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Ordens opressivas: as ordens opressivas são sistemas, estruturas ou práticas que exercem
opressão sobre determinados grupos na sociedade, temos como exemplos a prática de Hitler.
A eficácia por si só não é suficiente, sem considerar a carga axiológica do Direito, não seria
verdadeiramente uma ordem de Direito.
A comparação entre uma Ordem de Direito e a ordem política do Estado não é exata, por três
razões principais:
Isso significa que essas duas dimensões estão inter-relacionadas, estabelecendo uma conexão
entre duas realidades distintas. Além disso, argumenta-se que se todo o Direito fosse
exclusivamente estadual, o poder seria seu único fundamento, o que não é o caso. Destaca-se
que o poder político não é o alicerce do Direito, valores jurídicos transcendem a legalidade,
exigindo que uma ordem de Direito esteja inserida no universo da validade, indo além da
simples criação normativa do Estado.
c) Dimensão Normativa:
Normatividade material:
A axiologia que fundamenta a validade de uma Ordem Jurídica vai além do constituído, sendo
transpositiva, o que significa que transcende o plano do pré-objetivado. Nesse sentido, o
Direito é mais do que o que se objetiva em um momento específico.
O Direito é caracterizado como intenção, não objeto, pois sua normatividade expressa um
dever ser que transcende o ser atual, sendo um potencial ser que está em processo de
manifestação, ainda não totalmente atualizado.
o Direito, como ordem de validade, é reconhecido como tal quando nos percebemos
mutuamente como pessoas, não meros objetos de sua imperatividade. Os valores
desempenham um papel crucial no "Direito do Direito", sendo o alicerce de uma
ordem que, mesmo ao nos vincular e sancionar, reconhece, destaca e respeita a
autonomia ética de cada indivíduo.
A Ordem Jurídica torna-se uma ordem de Direito quando é fundamentada em valores éticos.
Esse fundamento legitima a obrigação que ela nos impõe.
Quando essa ordem jurídica demonstra uma validade que reconhece nossa condição como
pessoas, é percebida como uma ordem de Direito, e compreendemos seu significado ao nos
identificarmos com ele.
A ordem jurídica para que seja considerada como autêntica de Direito tem de ter uma
normatividade material vigente.
Diante disso, surge a indagação sobre a natureza desse ambiente e o papel que o Direito
desempenha nele.
• Sociedade Mecânica: Ocorre quando os indivíduos se associam com base no que têm
em comum, coordenando esforços para alcançar uma tarefa ou interesse
compartilhado.
• Sociedade Orgânica, ou sociedade por diferenciação, refere-se à especialização
profissional e à interdependência mútua resultante. Essa forma de sociedade,
predominante nas sociedades contemporâneas, destaca-se pela clara divisão social do
trabalho.
Na estrutura social, os indivíduos são posicionados por meio de estatutos e papéis inter-
relacionados.
Assim, nas relações sociais, o foco recai nos estatutos assumidos e nos papéis desempenhados.
Esses elementos estão em constante interação e projetam uma concordância de
correspondências mútuas.
Além disso, os valores atuam como um elemento crucial na coesão social, identificando o
consenso comunitário e desempenhando um papel fundamental na integração comunitária.
Uma sociedade não é apenas uma realidade integrativa; o consenso e o conflito são elementos
complementares na sua definição.
o Correlação conforme Hegel, representa uma pluri dependência em que minha situação
condiciona a do outro, e vice-versa, caracterizando uma mútua dependência
semelhante à interação de Max Weber. As relações de correlação surgem das
carências, e nesse contexto, interagimos uns com os outros por meio da mediação das
coisas. Essa explicação destaca a interdependência mútua que define a correlação
social.
o Convivência ocorre quando há um sentido real no uso do termo "nós". Esse "nós" é
afirmado quando existe um elemento comum que integra e supera as unidades
individuais, mantendo a singularidade de cada pessoa sem perder o sentido do eu. Em
resumo, a convivência implica na coexistência harmoniosa de identidades individuais
dentro de uma unidade compartilhada.
O Direito não pode eliminar todos os conflitos, já que nossa posição pessoal pode divergir
da posição social, e os papéis decorrentes de vários estatutos podem colidir. Considerando
a sociedade de forma estrutural, o Direito é o sub-sistema mobilizado para gerir esses
desafios.
