Você está na página 1de 25

Os 5 Princípios Básicos

Da Arte da Meditação
Índice

Princípio 1: abertura e acolhimento 5


Se abrir ao momento presente e acolher as experiências que vêm e vão

Princípio 2: concentração e foco 9


Poder ancorar a atenção e aprofundar a percepção

Princípio 3: esforço sem esforço 15


Energia bem direcionada e na medida certa (nem mais nem menos)

Princípio 4: interesse e investigação 19


Seu mundo interno é um vasto campo de estudos

Princípio 5: alegria e celebração 22


Divirta-se! Meditação é uma brincadeira séria
“A simplicidade é o ultimo degrau da sofisticação”.

Leonardo da Vinci
Introdução

A meditação é em essência uma arte simples, mas


também de muitas sutilezas, e repleta de armadilhas.

Além disso, há dezenas de práticas chamadas de meditativas. E


entre tantas teorias e técnicas, é natural se sentir um pouco
confuso. Qual a melhor maneira de meditar, afinal?

Escrevi esse guia para te ajudar a simplificar as coisas. Para ajudar a


sintonizar com a essência da meditação, e enraizar sua prática no
solo fértil que é comum a todas as principais técnicas que vem se
desenvolvendo há milênios.

Esse solo fértil se compõe de 5 princípios básicos, bem simples e


sutis, mas muito poderosos. Quanto mais você os cultivar, mais a
meditação vai florescer, e mais bons frutos você vai colher. 4
Princípio 1:
Abertura e Acolhimento
Abertura e Acolhimento

Se abrir para o momento presente e as experiências que vêm e vão,


acolher a realidade como ela é, sem ressalvas, sem resistências: esse é o
primeiro e mais importante princípio da meditação.

Quando meditamos, as mais diversas experiências podem se expressar


através de nós. Pensamentos, sentimentos, sensações. Algumas são
agradáveis, outras desagradáveis. O convite é deixar ser, e só observar
enquanto todas essas nuvens passam pelo céu da consciência.

Você não está tentando mudar nada, agora. Está apenas se familiarizando
com o que já está presente em você, com os detalhes da sua própria
experiência, em seus altos e baixos.

Esse princípio se resume em um grande "dizer sim": um sim para tudo que
se apresenta, no campo da consciência. Isso não significa acreditar em cada
pensamento ou sentimento, acreditar na mente e suas histórias; e sim
reconhecer o que já está presente.
6
Abertura e Acolhimento

O convite é abrir o olhar, inclusive para o que não é tão belo. É um olhar
acolhedor, que não luta contra nada, não exclui nenhum aspecto de você
mesmo, não te trata como um mero problema a resolver.

É um olhar amoroso, que cura tudo que toca. Por um lado é saber, tomar
consciência, se dar conta do que está aí, vivendo através de você. Por outro
lado é amar, aceitar, acolher. É portanto um saber-amor, que é por si só um
dos nossos maiores poderes.

“Você tem a paciência de esperar


até a lama se assentar e a água estar clara?
Você pode permanecer imóvel
até a visão e a ação certas surgirem naturalmente?”

Lao Tsé (trecho do Tao Te Ching)


7
Princípio 2:
Concentração e Foco
Concentração e Foco

O segundo princípio é um bom complemento do primeiro. Se


começamos com a abertura do olhar, aqui se trata de poder concentrar
esse olhar em um ou alguns aspectos da nossa experiência, quando
necessário.

A simples abertura é poderosa, mas muito difícil de praticar, em um


primeiro momento. É um desafio manter a atenção desperta, em meio a
tantas experiências, tantas sensações, sentimentos e pensamentos.

Para ajudar com isso, podemos usar o que chamo de âncoras da atenção:
ao invés de tentar observar tudo ao mesmo tempo, você escolhe alguma
coisa sobre a qual concentrar um pouco mais sua atenção.

Nesse sentido, existem várias opções. Mas minha recomendação é quase


sempre a mesma: a respiração. Ela está sempre com você. É natural, uma
expressão da vida. É simples, mas também dinâmica, em movimento.

9
Concentração e Foco

Experimente apenas isso: perceber o ar entrando e saindo, se


familiarizando com as sensações sutis da respiração, bem atento a cada
inspiração (do início ao fim) e cada expiração (do início ao fim). Permaneça
aí, por um tempo. Nada mais importa, só respirar com consciência.

