro em pó, o que tudo sahe dos
certões do Reyno de Quiteve, Manica e Baroé. "

Página: 157
Tipo: Comércio, Conflitos (Guerras, Disputas)
Categorias Identitárias: Landim
Referências Geográficas: Inhambane
Elementos: Bruto (Marfim;Madeira;Âmbar;Mel;Azeite (óleos)) : Inhambane -> Moçambique (Ilha), Escravos :
Inhambane -> Moçambique (Ilha)
" Comercea-se neste lugar [Inhambane] com grande avanço no marfim a troco de ropas, e se extrahe para
Moçambique mel, manteiga, azeite, gamellas de pao, marfim e ambar, que se acha nas praias, e escravos, que são
os melhores para o servisso; é também a gente daquelle continente mais trabalhadora do que a dos outros. Domina
pouco destricto o Capitão Mor deste Porto, como se pode ver do Mappa, e nelle ja vay entrando o Billa ou
Landim, sendo ao presente impossível expulsá-lo das nossas portas a este inimigo, que na verdade se fez insolente
depois de medio a decadencia de nossas forças. "

Página: 168
Tipo: Comércio, Mineração, Manufatura
Categorias Identitárias: Butua (Torua, Changamira)
Referências Geográficas: Índias de Castela
Elementos: Bruto (Ferro;Cobre;Marfim) , Ferramenta (Utensílio) (Ferro;Enxada) : Índias de Castela
" O cobre que nestas partes vem, he de Ambara (...) donde também se extrahe o marfim, e se o ingreme das
serranias, não impedisse a condução dos dentes grandes, se comutaria infinidade delles. Os que não compram os
Mussabazes, que são os cafres mercadores, lhes serve de fazer estacadas de curraes para o gado, tanto na Ambara
como no Reino de Chamgamira. Também sahe de Ambara algum ferro em obra, e enchadas, que servem para as
lavouras de terras aoa naturaes, mas são caras. "

Páginas: 168-169
Tipo: Comércio, Descrição Unidades Políticas
Categorias Identitárias: Jabundo , Guindo
Referências Geográficas: Moçambique (Ilha), Mombaça
Elementos: Bruto (Marfim) , Bruto (Ferro;Ouro;Cobre)
" O Reyno de Guindo, contíguo ao império do Caronga tem marfim e ouro, e outros metais, e abundante de
mantimentos e gados. Com este confina a terra dos Mujavos, donde he sabido o marfim, que sahe para esta ilha
de Moçambique, que antes de perdemos Mombaça para aquelle porto se encaminhava o comércio delle. "

Página: 169
Tipo: Categorias Sociais, Comércio
Categorias Identitárias: Butua (Torua, Changamira)
Etiquetas: Vashambadzi (Mussambaze, Mossambaze)
Referências Geográficas: Macequece (Massequeça), Massapa, Zumbo, Índias de Castela
Elementos: Bruto (Ouro;Cobre;Marfim)
" hoje os mercadores de Mucaranga assistem nella [Zumbo] e mandam comutar ouro pelas roupas e velório, que
arriscam nas minas geraes de Changamira por seos cafres captivos, que se chamam Mussambazes, e não vão os
referidos mercadores para aqueles bares pelo receio que tem de que o Changamire os repreze, e faça seos captivos,
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Africas - Base de Dados de Trechos Documentais
de que muito se gloreia, principalmente depois do infausto sucesso de Massapa e Massecha. Também mandam
Mussambazes para extração de marfim, de Ambara, cobre e outras coisas. "
Anônimo. Memorias da Costa d'Africa Ocidental e algumas reflexões uteis para estabelecer melhor e fazer
mais florente seu commercio (21/5/1762)
Relações de Moçambique Setecentista, pp. 189-224 (BNL F.G. 826 e ANTT, Moço 604.)
Página: 195
Tipo: Comércio
Categorias Identitárias: Mocaranga (Monomotapa, Mutapa)
Elementos: Bruto (Ouro;Marfim) , Bebida
" Por esta parte [Monomotapa] vem a Senna algum marfim e ouro, que os negros do certão trazem ao Emperador;
este facilmente comuta aquelles generos a troco de licores fortes, que hé o genero delle, e de todos os seus vassalos
mais apetecido. "

Páginas: 196-197
Tipo: Categorias Sociais, Comércio, Religião, Gênero, Mineração
Categorias Identitárias: Bororo
Etiquetas: Vashambadzi (Mussambaze, Mossambaze), Mocazambo (Mucazambo), Jesuítas, Dominicanos, Ungá
Referências Geográficas: Tete, Mano, Chicova
Elementos: Bruto (Ouro;Marfim)
" De Tette dependem o Mano e a Chicova, donde vem huma boa porção de ouro todos os annos, que os moradores
de Tette vão com suas negras (sambazar) paravra da língua do paiz, que he o mesmo que minerar. [notar que aqui
o autor se equivoca. ungar seria minerar, sambazar é comerciar.]
O Manno hé das terras do Régulo Bororo, fica à parte do Norte de Tette sete, ou outo dias de distancia logo que
principiam as primeiras agoas, que são em Fevereiro partem alguns moradores para aquelle certão, com as suas
negras, e entre elles sempre costumavam hir hum Padre Jezuita com trezentas negras, e hum Padre Dominico de
ordinario o que estava parochiando em Tette, ainda que com menor numero de negras: no anno de mil setecentos
sincoenta e dous o Jezuita era o Padre Manoel Simões natural da villa de Goes, q era Superior, ou para melhor
dizer Administrador da Caza de Morange, grande pelav cultura, de varios fruçtos, que nella se fabricam, e maior
pelo comercio, que della sahe para aquelles certões. O Padre Dominico era Fr. Caetano Alberto, Vigario daquella
Igreja, natural de Lisboa, alem das negras para minerar, levam cada hum os generos, que podem comutar com os
negros do Paiz, o ouro, o marfim, que trazem, que concorrem em grande quantidade. As negras vão todos os dias
com hua pequena enchada, e huma gamella cavar ao pé das ribeiras, e riachos, que correm das montanhas, e
conforme, o que acham no dia, trazem à noute fielmente ao arraial a seos amos, ou senhores.
Dura este trabalho o tempo do inverno; acabado elle, se recolhem o arraial (...).
O arraial não he todos os annos no mesmo sítio, porque antes de se assentar, se pede licença ao Régulo, o qual
recebido o prezente, que se lhe manda offerecer, ordena, por húm seo (Mocazambo) o lugar ahonde se ha de
minerar, e por que há sitios ahonde não consente se vá minerar, se prezume haver nelles maior quantidade de ouro,
o que se não pode, nem ainda procurou disputar, por que não havendo em Tette mais que quatro soldados, bem
claro fica a obediencia que se deve ter às ordens daquelle Regulo. "

