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Estratégia Local de Habitação

Município de Faro
2018-2025
ÍNDICE

1 - Introdução

2 – Evolução do concelho
a) Território
b) População
c) Caracterização sócio económica da população
d) Dinâmica económica recente
e) Alojamento Local
f) Parque habitacional
g) Mercado imobiliário
h) Áreas de Reabilitação Urbana
i) Universidade do Algarve
j) Apreciação global

3 – Habitação social no concelho de Faro


a) Histórico
b) Habitação social existente
i. Rendas
ii. Programa de manutenção da habitação social de Faro
iii. Alienação de imóveis
c) Necessidades de habitação identificadas

4 – Linhas de acção

5 - Financiamento

6 – Cronograma de execução

7 – Nota final

1
1 – Introdução

O concelho de Faro apresenta um conjunto de características, e uma dinâmica, muito


particulares, no que respeita ao seu parque habitacional.

Por um lado, no que respeita ao Parque Habitacional do Município, destinado a habitação social
ou de emergência, não existe nova oferta desde finais de 1990, ou seja, há cerca de 28 anos.

Em 2006 foi disponibilizada habitação a custos controlados aos Munícipes do concelho.

Quanto ao investimento privado no sector da construção, o mesmo estagnou há quase uma


década, como consequência da forte crise financeira internacional que teve um impacto
significativo no nosso país, nomeadamente nos sectores da construção e imobiliário.

Assim, não se investiu na habitação municipal, em grande parte devido às dificuldades


financeiras que a Autarquia atravessou na última década, que levaram, inclusive, à integração em
programa de assistência financeira (PAEL – Programa de Apoio à Economia Local), que vigorou
entre abril/14 e março/17, e ditou duras regras de funcionamento. Por outro lado, o sector
privado também não investiu na construção de novos fogos, como fruto da crise que teve efeitos
ao nível da falta de liquidez na economia, taxas de juro elevadas nos empréstimos à habitação e
falta de confiança dos investidores e consumidores, travando investimento e consumo.

Hoje, o cenário alterou-se. A conjuntura nacional e internacional, favorecem o consumo e o


investimento e a autarquia encontra-se liberta do espartilho do PAEL, permitindo-lhe uma gestão
equilibrada das suas finanças e a liberdade para decidir onde investir, de acordo com as
prioridades e necessidade dos munícipes farense.

E, ao nível estrutural, Faro reúne um conjunto de equipamentos e características que tornam o


concelho único no quadro nacional. Equipamentos como o aeroporto de Faro, o porto comercial,
infra-estruturas ferroviárias e rodoviárias, a Universidade do Algarve - importante polo de
criação e captação de know-how, hospitais públicos e privados, teatros, espaços comerciais de
dimensão, uma oferta de alojamento e restauração diversificado e de qualidade, a Ria Formosa e
as ilhas barreira, todo o património natural e cultural, entre outros, fazem de Faro um concelho
cada vez mais atractivo para população e investidores.

Esta realidade coloca-nos, hoje, perante a necessidade de (re)pensar a política municipal de


habitação. Temos pela frente um futuro em que a cidade crescerá no número de habitantes e
atrairá cada vez mais investidores e trabalhadores de diversos sectores de actividades,
nomeadamente sectores de ponta, que pretendem estabelecer-se no nosso concelho.

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Neste quadro, o Município intervirá ao nível da habitação e da reabilitação, de olhos postos na
melhoria da qualidade de vida da população, ciente do papel que assume enquanto agente de
proximidade.

A habitação é um aspeto fundamental para a coesão social e territorial, bem como para a
competitividade dos territórios.

Nesse sentido, identificamos a necessidade do concelho disponibilizar mais habitação para


arrendamento ou aquisição, como forma de dar resposta à necessidade de mobilidade e fixação
das populações.

Importa criar condições para satisfazer os locais, os estudantes e quem procura fixar-se no
concelho para trabalhar.

Associado à construção e revitalização urbana, deve continuar o trabalho de acompanhamento


social, realizado pelos serviços da Autarquia, que visam diminuir os fenómenos de segregação e
aumentar a integração.

Faro que ser cada vez mais atractivo, mas também coeso e integrador.

A publicação, por parte do Governo, do DL 37/2018 (1º Direito – Programa de Apoio ao Acesso à
Habitação), a 4 de junho de 2018, constituiu-se como um instrumento que poderá ser utilizado
pelo Município, no âmbito da sua Estratégia de Local de Habitação e constituir-se-á como um
instrumento de trabalho da Autarquia.

O referido diploma contempla soluções para o apoio às autarquias na criação de alojamento para
pessoas que não dispõem de capacidade financeira para suportar os custos de acesso à
habitação.

Assim, a presente estratégia contempla um conjunto de soluções habitacionais alinhadas com as


necessidades existentes no concelho, nomeadamente associadas a falta de habitação adequada,
ou para resposta a núcleos degradados ou precários existentes.

Também a habitação a custos controlados consta da presente estratégia, com o objectivo de


proporcionar habitação a indivíduos e famílias jovens, fixando-os no concelho.

As soluções apresentadas serão dispersas por zonas habitacionais existentes, garantindo a sua
diversidade social.

A autopromoção de soluções, em linha com o previsto na Lei, merecerá a atenção da Autarquia,


que assumirá o seu papel, nos termos da mesma.

Este documento irá acompanhar a dinâmica da sociedade e das suas necessidades, pelo que será
um documento dinâmico, sujeito a actualizações, sempre que tal se revele necessário.

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A estratégia agora apresentada é, pois, uma estratégia que pretende torna Faro cada vez mais
atractivo e competitivo, no âmbito nacional, mas também torna-lo coeso e integrador, do ponto
de vista social, disponibilizando oportunidades para todos.

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2 – Evolução do concelho
a) Território
O concelho de Faro situa-se na zona do sotavento, a Sul da Região do Algarve (NUTS II Algarve),
que se encontra contornada a Sul e a Oeste pelo Oceano Atlântico. O concelho de Faro tem
contiguidade a Norte com o concelho de S. Brás de Alportel, a Oeste com o de Loulé, a Este com
o de Olhão e a Sul com a Ria Formosa. É atravessado por um troço da Via do Infante (A22) e pela
Estrada Nacional 125, que constituem as principais vias interregionais estruturantes da região.

O concelho de Faro, com uma área de 202,57 km2, conforme decorre da nova delimitação
administrativa entre Loulé e Faro fixada pela Lei 61/2012, de 05 de dezembro, representa
aproximadamente 4% da área total da região do Algarve, e tem uma população residente que
representa 14,1% da população residente no Algarve. O concelho agrega 4 freguesias: União das
freguesias de Faro (Sé e S. Pedro) e Montenegro, que são consideradas áreas
predominantemente urbanas; União das freguesias da Conceição e Estoi e Santa Bárbara de
Nexe, que são consideradas áreas predominantemente rurais.

b) População
De acordo com os Censos de 2011 – resultados definitivos, o concelho de Faro apresenta uma
densidade populacional de 318,74 habitantes/Km2, tendo, à data do levantamento censitário,
uma população residente de 64.560 habitantes que apresentava a seguinte distribuição por
freguesia: 44. 119 habitantes na União das freguesias de Faro (Sé e S. Pedro); 8.149 habitantes
na freguesia de Montenegro; 4.116 habitantes na freguesia de Santa Bárbara de Nexe e 8.176
habitantes na União das freguesias da Conceição e Estoi.
Os dados sobre a população disponíveis para as freguesias permitem verificar que foi na
freguesia do Montenegro que se verificou o maior dinamismo demográfico do concelho no
último decénio. Neste período, as freguesias que integram o “Sistema Urbano de Faro” (União
das freguesias de Faro e Montenegro), apresentaram um crescimento demográfico de 5.625
habitantes, passando de 46.643 para 52.268 habitantes, sendo de destacar que este valor
correspondia a 80,96% da população do concelho, em 2011.
Os restantes 12.292 residentes distribuíam-se pelas freguesias rurais, com valores de população
relativamente equivalentes.
Dos dados referentes às duas freguesias que integram o “Sistema Urbano de Faro” destacam-se
os seguintes aspetos:
- O contínuo crescimento demográfico na União de freguesias de Faro entre 1991 e 2011;
- O grande crescimento da freguesia de Montenegro, aumentando 2.813 residentes, entre 2001
e 2011.

5
Há, ainda, a referir o consecutivo decréscimo populacional registado, no período em análise, pela
freguesia de Santa Bárbara de Nexe. O que denota, nas duas últimas décadas, uma fraca
capacidade desta freguesia para fixar população.
No período que se seguiu ao último levantamento censitário (2011) notou-se uma descida
relativa na maioria dos indicadores demográficos concelhios, tendo os mesmos,
maioritariamente, recuperado estabilidade em 2014 e uma franca tendência de subida no ano de
2016, conforme se pode verificar pela leitura do quadro seguinte.

Quadro 1 – Evolução dos Indicadores Demográficos do concelho de Faro


Faro Algarve Portugal
Indicadores Demográficos Unidade
2001 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2016 2016
Taxa de crescimento efetivo % - 0,08 -1,42 -1,55 -0,87 -0,32 0,09 -0,10 -0,31
Taxa de crescimento natural % - 0,13 0,03 -0,15 -0,75 -0,06 -0,05 -0,24 -0,23
Taxa de crescimento migratório % - - -1,45 -1,40 -0,02 -0,26 0,14 0,13 -0,08
Taxa bruta de natalidade ‰ 11,0 10,7 10,0 8,6 9,5 9,9 10,9 9,5 8,4
Taxa bruta de mortalidade ‰ 9,9 9,2 9,7 10,2 10,3 10,5 11,4 11,8 10,7
Taxa bruta de nupcialidade ‰ 5,0 4,8 5,1 4,5 4,3 3,7 3,0 3,9 3,1
Taxa de fecundidade geral ‰ 41,0 43,8 41,7 37,3 41,7 43,8 48,6 41,7 37,1
Taxa bruta de divórcio ‰ 2,8 2,7 3,3 2,6 2,6 2,7 2,6 2,1 2,2
Índice de longevidade N.º 43,1 48,8 47,3 47,1 47,2 46,9 46,6 50,2 48,7
Índice de envelhecimento N.º 106,4 126,0 123,0 127,9 132,0 135,5 136,3 140,1 150,9
Índice de dependência de idosos N.º 22,7 27,6 28,4 29,9 31,0 31,9 32,9 33,1 32,5
Relação de masculinidade N.º 93,6 91,8 91,2 91,5 91,3 90,4 90,4 91,8 90,0
Nados vivos N.º 635 689 626 542 587 607 665 4.175 87.126
Óbitos N.º 576 597 607 636 634 643 697 5.214 110.535
Fonte: INE, I.P., Estimativas Provisórias da População Residente dos Anuários Estatísticos da Região Algarve 2012 a 2016

Em termos de estrutura etária e no que respeita aos três grandes grupos etários da população -
Crianças e Jovens (até aos 14 anos), População Ativa (15-64 anos) e População Idosa (com idade
igual ou superior a 65 anos), verificam-se algumas diferenças na sua distribuição ao longo do
território. As freguesias que apresentam maior percentagem de população jovem são as
freguesias urbanas, da faixa sul e litoral do concelho, e a União das freguesias de Conceição e
Estoi (com 14,3% de população jovem). O mesmo acontece com a percentagem da população
ativa. Já com o grupo de população idosa sucede o contrário, as freguesias com maior
percentagem de população deste grupo são as duas do interior do concelho, Santa Bárbara de
Nexe e a União das freguesias de Conceição e Estoi, que se inserem já na faixa do barrocal, e que
revelam maior tendência de envelhecimento.
A freguesia de Santa Bárbara de Nexe apresenta a maior percentagem de população idosa
(27,6%), dados que são consentâneos com o facto de esta freguesia ter, nos últimos 20 anos,
perdido população residente, conforme já se referiu.