E um detalhe importante: não esqueça o primeiro princípio. Você observa a


respiração em especial, mas mantendo uma margem de abertura.
Pensamentos, sentimentos e sensações vêm e vão, enquanto você respira.
Reconheça cada um deles, deixe-os fluírem. E continue com a respiração.

“Se você der a si mesmo um minuto completo de presença focada,


e simplesmente parar, mesmo só para ouvir seu coração bater,
isso já irá te libertar do pensamento incessante
e te introduzir no momento presente.”

10
Mooji
Princípio 3:
Esforço sem Esforço
Esforço sem Esforço

O esforço através da energia bem orientada é o terceiro princípio. Isso


significa um equilíbrio: nem muito nem pouco. Se o esforço é pouco, a
prática se desintegra. Se é muito, se torna rígida e estagnada.

Esse investimento de energia se dá em diversos sentidos:

Manter uma disciplina mínima, e sentar-se para meditar nos


horários escolhidos, contrariando a preguiça e a procrastinação.

Persistir na prática pelo tempo determinado a princípio,


confrontando possíveis impulsos de sair precipitadamente.

Retornar à abertura da atenção, a cada vez que ela se fechar


demais em torno de um aspecto ou outro da experiência.

Retornar à âncora da atenção, no caso de estar meditando com


alguma, como a respiração.

12
Esforço sem Esforço

Paradoxalmente, o maior esforço no fim das contas é o de não se


esforçar. Se deixar descansar no momento presente, e permanecer como
testemunha silenciosa do vai e vem das experiências. Isso é um desafio,
porque a mente é viciada em lutar, fazer, falar. Observe esse vício, também!

E relaxe... relaxe um pouco mais, a cada momento. Mas se mantenha


sempre consciente. Sua mente e seu corpo aprendem pouco a pouco esse
equilíbrio delicado. O caminho do meio é o segredo, aqui.

“Sentado silenciosamente,
nada fazendo: a primavera vem
e a grama cresce por si mesma.”

Antigo poema zen


13
Princípio 4:
Interesse e Investigação
Interesse e Investigação

O quarto princípio consiste em de fato querer saber o que está


acontecendo, momento a momento. É olhar com interesse, e investigar
mais profundamente. É ver além das primeiras impressões.

Uma curiosidade sincera, qualidade das crianças, é fundamental. E assim


como uma criança, que ainda está aprendendo sobre o mundo, você
precisa olhar seu mundo interno com os mesmos olhos.

É preciso ir além desse senso de "isso eu já conheço", que condiciona nossa


mente a não dar plena atenção às coisas. Perceba esse movimento mental
de rotular e dizer "isso não importa" ou "isso eu já vi", e vá além.

Aos poucos, você vai fazer do seu mundo experiencial um campo de


estudos. Como um aprendiz de si mesmo, você vai aprofundando o olhar.

15
Interesse e Investigação

Lembre que não se trata tanto de analisar racionalmente, aqui. Não é uma
tarefa da razão. Não é o momento de pensar, interpretar, avaliar nada.
Basta perceber, cada vez em mais detalhes.

Essa atitude de auto-investigação te permite, em última instância, observar


os pensamentos, sentimentos e sensações de modo mais tranquilo, sem se
identificar tanto com tudo que aparece. Afinal, se você pode observar um
pensamento, significa que você não é esse pensamento (não só). Pense um
pouco nisso... mas não na meditação! ;)

“Penso noventa e nove vezes e nada descubro;


deixo de pensar, mergulho em profundo silêncio,
e eis que a verdade se revela.”

Albert Einstein 16
Princípio 5:
Alegria e Celebração
Alegria e Celebração

Por fim chegamos ao quinto princípio da meditação como uma arte.


É até coerente ser este: o princípio da celebração e da alegria. Meditar é
abrir a mente e o coração. É dizer sim à vida em toda sua beleza e riqueza.

Por vezes parece um trabalho sério e árduo, que demanda disciplina e força
de vontade. E como vimos, há um esforço envolvido sim (paradoxal, como
também vimos). Mas você pode e deve desfrutar, a cada passo.

