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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

CAMPUS DOIS VIZINHOS


CURSO DE ENGENHARIA FLORESTAL

Relatório de atividade prática - Caracterização das


Propriedades físicas das madeiras de Mezilaurus itauba e
Araucaria angustifolia

Relatório apresentado à disciplina de


Propriedades Físico-Mecânicas Da Madeira
do curso de Engenharia Florestal da
Universidade Tecnológica Federal do
Paraná, campus Dois Vizinhos.

Equipe:
Hanna Francielle Padilha
Maiara Masiero Fianco

DOIS VIZINHOS
2023
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO........................................................................................................................ 3
2. OBJETIVO................................................................................................................................4
3. MATERIAIS E MÉTODOS.................................................................................................... 4
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES............................................................................................ 5
5. CONCLUSÃO.........................................................................................................................10
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................11
1. INTRODUÇÃO

Atualmente a madeira é um recurso natural de grande importância para a economia mundial,


sendo transformada nos mais diversos produtos, através da industrialização. Dependendo do uso
deste material as suas propriedades organolépticas são interessantes, já que estão relacionadas às
características sensoriais, sendo elas: cor, textura, grã, cheiro, sabor, brilho, aparência. Sua
estrutura heterogênea é formada por um conjunto de células que desempenham funções
fundamentais no crescimento, condução e na sustentação da planta.
Quanto aos planos anatômicos de um tronco, as partes que se destacam são: plano
transversal, que é perpendicular ao eixo da árvore, plano radial que é paralelo aos anéis de
crescimento e o plano tangencial, tangenciando os anéis de crescimento.

Figura 1. Corte transversal de um tronco de árvore.

As principais propriedades físicas da madeira, são a densidade também chamada de massa


específica, - com o conhecimento da densidade é possível saber a qualidade da madeira, sua
resistência e para a classificação de uma madeira; contração e inchamento em relação ao teor de
umidade, e entre as propriedades mecânicas, estão a resistência de compressão, tração e
cisalhamento.
A madeira itaúba é caracterizada por possuir uma madeira de alta resistência, essa espécie é
procurada pelo seu valor madeireiro já que é uma madeira indicada para construções civis como
para vigas, fabricações de móveis, forros, esquadrias etc. Essa espécie é encontrada nos estados
do Pará, Amazonas, Acre e Mato Grosso.
A espécie da araucária é uma árvore que pode atingir uma altura de 50 m, é uma espécie
típica da floresta ombrófila mista, podendo ser encontrado do Sul do Brasil até nos estados de
São Paulo e Minas Gerais. Economicamente é uma espécie que vem sofrendo uma intensa
exploração por causa de seu fruto e da sua madeira.
2. OBJETIVO

O presente trabalho tem como objetivo determinar as propriedades físicas da madeira de


Mezilaurus itauba e Araucaria angustifolia. A madeira tem sua massa e dimensões alteradas em
função do seu teor de umidade, por isso as análises foram feitas por meio de medições, pesagens
e aplicações de fórmulas para serem calculados as suas respectivas densidades (aparente e
básica), teor de umidade, contração e inchamento.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

As amostras foram obtidas no Laboratório de Tecnologia da Madeira, na Universidade


Tecnológica Federal do Paraná, no campus Dois Vizinhos. No total foram seis corpos de prova
das espécies Mezilaurus itauba e Araucaria angustifolia que foram utilizadas para este trabalho.
Para a medição do volume foi empregado o método estereométrico, utilizando o equipamento
paquímetro, e para a pesagem da amostra foi usada uma balança. No dia 18/04 foram realizadas
as primeiras medições com as amostras de madeira seca, com o auxílio do paquímetro foi
determinado as dimensões da amostra pelo lado radial, tangencial e longitudinal, em seguida o
peso foi obtido através da balança de precisão.

Figura 2: Corpos de prova da Araucaria angustifolia.

Fonte: As autoras, 2023.

Figura 3: Medição com o paquímetro.

Fonte: Instrusul, 2017.

Após realizadas as medições, os corpos de prova foram colocados em dessecador com


bomba a vácuo contendo água para acelerar o processo da entrada de água na madeira e da
retirada do ar do seu interior. As amostras ficaram no recipiente até o dia 02/05, neste mesmo
dia foram retiradas do recipiente e feitas as mesmas medições anteriores porém com os corpos
de prova úmidos.

Figura 4: A - CP em dessecador, B - Pesagem da amostra.

Fonte: Sávio Dill, 2015.