Páginas: 197-198
Tipo: Comércio, Conflitos (Guerras, Disputas), Gênero, Mineração
Categorias Identitárias: Mocaranga (Monomotapa, Mutapa)
Etiquetas: Ungá
Referências Geográficas: Tete, Chicova
Elementos: Bruto (Ouro;Marfim) , Bebida
" A Xicova também hé dependente de Tette, fica pelo ria acima, para a parte do Sul, distante seis ou outo dias de
viagem; são terras pertencentes ao Emperador [Monomotapa], mas sogeitas a um régulo, que se tem levantado há
muitos annos com o seo governo, negando obediência ao seo legítimo Senhor. Alguns moradores de Tette vão àquele
certão, levando as suas negras para cavarem, e catarem ouro, que acham facilmente nas margens das ribeiras e
riachos, que correm das montanhas; este ouro hé do mais baixo quilate, que se extrahe pelos Rios de Senna; com os
negros do Pais se comuta também algum ouro, e marfim a troco de roupas, licores, armas e velorio. "

Página: 204
Tipo: Comércio, Mineração, Manufatura
Categorias Identitárias: Orenge (Orange)
Referências Geográficas: Zumbo
Elementos: Bruto (Cobre;Marfim)
" Do Zumbo depende o grande certão de Orange, situado ao Noroeste quarenta dias de viagem do Zumbo, a este
certão, nem vão mercadores Canarins, nem negros, mas os daquelle Paiz vem todos os annos ao Zumbo comerciar
a troco de marfim, e cobre, que trazem já fundido em grandes barras, de que há grande abundância, e se prefere
na India pela sua qualidade ao que vay da Europa. A maior parte do marfim, que vai a Senna he o que vem

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Africas - Base de Dados de Trechos Documentais
deste certão. "

Página: 206
Tipo: Comércio
Categorias Identitárias: Manica (Chicanga), Quiteve (Sachiteve)
Referências Geográficas: Inhambane
Elementos: Bruto (Ouro;Marfim)
" O Grande Reyno de Quiteve, que está situado entre a Manica, e terras que pelo sul confinam com as de
Inhambane, produz muito marfim, e o melhor ouro que athe agora se tem descoberto nas minas d'Africa, excede
pela sua excelente qualidade dés e doze por cento entre todo, o que chega á India. "
Manuel António de Almeida. Memorial sobre a terra do Luabo (24/7/1764)
Relações de Moçambique Setecentista, pp. 225-229
Página: 226
Tipo: Comércio, Caça / Pesca
Referências Geográficas: Luabo
Elementos: Bruto (Marfim)
" Ordinariamente os elefantes que morrem na mesma terra chegam a dar quasi tres bares de marfim assim nos
dentes que pertencem ao Senhorio, como nos que se compram aos cafres. "
Gil Bernardo Coelho de Campos. Carta ao Capitão-General (10/1/1768)
Moçambique Documentário Trimestral, n. 88, doc. 210, pp. 121-123
Página: 122
Tipo: Comércio, Conflitos (Guerras, Disputas)
Categorias Identitárias: Butua (Torua, Changamira), Orenge (Orange)
Etiquetas: Vashambadzi (Mussambaze, Mossambaze)
Referências Geográficas: Zumbo
Elementos: Bruto (Marfim)
" (...) Os mossambazes de Abutua ainda não têm voltado com o resgate das fazendas, que levaram o ano passado,
e dizem que esperam vir em companhia dos embaixadores do Changamira, que estão expedidos há mais de um ano,
e se têm demorado por conta da muita fome que laborou naquelas terras, e por terem notícia que nesta Feira [do
Zumbo] não havia fato.
Os das terras de Orenje vão-se recolhendo alguns com pequenos resgates, do que se esperavam de marfim, porém
os caminhos já são francos, e nem há o receio que havia de alguns régulos circunvizinhos. "
Gil Bernardo Coelho de Campos. Carta ao Capitão-General (15/1/1768)
Moçambique Documentário Trimestral, n. 88, doc. 211, pp. 124-126
Página: 124
Tipo: Comércio
Etiquetas: Manamucate, Saguate, Milando
Referências Geográficas: Sena, Zumbo
Elementos: Bruto (Ouro;Marfim) , Alimento (Mantimento, Víveres)
" (...) O dizer eu a V. Exa. que sem fato não podia comandante algum vir ao Zumbo; não foi em razão total de
minha utilidade; mas pelo interesse do bem comum, e sossego da Feira, porque é notório, que pelo abuso que se tem
introduzido nela, há anos, logo que chegam os viageiros de Sena (a que chamam moção) mandem todos os
príncipes, e régulos circunvizinhos (que não são poucos) a visitar o comandante, e este de jure deve receber a sua
enviatura, e lhes mandar as suas vistirias, que passa de 15 a 20 maticais de fato a cada um, além da cairação, e
mais despesas, que se faz com seus enviados, que sendo de cada príncipe, e régulo três, e quatro, é preciso dar-lhe
a cada um conforme a sua distinção, e muitas vezes só com esses manamucates gasta-se mais de 10 ou 12 maticais
de fato, e todas essas despesas saem do comandante, e a este motivo, não pode este vir sem fato, e nem se pode
eximir deste abuso, porque não recebendo a dita visita, ficam inimigos, maquinam milandos, e cometem insultos, e
roubos nas fazendas dos mercadores que continuamente está espalhada nas terras dos cafres para redução do
marfim, ouro e mantimentos, e impedem os caminhos para virem estes géneros a esta Feira, que depende de todo o
necessário das terras alheias: Como tudo melhor verá V. Exa. da atestação junta. "

