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Município de Faro
2018-2025
ÍNDICE
1 - Introdução
2 – Evolução do concelho
a) Território
b) População
c) Caracterização sócio económica da população
d) Dinâmica económica recente
e) Alojamento Local
f) Parque habitacional
g) Mercado imobiliário
h) Áreas de Reabilitação Urbana
i) Universidade do Algarve
j) Apreciação global
4 – Linhas de acção
5 - Financiamento
6 – Cronograma de execução
7 – Nota final
1
1 – Introdução
Por um lado, no que respeita ao Parque Habitacional do Município, destinado a habitação social
ou de emergência, não existe nova oferta desde finais de 1990, ou seja, há cerca de 28 anos.
2
Neste quadro, o Município intervirá ao nível da habitação e da reabilitação, de olhos postos na
melhoria da qualidade de vida da população, ciente do papel que assume enquanto agente de
proximidade.
A habitação é um aspeto fundamental para a coesão social e territorial, bem como para a
competitividade dos territórios.
Importa criar condições para satisfazer os locais, os estudantes e quem procura fixar-se no
concelho para trabalhar.
Faro que ser cada vez mais atractivo, mas também coeso e integrador.
A publicação, por parte do Governo, do DL 37/2018 (1º Direito – Programa de Apoio ao Acesso à
Habitação), a 4 de junho de 2018, constituiu-se como um instrumento que poderá ser utilizado
pelo Município, no âmbito da sua Estratégia de Local de Habitação e constituir-se-á como um
instrumento de trabalho da Autarquia.
O referido diploma contempla soluções para o apoio às autarquias na criação de alojamento para
pessoas que não dispõem de capacidade financeira para suportar os custos de acesso à
habitação.
As soluções apresentadas serão dispersas por zonas habitacionais existentes, garantindo a sua
diversidade social.
Este documento irá acompanhar a dinâmica da sociedade e das suas necessidades, pelo que será
um documento dinâmico, sujeito a actualizações, sempre que tal se revele necessário.
3
A estratégia agora apresentada é, pois, uma estratégia que pretende torna Faro cada vez mais
atractivo e competitivo, no âmbito nacional, mas também torna-lo coeso e integrador, do ponto
de vista social, disponibilizando oportunidades para todos.
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2 – Evolução do concelho
a) Território
O concelho de Faro situa-se na zona do sotavento, a Sul da Região do Algarve (NUTS II Algarve),
que se encontra contornada a Sul e a Oeste pelo Oceano Atlântico. O concelho de Faro tem
contiguidade a Norte com o concelho de S. Brás de Alportel, a Oeste com o de Loulé, a Este com
o de Olhão e a Sul com a Ria Formosa. É atravessado por um troço da Via do Infante (A22) e pela
Estrada Nacional 125, que constituem as principais vias interregionais estruturantes da região.
O concelho de Faro, com uma área de 202,57 km2, conforme decorre da nova delimitação
administrativa entre Loulé e Faro fixada pela Lei 61/2012, de 05 de dezembro, representa
aproximadamente 4% da área total da região do Algarve, e tem uma população residente que
representa 14,1% da população residente no Algarve. O concelho agrega 4 freguesias: União das
freguesias de Faro (Sé e S. Pedro) e Montenegro, que são consideradas áreas
predominantemente urbanas; União das freguesias da Conceição e Estoi e Santa Bárbara de
Nexe, que são consideradas áreas predominantemente rurais.
b) População
De acordo com os Censos de 2011 – resultados definitivos, o concelho de Faro apresenta uma
densidade populacional de 318,74 habitantes/Km2, tendo, à data do levantamento censitário,
uma população residente de 64.560 habitantes que apresentava a seguinte distribuição por
freguesia: 44. 119 habitantes na União das freguesias de Faro (Sé e S. Pedro); 8.149 habitantes
na freguesia de Montenegro; 4.116 habitantes na freguesia de Santa Bárbara de Nexe e 8.176
habitantes na União das freguesias da Conceição e Estoi.
Os dados sobre a população disponíveis para as freguesias permitem verificar que foi na
freguesia do Montenegro que se verificou o maior dinamismo demográfico do concelho no
último decénio. Neste período, as freguesias que integram o “Sistema Urbano de Faro” (União
das freguesias de Faro e Montenegro), apresentaram um crescimento demográfico de 5.625
habitantes, passando de 46.643 para 52.268 habitantes, sendo de destacar que este valor
correspondia a 80,96% da população do concelho, em 2011.
Os restantes 12.292 residentes distribuíam-se pelas freguesias rurais, com valores de população
relativamente equivalentes.
Dos dados referentes às duas freguesias que integram o “Sistema Urbano de Faro” destacam-se
os seguintes aspetos:
- O contínuo crescimento demográfico na União de freguesias de Faro entre 1991 e 2011;
- O grande crescimento da freguesia de Montenegro, aumentando 2.813 residentes, entre 2001
e 2011.
5
Há, ainda, a referir o consecutivo decréscimo populacional registado, no período em análise, pela
freguesia de Santa Bárbara de Nexe. O que denota, nas duas últimas décadas, uma fraca
capacidade desta freguesia para fixar população.
No período que se seguiu ao último levantamento censitário (2011) notou-se uma descida
relativa na maioria dos indicadores demográficos concelhios, tendo os mesmos,
maioritariamente, recuperado estabilidade em 2014 e uma franca tendência de subida no ano de
2016, conforme se pode verificar pela leitura do quadro seguinte.
Em termos de estrutura etária e no que respeita aos três grandes grupos etários da população -
Crianças e Jovens (até aos 14 anos), População Ativa (15-64 anos) e População Idosa (com idade
igual ou superior a 65 anos), verificam-se algumas diferenças na sua distribuição ao longo do
território. As freguesias que apresentam maior percentagem de população jovem são as
freguesias urbanas, da faixa sul e litoral do concelho, e a União das freguesias de Conceição e
Estoi (com 14,3% de população jovem). O mesmo acontece com a percentagem da população
ativa. Já com o grupo de população idosa sucede o contrário, as freguesias com maior
percentagem de população deste grupo são as duas do interior do concelho, Santa Bárbara de
Nexe e a União das freguesias de Conceição e Estoi, que se inserem já na faixa do barrocal, e que
revelam maior tendência de envelhecimento.
A freguesia de Santa Bárbara de Nexe apresenta a maior percentagem de população idosa
(27,6%), dados que são consentâneos com o facto de esta freguesia ter, nos últimos 20 anos,
perdido população residente, conforme já se referiu.