6
c) Caraterização sócio económica da população

Para caraterizar o nível de vida no município de Faro, recorreu-se a dois tipos de dados. Um
primeiro, baseado no montante do ganho médio mensal dos indivíduos. Um segundo, baseado
no seu poder de compra que, por si só, constitui um indicador compósito e não deve ser
confundido com qualquer uma das variáveis a que corresponda um âmbito concetual bem
delimitado, como sejam o rendimento ou o consumo das famílias.

Verifica-se uma preponderância do poder de compra da população residente em Faro


relativamente à região algarvia. Para tal contribuirá a concentração do emprego qualificado no
concelho de Faro, decorrente da elevada presença de serviços desconcentrados da
Administração Central, de equipamentos com influência regional, como a Universidade e o
aeroporto, e de empresas especializadas atraídas pela proximidade dos serviços administrativos
e equipamentos de hierarquia superior dos quais dependam para o exercício das suas atividades.

No ano de 2015, os trabalhadores por conta de outrem, no concelho de Faro, auferiam uma
média mensal de 1.082,97€, superior à média mensal da região de 926,13€, o que corrobora a
superioridade do nível de vida registado no parágrafo anterior. Este valor foi superior em 38,7%
ao observado no ano de 2000.

O concelho de Faro em 2015, com um valor de 132,1 (Portugal assume o valor de referencia
100), ocupava a sexta posição no ranking nacional do indicador per capita do Poder de compra
concelhio, apenas ultrapassado, por ordem decrescente, pelos concelhos de Lisboa, Porto,
Oeiras, São João da Madeira e Sines.

d) Dinâmica económica recente


A economia algarvia assenta em três sectores chave: o turismo (que integra o alojamento e a
restauração), a construção civil e o comércio por grosso e retalho.
Numa análise ao concelho de Faro, comparando a evolução dos dados do ano de 2011 para o
ano de 2016, verificamos que, em 2011 se localizavam no concelho um total de 8.7521 empresas,
2.529 sociedades e 9.458 estabelecimentos, os quais representavam 15% do número de
empresas, 14,3% do número de sociedades e 15,3% do número de estabelecimentos existentes
no Algarve. E no ano de 2016, o concelho de Faro tinha 9.202 empresas (+450), 2.623 sociedades
e 9.888 estabelecimentos, o que representa uma variação de 5,1 % em empresas, de 3,7 % em
sociedades e de 4,5% em estabelecimentos.

De uma forma geral denota-se claramente, a superioridade dos indicadores do concelho de Faro
relativamente à média da Região no que concerne à densidade de empresas, volume de
negócios, concentração do volume de negócios das 4 maiores empresas e concentração do valor

1
III.3.5 - Empresas por município da sede, segundo a CAE-Rev.3, 2010 - Anuário estatístico da região Algarve 2011
7
acrescentado bruto das 4 maiores empresas. O que corrobora o dinamismo económico da capital
de distrito.

As empresas existentes no concelho de Faro tinham em 2016 a seguinte distribuição sectorial:


sector primário 793 empresas; sector secundário com 893 empresas e o sector terciário com
7.516 empresas. O que demonstra a inquestionável terciarização da base económica do
concelho, sem dúvida relacionada com a sua vocação administrativa e a sua capitalidade em
torno de funções especializadas apoiadas em equipamentos e infraestruturas de âmbito regional.

As empresas sedeadas no concelho de Faro possuíam, em 2015, na sua totalidade, menos de 250
trabalhadores e 96,6% possuíam menos de 10 trabalhadores, apresentando uma média de 2,4
pessoas/empresa. Na sua totalidade o tecido empresarial concelhio tinha ao seu serviço 20.927
pessoas, distribuídas pelos sectores de atividade da seguinte forma: 1.559 no sector primário;
3.211 no sector secundário e 16.151 no sector terciário, o que representa, no total, 14,29% dos
trabalhadores ao serviço das empresas no Algarve. O volume de negócios da região Algarvia
cifra-se em 7.078.447 milhares de euros, enquanto o volume de negócios em Faro é de
1.281.014 milhares de euros e apresentam um VAB2 de 369.610 milhares de euros.

Os sectores agroalimentares e da aquicultura têm vindo a assumir um lugar de destaque na


região, tendo uma importância relevante na medida em que estimulam a reconversão das
atividades conexas da agricultura, da silvicultura e das pescas. O sector da aquicultura dispõe de
condições edafoclimáticas favoráveis na região e tem vindo a expandir-se, nomeadamente nas
culturas marinhas de bivalves, as quais representam cerca de 70% da produção nacional3.
O sector agrícola é bastante dinâmico no concelho de Faro, competitivo e especializado na
produção intensiva de produtos hortícolas e hortofrutícolas, em regime de forçagem e
semiforçagem, sobretudo no sul do concelho – zona da campina – onde também se verifica uma
forte pressão urbanística. Paralelamente a esta realidade, existe uma agricultura de subsistência
com culturas de cereais, leguminosas, batata, olival, frutos secos e prados temporários, que
ocupando 2.179 ha da superfície agrícola utilizável em 1999 passou para 1.911 ha em 2009.
As explorações agrícolas ocupavam em 2009 cerca de 27% de superfície do concelho de Faro.
No que concerne à superfície de matos e florestas, o concelho de Faro possuía 375 ha em 1999,
passando para 472 ha em 2009, o que traduz o reduzido significado da produção florestal.
Apesar da posição geográfica estratégica que Faro detém para o desenvolvimento económico,
dada a sua ligação ao mar e ao barrocal é de notar que a produção florestal não é tão relevante
como em outros concelhos do interior algarvio.
A produção pecuária no concelho é reduzida, sendo maioritariamente para autoconsumo.

2
Valor Acrescentado Bruto
3
CCDR-Alg (2006) Estratégia de Desenvolvimento do Algarve 2007-2013
8
O sector das pescas tem uma representatividade significativa a nível regional ascendendo entre
2012 e 2014, de acordo com dados da DocaPesca4, a 17% do volume de pesca do país. Porém,
Faro constitui o segundo concelho da região com menor volume de pesca, tendo, no mesmo
período, apresentado um volume de pescas insignificante de aproximadamente 0,005t.

No ano de 2011, no concelho de Faro existiam 259 empresas das indústrias transformadoras,
correspondendo a 13,10 % do total na região do Algarve e no ano de 2015, existiam 218
empresas correspondendo a 12,24% do total da região do Algarve. Naquele ano, a indústria
transformadora tinha ao seu serviço 648 pessoas, gerando um volume de negócio de 28.091
milhares de euros e contribuindo para o VAB concelhio com 9.192 milhares de euros.

Destaca-se a indústria extrativa, com alguma tradição no concelho, designadamente na


localidade da Bordeira, na freguesia de Santa Bárbara de Nexe.

O sector terciário é, como já se referiu, o mais importante do concelho e, sem dúvida, aquele que
lhe confere o estatuto e visibilidade que possui como centro funcional polarizador a nível
regional. Para tanto, muito contribuem os serviços administrativos de âmbito regional, a
administração desconcentrada do Estado, o hospital distrital, o aeroporto e a Universidade que
se encontram sediados no concelho.

A capitalidade de Faro revela-se com grande intensidade no domínio da oferta de serviços não só
públicos com também privados. Ilustrativo dessa importância é o facto de cerca de um quarto do
volume de negócios gerado nestes subsectores, no Algarve, ter origem no concelho de Faro.

Um dos exemplos de serviço público, é a Universidade do Algarve, que tem contribuído para a
dinâmica económica do concelho e da Região, através da sua afirmação em termos formativos e
na área da investigação, tal como o aeroporto que facilita a ligação com os principais destinos
europeus.
No concelho de Faro, o sector do comércio é o que mais contribui para o VAB regional e
simultaneamente aquele que gera mais emprego. Este sector tem evidenciado uma forte
dinâmica na região, quer pelo número de sociedades criadas quer pelas características do
próprio comércio que se tem, gradualmente, afastado do modelo do comércio tradicional, onde
as estruturas de muito pequena dimensão são predominantes. De facto, têm surgido na região
novas formas comerciais, com destaque para as grandes superfícies e a implantação de cadeias
especializadas organizadas sob a forma de franchising. Apenas as empresas de maior dimensão
introduzem o fator inovação nos seus processos, enquanto as de menor dimensão apostam na
introdução de novos produtos.

No que toca ao sector do turismo, refiram-se as potencialidades excecionais da região para que o
turismo se assuma como referência internacional em termos de qualidade.

4
DOCAPESCA, Portos e Lotas SA (2012) Relatório e Contas 2012
9
O concelho de Faro, à semelhança do que sucede com os outros concelhos cuja orla marítima
coincide exclusivamente com o Parque Natural da Ria Formosa não registou um crescimento
turístico equiparável ao de outros concelhos da faixa litoral central do Algarve. Tal deveu-se ao
facto de, por um lado o produto turístico oferecido pelo destino Algarve se ter centrado quase
exclusivamente no produto sol/praia e pelo facto de nestes concelhos o acesso às praias se
encontrar dificultado pela interposição da Ria Formosa. O serviço de transporte fluvial para
acesso às praias só recentemente apresentou uma melhoria considerável.

