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Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC ELEMENTOS ESSENCIAIS

Laboratório de Estudos em Marketing e Produção – LEMAP


DA PRODUÇÃO COMO SISTEMA 1
Olga Regina Cardoso, Dra.

SISTEMAS DE PRODUÇÃO (SP) - Elementos Fundamentais

Sistemas de produção (ou produtivos) são aqueles que transformam insumos em produtos de maior valor,
dentro de um sistema controlado (Figura 1).

ENTRADAS PROCESSO DE SAÍDAS


TRANSFORMAÇÃO

CONTROLE

Figura 1 - Sistema de Produção Simplificado

Os processos de transformação e de agregação de valor reúnem e transformam os recursos utilizando


alguma forma de tecnologia (mecânica, química, médica, eletrônica etc.). Essa transformação cria novos bens e
serviços, que possuem um valor maior para os consumidores que os custos de processamento e aquisição dos
insumos para a empresa.
As responsabilidades da administração da produção incluem a reunião dos insumos em um plano de
produção aceitável que realmente utilize os materiais, a capacidade e o conhecimento disponíveis nas instalações
de produção. Dada uma certa demanda no sistema, o trabalho é programado sobre o estoque, a qualidade e os
custos. Além disso a própria instalação precisa ser mantida.
A administração se concentra muitas vezes na eficácia das atividades de transformação de sistemas
produtivos. Como medi-la? Através do entendimento sobre o que seja PRODUTIVIDADE.
Em termos gerais, PRODUTIVIDADE é a razão simples entre as saídas do processo de produção e as entradas
consumidas durante a produção. É portanto, a medida da eficácia do uso de recursos para produzir bens e serviços.
Os TIPOS DE SISTEMAS DE PRODUÇÃO são definidos conforme seus processos produtivos e nisto se baseia
também a classificação de indústrias.
O processo, como já mostrado, é a forma pela quais insumos são transformados em produtos finais.
Conforme o caminho que seguem (chamado de fluxo da produção), ou seja, a sequência de operações de
transformação os processos podem ser contínuos ou intermitentes. O contínuo é aquele em que os materiais
entram no processo e, sem sofrer interrupções chegam a produto. Não há separação entre um lote e outro, como
ocorre no processo intermitente.
Utilizando-se este critério identificam-se duas grandes classes de indústrias, discutidas a seguir.

Nas INDÚSTRIAS DO TIPO CONTÍNUO, os equipamentos executam continuamente as mesmas operações e,


consequentemente, o material se move com pequenas interrupções entre uma máquina e outra até chegar ao
estoque de produtos acabados.
Nas INDÚSTRIAS DO TIPO INTERMITENTE, os equipamentos apresentam variações frequentes de trabalho,
motivadas pela diversidade de produtos fabricados ou pelo reduzido tamanho dos lotes fabricados.
Consequentemente, há necessidade de fixar com detalhe o que cada operário fará a cada dia.
Cada um dos tipos de indústria assim definidos admite uma subclassificação.
O tipo contínuo pode se subdividir em:
- contínuo puro;
- contínuo com montagem ou desmontagem;
- contínuo com diferenciação final.
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No tipo CONTÍNUO PURO há uma só linha de produção e os produtos finais são todos exatamente iguais.
Toda matéria prima e processada da mesma forma e na mesma sequência. A Figura 2 ilustra este subtipo.

