Você está na página 1de 4

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA)

LICENCIATURA EM HISTÓRIA (2020.4)

DOCENTE: ANNA MARIA ALVES LINHARES

DISCENTE: MIGUEL RAMOS DOS SANTOS COSTA

RESENHA CRÍTICA SOBRE O TEXTO “ETNOCENTRISMO E RELATIVISMO


CULTURAL: ALGUMAS REFLEXÕES”

ANANINDEUA-PA

2020
O texto de Paulo Meneses aborda como temas principais o etnocentrismo e o relativismo
cultural. Em relação ao etnocentrismo, apresenta conceitos a respeito do mesmo, como as
pessoas podem praticar isso sem perceber – tanto por ser uma prática que pode ter sido
enraizada com o tempo na cultura em que está inserida, quanto por simplesmente pensar que
as ações que ela faz que podem ser consideradas etnocêntricas são mundanas, banais e sem
consequências – como essa prática pode fazer os indivíduos terem uma visão distorcida da
realidade em relação a outras culturas, tendo como a sua cultura a superior em relação ao
Outro e criticando essa outra cultura como inferior por ser diferente, coisa essa que no próprio
texto é dito que culturas não são inferiores ou superiores às outras e sim possuem diversidade
entre elas, tendo visões diferentes sem denegrir a imagem de nenhuma. E é presente na obra
como essa intolerância continua sendo presente desde tempos mais remotos, como na
colonização onde os padres colocaram seus dogmas e religiões acima de qualquer cultura
“gentia” existente na terra dominada, no caso os indígenas nativos, isso sendo uma das
ideologias etnocêntricas que o texto apresenta, que era de exaltar a cristandade em detrimento
de outras fés existentes.

Meneses também aborda como essas diferentes culturas podem ser modificadas para o
entretenimento da sociedade dita como “avançada” em relação a esses povos “primitivos”,
que pode se passar por uma forma de respeito à tradição desses grupos quando, na verdade, é
um total descaso com tudo o que o grupo e suas culturas representam.

Já a respeito do relativismo cultural, também abordado no texto de Meneses, é apresentado


como uma metodologia onde os indivíduos que iriam estudar e analisar outras culturas, ao
invés de olhar essa cultura com os seus próprios olhos (analisar essa cultura usando a sua
própria de base), estudasse a mesma, mas tomando como referência essa cultura estudada, ou
seja, não estranhando hábitos diferentes que existam na cultura estudada e sim procurar
entender o porquê dessa cultura ser do jeito que é (nenhuma cultura é perfeita e igual, todas
possuem sua variedade), tornando essa cultura inteligível, de mais fácil compreensão de sua
totalidade para que outras pessoas possam também perceber que nenhuma cultura é melhor
que a outra, todas são válidas entre si, deve-se existir o respeito entre povos, não impor a sua
cultura ao Outro e, para se procurar maior entendimento sobre o Outro, deve-se ter atenção à
todos os traços culturais que esse Outro apresenta, sem desrespeitar ou diminuir nenhum dos
apresentados. Essa teoria sofre críticas por parte de quem ainda acredita nos métodos antigos,
de culturas inferiores a outras, do conceito de eurocentrismo (que, infelizmente, ainda é muito
presente na atualidade), de pessoas que acreditam que são superiores por causa dos meios
materiais (tecnologia avançada) que possui, sendo que isso não torna uma cultura melhor ou
pior que a outra, não torna a sociedade que faz parte daquela cultura mais feliz ou não, esse é
o ponto que o autor chega no final dessa análise geral a respeito do etnocentrismo junto de
relativismo cultural: devemos analisar as culturas dentro de seus âmbitos sem olhar para a
nossa própria, percebendo, estudando e analisando cada ponto presente dessa e que,
verdadeiramente, o que importa dentro de uma cultura para se ter uma harmonia dentro dela é
uma gama de pessoas que, juntas, celebram e contemplam aquilo que às fazem felizes, sem
precisar denegrir o Outro por ser diferente. No final, todos somos pessoas iguais que
apresentam culturas diferenciadas que podem aprender umas com as outras, preservando
assim o bem-estar social ao mesmo tempo em que a luta contra a intolerância continua para
que, com o tempo, essas visões preconceituosas sejam deixadas de lado, prevalecendo assim,
como já dito anteriormente, o bem-estar social de todos.

A respeito da obra de Meneses, a maneira como ele exemplifica, desde pequenos até grandes
atos, os meios de etnocentrismo e como o relativismo cultural pode ser uma maneira de se
conviver em harmonia com as outras pessoas, é incrível. O texto, como um todo, foi de fácil
entendimento, ainda mais se você tem uma base a respeito do assunto, porém até mesmo os
ditos leigos a respeito do aprofundamento desses conceitos pode se aventurar nessa obra, pois
ela levanta questionamentos bem interessantes sobre como todos os indivíduos podem ser
etnocêntricos e apresenta maneiras de contornar isso para que não venha a virar uma futura
intolerância ao Outro, o que é realmente necessário nos dias de hoje, onde por haver muita
diversidade cultural existe muito preconceito e racismo, e é aí onde a antropologia brilha com
o conceito de relativismo cultural. É uma ótima leitura para se refletir sobre as relações
sociais como um todo, não só como pessoa isolada, mas também como uma pessoa inserida
em uma cultura repleta de valores diversificados que, do mesmo jeito que são normais para o
Mesmo, pode ser algo estranho para o Outro, e o texto se desenvolve e trabalha justamente
com esses conceitos de modo que o leitor reflita sobre suas ações com o Outro e perceba o
que pode ser mudado em suas relações sociais ou, até mesmo, leva o leitor a debater com
pessoas que apresentem esse comportamento intolerante para que, assim, mudem sua forma
de pensar, trazendo assim a nossa sociedade para mais perto de um bem-estar social mais
estável e tolerante.
BIBLIOGRAFIA

MENESES, Paulo. "Etnocentrismo e relativismo cultural: algumas reflexões" IN Revista


Symposium, Ano 3 • Número Especial • dezembro, 99.

Você também pode gostar