Existiam, em 2011, no concelho de Faro um total de 22 estabelecimentos hoteleiros, o que


representava 3,9% da oferta total da região. Para além disso, o concelho de Faro apresentava
uma capacidade de alojamento na ordem de 2.329 camas, as quais permitiram gerar um volume
de dormidas totais de 276.842, o que correspondeu de 142.732 hóspedes, ou seja, 4,7% do total
verificado na região. Em 2016 verificou-se um aumento da oferta, com o número de
estabelecimentos hoteleiros a aumentar, correspondendo a 4,6% da oferta total da região. De
acordo com os resultados do Inquérito à Permanência de Hóspedes na Hotelaria e Outros
Alojamentos, em 2016, no concelho de Faro estavam em atividade 29 estabelecimentos de
alojamento turístico, com uma capacidade de 2.395 camas. A Hotelaria (HOT) representava
51,72% da capacidade de alojamento, seguindo-se o Alojamento local (AL, 41,38%) e o Turismo
no Espaço rural e Turismo de habitação (TERTH, 6,9%).

De um modo geral, os indicadores de emprego, pela sua natureza, estão intimamente ligados aos
indicadores da economia e das empresas. Assim sucede para o caso da Região do Algarve e do
próprio concelho de Faro. Em 2015, acompanhando a tendência dos indicadores já tratados no
ponto anterior, 84,7% da população empregada por conta de outrem estava concentrada no
sector terciário; enquanto, 12,5% se dedicava ao sector secundário e apenas 2,89% ao primário.

Gráfico 1 - Trabalhadores por conta de outrem em serviço dos estabelecimentos do concelho por sector de
Atividade (2005, 2009, 2011, 2013, 2014 e 2015)

100%

80%

60%

40%

20%

0%
2005 2009 2011 2013 2014 2015 2005 2009 2011 2013 2014 2015 2005 2009 2011 2013 2014 2015
Primário Secundário Terciário
Algarve Concelho de Faro

Fonte: INE - Anuários Estatísticos da Região Algarve 2006, 2011, 2012 a 2016

10
No concelho de Faro e no período comparativo em análise (2005-2015), registou-se um
acréscimo de trabalhadores por conta de outrem no sector primário (+0,8%), sendo que no
secundário se verificou um decréscimo (-3,5%) relativamente à percentagem anterior. Pelo
contrário, no sector terciário verificou-se um aumento de (2,7%).

Ao nível do concelho, são as freguesias urbanas as que apresentam uma dinâmica de


terciarização mais acentuada. A União das freguesias de Faro (Sé e São Pedro) e Montenegro
tinham mais de 86% da população ativa empregada no sector terciário. O sector secundário é
mais representativo nas freguesias de Santa Bárbara de Nexe, União das freguesias da Conceição
e Estoi, freguesias fora do perímetro urbano, com um peso de 23,14%, e 20,85% respetivamente.

Em 1991, 2001 e 2011, o concelho de Faro apresentou uma taxa de desemprego de 4,7%, 5,6% e
13,24% respetivamente, valores inferiores ao da região. No período intercensitário em análise, a
taxa de desemprego no concelho teve um acréscimo de 0,9% (91-01) e 7,6% (01-11) variações
inferiores à média regional.

Gráfico 2 - Evolução do n.º de desempregados de 2011 a 2017


40 000

35 000

30 000

25 000

20 000

15 000

10 000

5 000

0
01/2011

03/2011

05/2011

07/2011

09/2011

11/2011

01/2012

03/2012

05/2012

07/2012

09/2012

11/2012

01/2013

03/2013

05/2013

07/2013

09/2013

11/2013

01/2014

03/2014

05/2014

07/2014

09/2014

11/2014

01/2015

03/2015

05/2015

07/2015

09/2015

11/2015

01/2016

03/2016

05/2016

07/2016

09/2016

11/2016

01/2017

03/2017

05/2017

07/2017

09/2017

11/2017

Algarve Faro

Fonte: IEFP, mercado de emprego, concelhos: estatísticas mensais 2011 a 2017

No entanto, para o período 2011-2017, conforme podemos verificar pela leitura do gráfico
relativo à evolução do número de desempregados registados nos serviços de emprego da região,
o desemprego no concelho de Faro apresenta uma tendência de descida atingindo o seu valor
mais baixo no verão de 2017.

e) Alojamento Local
A tendência de aumento de alojamentos locais (AL) no concelho tem vindo a verificar-se
anualmente. Entre 2014 e 2015 esse aumento teve maior expressão justificando-se com a
entrada em vigor, a 27 de novembro de 2014, da nova legislação aplicada a este tipo de

11
alojamento para turistas, Decreto-lei nº. 128/2014 de 29 agosto alterado pelo decreto-lei nº.
63/2015 de 23 abril.
O concelho de Faro tinha, em 31 de março de 2018, uma oferta de 322 alojamentos locais com
1.022 quartos, 1.725 camas e capacidade para 2.348 pessoas.
Como poderemos ver pelo gráfico seguinte, o nº de alojamentos cresceu quase 6 vezes, num
período de 4 anos.
Os valores de alojamento local em Faro são, ainda assim, bastante inferiores à média regional.

Gráfico 3 - Evolução do alojamento local no concelho entre 2013 e março de 2018

Evolução alojamento local no concelho entre 2013 e março 2018


nº. de alojamentos Nº de quartos Nº. de camas Capacidade

2185 2348

1515

1195 1622
1725
799 1088
706 837
567 945
509 655 1022
317 508
290 291
64 130 195 322
56
2013 2014 2015 2016 2017 31 de março 2018

f) Parque habitacional

Tendo como referência os dados dos últimos Censos (2011) – Resultados Definitivos e Cálculos,
expressos no quadro seguinte, observa-se que no concelho de Faro existia, em 2011, um total de
17.257 edifícios e 37.975 alojamentos, o que representa sensivelmente 8,7% do total das
construções regionais.

Recorde-se que Faro, com cerca de 65.000 habitantes, detém cerca de 14% da população
residente na região algarvia.

Faro apresenta uma densidade de edifícios de 85,20 edifícios/km2. A freguesia do concelho de


Faro que apresenta maior densidade de edifícios e com uma grande diferença relativamente às
restantes, é a União das freguesias de S. Pedro e Sé com 349,79 edifícios/km 2.

12
Quadro 2 - Dimensão do parque habitacional – 2011
Edifícios Alojamentos Densidade
Familiares Edifícios Alojamentos
País/Região/Concelho Área/Km2 Total Total Clássicos (Edif/km2) (Aloj/Km2)
Portugal** 92.212,0 3.544.389 5.866.152 5.859.540 38,44 63,62
Algarve** 4.996,8 198.924 378.349 377.619 39,81 75,72
Faro* 202,57 17.257 37.975 37.788 85,19 187,47
União das freguesias da
Conceição e Estoi* 68,40 3.748 4.597 4.546 54,80 67,21
Santa Bárbara de Nexe 38,22 2.558 2.806 2.792 66,94 73,42
União das freguesias de Faro
(São Pedro e Sé)* 74,75 8.301 26.147 26.031 111,05 349,79
Montenegro 21,20 2.650 4.425 4.419 125,00 208,73
Fonte: Censos 2011 – Resultados Definitivos e Cálculos
*Carta Administrativa Oficial de Portugal (CAOP 2013), adaptado à nova delimitação administrativa entre Loulé e Faro fixada pela Lei 61/2012, de 05/12.
** Fonte: INE, O Território, Anuário Estatístico da Região Algarve 2012

Em 2011, foram emitidas 1.177 licenças de construção de edifícios no Algarve, das quais 863 se
destinavam a habitação familiar. Faro, no mesmo período, apresentou 123 licenças de
construção, das quais 90 tinham como destino a habitação familiar, o que representa
aproximadamente 10% do total de licenças emitidas em termos regionais.

Entre 2011 e 2017 registou-se, no entanto, uma diminuição significativa no número de licenças
emitidas.

Em 2017, o Algarve emitiu 743 licenças, das quais 620 para habitação familiar, enquanto Faro
emitiu 25 licenças, das quais 21 para habitação familiar.

É de assinalar que em Portugal se registou uma inversão da tendência de queda, a partir de 2016,
o que não aconteceu em Faro.

Quadro 3 - Edifícios licenciados para construção, segundo o tipo de obra – 2011 a 2017
Total
País/Região Edifício licenciado para construção (inclui construções novas e Edifícios licenciados para habitação familiar
/Concelho ampliações, alterações e reconstruções)
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Portugal 23.912 19.705 15.329 14.443 14.030 15.571 17.723 17.068 13.087 9.125 8.429 8.875 10.428 11.932
Algarve 1.100 850 618 583 610 743 743 875 660 452 441 487 614 620
Faro 115 71 56 49 37 39 25 90 47 37 42 29 30 21

Fonte: INE, Construção e Habitação, Anuários Estatísticos da Região Algarve 2011 a 2017

Em 2016, o parque habitacional no concelho de Faro foi estimado em 17.342 edifícios e 38.072
fogos, o que corresponde a um aumento de 0,05% do número de fogos, face a 2015.

Reportando aos últimos dados publicados sobre a caracterização do parque habitacional, que
respeitam ao ano 2011 (Censos), em Faro destacam-se os alojamentos clássicos ocupados como
residência habitual (81,9%), correspondendo a residência secundária a 18,1% do total de fogos
do concelho.

13
Gráfico 4 – Ocupação dos alojamentos clássicos em Faro, 2011

Faro - Alojamentos clássicos ocupados 2011

100,0% 21,2% 18,1%

50,0% 78,8% 81,9%

0,0%
2001 2011
Residência habitual Residência secundária

Em termos de índices de ocupação, considerando apenas os alojamentos clássicos, no concelho


de Faro vivem, em termos médios, 2,2 pessoas por alojamento que, em média, têm entre 4,7-4,8
divisões.

No concelho de Faro, os proprietários ocupam cerca 65% dos alojamentos ocupados como
residências habituais e, entre estes, cerca de 46% têm encargos por compra (registando o valor
de encargos médios por compra em 406 euros mensais).

Gráfico 5 – Ocupação dos alojamentos clássicos em Faro por tipo de


proprietário, 2011

Faro - Alojamentos clássicos de residência


habitual, forma de ocupação, 2011
8,0%

27,4%
64,5%

Ocupantes proprietários Arredamento Outra

No âmbito do arrendamento, cerca de 27,4% das residências habituais estão ocupadas por
arrendatários e a maioria dos contratos do Município de Faro tem duração indeterminada (55%
dos alojamentos arrendados e subarrendados). Cerca de 38% dos alojamentos estão arrendados
com contratos com prazo certo. Os contratos de renda social ou apoiada estão associados a
cerca de 4% dos alojamentos e o subarrendamento associado a cerca de 3%.

14
Figura 1 - Representação gráfica comparativa entre números das famílias e dos alojamentos por aglomerado
urbano mais representativo do concelho de Faro em 3 momentos censitários consecutivos (1991, 2001 e 2011)

Fonte: INE – Censos 1991; 2001 e 2011 (Resultados Definitivos)

Pela leitura da figura anterior verificamos, na generalidade das freguesias, que a oferta de
alojamentos era bastante superior ao número de famílias até 2011, com exceção da freguesia de
Santa Bárbara de Nexe, onde essa superioridade apenas se fez sentir nos últimos censos (2011).

