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O Ordenamento Jurídico é um conceito de extrema importância dentro do estudo do Direito e

que se refere ao conjunto de normas e os princípios que estabelecem condutas para uma vida
em sociedade que traga bem-estar social, estabelecendo os direitos e deveres dos cidadãos.
Além disso, o Ordenamento Jurídico estabelece as relações entre os indivíduos e o
funcionamento do sistema jurídico.

No livro "Introdução ao Estudo do Direito" de Tércio Sampaio Ferraz Jr., o autor estabelece o
conceito de Ordenamento Jurídico como um sistema normativo complexo e hierarquizado.
Segundo Ferraz Jr., o Ordenamento Jurídico é composto por um agrupamento de normas que
regulam as relações sociais e são reconhecidas como válidas dentro de uma determinada
comunidade política e social.

O autor destaca que o ordenamento jurídico é caracterizado por três elementos essenciais:
unidade, coerência e completude. A unidade refere-se à ideia de que o ordenamento é um
sistema único, integrado e interdependente, de forma que todas as normas e regras devem
estar se relacionando e mantendo coerência entre si. Além disso, as leis devem ser
interpretadas em conjunto, e não de maneira isolada, para que se evitem contradições e
ambiguidade jurídicas. O segundo elemento é a Coerência e diz respeito à harmonia e à lógica
interna dentro do sistema jurídico. Isso significa que as normas devem estar em conformidade
com os valores e princípios primordiais da sociedade. O último e terceiro elemento, diz
respeito à completude e significa que o ordenamento jurídico deve ser capaz de regular todos
os aspectos relevantes da vida em sociedade, de forma que seja possível preencher possíveis
lacunas legais. Portanto, a completude busca evitar situações em que se possa haver omissões
normativas que gerem incertezas. Esses três elementos são indispensáveis para a eficácia e
legitimidade do Ordenamento Jurídico, proporcionando uma estrutura coesa e abrangente
para que se possam regular as condutas humanas.

Além disso, Ferraz Jr. ressalta a importância da hierarquia das normas no Ordenamento
Jurídico. A hierarquia é crucial para que se estabeleça a autoridade das normas, a coesão no
sistema jurídico e o equilíbrio entre os diferentes poderes e instâncias existentes. Ela também
contribui para a segurança jurídica e para a previsibilidade das relações sociais. A ordem
hierárquica das normas jurídicas pode variar de acordo com cada sistema jurídico de cada país,
mas geralmente apresentam uma estrutura semelhante. Por exemplo, no Brasil a Constituição
Federal está no topo da hierarquia, sendo considerada a norma suprema do Ordenamento
Jurídico. Abaixo da Constituição, estão as leis complementares e as leis ordinárias. As leis
consideradas complementares são as que se tratam da matéria específica tratada na
Constituição, enquanto as leis ordinárias são aprovadas pelo Congresso Nacional e tratam de
assuntos gerais. Em seguida, temos os decretos legislativos e as resoluções, que são normas
deliberadas pelo Poder Legislativo e pelos órgãos administrativos, de maneira respectiva. Eles
possuem um alcance mais restrito que as leis e tem como objetivo regulamentar situações
específicas. E por fim, na base da hierarquia, estão os atos administrativos, que servem como
as portarias e os regulamentos. Esses atos são emitidos pelos órgãos da administração pública
e possuem atuação restrita em determinadas áreas de atuação. É importante ressaltar que a
observância da hierarquia garante a validade e a eficácia das normas jurídicas, normas
inferiores devem estar em conformidade com as normas superiores, e a desobediência
hierárquica pode resultar em invalidade ou anulação das normas que foram contrárias as
superiores.

O autor também aborda no livro a relação entre o Ordenamento Jurídico e a sociedade,


ressaltando que o direito é uma criação social que reflete os valores, as necessidades e as
expectativas da comunidade política em que está inserido. O Ordenamento Jurídico, portanto,
não é algo estático, mas está em constante evolução e adaptação às transformações sociais.

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