Mais que simplesmente saber as experiências que vêm e vão, você pode
saborear cada uma delas. As agradáveis são mais fáceis, mas mesmo
sentimentos e sensações difíceis podem ser saboreadas, a partir do olhar
acolhedor que constitui o primeiro princípio.

Para além das experiências em seus altos e baixos, cada instante de atenção
plena é motivo para celebração. Cada respiração com consciência é uma
vitória sobre os condicionamentos da mente. Estar consciente pode ser por
si só uma fonte de prazer.
18
Alegria e Celebração

Um aspecto especialmente importante, nesse último princípio, é o humor:


saber rir de si mesmo. Poder ver com clareza as expectativas, frustrações, os
dramas que criamos - e ao invés de piorar tudo sentindo culpa, poder sorrir
diante da nossa inocência.

Honre seu lado cômico, seu lado lúdico. Honre a criança interior, deixe ela
te guiar, quando as coisas se complicarem demais por excesso de adultice.
Cultive leveza, suavidade, simplicidade. E veja sua meditação florescer.

“Aquele que se deixa prender


por uma única alegria, rasga as asas da vida.
Aquele que beija a alegria enquanto ela voa,
vive no amanhecer da eternidade.”

William Blake
19
Em resumo…

1) Se abra para o momento presente, percebendo com um olhar acolhedor


as experiências que vêm e vão, sem lutar contra elas nem tentar controlar.
Esse olhar em si já tem o poder de transformar e curar.

2) Se preciso, ancore sua atenção em alguma coisa (como a respiração),


mas sempre mantendo uma margem de abertura para as outras sensações,
sentimentos e pensamentos.

3) Encontre o ponto de equilíbrio do esforço. Cultive disciplina e força de


vontade, mas lembre que o maior esforço na meditação em si é o de não
se esforçar: simplesmente descansar como consciência do aqui e agora.

4) Faça da meditação uma auto-pesquisa constante: observe tudo com


interesse, mantendo acesa a chama da curiosidade e vontade de entender
melhor o seu próprio mundo.

5) Celebre cada passo, nesse caminho de autoconhecimento e cuidado


consigo. Desfrute o prazer de simplesmente estar presente, de se perceber 20
melhor, de poder se escutar, de descansar nesse silêncio que tudo acolhe.
“O essencial é saber ver,
mas isso, tristes de nós que trazemos a alma vestida,
isso exige um estudo profundo,
aprendizagem de desaprender.
Eu procuro despir-me do que aprendi,
eu procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram
e raspar a tinta com que me pintaram os sentidos,
desembrulhar-me
e ser eu.”

Alberto Caeiro
Quer se aprofundar?

Conheça a Mentoria em Meditação e Atenção Plena.

É um serviço que ofereço para quem quer começar ou se aprofundar na


arte da meditação.

Um acompanhamento individual, considerando sua personalidade, história


pessoal e desafios atuais, e orientado aos propósitos de vida.

Meu trabalho é te ajudar a aprender e integrar no dia a dia as práticas


meditativas mais coerentes pra você e seu momento atual.

Além do meu acompanhamento de perto, você vai ter materiais didáticos


pra te apoiar em cada passo do caminho.

Os atendimentos podem ser presenciais (Rio de Janeiro) ou pela internet.

Para saber mais: https://andantenet.com/mentoria


22
Quer saber mais? Visite o site! Lá você encontra:

1) Materiais educativos gratuitos em forma de artigos, livros


digitais e vídeos.

2) Eventos e serviços, como cursos, retiros, a mentoria em


meditação e a psicoterapia.

3) Cursos online, para você estudar e desenvolver seus


potenciais na sua casa (ou onde quiser) e no seu ritmo.
O autor: Bruno “Andante” Prudente é psicólogo, e atua como
pesquisador, professor e terapeuta. Se interessa em especial
pelo florescimento da consciência e desenvolvimento das
potencialidades humanas mais plenas, a serviço da educação
e promoção da saúde pessoal, social e ambiental. Seu
trabalho integra a psicologia ocidental e oriental, explorando
articulações entre a ciência, arte e meditação.

Entre em contato, será um prazer conversar com você:


bruno@andantenet.com
Gostou desse ebook? Compartilhe!

Ajude a disseminar mais sementes de


consciência, e inspire seus amigos a
conhecerem melhor a arte da meditação:

Você também pode gostar