Onde essa disparidade mais se faz sentir é na cidade de Faro, que engloba as freguesias de S.
Pedro e da Sé. De facto, existia na sede do concelho um excesso de oferta de habitação
comparativamente ao número de famílias, com uma diminuição dessa diferença nos censos de
2001.

No entanto, nos últimos anos, com a alocação de vários edifícios a um conjunto diversificado de
actividades económicas, e aumento da procura, diminuiu o número de habitações disponíveis
para arrendar.

g) Mercado imobiliário
No que concerne ao mercado imobiliário, verifica-se que tanto o número de prédios
transacionados como o volume de negócio associado diminuiu de 2011 a 2013 (época de
recessão económica), tendo invertido esta tendência em 2014, ano a partir do qual o sector

15
imobiliário adquiriu novo folgo. Porém, só em 2015 os valores associados ao ramo imobiliário
suplantariam os de 2011, conforme se pode retirar da leitura do quadro seguinte.

Quadro 4 – nº e volume das transações imobiliárias (2011-2016)

Localização Tipo de Contratos de compra e venda (N.º) de prédios por Localização geográfica (NUTS - 2013) e Tipo de prédio; Anual
geográfica prédio Período de referência dos dados
2011 2012 2013 2014 2015 2016
N.º milhares N.º milhares de N.º milhares N.º milhares N.º milhares N.º milhares
de euros euros de euros de euros de euros de euros
Algarve Total 10.664 1.310.672 9.389 1.052.434 10.591 1.292.517 12.070 1.543.588 15.205 2.030.017 17.239 2.485.383
Urbanos 9.033 1.211.938 7.850 952.493 9.005 1.147.640 9.964 1.458.797 12.878 1.910.490 14.812 2.337.359
Rústicos 1.332 44.232 1.257 52.200 1.312 99.234 1.780 31.386 1.951 43.404 2.016 62.877
Mistos 299 54.502 282 47.740 274 45.643 326 53.405 376 76.122 411 85.146
Faro Total 807 87.926 677 52.739 626 51.881 741 75.643 1.017 100.115 1.198 122.575
Urbanos 649 77.449 564 44.963 515 45.992 603 68.198 866 91.387 1.056 114.016
Rústicos 127 4.706 82 1.508 91 1.981 115 4.034 123 2.781 127 6.168
Mistos 31 5.771 31 6.267 20 3.908 23 3.410 28 5.946 15 2.392
Fonte: Base em dados do INE, Anuários estatísticos da Região Algarve 2011 a 2016

No que respeita aos valores de vendas de imóveis, o INE passou a publicar informação relativa ao
valor mediano das vendas por m2, de alojamentos familiares, reportando os primeiros dados ao
1º trimestre de 2016.
Desde esse período e até ao 1 trimestre de 2018 (últimos dados publicados), é possível verificar o
aumento continuado do valor mediano das vendas por m2 em Faro. Entre o 1º trimestre de 2016
e o 1º trimestre de 2018, o aumento foi de 24,8%, ou 238 €/m2.

Quadro 5 – Valor mediano das vendas por m2 de alojamentos familiares


Localização geográfica 1º trim 2016 2º trim 2016 3º trim 2016 4º trim 2016 1º trim 2017 2º trim 2017 3º trim 2017 4º trim 2017 1º trim 2018
Algarve 1.222 € 1.247 € 1.251 € 1.270 € 1.296 € 1.317 € 1.348 € 1.383 € 1.424 €
Faro 958 € 990 € 1.005 € 1.032 € 1.024 € 1.051 € 1.103 € 1.154 € 1.196 €
Fonte: Base em dados do INE

h) Áreas de Reabilitação Urbana (ARU)


No conjunto das 4 ARU’s de Faro, que constituem a sua zona história, existem à data 122 prédios
devolutos, os quais têm vindo a ter um acompanhamento directo por parte da autarquia quanto
à sua estabilidade e condição física, sendo estabelecidos contactos regulares com os
proprietários.
Quadro 6 – Numero de prédios devolutos nas ARU

ARU Imóveis devolutos (nº)

Vila Adentro 8
Mouraria 22
B. Ribeirinho 26
Env. Zona Histórica 66
Fonte: CMF/GARU (2018)

16
i) Universidade do Algarve
A Universidade do Algarve, com os seus 2 campus situados no concelho, contribui para a forte
dinâmica do mercado imobiliário de Faro, maioritariamente na vertente do arrendamento.
Mostrando a tabela infra o conjunto dos alunos matriculados ao nível do ensino superior, na
região algarvia, a sua análise permite-nos aferir o peso destacado por parte da Universidade do
Algarve, no acolhimento de estudantes, quer nacionais como estrangeiros.

Efectivamente, a Universidade do Algarve acolhe desde 2016 cerca de 90% dos estudantes a
frequentar o ensino superior na região, sendo ainda de registar o aumento gradual dos
estudantes estrangeiros, em resultado de um trabalho persistente e em vários pontos do globo,
de atracção de estudantes a Faro, constatando-se (pelo acompanhamento que a própria
Universidade faz da sua presença e interesses na região) que uma parte significativa mostra
interesse e se tem vindo a fixar na região, e em particular em Faro.

Quadro 7- Número de Alunas/os inscritas/os no ensino superior no Algarve

2011/2012 2012/2013 2013/2014 2014/2015 2015/2016

Localização Total Portuguesa Estrangeira Total Portuguesa Estrangeira Total Portuguesa Estrangeira Total Portuguesa Estrangeira Total Portuguesa Estrangeira
Geográfica

Algarve 9.977 9.164 813 8.982 8.298 684 8.680 7.742 938 7.902 7.037 865 7.893 6.915 978

Faro 7.969 7.261 708 7.493 6.893 600 7.520 6.650 870 6.979 6.158 821 7.118 6.189 929

Loulé 437 409 28 264 250 14 174 165 9 89 84 5 37 33 4

Portimão 1.203 1.147 56 974 923 51 792 748 44 691 658 33 614 577 37

Silves 368 347 21 251 232 19 194 179 15 143 137 6 124 116 8
Fonte: Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência

Neste contexto, emerge uma preocupação, transversal à generalidade das cidades com oferta de
ensino superior: a disponibilização de alojamento a alunos oriundos de outros pontos do país.
A resolução deste constrangimento passa pela identificação de parceiros disponíveis para
assumirem a construção de novas residências para estudantes.

j) Apreciação global

Faro, enquanto capital do Algarve, caracteriza-se por apresentar um peso dos serviços superior à
média, no total da sua economia.
Não obstante, tem acompanhado as tendências de evolução da dinâmica económica e social do
país. O concelho apresenta crescimentos económicos quando a economia nacional evolui
positivamente, registando abrandamentos quanto o país entra em recessão, tal como aconteceu
no período 2009-2012 fruto da crise internacional então instalada.
Mas, até há poucos anos, o concelho recebia os impactos económicos de forma “atenuada”,
fruto dessa elevada dependência dos serviços (parte deles, da Administração Publica, central e

17
local). Nas recessões, o desemprego nunca crescia tanto como no resto do país, mas em alturas
de crescimento económico a procura pelo concelho, para investir e criar emprego, ficava aquém
dos demais.
A realidade é, hoje, diferente. Cada vez mais o concelho vem sendo procurado para investir.
Hotelaria e restauração, imobiliário, tecnologias de informação e comunicação ou agricultura,
são apenas alguns dos sectores onde a procura por parte dos investidores mais se faz sentir.

No que respeita à sua população, Faro regista uma estabilização da mesma, tal como no resto do
país, assistindo-se a uma maior procura por parte das freguesias do litoral, em detrimento das do
interior. Assim, temos uma população mais jovem a instalar-se nas freguesias da Sé/S.Pedro e
Montenegro, enquanto Santa Barbara de Nexe e Conceição/Estoi, vão assistindo ao
envelhecimento da sua população.
A propósito da evolução dos indicadores demográficos, importa referir que Faro apresenta maior
peso de jovens e menor peso de idosos que a média da região e do país.

No que respeita ao mercado imobiliário e ao sector da construção, assistiu-se à sua estagnação


nos anos recentes, fruto da já referida crise internacional, mas também da estagnação da
população, que fez com que não houvesse procura por novas habitações.
Com o retomar da economia e do interesse no sector imobiliário, a Autarquia procurou, através
da definição de Área de Reabilitação Urbana (ARU’s), incentivar a recuperação de edifícios
degradados, com resultados positivos. Esta recuperação, a que temos assistido nos últimos anos,
tem permitido receber investimento, reabilitar edificações devolutas e degradadas, contribuindo
assim para melhor a imagem do concelho, colocar mais fogos no mercado habitacional e noutros
fins, nomeadamente no alojamento local.
Como factores positivos, com impacto na dinâmica do concelho, haverá ainda que assinalar o
facto de Faro ser o 6º concelho nacional com maior poder de compra, e o 1º no Algarve, bem
como a recente dinâmica da Universidade do Algarve, na captação de novos alunos,
nomeadamente oriundos do estrangeiro.
Esta dinâmica, com contornos estruturais, mas também conjunturais, teve impacto no mercado
imobiliário concelhio como, de resto, aconteceu em vários pontos do país.
O surgimento de novos investimentos com criação de postos de trabalho, uma maior procura por
parte de jovens que se instalam no concelho para realizarem estudos de nível superior, a
dinamização do mercado imobiliário, originaram uma maior procura de habitações, o que,
associado à inexistência de nova oferta, apresentou impactos ao nível dos preços de venda e
arrendamento, originou uma escassez de fogos habitacionais.

18
3 – Habitação social no concelho de Faro

Conforme se referiu anteriormente, a atividade de construção diminuiu de forma muito


acentuada ao longo dos últimos anos, praticamente estagnando, o que fez com que não fossem
colocados novos imóveis no mercado.

De forma mais marcada, isso aconteceu na habitação social. Os últimos fogos disponibilizados
foram-no em final dos anos 1990, com a Urbanização de Stº António do Alto e em 2006, com
habitações a custos controlados, na Av. Calouste Gulbenkian.

Nos anos mais recentes, como consequência do plano de reequilíbrio financeiro ao qual o
Município teve que aderir, por forma a voltar a equilibrar as suas finanças, não existiram
condições para investir na habitação social.

Atualmente, com as finanças do Município equilibradas e cientes das carências existentes, voltar-
se-á a investir neste domínio, procurando melhorar as condições de vida da população.

a) Histórico

A construção mais recente do parque habitacional municipal remonta aos finais da década de
1990. Trata-se da Urbanização Municipal de Santo António do Alto com 149 fogos. Desde então,
o Município de Faro apenas lançou, em 2006, o Concurso de Alienação de 144 Fogos a Custos
Controlados na Avenida Calouste Gulbenkian. Este concurso teve como objetivo proporcionar
condições de habitabilidade aos Munícipes que não possuíam habitação própria e que não
dispunham de recursos económicos para adquirir casas, face aos preços de mercado.

