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Restauração Ecológica e
GUIA B ÁSI C O
MÓDULO 1
Introdução à Ecologia da
Restauração
Integral
Dr. Guillaume Xavier Rousseau
Dra. Ariadne Enes Rocha
Dr. José Ribamar Gusmão Araujo
Dr. Ernesto Gomez Cardozo
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obras derivadas sejam licenciadas sob a mesma licença.
Apresentação
Caro(a) Cursista,
A década (2021-2030) foi designada como “A Década das Nações Unidas da Restauração de Ecos-
sistemas” com o objetivo de “prevenir, interromper e reverter a degradação dos ecossistemas em todos os
continentes e oceanos”. Nesse contexto, o Brasil é um país chave, visto que ainda possui grandes áreas de
ecossistemas preservados, porém, ao mesmo tempo, é um dos países que mais degrada seus ecossistemas
e um dos mais vulneráveis frente às mudanças climáticas. Assim, as práticas de conservação e a restauração
são inseparáveis e propiciam condições para que a humanidade encontre harmonia com a natureza, pois sem
ela não sobreviverá.
Com isso, desejamos uma excelente leitura e esperamos que você aproveite o conhecimento aqui com-
partilhado!
Sumário
MÓDULO 1 – Introdução à Ecologia da Restauração Integral................................06
dos
agem intencionalmente (Dicionário Digital do Insólito Ficcional – e-DDIF”, 2019).
principais
Analogismo (Descola, 2013): modo de identificação que fraciona todos os existentes
em uma multiplicidade de essências, de formas e de substâncias separadas.
termos Ecologia: do grego oîkos, que significa ’casa’ + lógos, que significa ‘linguagem’. Ciência
que estuda as relações dos seres vivos entre si ou com o meio orgânico ou inorgânico
técnicos e
no qual vivem. (PAZ, 2021).
suas siglas
Naturalismo: doutrina que, negando a existência de esferas transcendentes ou me-
tafísicas, integra as realidades anímicas, espirituais ou forças criadoras no interior da
natureza, concebendo-as redutíveis ou explicáveis nos termos das leis e fenômenos do
mundo. (EMUNAH EDITORA, 2022).
Sistemas Agroflorestais – SAF: Sistemas agrícolas associam cultivos agrícolas com ár-
vores ou palmeiras no espaço ou no tempo.
Introdução à Ecologia da
01
MÓDULO
Restauração Integral
INTRODUÇÃO
OBJETIVOS
A crise ecológica e social que assola a so-
Entender o que é Restauração Ecológi- ciedade está profundamente enraizada na visão
ca Integral; do mundo que separa o ser humano da nature-
za, uma característica da cultura de origem eu-
Identificar quando um ecossistema está
ropeia, e na ideia de “progresso”. Assim a resolu-
degradado e como pode ser restaurado;
ção da crise demanda uma revisão integral das
Conhecer as principais técnicas de res- bases morais e materiais da sociedade, em que a
tauração ecológica. restauração ecológica tem como papel a recons-
trução dos ecossistemas junto com as sociedades
que deles dependem.
O que chamamos de “civilização” está destruindo os ecossistemas com a emissão de tantos poluentes,
que é capaz de ocasionar o desaparecimento da espécie humana antes do final do século, restando apenas
algumas décadas para sua extinção (Röckstrom, 2020).
Para iniciarmos nossos estudos, convido você para acessar o vídeo intitulado
“10 anos para transformar o futuro da humanidade ou desestabilizar o planeta”,
disponível em:
https://www.ted.com/talks/johan_rockstrom_10_years_to_transform_
the_future_of_humanity_or_destabilize_the_planet?subtitle=pt-br
A natureza nos abriga, nos sustenta e nos dá um sentido para nossas vidas?
A crescente urbanização e o afastamento do que chamamos de “Natureza”, parece ter nos feito es-
quecer que todos os bens materiais que precisamos para viver são provenientes dela. Quanto ao sentido da
vida que seria uma contribuição imaterial da natureza, será que as nossas vidas ainda têm algum sentido?