6
c) Caraterização sócio económica da população
Para caraterizar o nível de vida no município de Faro, recorreu-se a dois tipos de dados. Um
primeiro, baseado no montante do ganho médio mensal dos indivíduos. Um segundo, baseado
no seu poder de compra que, por si só, constitui um indicador compósito e não deve ser
confundido com qualquer uma das variáveis a que corresponda um âmbito concetual bem
delimitado, como sejam o rendimento ou o consumo das famílias.
No ano de 2015, os trabalhadores por conta de outrem, no concelho de Faro, auferiam uma
média mensal de 1.082,97€, superior à média mensal da região de 926,13€, o que corrobora a
superioridade do nível de vida registado no parágrafo anterior. Este valor foi superior em 38,7%
ao observado no ano de 2000.
O concelho de Faro em 2015, com um valor de 132,1 (Portugal assume o valor de referencia
100), ocupava a sexta posição no ranking nacional do indicador per capita do Poder de compra
concelhio, apenas ultrapassado, por ordem decrescente, pelos concelhos de Lisboa, Porto,
Oeiras, São João da Madeira e Sines.
De uma forma geral denota-se claramente, a superioridade dos indicadores do concelho de Faro
relativamente à média da Região no que concerne à densidade de empresas, volume de
negócios, concentração do volume de negócios das 4 maiores empresas e concentração do valor
1
III.3.5 - Empresas por município da sede, segundo a CAE-Rev.3, 2010 - Anuário estatístico da região Algarve 2011
7
acrescentado bruto das 4 maiores empresas. O que corrobora o dinamismo económico da capital
de distrito.
As empresas sedeadas no concelho de Faro possuíam, em 2015, na sua totalidade, menos de 250
trabalhadores e 96,6% possuíam menos de 10 trabalhadores, apresentando uma média de 2,4
pessoas/empresa. Na sua totalidade o tecido empresarial concelhio tinha ao seu serviço 20.927
pessoas, distribuídas pelos sectores de atividade da seguinte forma: 1.559 no sector primário;
3.211 no sector secundário e 16.151 no sector terciário, o que representa, no total, 14,29% dos
trabalhadores ao serviço das empresas no Algarve. O volume de negócios da região Algarvia
cifra-se em 7.078.447 milhares de euros, enquanto o volume de negócios em Faro é de
1.281.014 milhares de euros e apresentam um VAB2 de 369.610 milhares de euros.
2
Valor Acrescentado Bruto
3
CCDR-Alg (2006) Estratégia de Desenvolvimento do Algarve 2007-2013
8
O sector das pescas tem uma representatividade significativa a nível regional ascendendo entre
2012 e 2014, de acordo com dados da DocaPesca4, a 17% do volume de pesca do país. Porém,
Faro constitui o segundo concelho da região com menor volume de pesca, tendo, no mesmo
período, apresentado um volume de pescas insignificante de aproximadamente 0,005t.
No ano de 2011, no concelho de Faro existiam 259 empresas das indústrias transformadoras,
correspondendo a 13,10 % do total na região do Algarve e no ano de 2015, existiam 218
empresas correspondendo a 12,24% do total da região do Algarve. Naquele ano, a indústria
transformadora tinha ao seu serviço 648 pessoas, gerando um volume de negócio de 28.091
milhares de euros e contribuindo para o VAB concelhio com 9.192 milhares de euros.
O sector terciário é, como já se referiu, o mais importante do concelho e, sem dúvida, aquele que
lhe confere o estatuto e visibilidade que possui como centro funcional polarizador a nível
regional. Para tanto, muito contribuem os serviços administrativos de âmbito regional, a
administração desconcentrada do Estado, o hospital distrital, o aeroporto e a Universidade que
se encontram sediados no concelho.
A capitalidade de Faro revela-se com grande intensidade no domínio da oferta de serviços não só
públicos com também privados. Ilustrativo dessa importância é o facto de cerca de um quarto do
volume de negócios gerado nestes subsectores, no Algarve, ter origem no concelho de Faro.
Um dos exemplos de serviço público, é a Universidade do Algarve, que tem contribuído para a
dinâmica económica do concelho e da Região, através da sua afirmação em termos formativos e
na área da investigação, tal como o aeroporto que facilita a ligação com os principais destinos
europeus.
No concelho de Faro, o sector do comércio é o que mais contribui para o VAB regional e
simultaneamente aquele que gera mais emprego. Este sector tem evidenciado uma forte
dinâmica na região, quer pelo número de sociedades criadas quer pelas características do
próprio comércio que se tem, gradualmente, afastado do modelo do comércio tradicional, onde
as estruturas de muito pequena dimensão são predominantes. De facto, têm surgido na região
novas formas comerciais, com destaque para as grandes superfícies e a implantação de cadeias
especializadas organizadas sob a forma de franchising. Apenas as empresas de maior dimensão
introduzem o fator inovação nos seus processos, enquanto as de menor dimensão apostam na
introdução de novos produtos.
No que toca ao sector do turismo, refiram-se as potencialidades excecionais da região para que o
turismo se assuma como referência internacional em termos de qualidade.
4
DOCAPESCA, Portos e Lotas SA (2012) Relatório e Contas 2012
9
O concelho de Faro, à semelhança do que sucede com os outros concelhos cuja orla marítima
coincide exclusivamente com o Parque Natural da Ria Formosa não registou um crescimento
turístico equiparável ao de outros concelhos da faixa litoral central do Algarve. Tal deveu-se ao
facto de, por um lado o produto turístico oferecido pelo destino Algarve se ter centrado quase
exclusivamente no produto sol/praia e pelo facto de nestes concelhos o acesso às praias se
encontrar dificultado pela interposição da Ria Formosa. O serviço de transporte fluvial para
acesso às praias só recentemente apresentou uma melhoria considerável.
De um modo geral, os indicadores de emprego, pela sua natureza, estão intimamente ligados aos
indicadores da economia e das empresas. Assim sucede para o caso da Região do Algarve e do
próprio concelho de Faro. Em 2015, acompanhando a tendência dos indicadores já tratados no
ponto anterior, 84,7% da população empregada por conta de outrem estava concentrada no
sector terciário; enquanto, 12,5% se dedicava ao sector secundário e apenas 2,89% ao primário.
Gráfico 1 - Trabalhadores por conta de outrem em serviço dos estabelecimentos do concelho por sector de
Atividade (2005, 2009, 2011, 2013, 2014 e 2015)
100%
80%
60%
40%
20%
0%
2005 2009 2011 2013 2014 2015 2005 2009 2011 2013 2014 2015 2005 2009 2011 2013 2014 2015
Primário Secundário Terciário
Algarve Concelho de Faro
Fonte: INE - Anuários Estatísticos da Região Algarve 2006, 2011, 2012 a 2016
10
No concelho de Faro e no período comparativo em análise (2005-2015), registou-se um
acréscimo de trabalhadores por conta de outrem no sector primário (+0,8%), sendo que no
secundário se verificou um decréscimo (-3,5%) relativamente à percentagem anterior. Pelo
contrário, no sector terciário verificou-se um aumento de (2,7%).