Na relação entre o Direito e essas dimensões, o Direito atua como um articulador, sendo um
critério sobre interesses dentro de um contexto de poder. Ele sintetiza seletivamente valores,
julgando o mérito relativo dos interesses, exercendo uma função crítica sobre o poder.
Superestrutura: aspetos mais amplos que influenciam ou são influenciados por uma estrutura
legal, como a cultura, política e a economia.
Entretanto, essa racionalidade técnico-funcional não se afirma como exclusiva, visto que, os
interesses não podem ser avaliados apenas em termos de eficiência pragmática. É necessário
considerar a validade da satisfação desses interesses, incorporando as exigências constitutivas
da prática humana e da significação da vida. Com a pura racionalidade técnico-pragmática,
característica do economicismo que tende para a instauração de um horizonte humano
dominado pela ideia de performance.
A relação entre Direito e política existe, mas isso não implica uma identificação necessária
entre os dois, a nossa cultura é caracterizada por um tendencialmente indisfarçável
esvaziamento cultural. A identificação só ocorre se o homem desejar. Há divisão de opiniões
sobre esse ponto: alguns veem a política como a chave da salvação, enquanto outros a criticam
o poder puro e simples, defendendo o Estado de direito material. A questão permanece sujeita
à perspetiva e preferências individuais.
- Na época pré-moderna, o Direito natural opunha-se à política, usando os seus critérios para
avaliar as estratégias políticas, em um momento seguinte, o Direito identificou-se com a
legalidade, e os valores de igualdade, liberdade e segurança eram compartilhados entre o
jurídico e o político, essa coincidência acabaram quando a lei deixou de ser o estatuto
universal, transformando-se em instrumento político, perdendo seu papel filosófico na vivência
comunitária.
Contra as visões clássicas que retratavam o homem como teorético, acabado e contemplativo,
a perspetiva contemporânea destaca a personalidade, a historicidade e a transracionalidade da
transcendência do ser humano. Isso justifica a inclusão do jusnaturalismo. Ao circunscrever o
Direito no axiológico-cultural, concluímos que o Direito, embora envolva valores, não se reduz
a eles. Para ser eficaz, o Direito precisa ser também vigente, não se limitando nem ao
econômico, nem à política, nem ao axiológico-cultural. Ele representa uma dimensão
fundamental na humanização da realidade social, indo além dos elementos materiais
constitutivos da sociedade.
A positividade não se deve confundir com o positivismo, pois o positivismo identifica uma
degenerescência da positividade e a positividade não é antinómica da dimensão de dever-ser
do Direito contra o dualismo jusnaturalista, nós reconhecemos uma tensão constitutiva
fundamentante no próprio Direito positivo.
20-11-23. Outro dia
Epimerismo: o epimerismo refere-se a uma dimensão constitutiva de um discurso
pedagogicamente estruturado
Direito:
• Dizer que o Direito é uma instância critica significa que ele desempenha um papel de
avalização e analise critica em relação às normas, instituições e práticas socias.
A estabilidade das condições mundanal e antropológica contrasta com a condição ética, que se
baseia em uma auto-pressuposição axiológica, relacionada com a compreensão do homem
sobre si mesmo e sobre os outros.
Na Época Clássica Pré-moderna, o homem vivia em uma ordem pressuposta, sendo intérprete
dessa ordem. O Direito, nesse contexto, derivava da translegalidade da ordem natural,
desempenhando a função de explicitá-la declarativamente, refletindo a função humano-social
de esclarecer essa ordem pré-suposta.
Na Época Moderna, o homem era caracterizado pela dúvida universal e crítica radical,
adotando uma postura revolucionária. Esse homem moderno procurava repensar tudo a partir
do zero, ao absolutizar a sua liberdade racional. Na visão desse homem, a ordem político-
jurídica era resultado da deliberação humana. Ao contrário da época pré-moderna, em que a
ordem já estava instituída, agora o homem moderno constituía essa ordem, sendo sua vontade
instituinte criadora do Direito Ex Novo. O "Para Que" do Direito moderno era a universalização
da liberdade, instituindo uma legalidade que articulava as liberdades de forma universal.
