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DFE/CE/UFPB
Profa. Dra. Uyguaciara Veloso Castelo Branco
Pierre

França
Bourdieu
1930-2002

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PRINCIPAIS APORTES TEÓRICOS
 A escola reproduz as desigualdades sociais em forma de desigualdades
escolares.
 A instituição escolar dissimula, por trás de sua aparente neutralidade, a
reprodução das relações sociais e de poder vigentes: encobertos sob as
aparências de critérios puramente escolares, estão critérios sociais de
seleção dos indivíduos para ocupar determinados postos na vida.
 O acesso ao ensino superior é o resultado de uma seleção escolar que
acontece ao longo do percurso escolar, de acordo com a origem social
dos alunos.
 De todos os fatores de diferenciação, a origem social é aquele que mais
fortemente se faz sentir sobre os estudantes.
 Os sucessos e os fracassos dependem de orientações precoces que são
produtos do meio familiar.
 Os estudantes de origem burguesa manifestam maior segurança na escola.
 Em qualquer domínio cultural os hábitos culturais de classe e os fatores
econômicos acumulam os seus efeitos.
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PRINCIPAIS APORTES TEÓRICOS
 Para as camadas mais desfavorecidas a escola continua a ser a
única via de acesso à cultura.
 Os estudantes só são formalmente iguais face à aquisição da
cultura, mas na realidade diferem através de todo um conjunto de
conhecimentos adquiridos no meio de origem.
 A cultura da elite é mais parecida com a cultura da escola: a
linguagem, os gostos e hábitos escolares são semelhantes à
linguagem, gostos e hábitos da elite.
 Para uns a aprendizagem da cultura da elite deve ser
conquistada, mas para outros é uma herança.
 A escola não é uma “instituição neutra”.
 Alunos não competem como iguais, pois não há igualdade de
oportunidades.
 A escola funciona como produtora e reprodutora de padrões
sociais, linguísticos e comportamentais. 3
 O sujeito da sociologia de Bourdieu é caracterizado
por uma bagagem socialmente herdada - os capitais
e o Habitus;
 Capital econômico: aquisição mediante herança ou
capital financeiro acumulado.
 Capital social: rede de relações sociais ampliada
pela aquisição de capital cultural e econômico.
 Capital cultural institucionalizado e incorporado (os
gostos em matéria de arte, culinária, decoração,
vestuário, esportes e etc; o domínio maior ou menor
da língua culta; as informações sobre o mundo
escolar.)
 Capital simbólico: o valor simbólico dos bens
culturais (diploma, lugar em que mora, etc.).
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 Habitus: resultado da incorporação dos vários capitais e
externalização através de ações racionais ou aparentemente
irracionais. Ele confere possibilidades de mudança e
historicidade ao sujeito, atribuindo uma dimensão inventiva
às disposições corporais, mentais ou cognitivas e permite,
segundo os quadros ou as condições objetivas nas quais são
formadas e reativadas, situar-se no mundo social, ajustar-se
às suas transformações e projetar-se no futuro.
 Habitus racional: habitus de quem utiliza racionalmente os
capitais acumulados para se colocar nos melhores lugares
sociais, econômicos e políticos, em que indivíduos, que
usufruíssem de produções simbólicas tidas como superiores,
assumiriam cargos superiores.
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UM CONCEITO IMPORTANTE

 Campo: microcosmo social dotado de certa autonomia, com


leis e regras específicas, influenciado e relacionado a um
espaço social mais amplo.
• Lugar de luta entre os agentes que o integram e que
buscam manter ou alcançar determinadas posições.
• Essas posições são obtidas pela disputa de capitais
específicos, valorizados de acordo com as características
de cada campo. orças”.

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MICHEL FOUCAULT:
PODER E DISCIPLINA
NO AMBIENTE
ESCOLAR

Profa. Dra. Uyguaciara Veloso Castelo Branco


PRINCIPAIS APORTES TEÓRICOS:

 Vigiar e Punir – 1975


• Estudo sobre a disciplina na sociedade moderna (“sociedade
disciplinada”)– “técnica de produção de corpos dóceis".
• Analisou processos disciplinares empregados nas prisões,
considerando-os exemplos da imposição de padrões
"normais" de conduta estabelecida pelas malhas sociais.
• É possível lutar contra a dominação representada por certos
padrões de pensamento e comportamento, porém é
impossível escapar completamente a todas e quaisquer
relações de poder.
PRINCIPAIS CONSTRUÇÕES TEÓRICAS
Vigiar e Punir (Nascimento da Prisão)
A História da Sexualidade