Em 1991, 2001 e 2011, o concelho de Faro apresentou uma taxa de desemprego de 4,7%, 5,6% e
13,24% respetivamente, valores inferiores ao da região. No período intercensitário em análise, a
taxa de desemprego no concelho teve um acréscimo de 0,9% (91-01) e 7,6% (01-11) variações
inferiores à média regional.
35 000
30 000
25 000
20 000
15 000
10 000
5 000
0
01/2011
03/2011
05/2011
07/2011
09/2011
11/2011
01/2012
03/2012
05/2012
07/2012
09/2012
11/2012
01/2013
03/2013
05/2013
07/2013
09/2013
11/2013
01/2014
03/2014
05/2014
07/2014
09/2014
11/2014
01/2015
03/2015
05/2015
07/2015
09/2015
11/2015
01/2016
03/2016
05/2016
07/2016
09/2016
11/2016
01/2017
03/2017
05/2017
07/2017
09/2017
11/2017
Algarve Faro
No entanto, para o período 2011-2017, conforme podemos verificar pela leitura do gráfico
relativo à evolução do número de desempregados registados nos serviços de emprego da região,
o desemprego no concelho de Faro apresenta uma tendência de descida atingindo o seu valor
mais baixo no verão de 2017.
e) Alojamento Local
A tendência de aumento de alojamentos locais (AL) no concelho tem vindo a verificar-se
anualmente. Entre 2014 e 2015 esse aumento teve maior expressão justificando-se com a
entrada em vigor, a 27 de novembro de 2014, da nova legislação aplicada a este tipo de
11
alojamento para turistas, Decreto-lei nº. 128/2014 de 29 agosto alterado pelo decreto-lei nº.
63/2015 de 23 abril.
O concelho de Faro tinha, em 31 de março de 2018, uma oferta de 322 alojamentos locais com
1.022 quartos, 1.725 camas e capacidade para 2.348 pessoas.
Como poderemos ver pelo gráfico seguinte, o nº de alojamentos cresceu quase 6 vezes, num
período de 4 anos.
Os valores de alojamento local em Faro são, ainda assim, bastante inferiores à média regional.
2185 2348
1515
1195 1622
1725
799 1088
706 837
567 945
509 655 1022
317 508
290 291
64 130 195 322
56
2013 2014 2015 2016 2017 31 de março 2018
f) Parque habitacional
Tendo como referência os dados dos últimos Censos (2011) – Resultados Definitivos e Cálculos,
expressos no quadro seguinte, observa-se que no concelho de Faro existia, em 2011, um total de
17.257 edifícios e 37.975 alojamentos, o que representa sensivelmente 8,7% do total das
construções regionais.
Recorde-se que Faro, com cerca de 65.000 habitantes, detém cerca de 14% da população
residente na região algarvia.
12
Quadro 2 - Dimensão do parque habitacional – 2011
Edifícios Alojamentos Densidade
Familiares Edifícios Alojamentos
País/Região/Concelho Área/Km2 Total Total Clássicos (Edif/km2) (Aloj/Km2)
Portugal** 92.212,0 3.544.389 5.866.152 5.859.540 38,44 63,62
Algarve** 4.996,8 198.924 378.349 377.619 39,81 75,72
Faro* 202,57 17.257 37.975 37.788 85,19 187,47
União das freguesias da
Conceição e Estoi* 68,40 3.748 4.597 4.546 54,80 67,21
Santa Bárbara de Nexe 38,22 2.558 2.806 2.792 66,94 73,42
União das freguesias de Faro
(São Pedro e Sé)* 74,75 8.301 26.147 26.031 111,05 349,79
Montenegro 21,20 2.650 4.425 4.419 125,00 208,73
Fonte: Censos 2011 – Resultados Definitivos e Cálculos
*Carta Administrativa Oficial de Portugal (CAOP 2013), adaptado à nova delimitação administrativa entre Loulé e Faro fixada pela Lei 61/2012, de 05/12.
** Fonte: INE, O Território, Anuário Estatístico da Região Algarve 2012
Em 2011, foram emitidas 1.177 licenças de construção de edifícios no Algarve, das quais 863 se
destinavam a habitação familiar. Faro, no mesmo período, apresentou 123 licenças de
construção, das quais 90 tinham como destino a habitação familiar, o que representa
aproximadamente 10% do total de licenças emitidas em termos regionais.
Entre 2011 e 2017 registou-se, no entanto, uma diminuição significativa no número de licenças
emitidas.
Em 2017, o Algarve emitiu 743 licenças, das quais 620 para habitação familiar, enquanto Faro
emitiu 25 licenças, das quais 21 para habitação familiar.
É de assinalar que em Portugal se registou uma inversão da tendência de queda, a partir de 2016,
o que não aconteceu em Faro.
Quadro 3 - Edifícios licenciados para construção, segundo o tipo de obra – 2011 a 2017
Total
País/Região Edifício licenciado para construção (inclui construções novas e Edifícios licenciados para habitação familiar
/Concelho ampliações, alterações e reconstruções)
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Portugal 23.912 19.705 15.329 14.443 14.030 15.571 17.723 17.068 13.087 9.125 8.429 8.875 10.428 11.932
Algarve 1.100 850 618 583 610 743 743 875 660 452 441 487 614 620
Faro 115 71 56 49 37 39 25 90 47 37 42 29 30 21
Fonte: INE, Construção e Habitação, Anuários Estatísticos da Região Algarve 2011 a 2017
Em 2016, o parque habitacional no concelho de Faro foi estimado em 17.342 edifícios e 38.072
fogos, o que corresponde a um aumento de 0,05% do número de fogos, face a 2015.
Reportando aos últimos dados publicados sobre a caracterização do parque habitacional, que
respeitam ao ano 2011 (Censos), em Faro destacam-se os alojamentos clássicos ocupados como
residência habitual (81,9%), correspondendo a residência secundária a 18,1% do total de fogos
do concelho.
13
Gráfico 4 – Ocupação dos alojamentos clássicos em Faro, 2011
0,0%
2001 2011
Residência habitual Residência secundária
No concelho de Faro, os proprietários ocupam cerca 65% dos alojamentos ocupados como
residências habituais e, entre estes, cerca de 46% têm encargos por compra (registando o valor
de encargos médios por compra em 406 euros mensais).
27,4%
64,5%
No âmbito do arrendamento, cerca de 27,4% das residências habituais estão ocupadas por
arrendatários e a maioria dos contratos do Município de Faro tem duração indeterminada (55%
dos alojamentos arrendados e subarrendados). Cerca de 38% dos alojamentos estão arrendados
com contratos com prazo certo. Os contratos de renda social ou apoiada estão associados a
cerca de 4% dos alojamentos e o subarrendamento associado a cerca de 3%.