Função integrante:
Subfunção de Tutela:
Em cada cultura, existem valores, bens jurídicos e interesses considerados intocáveis. O Direito
desempenha o papel de defini-los e sancionar comportamentos que os violem.
Essa subfunção é comparada a uma função de imunização, protegendo o sistema social contra
violações dessas exigências. Exemplos desta subfunção é o Direito Penal.
Subfunção de Garantia:
Essas funções são uma concretização do sentido do Direito, refletindo o efeito imanente da
Ordem Jurídica formalmente considerada.
A autonomia do Direito é crucial para assegurar que ele não seja um instrumento do programa
socioeconômico-político, e sim um regulador que assimila e realiza valores fundamentais,
como a vida, a validade dos meios para atingir os fins, a liberdade e a igualdade. Essa
assimilação, destaca a sua função positiva na sociedade, contribuindo para a afirmação e
realização desses valores na comunidade.
Esses princípios constituem uma intenção regulativa autêntica e são reconhecidos pelo
homem contemporâneo como fundamentais para a criação de qualquer ordem jurídica em
formação. Esses princípios não são estáticos, são dinâmicos e incorporam a intenção regulativa
necessária para a subsistência do sistema de juridicidade.
Em suma
- A função regulativa aponta o caminho para o Direito a constituir, porque nela vão pensados os
valores e princípios conformadores do sentido último da ideia do Direito.
Atualmente o Direito assume uma função de validade perante a política, destacando-se como
uma instância regulativa crítica. Como uma intenção regulativa, os princípios e valores do
Direito funcionam como critérios de validade e crítica para a convivência social e o poder
político. Em sociedades fragmentadas, o Direito é crucial como o último critério de validades
comunitárias que podem ser consideradas universais. Ao mobilizar valores universais e agir por
meio de instituições que os convocam, o Direito mantém uma dimensão axiológica e
desempenha uma função viabilizadora da comunicação intersubjetivamente significativa. Como
instância crítica, o Direito, mesmo sem o uso da força, atua como a má consciência do poder,
utilizando seus princípios para julgar a validade de diversas posições jurídicas.
O Direito e o Homem:
• Direito: o Direito encontrava o seu critério na trans legalidade da ordem natural e era,
portanto, uma mera instância de explicitação da ordem jurídica.
Época moderna:
Época moderno-iluminista:
• Homem: autonomia do homem (isto quer dizer que o homem que instituía a sua
própria ordem, que se dava a si mesmo a sua lei, que era legislador de si mesmo).
Jurista: o jurista, apesar de se centrar nas controvérsias de quid iuris, não poderia ignorar a
questão do quid ius.
Geralmente, usada para expressar a questão essencial ou o ponto central relacionado a uma
situação jurídica.
A função regulativa, aponta o caminho para o Direito a constituir, porque nela vão pensados os
valores e princípios conformadores do sentido último, da ideia do Direito.
27-11-23
Positivismo Jurídico no Século XIX:
Na época pré-positivista, o Direito era entendido como um problema prático e uma construção
contínua no contexto da resolução de problemas jurídicos relevantes, integrando o domínio da
filosofia prática. Contudo, o positivismo separou o Direito do pensamento jurídico, dualizando
a compreensão, pois, enquanto o Direito continuava a ser uma tarefa prática, o pensamento
jurídico adquiriu um caráter teórico.
Os juristas romanos alegavam não criar o Direito, mas sim revelá-lo, destacando a ideia de que
sua função era interpretar e aplicar as normas existentes de maneira apropriada às
circunstâncias.
A interpretação desses textos era guiada pelo método escolástico, uma dialética problemática
que começava com a apresentação da questão, tomava uma posição provisória, discutia essa
posição usando textos de autoridades para chegar a uma conclusão.
O pensamento jurídico medieval lia o Direito nesses textos, mas não afirmava que o Direito
fosse constituído exclusivamente por eles, diferenciando-se assim do positivismo anterior. Na
época medieval, o texto era considerado uma manifestação de algo além dele: os valores
fundamentais da filosofia prática da época. Estes princípios identificavam a dimensão
autenticamente constitutiva do Direito medieval.
Época Moderna:
O positivismo introduziu uma nova conceção, rompendo com a imposição das coisas e
atribuindo a constituição do Direito à vontade política do poder legislativo. Apesar de
continuar identificando o Direito com a lei, essa relação já não se confunde com a lei
moderno-iluminista, marcando assim uma mudança significativa no entendimento do Direito.