Página: 126
Tipo: Categorias Sociais, Comércio, Escravidão
Etiquetas: Escravos (uso), Cafres-livres
Referências Geográficas: Tete, Zumbo, Chicova, Rovuia
Elementos: 16 Bar - Bruto (Marfim) , 22 Unidade - Presa (Dente) (Marfim)
" (...) mas por me ver impossibilitado de prosseguir esta carreira pelas insuportáveis despesas que faço com os
cafres dos moradores de Tete, não obstante apurar infinitos absolutos, e desaforos no caminho; como no ano

2021-11-08 17:18:43.414647 9
Africas - Base de Dados de Trechos Documentais
passado sucedeu, que levando daqui em minha companhia 16 bares de marfim para pagamento de meus credores,
cheguei a despender mais de seis pastas na sua condução de Chicova para Tete, e não pude chegar a temo da
monção pequena, para satisfazer aos ditos, como lhes prometi, e vim pagar ganhos retardados, além de perder 22
dentes grossos no Rio Rovuia, e outros no caminho; e tendo eu dado fato ao dono da Terra do Rovuia para ter
vigia no dito marfim; depois de seco o dito rio, outro régulo por nome Chisamba, sem embargo, de dizer aquele,
que o marfirm era meu, mandou à força tirar por sua gente, e se utilizou dele, mandando-o vender a um morador
de Tete (...) "
Miguel José Pereira Gaio. Carta ao Capitão General (4/7/1768)
Moçambique Documentário Trimestral, n. 89-92, doc 254, pp. 225-227.
Página: 226
Tipo: Comércio
Referências Geográficas: Sena
Elementos: Bruto (Marfim)
" (...) e dando ao dito [Miguel Gomes] Varela duzentos e setenta e cinco maticais que esta casa lhe era devedora
teve ele a dúvida de aceitar o dito dinheiro, suponho por lhe dizerem que eu tinha este ano bastante marfim, em
cujo género ele antes queria ser pago; (...) "
Filipe Pereira. Termo do Adjunto dos Enviados do Macombe (3/10/1768)
Moçambique Documentário Trimestral, n. 85, doc. 168, pp. 112-115
Páginas: 112-113
Tipo: Conflitos (Guerras, Disputas), Gênero
Categorias Identitárias: Barue (Macombe)
Etiquetas: Macombe, Saguate, Muzungo (Musungo, mosungo)
Referências Geográficas: Sena
Elementos: 4 Unidade - Escravos : Barue (Macombe) -> Portugal, 9 Unidade - Presa (Dente) (Marfim) : Barue
(Macombe) -> Portugal, 4 Dogodo - Bruto (Ouro) : Barue (Macombe) -> Portugal
" Aos três dias do mês de Outubro de 1768 nesta Vila e Capital de São Miguel de Sena em a casa do comandante
José Caetano da Mota, sendo aí presentes os moradores desta vila convocados em Adjunto pelo dito Comandante
para nele se receber o Embaixador do Rei Macombe que tinha vindo com a sua Embaixada, e na presença dos dito
abaixo assinados, e perante mim escrivão disse o dito embaixador, que o seu Rei o mandava saber do Sr.
Tenente-General, que culpa tinha ele cometido para o não deixarem sossegar no seu Reino, pois o ano passado lhe
foram com guerra a mesmo tempo que ele antecipadamente tinha pegado pés por por outro embaixador a fazer a
mesma súplica, pois ele Macombe se achava sem culpa que merecesse castigo.
Examinando o comandante que embaixador tinha sido mandado o qual não tinha aparecido aqui, disse que era
Samassecua o qual vinha com nove dentes de marfim, quatro de godos, e quatro neguinhas a pegar pés ao Sr.
General para lhe pedir que declarasse a sua culpa, e que lhe suspendesse o castigo, e que este embaixador tinha
sido enviado a Vicente Caetano Dias muzungo que ele conhecia por assistir nas suas terras, e que o dito Vicente
comera o saguate, e lhe mandara dizer que fugisse porque ele não podia falar ao muzungo geral, e que a guerra
ia contra ele. "
Jerónimo Maria da Santíssima Trindade (Frei). Carta ao Tenente-General dos Rios (25/10/1768)
Moçambique Documentário Trimestral, n.89-92, doc. 219, pp. 165-170
Páginas: 169-170
Tipo: Comércio, Conflitos (Guerras, Disputas)
Categorias Identitárias: Orenge (Orange), Buruma (Burruma, Chivonucura)
Etiquetas: Saguate, Vanhai (Munhai), Carcomeno, Dominicanos, Chivonucura
Referências Geográficas: Zumbo
Elementos: Bruto (Marfim)
" Sinto grande vontade em Manuel da Costa o dar em Carcomeno, e dar aquela terra ao régulo Burruma, e
também alguns mais, e para isso dão vários pretextos frívolos, como dizer, que aquela terra foi nossa dispensa, não
considerando, que agora, não morremos à fome, e nos vem tudo de outra parte, e que então só tirava marfim dela
Manual da Costa, e Frei Manuel José de Santa Ana, e para isso é preciso dar uma parte de saguate, e por isso
estão tão empenhados, que Manuel da Costa por se querer fazer-se grande entre os régulos está empenhado em
mais de 250 pastas de dívida, e Frei Manuel José de Santa Ana ficou empenhado em algumas 150, e finalmente
senhor enquanto esta Feira tiver filho de Goa nunca há de levantar a cabeça, e sucederá como tem sucedido às
mais Feiras, e esta já está finalizando-se (Deus permita que este meu dizer não seja profecia).
Digo a V. Sa. que o Carcomeno não faz mal a ninguém naquela terra, e vir para ali o régulo Burruma se agora
nestes dois anos não fizer, não chegará até três e todos então bradarão como têm bradado, que de muito tempo
para cá andaram com pretensão de lançar fora o dito régulo não puderam alcançar, e só o fez este Carcomeno,
que me parece por pelejar com justa razão Deus o fez vencedor. Pelejando com ele tem muito risco a fazenda da
Abutua, porque os outros príncipes para furtarem hão-de tomar pretexto de matar o seu parente como tem sucedido