14
Figura 1 - Representação gráfica comparativa entre números das famílias e dos alojamentos por aglomerado
urbano mais representativo do concelho de Faro em 3 momentos censitários consecutivos (1991, 2001 e 2011)
Pela leitura da figura anterior verificamos, na generalidade das freguesias, que a oferta de
alojamentos era bastante superior ao número de famílias até 2011, com exceção da freguesia de
Santa Bárbara de Nexe, onde essa superioridade apenas se fez sentir nos últimos censos (2011).
Onde essa disparidade mais se faz sentir é na cidade de Faro, que engloba as freguesias de S.
Pedro e da Sé. De facto, existia na sede do concelho um excesso de oferta de habitação
comparativamente ao número de famílias, com uma diminuição dessa diferença nos censos de
2001.
No entanto, nos últimos anos, com a alocação de vários edifícios a um conjunto diversificado de
actividades económicas, e aumento da procura, diminuiu o número de habitações disponíveis
para arrendar.
g) Mercado imobiliário
No que concerne ao mercado imobiliário, verifica-se que tanto o número de prédios
transacionados como o volume de negócio associado diminuiu de 2011 a 2013 (época de
recessão económica), tendo invertido esta tendência em 2014, ano a partir do qual o sector
15
imobiliário adquiriu novo folgo. Porém, só em 2015 os valores associados ao ramo imobiliário
suplantariam os de 2011, conforme se pode retirar da leitura do quadro seguinte.
Localização Tipo de Contratos de compra e venda (N.º) de prédios por Localização geográfica (NUTS - 2013) e Tipo de prédio; Anual
geográfica prédio Período de referência dos dados
2011 2012 2013 2014 2015 2016
N.º milhares N.º milhares de N.º milhares N.º milhares N.º milhares N.º milhares
de euros euros de euros de euros de euros de euros
Algarve Total 10.664 1.310.672 9.389 1.052.434 10.591 1.292.517 12.070 1.543.588 15.205 2.030.017 17.239 2.485.383
Urbanos 9.033 1.211.938 7.850 952.493 9.005 1.147.640 9.964 1.458.797 12.878 1.910.490 14.812 2.337.359
Rústicos 1.332 44.232 1.257 52.200 1.312 99.234 1.780 31.386 1.951 43.404 2.016 62.877
Mistos 299 54.502 282 47.740 274 45.643 326 53.405 376 76.122 411 85.146
Faro Total 807 87.926 677 52.739 626 51.881 741 75.643 1.017 100.115 1.198 122.575
Urbanos 649 77.449 564 44.963 515 45.992 603 68.198 866 91.387 1.056 114.016
Rústicos 127 4.706 82 1.508 91 1.981 115 4.034 123 2.781 127 6.168
Mistos 31 5.771 31 6.267 20 3.908 23 3.410 28 5.946 15 2.392
Fonte: Base em dados do INE, Anuários estatísticos da Região Algarve 2011 a 2016
No que respeita aos valores de vendas de imóveis, o INE passou a publicar informação relativa ao
valor mediano das vendas por m2, de alojamentos familiares, reportando os primeiros dados ao
1º trimestre de 2016.
Desde esse período e até ao 1 trimestre de 2018 (últimos dados publicados), é possível verificar o
aumento continuado do valor mediano das vendas por m2 em Faro. Entre o 1º trimestre de 2016
e o 1º trimestre de 2018, o aumento foi de 24,8%, ou 238 €/m2.
Vila Adentro 8
Mouraria 22
B. Ribeirinho 26
Env. Zona Histórica 66
Fonte: CMF/GARU (2018)
16
i) Universidade do Algarve
A Universidade do Algarve, com os seus 2 campus situados no concelho, contribui para a forte
dinâmica do mercado imobiliário de Faro, maioritariamente na vertente do arrendamento.
Mostrando a tabela infra o conjunto dos alunos matriculados ao nível do ensino superior, na
região algarvia, a sua análise permite-nos aferir o peso destacado por parte da Universidade do
Algarve, no acolhimento de estudantes, quer nacionais como estrangeiros.
Efectivamente, a Universidade do Algarve acolhe desde 2016 cerca de 90% dos estudantes a
frequentar o ensino superior na região, sendo ainda de registar o aumento gradual dos
estudantes estrangeiros, em resultado de um trabalho persistente e em vários pontos do globo,
de atracção de estudantes a Faro, constatando-se (pelo acompanhamento que a própria
Universidade faz da sua presença e interesses na região) que uma parte significativa mostra
interesse e se tem vindo a fixar na região, e em particular em Faro.
Localização Total Portuguesa Estrangeira Total Portuguesa Estrangeira Total Portuguesa Estrangeira Total Portuguesa Estrangeira Total Portuguesa Estrangeira
Geográfica
Algarve 9.977 9.164 813 8.982 8.298 684 8.680 7.742 938 7.902 7.037 865 7.893 6.915 978
Faro 7.969 7.261 708 7.493 6.893 600 7.520 6.650 870 6.979 6.158 821 7.118 6.189 929
Portimão 1.203 1.147 56 974 923 51 792 748 44 691 658 33 614 577 37
Silves 368 347 21 251 232 19 194 179 15 143 137 6 124 116 8
Fonte: Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência
Neste contexto, emerge uma preocupação, transversal à generalidade das cidades com oferta de
ensino superior: a disponibilização de alojamento a alunos oriundos de outros pontos do país.
A resolução deste constrangimento passa pela identificação de parceiros disponíveis para
assumirem a construção de novas residências para estudantes.
j) Apreciação global
Faro, enquanto capital do Algarve, caracteriza-se por apresentar um peso dos serviços superior à
média, no total da sua economia.
Não obstante, tem acompanhado as tendências de evolução da dinâmica económica e social do
país. O concelho apresenta crescimentos económicos quando a economia nacional evolui
positivamente, registando abrandamentos quanto o país entra em recessão, tal como aconteceu
no período 2009-2012 fruto da crise internacional então instalada.
Mas, até há poucos anos, o concelho recebia os impactos económicos de forma “atenuada”,
fruto dessa elevada dependência dos serviços (parte deles, da Administração Publica, central e
17
local). Nas recessões, o desemprego nunca crescia tanto como no resto do país, mas em alturas
de crescimento económico a procura pelo concelho, para investir e criar emprego, ficava aquém
dos demais.
A realidade é, hoje, diferente. Cada vez mais o concelho vem sendo procurado para investir.
Hotelaria e restauração, imobiliário, tecnologias de informação e comunicação ou agricultura,
são apenas alguns dos sectores onde a procura por parte dos investidores mais se faz sentir.