 Foucault e a Educação: relação entre sujeito – disciplina


corporal;
 Ordem social moderna: expansão do poder e exercício de
dominação;
 A educação escolar subjuga os indivíduos, tornando-os
passivos e adaptados à sociedade disciplinar;
 Poder: rede de relações de força que se difunde por todos
os espaços da sociedade; não é monopólio do estado ou
exército;
 As manifestações do poder se combinam com a produção
de um saber sobre os indivíduos; o saber é produzido como
a expressão de uma vontade de poder.
PRINCIPAIS CONSTRUÇÕES TEÓRICAS
Vigiar e Punir
A História da Sexualidade

 “Poder e saber, como dois lados do mesmo processo,


entrecruzam-se no sujeito, seu produto concreto. Não
há relação de poder sem a constituição de um campo
de saber, nem saber que não se pressuponha e não
constitua relações de poder” (MOREIRA, 2004, p.
614).
 Obra importante na pesquisa sobre as formas
empregadas pelo poder, na instituição escolar, para
disciplinar os indivíduos que se relacionam em seu
interior.
AS DISCIPLINAS COMO FORMAS
DE DOMINAÇÃO

 Microfísica do poder: instituições do séc. XVII e XVIII -


disciplinas transformadas em formas de dominação, controle
do corpo – utilidade, obediência e habilidade – corpos dóceis
(colégios, hospitais, organizações militares e religiosas).
 I. Distribuição espacial bem definida, com local fechado e
cercado, isolando o indivíduo do seu entorno;
 II. Estender a organização para uso na produção industrial,
pela similaridade entre a fábrica e o convento/fortaleza
(vigilância, sinal sonoro, controle de frequência)
AS DISCIPLINAS COMO FORMAS DE
DOMINAÇÃO

 Cercear a coletividade; evitar que os indivíduos se


associem e se solidarizem entre si; colocar cada um num
lugar específico; impedir a formação de pequenos grupos;
esforçar para tornar o controle individualizado, pela
vigilância do comportamento, avaliação das atitudes
indisciplinadas e de méritos.
 Controle ostensivo da atividade por determinação de
tarefas específicas repetidas rotineiramente em horário
determinado;
 Exigência de atividade que exijam eficiência, destreza,
regularidade, persistência;
 Subtração de atividades que não sejam “úteis”.
EDUCAÇÃO, ADESTRAMENTO E
VIGILÂNCIA

 Corpos disciplinados = adestramento adequado = corpos


dóceis
“É dócil um corpo que pode ser submetido, que pode ser utilizado,
que pode ser transformado e aperfeiçoado” (FOUCAULT, 2012,
p.132).

 Vigilância hierárquica: subordinados visíveis aos superiores


(edifício escolar com planta que torne possível a vigilância e
fiscalização das atividades) – o olhar que vê não deve ser
visto pelo subordinado.
Ex: Escola, quartel, igrejas
EDUCAÇÃO, ADESTRAMENTO E
VIGILÂNCIA

 Ritual do exame individual: mede qualificações individuais,


selecionando os que recebem estímulos positivos e negativos.
 Individuação: disciplina que molda, adestra, seleciona, exclui,
reprime, censura, mascara, esconde – disciplina funciona
como “técnicas que fabricam indivíduos úteis” (FOUCAULT,
1999, p. 155).
 Uso de tecnologias organizacionais para controle político e
sujeição dos trabalhadores – disciplina voltada para os
interesses de maior produtividade.
EDUCAÇÃO, ADESTRAMENTO E
VIGILÂNCIA

 Vigiar e Punir: conceito pan-óptico – estrutura em formato de anel,


utilizado em uma instituição prisional, escolar, hospitalar ou fabril
(vigilância monitorada: espaço fechado, divisão em celas e torre
central). Ex: professor vigilante que monitora visualmente todos os
alunos, graças a sua posição central frente às mesas e aos exames
de desempenho (controle coletivo por uma aplicação individual).
 Séc. XVIII – ampliação das salas de aula, homogeneização dos
alunos: disposição das carteiras em fileiras, estabelecimento de uma
ordem disciplinar, determinação dos comportamentos adequados em
atividades propostas ou exames; hierarquia de idades e seriação
dos conteúdos transmitidos – classificação por idade,
comportamento e desempenho, para ocupação simbólica na
hierarquia escolar e, futuramente, na hierarquia do trabalho.
PAN-ÓPTICO
DESAFIOS ATUAIS:

 “[...] o papel do “novo educador” deve ser o de lutar


contra as amarras do poder, tentando formar indivíduos
críticos e pensantes, pois a sociedade atual é complexa e
atravessada por interesses diversos, exigente de sujeitos
conscientes.” (CRUZ; FREITAS, 2011, p. 48).

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