Finalizadas as medições, as seis amostras foram levadas para a estufa do laboratório para que
toda água contida no seu interior fosse retirada e que a madeira estivesse totalmente seca. Após
a secagem na estufa, no dia 09/05 foram realizadas as medições das amostras totalmente secas,
do mesmo modo que das anteriores.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Após a coleta dos dados, os mesmos foram planilhados e os cálculos foram realizados por
meio do software Excel. Inicialmente, calculou-se o volume de cada corpo de prova nas três
datas de medição, por meio da fórmula:

𝑉𝑜𝑙 = 𝑏 · ℎ · 𝑙 [cm³]

Em seguida, calculou-se o teor de umidade para cada corpo de prova, nas duas primeiras
medições efetuadas, por meio da equação:

𝑃𝑢−𝑃𝑠
𝑡𝑢 = 𝑃𝑠
· 100 [%]

Ao longo das duas semanas que se passaram (18/04 até 02/05) entre uma medição e outra os
corpos de prova ficaram submersos em água, portanto, a tabela abaixo mostra os valores de teor
de umidade (%) obtidos por meio do cálculo. Nota-se que os corpos de prova de Araucária
estavam totalmente saturados ao final do processo, já os de Itaúba não atingiram o Ponto de
Saturação das Fibras (PSF).

.
Tabela 1 - Teores de umidade da madeira.
Teor de umidade (%)
Espécie 18/04 02/05
1 9,2 20,98
Itaúba 2 12,7 10,23 23,74 21,57
3 8,8 20,00
1 15,7 102,00
Araucária 2 16,3 16,03 96,89 100,03
3 16,1 101,20
Fonte: As autoras, 2023.

Em seguida, foi calculada a densidade aparente para cada data de medição; a densidade
aparente é calculada considerando o teor de umidade, por meio da seguinte equação:

𝑚12%
𝐷𝐴𝑝.12% = 𝑉𝑜𝑙12%

Para a primeira medição, com 10,23% e 16,03% de umidade da Itaúba e da Araucária,


obteve-se valores de densidade aparente iguais a 0,9190 e 0,6954g/cm³, respectivamente, como
mostra a tabela abaixo:

Tabela 2 - Densidade aparente em 18/04.


Densidade aparente
Densidade
Média
Espécie CP básica
(g/cm³)
(g/cm³)
1 0,9368
Itaúba 2 0,8818 0,9190
3 0,9384
1 0,6948
Araucária 2 0,7061 0,6954
3 0,6851
Fonte: As autoras, 2023.

Já na segunda medição, com as madeiras saturadas, os valores de densidade obtidos foram de


0,9136g/cm³ para a Itaúba e 1,2192 para Araucária, como mostra a tabela a seguir:
Tabela 3 - Densidade aparente em 02/05
Densidade aparente:
Densidade
Média
Espécie CP básica
(g/cm³)
(g/cm³)
1 0,973818914
Itaúba 2 0,85148398 0,9136
3 0,9156434806
1 1,230096651
Araucária 2 1,231563475 1,2192
3 1,195926848
Fonte: As autoras, 2023.

Durante uma semana, do dia 02 a 09/05, os corpos de prova foram secos em estuda; a
densidade aparente medida no dia 09/05, resultou em valores de densidade iguais a 0,8840g/cm³
para Itaúba e 0,6468g/cm³ para Araucária, como apresenta a tabela abaixo:

Tabela 4 - Densidade aparente em 09/05.


Densidade aparente:
Densidade
Média
Espécie CP básica
(g/cm³)
(g/cm³)
1 0,9022
Itaúba 2 0,8424 0,8840
3 0,9074
1 0,6556
Araucária 2 0,6554 0,6468
3 0,6294
Fonte: As autoras, 2023.

Após a secagem em estufa e medição dos corpos de prova, foi possível realizar o cálculo da
densidade básica, a qual consiste em relacionar a massa seca com o volume verde (saturado),
sendo um importante parâmetro da qualidade da madeira. O cálculo é realizado por meio da
equação:
𝑚𝑠 (𝑔)
𝐷𝐵 = 𝑉𝑜𝑙𝑠𝑎𝑡 (𝑐𝑚³)

E os resultados obtidos estão descritos na tabela abaixo:


Tabela 5 - Densidade básica.
Densidade básica
Densidade
Média
Espécie CP básica
(g/cm³)
(g/cm³)
1 0,8049
Itaúba 2 0,6881 0,7520
3 0,7630
1 0,6090
Araucária 2 0,6255 0,6096
3 0,5944
Fonte: As autoras, 2023.

Com os cálculos acima descritos, foi possível verificar que a densidade da Itaúba é maior que
a da Araucária, sendo a densidade básica de 0,7520g/cm³, enquanto para Araucária é de
0,6096g/cm³, no caso da densidade aparente, a densidade da Araucária é maior na situação da
madeira saturada, em que ela atingiu valor de 1,2192g/cm³ enquanto a Itaúba teve a densidade
de 0,9136g/cm³.
Também foi feito o cálculo da umidade máxima, que expressa a relação entre o teor de
umidade e a densidade do material, por meio da equação:

𝑈𝑚á𝑥 = ⎡⎢0, 28 +
⎣ ( 1,50−𝐷0%
1,50·𝐷0% )
⎤ · 100

Os resultados de umidade máxima obtidos para cada uma das espécies estão expressos na
tabela abaixo:

Tabela 6 - Umidade máxima.


Umidade máxima
Itaúba 74,46%
115,94
Araucária
%
Fonte: As autoras, 2023.