No que respeita à sua população, Faro regista uma estabilização da mesma, tal como no resto do
país, assistindo-se a uma maior procura por parte das freguesias do litoral, em detrimento das do
interior. Assim, temos uma população mais jovem a instalar-se nas freguesias da Sé/S.Pedro e
Montenegro, enquanto Santa Barbara de Nexe e Conceição/Estoi, vão assistindo ao
envelhecimento da sua população.
A propósito da evolução dos indicadores demográficos, importa referir que Faro apresenta maior
peso de jovens e menor peso de idosos que a média da região e do país.
18
3 – Habitação social no concelho de Faro
De forma mais marcada, isso aconteceu na habitação social. Os últimos fogos disponibilizados
foram-no em final dos anos 1990, com a Urbanização de Stº António do Alto e em 2006, com
habitações a custos controlados, na Av. Calouste Gulbenkian.
Nos anos mais recentes, como consequência do plano de reequilíbrio financeiro ao qual o
Município teve que aderir, por forma a voltar a equilibrar as suas finanças, não existiram
condições para investir na habitação social.
Atualmente, com as finanças do Município equilibradas e cientes das carências existentes, voltar-
se-á a investir neste domínio, procurando melhorar as condições de vida da população.
a) Histórico
A construção mais recente do parque habitacional municipal remonta aos finais da década de
1990. Trata-se da Urbanização Municipal de Santo António do Alto com 149 fogos. Desde então,
o Município de Faro apenas lançou, em 2006, o Concurso de Alienação de 144 Fogos a Custos
Controlados na Avenida Calouste Gulbenkian. Este concurso teve como objetivo proporcionar
condições de habitabilidade aos Munícipes que não possuíam habitação própria e que não
dispunham de recursos económicos para adquirir casas, face aos preços de mercado.
Presentemente, o valor das rendas existentes no mercado é, em alguns casos, excessivo, face aos
recursos financeiros das famílias, sendo que muitas optam por solicitar apoio à autarquia para
atribuição de uma habitação social. No entanto, não tem sido possível satisfazer as necessidades
habitacionais dos agregados familiares, uma vez que a Autarquia não dispõe de fogos de
habitação social desocupados.
O DDSE tem por missão apoiar a definição da política do município nos domínios da ação social,
habitação, saúde e educação, exercendo as correspondentes funções normativas e
operacionalizando o planeamento, execução e avaliação das ações que realiza nesses domínios.
19
São exemplos da intervenção do DDSE, para além da Gestão do Parque Habitacional Municipal,
anteriormente caracterizado, os seguintes serviços/respostas:
- Gabinete de Apoio ao Idoso (G.A.I) - é um serviço público local a funcionar no DDSE, que tem
como objectivo atender os munícipes idosos, isolados e carenciados do Concelho de Faro, no
sentido de contribuir para a valorização pessoal e social do idoso; promover a participação activa
dos idosos na vida social e contribuir para a melhoria da sua qualidade de vida.
- Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes (CLAIM) - tem por missão apoiar os residentes
estrangeiros no concelho. O CLAIM resulta de um Protocolo de Cooperação entre a Câmara
Municipal de Faro e o Alto Comissariado para as Migrações (ACM);
- Gabinete de Apoio ao Emigrante - visa Informar estes cidadãos dos seus direitos nos países de
acolhimento, apoiá-los no regresso e reinserção em Portugal, contribuindo para a resolução dos
20
problemas apresentados, de forma rápida, gratuita e personalizada, bem como facilitar o
contacto com outros serviços da administração pública portuguesa;
- Outras - para além das respostas de apoio à comunidade supra referidas, são ainda assegurados
pelo Departamento de Desenvolvimento Social e Educação, o transporte social, a horta social, a
dinamização do Banco Local de Voluntariado e, através do Regulamento de Apoio ao
Associativismo e a comparticipação financeira do Município a Entidades sem fins lucrativos de
âmbito social.
O Conselho Local de Ação Social (CLAS), estrutura que está na base de funcionamento do
programa da Rede Social, enquanto “fórum de articulação e congregação de esforços”, congrega,
neste momento, 88 entidades, entre públicas e privadas, com ou sem fins lucrativos, com sede
ou ação no concelho de Faro, com um conjunto diversificado de áreas de intervenção social.
A partir das principais problemáticas identificadas pela Rede Social foram criados grupos de
trabalho temáticos: Grupo de Trabalho na Área do Envelhecimento, Grupo de Trabalho na Área
da Deficiência, Grupo de Trabalho na Área da Igualdade, o Núcleo de Planeamento e Intervenção
de Pessoas Sem-Abrigo, e Grupo de Trabalho na Resposta Integrada de Vestuário e Alimentação.
Para além disso, conta com um conjunto de habitações dispersas por vários pontos da cidade,
como seja o Bairro dos Centenário.
No total, conta com 447 fogos de habitação social, dos quais 399 arrendáveis, estando os
restante cedidos a título precário.
Este Bairro composto por 16 moradias foi edificado em 1940 pela Junta de Província do Algarve e
pela Câmara Municipal de Faro, com o objectivo de providenciar habitação “às famílias pobres da
cidade”.
21
desenvolvimento de actividades de âmbito social por uma IPSS (Provectus), deixando de assumir
a sua função original.
Atualmente ainda residem no Bairro dos Centenário 4 agregados familiares, que coexistem com
as actividades da Associação Provectus, desenvolvidas nas restantes 12 moradias.
A Provectus é uma Instituição Particular de Solidariedade Social, com sede em Faro, sem fins
lucrativos, que desenvolvera sua atividade em Prol da Terceira Idade, com o objectivo de
melhorar a qualidade de vida dos idosos, tendo em conta as suas necessidades e especificidades.
Situado junto ao Cais Comercial, em Faro, o Bairro Horta da Areia surgiu no final da década de 70
com a finalidade de realojar pessoas/ famílias oriundas das antigas colónias portuguesas.
Atualmente, este bairro é constituído maioritariamente por portugueses de etnia cigana e etnia
não cigana, onde diferentes hábitos e estilos de vida se unificam no mesmo espaço.
O Bairro da Horta da Areia é uma zona residencial de habitação social constituída por 21 pré-
fabricados e 23 em alvenaria, em elevado estado de degradação.
Mais de 40 anos passados, o bairro ali continua, servindo de habitação a cerca de 200 munícipes,
divididos em 50 agregados familiares.
Este Bairro construído nos anos 80, começou a ser habitado em 1985. Originalmente, eram 180
habitações sociais, mas ao longo dos anos o Município de Faro procedeu à alienação de fogos aos
arrendatários.
O processo de selecção dos agregados foi feito com base num concurso para arrendamento de
fogos camarários.