Que relação isso tem com a restauração? Esse questionamento é essencial para entender os fundamentos da
Restauração ecológica integral.
A pergunta que nos interessa é: porque estamos destruindo a nossa casa (oîkos), a Natureza?
A premissa da Restauração Ecológica Integral é que degradamos nossa casa porque somos uma cultu-
ra degradada socialmente e espiritualmente, há muitos séculos. Essa premissa foi publicada em 2016 na revista
Restoration Ecology por Celentano e Rousseau. Por isso, plantar árvores ou restaurar ecossistemas “idênticos”
aos originais não é suficiente para consertar a casa. Partindo dessa concepção, vamos explicar quais são as
diferenças entre a ciência da restauração ecológica “oficial” e a restauração ecológica integral.
De acordo com a Sociedade Internacional para a Restauração Ecológica - SER (2004), a restauração
ecológica é o processo intencional que auxilia na recuperação de um ecossistema degradado, perturbado ou
destruído. Assim, o ecossistema restaurado deve ser muito similar ao ecossistema de referência, e deve possuir
todas as suas funções e sua biodiversidade.
Embora a missão da SER seja restabelecer uma relação sadia entre a natureza e a cultura, não existem
diretrizes claras atendendo a incompatibilidade entre uma sociedade movida pela sua expansão infinita e
A restauração ecológica integral se justifica na ruptura que houve entre a cosmovisão ocidental, a na-
tureza e a cultura, pelo menos desde o século XVIII (Descola, 2013), com isso, a sociedade passou a considerar
a natureza como um objeto que pode ser usado e abusado para atender suas necessidades, sem pensar no
risco ou responsabilidade moral que tais ações acarretam para o sua própria vivência.
Assim, a restauração ecológica integral busca usar a ciência da restauração para auxiliar na formu-
lação de uma cosmovisão que seja compatível com a sobrevivência da nossa espécie, o que passa neces-
sariamente pela consciência da nossa relação tangível (material) e intangível (espiritual) com a natureza e a
restauração do elo entre o ser humano e a natureza. A integração do saber tradicional com o conhecimento
científico é uma abordagem promissora para essa restauração.
Dica de Vídeo
Acesse o link a seguir e assista à série “A Flecha Selvagem” (2021), que é uma pro-
posta de integração do conhecimento ancestral com o conhecimento científico.
https://www.youtube.com/watch?v=Cfroy5JTcy4
De acordo com Descola (2013), a ruptura do elo ser humano-natureza é característico do naturalismo,
a cosmovisão que domina no ocidente, mas não está presente nas outras três grandes cosmovisões descritas
para a humanidade: o animismo, que domina nos povos indígenas da América (em particular na Amazônia), o
totemismo, que domina na Austrália indígena e o analogismo, dominante na África e nos Andes.
O primeiro passo para restaurarmos o elo é passar pela desmistificação da tecnologia e questionar
o desenvolvimento atrelado ao consumismo. Segundo Hornborg (2022), a tecnologia cria mais problemas do
que soluciona, e o desenvolvimento é simplesmente a exploração sem limite dos recursos naturais e humanos
para produzir mercadorias descartáveis, ou seja, lixo (Latouche, 2004).
SAIBA MAIS
A história desse sistema em crise (ou sistema da crise!?) está resumida pela Annie
Leonard em “A História das Coisas” (2009), disponível no link a seguir:
https://youtu.be/7qFiGMSnNjw
No segundo passo precisamos expandir nossa consciência para acharmos inspiração, motivação e
nos transformarmos em restauradores multiplicadores, incentivando os outros ao nosso redor (Fig. 1). Com esse
passo já entramos numa busca espiritual, processo que não dispõe de procedimento pronto e envolve a sen-
sibilidade e responsabilidade de cada um. No entanto, é legítimo se perguntar como isso funciona na prática?
Para responder a essa pergunta difícil, podemos usar exemplos.
