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CURSO DE DIREITO 4 de junho 2021

PRÁTICA FORENSE CIVIL

(PROVA COM DUAS PÁGINAS)

I Grupo

ABEL SILVA é agricultor no Alentejo, onde reside na Rua da Bela, 345, em


Beja e pretende lavrar as suas terras, em pousio1 há alguns anos, para cultivo
de vários produtos hortícolas, começando já em julho deste ano.

Contudo, não possui tractores para o efeito e não pretende adquiri-los, face aos
elevados preços no mercado e à utilização pontual dos mesmos.

Assim, sabedor de que a Cooperativa Agrícola de Beja e Brinches CRL, com


sede na R. Dr. Mira Fernandes 2, 7801-901 Beja, NIF 508350662, possui essas
viaturas, pretende que aquela instituição lhe disponibilize, durante o tempo que
necessita para o efeito ( 2 meses ), 2 tractores, já a partir de dia 7 de junho.

Considerando que:

- A COOPERATIVA, a 10€ por dia (já com Iva incluído), tem de momento
disponíveis 2 tractores da marca Kubota;

- ABEL acha que o preço é muito bom para o que se pratica na zona;

- ABEL quer garantir que os tractores que lhe vão ser entregues estão em boas
condições de utilização e têm seguro para circular;

- A COOPERATIVA quer garantir que os tractores que lhe vão ser devolvidos, a
final, o serão nas mesmas condições de entrega sendo ABEL responsável,
caso tal não ocorra,

Redija o acordo a celebrar entre ambos, apondo-lhe as cláusulas que


entender por convenientes. (12V)

1
Pousio é nome que se dá ao descanso ou repouso proporcionado às terras cultiváveis, interrompendo-
lhe as culturas para tornar o solo mais fértil (Fonte Wikipédia, acesso 04062021).
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R: O aluno deve elaborar um contrato de locação (aluguer de coisa móvel) com


identificação correta e completa dos contraentes e qualidade em que celebram
o contrato, formalizando o mesmo em articulado.

Deve expressamente declarar qual o objecto do contrato, titular do direito de


locar, obrigações expressas de cada um dos contraentes, no âmbito do
contrato sinalagmático, para além das restantes clausulas, entre outras, preço,
pagamento, forma de pagamento, condições, eventuais consequências em
face do incumprimento do acordado, demais particularidades identificadas no
enunciado.

Finalmente, deve terminar o contrato com a identificação do local, a data e a


assinatura das partes contraentes (podendo considerar-se o reconhecimento
das assinaturas, feito por advogado).

Apreciar-se-á, ainda e naturalmente, a concisão e clareza na escrita com


recurso a linguagem jurídica.
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II Grupo

Imagine que é agente de execução e aceitou mandato forense para representar


Bento, executado, numa ação executiva para pagamento de quantia certa, cujo
valor é de 2.150€, concretamente para se opor à penhora do seu vencimento,
com fundamento em excesso de penhora, ou seja, por se estar a penhorar
mais do que a Lei permite.

Pediu, a título de provisão, honorários no montante de 300€ acrescidos de Iva


e recolheu assinatura em procuração forense.

Quid Iuris? (8V)

R: Identificação do problema colocado no âmbito da possibilidade ou não de


um agente de execução patrocinar, um executado, em ação executiva, ou seja
de aí exercer mandato judicial.

Identificação da Lei n.º 154/2015, de 14 de Setembro ESTATUTO DA


ORDEM DOS SOLICITADORES E DOS AGENTES DE EXECUÇÃO), na sua
redação actual e artigos relativos as competências dos agentes de execução.

O AE encontra-se sujeito a um regime específico, nomeadamente no acesso à


profissão, delimitação dos seus direitos e deveres, incompatibilidades,
impedimentos e controlo, e ainda, sujeito a responsabilidade disciplinar e
profissional.

Referência ao artigo 162.º, nº 3: “O agente de execução, ainda que nomeado


por uma das partes processuais, não é mandatário desta nem a representa.”

Identificação de que estamos perante uma incompatibilidade nos termos do


disposto no artigo 165.º / 1 al a): “1 - Para além do disposto no artigo 102.º, é
incompatível com o exercício das funções de agente de execução: a) O
exercício do mandato judicial; […] .”
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Pretendeu-se evitar que o agente de execução fosse nos mesmos moldes,


agente de execução e mandatário do exequente e/ou executado. Tais factos
poriam em causa o princípio da imparcialidade, que apesar de não se encontrar
tipificado no diploma, os aplicadores da lei começavam a estar sensíveis a
eventuais possibilidades de ocorrência.

Consequências pela prática em violação do disposto no Estatuto ao nível da


sua sujeição a responsabilidade disciplinar e profissional (artigos 180.º e 190.º
do EOSAE).

TEMPO DE DURAÇÃO: 1,30 H

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