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A sociologia do direito é um ramo da sociologia geral, o significa que, embora tenha toda a base
científica da sociologia, esta preocupa-se mais com a análise da relação com o direito e com aquilo que
for comum a ambas, especialmente a relação das condutas humanas em sociedade. Neste aspeto
podemos falar em “Ubi societas, ibi ius”,ou seja, o Direito é dependente da sociedade, porque só existe a
partir do momento em que a sociedade, ainda que de forma rudimentar (pela constituição da família),
esteja estruturada e só é estruturada e ordenada quando o Direito regulamenta as condutas humanas.
Existe uma tensão científica entre Sociologia, sociologia do direito e ciência do direito. No ponto de vista
de Boris Barraud, as relações jurídicas funcionam apenas como uma expressão institucional das relações
reais entre indivíduos ou entre grupos e na perspectiva de Gurvitch, a Sociologia e o Direito não
convivem bem, os juristas limitam-se ao quid juris (qual é o direito) e os sociólogos interpretam o quid
facti (qual é o facto). Por fim, há quem faça distinção ao reconhecer que a sociologia Jurídica é mais
ampla do que a expressão sociologia do Direito. No entanto, segundo Jean Carbonnier são expressões
sinónimas.
Eugen Ehrlic defende que o direito é como um fenômeno social em que qualquer tipo de jurisprudência
pertence ao âmbito das ciências sociais, mas a ciência do direito faz parte da sociologia. No entanto,
existe um dilema na ciência do direito que diz respeito à jurisprudência e para Eugen Ehrlich a
jurisprudência, apesar de ser somente uma doutrina prática do direito, continua a ser única ciência do
direito o que significa que aquilo que ela ensina a respeito do direito e de condições jurídicas, não vai
além do que a doutrina prática pode fornecer. Também acabamos por ter um embate entre a regra do
agir humano e a regra de acordo com o que o juiz decide controvérsias jurídicas, pois quando o jurista
fala em direito, não pensa como é que as sociedades humanas agem na forma do direito, mas sim no
que importa no ato da aplicação da justiça. A consequência é que os homens vão percebendo que a
regra do agir humano é aquela que o tribunal quer e não como determina a lei, afinal de contas é no
tribunal que se resolvem as contendas de direito. Esta inversão das regras leva ao obscurantismo, ou
seja, uma oposição ao desenvolvimento, pois o que o tribunal determina como sendo indicado a agir,
passa a ser fonte exclusiva. Aqui há a formação de duas Escolas fundadas com o objetivo de não se
aceitar que o direito é aquilo que o Estado apresenta e ambas situavam o direito fora do Estado. A Escola
ius-naturalista procurava na natureza humana as respostas e a Escola histórica procurava através do
sentimento de justiça do povo que o mesmo acolhesse o direito consuetudinário. No entanto, ambas
fracassaram por causa da concepção vigente de que "o direito só é aquilo que o juiz utiliza para
administrar a justiça". O fracasso das escolas inspirou a formação da dogmática. Propõe-se a análise da
coação do direito, de modo a garantir as reivindicações e impor os deveres. Os juristas defendem que
todos os indivíduos cumprem com as suas obrigações com medo de serem obrigados a fazê-los pelos
tribunais. Ehrlich defende que o direito é uma ordem coatora estatal o que na percepção de Gierke,
admite quatro características: não é imanente ao conceito de direito que ele se origine no Estado; não é
inerente ao conceito de direito que ele forneça as bases para as decisões dos juízes ou de quaisquer
outras instituições governamentais; não é da essência do direito que fundamente a coação jurídica; o
direito é uma ordem. Das quatro características, somente a última é assertiva e confirmável pelo que
Ehrlich afirma que o direito é uma organização, ou seja, é uma regra que indica a cada membro desta
organização a sua posição, subordinação na comunidade e as suas tarefas.