Após o cálculo da umidade máxima, foi realizado o cálculo do inchamento e da contração


volumétrica, as quais baseiam-se nas diferenças de dimensões dos corpos de prova em estado
totalmente seco e com umidade acima do PSF. As equações utilizadas são as seguintes:

α𝑉𝑜𝑙𝑚á𝑥 = ( 𝑉𝑜𝑙𝑢−𝑉𝑜𝑙𝑠
𝑉𝑠 ) · 100 e β𝑉𝑜𝑙𝑚á𝑥 = ( 𝑉𝑜𝑙𝑢−𝑉𝑜𝑙𝑠
𝑉𝑢 ) · 100

sendo: α = inchamento e β = contração


Os resultados obtidos para contração e inchamento volumétrico estão expressos nas tabelas a
seguir:

Tabela 7 - Inchamento volumétrico máximo.

Inchamento volumétrico
Volume úmido Volume seco
Inchamento vol. máx.
Espécie (cm³) (cm³)
1 76,010 67,814 12,09
Itaúba 2 85,582 69,908 22,42 18,92
3 84,547 71,094 18,92
1 62,131 57,721 7,64
Araucária 2 60,990 58,212 4,77 5,90
3 61,797 58,354 5,90
Fonte: As autoras, 2023.

Tabela 8 - Contração volumétrica máxima.


Contração volumétrica
Volume úmido Volume seco
Contração vol. máx.
Espécie (cm³) (cm³)
1 76,010 67,814 10,78
Itaúba 2 85,582 69,908 18,31 15,91
3 84,547 71,094 15,91
1 62,131 57,721 7,10
Araucári
2 60,990 58,212 4,55 5,57
a
3 61,797 58,354 5,57
Fonte: As autoras, 2023.

Pode-se verificar que a madeira de Itaúba apresentou maiores valores de contração e de


inchamento volumétrico, ou seja, por ter maior densidade, sua capacidade de aumentar e
diminuir de tamanho é maior.
Por fim, foi realizado o cálculo do inchamento para cada uma das dimensões da peça, ou
seja, o inchamento tangencial, radial e longitudinal, em que foram obtidos os seguintes valores:
Tabela 9 - Inchamento dimensional.
Inchamento dimensional
Inchamento tang. Inchamento long.
Inchamento rad. máx.
Espécie máx. máx.
1 50,1247 46,3807 0,4343
Itaúba 2 22,3301 22,3301 14,7122 14,7122 10,0218 8,0153
3 2,9911 -5,6338 8,0153
1 51,7491 36,4070 -8,4493
Araucária 2 22,2168 22,2168 2,5579 2,5579 -6,8687 -6,8756
3 2,9126 -17,4168 -6,8756
Fonte: As autoras, 2023.

Neste caso, percebe-se que o sentido tangencial, em ambas as madeiras possui capacidade
muito maior de sofrer inchamento, comparado ao sentido radial e longitudinal. O sentido
tangencial incha 1,6 a 2 vezes mais que o sentido radial, pois o sentido radial tem maior
presença dos raios da madeira, que funcionam como “travas” à passagem de água.

5. CONCLUSÃO

Com este trabalho foi possível verificar que a densidade da espécie Itaúba é maior que a da
Araucária, cenário que se inverte apenas na avaliação da madeira úmida, quando a Araucária
apresenta densidade de 1,2192g/cm³ enquanto a Itaúba, de 0,9136g/cm³; esta variação pode ser
explicada pelo teor de umidade em que se encontravam as madeiras, pois enquanto a Araucária
atingiu 100% da saturação, a Itaúba não ultrapassou o ponto de saturação das fibras, ficando em
22% de saturação.
Na avaliação de contração e inchamento volumétrico máximos, a madeira de Itaúba
apresentou maiores valores, demonstrando que, sua capacidade de aumentar ou diminuir de
tamanho conforme a influência do teor de umidade, é maior que a madeira de Araucária. Outro
aspecto que influencia na contração e/ou inchamento volumétrico é a densidade da madeira, ou
seja, madeiras menos densas, como a Araucária, possuem mais espaços vazios e,
consequentemente, menos potencial de alterar seu tamanho.
De maneira geral, a execução do trabalho possibilitou verificar na prática as diferenças entre
as espécies e os desafios na execução deste tipo de serviço; deve-se atentar para diversos
detalhes que podem interferir no resultado final, como a identificação dos corpos de prova, tanto
no momento de imersão em água, quanto na secagem em estufa, uma vez que a cor se altera e
pode acabar apagando as marcações. Outra observação importante é quanto às condições do
corpo de prova, se, previamente aos testes ele estiver de alguma forma danificado, esta
informação deve ser considerada na avaliação dos resultados obtidos.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Notas de aula da disciplina de Propriedades Físico-Mecânicas Da Madeira, 2023, Marcos


Aurelio Mathias De Souza.

CNCFlora. Mezilaurus itauba in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro
Nacional de Conservação da Flora. Disponível em
<http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Mezilaurus itauba>. Acesso em 02 de julho
2023.

DIJIGIW, Patrícia. Araucária: a história do pinheiro brasileiro. Escola de Botânica, 2023.


Disponível em: <https://www.escoladebotanica.com.br/post/araucaria>. Acesso em 02 de
julho 2023

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