Fatores Determinantes do Positivismo Jurídico:
2. Fator Antropológico:
➢ Racionalismo:
➢ Historicismo:
O modelo que emergiu para resolver o desafio de construir um sistema político-social baseado
na vontade racional do homem foi o contrato social.
- O contrato social representa uma vinculação das liberdades, onde os indivíduos afirmam suas
liberdades e buscam gerir interesses comuns. O contratualismo, assim, torna-se o fator
político-jurídico determinante do pensamento moderno iluminista.
Nasce a ideia de que o Direito tem origem no contrato social, sendo apenas aquilo que este
determina. O Direito é o estatuto de coordenação das liberdades individuais, com regras de
convivência que são leis gerais, abstratas e formais, produto do acordo constitutivo da
sociedade.
Durante o século XIX, o Estado enfrentou tensões entre liberdade e igualdade, resolvidas por
uma transação que destaca os direitos fundamentais no liberalismo e a participação de todos
na formação da vontade geral na democracia. Os ingleses foram campeões do pensamento
liberal, enfatizando a praticidade, enquanto os franceses, defensores da democracia, estavam
comprometidos com o racionalismo moderno-iluminista.
O positivismo jurídico passou a ver o jurista como alguém que não colabora na constituição,
mas apenas conhece o Direito. Para o pensamento positivista, o Direito era dado nas leis,
criadas antes para serem aplicadas depois, assim, separou-se o momento da criação do
momento da aplicação do Direito, com o poder legislativo monopolizando a criação e o jurista
competindo na aplicação.
Escola Histórica:
A Escola Histórica considerava o Direito como algo pressuposto, não pelo poder, o que
contribuiu para sua ligação com a ascensão do positivismo. Para essa escola, o Direito era
pressuposto porque se manifestava na história de cada povo como uma sedimentação cultural
específica.
A ciência do Direito, segundo a Escola Histórica, envolvia três dimensões: histórica, estrutural e
prático-normativa. Savigny enfatizou a dimensão prática do direito, aplicando imediata de
acordo com as necessidades do tempo. Quanto às fontes do Direito, a Escola considerava o
espírito do povo como a fonte primária, com legislação, costume e ciência do Direito sendo
fontes secundárias.
A nobre tarefa do legislador, segundo a Escola Histórica, era interpretar o espírito do povo.
Recapitulando, para esta escola, o Direito era um pressuposto objetivo a ser pesquisado na
história cultural, caracterizando-se por uma ciência que resultava em um sistema
dogmaticamente estruturado e se concretizava na aplicação racional desse Direito pressuposto.
Positivismo Epistemológico na Emergência do Positivismo Jurídico:
Em resumo:
• Estado de Direito de legalidade formal: este Estado de Direito significa que a ação do
governo e dos seus agentes deve estar estritamente em conformidade com a lei.
a) Princípio da Separação de Poderes:
Associado a Montesquieu e Locke, visa garantir a defesa da liberdade por meio da moderação
do poder.
O poder judicial, apesar de não representar ninguém, aplicava as ordens dos outros poderes.
Inicialmente concebida para evitar o despotismo, a separação de poderes evoluiu, com o
legislativo tornando-se supremo devido à ênfase democrática.
Os poderes executivo e judicial devem agir em conformidade com o que é prescrito pela lei. A
lei, neste contexto, representa a expressão geral da vontade da maioria na sociedade.
Procuram garantir que os juízes não recebam ordens externas ao decidir casos concretos. A
neutralidade, formalidade e imutabilidade das sentenças são almejadas pela estrita aplicação
lógico-dedutiva de uma legalidade geral e abstrata, assegurando a igualdade.
Em resumo:
O Direito, nesse contexto, era considerado uma expressão pré-escrita que o jurista deveria
conhecer e interpretar de acordo com as regras da exegese gramatical. A interpretação
procurava extrair apenas o sentido semanticamente comunicado pelo texto normativo.
Em resumo:
04-12-23
Positivismo: o positivismo (mais especificamente jurídico) é uma abordagem que considera o
Direito como um fenómeno social, desvinculando de considerações morais ou éticas.