Figura 2: Voçoroca em Buriticupu, Maranhão, Brasil. Figura 3: Mata ciliar degradada em Alcântara, Ma-
ranhão, Brasil
Figura 4: Vista por satélite da margem do antigo Rio Paciência na Fazenda Escola da Universidade Estadual
do Maranhão em São Luís; a) em 2004; b) em 2012 e c) em 2018 após 6 anos de restauração.
Pode estar conservado, como por exemplo, os Awá-Guajá no Maranhão, recém-contatados e conser-
vando seus costumes e território;
3˚ Passo, A perspectiva “técnica” - Qual é a fonte e o nível de degradação dos ecossistemas em questão?
Como nos exemplos anteriores (Figs. 2-4)
4˚ Passo, O “plano” - Como engajar pessoas em um planejamento participativo de restauração e definir prio-
ridades?
5˚ Passo, A “ação” - Vai depender do caminho percorrido! A apropriação do projeto de restauração pela co-
munidade é essencial. Existem muitos exemplos de sucesso.
6 ̊ Passo, Financiamento, intercâmbio e trabalho em rede - Estamos na década da restauração da ONU (Déca-
da da Restauração da ONU, 2021), muitas oportunidades existem. No entanto, grandes projetos de restauração
se desenvolvem com base no intercâmbio de sementes e conhecimento através de redes de agricultores por
exemplo: Evergreen Agriculture na África (2018), o sistema Quesungual na América Central (2015) ou a Rede de
Sementes do Xingu no Brasil (2022).
www.decadeonrestoration.org/pt-br
http://evergreenagriculture.net/
www.fao.org/soils-2015/news/news-detail/en/c/318676/
www.sementesdoxingu.org.br
Visto até aqui que a restauração ecológica precisa pertencer a um projeto desenvolvido pela socieda-
de, que visa construir uma cosmovisão diferente da separação ser humano-natureza, uma verdadeira cone-
xão com o mundo natural e com o nosso “eu”. Por isso, propomos a restauração ecológica integral. São infinitos
os caminhos possíveis para restaurar a sociedade e cada um pode achar o seu. As culturas indígenas são uma
grande fonte de inspiração e já mostram vários caminhos possíveis, um deles sendo a integração entre os sa-
beres indígenas e científicos.
2 Restauração de ecossistemas
2.1 Motivações para restaurar
A pergunta que nos interessa agora é “porque restaurar?” As motivações para restaurar são tão diver-
sas quanto os atores. Por exemplo:
Os Awás querem restaurar para ter caça e um ambiente favorável para os espíritos continuarem visi-
tando esse mundo (Yokoi, 2014);
Os agricultores de Alcântara querem restaurar para recuperar a “força do solo”, produzir e ter água
nos rios (O grito do Maleta; A Lei da Água);
A mineradora quer restaurar porque a lei exige e precisa melhorar sua imagem.
Diante desses exemplos nos perguntamos: Como identificar e priorizar os locais de restauração?
A priori é fácil identificar um local que precisa ser restaurado. Qualquer local sem o ecossistema de re-
ferência pode precisar de restauração. No entanto, como a restauração é um processo intencional, tudo vai
depender dos atores locais. Assim o mais provável é que a intenção de restaurar venha da falta de um serviço
prestado pelo ecossistema como: água limpa, fertilidade, proteção do solo contra erosão ou deslizamento,
beleza cênica, caça, pasto para abelha, polinizadores para cultivos, inimigos naturais para controle de pra-
gas, entre outros. Para facilitar sua compreensão, procure um local degradado em um ambiente próximo a
você, visite-o, faça fotos ou desenhos e tente aplicar os princípios a seguir nesse local.
A escala da restauração vai depender principalmente dos recursos disponíveis. Assim, sempre serão
privilegiadas as estratégias menos custosas, os locais mais sensíveis como a borda dos corpos de água e/ou
os corredores entre fragmentos de ecossistema conservado.
Você sabia que existem três grandes tipos de restauração? São elas: física, química e biológica (Rodri-
gues, 2013).
Dependendo do grau e do tipo de degradação, o local pode precisar dos três tipos de restauração ou
apenas um.