2021-11-08 17:18:43.414647 10
Africas - Base de Dados de Trechos Documentais
haver roubo geral com a morte que fez o colaço de dois príncipes no tempo que era vivo Frei Pedro dos Mártires,
e da Bontogagem temor para nós aquele príncipe, e com botongas podemos defender de qualquer intentos deles. O
carcomeno está por ora quieto, não sei se teremos dessassosego por amor dos seus Munhais, que matou Manuel da
Costa, ou quando menos com algum roubo de alguns cochos que ele mandar a Orange. (...) "
Caetano Pereira. Termo da embaixada ao Monomotapa Changara (18/1/1769)
Moçambique Documentário Trimestral, n. 84, doc. 166, pp. 97-99
Páginas: 97-98
Tipo: Comércio, Gênero
Categorias Identitárias: Mocaranga (Monomotapa, Mutapa)
Referências Geográficas: Tete, Dambarare, Zumbo, Zimbábue
Elementos: Bruto (Marfim) , Bruto (Ouro)
" Aos 18 dias do mês de Janeiro de 1769, neste Zimbabué, aonde foi o Comandantes das Guerras da jurisdição da
Vila de Tete João Moreira Pereira, comigo Caetano Pereira Escrivão da Câmara da mesma Vila por ordem do Sr.
Governador e Tenente-General destes Rios e suas Conquistas Inácio de Melo Alvim; propôs o dito Comandante, com
toda a eficácia, e circunstâncias dos pontos, que contêm os capítulos da sua instrução ao Imperador Manamotapa
Changara actual reinante; ao que respondeu este, presentes todos os grandes da sua corte, e as testemunhas ao
diante nomeadas (...) Que sobre os caminhos da Feira do Zumbo, e comércio das suas terras, que estão as portas
abertas para as passagens, e par ao dito comércio, com tão boa vontade sua, que uma só negra dos vassalos de S.
Magde. Fidelíssima que quisessem mandar para qualquer parte dos domínios dele dito Imperador, passaria
francamente e sem perigo, excepto naqueles lugares que algum inimigo ocupasse e ele não pudesse logo defender.
(...) Que no tocante às Minas de Dambarare, podia o dito Sr. Governador e Tenente General ou qualquer vassalo
de S. Mage. de mandar ou ir tirar ouro delas cada vez, e quando quisesse o ele dito Imperador muito estimaria,
para o que concorreria quando lhe fosse possível, e que no caso do dito Sr. Governador querer lá, ou em outra
qualquer parte fazer fortaleza desde já o consentia ele dito Imperador, e sendo necessário, estabeleceria perto da
dita fortaleza, ou onde o dito Sr. determinasse, o seu Zimbabué, para que unidas com as nossa forças, nos
fizéssemos incontrastáveis aos nossos inimigos, tirando por consequência, ele dito imperador a sua conservação a nós
a utilidade do ouro, e marfim, e outros mais gêneros que produzem aquelas terras (...) e pela despesa de víveres, e
roupa, para o sustento, e vesteria do dito Imperador de que muito precisava, pela indigência em que o achamos
(...). "
Inácio de Melo e Alvim. Carta do Governador e Tenente Geral dos Rios de Sena ao Governador e
Capitão-General (1/2/1769)
Moçambique Documentário Trimestral, n. 79, doc. 92, p. 117-118
Página: 117
Tipo: Conflitos (Guerras, Disputas), Gênero
Categorias Identitárias: Barue (Macombe)
Etiquetas: Macombe, Escravos (uso), Saguate
Referências Geográficas: Sungue
Elementos: 4 Unidade - Escravos : Barue (Macombe) -> Portugal, 4 Dogodo - Bruto (Ouro) : Barue (Macombe) ->
Portugal, 9 Unidade - Presa (Dente) (Marfim) : Barue (Macombe) -> Portugal
" Tendo o régulo Macombe notícia da primeira expedição que fiz contra as suas terras do Báruè, me antecipara
seus enviados pedindo pazes com um presente de nove dentes de marfim, quatro dogodos de ouro, e quatro
negrinhas; do qual não só se utilizou Vicente Caetano Dias assistente nas terras do Sungue, a quem vinham dirigidos
os ditos enviados (...) "
Inácio de Melo e Alvim. Carta do Governador e Tenente Geral dos Rios de Sena ao Governador e
Capitão-General (9/2/1769)
Moçambique Documentário Trimestral, n. 80, doc. 95, pp. 128-131
Página: 128
Tipo: Comércio
Categorias Identitárias: Orenge (Orange)
Referências Geográficas: Zumbo
Elementos: Presa (Dente) (Marfim) : Orenge (Orange) -> Portugal
" Os caminhos de Orenge se acham francos para o negócio do marfim, porque deles se extrai maior porção deste
género todos os anos. "
Manuel da Costa. Projecto de restabelecimento da Feira de Dambarare (2/3/1769)
Moçambique Documentário Trimestral, n. 84, doc. 162, pp. 81-87
Página: 82
Tipo: Categorias Sociais, Comércio
Categorias Identitárias: Butua (Torua, Changamira), Dande (Gomo)
2021-11-08 17:18:43.414647 11
Africas - Base de Dados de Trechos Documentais
Etiquetas: Changamire, Saguate, Vanhai (Munhai), Massanza, Chirimimba (Chirima)
Referências Geográficas: Zumbo
Elementos: Bruto (Marfim) : Dande (Gomo) -> Portugal
" Chegados a esta Feira [do Zumbo], fazem indispensavelmente despesas com o rei de Dande, e com os príncipes, e
massanzas que há no caminho de Abutua, para passar a fazenda livre aos bares da dita Abutua, e para ter franco
o comércio de marfim nas terras do dito Dande; e também fazem iguais despesas pouco mais ou menos com os
régulos circunvizinhos desta Feira.
Maiores são as despesas que se fazem no saguate para o régulo Changamira, e muito mais quando este manda seus
enviados a esta Feira, em que a mais ordinária despesa que se conta, vem a importar em seis pastas pouco mais ou
menos.
Crescidos e lamentáveis têm sido os roubos das fazendas panganadas para Abutua, tanto pelos príncipes Dande nos
caminhos, como foi no ano de 1757 pelo príncipe Chirimimba, sendo capão mor e juiz desta feira Dom José da
Costa; quanto pelo mesmo régulo Changamira, seus Munhais, e bareiros d'Abutua quase continuamente, e com maior
excesso nestes próximos sete anos sucessivamente sem vir resgate algum das grossas carregações que têm ido àqueles
bares. "