ESTOQUE DE ESTOQUE
DE
MATÉRIA PRIMA OPERAÇÃO 1 OPERAÇÃO 2 OPERAÇÃO 3 ... ... ... OPERAÇÃO N
PRODUTO FINAL

Figura 2 - Produção Contínua Pura

O material, cujo fluxo é representado pelas setas, saindo do estoque de matéria-prima, vai para o
equipamento que realiza a operação 1. Depois de processado vai para o equipamento que faz a operação 2 etc.,
até que tendo sido completado o processamento, os produtos finais são entregues ao respectivo estoque.
O fluxo do material entre equipamentos não será absolutamente contínuo se o transporte de materiais de
um equipamento para outro for feito em lotes, por exemplo, com um carinho. Entretanto, isto não impede de, para
todos os efeitos de administração da produção, considerar o fluxo de material como contínuo puro.
O subtipo contínuo com montagem e/ou desmontagem apresenta várias linhas de fabricação contínua,
uma para cada parte, que convergem nos locais de montagem ou desmontagem. Surge então um problema
inexistente no subtipo contínuo puro. As diversas linhas deverão ser coordenadas adequadamente. Assim, se for
decidido aumentar a produção de 10% naturalmente teremos que aumentar deste valor a produção de todas as
linhas, mas este aumento não será simultâneo. Deverá haver uma defasagem dos aumentos igual à diferença entre
o tempo de fabricação em casa linha. Por exemplo, na Figura 3, o material C sofre apenas uma operação contra
quatro operações de A, antes de se juntarem.
Portanto, supondo que a operação 9 seja mais rápida do que as operações 1, 2,3 e 4 somadas, se forem
simultaneamente aumentadas de 10 % todas as linhas de fabricação haverá um desagradável acúmulo de estoque
entre as operações 9 e 5.

O subtipo CONTÍNUO COM DIFERENCIAÇÃO FINAL pode apresentar características de fluxo igual a um ou
outro dos subtipos anteriores, mas o produto final poderá apresentar algumas variações. Por exemplo, uma
Companhia Editora apresenta grande diversidade de produtos similares (livros), tendo características de tipo
contínuo porque todos os livros requerem exatamente o mesmo processo produtivo. Há, entretanto, diversidade
de livros, reajustes frequentes das máquinas e a carga de trabalho em cada operação não é sempre balanceada.
Pode haver situações ainda mais complexas. Na indústria de casas pré-fabricadas, apesar das casas vendidas terem
grandes variações de planta arquitetônica, pode existir uma linha de fabricação de painéis, outra de treliças para
telhado etc. O processo produtivo é contínuo, havendo apenas variações nas dimensões dos componentes. No fim
das linhas de fabricação os componentes são separados de acordo com o cliente.
No tipo intermitente podemos distinguir dois subtipos:
- fabricação por encomenda de produtos diferentes;
- fabricação repetitiva dos mesmos lotes de produtos.
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ESTOQUE ESTOQUE DOS


MATERIAL OPERAÇÃO OPERAÇÃO OPERAÇÃO OPERAÇÃO OPERAÇÃO OPERAÇÃO PRODUTOS
A 1 2 3 4 5 9 ACABADOS

ESTOQUE
MATERIAL OPERAÇÃO OPERAÇÃO
B 6 7

ESTOQUE
MATERIAL OPERAÇÃO
C 8

Figura 3 – Contínuo com Montagem/Desmontagem

Na fabricação INTERMITENTE POR ENCOMENDA DE PRODUTOS DIFERENTES, de acordo com a especificação


do cliente, todas as operações só são iniciadas após ter sido vendido o produto. Consequentemente, os produtos
serão diferentes e a sequência de operações de fabricação variará de um produto para outro. O fluxo de materiais
será variável com o produto e por isso prefere-se agrupar as máquinas de acordo com sua função. A Figura 4 ilustra
variabilidade do fluxo de materiais de cinco produtos diferentes. Os retângulos representam as maquinas; os
triângulos, os estoques; e as linhas, o fluxo de materiais.
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Estoques
de
Matérias-Primas MÁQUINAS
Estoques
de
Itens Acabados

Figura 4 – Intermitente por Encomenda de Produtos Diferentes

Na fabricação INTERMITENTE REPETITIVO DOS MESMOS LOTES de produtos, podem-se ter as mesmas
características de fluxos existentes na fabricação por encomenda. Mas aparecem umas tantas simplificações
resultantes da repetitividade dos lotes. Pode-se, por exemplo, estudar qual é a linha predominante de fluxo para
dispor o equipamento nesta linha, pode-se planejar melhor processo produtivo etc. Para a programação da
produção os registros em geral passam a ter muito maior importância do que no caso da produção por encomenda.
O tipo de indústria influencia os mais variados aspectos administrativos. A utilização de um ou outro
processo é uma decisão que considera inúmeros fatores como: tipo de produto, volume e regularidade de
produção, utilização e arranjo do espaço/pessoal, etc. É comum que indústrias apresentem combinações de tipos
de produção.

Material Adaptado de:


CARDOSO, Olga Regina. Administração da produção. Curitiba: UFSC/UFPR/IEL, Apostila do Curso de Pós-Graduação
em Administração Industrial da UFPR, s/d.

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