O positivismo tinha como fundo o intelectualismo científico, que referia as realidades culturais
a um paradigma: o das ciências da natureza, ou ciências experimentais, ou ainda ciências
empirico-analiticas.
Ius:
O ius não é um fenómeno isolado, ou seja, reflete-se sempre sobre o contexto histórico-
cultural e político-social em que se manifesta.
EX: Eficácia das leis, eficiência do sistema judicial, interpretação consistente das normas legais
e á resolução prática de casos específicos.
“É que os problemas práticos são diferentes dos problemas técnicos: se este tem a ver com o
saber fazer, aqueles preocupam-se com o reto agir, pelo que enquanto os primeiros implicam
uma relação meio fim, visando a eficiência, os segundos pressupõem uma validade, que se
projeta numa relação de fundamento a consequência.” – afirmação retirada do livro “Lições
de Introdução ao Direito” de Fernando Bronze.
Superação do Positivismo:
No final do século XIX, o cientismo enfrentou uma crise, reconhecendo-se que a ciência não
resolvia todos os problemas humanos, especialmente os existenciais e práticos. Os problemas
práticos, ligados ao agir ético, escapavam à abordagem das ciências empírico-analíticas, que
eram eficazes para questões técnicas. Surgiu um novo panorama epistemológico com a
valorização de ciências históricas, culturais e hermenêuticas, refletindo a complexidade da
realidade humana. O homem deixou de ser meramente um objeto de análise para ser
considerado como uma pessoa concreta inserida na história. Além da racionalidade lógico-
abstrata, outras dimensões mais alinhadas com a prática foram reconhecidas.
O discurso epistemológico do positivismo era limitado às ciências naturais, operando com um
empirismo-naturalista e uma lógica analítica e empiricamente verificável. Contudo, essa
abordagem excluía o significativo no âmbito humano. Surgiram as ciências do espírito e da
cultura como uma oposição às ciências físico-naturais, ampliando o escopo da investigação.
b) fatores políticos-sociais
Surgimento do Estado Social ou Estado Providência como resposta a essas necessidades, para
resolver carências e problemas humanos. No entanto, a crise atual desse modelo decorre de
seus defeitos perversos, como a diminuição da responsabilidade individual e a potencial
opressão política e despersonalização ética.
2. Fatores Jurídico
Surge a ideia de uma autêntica juridicidade materialmente densificada, rompendo com a visão
positivista de que o Direito era separado de seu conteúdo.
Exemplos dessa mudança incluem artigos específicos do Código Civil, como os artigos 473°,
405° e 406°. Esses artigos refletem a evolução em direção a uma compreensão mais substancial
e material do Direito.
Atualmente, a igualdade não se limita à igualdade perante a lei de forma abstrata. O Direito-
Lei, que é geral e abstrato para os casos previstos, é criticado por duas razões: os casos podem
ser abstratamente iguais, mas concretamente diferentes, e a lei prescreve um critério para
casos selecionados por ela mesma.
Síntese:
- O Direito não se resume à lei; existe uma juridicidade trans-legal baseada em princípios
normativos e jurídicos que fundamentam e devem ser respeitados pela legalidade.
Amplitude da Normatividade:
- O campo da normatividade jurídica vai além da legalidade positiva; lacunas são evidentes.
- A norma legal serve como critério orientador, mas é transcendida pelos princípios
fundamentais que a embasam.
Distinção Fundamental:
- Reitera que Direito e Lei não são sinônimos, destacando a complexidade da relação entre
normatividade jurídica e realidade jurídica.
- A igualdade material exige que a lei seja apenas um meio para alcançar a igualdade, não
sendo seu critério definitivo. Surge uma distinção entre uma igualdade prático-normativa
perante o Direito e uma igualdade teorético-lógica pré-escrita perante a lei.
Resumo:
- A lei não engloba todo o Direito; o Direito é resultante de sua realização concreta.
- O Direito atual demanda uma legitimidade além da prescrita pelo poder legislativo, sendo os
tribunais os responsáveis por mobilizar esse referente de legitimação.
- A metodologia jurídica não é mais apenas uma exegese aplicadora; agora, é também uma
tarefa normativamente constitutiva, requerendo que o decidente reflita sobre o sentido do
Direito para realizar sua aplicação concreta.