1) A Restauração física visa corrigir a situação física do local, por exemplo: diminuir a incidência do ven-
to, da água, do calor e do fogo. As condições físicas são as primeiras a determinar a instalação das espécies
no local. Seguindo a lógica do diagnóstico vamos ver como se aplica a restauração física.
Precisamos nos fazer o seguinte questionamento: Tem solo ou não? Se não tem, teremos que trazer
solo ou outro substrato físico que permita a instalação da vegetação. Se tiver solo, mas com processo erosivo
severo, seja eólico ou hídrico, usaremos barreiras físicas para diminuir sua incidência e permitir sua fixação e a
re-vegetação natural ou induzida (Fig. 5).
Se o solo estiver presente, mas compactado pelo gado, por exemplo, pode usar máquinas para des-
compactar como o subsolador em caso de compactação profunda, o arado ou a grade se for mais superficial.
Se a fonte de degradação for o fogo, devemos fazer aceiro, em uma área desprovida de material com-
bustível entre a fonte do fogo e o local da restauração, principalmente na direção dos ventos dominantes. Se
a fonte de degradação for o gado, uma cerca será a barreira física necessária.
3) A Restauração biológica envolve o uso de seres vivos que englobam desde as bactérias até os ani-
mais de grande porte, dependendo do nível de restauração. O objetivo da restauração biológica é recuperar
de fato um ecossistema muito similar ao ecossistema de referência. Assim, a premissa da restauração bioló-
gica é o conhecimento das espécies que existem nesse ecossistema. Na maioria das vezes usamos somente
as plantas para restaurar, visto que são mais conhecidas e porque ao se estabelecerem, propiciam condições
para que outros seres vivos também se estabeleçam.
No entanto, isso acontecerá somente se exis- Figura 8: Regeneração natural na borda da floresta.
tirem ecossistemas de referência por perto, porque
precisamos de uma fonte de biodiversidade para
abastecer o ecossistema em restauração (Fig. 8).
Muitas vezes o ecossistema de referência não existe
mais na natureza e precisa ser resgatado da me-
mória dos habitantes. A interação com as culturas
locais é considerada essencial no processo de res-
tauração, já que não existe praticamente nenhum
ecossistema que não seja um sócio-ecossistema
(Barlow et al., 2012), o que significa ocupado e ma-
nejado por seres humanos. Fonte: ciclovivo.com.br, 2022.
Assim sugerimos a leitura de Loch (2021, link a seguir) e Sena et al., 2021.
http://www.agroecologia.uema.br/?p=2189
3. A Restauração Agroflorestal.
3.1 Regeneração Natural ou Restauração Figura 10: Parcela de regeneração natural (res-
tauração passiva) em 2016, 4 anos após o início
Passiva do projeto, com regeneração muito limitada.
25
Fonte: G. Rousseau, 2016.
Restauração Ecológica e Sistemas Agroflorestais | MÓDULO 1
CAPÍTULO 1 CAPÍTULO 2 CAPÍTULO 3
Esse método já é um método ativo porque vamos plantar sementes ou mudas ou os dois. Nesse caso
plantamos ilhas pequenas e densas de 2 m de diâmetro com 13 mudas. No centro plantamos uma barrigudeira
ou sumaúma (Ceiba pentandra) e ao redor 12 mudas de: caju (Anacardium occidentale), ipê (Handroanthus
sp.), jeniparana (Gustavia augusta), pitomba (Talisia esculenta), mangaba (Hancornia speciosa), moringa (Mo-
ringa oleifera) e algumas ramas de mandioca para proteger as mudas do sol. Capinamos durante 3 anos e
depois não manejamos mais.