Páginas: 83-84
Tipo: Comércio, Religião, Navegação
Categorias Identitárias: Butua (Torua, Changamira), Orenge (Orange)
Etiquetas: Botonga (Butonga), Cancomba, Tope, Samive, Dominicanos
Elementos: Bruto (Marfim) : Butua (Torua, Changamira) -> Portugal, Bruto (Marfim) : Orenge (Orange) ->
Portugal
" Os preços do marfim se acham inteiramente viciados e perdidos pelos ditos cafres mossambazes de forma, que
vem a custar o bar, posto na feira a 110 maticais, e ordinariamente a mais, sendo o preço por que presentemente
se vende nesta Feira [do Zumbo] a 80.
Perdida a Abutua (como está) o pouco marfim que se resgata de Orenje, e das terras do Botonga, que é por
semelhante preço, apenas chega para satisfação dos ganhos das consideráveis quantias que devem os mercadores
desta Feira, e nem para o necessário passadio do seu sustento, mas antes sim, se lhes multiplicam as dívidas, sem
esperança de outro recurso.
Os régulos de onde o dito marfim se resgata, são hoje tão insolentes, que não obstante tomarem, com excesso, o
passaporte de suas terras, costumam fazer roubos e furtos a nossas fazendas, como experimentou José Vicente de
Meneses na terra do régulo Cancomba; Narciso Rodrigues de Montsarrate pelo botonga Tope; o reverendíssimo
padre vigário Fr. Jerónimo Maria da Santíssima Trindade, pelo régulo Samive, e outros mais mercadores padeceram
o mesmo insulto, sendo também maior o risco na condução do dito marfim, pelo rio, a respeito de naufrágios que
têm sucedido. "
João Moreira Pereira. Carta ao Tentente-General dos Rios (18/4/1769)
Moçambique Documentário Trimestral, n. 89-92, doc. 225, pp. 177-178
Páginas: 177-178
Tipo: Categorias Sociais, Comércio
Categorias Identitárias: Dande (Gomo)
Etiquetas: Vashambadzi (Mussambaze, Mossambaze), Escravos (uso), Cafres-livres
Referências Geográficas: Dambarare, Zumbo
Elementos: Bruto (Marfim)
" (...) e se Manuel da Costa não devesse tanto, e faltassem esperanças de ele pagar alguma coisa, era o primeiro
que daqui deveria sair, porque com a liberdade que dá aos seus mossambazes para gastar, devendo pelas ladroeiras
enforcá-los, e pelo muito o que gasta com os seus cafres, tem perdido o preço do marfim, por estas partes, para
que comprando-o ele só, seja um grande mercador e faça crédito, de que lhe tem resultado, dever como deve 300
pastas que nunca pagará: isto me dizem aqui vários sujeitos, mas estou certo que o não hã-de por perante o juiz
comissário, porque são todos tais como é fama, e consta dos papeis, e arengas que daqui tem saído, como também
porque ele dá comer à maior parte, o que eu antes de cá vir cuidava ser caridade e agora conheço que é para os
ter por si.
Mandei explorar as Feiras de Dambarare por cafres meus, na companhia de outros do rei Dande, levando 4
pessoas para prover naquelas minas, espero em Deus tragam boas notícias a V. Sa. pessoalmente (...) "
Inácio de Melo e Alvim. Carta do Governador e Tenente Geral dos Rios de Sena ao Governador e
Capitão-General (18/7/1769)
Moçambique Documentário Trimestral, n. 81, doc. 105, pp. 145-147
Página: 146
Tipo: Conflitos (Guerras, Disputas), Escravidão
Categorias Identitárias: Mocaranga (Monomotapa, Mutapa)
Etiquetas: Tornar-se escravo
Referências Geográficas: Zimbábue
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Africas - Base de Dados de Trechos Documentais
Elementos: Bruto (Marfim)
" (...) Em ajudante desta praça [presídio do Zimbábue] tenho provido a Sebastião de Morais, por me parecer
concorrerem nele os requisitos necessários e justamente lhe tenho arbitrado um bar de fato pelo excessivo trabalho
inerente àquele posto o qual indefectivelmente todos os dias se deve aplicar ao exercício daquelas tropas (...). O
marfim e escravos que se têm apreendido nestes choques tenho posto em hasta pública (...). "
Inácio de Melo e Alvim. Carta do Governador e Tenente Geral dos Rios de Sena ao Governador e
Capitão-General (24/7/1769)
Moçambique Documentário Trimestral, n. 81, doc. 109, pp. 149-150
Páginas: 149-150
Tipo: Comércio, Navegação, Intempéries Naturais (secas, infestações, doenças, etc)
Referências Geográficas: Sena, Tete, Quelimane, Manica (Feira), Zumbo, Saguiro
Elementos: Bruto (Marfim) , Bruto (Ouro) : Manica (Chicanga) -> Portugal
" (...) O Zumbo esta monção nada produziu, nem dá esperanças de produzir (...). A Manica, me consta não ter bar
algum, nem esperança de se redescobrir; e só se tira ali algum ouro mui pouco e muito mau, e é da forma em que
fica. Sena é certo que não tem minas, porém nela se tratam os negócios, assim das mencionadas terras, como de
Tete; nesta Vila de Sena se acha todo o marfim destas conquistas, mas com tal infelicidade que se não pode
transportar para Vila de Quelimane, pela seca em que se acha o rio; prodígio nunca visto no mês de Junho, e que
já então estava seco, e deste modo e por esta causa se acha o cabedal todo empatado. (...) ao qual se lhe aplicou
toda a diligência para o seu transporte passando-o por terra até ao Saguiro saindo da boca do rio já aos ombros
dos cafres e como esta novidade é a primeira que sucede, não se lhe pode dar aquela pronta providência (...). "
Inácio de Melo e Alvim. Carta do Governador e Tenente Geral dos Rios de Sena ao Governador e
Capitão-General (22/1/1770)
Moçambique Documentário Trimestral, n. 82, doc. 111, pp. 67-68
Páginas: 67-68
Tipo: Comércio, Conflitos (Guerras, Disputas)
Categorias Identitárias: Butua (Torua, Changamira)
Etiquetas: Sipaio (Cipaio, Sipais, Cipais)
Referências Geográficas: Zumbo, Chicova
Elementos: Bruto (Ouro) , Bruto (Marfim)
" Para o Zumbo foram o ano passado mais mercadores, que os anos precedentes, com bastante fazenda, e no
preciso comboi vinte sipais, e um oficial até Chicoa, adonde chegaram sem o menor embaraço, que lhes fizessem os
régulos nos caminhos, e daí para o Zumbo tiveram a mesma felicidade. (...)