Presentemente, o valor das rendas existentes no mercado é, em alguns casos, excessivo, face aos
recursos financeiros das famílias, sendo que muitas optam por solicitar apoio à autarquia para
atribuição de uma habitação social. No entanto, não tem sido possível satisfazer as necessidades
habitacionais dos agregados familiares, uma vez que a Autarquia não dispõe de fogos de
habitação social desocupados.

Perante a falta de fogos, em quantidade que permita acompanhar o número de pedidos


rececionados, a Autarquia ter optado por assumir uma intervenção na área social mais ativa,
procurando atenuar as carências, nomeadamente de cariz económico, manifestadas pelas
famílias, através do seu Departamento de Desenvolvimento Social e Educação (DDSE).

O DDSE tem por missão apoiar a definição da política do município nos domínios da ação social,
habitação, saúde e educação, exercendo as correspondentes funções normativas e
operacionalizando o planeamento, execução e avaliação das ações que realiza nesses domínios.

19
São exemplos da intervenção do DDSE, para além da Gestão do Parque Habitacional Municipal,
anteriormente caracterizado, os seguintes serviços/respostas:

- Alojamento de Apoio Temporário – para fazer face a necessidades temporárias de alojamento,


existe um alojamento masculino, com capacidade para 3 homens e um alojamento feminino com
capacidade para acolher 3 mulheres;

- Rede de Atendimentos Sociais – existe com o objetivo de responder a situações de


vulnerabilidade social, com uma diversidade de intervenções como informação, orientação,
encaminhamento, confiança, apoio social, inclusão social. Proporciona um atendimento social
diário a indivíduos e famílias na sede do concelho, bem como nas respetivas freguesias e coopera
no planeamento dos recursos e equipamentos sociais/ saúde, no sentido de desenvolver as
respostas mais ajustadas às necessidades dos grupos mais vulneráveis e/ou em situação de risco;

- Gabinete de Apoio ao Idoso (G.A.I) - é um serviço público local a funcionar no DDSE, que tem
como objectivo atender os munícipes idosos, isolados e carenciados do Concelho de Faro, no
sentido de contribuir para a valorização pessoal e social do idoso; promover a participação activa
dos idosos na vida social e contribuir para a melhoria da sua qualidade de vida.

Tem como actividades principais apoiar na resolução de questões burocráticas relativamente ao


preenchimento de requerimentos/formulários, identificar as principais necessidades de forma a
mediar e encaminhar o munícipe para possíveis respostas sociais e fornecer informações em
termos de legislação. Paralelamente, foi constituído um Grupo de Trabalho na Área do
Envelhecimento (GTAE) do qual fazem parte 12 entidades do concelho com resposta na área do
envelhecimento.

No âmbito do GAI, entrou recentemente em vigor um projecto-piloto de teleassistência,


destinado a idosos que vivam isolados, com o objectivo de permitir a redução dos factores de
isolamento e a sinalização em caso de emergência;

- Balcão de Inclusão - presta um serviço de atendimento especializado na temática da


deficiência/incapacidade, nomeadamente informando sobre respostas sociais, emprego e apoios
para entidades empregadoras, prestações socias, produtos de apoio/ajudas técnicas, centros de
recursos para a inclusão, formação profissional, intervenção precoce, benefícios fiscais,
acessibilidades, transportes e educação. Tem como destinatários pessoas com
deficiência/incapacidade e familiares, entidades empregadoras e público em geral, que procuram
informação sobre temáticas da deficiência/incapacidade;

- Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes (CLAIM) - tem por missão apoiar os residentes
estrangeiros no concelho. O CLAIM resulta de um Protocolo de Cooperação entre a Câmara
Municipal de Faro e o Alto Comissariado para as Migrações (ACM);

- Gabinete de Apoio ao Emigrante - visa Informar estes cidadãos dos seus direitos nos países de
acolhimento, apoiá-los no regresso e reinserção em Portugal, contribuindo para a resolução dos

20
problemas apresentados, de forma rápida, gratuita e personalizada, bem como facilitar o
contacto com outros serviços da administração pública portuguesa;

- Outras - para além das respostas de apoio à comunidade supra referidas, são ainda assegurados
pelo Departamento de Desenvolvimento Social e Educação, o transporte social, a horta social, a
dinamização do Banco Local de Voluntariado e, através do Regulamento de Apoio ao
Associativismo e a comparticipação financeira do Município a Entidades sem fins lucrativos de
âmbito social.

O Conselho Local de Ação Social (CLAS), estrutura que está na base de funcionamento do
programa da Rede Social, enquanto “fórum de articulação e congregação de esforços”, congrega,
neste momento, 88 entidades, entre públicas e privadas, com ou sem fins lucrativos, com sede
ou ação no concelho de Faro, com um conjunto diversificado de áreas de intervenção social.

A partir das principais problemáticas identificadas pela Rede Social foram criados grupos de
trabalho temáticos: Grupo de Trabalho na Área do Envelhecimento, Grupo de Trabalho na Área
da Deficiência, Grupo de Trabalho na Área da Igualdade, o Núcleo de Planeamento e Intervenção
de Pessoas Sem-Abrigo, e Grupo de Trabalho na Resposta Integrada de Vestuário e Alimentação.

b) Habitação social existente

A Autarquia conta, atualmente, com alojamento social localizado maioritariamente em 3 bairros


da cidade: Carreira de Tiro, Cidade de Hayward e Santo António do Alto.

Para além disso, conta com um conjunto de habitações dispersas por vários pontos da cidade,
como seja o Bairro dos Centenário.

No total, conta com 447 fogos de habitação social, dos quais 399 arrendáveis, estando os
restante cedidos a título precário.

Bairro dos Centenários

Este Bairro composto por 16 moradias foi edificado em 1940 pela Junta de Província do Algarve e
pela Câmara Municipal de Faro, com o objectivo de providenciar habitação “às famílias pobres da
cidade”.

Através da Deliberação de “Reconversão do Bairro Centenário”, aprovada em Reunião Ordinária


de Câmara em 10.10.1995, este bairro foi destinado à instalação da Aldeia do Artesão, visando o

21
desenvolvimento de actividades de âmbito social por uma IPSS (Provectus), deixando de assumir
a sua função original.

Atualmente ainda residem no Bairro dos Centenário 4 agregados familiares, que coexistem com
as actividades da Associação Provectus, desenvolvidas nas restantes 12 moradias.

A Provectus é uma Instituição Particular de Solidariedade Social, com sede em Faro, sem fins
lucrativos, que desenvolvera sua atividade em Prol da Terceira Idade, com o objectivo de
melhorar a qualidade de vida dos idosos, tendo em conta as suas necessidades e especificidades.

Bairro de Emergência Social da Horta da Areia

Situado junto ao Cais Comercial, em Faro, o Bairro Horta da Areia surgiu no final da década de 70
com a finalidade de realojar pessoas/ famílias oriundas das antigas colónias portuguesas.

Atualmente, este bairro é constituído maioritariamente por portugueses de etnia cigana e etnia
não cigana, onde diferentes hábitos e estilos de vida se unificam no mesmo espaço.

O Bairro da Horta da Areia é uma zona residencial de habitação social constituída por 21 pré-
fabricados e 23 em alvenaria, em elevado estado de degradação.

Mais de 40 anos passados, o bairro ali continua, servindo de habitação a cerca de 200 munícipes,
divididos em 50 agregados familiares.

Bairro Carreira de Tiro

Este Bairro construído nos anos 80, começou a ser habitado em 1985. Originalmente, eram 180
habitações sociais, mas ao longo dos anos o Município de Faro procedeu à alienação de fogos aos
arrendatários.

O processo de selecção dos agregados foi feito com base num concurso para arrendamento de
fogos camarários.

Os agregados seleccionados viviam em alojamentos precários (barracas ou construções


abarracadas), bem como em casas em fracas condições de habitabilidade.

Actualmente o Município é detentor de 122 fogos neste bairro, uma vez que 58 já foram
alienados, a pedido dos respectivos arrendatários.

22
Bairro Presidente João Negrão Belo

Situado junto à Cidade de Hayward, numa zona de fácil acesso a serviços públicos,
nomeadamente do hospital, este Bairro foi construído nos anos de 1993/1994 e começou a ser
habitado nos anos de 1994/1995. É composto por 9 blocos de 2 pisos num total de 96 fogos, dos
quais 48 são de tipologia T2 e outros 48 de tipologia T3.

O Bairro Presidente João Negrão Belo é habitado por indivíduos de diferentes etnias, cujo
convívio é pacífico.

Bairro de Sto. António do Alto

É o bairro mais recente do parque habitacional municipal e a sua construção remonta aos finais
da década de 90. Foi construído com o objectivo de proporcionar condições de habitabilidade à
população residente no antigo Bairro da Atalaia.

O conjunto habitacional em questão é composto por 149 fogos distribuídos por 10 blocos com 5
pisos cada. Existem 20 fogos de tipologia T1, 55 de tipologia T2, 55 de tipologia T3 e 19 de
Tipologia T4.

Outros

Para além dos fogos de habitação social identificados nos bairros infra, o Município de Faro é,
ainda, detentor de 35 fogos de habitação social dispersos pelo concelho.

i. Rendas

Ao longo dos anos e de acordo com a legislação em vigor em cada momento, o Município de
Faro foi disponibilizando os vários tipos de renda aplicáveis à habitação social:

- Renda Social – Portaria 288/83 de 17 de março (Renda Social/Prestação Pessoal de Renda);

- Arrendamento apoiado – Lei n.º 81/2014 de 19 de dezembro, com a redação conferida pela Lei
n.º 32/2016 de 24 de agosto;

- Renda Condicionada - Lei n.º 80/2014 de 19 de dezembro.

Atualmente, nos termos da Lei nº 81/2014, alterada pela Lei 32/2016, de 24 de agosto, o
Município aplica o regime de arrendamento apoiado. Este é um regime aplicável às habitações
detidas, a qualquer título, por autarquias locais, entre outras, que por elas sejam arrendadas ou

23
subarrendadas com rendas calculadas em função dos rendimentos dos agregados familiares a
que se destinam.

Desta forma, e com o objectivo de uniformizar os tipos de renda, bem como de tornar o processo
de atribuição de habitação social o mais transparente e justo possível, decorridos mais de 6 anos
da entrada em vigor do anterior Regulamento de Acesso e Gestão do Parque Habitacional do
Município de Faro, tendo presente a experiência adquirida com a sua aplicação e considerando
as alterações legislativas entretanto introduzidas, entendeu o Município proceder à aprovação
de um novo Regulamento Municipal sobre a matéria.