Na Fig. 12 podem ver as ilhas bem-desenvolvidas avançando sobre o capim e na Fig. 13 podem ver que
as ilhas praticamente se juntaram para cobrir a área toda. Podemos confirmar o sucesso do método que tem
um custo bastante reduzido em comparação com um plantio que cobriria a área toda. A escolha das espécies
vai depender primeiro da disponibilidade e do interesse do agricultor, mas recomenda-se o uso de espécies
com exigências e formas diferentes: de crescimento rápido e lento, fixando nitrogênio ou não, de porte reto e
alto ou baixo e mais aberto. Assim, otimizam-se as chances de sobrevivência e é criado um ambiente mais
diversificado para a fauna que irá trazer sementes de fora e enriquecer a restauração. Para mais informações
sobre a nucleação nesse projeto e em geral ver Celentano et. al. (2020) e o link a seguir:
https://www.conservation.org/research/applied-nucleation-guide
Figura 12: Ilhas bem desenvolvidas avançando sobre Figura 13: Ilhas já em contato na Fazenda Escola de
o capim na Fazenda Escola de São Luís em 2022. São Luís em 2022.
Nesse caso, não vamos restaurar o ecossistema original, mas boa parte dos serviços ecológicos for-
necidos por ele. Os sistemas agroflorestais associam cultivos agrícolas com árvores, palmeiras no espaço ou
no tempo, assim eles podem adquirir uma estrutura similar a uma floresta, produzindo uma gama ampla de
alimentos, remédios e madeiras. Nas ilustrações vocês podem ver o exemplo de um sistema agroflorestal re-
generativo biodiverso, ou seja, que imita a regeneração florestal, com alguns meses (Fig. 14), com um ano e
meio (Fig. 15), com 5 anos (Fig. 16), com 18 anos (Fig. 17) e finalmente com 40 anos (Fig. 18).
Figura 14: Sistema agroflorestal biodiverso 4 meses. Figura 15: Sistema agroflorestal biodiverso 1,5 anos.
Figura 16: Sistema agroflorestal bio- Figura 17: Sistema agroflorestal bio- Figura 18: Sistema agroflorestal bio-
diverso 5 anos. diverso 18 anos. diverso 40 anos.
É esse modelo que adotamos aqui no experimento e na Fig. 19, pode-se observar o desempenho depois
de 9 anos. Temos parcelas pouco desenvolvidas (Fig. 20) onde o solo estava mais degradado e outras muito
bem desenvolvidas onde a espécie florestal dominante, o Paricá (Schizolobium amazonicum) já está com diâ-
metro comercial (Fig. 19). Então resumindo, nesse método agroflorestal, iniciamos com o plantio misturado dos
cultivos agrícolas como o milho, feijão e mandioca nos 3 primeiros anos junto com as mudas frutíferas e flores-
tais. Agora com 9 anos as frutíferas como manga e caju produzem, já estamos colhendo estacas de sabiá e
algumas parcelas já tem paricá em idade de corte.
Figura 19: Parcela de restauração agroflorestal bem Figura 20: Parcela de restauração agroflorestal menos
desenvolvida na Fazenda Escola de São Luís em 2021. desenvolvida na Fazenda Escola de São Luis em 2021.
Para concluir, é importante ressaltar que no meio do experimento ressuscitamos uma nascente do Rio
Paciência, fixamos 24.5 toneladas de carbono por ano no SAF (Celentano et al., 2020) e temos uma grande
diversidade de borboletas frugívoras entre muito mais biodiversidade ainda por pesquisar!
Resumo
Neste material vimos que a premissa da Restauração Ecológica Integral é que degradamos nossa ca-
sa-natureza porque somos uma cultura degradada socialmente e espiritualmente, assim, plantar árvores ou
restaurar ecossistemas não é suficiente.
Tratamos ainda sobre as diversas motivações para restaurar, como se trata de um processo intencional,
a interação com as culturas locais é considerada essencial no processo de restauração, assim ela se torna
biocultural.
Mostramos como fazer o diagnóstico da restauração, por meio de questionamentos essenciais sobre o
nível de degradação, os atores e suas motivações. Apresentamos os três grandes tipos de restauração: física,
química e biológica, detalhando a definição de cada uma delas. E por fim, detalhamos três técnicas de res-
tauração muito utilizadas, embora existam outras opções.
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