Actualmente o Município é detentor de 122 fogos neste bairro, uma vez que 58 já foram
alienados, a pedido dos respectivos arrendatários.
22
Bairro Presidente João Negrão Belo
Situado junto à Cidade de Hayward, numa zona de fácil acesso a serviços públicos,
nomeadamente do hospital, este Bairro foi construído nos anos de 1993/1994 e começou a ser
habitado nos anos de 1994/1995. É composto por 9 blocos de 2 pisos num total de 96 fogos, dos
quais 48 são de tipologia T2 e outros 48 de tipologia T3.
O Bairro Presidente João Negrão Belo é habitado por indivíduos de diferentes etnias, cujo
convívio é pacífico.
É o bairro mais recente do parque habitacional municipal e a sua construção remonta aos finais
da década de 90. Foi construído com o objectivo de proporcionar condições de habitabilidade à
população residente no antigo Bairro da Atalaia.
O conjunto habitacional em questão é composto por 149 fogos distribuídos por 10 blocos com 5
pisos cada. Existem 20 fogos de tipologia T1, 55 de tipologia T2, 55 de tipologia T3 e 19 de
Tipologia T4.
Outros
Para além dos fogos de habitação social identificados nos bairros infra, o Município de Faro é,
ainda, detentor de 35 fogos de habitação social dispersos pelo concelho.
i. Rendas
Ao longo dos anos e de acordo com a legislação em vigor em cada momento, o Município de
Faro foi disponibilizando os vários tipos de renda aplicáveis à habitação social:
- Arrendamento apoiado – Lei n.º 81/2014 de 19 de dezembro, com a redação conferida pela Lei
n.º 32/2016 de 24 de agosto;
Atualmente, nos termos da Lei nº 81/2014, alterada pela Lei 32/2016, de 24 de agosto, o
Município aplica o regime de arrendamento apoiado. Este é um regime aplicável às habitações
detidas, a qualquer título, por autarquias locais, entre outras, que por elas sejam arrendadas ou
23
subarrendadas com rendas calculadas em função dos rendimentos dos agregados familiares a
que se destinam.
Desta forma, e com o objectivo de uniformizar os tipos de renda, bem como de tornar o processo
de atribuição de habitação social o mais transparente e justo possível, decorridos mais de 6 anos
da entrada em vigor do anterior Regulamento de Acesso e Gestão do Parque Habitacional do
Município de Faro, tendo presente a experiência adquirida com a sua aplicação e considerando
as alterações legislativas entretanto introduzidas, entendeu o Município proceder à aprovação
de um novo Regulamento Municipal sobre a matéria.
A título de exemplo refira-se que nos últimos anos foram adjudicados trabalhos de manutenção/
recuperação, num valor superior a 320.000 euros. Nesses trabalhos compreendem-se
recuperações de elevadores, de fachadas, de coberturas, reparação de instalações elétricas,
entre outas intervenções.
Estão actualmente previstos trabalhos, a realizar num conjunto de fachadas ainda não
intervencionadas, num valor estimado em 285.000 euros.
Este trabalho será continuado, quando tal se revele necessário, com intervenção no interior e
exterior dos edifícios.
24
A pedido dos arrendatários ou sempre que estejam em causa as condições de segurança,
salubridade e conforto das habitações, serão realizadas visitas de vistoria.
Com base nos resultados obtidos, e conforme alínea c), do art.º 29, do mesmo Regulamento, o
Município assegurará a realização de obras de conservação, reabilitação e beneficiação dos
edifícios e frações, no que diz respeito às partes de uso privativo e de uso comum, sempre que se
verifique a sua necessidade e cuja responsabilidade lhe caiba.
Esta intervenção não deve, no entanto, ser confundida com as obrigações dos arrendatários,
nomeadamente as dispostas no art.º 31 do Regulamento de Gestão do Parque Habitacional do
Município de Faro, como sejam:
O Regulamento de Gestão do Parque Habitacional do Município de Faro prevê, no seu art.º 58.º
a possibilidade de alienação de fogos municipais aos respetivos arrendatários, a requerimento
destes, bem como o ónus da sua inalienabilidade, em termos a definir em regulamento municipal
específico sobre a matéria.
25
Em paralelo com este processo encontram-se a decorrer outras duas iniciativas que incidem
sobre o parque habitacional do Município de Faro:
Assim, e numa lógica de permitir aos condóminos privados, proprietários de habitações nos
respectivos prédios, a participar nas decisões e gestão da vida diária dos seus condomínios, serão
constituídos condomínios no curto prazo;
- Constituição da propriedade horizontal, nos edifícios onde tal ainda não acontece. Esta medida
permitirá aos arrendatários que reúnam condições para o efeito e o pretendam fazer, nos
termos do Regulamento de Alienação de Habitações Sociais do Município de Faro, proceder à
aquisição do fogo onde actualmente residem, em regime de arredamento, em pé de igualdade
com os restantes arrendatários que já exerceram essa opção, nomeadamente nos edifícios da
Carreira de Tiro.
A grave crise económica que assolou o país, conduzindo a uma elevada taxa de desemprego e ao
aumento do trabalho precário, aliada à sazonalidade da região algarvia, levou a um aumento dos
pedidos de habitação social por parte de famílias e munícipes isolados.
Por outro lado, a recuperação económica recente, veio colocar pressão sobre o mercado
imobiliário, nomeadamente nas vertentes de arrendamento e aquisição, fazendo diminuir a
oferta de habitação disponível, com o consequente aumento de preços, o que veio dificultar o
acesso das famílias ao arrendamento ou aquisição.
A este propósito, recorde-se que o INE publicou recentemente informação estatística sobre o
valor mediano das rendas por m2 de novos contratos de arrendamento de alojamentos
familiares, relativos ao ano 2017. Faro apresentou um valor de 4,96€/ m2, situando-se acima da
média nacional e do continente (4,39 €/m2), mas ligeiramente abaixo da média regional (5 €/
m2). Com aquele valor, Faro apresenta-se como o 6º concelho com valor mais elevado no
Algarve.
Deste modo, face aos pedidos registados e aos contactos recebidos ao longo do tempo, é
possível aferir pela existência de diferentes perfis de pedidos/necessidades, que, naturalmente,
irão determinar as escolhas de perfil de habitação que Município irá disponibilizar nos próximos
anos.
26
Assim, face ao histórico de contactos, por parte dos munícipes, para efeitos de atribuição de
habitação pela autarquia, é possível identificar 3 perfis diferenciados:
No que respeita aos munícipes com carências financeiras, entendendo-se por carência financeira
a situação da pessoa ou do agregado habitacional que detém um património mobiliário de valor
inferior a 5% do limite do estabelecido nos termos dos nºs 4 e 5 do artigo 2.º do Decreto – Lei n.º
70/2010, de 16 de junho, na sua redação atual, e cujo rendimento médio mensal é inferior a
quatro vezes o indexante dos apoios sociais (IAS).