Mandei fazer publicar um bando na dita Vila [do Zumbo] para que mercador algum estabelecido nela não pudesse
desamparar a sua residência, e passar-se para outra qualquer desta conquista sob pena de morte natural; na razão
de se sustentar aquela Feira que suposto não estar hoje tão boa como em outro tempo pelas guerras civis do
Changamira na Abutua, com tudo sempre foi o manancial do comércio destes Rios; e ainda agora, na falta de
ouro, não deixa de o ser na produção de marfim (...) "
Inácio de Melo e Alvim. Carta do Governador e Tenente Geral dos Rios de Sena ao Governador e
Capitão-General (23/1/1770)
Moçambique Documentário Trimestral, n. 82, doc 112, pp. 68-71
Páginas: 69-70
Tipo: Conflitos (Guerras, Disputas), Escravidão
Categorias Identitárias: Mocaranga (Monomotapa, Mutapa), Marave (Kalonga)
Etiquetas: Manamucate, Saguate, Questões Fundiárias, Vanhai (Munhai), Cafres-livres
Referências Geográficas: Tete
Elementos: 4 Unidade - Presa (Dente) (Marfim) : Mocaranga (Monomotapa, Mutapa) -> Portugal
" (...) e nenhuma dificuldade me deverá expor a que eu não tenha previnido os meios de a superar, e vencer
tirando a ele, e alguns moradores da mesma farinha o abominável ócio em que vivem, e a petulância de dizerem,
que as suas fazendas e cafraria não estão obrigadas ao real serviço de S. Magestade.
O príncipe Changara ora reinante no Monomotapa no costume de salteador fez invadir uma das terras da coroa
debaixo de boa paz, e amizade, que me havia segurado; e por isso lhe mandei declarar guerra, e fazer matar todos
os Munhais, que pisassem os seus districtos, e terras desta jurisdição, proibindo os moradores o comércio com o
sobredito Príncipe (...) que a obediência destes povos só se funda em medo servil, e temor das pessoas; e não em
afecto de caridade, e amor da justiça como muitas vezes se tem visto preterida a causa comum pelos seus interesses
particulares nas perigosas correspondências com os mesmos Príncipes.
Chegando a notícia deste bando ao sobredito Changara me mandou seus manamucates, e quatro dentes de marfim
desculpando-se, que um dos seus grandes fizera a dita invasão sem seu consentimento, e nesta razão me rogava
quisesse praticar com ele amizade e paz, sujeitando-se às penas, que eu lhe irrogasse em satisfação daquele
atentado; cujos manamucates não admiti, nem o marfim, e lhe mandei insinuar, que antes de fazer castigar aquele
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Africas - Base de Dados de Trechos Documentais
seu grande, que invadir a dita terra, e pagar todas as perdas, e danos o não deveria admitir, e o reconheceria
sempre inimigo declarado; (...)
Outro príncipe Monomotapa Caniabázi, que também compreendi no mesmo bando residente ou vagabundo nas terras
do Marave suposto não ter inquietado às nossas, sempre se faz suspeitosa, e prejudicial a sua vizinhança: motivo
porque o reconheço sempre inimigo e sendo necessário o farei expugnar da situação, em que se acha. (...) "
Anônimo. Descripção da Capitania de Monsambique, suas povoações e produções (1788)
Relações de Moçambique Setecentista, pp. 375-405
Páginas: 401-402
Tipo: Categorias Sociais, Comércio, Escravidão
Categorias Identitárias: Butua (Torua, Changamira)
Etiquetas: Vashambadzi (Mussambaze, Mossambaze), Escravos (uso), Cafres-livres
Referências Geográficas: Índias de Castela
Elementos: Bruto (Ouro;Cobre;Marfim)
" Os cafres dos mercadores [do Zumbo], e outros forros, a quem pagam chamados Moçambazes, sam os que
transportam as fazendas para aquellas minas [da Abutua], sendo prometido [permitido?] somente a estes o
penetrarem as terras do Changamira o qual não consente entrar nella os Brancos. Os mesmos cafres sam tãobem os
que vão a Ambará trazer marfim, cobre e mais produções. "
Luis Correia Monteiro de Matos. Carta do Governador de Inhambane ao Governador e Capitão-General
(21/11/1788)
Moçambique Documentário Trimestral, n. 78, doc. 77, pp. 117-122.
Página: 119
Tipo: Comércio, Conflitos (Guerras, Disputas)
Etiquetas: Inhamussa
Referências Geográficas: Inhambane
Elementos: Presa (Dente) (Marfim) : Landim -> Portugal, Bruto (Tecido) : Portugal -> Landim
" Tendo eu aplicado as mais eficazes diligências a ver se ele se acomodava foram todas frustadas, e cada vez se
punha mais soberbo atribuindo ter-lhe medo, e de tal sorte se tinha espalhado pelo sertão a notícia da sua
arrogância, e da minha prudência que também alguns principiavam a enceder algumas faíscas agarrando marfim,
que vinha, e fato que levavam os Landins depois de nos vender o marfim, dizendo que nós não éramos homens
senão galinhas; (...). "
Luis Correia Monteiro de Matos. Carta do Governador de Inhambane ao Governador e Capitão-General
(22/11/1788)
Moçambique Documentário Trimestral, n. 78, doc. 78, pp. 123-124
Página: 123
Tipo: Comércio
Referências Geográficas: Inhambane
Elementos: Bruto (Tecido) : Baneane, Presa (Dente) (Marfim) : Baneane
" (...) Os principais cultores deste comércio ou para melhor dizer da perdição dele são Teodoro dos Santos Pinto e o
Pe. José Filipe de Melo, ambos principais comissários dos Baneanes (...) [o governador reclama do baixo preço do
fato na compra de marfim, alegando uma das causas o 'fato que os Baneanes mandam beneficiar aos seus
comissários'] "
Francisco José de Lacerda e Almeida. Diário da Viagem de Moçambique para os Rios de Senna (1797)
Documentos para a História das Colonias Portuguezas. Lisboa, Imprensa Nacional, 1889.
Página: 7
Tipo: Comércio, Agricultura
Referências Geográficas: Quelimane, Bororo (Boror) (Rio)
Elementos: Bruto (Marfim)
" Arroz é o grão que mais se semeia nas terras de Quelimane; ella é muito propria para produzir todos os legumes
e n'elles consiste o seu negócio, pois o marfim vem em pouca quantidade da terra da corôa chamada Boror. "