Assim, em 5 de fevereiro de 2018 foi publicado em DR o Regulamento n.º 91/2018 –


Regulamento de Gestão do Parque Habitacional do Município de Faro.

Com a entrada em vigor do novo regulamento tornou-se necessário proceder à actualização do


valor das rendas, o qual ocorrerá de forma faseada, ao longo de um período de 4 anos. Este
processo implicou a entrega de documentação por parte dos arrendatários, que permitiu
actualizar a informação relativa a cada agregado familiar, bem como apurar o valor da renda a
pagar, nos termos da legislação em vigor.

ii. Programa de manutenção da habitação social de Faro


Considerando que a larga maioria dos imóveis que integram o parque habitacional do Município
de Faro, destinados a habitação social, foram construídos, tal como referido anteriormente, nas
décadas de 1980 e 1990, verifica-se que alguns deles vão apresentando níveis de degradação que
justificam uma avaliação e definição de um plano de manutenção da habitação social de Faro,
tendo em vista a sua recuperação, em complemento a todo o investimento em manutenção e
recuperação já realizado.

A título de exemplo refira-se que nos últimos anos foram adjudicados trabalhos de manutenção/
recuperação, num valor superior a 320.000 euros. Nesses trabalhos compreendem-se
recuperações de elevadores, de fachadas, de coberturas, reparação de instalações elétricas,
entre outas intervenções.

Estão actualmente previstos trabalhos, a realizar num conjunto de fachadas ainda não
intervencionadas, num valor estimado em 285.000 euros.

Este trabalho será continuado, quando tal se revele necessário, com intervenção no interior e
exterior dos edifícios.

Nos termos da alínea f) do art.º 29 do Regulamento de Gestão do Parque Habitacional do


Município de Faro, serão tidos em conta aspetos como a deteção de situações de degradação e
insegurança dos edifícios e frações, nomeadamente em relação às redes de gás, água e
eletricidade, ascensores e equipamentos electromecânicos.

24
A pedido dos arrendatários ou sempre que estejam em causa as condições de segurança,
salubridade e conforto das habitações, serão realizadas visitas de vistoria.

Com base nos resultados obtidos, e conforme alínea c), do art.º 29, do mesmo Regulamento, o
Município assegurará a realização de obras de conservação, reabilitação e beneficiação dos
edifícios e frações, no que diz respeito às partes de uso privativo e de uso comum, sempre que se
verifique a sua necessidade e cuja responsabilidade lhe caiba.

Esta intervenção não deve, no entanto, ser confundida com as obrigações dos arrendatários,
nomeadamente as dispostas no art.º 31 do Regulamento de Gestão do Parque Habitacional do
Município de Faro, como sejam:

 “Manter o fogo habitacional, as áreas de utilização comum e todas as demais estruturas e


equipamentos públicos associados à habitação, em bom estado de conservação e
limpeza, fazendo uma utilização cuidada dos mesmos”;
 “Conservar as instalações de luz elétrica, água, gás, esgotos e todas as canalizações”;
 “Assumir os encargos com as pequenas obras necessárias à manutenção do fogo,
designadamente, substituição de torneiras, loiças sanitárias, pavimentos, persianas,
autoclismos e realização de pinturas

Para efeitos de implementação do plano de manutenção da habitação social de Faro, funcionará


uma equipa multidisciplinar, no âmbito da construção, que assegurará, de forma continuada, os
trabalhos que venham a ser identificados como necessários.

iii. Alienação de imóveis

O Regulamento de Gestão do Parque Habitacional do Município de Faro prevê, no seu art.º 58.º
a possibilidade de alienação de fogos municipais aos respetivos arrendatários, a requerimento
destes, bem como o ónus da sua inalienabilidade, em termos a definir em regulamento municipal
específico sobre a matéria.

Em 14/08/2017, foi aprovado em reunião de Câmara o Projeto de Regulamento de Alienação de


Habitações Sociais do Município de Faro.

Em 06/07/2018 foi aprovado a Assembleia Municipal o mesmo regulamento.

A 8 de agosto de 2018 foi publicado em Diário da Republica o Regulamento 522/2018 –


Regulamento de Alienação de Habitações Sociais do Município de Faro, tendo entrado em vigor
no dia seguinte.

25
Em paralelo com este processo encontram-se a decorrer outras duas iniciativas que incidem
sobre o parque habitacional do Município de Faro:

- Constituição de condomínios nos edifícios que já se encontram registados em regime de


propriedade horizontal. Esta situação ocorre nos edifícios que integram a Carreira de Tiro. Sobre
esta matéria importa referir que em todos os edifícios de habitação social da Carreira de Tiro
existe uma quantidade significativa de fogos alienados a particulares, em alguns casos próxima
dos 50% do total de imóveis.

Assim, e numa lógica de permitir aos condóminos privados, proprietários de habitações nos
respectivos prédios, a participar nas decisões e gestão da vida diária dos seus condomínios, serão
constituídos condomínios no curto prazo;

- Constituição da propriedade horizontal, nos edifícios onde tal ainda não acontece. Esta medida
permitirá aos arrendatários que reúnam condições para o efeito e o pretendam fazer, nos
termos do Regulamento de Alienação de Habitações Sociais do Município de Faro, proceder à
aquisição do fogo onde actualmente residem, em regime de arredamento, em pé de igualdade
com os restantes arrendatários que já exerceram essa opção, nomeadamente nos edifícios da
Carreira de Tiro.

c) Necessidades de habitação identificadas

A grave crise económica que assolou o país, conduzindo a uma elevada taxa de desemprego e ao
aumento do trabalho precário, aliada à sazonalidade da região algarvia, levou a um aumento dos
pedidos de habitação social por parte de famílias e munícipes isolados.
Por outro lado, a recuperação económica recente, veio colocar pressão sobre o mercado
imobiliário, nomeadamente nas vertentes de arrendamento e aquisição, fazendo diminuir a
oferta de habitação disponível, com o consequente aumento de preços, o que veio dificultar o
acesso das famílias ao arrendamento ou aquisição.
A este propósito, recorde-se que o INE publicou recentemente informação estatística sobre o
valor mediano das rendas por m2 de novos contratos de arrendamento de alojamentos
familiares, relativos ao ano 2017. Faro apresentou um valor de 4,96€/ m2, situando-se acima da
média nacional e do continente (4,39 €/m2), mas ligeiramente abaixo da média regional (5 €/
m2). Com aquele valor, Faro apresenta-se como o 6º concelho com valor mais elevado no
Algarve.

Deste modo, face aos pedidos registados e aos contactos recebidos ao longo do tempo, é
possível aferir pela existência de diferentes perfis de pedidos/necessidades, que, naturalmente,
irão determinar as escolhas de perfil de habitação que Município irá disponibilizar nos próximos
anos.

26
Assim, face ao histórico de contactos, por parte dos munícipes, para efeitos de atribuição de
habitação pela autarquia, é possível identificar 3 perfis diferenciados:

 Munícipes e famílias com carências financeiras, sem possibilidade de adquirirem


habitação no mercado privado ou arrendarem a preços de mercado;
 Munícipes e famílias a viverem em condições precárias de alojamento;
 Munícipes e famílias, em regra jovens, que procuram habitação no concelho de Faro,
tendo em vista o desenvolvimento de atividade profissional no concelho, mas que não
dispõem de recursos para aquisição de habitação no mercado privado.

No que respeita aos munícipes com carências financeiras, entendendo-se por carência financeira
a situação da pessoa ou do agregado habitacional que detém um património mobiliário de valor
inferior a 5% do limite do estabelecido nos termos dos nºs 4 e 5 do artigo 2.º do Decreto – Lei n.º
70/2010, de 16 de junho, na sua redação atual, e cujo rendimento médio mensal é inferior a
quatro vezes o indexante dos apoios sociais (IAS).
Este enquadramento remete as famílias para a impossibilidade de adquisição ou arrendamento
de habitação no mercado privado.
A Autarquia registava, à data de 23 de outubro de 2018, um total de 339 pedidos de habitação
ativos. Para efeitos de apuramento do número de processos ativos, foram considerados todos os
munícipes que estabeleceram contato com o (atual) Departamento de Desenvolvimento Social e
Educação, manifestando interesse e necessidade em terem acesso a habitação, desde 2016.
Numa análise à dinâmica dos pedidos registados, verifica-se alguma homogeneidade no número
de pedidos registados nos serviços. Foram registados 111 pedidos, em 2016; 92, em 2017; e 136
até 23 de outubro de 2018.
Quando à tipologia de habitação requerida, que depende da dimensão do agregado familiar, a
maioria dos pedidos recebidos respeitam a habitações de menor dimensão (T1 – 109 pedidos ou
T2 – 119 pedidos).
Quanto às tipologias T3, T4 e T5, o número de pedidos registado é de 69, 25 e 17,
respectivamente.

Quadro 8- Número de Pedidos de Habitação registados no DDSE


Tipologia
T1 T2 T3 T4 T5 Total Geral
2016 33 40 27 5 6 111
A
2017 29 38 17 2 6 92
n
o 2018
47 41 25 18 5 136
Total Geral 109 119 69 25 17 339

Fonte: DDSE/ CMF

27
Quanto aos munícipes a viverem em situação precária no concelho, é possível identificar um
conjunto diversificado de situações, dispersas pelo mesmo.
Em junho/17, a autarquia participou no Levantamento Nacional das Necessidades de
Realojamento Nacional do IHRU – Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana, sendo possível
constatar, à data, a existência de 816 famílias por realojar, das quais 202 ainda residem em
barracas ou similares, conforme distribuição abaixo apresentada.

Quadro 9- Núcleos por realojar

Fonte: DDSE/ CMF

Um 3º grupo de munícipes a residir em habitação precária, está localizado na Praia de Faro.


Seja pelas suas características, em regra precárias e provisórias das habitações, seja por um
conjunto de factores de ordem natural, as habitações em causa encontra-se sujeitas a um risco
elevado e a necessitarem, por isso, que uma estratégia para realojamento.
Do ponto de vista ambiental, aquele é um sistema instável, que impõe fortes condicionamentos
à sua ocupação, nem sempre respeitados, uma vez que se localiza numa zona vulnerável e de
grande risco. A ocorrência de temporais e a elevação do nível médio do mar, são dos principais
factores que conduzem a uma alta susceptibilidade do sistema.

28
Tendo esta realidade presente, foi feito um levantamento conjunto pela Polis Ria Formosa e o
Município de Faro, no sentido de aferir das cateterísticas daquela comunidade e procurar
soluções para o seu realojamento.
Nos contactos houve a preocupação de identificar os agregados que melhor se ajustam a cada
uma das eventuais alternativas de realojamento, no que respeita à sua localização.
A caracterização foi feita a partir das atividades profissionais dos adultos que trabalham e dos
locais em que as desenvolvem, considerando, em particular, a existência ou não de atividade
ligada à pesca e à apanha de marisco.