Este enquadramento remete as famílias para a impossibilidade de adquisição ou arrendamento
de habitação no mercado privado.
A Autarquia registava, à data de 23 de outubro de 2018, um total de 339 pedidos de habitação
ativos. Para efeitos de apuramento do número de processos ativos, foram considerados todos os
munícipes que estabeleceram contato com o (atual) Departamento de Desenvolvimento Social e
Educação, manifestando interesse e necessidade em terem acesso a habitação, desde 2016.
Numa análise à dinâmica dos pedidos registados, verifica-se alguma homogeneidade no número
de pedidos registados nos serviços. Foram registados 111 pedidos, em 2016; 92, em 2017; e 136
até 23 de outubro de 2018.
Quando à tipologia de habitação requerida, que depende da dimensão do agregado familiar, a
maioria dos pedidos recebidos respeitam a habitações de menor dimensão (T1 – 109 pedidos ou
T2 – 119 pedidos).
Quanto às tipologias T3, T4 e T5, o número de pedidos registado é de 69, 25 e 17,
respectivamente.
27
Quanto aos munícipes a viverem em situação precária no concelho, é possível identificar um
conjunto diversificado de situações, dispersas pelo mesmo.
Em junho/17, a autarquia participou no Levantamento Nacional das Necessidades de
Realojamento Nacional do IHRU – Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana, sendo possível
constatar, à data, a existência de 816 famílias por realojar, das quais 202 ainda residem em
barracas ou similares, conforme distribuição abaixo apresentada.
28
Tendo esta realidade presente, foi feito um levantamento conjunto pela Polis Ria Formosa e o
Município de Faro, no sentido de aferir das cateterísticas daquela comunidade e procurar
soluções para o seu realojamento.
Nos contactos houve a preocupação de identificar os agregados que melhor se ajustam a cada
uma das eventuais alternativas de realojamento, no que respeita à sua localização.
A caracterização foi feita a partir das atividades profissionais dos adultos que trabalham e dos
locais em que as desenvolvem, considerando, em particular, a existência ou não de atividade
ligada à pesca e à apanha de marisco.
No que respeita à caracterização daqueles 49 agregados, é possível aferir que a grande maioria
apresenta uma dimensão adequada à sua instalação em tipologia T1 e T2 – 22 e 15,
respectivamente. Quanto ao número de agregados, cuja dimensão, implica a atribuição de
tipologia T3, foram identificados 12.
Quadro 10 - Realojamento do Montenegro
por tipologias
Tipologia Agregados
T1 22
T2 15
T3 12
Total Geral 49
Fonte: DDSE/ CMF
No que respeita às idades da população, a mesma apresenta-se bastante diferenciada, indo dos
2-3 anos, aos 89.
Idades Nº Pessoas
Até 18 anos 32
19-34 17
35-44 21
45-65 26
Superior a 65 27
Fonte: DDSE/ CMF
29
Já no que respeita ao tipo de ocupação, registou-se, aquando do levantamento, uma quantidade
significativa de residente não ligados ao mercado de trabalho (estudantes, domésticos,
desempregados e reformados).
No que respeita à população empregada, verifica-se que a maioria não exerce actividade ligada
ao mar.
Por fim, temos munícipes e famílias, em regra jovens, que procuram habitação para aquisição no
concelho de Faro, tendo em vista o desenvolvimento da sua atividade profissional no mesmo,
mas que não dispõem de recursos para aquisição de habitação no mercado privado, dados os
valores praticados atualmente (no quadro em baixo podemos ver o substancial aumento do valor
mediano das vendas por m2 no Concelho de Faro, nos últimos dois anos).
Valor mediano das vendas por m2 de alojamentos familiares (€) por Localização geográfica (NUTS - 2013);
Trimestral
Período de referência dos dados
Localização
1.º 2.º 3.º 4.º 1.º 2.º 3.º 4.º 1.º
geográfica
Trimestre Trimestre Trimestre Trimestre Trimestre Trimestre Trimestre Trimestre Trimestre
de 2016 de 2016 de 2016 de 2016 de 2017 de 2017 de 2017 de 2017 de 2018
€ € € € € € € € €
Faro 958 990 1.005 1.032 1.024 1.051 1.103 1.154 1.196
Fonte: INE
Dados os valores praticados no mercado privado (aumento de 238€/m2 no valor mediano para
vendas entre os primeiros trimestres de 2016 e 2018), têm existido dezenas de abordagens ao
(atual) Departamento de Desenvolvimento Social e Educação, questionando sobre a
30
possibilidade de adquirir habitação a preços acessíveis, evidenciando a necessidade deste tipo de
resposta pública.
Assim, os imóveis a colocar no mercado serão destinados, quer a ser alienados a custos
controlados, quer a serem colocados no mercado de arrendamento social, com valores de renda
que levarão em linha de conta os rendimentos dos arrendatário e respetivas famílias.
Nas situações em que venham a ser identificadas fragilidades sociais por parte das famílias
realojadas, serão definidos planos de acção, tendo em vista a mitigação dos fatores originadores
de exclusão social, através da dinamização de programas de acompanhamento, procurando
promover uma integração plena.
31
4 – Linhas de acção
Ciente das necessidades existentes no concelho, a Autarquia privilegiará no seu plano de acção 4
eixos de atuação principais:
a) Reabilitação;
b) Realojamento de agregados familiares em grave carência habitacional;
c) Habitação a Custos Controlados para arrendamento;
d) Habitação a Preços Acessíveis para venda
e) Acompanhamento de processos de autopromoção de soluções habitacionais, nos termos
do DL 37/2018.
Aspetos como a acessibilidade, nomeadamente normas técnicas dos acessos, serão acautelados
em sede de elaboração de projetos, tendo em vista o acesso e utilização por parte de pessoas
com mobilidade e autonomia reduzidos.
Também os aspectos ligados à sustentabilidade e eficiência energética serão considerados nos
respectivos projectos, sempre que tal se revele possível.
a) Reabilitação
32
1. Com base nas Operações de Reabilitação Urbana (ORU) e nas medidas de incentivo
(isenções, reduções de taxas e, benefícios fiscais) contextualizadas nas Áreas de
Reabilitação Urbanas em vigor.
No caso concreto de Faro, os benefícios atribuídos às operações de requalificação urbana,
têm sido um incentivo efetivo a uma intervenção ativa, por parte dos particulares,
originando a recuperação de muito edifícios devolutos e degradados, entretanto
colocados no mercado. Esses incentivos podem assumir a forma de isenção temporária
de IMI (Imposto Municipal sobre imóveis), isenção de IMT (Imposto Municipal de
Transações), redução de IRS (Imposto sobre o rendimento singular) ou IRC (Imposto sobre
o rendimento coletivo), nos termos da legislação em vigor.
