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28/03/23, 00:27 Acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa
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família,
sendo que, aqueles que eventualmente pudessem levantar algumas
dúvidas sobre se seriam de integrar ou não no conceito de
imprescindibilidade para a economia doméstica – como a mesa de
centro de sala, uma televisão LCD, uma base para TV, um
computador, uma TV da marca Sony, sempre seriam de considerar
impenhoráveis, por força da al. c), face ao diminuto valor que lhes
é aí atribuído – 30,00 €, 100,00 €, 25 €, 100,00 €, 50,00€,
respectivamente.
Com efeito, o valor que lhes é atribuído aponta para que se trate de
bens com bastante tempo de uso, sendo do conhecimento comum
que os bens penhorados ou apreendidos acabam por ser vendidos a
valor muito inferior ao da avaliação. Por outro lado, chocará a
desproporção entre o valor pelo qual muitas vezes são vendidos,
quase sem relevância para o credor, face às utilidades que dele
retira o devedor (é frequente nos nossos tribunais a venda de um
veículo automóvel por 25 €, veículo este que servia as necessidades
de deslocação do executado, mas cujo produto acaba por não
chegar sequer para pagar as despesas do encarregado da venda,
situação que nos surge como imoral).
E, à luz de tais considerações, entendemos que a apreensão de uma
máquina de secar roupa, avaliada em 100,00 €, também se não
justifica.
Face às considerações expostas, será de revogar, nesta parte, a
decisão recorrida, determinando-se a não apreensão dos bens
móveis existentes na residência do insolvente e que se mostram
inventariados, com excepção dos “quatro quadros com motivos
diversos” e a “consola com tampo de vidro em acrílico e duas
pedras mármores”.
2. Susceptibilidade de apreensão de 1/3 da pensão de
reforma do insolvente.
Segundo o art. 81º do CIRE (tal como dispunha o nº1 do art. 147º
do CPEREF), a declaração de insolvência priva imediatamente o
insolvente, por si ou pelos seus administradores, dos poderes de
disposição dos bens integrantes da massa insolvente, os quais
passam a competir ao administrador da insolvência.
“De acordo com o art. 46º, nº1, a massa insolvente é constituída,
salvo disposição em contrário, pelos bens actuais do insolvente
(todo o património do insolvente à data da declaração de
insolvência) e pelos bens futuros do insolvente (todos os bens que o
insolvente for adquirindo na pendência do processo de insolvência)
(…)[5]”.
Da conjugação do art. 46º com o art. 81º do CIRE, resultará, assim,
que a massa insolvente abrange bens e rendimentos, que não
estejam isentos de penhora, tanto os existentes à data da declaração
de insolvência, como os adquiridos na pendência do processo[6].
Aqui chegados, levanta-se a questão da sujeição da remuneração
auferida pelo insolvente às regras gerais da penhora,
nomeadamente da penhorabilidade de 1/3 e da livre disponibilidade
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IV – DECISÃO
Pelo exposto, acordam os Juízes desta Relação em, julgando
parcialmente procedente a apelação, revogar a decisão recorrida,
determinando-se:
- a não apreensão dos bens móveis existentes na residência do
insolvente e que se mostram inventariados, com excepção dos
“quatro quadros com motivos diversos” e a “consola com tampo de
vidro em acrílico e duas pedras mármores”;
- o levantamento da apreensão de 1/3 da pensão de reforma do
insolvente.
Sem custas, uma vez que o apelante, não deu causa ao recurso,
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pag. 61 e 62.
[8] Cfr. Posição citada por Maria do Rosário Epifânio, in “Os
efeitos Substantivos da Falência”, Publicações da Universidade
Católica 2000, pag. 117, à qual declara aderir, chamando-se,
contudo a atenção para o facto de na sua obra posterior, “Manual
De Direito da Insolvência”, continuando a reproduzir a posição de
Sousa Macedo, já não declara a ela aderir, não tomando posição
expressa sobre a questão.
[9] Cfr., “Direito da Insolvência”, Almedina, Janeiro 2009, pag. 203.
[10] Estudo publicado na “Revista da Ordem dos Advogados”, Ano
55, Dezembro de 1995, pag. 653, e ainda in Revista da FDUL, Vol.
XXXVI, pag. 328.
[11] Disponíveis in http://www.dgsi.pt.
[12] Acórdão disponível in CJ Ano 2007, T1.
[13] Cfr., Acórdão da Rel. Coimbra de 24.10.2006, relatado por
Freitas Neto.
[14] “Exoneração Do Devedor Pelo Passivo Restante”, estudo
publicado na Revista THEMIS, Rev. da FD da UNL, 2005, Edição
Especial “Novo Direito da Insolvência”, pag. 167.
[15] Luís A. Carvalho Fernandes e João Labareda, defendem que o
nº2 do art. 182º do CIRE exclui a possibilidade de a liquidação se
manter aberta apenas e só pela expectativa dos rendimentos
gerados pela actividade do insolvente – cfr., “Código da Insolvência
e (…)”, pag. 602.
[16] Cfr., Acórdão do Tribunal da Relação do Porto de 23-03-2009,
relatado por Maria José Simões, disponível in
http://www.dgsi.pt/jtrp.
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