No levantamento efectuado foram identificados 49 agregados com o perfil adequado para


realojamento no Montenegro, visto apresentarem ligações com a sede de freguesia,
nomeadamente por motivos profissionais e/ ou de matrículas escolares.

No que respeita à caracterização daqueles 49 agregados, é possível aferir que a grande maioria
apresenta uma dimensão adequada à sua instalação em tipologia T1 e T2 – 22 e 15,
respectivamente. Quanto ao número de agregados, cuja dimensão, implica a atribuição de
tipologia T3, foram identificados 12.
Quadro 10 - Realojamento do Montenegro
por tipologias
Tipologia Agregados
T1 22
T2 15
T3 12
Total Geral 49
Fonte: DDSE/ CMF

No que respeita às idades da população, a mesma apresenta-se bastante diferenciada, indo dos
2-3 anos, aos 89.

No entanto, numa perspetiva de distribuição por grupos etários, a mesma é relativamente


homogénea.

Quadro 11 - Grupos etários dos


Munícipes a realojar no Montenegro

Idades Nº Pessoas
Até 18 anos 32
19-34 17
35-44 21
45-65 26
Superior a 65 27
Fonte: DDSE/ CMF

29
Já no que respeita ao tipo de ocupação, registou-se, aquando do levantamento, uma quantidade
significativa de residente não ligados ao mercado de trabalho (estudantes, domésticos,
desempregados e reformados).

No que respeita à população empregada, verifica-se que a maioria não exerce actividade ligada
ao mar.

Quadro 12- Tipo de ocupação dos munícipes a realojar no Montenegro

Tipo de ocupação Nº Pessoas


Empregado - não ligado ao mar 34
Empregado - ligado ao mar 6
Estudante 34
Domestica 3
Desempregado 15
Reformado/ pensionista 31

Fonte: DDSE/ CMF

Por fim, temos munícipes e famílias, em regra jovens, que procuram habitação para aquisição no
concelho de Faro, tendo em vista o desenvolvimento da sua atividade profissional no mesmo,
mas que não dispõem de recursos para aquisição de habitação no mercado privado, dados os
valores praticados atualmente (no quadro em baixo podemos ver o substancial aumento do valor
mediano das vendas por m2 no Concelho de Faro, nos últimos dois anos).

Quadro 13- Valor mediado das vendas por m2 de alojamentos familiares

Valor mediano das vendas por m2 de alojamentos familiares (€) por Localização geográfica (NUTS - 2013);
Trimestral
Período de referência dos dados
Localização
1.º 2.º 3.º 4.º 1.º 2.º 3.º 4.º 1.º
geográfica
Trimestre Trimestre Trimestre Trimestre Trimestre Trimestre Trimestre Trimestre Trimestre
de 2016 de 2016 de 2016 de 2016 de 2017 de 2017 de 2017 de 2017 de 2018
€ € € € € € € € €
Faro 958 990 1.005 1.032 1.024 1.051 1.103 1.154 1.196

Fonte: INE

Dados os valores praticados no mercado privado (aumento de 238€/m2 no valor mediano para
vendas entre os primeiros trimestres de 2016 e 2018), têm existido dezenas de abordagens ao
(atual) Departamento de Desenvolvimento Social e Educação, questionando sobre a
30
possibilidade de adquirir habitação a preços acessíveis, evidenciando a necessidade deste tipo de
resposta pública.

É pois, como base no presente diagnóstico de necessidades de habitação do concelho, que se


procurarão promover respostas diversificadas, que permitam a resolução do problema
habitacional de um conjunto alargado de famílias.

A proposta que em seguida se apresenta, prevê um conjunto de acções concretas, destinadas a


avançar, no curto prazo, com a colocação de cerca de cerca de 200 fogos no mercado
habitacional local, com várias tipologias, destinados a famílias com diferentes perfis e
capacidades para assumir encargos com a habitação.

Assim, os imóveis a colocar no mercado serão destinados, quer a ser alienados a custos
controlados, quer a serem colocados no mercado de arrendamento social, com valores de renda
que levarão em linha de conta os rendimentos dos arrendatário e respetivas famílias.

Nas situações em que venham a ser identificadas fragilidades sociais por parte das famílias
realojadas, serão definidos planos de acção, tendo em vista a mitigação dos fatores originadores
de exclusão social, através da dinamização de programas de acompanhamento, procurando
promover uma integração plena.

31
4 – Linhas de acção
Ciente das necessidades existentes no concelho, a Autarquia privilegiará no seu plano de acção 4
eixos de atuação principais:
a) Reabilitação;
b) Realojamento de agregados familiares em grave carência habitacional;
c) Habitação a Custos Controlados para arrendamento;
d) Habitação a Preços Acessíveis para venda
e) Acompanhamento de processos de autopromoção de soluções habitacionais, nos termos
do DL 37/2018.

Os eixos de intervenção definidos, encontram-se alinhados com as políticas de habitação


definidas pelo Governo, nomeadamente no DL 37/2018 que estabelece o “1ºDireito – Programa
de Apoio ao Acesso à Habitação”.

Aspetos como a acessibilidade, nomeadamente normas técnicas dos acessos, serão acautelados
em sede de elaboração de projetos, tendo em vista o acesso e utilização por parte de pessoas
com mobilidade e autonomia reduzidos.
Também os aspectos ligados à sustentabilidade e eficiência energética serão considerados nos
respectivos projectos, sempre que tal se revele possível.

De referir que, nos termos do Regulamento de Gestão do Parque Habitacional do Município de


Faro (Regulamento 91/2018), publicado em Diário da Republica em 5 de fevereiro de 2018, estão
definidas as condições para acesso à habitação municipal, nomeadamente:
 Idade igual ou superior a 18 anos, ou emancipados nos termos da legislação aplicável;
 Nacionalidade portuguesa, ou sendo de nacionalidade estrangeira detentores de títulos
válidos de permanência no território nacional que reúnam as condições estabelecidas na Lei
n.º 81/2014, de 19 de dezembro, na sua redação em vigor, e que não estejam em nenhuma
das situações de impedimento previstas no artigo seguinte;
 Residência, em regime de permanência, há cinco ou mais anos no concelho de Faro;
 Recenseamento no concelho de Faro;
 Situação contributiva regularizada perante a Segurança Social;
 Situação regularizada relativamente a impostos devidos;
 Entre outros, definidos no artº 7 do referido Regulamento

a) Reabilitação

No tocante à reabilitação, não existindo edifícios municipais disponíveis para o efeito, as


respostas habitacionais passam fundamentalmente por respostas privadas, devidamente
enquadradas em 2 vetores, a saber:

32
1. Com base nas Operações de Reabilitação Urbana (ORU) e nas medidas de incentivo
(isenções, reduções de taxas e, benefícios fiscais) contextualizadas nas Áreas de
Reabilitação Urbanas em vigor.
No caso concreto de Faro, os benefícios atribuídos às operações de requalificação urbana,
têm sido um incentivo efetivo a uma intervenção ativa, por parte dos particulares,
originando a recuperação de muito edifícios devolutos e degradados, entretanto
colocados no mercado. Esses incentivos podem assumir a forma de isenção temporária
de IMI (Imposto Municipal sobre imóveis), isenção de IMT (Imposto Municipal de
Transações), redução de IRS (Imposto sobre o rendimento singular) ou IRC (Imposto sobre
o rendimento coletivo), nos termos da legislação em vigor.

Quadro 14 - Áreas de Reabilitação Urbanas em vigor

Enquadramento Denominação e Tipo Prazo de vigência Prioridades e Linhas


5 6
legal área (Ha) Objetivos estratégicas
(fonte: ORU’s) (fonte: ORU’s)
Regime Jurídico da
RU – Decreto-Lei
nº 307/2009 de 23
de outubro
Vila – Adentro Conversão de DR, 2ª série, nº Fomentar a Criação de
8 HA ACRRU em ARU - 246 de 26-12- reabilitação de medidas de
Delimitação da 2011 edifícios; incentivo à
área e Operação 10 anos, repovoar a área recuperação de
de Reabilitação prorrogáveis por imóveis de
Urbana (ORU) mais cinco, habitação
- Estratégia de contados a partir própria em
reabilitação da área da parcelas
urbana simples, publicação reduzidas
assente
maioritariamente
na iniciativa de
particulares
Bairro Ribeirinho Delimitação da DR, 2ª série, nº Fomentar a Captação de
12 HA área e Operação 137 de 17 de reabilitação de investimento
de Reabilitação Julho edifícios; exterior para
Urbana (ORU) 10 anos, repovoar a área reabilitação de
- Estratégia de prorrogáveis por imoveis
reabilitação mais cinco, desocupados;
urbana simples, contados a partir Criação de
assente da área da medidas de
maioritariamente publicação incentivo à
na iniciativa de recuperação de
particulares imóveis de
habitação
própria em
parcelas
reduzidas

Regime jurídico da
RU – Lei nº
32/2012 de 14 de

5
Selecionados os objetivos relativos à habitação, no contexto dos estabelecidos nas Operações de Reabilitação Urbana.
6
Selecionadas as linhas estratégicas relativas à habitação, no contexto das estabelecidas nas Operações de Reabilitação Urbana.
33
agosto
Mouraria Delimitação da DR, 2ª série, nº Fomentar a Captação de
9 HA área e Operação 177/2013 de 13 reabilitação de investimento
de Reabilitação de setembro edifícios; exterior para
Urbana (ORU) 10 anos repovoar a área, reabilitação de
- Estratégia de prorrogáveis por não obstante, imoveis
reabilitação mais cinco, consolidar o desocupados;
urbana simples, contados a partir papel de zona Criação de
assentes da data de comercial por medidas de
maioritariamente publicação excelência incentivo à
na iniciativa de recuperação de
particulares imóveis de
habitação
própria
Envolvente aos Delimitação da DR, 2ª série, nº
Núcleos área 105/2016 de 1
Históricos da de Junho - -
cidade de Faro 3 anos, contados
31 HA a partir da data
de publicação
Alto Rodes Delimitação da DR, 2ª série, nº
6,8 HA área 193/2016 de 7
de outubro - -
3 anos, contados
a partir da data
de publicação

2. Com base no Plano de Acção de Reabilitação Urbana, que apresenta como Prioridades de
Investimento, a reabilitação de edifícios privados, para uso habitacional, comércio,
turismo e outros serviços, identificando-os.