Regime jurídico da
RU – Lei nº
32/2012 de 14 de
5
Selecionados os objetivos relativos à habitação, no contexto dos estabelecidos nas Operações de Reabilitação Urbana.
6
Selecionadas as linhas estratégicas relativas à habitação, no contexto das estabelecidas nas Operações de Reabilitação Urbana.
33
agosto
Mouraria Delimitação da DR, 2ª série, nº Fomentar a Captação de
9 HA área e Operação 177/2013 de 13 reabilitação de investimento
de Reabilitação de setembro edifícios; exterior para
Urbana (ORU) 10 anos repovoar a área, reabilitação de
- Estratégia de prorrogáveis por não obstante, imoveis
reabilitação mais cinco, consolidar o desocupados;
urbana simples, contados a partir papel de zona Criação de
assentes da data de comercial por medidas de
maioritariamente publicação excelência incentivo à
na iniciativa de recuperação de
particulares imóveis de
habitação
própria
Envolvente aos Delimitação da DR, 2ª série, nº
Núcleos área 105/2016 de 1
Históricos da de Junho - -
cidade de Faro 3 anos, contados
31 HA a partir da data
de publicação
Alto Rodes Delimitação da DR, 2ª série, nº
6,8 HA área 193/2016 de 7
de outubro - -
3 anos, contados
a partir da data
de publicação
2. Com base no Plano de Acção de Reabilitação Urbana, que apresenta como Prioridades de
Investimento, a reabilitação de edifícios privados, para uso habitacional, comércio,
turismo e outros serviços, identificando-os.
Também o IFRRU 2020, que se constitui como um instrumento financeiro que tem como objetivo
revitalizar as cidades, apoiar a revitalização física do espaço dedicado a comunidades
desfavorecidas e apoiar a eficiência energética na habitação, poderá ser mobilizado.
Pese embora, conforme referido anteriormente, o Município não disponha de imóveis para
reabilitar, o mesmo avaliará a possibilidade de proceder à aquisição de edifícios degradados,
para posterior reabilitação, sempre que sejam identificados edifícios com as características
necessárias para o efeito e que se demonstre que, do ponto de vista económico-financeiro, essa
opção se releva como a mais adequada, face a outras alternativas que possam existir para
colocação de novos fogos no mercado.
Ainda em matéria de reabilitação, o Município continuará o processo de manutenção/
reabilitação do seu parque habitacional, iniciado há alguns anos. Do mesmo modo, propõe-se a
constituir condomínios, nos vários edifícios de habitação social, por forma a tornar mais célere e
simples o processo de manutenção regular dos equipamentos e infraestruturas existentes nos
mesmos (elevadores, eletricidade,….).
34
b) Realojamento de agregados familiares em grave carência habitacional
Trata-se de situações de núcleos precários, bem como núcleos degradados, que se procurarão
realojar através da construção de prédios ou empreendimentos habitacionais (conforme art.º 27
do DL 37/2018).
Como resposta, o Município de Faro propõe um conjunto de soluções que passam pela
construção de empreendimento(s) habitacional(is) em regime de habitação de custos
controlados (conforme art.º 28 do DL 37/2018), em terrenos já adquiridos, ou a adquirir, para o
efeito.
Sempre que se considere adequado e necessário, face ao perfil das famílias, nomeadamente a
sua condição habitacional, financeira e social, será disponibilizada apoio técnico e social, no
processo de transição, por diversas instituições a intervir no concelho, tendo em vista a
autonomização dos respectivos indivíduos e famílias.
É de referir que, neste momento, existem dois terrenos já adquiridos, para o fim acima descrito.
Trata-se de terrenos situados no Montenegro e nos Braciais.
Montenegro – 6 edifícios
A Câmara Municipal de Faro adquiriu sete lotes, encontrando-se elaborados para o efeito os
projetos base de arquitetura para seis desses lotes, com os seguintes parâmetros de ocupação:
- 49 Fogos;
35
Figura 2 - Planta Síntese do Loteamento – Alvará nº1/2007
Lote de terreno situado na zona dos Braciais/ Patacão, que foi objeto de uma alteração pontual
ao Plano Diretor Municipal de Faro, tendo em vista a implementação de um programa de
realojamento.
37
d) Habitação a preços acessíveis para venda
Tendo presente a procura de habitação, para adquirir, por parte de famílias que, já o fazendo, ou
pretendendo vir a desenvolver a sua vida profissional no concelho, aqui se pretendem
estabelecer em termos familiares, sem no entanto disporem dos recurso necessários para
poderem aceder a habitação a preços de mercado, pretende-se disponibilizar habitação para
venda, a preços acessíveis.
38
e) Processos de autopromoção de soluções habitacionais
Conforme art.º 59 do DL indicado, as pessoas singulares devem entregar os seus pedidos junto
do município competente, que poderá atribuir habitação municipal, incluir o pedido no âmbito
de candidatura própria ao 1º Direito ou considerar o pedido como candidatura individualizada
remetendo-o ao IHRU (Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana). Neste caso, as soluções
propostas devem ser adequadas às situações concretas.
39
5 - Financiamento
No que respeita à presente estratégia local de habitação, prevê-se que a mesma venha a ser
financiada com recurso a linhas de apoio disponibilizadas pelo Governo e, supletivamente, a
empréstimo bancário.
Sempre que possível, quando existirem medidas de apoio/ programas em vigor, a Autarquia
formalizará candidatura. É exemplo disso o DL 37/2018, de 4 de junho de 2018, que estabelece o
“1ºDireito – Programa de Apoio ao Acesso à Habitação”. Segundo disposto no referido diploma,
“este é um programa de apoio público à promoção de soluções habitacionais para pessoas que
vivem em condições habitacionais indignas e que não dispõem de capacidade financeira para
suportar o custo do acesso a uma habitação adequada”, tendo como beneficiários,
nomeadamente as Autarquias.
O mesmo diploma define, nos artº14 e seguintes formas de financiamento de construção de
âmbito social, prevendo um apoio financeiro que poderá passar por comparticipação financeira
não reembolsável e/ou bonificação da taxa de juro de empréstimos.
O município poderá ainda recorrer a empréstimo com juros bonificados pelo IHRU, com um
prazo máximo de 30 anos.
40
6 – Cronograma de execução
2018
Entrada em vigor do Regulamento de Gestão do Parque Habitacional (Regulamento
91/2018, publicado a 5 de fevereiro;
Constituição de condomínios;
2019
Projeto Braciais;
2020/2021
Inicio obra no Montenegro;
41
7 – Nota final
42