Página: 15
Tipo: Comércio
Referências Geográficas: Shire (Chire)
Elementos: Bruto (Marfim) , Escravos
" Pelo rio Chiry sobem todos os annos alguns commerciantes a contratar com os regulos que moram nas suas
margens, permutando as suas fazendas por marfim e escravos, e não por oiro, porque ou o não ha nas suas terras
ou o não tiram. "

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Manuel Coelho do Rosário. Traslado dos termos dos adjuntos das enviaturas do Rei Gomo e Buruma (6/6/1797)
Moçambique Documentário Trimestral, n. 84, doc. 164, pp. 88-90
Páginas: 88-89
Tipo: Comércio, Conflitos (Guerras, Disputas), Escravidão
Categorias Identitárias: Dande (Gomo)
Etiquetas: Vashambadzi (Mussambaze, Mossambaze), Manamucate, Saguate, Vanhai (Munhai), Escravos (refúgio)
Referências Geográficas: Mucariva
Elementos: 13 Arroba - Bruto (Marfim) : Dande (Gomo) -> Portugal, 5 Arratel - Bruto (Marfim) : Dande (Gomo)
-> Portugal
" Aos dezoito dias do mês de Maio de 1797 anos nesta Vila de Mucavira nas casas de residência do Senhor
Capitão-Mor José Pedro Dinis sendo convocado os vogais do adjunto, e presente o dito Senhor Capitão-Mor foram
recebidos os enviados do Rei Gomo, os quais deram embaixada de que o seu senhor mandava dizer ao Senhor
Capitão-Mór: Que era verdade que da primeira vez tendo mandado o Senhor Capitão-Mor o seu capitão Gube para
conseguir a sua amizade a fim de conseguir franquear o comércio nas suas terras, e não menos para o subsídio
nosso do comestível, e passadio por ser terra mais vizinha aonde se indispensavelmente devemos recorrer; tendo
mandado digo ao Gube com um saguate que não conseguira nada e que só ele mandara dizer que se era certa a
amizade lhe tornasse a mandar mais fato a quem satisfazendo nessa ocasião e não menos em outra tiveram a
liberdade de passar nossos mussambazes para várias partes são e salvo e finalmente agora que mandava esta
presente embaixada em companhia dos cafres do dito Senhor Capitão-Mor que foram com enviatura ao dito rei
segurando-lhe que estava inteirado da sua amizade e que por isso lhe mandava o saguate, e que tinha passado
ordem necessária aos régulos, ou grandes do seu districto para entregar os cativos nossos que se achavam
refugiados nas suas terras para cujo fim já tinha despedido os seus Munhais por toda a sobredita terra de Dande:
E vieram com os sobreditos manamucates muitos escravos nossos sendo certo que asseguravam os mesmos enviados
que estavam para vir muitos outros por ser a sua ordem entregar toda gente que pertence a nós refugiados nas suas
terras: Que quando quisesse mandar as nossas fazendas nas suas, ou por usas terras sambazar, lhe mandasse pedir
seus manamucates para serem comboiados que do contrário não queixássemos quando fossem roubados os nossos
mossambazes tratados todos que mandou propor o dito Senhor Capitão-Mor o que tudo ouvido pelo dito Senhor
Capitão-Mor, e mais vogais disseram estes que se achavam muito satisfeitos da consecução da aliança com o dito
Gomo por ser um dos objetos importantes do seu comércio não menos de outras consequências úteis a eles
mercadores os quais agradeciam ao dito Senhor Capitão-Mor por conseguir uma empresa tão difícil que por sua
quase impossibilidade nunca se pôde conseguir e por ser a demonstração bastantemente avantajada que consta 13
arrobas e 5 arratéis de marfim catorze maticais e duas tangas dinheiro bruto que mandou o dito Gomo assentaram
que se devia mandar uma retribuição correspondente ao dito saguate. (...). "