Também o IFRRU 2020, que se constitui como um instrumento financeiro que tem como objetivo
revitalizar as cidades, apoiar a revitalização física do espaço dedicado a comunidades
desfavorecidas e apoiar a eficiência energética na habitação, poderá ser mobilizado.

Pese embora, conforme referido anteriormente, o Município não disponha de imóveis para
reabilitar, o mesmo avaliará a possibilidade de proceder à aquisição de edifícios degradados,
para posterior reabilitação, sempre que sejam identificados edifícios com as características
necessárias para o efeito e que se demonstre que, do ponto de vista económico-financeiro, essa
opção se releva como a mais adequada, face a outras alternativas que possam existir para
colocação de novos fogos no mercado.
Ainda em matéria de reabilitação, o Município continuará o processo de manutenção/
reabilitação do seu parque habitacional, iniciado há alguns anos. Do mesmo modo, propõe-se a
constituir condomínios, nos vários edifícios de habitação social, por forma a tornar mais célere e
simples o processo de manutenção regular dos equipamentos e infraestruturas existentes nos
mesmos (elevadores, eletricidade,….).

34
b) Realojamento de agregados familiares em grave carência habitacional

Nos termos do DL 37/2018 são várias as situações enquadráveis no conceito de falta de


habitação adequada, nomeadamente a precariedade da habitação, a insalubridade e
insegurança, a sobrelotação, ou a inadequação do espaço, por motivos vários.

Nestes termos, são identificadas um conjunto de situações no concelho, nomeadamente a Horta


da Areia, ou as habitações da Praia de Faro, entre outras, para as quais se propõe o realojamento
de um conjunto de indivíduos e famílias identificados.

Trata-se de situações de núcleos precários, bem como núcleos degradados, que se procurarão
realojar através da construção de prédios ou empreendimentos habitacionais (conforme art.º 27
do DL 37/2018).

Como resposta, o Município de Faro propõe um conjunto de soluções que passam pela
construção de empreendimento(s) habitacional(is) em regime de habitação de custos
controlados (conforme art.º 28 do DL 37/2018), em terrenos já adquiridos, ou a adquirir, para o
efeito.

Sempre que se considere adequado e necessário, face ao perfil das famílias, nomeadamente a
sua condição habitacional, financeira e social, será disponibilizada apoio técnico e social, no
processo de transição, por diversas instituições a intervir no concelho, tendo em vista a
autonomização dos respectivos indivíduos e famílias.

É de referir que, neste momento, existem dois terrenos já adquiridos, para o fim acima descrito.
Trata-se de terrenos situados no Montenegro e nos Braciais.

Montenegro – 6 edifícios

A Câmara Municipal de Faro adquiriu sete lotes, encontrando-se elaborados para o efeito os
projetos base de arquitetura para seis desses lotes, com os seguintes parâmetros de ocupação:

- 3 Pisos acima do solo destinados a habitação;

- Área Bruta Habitacional de 4034 m2;

- 49 Fogos;

- Investimento total estimado de 4.123.000€.

35
Figura 2 - Planta Síntese do Loteamento – Alvará nº1/2007

Loteamento dos Braciais

Lote de terreno situado na zona dos Braciais/ Patacão, que foi objeto de uma alteração pontual
ao Plano Diretor Municipal de Faro, tendo em vista a implementação de um programa de
realojamento.

Destina-se ao realojamento de famílias a residir em condições precárias, prevendo também uma


área de equipamento para implementação de um Centro Comunitário com diferentes valências:

- 2 Pisos acima do solo;

- Número de fogos destinados a realojamento, a definir.

- Investimento a realizar: a definir

c) Habitação a custos controlados para arrendamento


Numa perspectiva de dotar o mercado de arrendamento com mais fogos, a colocar no mercado a
custos controlados, por forma a permitir o acesso à habitação a famílias com menores recursos
36
financeiros, pretende-se avançar com a construção de um edifício em que terreno é propriedade
da Autarquia.

Rua Ludovico Menezes – 1 edifício

A parcela destina-se a um edifício na maioritariamente destinado a habitação a custos


controlados para arrendamento, prevendo-se os seguintes parâmetros de ocupação:

- 4 Pisos acima do solo destinados a habitação;

- Área Bruta Habitacional de 2036 m2;

- Prevê-se um total de 17 fogos.

- Investimento total estimado - 1.855.800€.

Figura 3 - Planta Síntese do Loteamento

37
d) Habitação a preços acessíveis para venda

Tendo presente a procura de habitação, para adquirir, por parte de famílias que, já o fazendo, ou
pretendendo vir a desenvolver a sua vida profissional no concelho, aqui se pretendem
estabelecer em termos familiares, sem no entanto disporem dos recurso necessários para
poderem aceder a habitação a preços de mercado, pretende-se disponibilizar habitação para
venda, a preços acessíveis.

Já existem terrenos identificados para a implementação dos projectos.

Estrada Sr.ª da Saúde – 3 edifícios

3 Lotes destinados a edifícios de habitação de custos controlados, encontrando-se definidos os


seguintes parâmetros de ocupação:

- 6 Pisos acima do solo;

- Área Bruta Habitacional de 7.325 m2;

- Previsto um máximo de 89 fogos.

- Investimento total estimado - 6.035.000€.

Figura 4 - Extrato do Plano de Pormenor da Lejana

38
e) Processos de autopromoção de soluções habitacionais

A Autarquia procurará incentivar soluções de autopromoção, acompanhando todos os processos


que venham a ser promovidos por privados, nomeadamente nos termos do DL 37/2018.
Prevê o art.º 25 do referido diploma que “Podem beneficiar de apoio direto para acesso a uma
habitação adequada, … as pessoas que preencham os requisitos de acesso ao 1º. Direito,
isoladamente ou enquanto titulares de um agregado”. As pessoas elegíveis podem ser
beneficiários diretos de financiamento para realização de obras de reabilitação, em fracção ou
em prédio unifamiliar de que sejam titulares.

Conforme art.º 59 do DL indicado, as pessoas singulares devem entregar os seus pedidos junto
do município competente, que poderá atribuir habitação municipal, incluir o pedido no âmbito
de candidatura própria ao 1º Direito ou considerar o pedido como candidatura individualizada
remetendo-o ao IHRU (Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana). Neste caso, as soluções
propostas devem ser adequadas às situações concretas.

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5 - Financiamento

O financiamento assume um carácter central no processo de construção de habitação social.


Considerando os recursos limitados actualmente colocados à disposição do poder local, por
parte do poder central, a construção de habitação de cariz social, por parte dos Municípios, não
poderá ser integralmente suportado pelos orçamentos municipais.
De resto, outras questões se poderiam colocar, relacionada com a matéria. Desde logo se
considera que, face ao seu cariz social e, em muitos casos mesmo de emergência, a dívida
contraída para construção de habitação social, não deveria ser considerada para efeitos da
aferição do nível de endividamento das autarquias. Deixamos, no entanto, esta discussão para
outros fóruns…

No que respeita à presente estratégia local de habitação, prevê-se que a mesma venha a ser
financiada com recurso a linhas de apoio disponibilizadas pelo Governo e, supletivamente, a
empréstimo bancário.

Sempre que possível, quando existirem medidas de apoio/ programas em vigor, a Autarquia
formalizará candidatura. É exemplo disso o DL 37/2018, de 4 de junho de 2018, que estabelece o
“1ºDireito – Programa de Apoio ao Acesso à Habitação”. Segundo disposto no referido diploma,
“este é um programa de apoio público à promoção de soluções habitacionais para pessoas que
vivem em condições habitacionais indignas e que não dispõem de capacidade financeira para
suportar o custo do acesso a uma habitação adequada”, tendo como beneficiários,
nomeadamente as Autarquias.
O mesmo diploma define, nos artº14 e seguintes formas de financiamento de construção de
âmbito social, prevendo um apoio financeiro que poderá passar por comparticipação financeira
não reembolsável e/ou bonificação da taxa de juro de empréstimos.

No artº45 e seguintes é definido o valor do financiamento à construção.


Nos termos do artº 47 (Valor máximo da comparticipação à construção), o valor máximo de
comparticipação é de 35% do valor final da construção, acrescido das demais despesas que
forem exigíveis nos termos do artº 14 (ex: prestação de serviços relacionados com projectos,
fiscalização e segurança da obra).
Determina, ainda, o artº 36, que em situações especiais, como sejam a construção destinada ao
realojamento de núcleos precários ou degradados, as comparticipações são acrescidas em 10%.

O município poderá ainda recorrer a empréstimo com juros bonificados pelo IHRU, com um
prazo máximo de 30 anos.

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6 – Cronograma de execução
 2018
Entrada em vigor do Regulamento de Gestão do Parque Habitacional (Regulamento
91/2018, publicado a 5 de fevereiro;

Entrada em vigor do Regulamento de Alienação de Habitações Sociais (Regulamento


522/2018, publicado a 8 de agosto);

Constituição de condomínios;

 2019
Projeto Braciais;

 2020/2021
Inicio obra no Montenegro;

Inicio construção de habitação a custos controlados para arrendamento;

Inicio obra de habitação a preços acessíveis para venda.

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7 – Nota final

O concelho de Faro, viu a sua notoriedade e desenvolvimento aumentarem, de forma


significativa, nos últimos anos.
A competitividade turística, o desenvolvimento económica e social, associados à recuperação
patrimonial, do espaço publico e do edificado, uma maior notoriedade científica, cultural e
empresarial são, hoje, marcas que distinguem o concelho, com benefícios claros para a sua
população.
Estas, que são realidades que nenhuma comunidade preocupada com o seu desenvolvimento e
bem-estar desdenharia, são, paradoxalmente, propiciadoras de algumas das dificuldades que o
concelho vem experimentando no que toca a proporcionar habitação na dimensão da demanda.
Tendo esta circunstância como um dado adquirido, vários outros factores concorreram, no
entanto, para as limitações descritas. Entre eles regista-se a exígua construção licenciada entre
os anos de 2007 e 2015.
O documento que ora se apresenta corresponde a uma primeira resposta do Município e
obedece a uma premissa fundamental que é a de articular com o Estado Central e com os
agentes locais as medidas que possibilitem a recuperação do tempo e do espaço perdidos.
Como ponto de partida, apresenta-se uma proposta que implica um investimento em habitação,
no valor de mais de 15 milhões de euros.
Apresenta um diagnóstico, levanta os constrangimentos, aponta as oportunidades e, acima de
tudo expõe soluções. Soluções que, bem o sabemos, não podem ser definitivas num mundo em
constante mudança e num mercado que, como o da habitação, está em constante devir. Este é,
por isso, um documento que não fecha o processo. Deixa espaço para a adaptação e assume-se
dinâmico no seu desenvolvimento.
É, enfim, a estratégia da autarquia para dotar o concelho de mais e melhores condições de
habitação para todos os que cá vivem e os que nos visitam.

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