Páginas: 89-90
Tipo: Comércio, Conflitos (Guerras, Disputas)
Categorias Identitárias: Buruma (Burruma, Chivonucura)
Etiquetas: Botonga (Butonga)
Referências Geográficas: Mucariva
Elementos: 8 Arroba - Bruto (Marfim) : Buruma (Burruma, Chivonucura) -> Portugal, 2 Arratel - Bruto (Marfim)
: Buruma (Burruma, Chivonucura) -> Portugal, 1 Unidade - Cabaço (Manteiga) : Buruma (Burruma, Chivonucura)
-> Portugal
" Aos 22 do mês de Maio de 1797 anos nesta Vila e Mucavira (...) foram recebidos os enviados nossos que
mandou o dito Senhor Capitão-Mor ao Buruma a chamado do mesmo, junto com enviado do dito régulo, os quais
disseram que o dito Buruma mandava dizer que os tinha mandado pedir ao Senhor Capitão-mor para dizer o
seguinte: que ele queria amizade com o dito senhor porquanto os caminhos de sua terra estavam abertos: Que o dito
Senhor Capitão-Mor castigasse os botongas ainda aos mesmos filhos seus dele quando fizesse algum desaforo, e
nesta mesma ocasião mandou de saguate oito arrobas e dois arretéis de marfim um cabaço de manteiga mandando
pedir vestir. (...). "
Pedro Nolasco Vieira de Araújo. Contas do espólio de Francisco José de Lacerda e Almeida (8/1/1800)
Moçambique Documentário Trimestral, n. 84, doc. 161, pp. 76-81
Páginas: 77-80
Tipo: Comércio, Gênero, Escravidão
Categorias Identitárias: Cazembe, Mucongure
Etiquetas: Caporo, Dente de cera
Referências Geográficas: Marenga
Elementos: 106 Unidade - Presa (Dente) (Marfim) , 72 Unidade - Escravos
" Receitas
(...)
Resultas do espólio

2021-11-08 17:18:43.414647 15
Africas - Base de Dados de Trechos Documentais

Dentes grossos e de pinga, que por falecimento do Sr. Governador tomei conta: 15
66 dentes grossos, e de pinga, 9 ditos meões, 16 ditos miúdos, e Ceiras, que resultaram as compras e vendas que
fiz: 91
Dentes: 106

2 caporos, 4 bichos, 5 negras, que recebi no falecimento do Sr. Governador: 11


10 caporos, 5 bichos, 26 negras e negrinhas, resulta das compras e vendas que fiz: 41
Escravos: 52
(...)
Resultas do Espólio

3 dentes grossos, 2 ditos meões, 3 ditos miúdos, que despendi em mantimento e passaportes de viagem: 8
4 dentes grossos que ficaram no Cazembe para serem conduzidos a esta Vila: 4
72 ditos grossos, 6 ditos meões, 4 ditos muúdos e ceiras, que foram roubados na Guerra do Mucongure: 82
2 ditos grossos, 1 dito meão, 5 ditos miúdos, 4 ditos ceras, que escaparam e entreguei nesta Vila ao feitor da Real
Fazenda: 12
Dentes de Marfim: 106

1 caporo, 2 negras, 1 negrinha, que faleceram: 4


3 caporos, 5 negras, 2 negrinhas e 1 bicho que fugiram: 11
8 ditos, 8 bichos e 7 negras que foram roubados: 23
9 negras e 4 negrinhas que chegaram e foram entregues ao Feitor da Real Fazenda: 13
1 Negra que ficou doente na Marenga: 1
Escravos: 52 "
Jerónimo Pereira. Carta do Governador e Tenente Geral dos Rios de Sena ao Governador e Capitão-General [2]
(10/1/1800)
Moçambique Documentário Trimestral, n. 82, doc. 122, pp. 79-80
Páginas: 79-80
Tipo: Comércio, Gênero, Escravidão
Categorias Identitárias: Butua (Torua, Changamira), Undi, Marave (Kalonga), Mamba
Etiquetas: Escravos (refúgio), Sazora
Referências Geográficas: Tete, Zumbo
Elementos: 80 Bar - Bruto (Marfim) : Mamba -> Portugal
" (...) A Vila de Zumbo posto que goza de uma paz, e tranquilidade, os sertões porém estão incomunicáveis pelos
continuados roubos, que neles tem havido das fazendas dos negociantes da mesma Vila (...); que o sertão chamado
Mamba está tão embaraçado pelos mesmos roubos, que nele não se negocia; sertão que há poucos anos se extraía
sessenta ou oitenta bases de marfim por ano, sendo o mais abundante deste; e outro chamado o de Abutua, de que
também se extraía muito ouro, igualmente se acha nas mesmas circunstâncias (...). A Vila de Tete, ainda que em si
goza a mesma tranquilidade, porém os seus sertões, da parte Marave, se acham semelhantemente levantados (...);
assim como uma princesa chamada Sazora da mesma nação Marave, há mais de um ano tem feito o seu assento
nas terras de Caetano Xavier, e Nicolau Pascoal da Cruz, moradores da mesma vila; e eu, por esse motivo, tendo
usado de política com o rei chefe daquelas terras chamado Undi ou Vudi, queixando-me contra a mesma princesa,
para a fazer retirar daquele sítio em boa paz, até a presente não tinha tido decisão, não só sobre esse particular,
mas ainda no da restituição dos escravos ausentes; assento que por este motivo os moradores desta Vila pretenderam
pegar em armas, afim de ressarcirem o que é seu; (...). "
Félix Lambert da Silva Bandeira. Carta ao Capitão-General (11/3/1800)
Moçambique Documentário Trimestral, n. 87, doc. 195, p. 128
Página: 128
Tipo: Comércio, Navegação
Categorias Identitárias: Baneane
Referências Geográficas: Quelimane
Elementos: Bruto (Marfim)
" Pelo ofício de 22 de Novembro do ano próximo passado, me determina V. Exa. que na presente monção não
vinha barco de viagem, e que eu fizesse repartir a carga de marfim, pelos barcos que estavam no porto, tendo
maior contemplação com a pala de Subachande, visto a arribada que tinha feito, eu o fiz saber os carregadores da
Praça, e todo o marfim que chegou a tempo foi embarcado na dita pala. "

2021-11-08 17:18:43.414647 16

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